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M E S T R A D O GUTENBERG BARBOSA BATISTA JUNIOR A REAÇÃO DOS ALUNOS ÀS DISCIPLINAS ONLINE NA GRADUAÇÃO PRESENCIAL 2009 Mestrado em Educação – Campus Centro I Avenida Presidente Vargas 642, 22º andar – Centro 20071-001 Rio de Janeiro – RJ Telefones: (21) 2206-9740 / 2206-9858 Mestrado em Educação – Campus Centro I Avenida Presidente Vargas 642, 22º andar – Centro 20071-001 Rio de Janeiro – RJ Telefones: (21) 2206-9740 / 2206-9858

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M E S T R A D O

GUTENBERG BARBOSA BATISTA JUNIOR

A REAÇÃO DOS ALUNOS ÀS DISCIPLINAS ONLINE NA GRADUAÇÃO PRESENCIAL

2009

Mestrado em Educação – Campus Centro I Avenida Presidente Vargas 642, 22º andar – Centro

20071-001 Rio de Janeiro – RJ Telefones: (21) 2206-9740 / 2206-9858

Mestrado em Educação – Campus Centro I Avenida Presidente Vargas 642, 22º andar – Centro

20071-001 Rio de Janeiro – RJ Telefones: (21) 2206-9740 / 2206-9858

GUTENBERG BARBOSA BATISTA JUNIOR

A REAÇÃO DOS ALUNOS ÀS DISCIPLINAS ONLINE NA GRADUAÇÃO PRESENCIAL

Dissertação apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação. Orientador: Prof. Dr. Marco Silva.

Rio de Janeiro 2009

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

B333

Batista Junior, Gutenberg Barbosa A reação dos alunos às disciplinas Online na graduação presencial. / Gutenberg

Barbosa Batista Junior. - Rio de Janeiro, 2009.

141 f.

Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Estácio de Sá, 2009.

1. Ensino a distância. 2. Cibercultura. I. Título.

CDD 370

Dedico esta Dissertação ao meu pai Gutenberg Barbosa Baptista (in memorian) e a minha mãe, Iná Machado Batista, por terem me dado a vida, e também os

maiores legados que um homem pode receber como herança: A educação, o senso de justiça e o respeito às diferenças.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e todos os espíritos de luz que estiveram sempre ao meu lado e que me fizeram chegar até este momento de sabedoria e conhecimento.

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Marco Silva pela orientação precisa dada durante

todo este processo dissertativo.

Agradeço às Professoras Doutoras Estrella Bohadana e Lina Nunes pelos conselhos e pelo ombro amigo recebido durante este período acadêmico, principalmente em meus momentos

de grande ansiedade e angustia.

Agradeço à Profª Drª Mônica Rabello por sua generosidade e desprendimento ao compreender, em um determinado momento neste Mestrado, que nem sempre tudo o que

nós queremos ter, é tudo aquilo que nós podemos ter.

Agradeço a minha primeira professora Neide Caetano Dantas, que com sua paciência e dedicação, me ensinou a ler e a escrever. Sem os seus ensinamentos iniciais, com certeza,

eu não me tornaria o profissional que sou hoje em dia.

Agradeço aos meus ex-colegas de Mestrado, e hoje Mestres em Educação, Filomena Rates e Dostoiewiski Marriat pelos momentos de alegria, olhares cúmplices e os trabalhos em parceria que fizemos juntos ao longo desses dois anos de aprendizado. Sem vocês, com

certeza, este Mestrado não teria sido o mesmo.

Agradeço a minha ex-aluna Aline Britto por ter pacientemente me explicado como produzir no Excell, os gráficos que ilustram esta pesquisa.

Agradeço a secretária Ana Paula, pela sua presteza e atenção nos meus momentos aflitivos,

quando da necessidade de resolver os assuntos burocráticos ligados ao Mestrado que ora concluo.

Agradeço a todos os alunos e professores da universidade carioca pesquisada e que

participaram deste trabalho, através do grupo focal, dos questionários e/ou das entrevistas realizadas durante o processo de coleta de dados. Sem vocês, esta dissertação não teria,

com certeza, o volume e a riqueza de informações coletadas.

E finalmente, agradeço aqueles que acreditaram em mim e me ajudaram a chegar até aqui, e também àqueles que me negaram uma oportunidade ou mesmo não apostaram no meu

crescimento acadêmico/profissional. De coração, agradeço a todos, pois sem este (des)crédito humano, dificilmente eu entenderia que nos fortalecemos, sempre mais, a cada

muro de pedras que a vida nos apresenta e que precisamos transpor.

“Mestre não é aquele que aprendeu a ensinar, mas aquele que ensina a aprender” (Marcelo Soriano)

Resumo

Os cursos com apoio da Internet estão cada vez mais presentes nas universidades, apesar de se observar, no cotidiano dessas instituições, rejeições de professores e estudantes às disciplinas ministradas na modalidade online. Partindo dessa constatação, a pesquisa buscou investigar as reações dos alunos às aulas de um curso de graduação oferecidas na modalidade online em uma universidade carioca. Os objetivos específicos (derivados desse objetivo geral) foram: (a) identificar de que forma foram planejadas e como estão sendo oferecidas as disciplinas online; (b) determinar a relação da satisfação ou insatisfação do alunado com o ambiente de aprendizagem oferecido pelas disciplinas online; (c) verificar em que medida as interações são mantidas pelos alunos e professores nas disciplinas online. O referencial teórico estruturado para subsidiar a análise dos dados coletados considerou os seguintes eixos: (a) conceitos de ciberespaço e cibercultura; (b) a educação na cibercultura; (c) educação a distância e modalidade online; (d) o papel do professor na modalidade online; (e) a importância do desenho didático; (f) a interatividade na construção do conhecimento. A pesquisa, de natureza qualitativa, adotou as seguintes estratégias para a coleta de dados: (a) questionários dirigidos aos estudantes de disciplinas online; (b) grupo focal realizado com estudantes matriculados em disciplinas online; (c) participação em comunidades virtuais formadas por alunos, com a finalidade de observar e verificar a insatisfação em relação às disciplinas online; (d) entrevistas com professores que ministram disciplinas online. Os resultados apontam que: (a) as reações mais frequentes se manifestam como insatisfações, tanto dos estudantes quanto dos professores, à falta de interação aluno-aluno e professor-aluno e à qualidade do conteúdo das aulas; (b) o planejamento didático restrito apenas aos professores conteudistas não contemplou a participação dos docentes na sua elaboração; (c) as disciplinas online são oferecidas de forma obrigatória e impositiva para o alunado; (d) as interações professor-aluno e aluno-aluno praticamente inexistem; (e) a disposição das interfaces para a participação do alunado é desestimulante; (f) os professores questionam seu papel na nova modalidade de educação. Os resultados obtidos revelam que há necessidade urgente de se repensar e rever o que vem sendo praticado pelos alunos e professores nas disciplinas online, bem como, de implementar programas de formação continuada para os docentes que atuam nessa modalidade. Palavras-chave: Cibercultura. Disciplinas online. Aluno online.

Abstract

Internet-based courses, the so-called online distance learning, are more and more a reality at universities, although one can say that professors and students on a daily basis tend to reject the academic disciplines taught online. Taking that into account, this research aimed to look into students’ reactions to the graduation course lessons available online at a university in Rio de Janeiro. The specific objectives were: (a) to identify how the subjects of study have been planned and are being taught online; (b) to determine the degree of students’ satisfaction or dissatisfaction from the learning environment offered online; (c) to verify to what extent students and professors interact online when studying an academic discipline. The structured theoretical referential to support the analysis of the collected data has taken into account the following lines: (a) concepts of cyberspace and cyberculture; (b) education in cyberculture; (c) online distance learning; (d) professor’s online role; (e) importance of instructional design; (f) interactive building of knowledge. For the research, of qualitative nature, it was considered the following strategies when collecting data: (a) questionnaires provided to the students enrolled on online subjects of study; (b) focal group with students registered on online academic disciplines; (c) participation in students’ virtual communities, in order to comment and to check into the students’ dissatisfaction with the online academic disciplines; (d) interviews with professors who teach online disciplines. The results show that: (a) the most frequent reactions, on the part of not only the students but also the professors, reveal the dissatisfaction owing to the lack of professor-student-based and student-student-based interaction and to the content quality of lessons; (b) the didactic planning restricted only to the content teacher has not taken into consideration the other professors’ participation in its making; (c) the online academic disciplines are compulsory and imposed upon the students; (d) professor-student-based and student-student-based interactions practically do not exist; (e) the layout of the interfaces is not stimulating for the students to participate; (f) professors question their role in that new kind of education. The results of the research disclose that one needs urgently not only to rethink and review what is being practiced by students and professors when working with the online academic disciplines, but also to carry out continuous building programs for professors to perform well in that kind of education. Keywords: Cyberculture. Online academic disciplines. Online student.

LISTAS DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Alunos pesquisados por habilitação (Jornalismo ou Publicidade) .. 51 Gráfico 2 - Disciplinas online cursadas ................................................................. 52

Gráfico 3 - Disciplinas online cursadas por aluno no período 2008.2 ................. 52

Gráfico 4 - Se há no campus que o aluno estuda a disciplina online, a opção da

mesma disciplina na modalidade presencial .......................................................... 53

Gráfico 5 - Alunos com computadores em casa ................................................... 54

Gráfico 6 - Se acessa pelo computador caseiro as disciplinas online .................. 55

Gráfico 7 - Qual outro local que acessa as aulas online ....................................... 55

Gráfico 8 - Quantidade de vezes que acessa ......................................................... 56

Gráfico 9 - Avaliação do conteúdo das disciplinas ............................................... 58

Gráfico 10 - Avaliação sobre interação com o professor ...................................... 60

Gráfico 11 - Justificativas pelas respostas dadas .................................................. 62

Gráfico 12 - Avaliação da interação com os colegas de turma ............................ 64

Gráfico 13 - Justificativas pelas respostas dadas .................................................. 65

Gráfico 14 - Avaliação sobre os textos postados .................................................... 69

Gráfico 15 - O texto postado oferece links para outros textos ? .......................... 71

Gráfico 16 - O texto oferece links para vídeos, MP3, games? .............................. 74

Gráfico 17 - Qualidade dos debates nos fóruns ...................................................... 75

Gráfico 18 - Justificativas pelas respostas dadas ................................................... 77

Gráfico 19 - Como tira dúvidas com o professor ................................................... 82

Gráfico 20 - Avaliação em relação às provas .......................................................... 84

Gráfico 21 - Vantagens de se estudar na modalidade online ............................... 87

Gráfico 22 - Desvantagens de se estudar na modalidade online ........................ 94

LISTA DE SIGLAS

EAD – Educação a Distância

IES – Instituição de Ensino Superior

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

MEC – Ministério da Educação e Cultura

MSM - Messenger

Unesco - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

U.R.S.S. – União das Repúblicas Socialista e Soviéticas

W.W.W. – World Wide Web

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 12

2 A EDUCAÇÃO ONLINE COMO UM NOVO PARADIGMA

EDUCACIONAL.................................................................................. 14 2.1 O problema ................................................................................................ 14

2.2 Objetivo Geral ........................................................................................... 20

2.2.1 Objetivos específicos ................................................................................ 20

2.3 Justificativa ............................................................................................... 20

2.4 Metodologia .............................................................................................. 21

3 INTERNET, CIBERESPAÇO, CIBERCULTURA, EDUCAÇÃO

E INTERAÇÃO ONLINE ..................................................................... 25

3.1 Internet: a base para o surgimento da educação

na modalidade online.............................................................................. .25

3.2 O Ciberespaço e a cibercultura .............................................................. 27

3.3 A Educação na Cibercultura .................................................................. 29

3.4 A Educação a Distância e a implementação do online como interface

Comucacional ....................................................................................... 32

3.5 O professor e a docência online ........................................................... . 38

3.6 O Papel do Desenho Didático para uma boa compreensão no ensino

através do online ................................................................................... 42

3.7 A importância da interatividade como gerador de uma co-criação na

construção do conhecimento ................................................................ 45

4.1 Fontes de pesquisa ................................................................................ 49

4.1.1 Aplicação do questionário: a visão do alunado sobre

as disciplinas online .......................................................................... 51

4.1.2 Grupo Focal .................................................................................... 96

4.1.3 O Orkut como uma interface de protesto contra as disciplinas

online ............................................................................................. 102

4.2 Professores – outro lado do link na educação online .................... 104

5 DISCIPLINAS ONLINE: UMA NOVA MODALIDADE DE

ENSINO OU UMA MERA TRANSPOSIÇÃO DAS AULAS

PRESENCIAIS PARA A WEB? ................................................ 109

5.1 A insatisfação do alunado ............................................................. 111

5.2 Quem é este novo docente na modalidade online? ....................... 113

5.3 Interagir: verbo difícil de se conjugar online ................................ 118

5.4 Outros “ruídos” que se fazem presentes na modalidade online .... 121

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................... 124

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................... 128

ANEXOS ....................................................................................... 131

ANEXO 1 – Questionário aplicado nos discentes

ANEXO 2 – Transcrição da entrevista feita com o grupo focal

ANEXO 3 – Perguntas feitas para os professores

INTRODUÇÃO Hoje em dia, quando ligamos um computador e entramos, via web, para participar

de uma aula online, não nos damos conta, muitas vezes, do momento revolucionário e

histórico que estamos vivendo no campo da educação à distância. Este verdadeiro divisor

de águas cibercultural não é só caracterizado pela nova espacialidade e temporalidade que

ele nos oferece no dia a dia ou simplesmente, pela existência do aparato tecnológico, cada

vez mais de ponta, que utilizamos. O grande marco revolucionário que esta nova

modalidade online nos apresenta é a possibilidade de interação em tempo real, embora

geograficamente distantes, que ela proporciona a todos os seus usuários.

Este diferencial fica evidenciado se compararmos as possibilidades comunicacionais

da web com o que é permitido pelos outros veículos que são utilizados pela EAD, como o

rádio e a tv. Nestes, há apenas a transmissão do conhecimento, onde o aluno que vê e/ou

ouve as aulas não tem participação direta, ativa ou mesmo questionadora sobre o conteúdo

que está sendo apresentado.

Na educação mediada pelo computador, a expressão transmissão do conhecimento é

substituída por construção do conhecimento. O alunado, junto com o professor, tem a

chance de opinar, debater, questionar, reformular idéias, mesmo não estando num mesmo

ambiente, como acontece em uma sala de aula tradicional.

A possibilidade de estar conectado para discussões acadêmicas com o outro em um

mesmo tempo, em lugares díspares, levou os educadores e as instituições de ensino superior

(IES) entusiastas da modalidade online, a implantar em seus cursos ou em suas grades

curriculares esta nova forma de ensino e aprendizagem.

Baseados nesta motivação e também na constatação de que o mundo digital é uma

realidade indiscutível na vida dos seus discentes, já que em sua maioria havia nascido e

crescido em uma época onde a cibercultura tornou-se a palavra de ordem à idéia de

substituir algumas disciplinas presenciais pelas online, se tornaria, na lógica da academia,

um agente agregador de valores e interesses, como por exemplo, a comodidade e a

praticidade na vida dos estudantes, levando-os a ter um maior interesse e participação mais

efetiva durante as aulas não presenciais.

Mas o que a princípio parecia ser o “grande momento” em termos de educação à

distância, onde as instituições de ensino superior (IES) foram pioneiras neste tipo de

implementação acadêmica, transformou-se em um grande incômodo e desconforto para os

alunos e professores, que se viram, de uma hora para outra, tendo que participar desta nova

modalidade de ensino e aprendizagem, sem ao menos ter a opção de escolha entre a

presencial ou a online, ou mesmo, em reconhecê-la como necessária, importante ou um

elemento fundamental para a melhoria do processo educacional.

A obrigatoriedade em ter que cursar as disciplinas online gerou desconforto e

rejeição em uma grande parte do alunado. Há também um descontentamento em alguns

professores, principalmente por estes, a princípio, não reconhecerem qual seria o seu papel

na nova prática acadêmica.

Motivada por estas inquietações, a dissertação tentou descobrir quais seriam causas,

além da obrigatoriedade de cursar as disciplinas online responsáveis pela insatisfação

diante das disciplinas online.

Para tanto, este trabalho dissertativo está dividido em quatro capítulos:

- No primeiro são expostos o problema, os objetivos geral e específicos, a

justificativa da importância desta pesquisa e a metodologia que será

aplicada para a obtenção e conhecimento dos resultados que

possivelmente responderão aos questionamentos feitos;

- O segundo capítulo é destinado ao quadro teórico, onde pensadores e

estudiosos sobre o tema dão a base conceitual para o desenvolvimento

deste trabalho;

- No terceiro capítulo são explicitadas: a metodologia utilizada para a

obtenção dos resultados e as respostas colhidas durante esta fase de

levantamento de dados, e que vêm confirmar ou não o questionamento

levantado por esta dissertação;

- E finalmente, no quarto e último capítulo são apresentados os resultados

obtidos, que tiveram como base os objetivos explicitados no início deste

trabalho dissertativo.

A partir do estudo realizado e aqui apresentado nos quatro capítulos citados, esta

dissertação espera ter conseguido atingir seu propósito maior, que é o de buscar contribuir

para ampliar a discussão sobre qualidade na educação online.

2 - A Educação online como um novo paradigma educacional

A grande evolução da tecnologia da informação e comunicação nasceu nos anos de

1960, nos Estados Unidos, com a invenção da internet. Posteriormente com o advento da

web, nos anos de 1990, do século XX, houve um verdadeiro divisor de águas na área da

comunicação interpessoal, fato este que acabou refletindo diretamente no campo da

educação. Esta nova forma de se comunicar de maneira mais rápida, de trocar informações

e conhecimentos entre todos simultaneamente, trouxe à sociedade, novas interfaces e

formas de comunicabilidade, através da rede mundial de computadores.

2.1 - O problema

Ao observar novas possibilidades que a internet e a web trouxeram para o

desenvolvimento da humanidade, a educação começou, a partir da Educação a Distância

(EAD), a utilizar-se dela como uma forma mais instantânea de ensino e aprendizagem,

ampliando assim os meios que já utilizavam para a sua aplicabilidade no ensino a distância,

como a tv, o rádio e o impresso.

A nova ambiência online fez com que a EAD, tradicionalmente oferecida via meios

de massa (impressos, rádio e tv) registrasse um aumento na qualidade dos seus modelos,

com novas oportunidades de interação, comunicação e colaboração (SCHRUM, 1998).

Cursos completos de formatação online em diversas áreas, segmentos e conteúdo

educacional foram planejados, criados, desenhados e aplicados para levar a lugares mais

distantes e de uma forma mais rápida, o conhecimento, a educação e a formação

profissional, que em virtude das distâncias geográficas, dificuldades temporais, estrutura

operacional ou logística, muitas vezes deixavam alijada uma grande parte da população do

conhecimento e da aprendizagem acadêmica/profissional que lhes era devido.

Harrasin (1990) aponta como uma das características principais dos cursos online, a

grande independência e qualidade de tempo e lugar, onde a comunicação acontece de

muitos para muitos, possibilitando assim, a aprendizagem mais colaborativa. Para ela, neste

tipo de curso há sempre a possibilidade de uma comunicação não somente assíncrona, mas

principalmente e, sobretudo, síncrona, ou seja, que ocorre ao mesmo tempo entre dois ou

mais indivíduos, via chat ou webconferência, por exemplo.

A partir da observância e constatação deste novo conceito de ensino, bem como, da

legislação favorável, algumas universidades brasileiras resolveram oferecer, em seu

universo acadêmico, cursos e/ou disciplinas online para seu corpo discente, com o objetivo

de se fazer também presente neste novo segmento que começou a se tornar, a partir de sua

criação, uma outra opção de transmissão e troca de conhecimento.

Este novo paradigma das disciplinas oferecidas a distância resultou numa grande e

intensa aplicabilidade por parte dessas instituições, a ponto do Ministério da Educação e

Cultura (MEC), através da Portaria nº 2.253, de 18 de outubro de 2001, conhecida como a

Portaria dos 20% (reformulada pela a de nº 4.059/04, de 10 de dezembro de 2004) ampliar

e regulamentar este novo procedimento educacional, permitindo às instituições de ensino

superior oferecerem até 20% da carga horária de cada disciplina ou o mesmo percentual

quantitativo do total das disciplinas regulares a distância.

Mas o que a princípio pareceu uma solução prática, atual, moderna, revolucionária e

de ponta para os alunos que, por motivos diversos, não conseguiam ter uma regularidade

presencial nas aulas dos cursos tradicionais de formação universitária, transformou-se em

um desconforto para parte de um corpo discente, que nasceu, foi criado e formado há

alguns anos na e pela cibercultura.

A grande questão da cibercultura no acesso de todos à educação, não é tanto a passagem do presencial à distância (sic), nem do escrito e do oral tradicional à multimídia. É a transição de uma educação e uma formação estritamente institucionalizada (a escola, a universidade) para uma situação de troca generalizada dos saberes (LÉVY, 1999, p.172).

Lévy observa que esta mudança, trazida pela cibercultura, da maneira de se

conceber uma nova forma de aprendizagem e conhecimento, não fica restrita apenas às

salas de aula. Estas trocas de saberes ultrapassam este espaço físico até então conhecido e

tradicionalmente concebido para tal fim. A partir de agora, eles podem ser feitos por todos,

para todos, ao mesmo tempo e o tempo todo.

A cibercultura, segundo Lévy (1999) diz respeito a um conjunto imbricado de

técnicas, práticas, atitudes, modos de pensamentos e valores que se desenvolveram

juntamente com o ciberespaço1. A partir do universo cibercultural, a educação deve ser

pensada a partir de estratégias pedagógicas que potencializem autonomia, interação,

colaboração e comunicação para a aprendizagem, visto que ela é exclusivamente mediada

pelo computador e pela internet. (ARAÚJO, 2007).

Diante do exposto em relação a uma possível rejeição do alunado, num primeiro

momento em relação às disciplinas online e de uma sondagem piloto feita por este

pesquisador com alunos que estudam disciplinas na modalidade online, em uma grande

universidade particular estabelecida na cidade do Rio de Janeiro, fez-se necessário o

seguinte questionamento:

O que teria levado a este desconforto por parte do corpo discente?

Para responder a esta questão, buscamos em Ocker (2001) uma possível explicação

para este questionamento. Ele sugere que há a necessidade de se conhecer as opiniões dos

alunos quando da implementação de novas tecnologias educacionais, pois caso contrário

podem ocorrer possíveis rejeições a elas, como vem, num primeiro momento, ocorrendo a

partir da implantação das disciplinas online em alguns cursos de graduação.

Um outro provável motivo para esta rejeição à modalidade online foi observado por

este pesquisador, a partir de sua experiência profissional como professor universitário junto

a seu alunado que tem entre as disciplinas presenciais, a obrigatoriedade de cursar as de

modalidade online. Observamos, repetidas vezes, as mais variadas críticas e queixas em

relação a estas disciplinas. Possivelmente elas sejam oriundas do fato deste alunado possuir

uma certa “desconfiança” em relação à eficiência desta nova modalidade de ensino-

aprendizagem em sua formação universitária.

O oferecimento de disciplinas online, como novo ambiente, sem passar antes por

um período mínimo de adaptação por parte deste alunado, que a partir de agora terá que

interagir com a emergente modalidade educacional, pode ter causado uma estranheza e

desconfiança naqueles que, mesmo tendo suas vidas facilitadas por este novo caminho

1 O termo ciberespaço foi criado pelo escritor de ficção científica Willian Gibson, que o utilizou pela primeira vez em seu livro Neuroromacer. Segundo Gibson, Ciberespaço seria um espaço não-físico ou territorial composto por um conjunto de redes de computadores, através das quais todas as informações circulam.

educacional, se sentiram desconfortáveis neste processo de transição. Steil, Pilon e Kem

(2005) apud AKELLIND e TREVITT (1999) lembram que a imposição externa do uso de

novos métodos tecnológicos, quando os estudantes têm poucos conhecimentos sobre o

tema, geralmente produz sentimentos de desconforto e ansiedade.

Além do aluno, há um outro personagem que deve ser avaliado e estudado com toda

a atenção neste processo: o professor. Na modalidade online ele se vê multifacetado e

fragmentado em seu papel de educador, já que de agora em diante, também passa a ser um

também conteudista 2 das disciplinas e cursos oferecidos através da internet.

Neste novo contexto, ele poderá também estar se sentindo desconfortável, já que

“abandona” a sala de aula presencial, onde até então era a referência do conhecimento e do

saber, e passa a ministrar os conteúdos programáticos a partir de uma tela de computador,

onde, além de experimentar a ausência física dos alunos, precisa interagir de uma forma

completamente nova para a qual raramente foi preparado profissionalmente. A partir agora

sua ligação com os alunos é feita apenas através de chats e fóruns de discussão e não mais

por participações presenciais.

Há um elevado número de professores que atua na modalidade online, mas ainda

não domina razoavelmente as ferramentas e interfaces disponíveis nos ambientes virtuais

de aprendizagem (AVA). Entre estes, há aqueles que não se interessam em aprender as

dinâmicas específicas da docência de aprendizagem na web. Seu desinteresse fortalece a

inquietação deste pesquisador atento ao fato de que tais docentes não excluem a informática

da sua vida profissional, já que se utilizam dela para fazer pesquisas, escrever artigos,

preparar aulas ou mesmo trocar informações acadêmicas com colegas de profissão através

de sites de busca, blogs, e-mails e/ou chats. Entretanto, não se motivam para aprender a

utilizar em suas aulas as novas ferramentas e interfaces que abrem possibilidades e

facilidades para a qualidade em educação online, tampouco se interessam por suas

possibilidades de superação da prevalência da relação professor-aprendiz, baseada na

unidirecionalidade do modelo Um-Todos, em favor da dinâmica Todos-Todos em grande

rede de troca de informações, de colaborações, de construção do conhecimento.

2 Conteudista é o professor que elabora os conteúdos das aulas que serão inseridos nas disciplinas online e disponibilizados para os alunos.

Matheos Jr. e Lopes (2006) acreditam que alguns professores que ministram aulas

online acabam atuando neste ambiente, sem nenhum estímulo e compromisso com este

processo e com esta nova modalidade de ensino/aprendizagem. Para eles, o docente acaba,

muitas vezes, utilizando a sala virtual como um simples depósito de arquivos, links para

visitação e alguns avisos.

Os autores (idem) acreditam que é a partir desta postura limitada, adotada por parte

dos professores, que a sala virtual começa a refletir e repetir todo o processo que já vinha

sendo praticado nas aulas presenciais. Esta realidade e processo são reproduzidos não

somente pelo professor, mas também pelos alunos. “Os alunos passam a exercer uma

pressão junto ao professor para que a sala virtual dê continuidade aos trabalhos da sala

presencial” (MATHEOS JR. e LOPES, p. 4, 2006).

Segundo Penteado (2000), os professores devem ser parceiros na concepção e

condução das atividades promovidas através das TICs e não meros espectadores e

executores de tarefas. O importante é que ele seja participativo neste processo, a ponto da

sala de aula virtual se tornar uma extensão de uma sala presencial. É a partir desse

momento, que as ferramentas oferecidas pelo ambiente online transformam-se num novo

instrumento de ensino.

Um outro aspecto que não passa desapercebido por este pesquisador diz respeito ao

conteúdo de aprendizagem, ao desenho didático, à disposição das atividades na tela do

computador online. O material didático a ser disponibilizado para o aluno deverá

apresentar-se numa linguagem dialógica, mesmo na ausência física do professor,

oferecendo assim, uma leitura motivadora par que o corpo discente participe ativamente do

processo de aprendizagem.

O pesquisador está atento as possibilidades emergentes na cibercultura que

permitem contemplar a interatividade entre o educador e os educandos, a ponto de garantir

compartilhamento e colaboração no processo de ensino-aprendizagem, onde se

desconstroem as tradicionais figuras do emissor e do receptor muito comuns na sala de aula

presencial.

Segundo Silva (2006) ocorre à transição da lógica da distribuição (transmissão) para

a lógica da comunicação (interatividade). Isso significa uma modificação radical no

esquema clássico da informação baseado na ligação unilateral emissor-receptor. O emissor

não emite mais, no sentido que se entende habitualmente, uma mensagem fechada, ele

oferece um leque de elementos e possibilidades à manipulação do receptor. O receptor não

está mais em posição de recepção clássica, passiva, ele é convidado à livre criação e a

mensagem ganha sentido sob sua intervenção. Neste contexto definido como “cibercultura”

(Lévy, 1999; Lemos, 2002), o professor online dispõe de tecnologias capazes de

potencializar a educação baseada na participação colaborativa e no “desenho didático

interativo” (Silva, 2009). Ele dispõe da dinâmica Todos-Todos, onde se interage, modifica

e constrói o conhecimento de uma forma mais democrática e diversificada.

Apesar de os cursos de graduação online e do grande número de evasão dos

discentes que ocorrem nesta modalidade de ensino não serem assuntos inéditos em artigos,

monografias, dissertações e teses, pôde-se observar, após pesquisa minuciosa, que o

questionamento apontado por esta pesquisa sobre a desmobilização do corpo discente em

relação às disciplinas online, que não há quase nenhuma publicação sobre o tema.

Para tomar ciência dos trabalhos publicados sobre o tema, sites como o banco de

Teses e Dissertação da CAPES3, do Scientifc Eletronic Libraly Online (Scielo)4, da

ABED5, do Google Acadêmico6, ANPED7, INEP8, Saber (USP)9, CCUEC - UNICAMP10 e

Prossiga (UFBA)11 foram pesquisados à exaustão. Como resultado deste levantamento

3 CAPES – Banco de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Disponível em http://www.capes.gov.br/, acessado em 23 de agosto de 2008. 4 Scielo Brasil – Scientific eletronic libraly online. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_home&lng=pt&nrm=isso, acessado em 24 de agosto de 2008 5 ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância. Disponível em http://www.abed.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=4abed&sid=83, acessado em 01 de outubro de 2008 6 Google Acadêmico. Disponível em http://scholar.google.com.br/schhp?hl=pt-BR, acessado em 24 de agosto de 2008 7 ANPED – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. Disponível em http://www.anped.org.br/inicio.htm, acessado em 25 de agosto de 2008 8 INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Disponível em http://www.publicacoes.inep.gov.br/resultados.asp, acessado em 26 de agosto de 2008. 9 SABER – USP. Disponível em http://www.teses.usp.br, acessado em 26 de agosto de 2008. 10 CCUEC – Centro de Computação da Universidade Estadual de Campinas. Disponível em http://www.ccuec.unicamp.br/ead/index_html?foco2=Publicacoes/8886/991590&focomenu=Publicacoes, acessado em 04 de outubro de 2008. 11 Prossiga – Biblioteca Virtual da Educação a Distância da UFBA (Universidade Federal da Bahia). Disponível em http://www.prossiga.br/edistancia/, acessado em 27 de agosto de 2008.

preliminar foi encontrada uma dissertação12 feita por Renata Almeida Fonseca Del

Castilho, na Universidade Estadual de Campinas, no ano de 2005; além de dois artigos: um 13 de autoria dos doutores Andréia Valéria Steil e Vinícius Medina Kern e da psicóloga Ana

Elisa Pilon para a revista Psicologia em Estudo e publicado no mês maio de 2005 e outro14

escrito pela mestre em Educação Fábia Magali Vieira e a doutora em Filosofia Raquel

Almeida Moraes. Este segundo trabalho foi publicado em 2006.

A carência de estudos e de publicações sobre a temática desta pesquisa motiva uma

pesquisa detalhada sobre o desinteresse do alunado em participar ativamente da modalidade

de ensino online, bem como a falta de interesse do professor pelo investimento em

interatividade neste novo tipo de docência e também saber sobre os conteúdos, desenho

didático e possibilidades de aprendizagem no AVA.

2.2 - Objetivo Geral

Identificar e avaliar a reação dos discentes em relação às disciplinas oferecidas na

modalidade online no curso de graduação em Comunicação Social de uma universidade

particular do estado do Rio de Janeiro.

2.2.1 - Objetivos específicos

1. Identificar de que forma foram planejadas e estão sendo oferecidas as disciplinas

online nesta instituição;

2. Investigar em que medida o grau de satisfação ou insatisfação do alunado está

relacionado com o ambiente oferecido pelas disciplinas online;

3. Comparar em que medida as interações são mantidas pelos alunos e professores nas

disciplinas online.

12 A incorporação de ambientes virtuais de aprendizagem no ensino superior. Um estudo na Universidade Estadual de Campinas. Disponível em http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000378210, acessado em 4 de outubro de 2008 13 Atitudes com Relação à Educação a Distância em uma Universidade. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-73722005000200012&script=sci_pdf&tlng=pt, acessado em 28 de agosto de 2008 14 Artigo: Disciplinas On-Line: algumas reflexões sobre a utilização das TIC nos cursos de graduação.

2.3 – Justificativa

O autor deste trabalho acredita na importância desta pesquisa como uma forma de

colaborar para os estudos referentes ao tema, bem como no aprofundamento da discussão

acadêmica sobre essa nova modalidade de ensino oferecida através da web. Discussão essa

que vem ocorrendo entre docentes e discentes nas instituições de ensino superior que

implementaram disciplinas online em seu currículo.

Neste cenário em que se desencadeiam tais questões sobre esta nova modalidade de

ensino não presencial, é fundamental salientar a importância do papel reservado às

disciplinas online, na interação, construção e formação de novos ambientes e

conhecimentos entre professores e alunos que a utilizam para a sua formação acadêmica-

profissional.

Outro ponto a ser destacado, nesta pesquisa, refere-se ao desenho didático e como o

conteúdo é oferecido do docente para o discente, de que forma contribui para a dialógica, as

interações e a mediações que ocorrem entre as partes envolvidas neste processo

educacional.

Este estudo evidenciará também se há uma formação adequada oferecida para o

professor, para que ele ministre suas aulas online, a ponto dele se sentir estimulado a

participar deste novo processo educacional ligado a EAD. Pois se considera fundamental

uma formação adequada a ser dada a este profissional, que possui, em sua boa parte um

“desconhecimento” de como utilizar esta nova ferramenta de ensino e aprendizagem como

um pólo, não só transmissor, mas, sobretudo, irradiador de participação, construção e

interação com o alunado através das aulas não-presenciais.

Esta pesquisa considera que será fundamental esclarecer o(s) motivo(s) para o

desconforto causado no corpo discente com a implementação e implantação das disciplinas

online nos cursos de graduação, já que boa parte desses alunos se utiliza, em seu dia a dia,

das novas tecnologias de informação e comunicação, como uma importante ferramenta nos

seus exercícios e práticas sociais, educacionais e/ou profissionais. Prática esta que recebe

uma rejeição quando estas novas TICs são levadas para sua formação profissional, em um

curso acadêmico de graduação.

2.4 - Metodologia

Para este trabalho, a abordagem qualitativa será a escolhida nos procedimentos

metodológicos que irão orientar o levantamento de dados e informações. Vale ressaltar que

na pesquisa qualitativa, o pesquisador ganha o status de principal instrumento de

investigação.

O objetivo dos investigadores qualitativos é o de melhor compreender o comportamento e experiências humanas(...) Recorrem à observação empírica por considerarem que é em função de instâncias concretas do comportamento se pode refletir com maior clareza e profundidade sobre a condição humana. (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 1970).

Como fase inicial para o desenvolvimento deste projeto, será escolhida como campo

de pesquisa uma universidade particular, localizada no estado do Rio de Janeiro que oferece

disciplinas online em seus cursos de graduação, mais especificamente no de Comunicação

Social.

A escolha específica do Curso de Comunicação Social nesta universidade se deu em

função dele formar futuros jornalistas, publicitários e relações públicas, um público que

utiliza em demasia a internet como uma das principais ferramentas em seu dia-a-dia

profissional.

Vale destacar ainda que a escolha do curso de Comunicação Social como objeto de

estudo, não nos autoriza a afirmar que a pesquisa proposta poderá ser considerada como um

estudo de caso, já que como bem ilustra Alves-Mazzotti (2006), o estudo de caso é

classificado como algo específico e que contêm em si próprio, um universo peculiar em

outra situação conhecida. A escolha deste curso de graduação como campo a ser pesquisado

se deu, não em função de ele ser um exemplo de estudo de caso, mas a partir de uma

aceitação deste como campo de pesquisa, visto que em outros cursos de graduação, em

algumas instituições de ensino superior no estado do Rio de Janeiro, que também possuem

em suas matrizes curriculares disciplinas online, e que foram procurados por este

pesquisador, tiveram o acesso a elas negado, quando do conhecimento sobre o que se

pretendia pesquisar, a partir deste pré-projeto.

Num segundo momento deste trabalho será aplicado, em alguns campi desta

instituição, um questionário em aproximadamente 120 alunos, de ambos os sexos,

matriculados entre os 4º e 8º períodos do curso de Comunicação Social, nas habilitações de

Jornalismo e Publicidade e Propaganda. A escolha dos campi se deu em função da possível

diversidade econômica e cultural encontrada nos alunos que neles estudam.

Este questionário será composto por 17 perguntas abertas e fechadas, que abordarão

temas como a freqüência online, participação nas aulas, interação junto ao professor e/ou

colegas, aceitação, compreensão, exercício e acessibilidade às disciplinas online. O

questionário será preenchido pelo próprio aluno que cursa ou que tenha cursado pelo menos

uma disciplina não presencial no referido curso de graduação. É importante destacar que na

elaboração de um questionário deve-se levar em conta o nível de informação dos

entrevistados, partindo do princípio de que as perguntas são uma espécie de tradução das

hipóteses da pesquisa (RIZZINI, 1999).

Após a aplicação dos questionários, far-se-á um grupo focal composto entre 8 a 12

alunos matriculados entre o 4º e 8º períodos e que já cursaram e/ou estejam cursando

disciplinas não presenciais, para que se conheçam seus pensamentos sobre a modalidade e

os pontos positivos e negativos que eles destacam neste novo estilo de ensino-

aprendizagem. Gatti (2005) lembra que a duração de cada reunião de um grupo focal e o

quantitativo de sessões necessárias irá depender do tipo de problema que está sendo

discutido, do estilo de funcionamento que o grupo irá construir e também da avaliação do

pesquisador em relação à suficiência da discussão dos objetivos.

Outra técnica a ser utilizada para este trabalho e que oferece dados significativos é a

entrevista semi-estruturada. Ela será feita junto a professores que ministram ou ministraram estas

disciplinas e tiveram experiências profissionais distintas em relação a suas docências virtuais.

Segundo Alves-Mazzotti e Gewandsznadjer (2000, p.160), a entrevista semi-estruturada

pode ser:

Aplicada a partir de um pequeno número de perguntas, para facilitar a sistematização e codificação. Apenas algumas questões e tópicos são pré-determinados. Muitas questões podem ser formuladas durante a entrevista e as irrelevantes são abandonadas.

Como apoio a esta pesquisa, também será proposta a observação nos fóruns de

discussão no site de relacionamento Orkut, disponibilizados nas comunidades “Odeio as

disciplinas on line!!!”15 criada no dia 27 de agosto de 2007. Nesta comunidade virtual

encontram-se cadastradas 23 pessoas. Uma outra comunidade observada será a “Eu odeio

disciplina Online”16 criada em 15 de agosto de 2008, e que até o levantamento para este

pré-projeto, possuía 11 participantes.

Após a coleta de dados inicial, parte-se então, num segundo momento, para a

análise de dados.

A análise de resultados de uma pesquisa é um processo sistemático de busca e de organização visando obter maior compreensão dos materiais coletados e de torná-los compreensíveis ao maior número possível de pessoas (RIZZINI, CASTRO e SANTOS. 1999, p.81).

Tomando como base esta definição, pensa-se na aplicação da análise do conteúdo,

onde qualquer colocação dada pelo pesquisado para o pesquisador, seja ela feita de forma

oral ou escrita será passível de uma análise de conteúdo.

Para entender melhor como se processa a análise de conteúdo é importante destacar

que ela é marcada por três momentos distintos: a pré-análise, a exploração do material e o

tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. Na pré-análise é feita uma leitura

de todo o material coletado, de uma maneira não linear, mas que vai tomando corpo, a

partir da identificação dos objetivos propostos na pesquisa. É neste momento que surgem as

hipóteses, as quais nos levarão a elaborar os indicadores e índices. A partir daí será feita

separação do material que servirá para a fase de exploração do que foi pesquisado. Quando

se chega a este ponto, os resultados começam a aparecer. Estes irão gerar uma

interpretação, caracterizando assim, a última fase. Nesta etapa os dados são interpretados,

chegando, desta forma, às conclusões finais (BARDIN, 1977).

15 Disponível em: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=38467950, acessado em 2 de outubro de 2008 16 Disponível em http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=65653577, acessado em 2 de outubro de 2008

3 – Internet, Ciberespaço, Cibercultura, educação e interação online

Este capítulo aborda a importância da internet como nova mídia favorável à

educação, bem como os papéis do Ciberespaço e da Cibercultura na construção desta nova

modalidade de docência e de aprendizagem.

Será ressaltada ainda a importância da educação mediada pelo computador, bem

como o trabalho do professor neste novo meio de comunicação e de formação.

Destaca ainda a importância do desenho didático interativo como um elemento

imprescindível para a boa compreensão e participação na educação feita através do meio

online, bem como o processo interativo como gerador do conhecimento.

3.1 - Internet: a base para o surgimento da educação na modalidade online

A internet, desde que “abandonou” na última década do século passado, os porões

militares das forças armadas norte-americanas e ultrapassou os muros das universidades

estados-unidenses, tornando-se assim disponível para o cidadão comum, vem

transformando o dia a dia daqueles que a acessam em qualquer parte do globo terrestre.

Esta revolução e evolução vêm ocorrendo cotidianamente na vida dos que ao clicarem um

mouse e entrarem em uma homepage, se deixam navegar por assuntos previamente

escolhidos ou mesmo se infiltram em novos mundos nunca antes navegados com tanta

rapidez informacional.

Esta nova forma de comunicação levou este cidadão a conhecer universos que

rompem seus limites geográficos, espaciais e culturais sem precedentes na história da

humanidade, visto que ele pode, por exemplo, utiliza-la para conhecer não só detalhes

ínfimos da estrutura microscópica e molecular de uma célula que compõe o seu corpo,

como também, e ao mesmo tempo, no mesmo espaço, através da tela do computador,

descobrir a composição de uma estrela localizada a milhões de anos-luz da Terra.

Obviamente que estes tipos de informações já lhe eram reservados a partir de

uma leitura mais específica e atenta existente em livros ou quando absorvia informações

que advinham através dos meios de comunicação como o Correio, as mídias impressas

(jornal e revista) e eletrônica (rádio e tv). Mas o que irá diferenciar este homem pré-

internauta daquele que tem, hoje em dia, a internet como sua principal aliada no

conhecimento e pesquisa, é a possibilidade deste homem escolher de uma maneira mais

rápida e precisa como ele chegará ao resultado final de sua busca, se optará por um

caminho linear, através de uma leitura direcionada em um texto informativo sobre

determinado assunto ou se de forma fragmentada, com interseções propositais que ele

encontra em hipertextos disponibilizados na rede.

A partir de agora, não haverá apenas a exclusividade de um autor na construção de

um texto para quem quer obter uma informação, mas o construtor da informação será

também o internauta, no papel de co-autor, a partir da interação que ele promove ao optar

por este ou aquele caminho dentro de uma trajetória escolhida durante a navegação

cibernética. As bifurcações da informação que poderão surgir diante dos seus olhos, através

dos hiperlinks acabam, na maioria das vezes, complementando e ampliando o princípio de

um novo conhecer, de novas descobertas e (re)construções de conceitos e posições.

Historicamente a internet, a rede mundial de computadores, e que vem conquistando

corações em mentes em todo o planeta, nasceu no final da década de 1960, nos Estados

Unidos, com a finalidade de manter a comunicação entre as bases militares daquele país.

Sua criação se deu num dos momentos mais difíceis e melindrosos da recente história

mundial, o período da guerra fria, onde a nação norte-americana e seus aliados mantinham

conflito permanente com a então U.R.S.S. (União das Repúblicas Socialistas e Soviéticas) e

o bloco comunista.

Passado este período conturbado e tenso da humanidade, o governo dos Estados

Unidos liberou o acesso à rede para além dos muros e trincheiras militares,

disponibilizando-a tanto para universidades quanto para os cientistas que trabalhavam e

pesquisavam exclusivamente em solo americano.

Até o começo da década de 1990, a utilização da internet estava restrita apenas às

universidades, porém não somente às estabelecidas em solo norte-americano, mas também

naquelas localizadas em outros países, principalmente na Europa.

Como a criação da World Wide Web, o hoje popular www a internet ganhou um

forte impulso para sua expansão e uso. A criação dos browsers (navegadores) teve um

papel primordial para que a rede mundial de computadores chegasse à população de forma

mais ampla e democrática. Bogo (2005) lembra que com o surgimento e uso cada vez mais

constante do www, a rede acabou se tornando um espaço de maior interação social,

disseminando cada vez mais conhecimentos através do meio que hoje é chamado Web.

A internet chega ao Brasil em 1989, com a criação da Rede Nacional de Pesquisa,

subordinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Cinco anos depois, a população

brasileira teve acesso à rede, quando em dezembro 1994, o Ministério das

Telecomunicações, juntamente com o Ministério da Ciência e Tecnologia, disponibilizou

para o setor privado, a partir de um projeto piloto da Embratel, a exploração comercial da

Internet. Desde então, os brasileiros que utilizam a rede como fonte de pesquisa,

comunicação e entretenimento estão inseridos no “ciberespaço” (LEVY, 1999; LEMOS,

2002).

3.2 – O Ciberespaço e a cibercultura

Ciberespaço é uma palavra criada em 1984, pelo escritor Willian Gibson em seu

romance de ficção científica Neuromante.

Pierre Lévy traz uma definição própria para o termo.

Defino ciberespaço como o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores (grifo do autor). Essa definição inclui o conjunto de sistemas de comunicações eletrônicos (...) na medida em que se transmitem informações provenientes de fontes digitais ou destinadas à digitalização. (LÈVY. 1999. p.92)

Este autor acredita que o ciberespaço tem o propósito de colocar em sinergia e ao

mesmo tempo interfacear todos os dispositivos, sejam eles de criação, informação,

gravação, comunicação e simulação. Para ele trata-se do principal canal de informação,

comunicação, cultura, lazer, educação e comércio do no século XXI .

Através do ciberespaço todos os indivíduos podem estar em contato, ao mesmo

tempo, uns com os outros. Mesmo aquelas pessoas que se encontram fisicamente mais

distantes, poderão, através da interatividade17, se comunicar de forma mais rápida, em

17 Silva (2000) define interatividade como a disponibilização consciente de um mais

comunicacional de modo expressivamente complexo, ao mesmo tempo atentando para as

tempo real, através da escrita, da imagem, do vídeo ou pelo áudio. Uma vez que a

informação pública se encontra neste ciberespaço, passa a ser virtual e está sempre à

disposição de quem queira utiliza-la e interferir na sua construção, independente das

barreiras econômicas, e geográficas que se encontrem estes cidadãos.

Posso não apenas ler um livro, navegar num hipertexto, olhar uma série de imagens, ver um vídeo, interagir com uma simulação, ouvir uma música gravada em uma memória distante, mas também alimentar (grifo do autor) essa memória com textos, imagens etc (LÉVY. 1999. p.94)

Todo cidadão pode ser um emissor no ciberespaço Não está mais condenado à

condição de receptor exclusivamente. Como diz Lemos, “o pólo da emissão está liberado”.

Todos podem realizar transferência de dados e transferência de arquivos, através do upload,

faz com que esta distribuição seja muito mais veloz e chegue a um grande número de

pessoas, ao mesmo tempo, que se utilizam desta interface para obter algum tipo de

informação específica para suas pesquisas, estudos e conhecimentos.

A interface mais utilizada para informação e comunicação no ciberespaço é o

correio eletrônico ou e-mail. De forma assíncrona, permite ao interlocutor “dialogar” sobre

o referido tema, apoiando, questionando, ampliando, reduzindo ou mesmo, anexando

informações complementares tais como gráficos, hipertextos, páginas da web, fotos,

músicas ou vídeos.

O ciberespaço tem na interconexão, um dos alicerces que nortearam e orientaram o

seu crescimento. Esta interconexão tão presente nele encontra na cibercultura um papel

imperativo e importante para o seu desenvolvimento, já que a interconexão que ocorre na

cibercultura se torna primordial para que o usuário viva uma noção de espaço envolvente,

onde a sua tele-presença e a dos outros que ali estão, transforme-se em um local interativo,

sem fronteiras, no qual todos aqueles que participam conjuntamente no mesmo espaço,

acabam se comunicando uns com os outros, ao mesmo tempo.

interações existentes e promovendo mais e melhores interações – seja entre usuário e tecnologias digitais ou analógicas, seja nas relações “presenciais” ou “virtuais” entre seres humanos.

É a partir desta intercomunicação simultânea, surgida com o ciberespaço e

cibercultura, que nascem e se desenvolvem as comunidades virtuais, que terão a

intercomunicação como o seu alicerce mais profundo para a troca de saberes, informação e

construção do conhecimento. Essa interação, cada vez maior e frequente, que se dá entre os

sujeitos inseridos nessas comunidades virtuais, é que acaba transformando algo já

conhecido em novos e múltiplos conhecimentos.

Vale ressaltar que essas comunidades são formadas a partir de interesses e

afinidades existentes entre seus membros. Elas começam a interagir, principalmente,

quando há numa necessidade de troca de informação e idéias sobre um assunto em comum

entre seus participantes.

É importante destacar que embora sejam chamados de “virtuais” estes tipos de novo

grupo nascidos na e com a cibercultura, não exclui por completo ou mesmo rejeita, as

interações e os encontros que ocorrem de forma presenciais entre os pares, onde a troca de

idéias, através de um diálogo face-a-face, também possui uma importância fundamental. Na

verdade, a proposta das comunidades virtuais é levar, como observou Lévy (1999) a “novas

formas de opinião pública”.

Na visão de Moraes (2007), este ambiente de circulação de discussões pluralistas,

que ocorrem no ciberespaço, reforça as competências diferenciadas e aproveita o caldo de

conhecimento que é gerado dos laços comunitários, o que leva a potencializar a troca de

competências, gerando a coletivização dos saberes.

Para Lemos,

O ciberespaço é um ambiente de circulação de discussões pluralistas, reforçando competências diferenciadas e aproveitando o caldo de conhecimentos que é gerado dos laços comunitários, podendo potencializar a troca de competências, gerando a coletivização dos saberes (LEMOS, 2002, p.135)

O ciberespaço contempla assim, a participação, a interação, a construção do saber, a

troca de conhecimentos, valores e informação que ocorre entre aqueles que estão inseridos

nele, a partir de interesses comuns.

Esta multiplicidade de novos saberes, dispostos e absorvidos através do ciberespaço,

contribui para a construção de um novo homem que se coloca, a partir de agora, pronto para

receber e oferecer aquilo que lhe mais caro: informação, comunicação e conhecimento.

3.3 - A Educação na Cibercultura

A cibercultura, para Lemos (2003) é definida como cultura contemporânea que

emerge das interações entre novas TICs e a sociedade, e que irá influenciar fortemente na

transmissão de informação e a comunicação em várias áreas, entre elas a educação, que

começa, a partir deste novo conceito, a ser reconfigurada como uma nova ambiência

comunicacional baseada em recursos ou interfaces como chats, e-mails, fóruns.

A emergência da cibercultura leva a quebra da hegemonia de um modelo tradicional

de transmissão, que até então era baseado em informações transmitidas exclusivamente de

forma massificada no modelo Um-Todos utilizado pelas mídias como a Tv, o rádio e os

impressos. A cibercultura traz o formato Todos-Todos, no qual a internet tem um

importante e decisivo papel, já que leva o emissor e o receptor a construírem juntos, e de

forma interativa, o conhecimento.

No livro “A Estrada do Futuro”, Bill Gates (1995) prevê a importância que teria a

Rede Mundial de Computadores na formação de um novo processo educacional que possui

como meio a internet. Para ele, o aumento da interatividade, que se destaca com a nova

realidade comunicacional, entre professores e alunos, aumenta e dissemina novas

oportunidades educacionais que surgem através da interação mais ativa entre os docentes e

discentes.

Diferentemente da pedagogia da transmissão, onde o aluno é o receptor passivo e o

professor é o agente exclusivo do saber, na educação online rompe-se com o isolamento

vivido pelos atores do tradicional processo da educação presencial.

Com a entrada da internet na formação educacional, docentes e discentes têm a

possibilidade de participar mais ativamente, já que agora há um maior espaço, e sem

fronteiras, para a construção do conhecimento, a confrontação de idéias, pensamentos e

saberes. A aula não será ministrada apenas dentro de uma sala de aula entre quatro paredes

e com a participação exclusiva, secular e tradicional no estilo “cuspe e giz”.

Para Silva (2002) a educação online comporta uma estrutura capaz de romper com a

tradicional pedagogia da transmissão, que ainda possui muitos adeptos entre os educadores,

e que invariavelmente preferem se manter na cômoda posição de transmissor do mesmo e

repetitivo conhecimento e informação para seus alunos, ao invés de estimular a

interatividade entre todos.

Os professores estão sendo convocados para entrar neste novo processo de ensino e aprendizagem, nesta nova cultura educacional, onde os meios eletrônicos de comunicação são a base para o compartilhamento de idéias e ideais em projetos colaborativos. (GARCIA, 2008, p.3)

Ao criticar o pensamento anterior, principalmente no tocante à superação da

transmissão do conhecimento através das disciplinas online. Araújo faz uma veemente

crítica àquelas que são disponibilizadas exclusivamente pela internet, as quais classifica

como “travestidas de inovadoras”, mas que acabam reproduzindo o mesmo discurso e

modelo da educação presencial, ou seja, são unilaterais e massificantes.

Esses ambientes vêm arquitetando espaços que privilegiam os aspectos informativos e instrutivos, em detrimento de aspectos construtivos, criativos, reflexivos e cooperativos, relacionados nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento humano (ARAÚJO, 2007. p. 507).

Sua crítica é direcionada aos modelos tutoriais de ensino que direcionam as

interações entre alunos e professores a partir de processos rígidos de transmissão, da mesma

forma como os encontrados nas salas de aula presenciais.

Esta crítica encontra eco em Jonassen (1996) para quem a atuação dos alunos se

limita ao repetitivo ato de apenas virar páginas eletrônicas e responder exercícios

mecanicamente, sem uma maior compreensão do que está sendo estudado. Ele acredita que

os ambientes de aprendizagem online deveriam ser constituídos de problemas relevantes,

sobre os quais, os alunos pudessem realmente refletir e buscar soluções.

Santos (2006) adverte que as TICs não devem ser sub-utilizadas na educação. Esta

autora lembra que se faz necessário um investimento epistemológico e metodológico em

práticas pedagógicas, em práticas docentes e também em pesquisa que venham apresentar

conceitos e dispositivos que dialoguem com este potencial sócio-técnico:

A educação online não é simplesmente sinônimo de educação a distância. É uma modalidade de educação que pode ser vivenciada e exercitada tanto para potencializar situações de aprendizagem mediadas por encontros tanto presenciais, quanto a distância, caso os sujeitos do processo não possam ou não queiram se encontrar face a face. (SANTOS. 2006, p. 123).

A crítica à forma equivocada de usar a modalidade online não é dirigida só e

exclusivamente ao corpo docente. Ela é extensiva também ao corpo discente. Para D’Ávila

(2006), o aluno ainda não compreendeu o seu real papel neste ambiente dicotômico de

ensino-aprendizagem, oferecido pela cibercultura.

É tarefa do aluno buscar, pesquisar, problematizar o conhecimento. Contextualizar, descobrir. E as tecnologias da informação e da comunicação (TICs) devem apoiar a aprendizagem construtiva do aluno através das diversas interfaces de que dispõe do saber (D’ÁVILA. 2006. p.99).

A partir das posições defendidas pelos autores citados, observa-se que a interação

entre os atores (alunos e professores) envolvidos diretamente neste novo ambiente de

ensino e aprendizagem, oferecido na atualidade pelas novas Tecnologias de Informação e

Comunicação, em forma de disciplinas online, se faz necessária e urgente para a

compreensão, aceitação e participação cada vez mais efetiva de todos neste novo processo

educacional.

A Educação a Distância (EAD) foi pensada e criada há mais de um século com o objetivo

de “aproximar” o espaçamento geográfico entre aqueles que moravam longe dos grandes

centros urbanos e onde podiam, exclusivamente ser feitos cursos específicos para uma

melhoria técnico-profissional.

Para que possa ser compreendido como foi se desenvolvendo todo este processo

histórico da EAD, tomamos como referência Meneghel (2003) que divide a história do

desenvolvimento da Educação a Distância em três momentos distintos:

A primeira fase, segundo o autor, foi baseada na auto-aprendizagem e durou até a

década de 1960 do Século XX. Tinha como material de apoio para a aquisição do

conhecimento, textos impressos em livros e apostilas que eram enviadas através dos

Correios para o endereço do aprendiz.

Há de se ressaltar que neste primeiro momento da aplicação da Educação a

Distância não havia nenhuma ou quase nenhuma interação entre professor e aluno, visto

que o ensino era feito por correspondência. E quando esta interação se fazia presente

existia, ela levava um bom tempo para ser completada, já que dependia do serviço de

entrega dos Correios para ser concretizada.

A segunda geração da Educação a Distância surge com a criação da Open

University, no Reino Unido. O objetivo desta nova fase era o de democratizar o saber,

levando educação e conhecimento acadêmico para uma faixa da população, composta

maciçamente por adultos, que não tinham, por inúmeros motivos, tido a oportunidade de ter

frequentado uma instituição escolar quando mais jovens. É a partir deste momento é que

começa a ser utilizado, pela primeira vez uma combinação simultânea de três elementos

que caracterizaria por muitas décadas a EAD: o material impresso, a participação em aulas

presenciais e as sessões radiofônicas.

A terceira e atual fase da Educação a Distância, também conhecida como terceira

geração, teve início nos primeiros anos de 1990, quando se começa a utilizar as novas

Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), onde se destacam “os sistemas de

telecomunicação digital e via satélite; os computadores pessoais e as redes computacionais,

tais como a internet e a intranet” (MENEGHEL, 2003, p.9).

Com a utilização nesta terceira geração da EAD das novas TICs, reforçada com o

surgimento da internet, a educação a distância deu um salto qualitativo, não só no volume e

quantidade de informação adquirida por quem a utilizava na aquisição de novos

conhecimentos e saberes, mas também, e principalmente, na interação em tempo real entre

o professor e seus alunos, seja ela feita de forma síncrona ou assíncrona.

Vale inclusive destacar que o conceito tradicional de educação à distância, a partir

desta terceira geração da EAD, com a entrada da internet deve ser repensado, pois a única

distância que agora pode ser considerada é a espacial e geográfica, pois a remete a corpórea

e não encontra subsídios como indicador de ausência, visto que em disciplinas online,

utilizadas nesta terceira geração, o aluno e o professor com suas participações através do

teclado e do mouse, aliado a utilização da webcam se fazem presentes em tempo real,

através da tela do computador.

A partir desta observação, fica claro que a educação online, nascida com a utilização

conjunta entre as TICs e da rede mundial de computadores, que não há mais espaço para se

educar baseado exclusivamente na transmissão de conhecimentos até então utilizada e

reconhecida na educação, mesmo que feita à distância, como a melhor intenção de uma

formação acadêmica.

Com o surgimento da educação online cria-se a possibilidade de um espaço real

para a construção do conhecimento, através da troca de saberes, possibilitando-se assim

uma interação mais ativa e dialógica entre professor e aluno. A construção do

conhecimento abandona o modelo tradicional do emissor-receptor e começa a ser

compartilhado pelos envolvidos no processo educacional (aluno e professor), fazendo

surgir uma co-autoria e co-participação em um novo paradigma educacional.

Vale destacar que as novas tecnologias de informação e comunicação utilizadas a

favor da educação, ultrapassam o pensamento simplista de servir apenas como um meio de

contato e transporte da informação. Na verdade, seu papel vai muito além deste pensamento

primário, já que com sua utilização, as TICs, com o apoio imprescindível da internet, se

mostram como um forte elemento de aprendizagem e nas construções colaborativas do

conhecimento.

A utilização da tecnologia deve tentar reduzir a distância entre os atores, favorecer a interatividade entre os envolvidos, possibilitar a comunicação entre todos no processo de ensino-aprendizagem, propiciando a motivação, o diálogo, a interação entre emissor e receptor, o acesso e a troca de informação. (VIEIRA & MORAES, 2007, p.12)

No Brasil, o uso das TIC, aliadas à internet, ganhou um forte incentivo para sua

implementação no ensino de nível superior, com a regulamentação feita pelo Ministério da

Educação (MEC) em outubro de 2001, através da portaria nº 2253, e que foi posteriormente

substituída pela portaria de nº 4.059, de 10 de dezembro de 2004. A partir desta portaria foi

oferecida às Instituições de Ensino Superior (IES) a possibilidade de modificação em seus

projetos pedagógicos, com a implementação em parte ou em seu todo disciplinas não

presenciais, disciplinas estas também conhecidas como online. Este tipo de disciplina não

pode, segundo a portaria, exceder a 20% em currículo de formação profissional em relação

àquelas que são oferecidas ao alunado na modalidade presencial.

Outro ponto importante destacado na portaria dos 20% é a que estabelece que nas

disciplinas online devem estar incluídos métodos e práticas de ensino-aprendizagem que

utilizassem as Tecnologias de Informação e Comunicação, porém em relação às provas, a

portaria abre uma exceção, já que determina que elas sejam feitas pelos alunos, não através

do computador, mas exclusivamente de forma presencial.

Com a implementação da portaria dos 20% nos cursos de graduação no Brasil,

vislumbrou-se a possibilidade do nascimento de uma nova geração de aprendizes e

construtores do conhecimento que começaria a ser formada a partir desta nova modalidade

de ensino, principalmente por permitir uma interação maior, mais ativa e atuante em

relação àquela que existia até então nas salas de aula presenciais, onde o professor atuava

como agente depositante do conhecimento, enquanto o aluno era o receptor passivo desta

informação.

Contrário a este tipo de forma transmissão de conhecimentos, Paulo Freire lembra

que:

O professor ainda é um ser superior que ensina aos ignorantes. Isto forma uma consciência bancária (sedentária, passiva). O educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do educador. Educa-se para arquivar o que se deposita (FREIRE, 1979, p.13).

Em oposição a este tipo de educação baseada exclusivamente na transmissão

passiva da informação, a utilização das novas TICs em associação com a internet, encontra

entusiastas, principalmente quando ela é observada como um forte componente que é

utilizado cotidianamente na vida social e profissional da maioria do alunado, tão

acostumado, por exemplo, com o uso do computador, tanto para fins profissionais, de lazer

ou mesmo como uma interface para pesquisa e comunicação com seus pares.

[...] os jovens experimentam uma empatia cognitiva (grifo do autor) feita de uma grande facilidade na relação com as tecnologias audiovisuais e informáticas e de uma cumplicidade expressiva (grifo do autor): com seus relatos e imagens, suas sonoridades, fragmentações e velocidades, nos quais eles encontram seu idioma e seu ritmo (BARBERO, 2003, P. 66)

O fato de uma geração ser conhecedora e altamente possuidora dos conhecimentos

necessários a sua utilização do computador e da internet em seu dia a dia deram, num

primeiro momento, uma sensação aos educadores mais entusiastas deste estilo de

aprendizagem, de que com a implantação de cursos ou disciplinas online na graduação, o

alunado os aceitaria de um modo entusiasta, vibrante, sem “rebeldias”, críticas ou

contestações, servindo inclusive como um estímulo para que os aprendizes participassem

mais ativamente de sua formação acadêmico-profissional.

Porém, o que foi observado por este pesquisador junto a seus alunos nas aulas

ministradas de forma presencial, em uma grande instituição de ensino superior localizada

na cidade do Rio de Janeiro, e que há cerca de dois anos implantou as disciplinas online em

sua grade acadêmica, foi a de um descontentamento por uma grande parte de seus

discípulos que faziam aulas não presenciais, fato este que motivou a realização desta

pesquisa.

As queixas e críticas vindas dos discentes sugeriam em várias frentes. Problemas

como a dificuldade ao acesso à plataforma utilizada como meio de aprendizagem ao

despreparo da maioria dos professores recrutados para dar à disciplina, passando pela

metodologia utilizada e o desenho didático confuso e pouco atraente foram apontados

foram apontados como alguns motivos que levaram a uma resistência inicial para a uma

participação mais ativa dos aprendizes.

A partir desta observação sobre este assunto, podemos nos remeter a Moran (2008)

que destaca que:

Estamos numa fase de transição na educação à distância. Muitas organizações estão se limitando a transpor para o virtual, adaptações do ensino presencial (aula multiplicada ou disponibilizada). Há um predomínio da interação virtual fria e alguma interação on-line. (MORAN, 2002, p.3)

Com isto vale salientar que mesmo sendo observada e constatada a existência de

uma zona de transição, a implantação das disciplinas online deve obedecer a certos

princípios de atração e sedução para atingir o seu público-alvo e consumidor das novas

tecnologias: o aluno.

As instituições de ensino superior (IES) que oferecem esta possibilidade de uma

nova forma de aprendizagem têm que ficar atentas às ansiedades e expectativas do alunado

em relação a este novo processo de mudança no campo educacional, caso contrário

encontrará uma certa apatia e resistência ao que é oferecido como novidade na área da

educação.

Faz-se importante, por parte das IES que implementaram cursos ou disciplinas

online em seu currículo, conhecer antes de qualquer coisa, quais são as expectativas,

dúvidas, anseios e possíveis medos que seu aluno tem com a implantação desta nova

modalidade educacional. O novo geralmente causa um certo medo, estranheza e

desconfiança em muitos que começam a conhece-lo e posteriormente a utiliza-lo como

forma de aprendizagem.

Há de se ter à sensibilidade de lembrar que este aluno, que agora começa a estudar

em sua casa ou trabalho, através de uma forma aparentemente “solitária”, em frente a uma

tela de computador, teve toda sua formação acadêmica feita em aulas presenciais, onde a

sala de aula era um espaço onde ele adquiria o conhecimento e também o dividia

fisicamente não só com os colegas de turma, como também com a figura do professor.

Com a implantação do online, este mesmo estudante começa a viver um momento

de ruptura de paradigmas educacionais que até então estavam arraigados na sua formação e

que não prenunciavam mudanças tão radicais. Fato este que num primeiro momento o deixa

inseguro e onde a apatia, a rejeição e a resistência viram palavras de ordem contra uma

nova forma de ensino-aprendizagem que lhe é apresentada e convidado a participar.

A partir de agora, este aluno deixa de estar presente no espaço tradicional da sala de

aula que ele conhece e domina visualmente, e onde também convivia com os corpos

docente e discente da instituição escolar. Com a implantação dos cursos e notadamente das

disciplinas online, foco de estudo deste trabalho, o aprendiz deixa de lado a transmissão do

conhecimento oriunda do professor presencial, e passa a participar de uma construção do

conhecimento que será feita através do computador ligado à internet.

É importante compreender que o processo desta nova modalidade de EAD, que

começa a ser utilizada pela educação, é amplo e com múltiplas possibilidades, já que não se

limita ao tipo de transmissão unilateral oferecida pelo impresso e os aparelhos de rádio ou

tv. O computador e a internet tornaram-se também importantes meios condutores, e com

um forte diferencial em relação aos que eram utilizados anteriormente, já que é permitida a

interação ativa e ao mesmo tempo de todos com todos diante de um questionamento ou de

uma provocação acadêmica.

Há na modalidade online a possibilidade de uma participação ativa entre as partes

envolvidas (professor e aluno) no processo. Isto permite nova dinâmica de aprendizagem,

estimulando o abandono do já conhecido instrucionismo e estimulando o construcionismo,

que levará não só a participação de todos, como também uma co-autoria na aprendizagem.

O que fica cada vez mais claro é que a educação feita através das novas mídias conectadas é uma realidade cada vez mais presente e que evolui de forma irreversível. Nada mais será como antes em qualquer nível de ensino (MORAN, 2005).

Moran nos mostra, através de seu pensamento, que a educação não pode ser mais

pensada e feita como algo que evolui lentamente, como vinha acontecendo desde sempre, já

que com a participação quase que onipresente das novas TICs, ela entrou em uma nova

fase, onde a aceleração e a evolução são uma constante e permanente em todo o processo

educacional. E esta evolução tem que ser percebidas por todos, principalmente pelo

professorado, parte importante para a confirmação desta nova visão, ponto este que será

abordado a seguir.

3.5 - O professor e a docência online

Uma pesquisa realizada, em 2008, pela Unesco18, em parceria com o Instituto Paulo

Montenegro e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostrou

números preocupantes em relação à utilização da internet pelos docentes em nosso país. Foi

constatado, após uma entrevista com cinco mil profissionais de ensino em todo o Brasil,

que a maioria dos entrevistados não navega na Internet.

A pesquisa realizada em escolas públicas e privadas, nos 27 estados da federação

indicou que 59,6% dos professores entrevistados não utiliza e-mail, 58,4% não navega pela

internet e 53,9% não vê o computador como forma de diversão ou entretenimento. Ainda

18 Disponível em http://www2.uol.com.br/aprendiz/guiadeempregos/educadores/noticias/ge020804.htm#1

de acordo com o resultado, 72,2% dos docentes enxergam a educação como um meio para

se formar cidadãos conscientes e 60,5% como um caminho para desenvolver a criatividade

e o espírito crítico.

A partir destes dados obtidos pelo levantamento encabeçado pela Unesco, desenha-

se minimamente uma contradição entre o pensar e o agir pela educação por parte do

professorado. Pode-se observar que em relação às práticas pedagógicas vivenciadas na

maioria das escolas é aquela ainda que remete ao modelo tradicional da transmissão oral,

não contemplando o alunado com novos meios de informação e comunicação que o façam

participar mais ativamente da aula, como por exemplo, a utilização do computador e a

internet como recurso didático.

Por outro lado, quando os professores definem a educação como um meio de formar

cidadãos conscientes, além de desenvolver a criatividade e o senso crítico dos mesmos,

nota-se que há um “desejo implícito” deste professor de sair da sala de aula tradicional,

onde predomina a oralidade e levar seu alunado a um novo mundo que lhes é apresentado a

partir das novas TICs, fazendo-o conhecer novos pensamentos e realidades para a

construção de sua formação profissional e uma personalidade cidadã.

Os professores podem formar o cidadão dialógico garantindo a participação livre e plural dos aprendizes na construção dos conhecimentos. No entanto, antes de enfrentar esse enorme desafio, os professores terão que vencer um desafio ainda maior: o niilismo pós-moderno. (SILVA, 2007, p. 11)

O que a pesquisa da Unesco talvez não tenha percebido é que esta contradição

venha em função de o professor brasileiro ainda se encontrar numa fase de transição não só

social, mas também e principalmente, profissional em relação às novas TICs. Observa-se

então, que há ainda uma geração de professores que são considerados “imigrantes

digitais”19, ou seja, aqueles que estão tendo no computador e na internet uma nova interface

para seu conhecimento e crescimento profissional.

19 As expressões “imigrante digital” e “nativo digital” foram criadas pelo educador e pesquisador americano Marc Prensky. Para ele, os “nativos digitais” são a geração de indivíduos que cresceu com toda evolução da Web e da tecnologia em geral. Já os “imigrantes digitais” são aqueles que não tendo nascido no mundo digital, em determinada altura da vida, se sentiram atraídos e mostraram interesse por estas novas tecnologias.

A imigração digital é proporcionada em função destes profissionais de ensino

saírem, de uma hora para outra, do convívio cotidiano em sala de aula com alunos, para um

ambiente novo, desconhecido e distante da presença física do corpo discente, das carteiras e

quadro negro. Esta mudança acabou gerando um certo desconforto, desconfiança e rejeição

não só como já foi visto para os discentes, mas também para uma boa parte deste corpo

docente que a partir de agora se vê fazendo parte deste grupo de imigrantes.

Ao pertencer e participar de um novo processo educacional, onde o ciberespaço e a

cibercultura estão presentes cada vez mais e constantemente na sua forma de atuar como

docente, o professor tem que compreender que há necessidade por parte dele, de participar

de uma total e irrestrita imersão nesta nova seara educacional, caso contrário, continuará

repetindo no online a “eterna” pedagogia da transmissão, indo em direção contrária ao que

se propõe como um novo paradigma educacional.

É fato que a Educação a Distância, desde sua implantação, contou com o apoio

fundamental dos meios de comunicação para o seu desenvolvimento. Primeiramente com

os Correios, onde os cursos de auto-aprendizagem eram enviados para aquelas pessoas que

o desejavam fazer, porém moravam distantes das escolas que eram oferecidos.

Numa segunda fase, o rádio e posteriormente a tv fizeram o papel de transmissor

eletrônico do conhecimento, onde um docente ensinava sobre um determinado assunto para

a formação acadêmica.

Mas quando surge um terceiro momento, a participação do computador e da internet

como mais um canal de comunicação a serviço da EAD, este professor que, embora já

trabalhasse com tecnologias de informação e comunicação, se vê diante de um novo

componente onde a oralidade já não basta para a transmissão do conhecimento. Com a

chegada desta nova TIC, ele tem que falar, ouvir, construir, desconstruir e reconstruir junto

com o alunado aquilo que é colocado entre os participantes desta nova modalidade de

educação. A interação torna-se um movimento constante e ativo, diferentemente da sala de

aula tradicional, onde as participações discentes nunca foram uma constante nas aulas.

Sala de aula presencial, que agora também sofre uma mudança radical, pois o aluno

não está mais limitado a aprendizagem dentro de quatro paredes. Não há mais a presença

física do professor diante dele e vice-versa. O diálogo educacional se dá através de um

monitor instalado na casa, escritório ou baia, e é direcionado a partir da manipulação de um

teclado e do clicar de um mouse.

Quando tomamos por base a Educação a Distância que é empregada e através do

impresso, do rádio e da Tv, vale destacar que a educação online não é herdeira ou muito

menos um estágio mais evoluído da EAD. Sua origem nos mostra que ela é uma

consequência oriunda da cibercultura, onde, que com a utilização de novas tecnologias,

acabou gerando uma interação mais participativa e ativa, nas pessoas que a utilizam no

campo da educação.

Estas pessoas, representadas por professores e alunos, sofrem grandes mudanças em

seus tradicionais papéis respectivos de transmissor e aprendiz do conhecimento. A partir de

agora, o docente não irá mais apenas transmitir solitariamente seus conhecimentos e

saberes, mas os disponibilizará para o aluno, com o objetivo de provoca-lo a participar mais

ativamente da construção do conhecimento, dando-lhe inclusive, uma co-autoria neste

processo educacional. “A educação online traz desafios específicos para docentes e

discentes, pois demanda uma formação voltada para o novo indivíduo” (SILVA & CLARO,

2007, P. 4)

O online, como já foi dito anteriormente neste trabalho, quebra a hegemonia do

tradicional modelo de transmissão unilateral do conhecimento até então conhecida e

empregada durante a aprendizagem. Paulo Freire (2003) já criticava este modelo

educacional que tem por base a pedagogia da transmissão, a qual ele chamava de “educação

bancária”, onde o papel do educador acaba sendo visto como o “dono do saber” e o aluno

um mero “recipiente de informações”, que nada conhece ou sabe.

Freire defendia que uma educação autêntica se daria não de A para B ou de A sobre

B, mas sim de A com B, onde o papel do docente não seria somente o de transmissor de

seus saberes, mas sim aquele que iria possibilitar no alunado a conceber sua própria

produção e construção do conhecimento.

Vygostsky é outro teórico que faz severas críticas ao modelo de educação baseado

na transmissão de informação. Ele, inclusive, cria o conceito de Zona de Desenvolvimento

Proximal (DPZ) que é definida como:

A distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de

desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes (VYGOTSKY, 1994, p112)

A partir desta concepção de Vygostsky, o papel que tradicionalmente é representado

pelo docente, quando aplica a pedagogia da transmissão, começa a ser colocado em dúvida

em relação a sua eficácia, já que ele não pode ser mais considerado exclusivamente um

emissor que transmite seus conhecimentos para uma plateia de receptores passivos no que

tange a esta informação.

Em oposição ao pensamento anterior, o professor que trabalha com as novas TICs, e

tem na modalidade online um caminho para a construção do conhecimento em conjunto

com o seu aluno, deixa assim de ser exclusivamente um emissor de informações e

conteúdos, para se tornar um mediador neste novo processo de aprendizagem, onde a

interação torna-se a palavra de ordem.

O agir não é orientado para a manipulação dos objetos ou para o controle dos fenômenos do ambiente circundante, mas por um confronto com o outro. O confronto com o outro não é rígido; ele pode adaptar-se a diversos modos e as diversas modulações, de acordo com as finalidades que os autores almejam alcançar (TARDIF, 2002. p.123)

O professor, nesta nova visão de ensino, torna-se “sujeito do seu próprio trabalho e

ator de sua pedagogia, pois é ele quem a modela” (SILVA & CLARO, 2007). O docente

tem, com esta nova filosofia educacional, que mobilizar e transformar seus saberes junto

com os saberes de seus alunos, num processo de co-autorias.

3.6 - O Papel do Desenho Didático para uma boa compreensão no ensino através do

online

Até aqui foi observado que a co-participação ativa e uma atuação conjunta entre

alunos e professores através do processo de construção do conhecimento do ensino na

modalidade online é um dos pontos fortes para seu desenvolvimento e aceitação entre

ambas as partes quando estão diante de cursos ou disciplinas à distância.

Mas todo este processo também pode ter um adicional de sedução e interação entre

as partes, fazendo que docentes e discentes se sintam mais atraídos em estar

permanentemente em contato, de forma síncrona ou assíncrona diante de uma tela de

computador.

O uso do computador como interface de uma nova TIC serve como um grande

facilitador na transmissão de conhecimentos por parte do professorado para seu alunado no

dia a dia educacional. Porém, seu uso deve ser analisado com reservas, já que para alguns

professores que o utilizam em suas aulas online, ele pode estar deixando de ser utilizado de

forma construcionista para manter o status quo e prolongar a filosofia instrucionista de

ministrar as aulas, forma esta tão comum na modalidade presencial.

Valente (2005) alerta que o computador pode ser usado na educação como máquina

de ensinar ou como máquina a ser ensinada. Para ele, a utilização desta ferramenta, quando

empregada como máquina de ensinar, a transforma em mais um meio para a mera e

rotineira repetição dos métodos de ensino tradicionais oriundos da sala de aula presencial.

Situação esta que, sob o ponto de vista pedagógico, mantém o instrucionismo como

forma de ensino-aprendizagem, mesmo quando utiliza um novo meio de aprendizagem

criado pelas Tecnologias de Informação e Comunicação, como é o caso do computador.

Quando esta máquina é utilizada na educação sob a ótica instrucionista o papel que

lhe é dado fica bem claro: o de limitar-se a fornecer uma série de informações de forma

tutorial para os alunos, onde a partir da colocação do sistema de perguntas e respostas, o

professor confirma ou não a retenção da informação colocada por ele.

Papert (1986) explica que diferentemente do método instrucionista, o

construtivismo leva o discente a construir, através do computador, o seu próprio

conhecimento, já que é esta construção se dá pelo interesse e o envolvimento afetivo do

aprendiz, fazendo assim com que a aprendizagem se torne mais prazerosa. Desta forma, o

computador, deixa de ser uma máquina de ensinar para se tornar uma a ser ensinada.

Mas de que forma esta sedução pode ser feita pelo computador, a ponto de torna-la

prazerosa?

Vale lembrar que o computador não é apenas uma tela de recepção, “mas um campo

de possibilidades para a ação do interagente que interage facilmente com os outros

interagentes a partir de imagens, sons e textos plásticos e dinâmicos com sua condição

digital” (SANTOS, 2009, pg. 3).

Portanto a interação que ocorre em frente de uma tela de computador entre os

interagentes deve estar sediada em algo que estimule esta interação, não somente pelos

textos, imagens e sons que advenham dela, mas através de seu desenho didático interativo,

onde deve prevalecer um conjunto de conteúdos e situações que estimulem a aprendizagem.

Eles devem ser colocados de forma estratégica para estimular os alunos que a partir daí

deve utiliza-los como vias acadêmicas para a construção do conhecimento.

O desenho didático interativo passa a ter um papel importante nesta construção e

interação entre docentes e discentes. A educação online deve dar àqueles que interagem

durante as aulas, uma liberdade para manipular as informações acadêmicas oferecidas na

tela do computador, e que tenham a possibilidade de serem criadas ou recriadas de acordo

com o desenvolvimento, participação e decisões daqueles que a manipulam.

Para tanto, este deve ser pensado sempre como um espaço onde devem ser

contempladas as interfaces de conteúdo e comunicação. Ou seja, uma obra aberta, onde

todos participam e interagem ao mesmo tempo, num mesmo local (o computador).

Vale destacar que esta nova possibilidade que surge em relação ao desenho didático

interativo vem modificar radicalmente a que era apresentada pelo desenho didático criado

ainda como pedagogia de transmissão. Neste segundo caso, ele era imutável, já que não era

modificado ao longo do curso, fato este que impedia uma abertura para novos desafios,

construções e questionamentos, limitando a simples execução dos conteúdos e soluções

propostas.

Na educação online, o desenho didático necessita de uma constante reconstrução, já

que existe uma interação ativa entre professores e alunos. Há a necessidade de se

disponibilizar caminhos que levem um diálogo entre todos, onde a partir da troca de

conceitos, se constrói, desconstrói e reconstrói o conhecimento das partes envolvidas neste

novo processo educacional que se origina na modalidade online.

Para que um desenho didático interativo seja eficiente Santos & Silva (2009)

lembram que “é importante pré-produzir parte dos conteúdos e das atividades que poderão

ser utilizados ou não de acordo com as preferências dos cursistas e do docente”. Ou seja, há

a necessidade de se criar um web-roteiro.

Na elaboração deste web-roteiro, os autores (idem, idem, 2009) chamam a atenção

que devem ser apresentados basicamente quatro caminhos para seu desenvolvimento, e que

resumidamente, estão dispostos a seguir:

- Primeiro devem ser pensados os percursos hipertextuais, com o tracejar de

caminhos diferentes para a aprendizagem, coma a exploração das vantagens

disponibilizadas pelo hipertexto;

- Segundo, existir uma disponibilidade para uma montagem de conexões em rede

que irão permitir múltiplas ocorrências e onde os aprendizes possam construir

seus próprios mapas, conduzindo suas explorações;

- Terceiro, devem ser propostas situações para uma inquietação criadora que

provoquem e despertem o desejo para enfrentamento online, encorajando a troca

entre todos os envolvidos.

- E quarto, a importância de se criar sinalizações para que o webdesigner opte na

hora da criação por formatos que dêem opções de escolha na hora de opção por

este ou aquele modelo de interação.

Vale lembrar que com a introdução desenho didático interativo nos cursos e

disciplinas online, o professor deixa de representar o seu papel de orador, onde o discurso

utilizado nas salas de aulas presenciais era uma mera reprodução de uma forma de ensino

conhecida há mais de cinco mil anos. Ele passa agora a ter uma nova postura e participação

educacionais, onde não transmitir só conhecimentos, mas também formula questões,

coordenar equipes de discentes, estimular a participação ativa do alunado neste novo

processo.

Para que este docente possa começar a ter esta nova postura, ele possui interfaces

disponibilizadas através do desenho didático interativo, que quando utilizadas transformam-

se em facilitadoras da interação no processo de ensino-aprendizagem online.

Porém para que esta interação aconteça, é necessário que neste desenho didático

interativo haja uma bidirecionalidade, que estimule não só a participação do professor, mas

também contemple a participação do aprendiz com uma participação efetiva feita através de

experimentações, trocas de saberes, discussões sobre os temas propostos e descobertas.

Na contramão do que seria ideal quando se idealiza um desenho didático interativo,

Santos & Silva lembram que:

É comum encontrar cursos online que apenas disponibilizam textos lineares e outros materiais digitalizados para estudo, muitas vezes chamados de recursos didáticos. Estes, na maior parte dos casos, servem apenas como fonte de informação e leitura para a construção de tarefas, geralmente individuais, que devem ser disponibilizados para a correção efetuada pelo assim chamado professor-tutor. (SANTOS E SILVA, 2009, p.6)

É importante salientar que se for idealizado desta forma o desenho didático pode

acabar não levando às práticas que são desejadas. Práticas essas que estimulariam o

diálogo, a interatividade e a construção coletiva do conhecimento. Quando utilizada desta

forma, o conhecimento que poderia ter sido construído de forma participativa e elaborativa,

passa a ser absorvido de forma linear da mesma forma que é disponibilizado nos impressos,

notadamente nos livros.

3.7 – A importância da interatividade como gerador de uma co-criação na construção

do conhecimento

Em uma aula presencial, o diálogo entre professor e aluno é a representação mais

clara que ocorre na interação do processo de ensino-aprendizagem. Na modalidade online,

o ato de interagir não se extingue ou se transforma, muito pelo contrário, se amplia, já que

este ritual da comunicação é intensamente compartilhado por todos aqueles que, naquele

mesmo momento, participam das aulas não presenciais.

O que talvez difira em relação ao ato de interagir, em uma aula tradicional e uma

mediada por computador, seja o fato de que onde a aula acontece através de um ambiente

online, diferentemente da presencial, é que não há o contato físico.

Outro ponto a se destacar é em relação, a necessidade de se estimular uma maior e

constante interação-participativa dos alunos durante a aula online, já que eles, por não

verem fisicamente o professor e os colegas, não veem, muitas vezes a necessidade afetiva e

efetiva de participar. Este estímulo à participação deve vir não só do professor, através de

questionamentos e provocações, mas também do alunado com respostas, indagações, outros

questionamentos e novas colocações.

Numa sala de aula presencial, a oralidade é uma marca característica no processo de

ensino, já que ela é baseada no falar-ditar do professor em relação aos seus discípulos e

onde a interação se manifesta de uma forma direcionada, ou seja, na representação Um-

Todos (professor dita, alunos ouvem, copiam) ou na Um-Um (professor questiona – aluno

responde).

A interação que ocorre em um ambiente online nos leva a uma outra forma de

interatividade, a Todos-Todos, já que as pessoas que estão participando deste processo de

aprendizagem e podem, de forma síncrona ou assíncrona, emitir opiniões, postar

indagações, rebater, acrescentar, negar ou mesmo construir e desconstruir pensamentos.

O termo interatividade, segundo Silva (2007), surgiu na década de 1970, como uma

crítica à mídia unidirecional, oferecida e representada pelos veículos de comunicação

(jornal, revista, rádio e televisão). Porém foi só nos anos 80, com a chegada do computador

que o termo interatividade tornou-se comum entre aqueles que utilizavam esta nova

tecnologia para ultrapassar a barreira da transmissão e adentrarem por outros labirintos e

novos universos, proporcionados pela web.

Vale ressaltar que, apesar da maturidade teórica e técnica da Internet, a palavra

interatividade, nos nossos dias é utilizada de forma banal, associada geralmente, como um

argumento de vendas em campanhas publicitárias e que servem ao mesmo tempo, tanto

como um agente de estímulo para a aquisição de um eletrodoméstico ou como diferencial

na escolha de um curso que oferece programas criados para este fim.

O termo interatividade se presta às utilizações mais desencontradas e estapafúrdias, abrangendo um campo semântico dos mais vastos, que compreende desde as salas de cinema em que cadeiras se movem até novelas de televisão em que os espectadores escolhem (por telefone) o final da história. Um terreno tão elástico corre o risco de abarcar tamanha gama de fenômenos a ponto de não poder exprimir coisa alguma. (MACHADO, 1997, p.250)

Com a entrada deste tipo de conceito de interatividade no meio acadêmico,

principalmente após a utilização da internet como uma Tecnologia de comunicação e

Informação, alguns setores da educação começaram a apresentar esta nova modalidade

como “um admirável mundo novo” para aqueles que se propuserem a participar desta

moderna concepção de ensino.

Para que a interatividade seja visivelmente compreendida, utilizada e estimulada

nesta nova seara, as instituições de ensino planejaram salas de aula que, no lugar das

carteiras tradicionais, possuem computadores com internet banda larga; utilização de

tecnologia 3D para dar a impressão do real em uma ilustração virtual e onde o aluno possa

interferir na área que lhe convier com um simples toque de dedo; utilização de webcams

para aproximar o aluno distante para junto do colega; implantação de disciplinas online e

aulas tele-transmitidas para aprendizes que não estão no espaço acadêmico tradicional da

sala de aula.

Toda esta tecnologia e estímulo à interatividade nos cursos que oferecem todos estes

recursos tecnológicos de última geração, possuem ainda uma a antiga prática educacional,

quando utiliza a tradicional pedagogia da transmissão unilateral. Isto fica bem caracterizado

na construção de sites com páginas estáticas, onde não é permitida a intervenção direta dos

alunos nos conteúdos apresentados, onde também não existe espaço para a co-criação e

construção do conhecimento com uma interferência direta de todos os envolvidos.

Silva (2007) lembra que a interatividade é um conceito da comunicação e não da

informática, e para que ela ocorra é necessário que sejam garantidos basicamente uma

“dialógica que associa emissão e recepção como pólos antagônicos e complementares da

co-criação da comunicação” e “a intervenção do usuário ou receptor no conteúdo da

mensagem, abertos a manipulações e modificações”.

O autor (idem) enumera os seguintes aspectos fundamentais para que a

interatividade seja encontrada no ciberespaço:

- Participação-intervenção, onde participar não significa apenas responder “sim”

ou “não” ou escolher uma opção dada significa interferir na mensagem de um

modo sensóriocorporal e semântico;

- Bidirecionalidade-hibridação: a comunicação é produção conjunta da emissão e

recepção, onde os dois pólos se codificam e decodificam;

- Permutabilidade-potencialidade: a comunicação supõe múltiplas redes

articulatórias de conexões e liberdade de trocas, associações e significados

potenciais.

Fica claro, portanto, para que o processo de interatividade no online seja

considerado satisfatório é importante que o docente abandone a antiga postura de guardião

exclusivo do conhecimento, permitindo-se, a partir de agora, compreender que o seu papel

é o de provocador de situações, de gerador de inquietações, de construtor do conhecimento

com o aprendiz.

Por outro lado, o discente que participa deste processo de interação junto ao

professor não será mais destinado o papel passivo, de receptor único do conhecimento

vindo somente do docente. Cabe a ele trocar informações, responder as provocações

acadêmicas tanto do professor quanto de seus pares e principalmente de um co-autor na

construção do conhecimento.

A participação conjunta e ativa de ambas as partes, aqui representadas pelo

professor e aluno, no processo interativo leva a um exercício constante de crescimento

destes atores e onde estarão cada vez mais presentes a co-produção, a co-autoria e a co-

participação na autoria de novos saberes e conhecimento.

4 – Aluno e professor: novos papéis a serem construídos na modalidade online

Para que possamos compreender qual é o papel e o pensamento de aluno diante de

uma nova realidade e modalidade de ensino, o online, faz-se necessário neste capítulo um

estudo mais detalhado e aprofundado sobre o campo de pesquisa, de onde se tentará

descobrir a razão de um desconforto provocado no corpo discente com a introdução, na

grade curricular, nos cursos de graduação, das disciplinas online.

Vale ressaltar que neste capítulo será destacado o papel do professor que passa a

participar deste processo, agora não mais ministrando disciplinas em uma sala de aula

tradicional, mas a partir de um monitor de um computador, onde mediará a interação e o

debate com seus alunos, pela internet, através de um teclado e de um mouse.

Procurar-se-á descobrir qual é a formação que é dada para este professor que nesta

nova modalidade de ensino, acabou se transformando em um “imigrante digital”20, em

oposição a um universo composto basicamente por “nativos digitais”21 formado pelos

alunos que nasceram, cresceram e utilizam o computador para as mais variadas atividades

sócio-acadêmica-profissionais.

4.1 – Fontes de pesquisa

A pesquisa realizada para esta dissertação teve como base alunos e professores do

Curso de Comunicação Social, nas habilitações em Jornalismo e Publicidade de uma das

maiores universidades particulares do Brasil, onde as disciplinas online foram introduzidas

em sua grade curricular, no ano de 2007, obedecendo à portaria do Ministério da Educação

e Cultura (MEC), de nº 4.059, de 10 de dezembro de 2004, conhecida como portaria dos

20%.

Este público pesquisado foi escolhido em virtude deles utilizarem com frequência,

em sua graduação acadêmica, não só a internet, onde realizam pesquisas e leituras, mas

também o computador como interface de aprendizagem acadêmico-profissional,

principalmente em disciplinas como computação e produção gráfica, editoração eletrônica e

redação jornalística.

20 Imigrante digital – são pessoas que participam, no seu dia a dia, das redes digitais, porém de modo limitado. 21 Nativo Digital – são aqueles que adotam de modo intenso as redes digitais em sua vida diária.

Para se ter melhor uma maior e melhor visão sobre os resultados obtidos após a

realização desta pesquisa foram utilizados as seguintes fontes e expedientes de consulta:

- Questionário composto por 17 questões (Anexo 1), aplicado em 120

alunos, no segundo semestre de 2008, onde a partir de perguntas abertas e

fechadas, o discente pôde manifestar a sua opinião sobre as disciplinas

online, sua implementação no curso de Comunicação Social, sua satisfação

ou rejeição a esta nova modalidade de ensino, bem como a interatividade

ou ausência dela tanto junto ao professor, quanto aos seus colegas;

- Foi realizado também no segundo semestre de 2008, um grupo focal

(Anexo 2) com nove alunos que cursam Jornalismo ou Publicidade

matriculados em disciplinas online. Este grupo foi montado, para que

pudéssemos saber, entre outras coisas, como se processam nesta

universidade, o processo de ensino-aprendizagem nas aulas não presenciais

mediadas por computador; a qualidade do conteúdo disponibilizado para

estudo e compreensão do aluno; além das provas e interação com o

professor e colegas. Outro ponto abordado junto a este grupo focal foi em

relação à qualidade do desenho didático didático e a plataforma utilizada

para acesso, via internet, do alunado às aulas.

- A pesquisa adotou a observação participativa durante os meses de março,

abril, maio e junho de 2009. Este pesquisador entrou como membro em

duas comunidades virtuais ligadas ao tema desta dissertação. São elas:

“Odeio a disciplina on line !!!” e “Eu odeio disciplina ONLINE”, ambas

localizadas no site de relacionamento Orkut (www.orkut.com.br), local

onde foram postadas provocações acadêmicas com o objetivo de obter

respostas junto aos demais participantes das referidas comunidades;

- Foi feita também uma entrevista (anexo 3), contendo 10 perguntas,

realizada no primeiro semestre de 2009, com três professores de

Comunicação Social que ministram disciplinas online. As questões que

versavam sobre o que eles pensam desta nova modalidade da EAD, a

interatividade com os alunos, as dificuldades e facilidades que esta nova

forma de ensino-aprendizagem trouxe para o docente e seu engajamento

em relação a esta tecnologia de comunicação e informação.

4.1.1 – Aplicação do questionário: a visão do alunado sobre as disciplinas online

A pesquisa anteriormente mencionada foi realizada no segundo semestre de 2008, e

teve como base um questionário com 17 perguntas, abertas e fechadas, aplicado

aleatoriamente em 120 alunos, do curso de Comunicação Social, nas habilitações de

Jornalismo e Publicidade e Propagada, de diferentes faixas sócio-econômicas e

matriculados nos cinco campi da instituição de ensino pesquisada. A única condição para

que o aprendiz pudesse responder a este questionário era o de cursar ou já ter cursado pelo

menos uma disciplina online.

O quadro de participação na pesquisa, por habilitação, ficou distribuído da seguinte

forma:

Gráfico 1

7017

33

Jornalismo

Publicidade

Comunicação Social(Não especificou qual aespecialização seJornalismo ouPublicidade)

Gráfico 2

68

26

2

Uma

Duas

Três

Legenda:

Uma – 68 alunos

Duas – 26 alunos

Três – 02 alunos

Disciplinas online cursadas por aluno no período 2008.2.

Gráfico 3

5 116

29

2 1

2540

05

1015202530354045

Com

portam

ento

do

cons

umid

or

Em

pree

nded

oris

m

o

Est

étic

a

Étic

a

Ingl

ês

Filo

sofia

Psi

colo

gia

Não

dec

laro

u a

mat

éria

que

cur

sa

Legenda:

Ética – 29 alunos Inglês – 02 alunos

Psicologia – 25 alunos Empreendedorismo – 01 aluno

Estética – 16 alunos Filosofia – 01 aluno

Comportamento do consumidor – 05 alunos Não informaram – 40 alunos

Outra informação pertinente para o resultado desta pesquisa, foi saber se no campus

onde o aluno cursa Comunicação Social, a disciplina online também é oferecida de forma

presencial. Este questionamento se fez necessário com o intuito de descobrir se o discente

tinha a opção de escolha entre o online e a aula presencial, na hora da montagem de sua

grade curricular.

O resultado obtido foi o seguinte22:

Em seu campus existe a opção desta mesma disciplina online ser feita de forma também

presencial no mesmo semestre? A resposta abaixo mostra que:

22 Nota do autor: por não ter chegado a 5% do total dos alunos entrevistados, que optaram como

resposta positiva o oferecimento da mesma disciplina tanto na modalidade online quanto presencial, este pesquisador descartou a possibilidade de questionar para estes alunos, o por quê pela opção de ter aulas a distância em detrimento as oferecidas em uma sala de aula tradicional.

Gráfico 4

5

114

2

Sim

Não

Não respondeu

Legenda:

Sim - 05 alunos

Não – 114 alunos

Não responderam – 02 alunos

A partir do gráfico acima, pode-se constatar que apenas 5 alunos tinham

conhecimento da escolha entre a modalidade online e a presencial, e 114 não conheciam

esta possibilidade. Isto nos levou a considerar em três explicações para que apenas 4,13%

dos alunados conheçam seu direito de escolha entre as duas formas de ensino oferecidas

pela instituição de ensino:

- A falta de comunicação e elucidação de dúvidas, que deveriam ser

esclarecidas pela universidade pesquisada, em relação às opções que o

aprendiz tem na hora de montar sua grade acadêmica;

- Um desinteresse do corpo discente pelas aulas que utilizam as novas

tecnologias de comunicação e informação oferecidas pela instituição de

ensino;

- Ausência de questionamento sobre se haveria possibilidade de escolha

entre as duas modalidades de aprendizagem oferecidas (presencial e online)

pela instituição de ensino.

Para dar continuidade ao nosso interesse científico sobre o tema, procuramos

conhecer, através do questionário, de onde e com que freqüência o aluno acessa suas aulas

online. Para tanto, a pesquisa levantou os seguintes questionamentos:

- Se o aluno possuía um computador em casa;

- Quantas vezes ele utilizava esta interface para estudar a disciplina não

presencial em seu domicílio;

- Se caso ele não possui na residência esta máquina ligada à internet, de

onde ele navegava na hora que tinha que estudar na modalidade online;

- E por último, com que freqüência ele faz isso.

Isto posto, encontramos os seguintes resultados:

Você tem computador em casa?

Gráfico 5

117

4

Sim

Não

Legenda:

Sim - 117 alunos

Não – 04 alunos

Acessa de seu computador caseiro quando vai estudar uma disciplina online?

Gráfico 6

99

220

20

40

60

80

100

120

Sim Não

Legenda:

Sim - 99 alunos

Não - 22 alunos

Se você não tem computador em casa, de onde acessa quando tem que participar

uma aula online?

Resultados, na próxima página, em porcentagem (%).

Gráfico 7

1 26

22

278

Da casa de amigos e/ouparentes

Da Universidade

Do trabalho/estágio

Numa Lan House

Não respondeu nenhumadas opões acima por tercomputador em casa

Legenda:

Da casa de amigos e/ou parentes - 01 aluno

Da Universidade - 26 alunos

Do trabalho/estágio - 22 alunos

Numa Lan House - 02 alunos

Não respondeu nenhuma das opões acima por ter computador em casa – 68 alunos

Quantas vezes por semana você acessa a(s) sua(s) disciplina(s) online por semana?

Gráfico 8

2 717

55

40

Todos os dias

Entre 5 a 6 vezes

Entre 3 a 4 vezes

Entre 1 a 2 vezes

Há algumas semanasque não acesso nenhumdia

Legenda:

Todos os dias – 02 alunos

Entre 5 a 6 vezes – 07 alunos

Entre 3 a 4 vezes – 17 alunos

Entre 1 a 2 vezes – 55 alunos

Há algumas semanas que não acesso nenhum dia – 40 alunos

Diante de tais resultados, observa-se que a maioria dos entrevistados, 96,6%,

possui computador em casa e apenas 3,4% não possui.

No grupo de 3,4% de alunos que não possuem um computador caseiro, 26%

afirmou que acessa, quando está na universidade, a(s) disciplina(s) online; 22% no estágio

ou no trabalho; 2% em uma Lan House e 1%, na casa de parentes e amigos.

O que fica patente neste levantamento é que, os alunos que estão matriculados nas

disciplinas online, e que não têm um computador em casa, passam a ser excluídos digitais,

e para minimizar esta carência de tecnologia em suas residências, acabam, invariavelmente

indo à universidade, onde estudam presencialmente em outras disciplinas, para usarem o

computador e atuarem nas aulas online.

Outro dado que vale destacar é em relação à freqüência de acessos dos alunos

matriculados nas disciplinas oferecidas na modalidade online, independente do local de

acesso.

Cinquenta e cinco estudantes admitiram que acessam o conteúdo disponibilizado

entre 1 ou 2 vezes por semana, o que corresponde a 45% dos entrevistados. Já 40 dos

aprendizes (33%) confessaram que há algumas semanas não participam das aulas

oferecidas através do computador. Em contrapartida, 14%, o que representa em números

reais, 17 alunos, afirmaram que estudam, via online, entre 3 a 4 vezes num período de uma

semana.

O aumento de acessos às aulas online para 7 discentes, ou seja, 5,7% varia entre 5 a

6 vezes no mesmo período, enquanto apenas 1,6% ou numericamente representados por 2

alunos participam diariamente das aulas a distância, mediadas pelo computador e pela

internet.

Estes números, destacados acima, sugerem a esta pesquisa, num primeiro momento,

que ou existe uma falta de hábito e cultura acadêmica por parte dos alunos em estudar de

forma não presencial, através do computador, ou já se vislumbra uma não aceitação para

esta nova modalidade de ensino e aprendizagem oferecida no curso de graduação.

Estas hipóteses são reforçadas se somarmos as duas opções que ganharam mais

destaques entre as escolhidas pelo alunado, ou seja, aqueles que acessam entre 1 ou 2 vezes

por semana e os que não participam das aulas online há algum tempo. Esta totalidade que

chega a 78% dos entrevistados, ou seja, 95 alunos. Estes dados nos levam a observar o

número expressivo de estudantes que não ligam o computador para participar das aulas

online embora acessem a internet para pesquisa acadêmica e outros fins, sejam eles sociais,

de entretenimento ou profissionais.

A qualidade do conteúdo disponibilizado nas disciplinas online oferecidas no curso

de graduação em Comunicação Social, pela universidade pesquisada, foi considerada por

esta pesquisa como um ponto relevante para a compreensão de um possível desconforto ou

rejeição por parte do alunado no que se refere às aulas ministradas através da internet e do

computador.

Este item ganha destaque em todo este processo dissertativo, pelo fato de ser o

conteúdo, na visão deste pesquisador, como sendo um dos principais responsáveis pela

atração que será exercida no aluno no momento em que ele estiver diante do computador

participando de uma aula online.

Para tanto, a pergunta a seguir teve como resposta, os seguintes números:

Como você avalia o conteúdo da(s) disciplina(s) online?

Gráfico 9

23

4436

13 5

Ruim

Regular

Bom

Satisfatório

Ótimo

Legenda:

Ótimo – 05 alunos

Satisfatório - 13 alunos

Bom – 36 alunos

Regular - 44 alunos

Ruim – 23 alunos

Pelos números obtidos neste ponto, observou-se que o alunado nem aprova e nem

desaprova totalmente o que lhe é oferecido em forma de conteúdo. Esta afirmação é

confirmada pelos 44 alunos (36,3%) que responderam como REGULAR, quando

questionados sobre a qualidade do conteúdo das matérias ministradas. Muito próximo aos

quase 29,7%, representados neste levantamento por 36 estudantes, que afirmaram ser BOM

o que lhes é apresentado como conteúdo educacional no online.

Em contraposição a estes destacados índices que oscilaram entre as opções

REGULAR e BOM, observou-se também que o menor percentual foi representado para

aqueles que escolheram o ÓTIMO, como a opção de sua preferência.

Apenas cinco alunos assinalaram esta resposta, o que em percentual representa

pouco mais de 4% dos pesquisados. Estes índices chamam a atenção, já que eles podem

traduzir uma forte insatisfação em relação ao que está sendo disponibilizado, em forma de

texto para o corpo discente.

Esta insatisfação pode revelar a má qualidade acadêmica no que é postado em forma

de conteúdo, e a dificuldade de compreensão do mesmo, o que pode também estar gerando

uma crescente dispersão entre o alunado, quando se vê diante do conteúdo que lhe é

disponibilizado, via internet, nas disciplinas online.

Há de se considerar ainda, em relação aos números obtidos nessa pesquisa no

tocante ao conteúdo, um possível desinteresse do alunado pelos textos, já que em função de

alguns serem muitos extensos e/ou postados em extensão.pdf, são apresentados de uma

forma chapada, sem links ou sem nenhum atrativo gráfico que venha estimular o aluno ao

exercício da leitura.

Um outro ponto destacado e tabulado nesta pesquisa foi à interação que o aluno

começou a ter, a partir das aulas online, com o professor. Este questionamento se faz

importante, visto que, nesta nova modalidade de ensino, o discente não terá mais a presença

física do professor diante de si, como ocorre nas salas de aula tradicionais, mas sim

geograficamente disperso. O aluno só tem como referência máxima da personificação do

real, o nome do professor que ministra a disciplina.

Com a implantação das disciplinas que utilizam o computador e a internet como

meio de mensagem para a construção do conhecimento, o aprendiz interage com o mestre

de forma diferente do que fazia antes na sala de aula presencial, quando, por exemplo,

levantava o dedo ao surgir uma dúvida ou pela verbalização de um pensamento não

compreendido.

No universo do ciberespaço, estes movimentos comuns e tradicionais que

compunham o ritual de ensino-aprendizagem de uma sala de aula presencial, passam agora

a ser sinalizados através de dedos nervosos diante de um teclado alfa-numérico e um mouse

que envia, a partir de um “click”, o questionamento, a opinião ou a dúvida do aprendiz.

Para que esta sincronia, mesmo que de forma assíncrona, funcione a contento, é

importante conhecer como os alunos do curso de graduação em Comunicação Social, da

universidade pesquisada, classificam a interação durante o transcorrer das aulas online.

O resultado obtido para este questionamento é representado graficamente assim:

Em relação à interação online com o professor, no decorrer da disciplina, você avalia:

Gráfico 10

49

35

17 153 20

10

20

30

40

50

60

Ruim Regular Bom Satisfatória Muito bom Nãorespondeu

Legenda:

Muito bom – 03 alunos

Bom – 17 alunos

Satisfatória - 15 alunos

Regular – 35 alunos

Ruim – 49 alunos

Não responderam – 02 alunos

O que chama atenção diante dos números levantados é o grande percentual dos que

consideram “Ruim” a interação: 49 alunos, ou seja, 40,4% dos pesquisados consideram a

interação com o professor, no decorrer das aulas, como um ponto negativo, enquanto

aqueles que vêm como um ponto a ser ressaltado e escolheram a opção “Muito bom”, não

chegou a ser 3%, estacionando no patamar de 2,4%. Porcentagem esta que em números

reais representa apenas 3 alunos, num universo de 120 entrevistados.

O grande questionamento levantado com este resultado é o seguinte:

O que estaria levando esses estudantes a terem uma opinião tão negativa em relação

à interação com o professor durante o exercício das aulas online, já que este mesmo

discente, quando utiliza o computador para conversação entre seus pares, através de chats,

do messenger (msn) e/ou, sites de relacionamento, como o Orkut, por exemplo, o faz de

forma tão prazerosa?

A resposta para esta pergunta poderá nos levar a dois caminhos:

- O primeiro seria pelo fato de o professor, um “imigrante digital”, ainda não

estar tão habituado às práticas interacionistas, via computador, com seus

alunos não presenciais e em função disso, demorar a responder as dúvidas

postadas pelo alunado, causando neste um sentimento de estranhamento, já

que este mesmo docente, quando presente numa sala de aula tradicional,

responderia rapidamente o que foi perguntado pelo aluno;

- A outra possível explicação seria, pelo fato de se tratar de um linguajar

acadêmico, o aluno se vê na obrigação, na hora de interagir com o

professor que está online, utilizar um linguajar comum a todos e uma

escrita sem os vícios abreviativos comuns na internet, e sem emotions

(símbolos gráficos animados), que ele usa comumente em uma

conversação entre amigos, em um bate-papo informal pela internet.

- Este aluno teria obrigatoriamente que substituir, durante uma aula online

frases do tipo:

“Hi, prof! Kd o txt p/ � fz o tb? Ks.”

por

“Oi, professor! Cadê o texto para eu fazer o trabalho? Beijos.”

Independente de qual seja a resposta vinda das hipóteses levantadas acima em

relação a este olhar descrente vinda do discente, personagem-objeto de estudo desta

pesquisa, em relação à interação aluno-professor em uma disciplina não presencial mediada

pelo computador, faz-se urgente e necessária uma reflexão: para que ambos os corpos

acadêmicos encontrem um modelo de linguagem e atenção comuns que atenda os atores

envolvidos nesta nova modalidade de ensino e aprendizagem.

A pesquisa também destacou as seguintes respostas, que na opinião dos estudantes

levam-nos a olhar negativamente esta interação.

Gráfico 11

29

19

1817

148

7

6

6

3

2

2

2

1

3

11

O professor demora a responder aosquestionamentos

O aluno prefere a interação com o professor nasaulas presenciais

Ocorrem problemas de comunicação entre alunoe professor pelo método online

O aluno não acredita que haja interação onlineentre aluno e professor

A participação do professor nas disciplinasonline é positiva

Boa, pois as dúvidas enviadas pelos alunos sãoesclarecidas

A interação é feita de forma impessoal

O aluno nunca entra em contato com o professor

O professor nem sempre está disponível paraatender ao aluno

O aluno tira somente dúvidas “técnicas” (data deprova, matéria para as provas, trabalhos a fazer,formatação os trabalhos)

As dúvidas enviadas não são esclarecidas peloprofessor

O horário proposto pelo professor para utilizar aferramenta do chat não é compatível com ohorário do aluno

O professor não expõe idéias novas ouexperiências pessoais que estimulem ainteração

O professor não corrige os trabalhos postados

Os professores são despreparados paraministrarem disciplinas online

O aluno não respondeu

Legenda:

O professor demora a responder aos questionamentos – 29 alunos

O aluno prefere a interação com o professor nas aulas presenciais – 19 alunos

Ocorrem problemas de comunicação entre aluno e professor pelo método online – 18

alunos

O aluno não acredita que haja interação online entre aluno e professor –17 alunos

A participação do professor nas disciplinas online é positiva – 14 alunos

Boa, pois as dúvidas enviadas pelos alunos são esclarecidas – 08 alunos

A interação é feita de forma impessoal – 07 alunos

O aluno nunca entra em contato com o professor – 06 alunos

O professor nem sempre está disponível para atender ao aluno – 06 alunos

O aluno tira somente dúvidas “técnicas” (data de prova, matéria para as provas,

trabalhos a fazer, formatação os trabalhos) – 03 alunos

Os professores são despreparados para ministrarem disciplinas online – 03

As dúvidas enviadas não são esclarecidas pelo professor – 02 alunos

O horário proposto pelo professor para utilizar a ferramenta do chat não é

compatível com o horário do aluno – 02 alunos

O professor não expõe idéias novas ou experiências pessoais que estimulem a

interação – 02 alunos

O professor não corrige os trabalhos postados – 01 aluno

O aluno não respondeu este item do questionário – 11 alunos

E em relação aos alunos e seus pares acadêmicos? Como será que esta interação

funciona nas aulas online entre os aprendizes? Ela existe? Há troca constante durante as

aulas, de informação e construção do conhecimento, entre os que estão inseridos nesta

modalidade não presencial?

Dúvidas pertinentes como estas foram levantadas para que esta pesquisa tivesse

conhecimento de como este novo aluno que vive a cibercultura e está inserido no

ciberespaço, interage com o colega no momento da aula online.

Aula esta não é mais ministrada em uma sala convencional que tem como ícones

físicos de representação acadêmica, o quadro e carteiras com estudantes. O antigo “vizinho

de assento”, tradicionalmente conhecido nas aulas presenciais, pode estar agora sentado, a

quilômetros de distância.

Os símbolos de pertencimento e interação junto à classe acadêmica transformam-

se. Abandonou-se o espaço macro de uma sala de aula espacialmente e tradicionalmente

conhecido, para se postar a partir de agora, em frente a um computador ligado à internet.

No lugar de rostos conhecidos das salas de aulas tradicionais, aparecem nomes nem

sempre identificáveis e de fácil identificação pessoal, seja ele do professor ou do aprendiz,

mesmo que já tenham tido a experiência de ter estudado com algumas destas pessoas em

disciplinas presenciais.

Conforme indica o gráfico abaixo, a troca de informação, questionamentos,

construção de conhecimento que se dá entre aqueles estudantes que estão inseridos nas

aulas das disciplinas online, vem também sofrendo uma nova leitura e observação negativa

quando questionado sobre a qualidade desta interação.

Gráfico 12

82

34

10

2

0

2

Ruim

Regular

Satisfatória

Bom

Muito bom

Não respondeu

Legenda: Bom – 02 alunos

Muito bom – Nenhum aluno

Ruim - 82 alunos

Regular – 34 alunos

Satisfatória – 10 alunos

Não responderam – 02 alunos Pode-se observar que, assim como no processo de interatividade com o professor, a

relação com os colegas nas aulas não presenciais teve na opção RUIM uma escolha

expressiva pela quantidade de alunos que a escolheu, chegando a 82 votantes, o que

corresponde percentualmente a 67,7%, pontuação esta que se encontra em clara oposição

aos 1,6% que se decidiram pela resposta BOM, quando perguntados sobre o processo de

interatividade entre os colegas que estão matriculados na mesma disciplina online.

Um outro dado que nos chama atenção, é o fato de nenhum aluno ter considerado

“Muito bom” este tipo de relacionamento promovido no ciberespaço, quando relacionado

às atividades acadêmicas presentes numa aula mediada pelo computador e a internet. Esta

constatação sob a ótica estudantil que a interação entre seus pares durante as aulas é ruim

encontra na vida social deles uma contradição, pois grande parte deles utiliza mecanismos

comucacionais interativos como e-mails, chats de bate-papo, scraps23, messenger para

interagir com pessoas de seu círculo social, profissional e familiar.

Para compreensão desta contradição entre o que é praticado no exercício acadêmico

e na vida profissional/social pelos estudantes, esta pesquisa tentou encontrar respostas que

levassem a fazer uma leitura mais precisa de quais seriam os fatos que interferem nessa

nova modalidade de ensino.

A resposta gráfica a esta observação, que será apresentada na próxima página, foi a

seguinte:

23 Recado deixado pelo internauta para outro internauta no site de relacionamento do Orkut para a visualização de todos os que acessam este site.

Gráfico 13

67

21

12

6

6

2

1

2

11

O(s) aluno(s) nunca interage(m) com os colegasdurante as aulas online

O(s) aluno(s) quase não interagem online com oscolegas

Que o aluno encontra dificuldade de interagir online(por não gostar deste tipo de interação)

O aluno só interage com os colegas quando precisotirar dúvidas “técnicas” da disciplina (dia de prova,matéria, trabalho)

Que prefere a interação presencial

Que prefere outro tipo de interação oferecidos pelaInternet, como o MSN (messenger) e Orkut (site derelacionamento)

O aluno interage somente nos fóruns de debates

Que só interage online com os colegas que conhecedas aulas presenciais

Não respondeu

Legenda:

O(s) aluno(s) nunca interage(m) com os colegas durante as aulas online – 67 alunos

O(s) aluno(s) quase não interage(m) online com os colegas – 21 alunos

Que o aluno encontra dificuldade de interagir online (por não gostar deste tipo de

interação) – 12 alunos

O aluno só interage com os colegas quando preciso tirar dúvidas “técnicas” da

disciplina (dia de prova, matéria, trabalho) – 06 alunos

Que prefere a interação presencial – 06 alunos

Que prefere outro tipo de interação oferecida pela Internet, como o MSN

(messenger e Orkut (site de relacionamento) – 02 alunos

Que só interage online com os colegas que conhece das aulas presenciais – 02

alunos

O aluno interage somente nos fóruns de debates – 01 aluno

Não responderam – 11 alunos

Em meio as mais variadas justificativas fornecidas pelos pesquisados, pode-se observar

que o alunado que estuda na modalidade online não gosta de interagir quando é convocado

academicamente para este tipo de prática.

Isto é tão claro no quadro acima que as respostas aproximadas que remetem a este

tipo de pensamento como, por exemplo: “O(s) aluno(s) nunca interage(m) com os colegas

durante as aulas online”; “O(s) aluno(s) quase não interagem online com os colegas”;

“Que o aluno encontra dificuldade de interagir online (por não gostar deste tipo de

interação)” e “O aluno só interage com os colegas quando preciso tirar dúvidas

‘técnicas’(grifo do pesquisador) da disciplina (dia de prova, matéria, trabalho)” se

somadas chegam a 106 alunos, ou 87,6% dos entrevistados.

Na outra extremidade, respostas como “prefere a interação presencial”; “prefere

outro tipo de interação oferecidos pela Internet, como o MSN (messenger e Orkut - site de

relacionamento)” e “Que só interage online, com os colegas que conhece das aulas

presenciais” obtiveram como soma total o valor de 10 pontos (8,2%).

Este desinteresse em participar de um processo de interação online com os colegas

durante as aulas, pode ser explicado se levarmos em consideração algumas variantes, a

saber:

1) A obrigatoriedade da postagem de uma opinião sobre a observação ou

pensamento de um outro estudante durante a aula neste novo modelo

educacional. Esta “obrigatoriedade” existe também durante as aulas

presenciais, mas por estar no grupo em presença física, o estudante, às

vezes se omite de tecer comentários e opiniões na esperança de que outro

o faça, ou seja, estimulado diretamente pelo professor que, pelo seu

nome o chama a defender seu ponto de vista perante a turma;

2) O movimento assíncrono que o ensino à distância mediado pelo

computador, oferece. O fato de nem todos estarem online ao mesmo

tempo, torna o exercício de exprimir uma opinião um pouco frustrante, já

que nem sempre ela é rebatida na mesma hora na hora da postagem,

como acontece numa sala de aula tradicional, onde minimamente isto

acontece, através de opiniões verbalizadas de concordância ou contrárias

ao pensamento do aprendiz. Esta “ausência” diante de uma resposta não

expressa na digitação, pode causar frustração, sensação de solidão e um

desestímulo em relação postagem e, consequentemente, uma não

participação mais ativa no processo de interação entre seus pares;

3) Outro ponto que pode ser considerado em relação a esta falta de

interatividade nas disciplinas online é o não reconhecer físico de quem é

o colega, já que por não ser presencial, qualquer aprendiz, de qualquer

campus virtual pode participar dando a sua opinião, fazendo críticas,

expondo pensamentos e opiniões contrária à idéia postada. O que a

princípio seria um estímulo à construção do pensamento, agregando

novos valores e saberes, pode se tornar nesta nova modalidade de ensino

algo inibidor, já que o debate acontece com o desconhecido, e não mais

com o colega de turma presencial que, por convivência, o aluno conhece

os limites e superações acadêmicas.

Este novo colega de turma é representado apenas por um nome ou o máximo com

uma foto. A origem do seu conhecimento e saber não é conhecida pela turma como no

presencial e o pensamento postado não garante a origem, ou seja, ninguém garante que os

pensamentos postados vieram mesmo do aluno ou se ele utilizou uma fonte secundária

(livros, artigos etc) como sendo sua a opinião sobre o tema exposto.

A postura negativa apontada pela pesquisa do discente online em relação à interação

junto à classe virtual lembra a mesma posição tomada por este estudante nos primeiros dias

de aula em uma disciplina presencial, quando, em boa parte das vezes, não conhece o

colega que está sentado na carteira ao lado, fato este que pode causar uma breve mudança

em seu comportamento acadêmico/social, gerando, pelo menos nos primeiros dias, uma

timidez, ansiedade e expectativa em relação ao novo.

O que difere na evolução no processo de contato de interação entre o presencial e o

online, é que no primeiro, a sequência de dias vividos na sala de aula tradicional agiliza este

reconhecimento físico e intelectual dos atores presentes naquele espaço físico. Já no

segundo caso, a ausência do real físico, causa uma espécie de “solidão acompanhada”, já

que para se comunicar com o outro este aluno não precisa estar em contato direto com o

colega, verbalizando seu pensamento. Basta ele se posicionar através de uma mensagem e

aguardar a resposta.

A utilização de chats, uma ferramenta propícia para este fim: o da integração e

interação entre os participantes da aula mediada por computador, poderia a partir de um

tema comum proposto pelo professor, levar um contato mais próximo, abrangente, o que

ajudaria a quebrar esta aparente falta de comunicação mais direta e objetiva.

Porém esta interface comunicacional se não for bem utilizada pode se transformar,

em algumas situações, em um elemento inibidor, desestimulante para a participação de

outros alunos, caso ocorra, por exemplo, um diálogo entre o docente e apenas um aluno,

deixando os demais à margem, sem nenhuma provocação e estímulo à participação por

parte do professor.

Na continuação do processo de conhecimento sobre o que pensam os discentes de

Jornalismo e Publicidade da instituição de ensino pesquisada. Fizemos a seguinte pergunta:

Em relação aos textos colocados online para leitura e futuro debate, você considera

que eles são:

Gráfico 14

12

23

29 30

20

8

0

5

10

15

20

25

30

35

Fracos Razoáveis Bons, mas sem muitaprofundidade

Bons, mas sinto falta deum material (outros

textos) de apoio

Muito bom,esclarecedores

Excessivos

Legenda:

Fracos – 12 alunos

Razoáveis – 23 alunos

Bons, mas sem muita profundidade – 29 alunos

Bons, mas sinto falta de um material (outros textos) de apoio – 30 alunos

Muito bom, esclarecedores – 20 alunos

Excessivos – 08 alunos

Observa-se no gráfico 14, que a avaliação feita pelo alunado ao que se refere à

qualidade dos textos postados nas aulas online, foi considerado BOM. Mais de 48% dos

entrevistados consideraram positiva a qualidade do material exposto para leitura e

aprendizagem, porém com algumas ressalvas. Os aprendizes não deixaram de observar e

criticar também, algumas carências encontradas na qualidade do material oferecido, tais

como: “Texto bom, mas sem muita profundidade” e “Texto bom, mas sinto falta de um

material (outros textos) de apoio”.

Esta observação revela um tipo de atenção e preocupação que o docente deve ter

quando escolhe o material para sua aula online, já que o discente observa o que é postado

para sua leitura e conhecimento sobre o tema de aula proposto. Isto nos leva a acreditar que

um texto de qualidade, questionador, reflexivo e atraente, aliado a recursos gráficos,

hiperlinks ou a uma animação gráfica, por exemplo, estimulam e facilitam a compreensão e

a navegação para pesquisa de assuntos relacionados à leitura do texto sugerido.

Este tipo de “sedução” feita através de um estímulo visual, se faz necessária, em

virtude dele, aluno, viver rodeado em sua vida social, por atrativos sonoros, visuais,

hipertextuais, além de uma multiplicidade cromática que, invariavelmente, o leva a se

sentir estimulado a interagir e participar de uma leitura, de um chat de bate-papo ou mesmo

ser um participante de uma comunidade virtual que lhe pareça atraente, não só pelo fato de

encontrar nelas seus pares, mas também pela identificação pelo assunto.

Observou-se também neste gráfico, que esta foi a primeira vez nesta pesquisa, que

uma maioria avaliou positivamente algo que é disponibilizado para eles durante as aulas

não presenciais e mediadas pelo computador. Tal conclusão teve a seguinte interpretação, a

partir dos dados obtidos:

Se juntarmos os 23,9% dos que acharam os textos “bons, mas sem muita

profundidade” (29 alunos), com aqueles 24,7% (30 alunos) que optaram por responder que

os textos são “bons, mas sentem falta de um material (outros textos) de apoio”, somando

ainda aos 16,5% (20 alunos) que afirmam que os textos são muito bons e esclarecedores,

teremos no final deste levantamento, um total de 79 discentes, algo em torno de 65%, num

universo de 120 estudantes pesquisados nos cursos de Jornalismo e Publicidade que vêm à

qualidade do texto como algo positivo.

Vale destacar que 35% dos pesquisados fizeram uma crítica mais dura ao que é

postado para leitura e aprendizagem na nas disciplinas online. As porcentagens que estão

na direção contrária à qualidade daqueles que vêm méritos nos textos são as seguintes:

- Acham o texto fraco: 12 alunos, ou seja, 9,9%;

- Consideram razoáveis: 23 estudantes, aproximadamente 19%;

- Excessivos: 8 discentes, porcentagem em torno de 6,6%.

A partir de uma leitura mais atenta destes números, vale destacar a importância e a

necessidade da existência de um pólo que sirva como atração e sedução para os alunos,

principalmente para minimizar ou mesmo acabar com efeitos que levam ao desconforto e o

ao descontentamento que boa parte deles sente em relação à aprendizagem via disciplinas

online.

O texto didático passa a ter uma importante função quando postado pela web,

principalmente se ele serve como um referencial na construção do conhecimento. A partir

de agora, além de transmitir conceitos e teorias, esse texto deve também ser um agente

sedutor, estimulador e agregador de aprendizes “incomodados” em estudar na modalidade

online.

Para isto, o material postado não pode ser apenas uma reprodução eletrônica ipsis

literis do livro impresso editado desde de Gutenberg. O texto que o aluno acessa pela

internet durante uma aula não presencial tem de ser interativo, ligado a temas que se

desdobrem em múltiplos assuntos, levando o aluno a fazer uma viagem por outros lugares

sem se perder a origem, ou seja, o texto inicial.

O aluno não pode mais ficar passivo diante do que lhe é dado como forma de

leitura, como sempre acontece até diante dos impressos. Ele sente a necessidade, cada vez

mais preeminente, de participar ativamente da discussão, do novo conhecimento, da

construção do saber.

Para que isto aconteça, às informações e leituras postadas nas aulas online merecem

uma atenção especial, já que elas terão um papel fundamental, não só sobre o que será

discutido nos fóruns propostos, mas também pelo fato de transformar o professor, a partir

de agora, num co-participante deste novo processo de ensino e aprendizagem.

“O texto oferece links para outros textos na internet?” Esta pergunta feita como

continuidade do sub-tema “textos” para esta pesquisa teve a preocupação de saber se o

aluno tinha diante de si, informações colocadas na tela do computador de forma chapada,

como nos livros utilizados nas disciplinas presenciais, ou se os textos veiculados e

disponibilizados na web para ele durante a aula online, o levava a outros dados e

informações, fazendo com que ampliasse seu conhecimento.

Como resultado, obtivemos as seguintes respostas:

O texto oferece links para outros textos na internet?

Gráfico 15

87

32

1 10

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Sim Não Não sabe Não respondeu

Legenda:

Sim – 87 alunos

Não – 32 alunos

Não sabe – 01 aluno

Não respondeu – 01 aluno

Nota-se, a partir dos dados tabulados e expostos no gráfico acima, que 71,9%

reconheceram em algum momento da leitura em uma aula não presencial, transmitida

através da internet, oferecia links que os faziam navegar por outros textos.

Este tipo de elo que remete a outras teorias e informações torna-se fundamental

neste na modalidade de ensino online, pois transforma a leitura em uma multiplicidade de

saberes, levando o discente a navegar pela grande rede presente na internet, contribuindo

para a construção do conhecimento.

Em relação aos 32 alunos que afirmaram não haver links nos temas

disponibilizados, o que percentualmente corresponde a 26,4%, chegou-se à conclusão que

três hipóteses devem ser consideradas:

- A primeira é a de que, os textos postados não oferecem nenhuma forma de

ligação com outros tipos de leitura ou mesmo informações pertinentes ao

assunto, contrariando a filosofia de multiplicidade de informações que

seriam gerados a partir da existência de um elo, com o texto

disponibilizado;

- A segunda, e menos viável na opinião deste pesquisador, seria a da não-

observância do alunado para esta forma de estímulo. Caso isto seja fato, o

aprendiz, ao entrar em contato com o texto postado, pode não se sentir

atraído em estudar na modalidade online, a ponto de evitar adentrar por

outras leituras sugeridas.

- E como última hipótese, temos que considerar também, que independente

da forma pela qual a mensagem é transmitida, ou pela oralidade ou via

internet, sempre haverá aquele discente desatento na hora que estiver

diante de uma nova informação acadêmica transmitida pelo professor.

Sendo estas hipóteses confirmadas, há a necessidade de criar estímulos tanto ns

modalidades presenciais ou online para minimizar a apatia que este aluno pode estar

sentindo diante da tela do computador.

Com o avanço da tecnologia, ligar um texto a assuntos correlatos, através de

hiperlinks deixou de ser apenas o único estímulo visual para que o aluno pudesse participar

ativamente de uma aula não presencial mediada pelo computador.

A utilização de ícones visuais e sonoros nascidos na cibercultura e que fazem parte

do dia a dia social e do entretenimento do alunado, como vídeos, MP3 e games ganharam

espaço e uma presença destacada na hora de se pensar na construção e postagem de uma

aula na modalidade online.

Estes tipos de recursos inseridos no online acabam gerando uma maior aproximação

entre o que está exposto entre a tela do computador e o aluno. Isto faz com que ele se sinta

em um mundo virtual conhecido, através do acesso a imagens, sons e jogos, afastando a

sensação de estranheza que possa sugerir a ele, uma disciplina não presencial mediada pelo

computador.

É fato que recursos audiovisuais há anos estão presentes nas salas de aula

presenciais. Sejam eles representados pelos jurássicos retroprojetores, projetores de slides

ou mais recentemente através da televisão, um aparelho de vídeo cassete ou DVD, um data

show ou mesmo um rádio-gravador para reprodução do som de um CD.

Mas o que de irá diferenciar estes últimos recursos utilizados nas salas de aulas

tradicionais e os que estão disponibilizados na web, durante uma aula online, é a

possibilidade de o aluno interagir ativamente com o que lhe é oferecido virtualmente.

Numa aula presencial, este mesmo aluno age passivamente diante o que lhe é

apresentado pelo professor, não interferindo diretamente sobre o conteúdo da mensagem. A

máxima da ousadia em repensar o exposto seria a partir discutir algumas idéias que surgem

após a exibição de uma aula áudio-visual.

Situação bem diferente da que acontece numa aula realizada na modalidade online,

onde este discente, passa de agente passivo moldado pela modalidade presencial para um

ser ativo na construção do seu conhecimento, onde irá acrescentar novas informações ou

mesmo, rejeitar algumas teorias descobertas na internet, através de estímulos visuais e

sonoros que são propiciados por interfaces tecnológicas presentes na rede.

Para que esta pesquisa conhecesse a importância deste tipo de complemento

oferecido pela cibercultura, procurou-se saber se os textos postados ofereciam links para

vídeos, MP3 e games. O resultado obtido nos mostrou que 83 alunos questionados sobre

este tema, desconheciam qualquer estímulo desta ordem. Este número é representativo, já

que num universo de 120 alunos de Jornalismo e Publicidade entrevistados, 68,5 %

responderam que não, contra 30,5% que afirmaram conhecer tais recursos. Vale destacar

que menos de 1% dos pesquisados (0,8% = 1 aluno) não soube responder a esta questão

quando perguntado.

Importante é salientar que a falta da utilização desses recursos eletrônicos nos textos

postados, podem estar levando a uma frustração ou mesmo um desestímulo para aqueles

que se veem diante da obrigatoriedade de fazer a disciplinas online, sem terem a

possibilidade de interagir com estes canais de informação disponíveis, onde a prática

rotineira deste tipo exercício, caso existisse, possivelmente agregaria mais adeptos.

As respostas dadas poderão ser observadas, graficamente, na próxima página.

Ele oferece links também para vídeos, MP3, games?

Gráfico 16

37

83

10

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Sim Não Não sabe

Legenda:

Sim - 37

Não - 83

Não sabe – 01

Um dos momentos de maior interação TODOS-TODOS durante as aulas é

representado pela participação dos envolvidos em fóruns de discussão, onde o professor

posta um texto, uma idéia, faz um questionamento sobre um determinado tema e convoca o

alunado a emitir sua opinião para que, a partir de trocas de pensamentos, comece a

construção do conhecimento.

Porém, para que esta interface alcance seu intento, é importante que a qualidade dos

assuntos postados instiguem os participantes, pois é a partir desta premissa que o discente

se sentirá estimulado ou não a emitir a sua opinião, provocando a opinião de concordância

ou discordância de seus pares.

Para que possamos conhecer como os fóruns são vistos e avaliados pelos estudantes

de Comunicação Social da instituição de ensino pesquisada, foi levantada a seguinte

questão:

Como você vê a qualidade dos debates nos fóruns propostos?

Como resultado gráfico obtemos as seguintes respostas:

Gráfico 17

45 46

64

1

6

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Fracos Razoáveis Bons Muito bons Excelentes Não respondeu

Legenda:

Fracos – 45 alunos

Razoáveis – 46 alunos

Bons – 06 alunos

Muito bons – 04 alunos

Excelentes – 01 aluno

Não responderam - 06 alunos

As respostas obtidas demonstram que a maioria dos estudantes entrevistados não vê

qualidade nos temas propostos nos fóruns. Isto fica patente quando 91 aprendizes, do total

de 120 entrevistados, optam pelas respostas FRACOS (45 alunos = 37,1%) e RAZOÁVEIS

(46 alunos = 38%), perfazendo com isso, um índice de aproximadamente 75,1 % entre

aqueles que emitiram sua opinião sobre este tema.

O índice percentual apresentado acima se encontra em total oposição àqueles que

escolheram como respostas BOM (6 alunos = 4,9% ) MUITO BOM (4 alunos = 3,3%) e

EXECELENTES (1 aluno = 0,8%). Se somarmos estes três itens que vêm positivamente à

utilização desta interface como agente de participação e interatividade nas disciplinas

online, não chegaremos a 9% daqueles que acreditam ser os fóruns uma espécie de

chamariz para a participação do aluno em uma aula virtual.

Diante de números e índice tão extremos, se fez necessário, por parte desta

pesquisa, conhecer as razões que levaram a maioria dos entrevistados a rejeitar e criticar

negativamente a utilização dos fóruns como um meio de interatividade e participação

estudantil durante emissão das disciplinas online. Nestas justificativas também foram

consideradas àquelas que emitiram opinião favorável à desta pratica como agente interativo

entre os discentes nesta nova modalidade de educação à distância, mediada pelo

computador.

Os resultados obtidos e tabulados, como pode ser conferido na página a seguir,

foram traduzidos em forma de gráfico, da seguinte forma:

Gráfico 18

28

17

13

151111

7

7

4

3

2

2

2

2

2

1

19

Há pouca postagem de comentário sobre os temaspropostos

Os temas propostos para os debates são desinteressantes

Discutem-se outros temas que não são pertinentes aofórum, como entrega e formatação de trabalho, matéria edia de prova, etc)

As discussões são superficiais

Nunca participou de um fórum, por não se sentir motivado

Prefere o debate que ocorre na aula presencial

Não se sentem estimulados, pelo professor, a participardos fóruns

Os temas propostos para os debates são interessantes

A partir deles os alunos expressam mais suas idéias

As dúvidas são esclarecidas

Há uma comunicação unilateral entre o professor e um sóaluno durante o debate nos fóruns

As respostas dadas nos fóruns demoram ser postadas

Não há feedback do professor e/ou colegas doscomentários postados

Os alunos não compreendem os temas propostos

É bem mediado pelo professor

Há pouca quantidade de temas propostos para o debate

Não respondeu

Legenda:

Há pouca postagem de comentário sobre os temas propostos – 28 alunos

Os temas propostos para os debates são desinteressantes – 17 alunos

As discussões são superficiais – 15 alunos

Discutem-se outros temas que não são pertinentes ao fórum, como entrega e

formatação de trabalho, matéria e dia de prova, etc) – 13 alunos

Nunca participou de um fórum, por não se sentir motivado – 11 alunos

Prefere o debate que ocorre na aula presencial –11 alunos

Não se sentem estimulados, pelo professor, a participar dos fóruns – 07 alunos

Os temas propostos para os debates são interessantes – 07 alunos

A partir deles os alunos expressam mais suas idéias – 04 alunos

As dúvidas são esclarecidas – 03 alunos

Há uma comunicação unilateral entre o professor e um só aluno durante o

debate nos fóruns – 02 alunos

As respostas dadas nos fóruns demoram ser postadas – 02 alunos

Não há feedback do professor e/ou colegas dos comentários postados - 02

alunos

Os alunos não compreendem os temas propostos – 02 alunos

É bem mediado pelo professor – 02 alunos

Há pouca quantidade de temas propostos para o debate – 01 aluno

Não responderam – 19 alunos

Para análise deste gráfico escolhemos os itens que mais receberam críticas negativas

dos alunos e os que foram mais elogiados na justificativa sobre a qualidade dos fóruns

propostos durante as aulas online.

O que se pode perceber a princípio, diante de respostas tão múltiplas e variadas, é

que um dos maiores problemas para esta interação no fórum está na ausência e/ou em uma

participação mais ativa do professor nos momentos em que ele é requisitado pelo aluno. A

queixa invariavelmente recai sobre esta ausência do profissional de educação e a demora

que lhe é atribuída toda vez que é postada uma questão e a resposta demora a surgir na tela

do computador do discente.

Este tipo de não participação efetiva do docente nas disciplinas mediadas pelo

computador faz com que o aluno considere estranha a atitude profissional e acadêmica do

docente, já que este aprendiz tem como referência à figura do tradicional professor

presencial respondendo o questionamento do aluno.

O silêncio prolongado gerado pelo professor online pode levar o discente a uma

espécie de mal estar acadêmico, deixando-o em dúvida não só em relação ao

questionamento feito, mas também sobre alguns pontos a serem questionados, tais como a

competência do docente sobre a matéria; se realmente ele está capacitado para utilizar as

ferramentas disponibilizadas pela esta nova modalidade de ensino; se realmente este

professor tem interesse em aplicar este tipo de aula e, se quem está do outro lado da tela é

mesmo o professor daquela disciplina ou um tutor, sem nenhuma formação acadêmica

sobre o assunto, mas que foi contratado apenas para gerenciar o fórum.

Outro ponto negativo apontado pelos alunos pesquisados em relação à participação

e qualidade dos fóruns foi à falta de comentários dos colegas online sobre o que é postado

por quem realmente quer participar. Quando isso acontece, ou seja, um silêncio virtual da

grande maioria dos participantes, acaba gerando no aluno uma frustração, uma sensação de

solidão, abandono e de irrelevância em relação ao seu pensamento e sua participação como

discente em relação a seus pares, numa aula online.

Outro ponto negativo e possível motivador para este desestímulo às aulas online e

que merece ser destacado nesta pesquisa é em relação aos temas propostos pelo professor

nos fóruns. Assuntos estes que para o aluno, muitas vezes, se distanciam do universo do

aprendiz ou possuem um alto grau de dificuldade na compreensão em relação ao tema

proposto. Esta não compreensão inicial ou este distanciamento acadêmico-social do aluno

podem estar fazendo com que o processo de aceleração para uma possível rejeição destas

disciplinas se torne cada vez maior e constante.

Para que haja um incentivo a este tipo de participação, é necessário que o docente

poste temas que estejam próximos da realidade social-acadêmica do seu público-alvo. Só a

observação deste viés já serviria como um bom motivador para aqueles que pensam em

participar dos fóruns, já que ele se reconhecerá o e no tema, podendo inclusive participar

mais ativamente com depoimentos ou exemplos.

Outro incentivo que deve ser levado em consideração para estimular a entrada e

uma participação cada vez mais efetiva nestas discussões, é a linguagem escrita. Sem

descaracterizar a norma culta da língua pátria, seria interessante um conhecimento por parte

do docente de um vocabulário típico específico da juventude. Com isso, o professor poderia

compreender melhor as mensagens postadas pelos seus discentes, o que lhe permitiria

aproximar deles e de sua fala registrada muitas vezes nas em mensagens trocadas através de

outros meios de comunicação oriundos da cibercultura como os chats, o messenger,

torpedos via telefonia celular, posts dos blogs ou scraps utilizados nos sites de

relacionamento.

Ao tomar ciência de como eles se comunicam através da web, com suas gírias,

abreviações de palavras e ícones gráficos, este professor começaria observar o conteúdo da

mesma, partindo a partir daí, numa linguagem acadêmica, para seus questionamentos e

indagações sobre o que foi postado pelo discente no fórum, estimulando a participação

deles.

Um fato importante que chamou atenção desta pesquisa foi em relação à

participação quando ela feita nos fóruns, pelos alunos. Além de uma quase ausência nesta

interface acadêmica, foi observado também aquilo que chamaremos de desvio de objetivo,

ou seja, o espaço que é aberto para debate de assuntos pertinentes sobre o conteúdo da

matéria é utilizado para outros fins. Isto acontece, por exemplo, quando o alunado utiliza-se

do fórum apenas para tirar dúvidas, entre seus pares, relativas a formatação de trabalhos,

datas de provas ou matéria a ser estudada para a avaliação, ou seja, relega o tema proposto

pelo professor a um segundo plano, priorizando suas dúvidas estudantis em relação a

prazos, conteúdo a ser estudado para avaliações e feitura de trabalhos.

Este tipo de desvio de objetivo deveria ser rejeitado e criticado pelo docente que

propôs o fórum, com uma explicação objetiva sobre o verdadeiro papel desta interface, sua

importância e finalidade acadêmica. Porém, o que acreditamos que esteja acontecendo para

que haja este desvio de função, talvez seja pelo fato de muitos professores online se

encontrarem, muitas vezes, ausentes nesse momento de debate ou tenham uma postura

pouco participativa nos fóruns. Tal observação para estas explicações está baseada nas

justificativas sinalizadas anteriormente neste trabalho, pelos alunos.

Com esta não interferência crítica-explicativa advinda do professor, o fórum acaba

perdendo sua função principal que é o de gerar um debate acadêmico, levando-o assim a

uma prática equivocada de sua utilização, passando de um local de discussão de idéias, de

construção do conhecimento para um painel eletrônico para postagem de recados e dúvidas

sobre prazos, provas e formatação trabalhos acadêmicos.

A quinta justificativa que teve mais votos como sendo um dos motivos para a não

participação nos fóruns online pelos 120 alunos de Jornalismo e Publicidade foi a que

afirmou que os pesquisados preferem os debates promovidos nas salas de aula presenciais.

Para os professores que dão aula nesta modalidade, esta preferência pode parecer um pouco

contraditória, visto que, quando este exercício acadêmico é proposto na sala de aula

tradicional é sabido por quem ministra aulas que poucos são os alunos que manifestam seu

pensamento apoiando ou rejeitando sobre o que foi dito pelo professor e/ou colega. A não

participação no debate presencial pode ter várias origens, indo da timidez que existe em

alguns alunos à desatenção ou distração do discente na hora em que ele é requisitado a

opinar. Mas mesmo quando isso ocorre, este aprendiz vê a necessidade de emitir um

pensamento, seja ele qual for, até mesmo o do desconhecimento sobre o tema

questionamento levantado pelo professor, já que ele, aluno, se encontra na berlinda.

No online este tipo de cobrança também existe por parte do docente, porém pelo

fato de nem todos estarem participando de forma síncrona do debate, pode fazer com que a

participação do fórum seja algo desestimulante, já que o exercício da postagem não é

obrigatório, diferentemente do presencial, onde ele é convocado a expor naquele instante a

sua idéia diante da classe e do mestre.

Na modalidade online, mesmo que esta cobrança ocorra, o aluno pode permanecer

em silêncio, mudando seu status de on para off, ou pela simples razão de querer permanecer

no silêncio. Este silêncio pode advir do desconhecimento do aluno sobre o tema, ou ainda

de não querer participar efetivamente do debate ou ainda pelo fato dele ter entrado na

disciplina, apenas para cumprir uma carga horária mínima exigida pela instituição para que

não fique reprovado por falta na matéria. Sendo assim, ele acaba cumprindo não uma

função acadêmica da disciplina online, mas sim uma função burocrática, aliada ao temor de

uma reprovação.

Em relação aos pontos positivos encontrados na utilização dos fóruns e apontados

pela minoria dos discentes (14,8%, do total de 120 pesquisados), destaca-se que:

- Os temas propostos para os debates são interessantes. (7 alunos);

- A partir deles (fóruns), os alunos expressam mais suas idéias. (4 alunos);

- As dúvidas são esclarecidas. (3 alunos);

- O fórum é bem mediado pelo professor. (2 alunos).

A partir destes números acima, embora não represente o pensamento da maioria do

alunado pesquisado, composta por 85,2%, a idéia da participação no fórum online, não é

algo totalmente descartado como uma importante interface educacional para a construção

do conhecimento e a interação entre os participantes de uma disciplina não presencial e

medida pelo computador.

Para que haja uma possível reversão nesse quadro, em favor da utilização do fórum

nas disciplinas online, será necessário que se compreenda a insatisfação daqueles que o

rejeitam, eliminando ou minimizando os problemas apontados pelos alunos, fazendo

destes nativos digitais e participantes desta interface, aliados e cúmplices acadêmicos.

Para isso torna-se necessária à figura imprescindível do professor mais ativo, não só

como responsável pela postagem dos temas, mas principalmente como um incentivador

para a participação de seus alunos.

Se a interação e participação de TODOS-TODOS nos fóruns foram mal avaliadas

pelos alunos que responderam o questionário para esta pesquisa, um outro questionamento

se fez necessário para conhecer como se dá então o processo de interação UM-UM, entre o

discente e o docente, principalmente quando há a necessidade de o aluno esclarecer alguma

dúvida em relação à matéria ou texto postados durante as aulas online.

Como resultado gráfico, que pode ser visto na próxima página, obtivemos as

seguintes respostas para a pergunta:

De que forma você tira (ou) dúvidas junto ao professor sobre a matéria e sobre aos

textos da(s) disciplina(s) online ?

Gráfico 19

60

41

7

26

Nos debates nos fóruns

Através do e-mail (em alguns casos, sem o retornoda resposta dada pelo professor)

Não respondeu

Outros

Legenda:

Nos debates nos fóruns – 60 alunos

Através do e-mail (em alguns casos, sem o retorno da resposta dada pelo professor)

– 41 alunos

Outros 24 (pesquisa na internet, pela correção dos trabalhos, com professor online,

quando ele ministra uma aula na modalidade presencial)– 26 alunos

Não responderam - 07 alunos

Em função dos resultados obtidos e dispostos no gráfico, fica claro mais uma vez, para

esta pesquisa, que a interface educacional representada pela proposta do fórum tem uma

leitura equivocada por parte dos alunos e agora também com a chancela do professor que

obteve uma capacitação para trabalhar nesta interface de maneira mais interativa e não a

faz.

Ao invés de servir como um canal democrático e plural, a partir de uma provocação

dada pelo professor para a troca de idéias, opiniões, contestações e construção,

desconstrução e reconstrução do conhecimento, o fórum acaba entrando na contramão de

sua principal função, que é a discussão de idéias, para se transformar em uma opção rápida

para esclarecimentos de dúvidas acadêmicas do alunado.

Dúvidas que desta vez não são respondidas e/ou compartilhadas somente com o seus

pares, como visto anteriormente e onde havia um esboço do que seria uma interação

TODOS-TODOS, um dos ícones da comunicação praticada no ciberespaço, através da

cibercultura.

A resposta para o questionamento, a partir da leitura deste gráfico, apresenta um dado

mais preocupante, visto que a interação TODOS-TODOS dá lugar a UM-UM, já que o

professor passa a responder a um só aluno, mesmo que a dúvida deste seja pertinente a

todos.

Com a utilização do fórum apenas como um canal de respostas do professor para

perguntas feitas por um só aluno, situação que ocorre com 60 aprendizes (aproximadamente

49,5% do total de pesquisados), a função desta interface perde a sua lógica de existência, já

24 As opções que aparecem no item outros foram indicadas pelos próprios alunos que responderam ao questionário.

que serve para um fim que não foi criada, desestimulando cada vez mais, a participação

daqueles que veem nesta ferramenta comunicacional um meio para o diálogo acadêmico

entre TODOS-TODOS, a colocação de pensamentos e também uma construção do saber.

Para que as dúvidas oriundas dos alunos sejam respondidas, faz-se necessário por parte

do professor à escolha de outros caminhos construídos para este fim, o qual o docente e o

discente possam utiliza-lo sem prejuízo comunicacional e espacial de outros canais criados

para fins específicos, como por exemplo, o fórum de debates.

Um desses canais que facilitam a comunicação UM-UM não só pela rapidez, mas pela

resposta personificada (isso quando não se utiliza em e-group) é o e-mail. O correio

eletrônico foi identificado por 41 alunos (33,8% dos pesquisados) como meio utilizado para

entrar em contato com o professor, quando necessitam tirar alguma dúvida sobre a matéria

ou dos textos postados. O grande problema na eficácia desta interface apontado por este

grupo que utiliza esta ferramenta, quando o utiliza para dirimir suas dúvidas é não há

retorno imediato da resposta do professor, problema este que leva o aluno, possivelmente a

apelar para os fóruns ou a outros vieses de comunicação.

Outro ponto que merece relevância neste estudo é em relação às avaliações feitas para

que se afira não somente o grau de aprendizagem do aluno, como também para lhe atribuir

uma aprovação ou reprovação.

Para que pudéssemos conhecer a opinião do alunado em relação ao grau de

dificuldade das provas aplicadas nas disciplinas online, foi feito o seguinte questionamento

durante a pesquisa:

Qual a sua opinião em relação ao grau de dificuldade e exigência nas provas que

são aplicadas para avaliar seu aprendizado online?

Como respostas espontâneas e tabulação gráfica obtivemos o seguinte resultado:

Gráfico 20

27

24

17

7

7

3

3

3

2

2

3

1

1

1

8

Ainda não fez prova

Provas fáceis

Provas razoáveis

As provas deveriam ser discursivas

Provas mal elaboradas

Muito conteúdo para ser estudado, muita informação aser processada para a prova e sem a ajuda ouesclarecimento de dúvidas do professor

Provas confusas

Provas fracas

Prefere as provas aplicadas nas aulas presenciais

Provas difíceis

Provas objetivas

Acha contraditório, pois as provas não são online

Provas cansativas

Provas grandes

Não respondeu

Legenda: Ainda não fizeram prova – 27 alunos

As provas são fáceis – 24 alunos

As provas são razoáveis – 17 alunos

As provas deveriam ser discursivas – 07 alunos

As provas são mal elaboradas – 07 alunos

As provas são confusas – 03 alunos

As provas são fracas – 03 alunos

As provas são objetivas – 03 alunos

As provas são difíceis - 02 alunos

As provas são cansativas – 01 aluno

As provas são grandes – 01 alunos

O aluno acha que há muito conteúdo para ser estudado, muita informação a ser

processada para a prova e que não há a ajuda ou esclarecimento de dúvidas retiradas

pelo professor online – 03 alunos

O aluno prefere as provas aplicadas nas aulas presenciais – 02 alunos

O aluno acha o método de aplicação contraditório, pois as aulas são online e as

provas feitas de forma presencial – 01 aluno

Não responderam – 08 alunos

Numa observação mais detalhada, observa-se que se somados valores positivos

apontados pelos aprendizes (as provas são fáceis, as provas razoáveis, as provas são

objetivas) em relação às avaliações, pode-se constatar que no universo dos 120 alunos

pesquisados e que fazem provas em disciplinas online, 44,1% pontuaram positivamente

este tipo de avaliação. Porém, há de se ressaltar que esta avaliação não contempla o

conteúdo e a elaboração, mas sim, o grau de dificuldade encontrado pelo alunado na hora

da realização dos exames bimestrais.

Observa-se também que há uma porcentagem significativa de alunos que têm um

olhar crítico em relação à aplicação destas provas nas aulas não presenciais. Se somados os

pontos negativos (provas mal elaboradas + provas confusas + provas difíceis + provas são

fracas + provas são cansativas + provas são grandes) teremos um total de 17 alunos que não

veem com bons olhos este tipo de avaliação. Este número representa um universo de 14%

dos pesquisados.

Mas o que chama mais atenção em relação ao questionamento feito, foram às

respostas que saíram do binômio negativo/positivo apontados na maioria das respostas.

Uma delas em relação à ausência do professor online na hora de retirar dúvidas que

aparecem para o alunado na hora da leitura dos textos que eles têm que fazer para a prova.

Mais uma vez a ausência do docente na modalidade online, como já foi colocado

anteriormente nesta dissertação, torna-se um ponto negativo na avaliação do aluno que

cursa uma disciplina não presencial mediada por computador.

Esta não participação e interação entre as partes (aluno e professor), principalmente

num momento tão delicado que é o que antecede uma prova, deixa no aprendiz,

principalmente aquele que faz pela primeira vez uma avaliação não presencial, uma

sensação de frustração e abandono provocado, em alguns momentos, pela ausência do

professor virtual, principalmente quando ele é requisitado para dirimir suas dúvidas em

relação á matéria. Este status acadêmico apresenta-se bem diferente daquele que ele vive

nas provas aplicadas nas aulas presenciais, onde o professor faz uma revisão antes do

exame. Este aluno online que espera que este tipo de orientação se faça também presente

nas aulas mediadas pelo computador, se vê, algumas vezes, sem o retorno do docente,

deixando-o assim, sem respostas a suas perguntas e dúvidas.

Outro ponto também que pode ser destacado e que chama bastante atenção nas

respostas espontâneas, quando indagados sobre as provas aplicadas nas disciplinas online a

crítica é em relação à forma de como elas são aplicadas. Um pequeno grupo formado por

três alunos (2,4%), rotula de contraditório o fato de as avaliações sejam feitas de forma

presencial, enquanto todas as aulas são ministradas a distância.

Para o alunado, se a explicação dada pela instituição de ensino para o

questionamento sobre esta contradição for baseada no grau de legitimidade na feitura da

prova, ou seja, se é mesmo o aluno quem está fazendo a prova e não outra pessoa, já que

pelo computador “qualquer um” pode assumir a posição do aluno e respondera as questões

por ele, este argumento cai por terra, já que nem nas aulas online, ninguém garante que o

aluno está presente, já que a única coisa que garante dele estar online é o fato de

computador estar ligado na disciplina, nada mais, e “qualquer um” pode fazer isso pelo

aprendiz. Basta ter a sua senha de acesso.

Esta pesquisa também tentou descobrir entre os alunos pesquisados quais seriam as

vantagens e desvantagens que eles viam em estudar através da modalidade online.

Tal variedade nas respostas nos faz acreditar que por ser uma modalidade ainda

pouco conhecida e explorada pelo alunado, o aprendiz se encontra sem um norte tanto na

hora de qualificar ou desqualificar a disciplina feita por ele de forma não presencial.

Para melhor analisarmos as respostas dadas, elegemos as 6 que tiveram o maior

número de votos, tanto no que diz respeito às vantagens, quanto as desvantagens de se

estudar via online. Esta opção se deu, porque o quantitativo representacional equivale a

mais de 50% dos 120 alunos pesquisados.

Vale destacar ainda que por terem sido colocados até 6 vantagens e desvantagens no

questionário entregue aos alunos, muitos deles acabaram repetindo a mesma resposta ou

sugerindo outra diferente. Daí, na hora da tabulação, muitas respostas parecidas tiveram a

mesma classificação.

As vantagens ficaram graficamente representadas, da seguinte forma:

Gráfico 21

56

2926

64

4

3

3

2

2

2

2

2

2

2

1

1

1

1

1

1

1

2 10

Praticidade (escolha de dia, horário e local paraestudar)

Comodidade (não precisar ir à faculdade)

Não vê nenhuma vantagem

Poder escolher a data da prova

Material de estudo (textos, apostilas, resumos,resenhas) sempre disponível

Rapidez

Poder imprimir os textos

Possibilidade de estudar a distância, semanecessidade do presencial

Acesso fácil ao material

Conteúdo bem organizado

Independência

Mais facilidade para estudar

Poder utilizar-se das ferramentas oferecidas (chats,hiperlinks, fóruns)

Redução de custo para o aluno

Ter acesso à pesquisa pela Internet

A aula é mais dinâmica

Facilidade para a entrega do trabalho proposto peloprofessor

Incentiva ao debate

Maior contato com o professor

Poder recuperar as aulas perdidas

Uma maior cobrança sobre os alunos

Velocidade na aprendizagem

A presença não é cobrada

Não respondeu PraLe Poder escolher o dia e horário da prova – 06 alunos Material de estudo (textos, apostilas, resumos, resenhas) sempre disponível – 04 alunos Rapidez – 04 alunos

Poder imprimir os textos – 03 alunos

Possibilidade de estudar a distância, sema necessidade do presencial – 03 alunos

A presença não é cobrada – 02 alunos

Conteúdo bem organizado – 02 alunos

Independência – 02 alunos

Mais facilidade para estudar – 02 alunos

Poder utilizar-se das ferramentas oferecidas (chats, hiperlinks, fóruns) – 02 alunos

Redução de custo para o aluno – 02 alunos

Ter acesso à pesquisa pela Internet – 02 alunos

A aula é mais dinâmica – 01 aluno

Facilidade para a entrega do trabalho proposto pelo professor – 01 aluno

Incentiva ao debate – 01 aluno

Maior contato com o professor – 01 aluno

Poder recuperar as aulas perdidas – 01 aluno

Uma maior cobrança sobre os alunos – 01 aluno

Velocidade na aprendizagem – 01 aluno

Não responderam – 10 alunos

Aspectos como praticidade e comodidade foram as vantagens mais apontadas pelos

alunos, perfazendo respectivamente um total de 85 alunos, sendo que 56 escolheram a

primeira opção e 29, a segunda.

É inegável que o fato deles não precisarem ir até a instituição de ensino para assistir

a uma aula presencial, facilita em muito a vida do aluno, principalmente daqueles que têm

uma vida profissional atribulada.

Outro fato a se destacar é a utilização do computador em qualquer lugar onde

estejam conectados (casa, trabalho, lan house, lap top) para acessar as aulas online

disponibilizadas naquele dia, evitando com que ele (aluno) precise necessariamente estar

numa sala de aula tradicional para a compreensão do conteúdo.

Estas vantagens, a da comodidade e da praticidade apontadas majoritariamente

pelos alunos durante a pesquisa como sendo uma das vantagens de se estudar na

modalidade online, pode ser traduzida como situações de temporalidade e espacialidade.

Na temporalidade, o discente observa que o tempo, ou a falta dele, não é mais um

inimigo ou uma justificativa para que ele não compareça às aulas, pois agora, ele (aluno)

pode estar conectado ao que é ensinado, em qualquer das 24h do dia. Basta ligar o

computador e interagir com o professor e colegas que estão online.

Na questão da espacialidade, este aprendiz observa positivamente que ele não

precisará necessariamente ir mais à universidade para assistir a uma tradicional aula

presencial. Ele pode estar até mesmo dentro do campus, mas não dentro do espaço físico de

uma sala de aula. O importante é ele estar conectado com o que está sendo disponibilizado

numa aula online.

Chamou-nos a atenção o fato de 26 alunos, quando questionados sobre as vantagens

de se ter uma aula na modalidade online, terem dito que não viam nenhuma vantagem em

tê-la em sua grade curricular, ou seja, uma negação à modalidade não presencial. Este

número é representativo, já que ficou em terceiro lugar nas respostas espontâneas dadas

pelos alunos quando do preenchimento do questionário.

Uma possível resposta para que haja este tipo de descontentamento, nós buscamos

no grupo focal organizado para este trabalho e que será apresentado no próximo subitem.

Este grupo foi formado por nove discentes que têm aulas em disciplinas não-presenciais.

Sua composição foi feita para esta pesquisa, para que se conhecesse, oralmente, o

pensamento deste segmento de aprendizes a respeito desta modalidade da EAD mediada

por computador.

Outro motivo que causou espécie em relação às respostas dadas as vantagens, e que

ficou em quarto lugar, foi o fato de seis alunos terem respondido que gostavam das

disciplinas online, pelo simples fato de eles poderem escolher a data da prova.

Ao questionarmos o por que desta escolha, foi explicado que nas provas bimestrais

que são aplicadas nas aulas presenciais, o aluno só tem uma opção de dia, local e horário

para a realização da avaliação, sujeitando-se a um calendário específico organizado pela

instituição de ensino. Já nos exames bimestrais que são feitos nas disciplinas online, ele

pode optar por um determinado dia, campus e horário oferecido, dentro de um quadro de

opções, para a feitura desta prova, mesmo ela sendo feita de forma presencial, como já foi

visto anteriormente.

Esta opção de escolha acaba compactuando com a filosofia do ensino a distância

quando o aluno faz seu próprio horário de entrada e participação nas aulas, dentro da

disponibilidade oferecida, não o prendendo a horários, locais e dias fixos para ser estudar o

que foi postado na sala de aula virtual. Este exercício de escolha na realização das provas

leva novamente o discente a uma comodidade e praticidade características e já sinalizadas

pelo alunado nesta pesquisa.

Respostas como rapidez e fácil acesso a material de apoio (apostilas, textos,

resenhas, etc) foram os outros itens justificados como vantajosos na hora de se estudar

através da mediação do computador. Tais respostas só vêm confirmar para este pesquisador

a praticidade oferecida pela disciplina online, visto que o aluno, talvez por não querer ou

não poder perder tempo, procura na modalidade à distância como uma opção de facilitar

sua aprendizagem. Nas aulas mediadas por computador, o discente possui um acesso rápido

ao material disponibilizado na web e que serve de apoio para seus estudos e pesquisa

acadêmica.

Este movimento é oposto do que ocorre nas aulas presenciais, onde o aprendiz gasta

um tempo escrevendo as anotações em um caderno, para posteriormente estudar por ele, ou

mesmo em alguns casos, ter que fotocopiar algum texto deixado pelo professor para suporte

em uma leitura e/ou debate sugerido em sala de aula.

Isto tudo denota tempo, e tempo é tudo aquilo que quem opta por fazer uma

disciplina online não quer perder. Muito pelo contrário. As palavras de ordem deste aluno

virtual são otimização e facilitação na construção do conhecimento, daí opções como

“rapidez e material de estudo estar sempre disponível” terem ficado colocados no quinto e

sexto lugar nas justificativas favoráveis respondidas pelos pesquisados na preferência por

disciplinas não presenciais mediadas pelo computador.

Já no que tange às desvantagens, a pesquisa revelou que há também, assim como

quando questionados sobre as vantagens, uma pluralidade de respostas. Pôde-se constatar

que alunos justificaram para este item respostas que vão desde “Pouca ou nenhuma

interação entre o professor e/ou colegas” (explicação dada por 48 alunos) até “Possui

caráter excludente” (1 aluno). Isso sem contar àquelas que remetem a justificativas muito

próximas a estas anteriores como “Inexistência de um contato presencial com o professor e

os colegas” (33 alunos) ou “Falta de tempo para acessar a matéria” (1 aluno).

Assim como nas vantagens, destacaremos as seis respostas que obtiveram maior

número de explicações dadas como desvantagens pelos alunos de Jornalismo e Publicidade.

Posteriormente será apresentado o gráfico que contempla todas as respostas dadas e suas

participações numéricas em relação ao todo. Deve ser relembrado ainda que, assim como

nas vantagens, cada aluno pesquisado poderia escrever até cinco desvantagens em fazer

disciplinas online, desta forma, algumas respostas foram repetidas ou muito parecidas, e

por este motivo tiveram mais votos do que outras.

Problemas como pouca ou nenhuma interação entre o professor e/ou colegas foi à

justificativa mais recorrente, apontada por 48 alunos, na hora de apresentar as desvantagens

quando o aluno faz uma disciplina mediada por computador. Esta crítica já havia sido

observada anteriormente quando os pesquisados haviam sido questionados sobre a

interação com o professor e os colegas durante as aulas online. O fato de esta resposta

aparecer novamente como destaque, nos leva a crer que, embora o estudante interaja, na

maioria das vezes, facilmente com os amigos através de outros canais de comunicação

como sites de relacionamento, chats ou messenger, ele ainda possui um certo grau de

dificuldade, quando ele é levado a uma interação online na academia.

A segunda justificativa que ganhou mais críticas dos alunos foi à inexistência de um

contato presencial com o professor e os colegas. Embora estes alunos saibam que o contato

deles com o docente e os colegas de turma só se dará de forma virtual, quando estão no

ambiente online, pode-se notar que, com esta resposta dada por 33 discentes, eles ainda

trazem um forte traço do presencial na sua formação acadêmica, de necessidade ter um

contato físico com aqueles que participam mesmo numa aula online.

O que estes aprendizes não se atentam é que este contato físico acontece, já que há a

possibilidade do colega e do professor que divide com ele aquele ciberespaço na disciplina

não presencial, pode também, estar acontecendo em um outro momento, como, por

exemplo, numa divisão de um espaço em uma disciplina cursada em uma sala de aula

presencial. O que diferencia é a interação que ao vivo ela é presencial e no online é virtual.

Em relação ao conteúdo das matérias, 32 alunos classificaram como fraco e

confuso. Este dado é preocupante, visto que, nas disciplinas online, o que é postado para

discussão e conhecimento do alunado é preparado por um professor conteudista, que num

primeiro momento, deveria ter o conhecimento e uma visão global dos assuntos pertinentes

à cadeira. Se tal crítica vindo do alunado ocupa uma posição de destaque (3º lugar) entre as

desvantagens de se ter aulas através da mediação é porque provavelmente este professor

conteudista esteja repetindo a prática que ele exercia ou exerce quando é professor

presencial, ou seja, repete conceitos, teorias e idéias já pré-concebidas, sem criar nenhum

estímulo para que o alunado tenha vontade de participar mais – e ativamente – desta nova

modalidade educacional.

Uma das possíveis justificativas para tal desestímulo encontra eco na apontada pelos

pesquisados e que aparece em 4º lugar. O motivo alegado como uma desvantagem de se

estudar através de uma disciplina online apontada por 24 alunos, dos 120 entrevistados, foi

o fato do aprendiz se sentir muito acomodado e/ou desestimulado na hora que tem que

acessar e participar as aulas não presenciais. Este desestímulo pode ter origem não só no

conteúdo que é postado, mas também pela inexistência de um diferencial que leve este

aluno a participar e interagir mais ativamente durante as disciplinas mediadas pelo

computador.

É sabido que mesmo em sala de aulas tradicionais, por mais que se esforce o

professor, há momentos que podem uma apatia de um discente ou mesmo de uma turma

inteira diante do que explanado pelo professor. Se numa aula presencial, onde o docente

pode utilizar alguns recursos técnico-pedagógicos, tais como vídeos, música, trabalhos em

grupos, pontuação extra na avaliação entre outros, a apatia por parte dos discentes pode

acontecer, na modalidade online, onde a representação física do professor inexiste deve

fazer deste docente que ministra aulas pelo computador, uma atenção mais precisa para

evitar esta apatia e desestímulo, repensando e re-elaborando uma dinâmica de aula que deva

estimular o seu grupo de alunos. Este estímulo nas aulas online pode vir, por exemplo,

através de jogos interativos, pontos extras para quem postar mais rápido uma resposta ou

mesmo incentivando as pesquisas e debates através de temas que gerem polêmicas.

Possivelmente a utilização destas provocações diminua a acomodação por parte do(s)

discente(s), a ponto desse professor “resgatar” o alunado para sua disciplina.

Nos 5º e 6º lugares das desvantagens apontadas pelos discentes, aparecem queixas já

tratadas aqui e que voltam a ser lembradas pelo alunado. São elas, a dificuldade de se tirar

dúvidas, apontada por 20 alunos e pouca aprendizagem, lembrada por 18 estudantes.

Quando o aprendiz se queixa da dificuldade de sanar rapidamente seus questionamentos

numa aula online, ele nos lembra, mais uma vez, o papel de uma ausência quase que

comum do docente numa aula mediada por computador. Como já foi alertando

anteriormente por esta pesquisa, a demora do professor em responder as questões postadas

pelo aluno, leva o aprendiz a um desinteresse em participar da aula.

Já sob o ponto de vista dos que acessam as disciplinas online e não têm suas dúvidas

sanadas imediatamente, eles têm a impressão que a aprendizagem se faz em uma escala

bem menor em relação à adquirida em uma sala aula presencial.

Para que se tenha uma visão mais detalhada de todas as respostas dadas sobre as

desvantagens de se estudar através da modalidade online, elaboramos o seguinte gráfico:

Gráfico 22

48

33

32

242018

1511

99

7

7

7

77

66 5

3

3

3

3

2

2

2

2

2

1

1

1

1

5

Pouca ou nenhuma interação entre o professor e/oucolegas

Inexistência de um contato presencial com oprofessor e os colegas

O conteúdo das matérias é fraco, superficial, poucoe/ou confuso

O aluno se sente acomodado e/ou desestimulado

Há dificuldade de se tirar dúvidas

Pouca aprendizagem

Ausência de debates ou pouca discussão sobre ostemas propostos

Assuntos desinteressantes e/ou fracos

A mensalidade é a mesma da disciplina presencial

Pouca explicação da matéria

Aprendizagem solitária

É impessoal

Falta de feedback nos questionamentos postados

O aluno fica horas em frente ao computador

Prefere aulas presenciais

Dificuldade de acessar a matéria

Leva a dispersão para outros links da Internet quenão têm a ver com a disciplina

Pouco conhecimento sobre o programa a serdesenvolvido

Desvalorização do professor

Dificuldade em ler através do computador

Muito conteúdo

Provas nos fins de semana

A plataforma utilizada é ruim

Aprendizagem mais difícil

Ausência de aulas dinâmicas

Dificuldade de expressar idéias/conceitos

Falta de um horário preciso para teclar com oprofessor

Dificuldade pra impressão dos textos

Falta de tempo para acessar a matéria

Não há desvantagens

Possui caráter excludente

Não respondeu

Legenda:

Pouca ou nenhuma interação entre o professor e/ou colegas – 48 alunos

Inexistência de um contato presencial com o professor e os colegas – 33 alunos

O conteúdo das matérias é fraco, superficial, pouco e/ou confuso – 32 alunos

O aluno se sente acomodado e/ou desestimulado – 24 alunos

Há dificuldade de se tirar dúvidas – 20 alunos

Pouca aprendizagem – 18 alunos

Ausência de debates ou pouca discussão sobre os temas propostos – 15 alunos

Assuntos desinteressantes e/ou fracos – 11 alunos

A mensalidade é a mesma da disciplina presencial – 09 alunos

Pouca explicação da matéria – 09 alunos

Aprendizagem solitária – 07 alunos

É impessoal – 07 alunos

Falta de feedback nos questionamentos postados – 07 alunos

O aluno fica horas em frente ao computador – 07 alunos

Prefere aulas presenciais – 07 alunos

Dificuldade de acessar a matéria – 06 alunos

Leva a dispersão para outros links da Internet que não têm a ver com a disciplina –

06 alunos

Pouco conhecimento sobre o programa a ser desenvolvido – 05 alunos

Desvalorização do professor – 03 alunos

Dificuldade em ler através do computador – 03 alunos

Muito conteúdo – 03 alunos

Provas nos fins de semana – 03 alunos

A plataforma utilizada é ruim – 02 alunos

Aprendizagem mais difícil – 02 alunos

Ausência de aulas dinâmicas – 02 alunos

Dificuldade de expressar idéias/conceitos – 02 alunos

Falta de um horário preciso para teclar com o professor – 02 alunos

Dificuldade pra impressão dos textos – 01 aluno

Falta de tempo para acessar a matéria – 01 aluno

Não há desvantagens – 01 aluno

Possui caráter excludente – 01 aluno

Não responderam – 05 alunos

4.1.2 - Grupo Focal

Para melhor tentar compreender o desconforto alegado por alguns discentes

em relação às disciplinas online e também saber o que pensam sobre esta nova modalidade

de ensino a distância, reunimos um grupo focal formado por nove alunos25, de ambos os

sexos, matriculados nos cursos de Jornalismo e Publicidade em uma das maiores

universidades brasileiras, fonte desta pesquisa. Para participar deste grupo, a única

condição sine qua non era que eles que já tivessem estudado ou que estejam matriculados

em disciplinas online nos referidos cursos de graduação.

Após exaustiva leitura feita após a transcrição (anexo 2) da fita utilizada para

registrar a fala do grupo, podemos observar que há não só apenas um desconforto, mas

também um certo descontentamento em relação às aulas, a interação com os colegas, a

performance dos professores, bem como nas as provas aplicadas por este método não

presencial.

Durante o tempo utilizado junto ao grupo focal, foram perguntados, entre outros

assuntos, os pontos positivos que eles observam ao estudar pela modalidade online, assim

como as vantagens e desvantagens que estas disciplinas possuem em relação às dadas de

forma presencial.

Ainda durante este encontro foram pedidas ao alunado presente, sugestões para uma

possível modificação e/ou melhoria em relação às aulas das disciplinas online.

25 Para que não houvesse nenhum tipo de constrangimento por parte dos alunos que participaram deste grupo focal, optamos por trocar seus nomes por letras. Assim sendo, os nove aprendizes que participaram deste encontro serão identificados pelas letras A, B, C, D, E, F, G, H e I.

Como resultado da falas do grupo, obtivemos vários pensamentos sobre o tema.

Destacamos a seguir os mais representativos para esta pesquisa

- Em relação às disciplinas online:

Aluno A:

“Horrível, porque não tem contato direto com o professor. Você não entende a

matéria. É horrível, porque não tem como tirar dúvida. O fórum é uma vez a cada

semana e é sempre cancelado. Ou seja, são vários fatores que levam a esta

rejeição.”

Aluno C

“É muito ruim. Os textos não são muito claros. Você lê e parece que está sempre

faltando informação. Na sala é muito fácil. Eu perguntava ao professor, e ele já te

respondia. E lá você manda a pergunta para vários dias depois, se responderem...

Eu já mandei...tive que mandar umas três vezes a pergunta para conseguir me

responderem. Então, demora muito. É muito ruim. E os textos são muito truncados.

Eles não são muito claros assim.”

- Pontos positivos de se estudar na modalidade online:

Aluno I

“Não. Não achei nada”.

Aluno G:

“Tem um... Eu faço uma matéria, que são 15 unidades. São textos, textos e textos e

excepcionalmente nesta matéria, eles deixam você fazer a prova com consulta que

também se não pudesse fazer a consulta, com 15 unidade, pudera né!”

Aluno H:

“Acho que a principal vantagem da disciplina online... acho que é em relação à

possibilidade de você poder acessar de qualquer lugar. Não sei se isso se aplica

pra(sic) alguém. Pra (sic) mim não foi vantajoso, mas de repente, pode ser para

alguém.”

- Sobre a interação entre os colegas:

Aluno E:

“Acabei de descobrir que ela faz a mesma matéria que eu. (risos)”

Aluno F:

“Eu também. Eu não sabia que ela fazia a mesma matéria que eu (mais risos)”

Aluno I:

“Eu não conheço ninguém. Só descobri que tinha que participar do fórum quando o

professor escreveu para mim: ‘sua participação está baixa’. E eu nem sabia que

tinha que entrar no fórum.”

- Em relação às provas:

Aluno C:

“Eu fiz uma só e a prova estava bem confusa. A prova vem com erro. Vinha a

pergunta e nas as opções A, B, C e D, não tinha a resposta completa. Por exemplo,

começava mais ou menos assim ‘o pintor...’ aí, parava. ‘A obra....’, parava.”

Aluno A:

“A pergunta vinha sempre pela metade. Aí eu fui perguntar para o fiscal. Ele

mandou eu chutar qualquer uma, porque a professora responsável da matéria não

estava.”

Aluno I:

“Os professores das matérias nunca estão no dia da prova.”

Aluno B:

“Na minha prova tinha uma pergunta que tinham duas respostas certas. Falei com

a professora, ela me disse que não sabia o que fazer, pois as duas estavam certas.

Eu marquei uma e que na hora da correção foi considerada errada.”

- Vantagens e desvantagens da disciplina online em relação à modalidade

presencial:

Aluno I:

“Vantagens da online? Não vejo nenhuma vantagem.”

Aluno B:

“Eu prefiro ter que ficar mais duas horas dentro da faculdade, do que ficar diante

de um computador”.

Aluno D:

“É a interação. O imediatismo.”

Aluno E:

“A assimilação na presencial é muito melhor. Na online eu leio e esqueço logo.”

Aluno A:

“A única vantagem que eu vi... eu não sei se alguém aqui mora longe. Eu que moro

distante, não preciso mais me deslocar até à faculdade.”

Aluno E:

“Tudo!”

Aluno F:

“Eu reduziria a quantidades de textos. Acho que é desnecessário. Eles usam

palavras totalmente rebuscadas. Palavras que não levam ao entendimento. Não que

tenha que estar com o dicionário do lado, mas um texto com 15 unidades para você

estudar, fazer trabalho e a gente ainda tem que trabalhar, vir para a

faculdade...enfim, as palavras muitas vezes não são fáceis de serem compreendidas.

Podem facilitar um pouco isso.”

Aluno D:

“O texto é mal feito. Você lê, lê e não entende nada! Aí você tem que ler umas dez

mil vezes e não entende. Aí eu penso: ‘nossa, eu sou muito burra!’”.

- Sugestões do alunado para a melhoria da modalidade online:

Aluno C:

“(...)O ‘layaoutzinho’ (sic) é bem complicado para você entender a disciplina

online”.

Aluno D:

“Na minha opinião, o sistema tinha de ser revisto, nem que fosse uma semana com

aula presencial, na outra com aula online, mas esse contato tem que existir.”

Aluno I:

“Devia existir uma pessoa para conversar com a gente, tirar dúvidas. Uma pessoa

para estar lá nos auxiliando.”

Aluno G:

“O pior que a gente não tem escolha. A gente é obrigada a fazer a matéria. Não

tem outra opção.”

Após análise das falas mais relevantes subtraídas dos 20 minutos, tempo utilizado

para ouvir os alunos participantes do grupo focal, pôde-se observar que na fala dos

discentes há um certo descontentamento e desencantamento em relação às aulas ministradas

nas disciplinas online.

Alguns responsabilizam a falta de participação mais ativa do professor, como sendo

um dos pontos que causam esta apatia. As queixas remetem basicamente na demora da

postagem de respostas em relação a dúvidas do alunado. É importante destacar que, apesar

desta queixa ter um fundamento, vale lembrar que, assim como o alunado foi levado de

uma hora para outra ter a participar de aulas à distância mediadas pelo computador, o

docente que leva, por parte dos aprendizes a responsabilidade pelo desânimo junto às

disciplinas online, teve toda a sua formação acadêmico-profissional feita na modalidade

presencial, tornando-se um “imigrante digital” e assim como o aluno, um “nativo digital”,

teve que migrar repentinamente para um novo sistema de transmissão de aula.

Este desconforto também pôde ser notado em críticas em relação à interação junto

aos colegas. Esta observação é feita, segundo eles, pelo total desconhecimento de quem,

mesmo virtualmente, divide o ciberespaço durante uma disciplina online. Diferente da sala

de aula tradicional, onde visualmente todos os colegas se conhecem, inclusive o professor.

Nas aulas à distância mediadas por computador, o que aparece na tela são somente

nomes, e não imagens daqueles que estão participando de forma síncrona. Se esta

participação acontece de forma assíncrona, a possibilidade de uma interação entre os

colegas de turma, beira a zero, pois só é conhecido o pensamento do outro postado há

algum tempo, que poderá gerar, por exemplo, num fórum, uma outra postagem-resposta

que poderá ficar “esquecida” por algum tempo.

Vale destacar o que foi exposto no parágrafo anterior, a partir de uma frase de um

aluno quando questionado sobre a interação dele com os colegas:

“Acabei de descobrir que ela faz a mesma matéria que eu.”

A análise feita pelo corpo discente em relação às avaliações realizadas na

modalidade online também não teve uma boa cotação. Eles afirmam que elas são

consideradas confusas, sem orientação de um professor no dia de sua realização. A maior

crítica sobre este tema é em relação às aulas serem não online e a prova, não.

Os alunos que participaram do grupo focal observaram que a contradição reside no

fato que uma das razões dadas pela instituição de ensino para ter adotado as aulas mediadas

por computador, foi pela otimização do tempo e diminuição do custo financeiro para o

aluno nos deslocamentos até a universidade para assistir uma aula, mas, de acordo com as

observações dos estudantes, o fato de as avaliações serem presenciais acaba indo de

encontro a este pensamento institucional, já que o aprendiz tem que se deslocar de sua casa

até o campus para realizar uma prova no laboratório de informática da universidade, ao

invés dele (aluno) utilizar um computador de casa ou do trabalho ou até mesmo um lap top.

Já em relação às vantagens e desvantagens, assim como os pontos positivos e

sugestões para a melhoria do sistema online foi notado que as opiniões foram muito

próximas e não muito divergentes, já que a maioria das verbalizações estava ligada a

queixas anteriores como o papel do professor, a qualidade do material postado ou mesmo

sobre a mecânica da aula.

O que deve ser observado é que o público-alvo estudantil, embora utilize o

computador no seu dia a dia acadêmico-profissional e/ou para entretenimento, não está

satisfeito com que lhe é oferecido pela instituição de ensino. Este desconforto pode acabar

gerando um pré-conceito em relação a um modelo de ensino-aprendizagem que está sendo

implantado e implementado na pós-modernidade do sistema educacional brasileiro.

4.1.3 – O Orkut como uma interface de protesto contra as disciplinas online

Para conhecer como e o que pensam os estudantes fora do meio acadêmico, sobre as

disciplinas online, esta pesquisa fez um levantamento em comunidades criadas sobre o

tema no site de relacionamento Orkut26. A opção por este site de relacionamento deveu-se

ao fato dele ser bastante utilizado pelos estudantes, em suas interações sociais, mediadas

por computador, quando querem trocar mensagens entre si ou quando desejam criar

comunidades nas quais possam discutir, através de fóruns, assuntos em comum. Como

resultado de um levantamento feito nesta área, foram encontradas duas comunidades que

tratam sobre o tema. São elas: “Eu Odeio disciplinas Online”27, com 11 integrantes, criada

em 11 de agosto de 2008 e a “Odeio a disciplina on-line !!!”28, com 23 membros, surgida

em 29 de agosto em 2007.

Ao descobrir estas comunidades, acreditávamos que lá recolheríamos um vasto

material para este trabalho, através dos depoimentos ou postagens nos fóruns propostos

pelos seus participantes, para tanto, este pesquisador se associou às comunidades. Num

primeiro momento, a postura tomada foi de um observador passivo, para ver quais eram as

opiniões dos integrantes destas comunidades em relação às disciplinas online, motivo

principal para a criação da comunidade.

Passados três meses desde a entrada deste pesquisador em ambas comunidades,

observarmos que nenhum dos integrantes propôs qualquer tipo de discussão ou debate

sobre o tema. A única alusão sobre o desconforto com a modalidade online estava nos

textos de apresentação das referidas comunidades.

Para estimular o debate e a interação entre os elementos, propusemos então nas duas

comunidades, temas para fóruns de discussão sobre os motivos que levavam os alunos a

terem uma rejeição pelas disciplinas online29, assim como propusemos também uma

enquete30 sobre quais seriam as disciplinas que eles mais encontravam problemas por ser

ministrada numa modalidade não-presencial mediada por computador.

26 Orkut – www.orkut.com.br 27 Eu Odeio Disciplina Online – disponível em www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=65653577 28 Odeio a Disciplina On-Line !!! – disponível em www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=38467950 29 Disponível em www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=38467950&tid=5325294735997823422 e Disponível em www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=38467950&tid=5312720081072449982 30 Disponível em www.orkut.com.br/Main#CommPolls.aspx?cmm=38467950

Mais uma vez, para nossa surpresa, ninguém postou comentário de concordância ou

discordância sobre as provocações feitas, bem como não houve nenhum voto nos itens

sugeridos na enquete. Vale ressaltar que esta observação e participação mais ativas feitas

por este pesquisador, se deu entre os meses de março a junho de 2009, quando

semanalmente era checado se teria havido alguma postagem ou voto de algum dos

membros das comunidades observadas.

Em nossa última visita as comunidades “Eu Odeio disciplinas Online” e “Odeio a

disciplina on-line!!!”, realizada no dia 30 de junho de 2009, constatamos que não houve,

mais uma vez, nenhum movimento por parte dos componentes no sentido de participar dos

fóruns ou mesmo da pesquisa sugerida. O único voto dado na enquete foi dado por este

pesquisador como estímulo para que outros votantes fizessem o mesmo, fato este que não

ocorreu.

Sendo assim, podemos compreender que o “silêncio” por nós observado pode ser

interpretado assim:

- Apesar destas comunidades terem sido criadas como uma forma de

protesto contra as disciplinas online e lá ser um campo aberto, fora do

universo acadêmico, para se discutir sobre o tema, a não participação dos

seus membros pode ser sinalizada como sendo uma falta de exercício

cultural e social em participar ativamente de uma manifestação livre do

pensamento com a que foi proposta pelas comunidades virtuais citadas;

- Que a explicação dada por alguns alunos sobre o desestímulo na

participação em fóruns nas disciplinas online seria, entre outros, pelo fato

de se debater com um “desconhecido”, já que não haveria qualquer

referência física, como uma foto, por exemplo, do colega com quem se

debate. No site de relacionamento do Orkut, onde estas comunidades estão

alocadas, esta afirmação não encontra respaldo, pois nas 2 pesquisadas

para este trabalho, todos seus membros são conhecidos pelos nomes e fotos

postadas. Mesmo assim, a participação de seus integrantes nos fóruns, e

nas enquetes propostas foi igual a zero durante o período de observação;

- Que participação de algumas pessoas nestas comunidades serve apenas

para sua promoção pessoal, através de uma visibilidade que o Orkut

oferece, ou que seria mais próximo da proposta inicial destas comunidades,

uma necessidade de pertencimento a um grupo contrário a esta nova

modalidade da EAD.

- A partir destas posturas de ausência de opinião nos elementos que se

cadastraram nestas comunidades, acreditamos que tal fato gerou um efeito

contrário a proposta inicial pensada pelos criadores das comunidades “Eu

Odeio disciplinas Online” e “Odeio a disciplina on-line !!!”, que era o de

discutir o por que as disciplinas online não são bem aceitas pelo alunado,

criando, a partir de justificativas e de uma não participação de seus

membros, um esvaziamento do pensamento inicial para a criação destas

comunidades.

4.2 – Professores – outro lado do link na educação online

O professor, este “imigrante digital” desta nova modalidade da EAD, e que durante

esta pesquisa foi alvo, muitas vezes, de críticas feitas por parte do corpo discente, foi

também ouvido para a composição deste trabalho, para que pudéssemos conhecer um

pouco de suas dificuldades, expectativas, frustrações e trabalho na modalidade online.

Dos seis docentes procurados por este pesquisador, que ministram disciplinas online

no Curso de Comunicação Social, nas habilitações de Jornalismo e Publicidade, apenas

três, através de uma entrevista (anexo 3) se propuseram em dar suas opiniões sobre o tema.

As únicas condições solicitadas por eles para que respondessem as perguntas que

compunham a entrevista, foram que a entrevista não fosse gravada e que as identidades dos

entrevistados fossem preservadas. Sendo assim, estes docentes serão identificados neste

sub-item desta dissertação da seguinte forma: Professor 1, Professor 2 e Professor 3.

Após uma leitura atenta das respostas dadas pelos professores, selecionamos as mais

representativas reproduzidas a seguir.

O que eles pensam sobre:

- A modalidade online:

Professor 1:

“Em teoria, acredito muito no ensino online, sobretudo no caráter pró-ativo do

aluno. Serve como um antídoto a uma certa passividade habitual que é encontrada,

em grande parte, nos alunos nas aulas presenciais. Alguns desses alunos se sentem,

numa sala de aula tradicional, muito confortáveis nesse papel passivo de mero

ouvinte, receptor de saberes ditados pelo professor”.

Professor 2:

“Nas aulas presenciais eu tinha a liberdade para debater temas que estivessem

acontecendo no momento. No online, os conteúdos já estão prontos e não podem ser

atualizados de uma forma mais rápida como numa sala de aula convecional”.

Professor 3:

“Uma diferença positiva acontece é nas as múltiplas possibilidades de utilização da

internet e dos links, com textos que permitem enriquecer bastante o ensino online

em relação às aulas tradicionais ns salas”.

- O processo de interação com o alunado durante as aulas:

Professor 1:

“O fluxo maior de debates entre mim e os alunos se dá com a proximidade das

provas e no período final, durante a entrega dos trabalhos.”

Professor 2:

“O que percebo em relação ao desempenho dos alunos, é que essa interação, no

geral, é recusada por grande parte dos estudantes. Parece-me, muitas das vezes,

que eles não se entusiasmaram muito com as possibilidades interativas de

aprendizado.”

Professor 3:

“Na prática, o que de fato acontece, é um certo marasmo, por parte dos alunos.”

- O papel do professor nas disciplinas online:

Professor 1:

“O papel do professor é o de estimular a participação e a interação”.

Professor 2:

“O foco do professor no online é mais de um incentivador na busca do aluno pelo

conhecimento, ao invés de ser apenas um distribuidor de conteúdos. Ele orienta a

leitura, explica os conteúdos através dos chats e dos fóruns”.

Professor 3:

“O lugar de dono incontestável do conhecimento, propiciado pela arquitetura da

sala de aula presencial, acaba se fragmentando no online”.

- Vantagens da modalidade online:

Professor 1:

“Nós perdemos, um pouco, a possibilidade de interação face a face. Por outro lado,

a possibilidade de propor trabalhos com reflexão e análise são um ganho e um

diferencial em relação às aulas presenciais”.

Professor 2:

“A metodologia online pode ser uma importante ferramenta de democratização do

conhecimento e da formação acadêmica das pessoas”.

Professor 3:

“Gostei bastante do desafio possibilitado pelo online, em aprender a construir

outras formas de conhecimento. Destaco também, embora ainda um pouco tímida

por parte dos discentes, a interação ocorrida com eles durante as aulas”.

- Desvantagens:

Professor 1:

“Um obstáculo que encontrei foi o fato de ministrar uma aula cujo conteúdo não

tenha sido produzido por mim. Isso me pareceu muito estranho. Às vezes, eu me

sentia muito mais um tutor do que um professor.”

Professor 2:

“O modelo adotado, pelo menos na minha disciplina, é bastante estático: as aulas

têm muito texto teórico, poucos recursos de multimídia e pouco espaço para a

participação ativa dos alunos. A estes, só cabe o papel de leitor dos conteúdos”.

Professor 3:

“Penso que ainda não conseguimos estabelecer, de fato, no online, uma

substituição à altura dessa relação quase de amizade entre professores e alunos, e

que existe nas aulas presenciais, que é o mais legal de nossa profissão. Ainda gosto

muito do contato olho-no-olho possibilitado pelo presencial”.

Como pode ter sido observado nas declarações dadas por estes professores, é que

pelo menos da parte do corpo docente não há, diferentemente do que foi apontado nos

discentes, um total descontentamento com a modalidade online.

Nestas declarações fica patente, que mesmo sendo um “imigrante digital”, e que em

alguns momentos sinta um pouco de saudades das aulas presenciais, como fica registrado

na fala do Professor nº 3: “Ainda gosto muito do contato olho-no-olho possibilitado pelo

presencial”, o professor das disciplinas online não descarta totalmente em trabalhar com

esta modalidade, acreditando, inclusive, que pode proporcionar bons resultados

acadêmicos, a partir da construção do conhecimento que esta modalidade não presencial

oferece.

Nos relatos verbalizados pelos educadores, pode-se confirmar algo em relação à

interação com os alunos e que já havia sido sinalizada quando esta pesquisa ouviu os

discentes. Foi destacado pelos professores que ela quase não existe, ou quando acontece,

ainda se manifesta de forma muito pontual, para saber de datas e conteúdos de provas e/ou

trabalhos a serem entregues.

Em relação às vantagens, os professores entrevistados veem com bons olhos a

modalidade online, principalmente pela possibilidade que ela oferece em relação a uma

expansão da educação para todos, independente de onde estas pessoas estejam localizadas e

o tempo disponível que elas tenham para estudar. Outro ponto destacado foi em relação à

consciência que o online é uma peça fundamental na construção do conhecimento, não só

do alunado, como também dos docentes.

Já no quesito desvantagens, as principais críticas feitas pelos professores ouvidos

são em relação ao conteúdo que não é preparado por ele e a dificuldade de atualiza-lo com

uma maior rapidez; a pouca ou a não existência, em algumas matérias de recursos de

multimídia, que acabam gerando, por sua vez um desinteresse pelo aluno em participar

ativamente da aula.

Para finalizar, vale destacar o que pensam os mestres sobre o seu papel nesta

modalidade não presencial e mediada pelo computador. Para eles, o foco acadêmico

trabalhado por eles deve estar direcionado exclusivamente para o aprendiz, que deve ser

estimulado a ter uma participação mais ativa, através de uma interação e de uma busca

constante do conhecimento.

Fica patente também que este professor que começa a trabalhar com o online

começa a deixar de lado a antiga e tradicional figura do professor como sendo o “dono”

exclusivo do conhecimento e do saber. Tal constatação pode ser compreendida na fala do

professor nº 3 que afirma: “O lugar de dono incontestável do conhecimento, propiciado

pela arquitetura da sala de aula presencial, acaba se fragmentando no online”.

A partir destas declarações prestadas pelos professores entrevistados, podemos

observar que com esta modalidade online, não surge apenas uma nova forma ensino e

aprendizagem, mas também nasce um docente que compreende a necessidade de se

reinventar e (re)descobrir qual é o seu papel não só de professor, mas também de aprendiz

em cursos ou disciplinas que têm como base à modalidade online.

5 – Disciplinas online: uma nova modalidade de ensino ou uma mera transposição das

aulas presenciais para a web?

Desde que a internet começou a fazer parte do cotidiano do ser humano, ela vem,

cada vez mais e intensamente, revolucionando o modo de ver, agir e pensar daqueles que a

utilizam no seu dia a dia. Esta utilização abrange os mais variados campos e espaços, sem

distinção de assunto, tempo e lugar.

Ela pode estar presente tanto na vida profissional da pessoa que a acessa para

qualificar o seu trabalho ou nos seus contatos pessoais e sociais feitos através de e-mails;

quanto na acadêmica, através de pesquisas em páginas eletrônicas de busca para

conhecimento e aprofundamento de um determinado tema.

Podemos encontrar ainda, o interesse na utilização da internet, nas associações em

grupos distintos sobre temas comuns que surgem em comunidades virtuais ou mesmo no

desejo de conhecer pessoas através de sites de relacionamentos voltados para ampliação do

círculo de amigos ou mesmo para começar um relacionamento afetivo.

Vale destacar ainda que ela também é um canal que serve para se postar mensagens

ou para a criação de, por exemplo, blogs ou fotologs que expressam momentos e

sentimentos acerca de determinados temas. Todo este movimento ocorre em função de

existir um local distinto para este fim. Local este conhecido como ciberespaço.

Lemos (2002) nos lembra que este é um ambiente onde há uma circulação de

discussões pluralistas, que reforçam as competências diferenciadas, podendo potencializar a

troca destas competências, gerando inclusive uma coletivação de saberes. Estes saberes,

que têm na educação um dos seus importantes pilares, podem levar a uma observância e

consciência mais atentas sobre o conhecimento.

A partir desta consciência, a educação à distância buscou uma nova forma de

transmissão de conhecimento capaz de ampliar o seu campo de (atua)ação. Campo este

agora, não mais utilizando apenas pelos veículos já conhecidos e testados na EAD, como os

impressos, o Rádio e a Tv, mas a partir de uma nova interface que transformou a visão

daqueles que tiveram acesso a esta nova modalidade de ensino, desta vez não só como

meros receptores de conhecimento, como aconteceu até então nos modelos tradicionais de

educação à distância, mas também, e principalmente, como co-autores da construção do

conhecimento.

Para que tal lógica se fizesse verdadeira, a educação iniciou primeiramente, seu

caminho nesta seara, a partir de cursos livres ou específicos, à distância, de curta duração,

na modalidade online.

Num segundo momento, este tipo de ensino chegou às universidades31, onde

algumas disciplinas do currículo comum, que eram dadas de forma presencial, migraram

para o online. Mudança esta que ganhou respaldo legal, através da portaria nº 2.253, de 18

de outubro de 2001, que ficou conhecida como a Portaria dos 20% (reformulada pela a de

nº 4.059/04, de 10 de dezembro de 2004), do Ministério da Educação e Cultura (MEC).

Apesar desta implantação de um novo modelo de ensino e aprendizagem, através de

disciplinas online nos cursos de graduação ter sido feita há menos de uma década, a

pesquisa realizada para esta dissertação identificou um sentimento de desapontamento dos

alunos com a modalidade online.

Este desencanto passa por vários canais que sinalizam os motivos para tal estado.

Um deles estaria ligado à maneira como este conhecimento é transmitido. O desencanto

discente não é relacionado pela utilização da internet ou muito menos pela transmissão feita

através da modalidade online, mas sim quanto à forma como ela é exposta para o aprendiz

durante as aulas.

Jonassen (1996) acredita que este equívoco acontece em função da prática

equivocada de transmissão feita pelo docente durante a aula online. Ele ressalta que esta

prática profissional mal executada pelo professor leva, muitas vezes, o discente a praticar

um ato repetitivo de virar as páginas eletrônicas ou responder mecanicamente os exercícios

propostos, sem uma compreensão mais profunda do que está sendo proposto.

Em função deste equívoco, este tipo de exercício acadêmico repetitivo e mecânico

como vem sendo estimulado por alguns docentes na modalidade online, poderia estar

formando analfabetos funcionais, onde o aluno só faz o que lhe é indicado ou só responde

aquilo que lhe é perguntado, sem compreender efetivamente o que está sendo solicitado e

questionado sobre o tema proposto durante uma aula não presencial.

31 Atualmente, além das disciplinas online, existem cursos de graduação ministrados totalmente à distância e mediados por computador. Entre eles Serviço Social, Pedagogia, Educação Física e Enfermagem.

5.1 – A insatisfação do alunado

A pesquisa, através do questionário aplicado entre os 120 alunos do curso de

graduação de Comunicação Social, confirma um dos objetivos deste trabalho, ou seja, que

há insatisfação por uma grande parte do corpo discente em relação às disciplinas online,

principalmente pela maneira de como elas foram implantadas na instituição de ensino

pesquisada e também, como estão sendo apresentadas no dia a dia acadêmico deste

alunado.

Estudiosos sobre o tema como Steil, Pilon e Ken (2005) lembram que uma

imposição feita para os estudantes, principalmente de novos métodos tecnológicos que

ainda não são dominados por eles, pode produzir sentimentos importantes e relevantes

como a ansiedade e o desconforto.

Esta insatisfação também é sinalizado no pensamento de Ocker (2001). O teórico

sugere que antes da implementação de novas tecnologias de comunicação educacionais, se

faz necessário conhecer o que pensam os alunos sobre o assunto, pois caso isso não

aconteça previamente, podem acabar ocorrendo possíveis rejeições, como foi constatado

durante esta pesquisa, na instituição pesquisada.

Conhecer o que pensa sobre a implantação de novos projetos educacionais que

atinjam diretamente o público-alvo, no caso o alunado, é fundamental para que se

estabeleça uma melhor relação de interação entre a academia e o corpo discente, e que crie

não uma rejeição, mas uma motivação em conhecer e explorar as novas possibilidades de

ensino e aprendizagem.

É importante salientar que este aluno que sente um desconforto diante das

disciplinas online não é um mero aprendiz desta nova tecnologia de comunicação e

informação ou mesmo um “imigrante digital”. Muito pelo contrário. Seu conhecimento da

área, desde a mais tenra idade, o leva a ser considerado um “nativo digital”, que há anos

posta-se diante de um computador ligado a internet, tanto para uso profissional, quanto

como uma forma de entretenimento, além da realização pesquisas acadêmicas e/ou

pessoais, ou mesmo ainda para man(ter) relacionamentos sociais. Sendo assim, as críticas

oriundas deste ator acadêmico devem ser bem analisadas e avaliadas pelas instituições de

ensino na hora da implantação ou oferecimento da modalidade online, em sua grade

curricular.

Este quadro de descontentamento ficou visível em vários resultados obtidos neste

trabalho dissertativo, principalmente, após a tabulação feita na pesquisa com os 120 alunos

de Jornalismo e Publicidade, onde as opiniões negativas sobre o tema deixam bem claro

este sentimento de desconforto.

Uma das críticas mais ácidas e preocupantes observada durante toda a pesquisa, foi

em relação à interação do alunado com o professor, um personagem responsável por, entre

outras coisas, incentivar e estimular a participação do alunado durante as aulas online, mas

que, segundo as respostas dadas pelos discentes, durante a aplicação do questionário e no

grupo focal, este profissional dificilmente cumpre o papel designado a ele, na relação de

uma interação mais ativa entre docente-discente em uma disciplina online.

Na visão dos aprendizes, o professor que não interage ou estimula uma maior

participação com os alunos, torna-se um mero “operário digital”, já que ele faz um trabalho

rotineiro, sem muito estímulo e consciência de sua importância acadêmica em toda esta

nova forma de educação à distância. Penteado (2000) vê o professor deve ser um parceiro

na concepção e condução das atividades propostas pelas TICs e não como um mero

espectador ou mesmo executor de tarefas.

Cabe a este professor ter uma atuação mais incisiva e presente no processo de

interação com o aprendiz durante as aulas mediadas pelo computador, levando o aluno a

participar mais ativamente de um ambiente que a princípio não lhe é muito familiar, se

consideramos a prática de ter aulas pela internet, mesmo sendo um “nativo digital”.

Este “desconhecimento”, que aparentemente esboça uma contradição, devido à

origem digital do aluno, surge pelo fato deste discente ter sempre estudado na modalidade

presencial até quando, de forma impositiva pela instituição de ensino a qual ele pertence,

pela primeira vez é apresentado às disciplinas online em seu curso de graduação

profissional. Um mundo novo e aparentemente desconhecido para ele, no qual, num

primeiro momento, teme por não dominar as técnicas e as interfaces, como já faz em outros

campos do ciberespaço.

Com isso, o que seria um diferencial fundamental entre o online e o presencial,

acaba afastando ou minimizado o interesse de futuros participantes neste novo modelo de

ensino e aprendizagem, que utiliza as novas tecnologias de informação e comunicação

como mais um canal de conhecimento e discussão, já que pode compartilhar, ao mesmo

tempo ou em momentos diferentes, o pensamento de seus integrantes.

Garcia (2008) reforça a importância da participação do professor online para

aceitação e participação do alunado neste rito de passagem, explicando que ele sendo

convocado para participar cada vez mais e ativamente deste novo processo, onde os meios

eletrônicos de comunicação fazem parte de idéias e ideais colaborativos. Vale destacar que

este docente não pode mais ter uma postura omissa diante desta nova realidade, visto que

ela se torna cada vez mais presente no dia a dia dos cursos de graduação, através das

disciplinas online ou mesmo de forma integral.

5.2 – Quem é este novo docente na modalidade online?

Alvo de inúmeras críticas feitas durante a elaboração deste trabalho, seja no

questionário realizado com os alunos, seja nos pensamentos emitidos pelo corpo discente

quando da participação no grupo focal, o professor que vem ministrando aulas nas

disciplinas online, vive uma metamorfose profissional nunca antes vivida e pensada por

esta categoria profissional.

Habituado a ser o centro das atenções em uma sala de aula tradicional, onde, de sua

figura era emanada todo o poder absoluto do conhecimento, o professor se vê obrigado, a

partir do momento que é requisitado a ministrar as aulas online, a repensar, rever e

reconstruir o seu papel de educador e transmissor exclusivo do saber, características suas,

até então exclusivas, numa aula presencial.

A primeira mudança que é notada por ele, acontece no campo do real. Se antes a

presença do professor, em uma sala de aula, era uma referência física para os alunos, a

partir desta nova modalidade de ensino e aprendizagem mediada pelo computador, ela

desaparece e passa a ser limitada a apenas ao seu nome dele na tela de um computador.

Neste momento ocorre a primeira grande mudança na realidade acadêmica deste professor:

a sua transferência do real para o virtual.

Com este novo status, ele poderia ter uma maior liberdade e autonomia para,

possivelmente, conhecer melhor o que pensam e como participam seus aprendizes diante

das suas provocações acadêmicas, mas em função de uma prática equivocada, acabou

transformando-se em um desconhecido para o seu alunado virtual, mesmo para aqueles que

tiveram anteriormente disciplinas presenciais com ele.

A partir da modalidade online, o professor não vê mais fisicamente os seus alunos e

vice-versa, e a partir desta nova realidade, ele necessita modificar a didática ao ministrar

uma aula. Um bom exemplo desta reformulação seria um questionamento feito pelo

professor para seus discípulos durante uma aula online. Nesta modalidade, a resposta não

precisa ser mais respondida dentro de um determinado tempo como acontece na aula

presencial, já que ela pode ser dada, na não presencial, de forma síncrona ou assíncrona.

Por trabalhar mais diretamente com pergunta-resposta diretas, o professor que

ministra aulas presenciais, por exemplo, sabe que o silêncio momentâneo da turma diante

de uma pergunta lançada pelo professor sobre um determinado tema pode assim, como no

online, acontecer. Porém, a vantagem de estar face a face com o alunado, este professor

pode criar um certo estímulo para que a turma interaja mais rapidamente na aula. Este

incitamento pode vir, por exemplo, com uma pontuação extra para o que responder mais

rápido e/ou corretamente a pergunta feita ou quando este professor, através de jogos, sinais

ou breves dicas sugere qual seria a resposta correta.

O professor que ministra aulas em uma disciplina online, onde a ausência física

pode levar, em alguns momentos, a uma participação pífia na interação com e entre seus

alunos, deveria repensar suas estratégias de atuação, não só no momento de suas postagens,

mas também nas convocações feitas para o alunado para uma atuação mais participativa,

oferecendo a eles algo atrativo, alguma “sedução” que chame o aluno a ter um

envolvimento neste processo educacional.

Vale ressaltar que, apesar de ser um dos principais responsáveis, segundo a visão

dos alunos, pelo desencantamento deles pela modalidade online, o professor que ministra

este tipo de aula não presencial tem a seu favor, a explicação social dele nunca ter sido,

como o alunado, um “nativo digital”, mas sim, um migrante, e algumas vezes principiante,

nesta área.

Esta migração vem acontecendo, pelo menos na área profissional de atuação do

professor, de uma forma mais lenta do que ele conhece e vive em seu dia a dia como

cidadão, onde, através de senhas eletrônicas, cartões magnéticos e chips, ele gerencia seus

afazeres e responsabilidades de cidadão.

A passagem para este novo mundo educacional, onde, em muitos casos, ele não tem

uma preparação mais ampla para este fim, levaram-no de certa forma, neste novo processo

educacional de ensino e aprendizagem, a ser um aprendiz da cibercultura, posição esta que

se apresenta um pouco contraditória, com o seu status de professor, já que nela ele irá

trabalhar com um discente, que deveria estar no papel de aprendiz, mas que diante deste

ainda desconhecido mundo digital para o professor, este aluno já é mestre.

Diante da real situação que foi legada a este docente, a de se transferir de uma hora

para outra, de um papel já antes conhecido de professor presencial, para um mestre que, a

partir de agora ministra suas aulas via internet e pelo computador, levou-o, neste processo,

a se sentir perdido e sem um norte acadêmico diante deste admirável mundo novo surgido

no ciberespaço.

Para que este professor encontre um caminho acadêmico correto para sua

atualização e conhecimento sobre esta área, faz-se necessário estar, profissionalmente,

atualizado, não só digitalmente, mas também com o vocabulário e as novidades da área,

conhecendo mais detalhadamente as interfaces que o auxiliarão a ter um maior domínio

sobre o assunto, ampliando assim, as possibilidades de interação com seus alunos.

Diante desta nova concepção de ensino e aprendizagem, foi observado nesta

pesquisa, que há um determinado grupo de docentes que se recusam em lidar com a nova

modalidade de ensino mediada através das tecnologias de informação e comunicação. Fato

este que se torna, sob o ponto de vista da online, algo preocupante. Tal afirmação encontra

respaldo, como foi mostrado no capítulo anterior, na pesquisa realizada em 2008, pela

UNESCO, em 27 estados brasileiros, onde foi constatado que quase 60% dos professores

não navegam pela internet, local de onde eles poderiam não só ter acesso às novas

informações, como também utiliza-la para sugerir links em suas postagens sobre

determinados temas de estudos para o seu corpo discente.

O hábito de não sugerir para seus aprendizes a internet como campo de pesquisa e

aprendizado, pode confirmar que a figura do professor presencial ainda ocupa fortemente a

metodologia de trabalho deste docente que foi “transferido” para a modalidade online, visto

que, por exemplo, no presencial, quando ele orienta seus estudantes a fazerem uma

pesquisa, na maioria das vezes, o que é sugerido é que ela deve ser feita através de livros

e/ou textos.

Esta pesquisa refuta a idéia de que este professor que não se interessa em navegar

pela internet, não a possa sugerir como fonte de pesquisa para seus alunos. A idéia de

sugeri-la para seus aprendizes como fonte de aprendizagem e pesquisa não se torna, para

ele, prioritária ou mesmo compartilhada com outros campos de informação.

Sobre esta realidade, Silva (2007) nos lembra que o professor, antes de enfrentar

esse desafio, ou seja, de deixar de pensar exclusivamente como um docente inserido apenas

na modalidade presencial, deve começar concomitantemente a pensar, agir e atuar como um

professor online, onde o seu papel, de acordo com a sua proposta acadêmica, pode sugerir

múltiplas possibilidades na construção do conhecimento.

Se a superação da descrença frente ao que está diante de seus olhos não for feita de

uma maneira rápida e consciente, ele corre o risco de ficar à margem da evolução

tecnológica e histórica que vive a educação brasileira na primeira década do século XXI.

Para aqueles professores que já se encontram inseridos, aparentemente, sem nenhum

problema com as novas TICs e já trabalham com elas sem nenhuma restrição à modalidade

online, o processo de ensino-aprendizagem já estaria completo, caso não fosse sinalizado,

por alguns destes docentes, uma insatisfação em relação a sua participação neste novo

processo educacional.

Numa disciplina online, como já foi explicado no primeiro capítulo desta

dissertação, há a figura do professor conteudista, profissional responsável em inserir o

conteúdo, os textos e as informações necessárias que darão base para o aprendizado do

aluno que está matriculado em uma matéria não presencial e mediada pelo computador.

Existe também nesta nova seara educacional a figura do tutor, profissional, que não precisa

necessariamente ser um profundo conhecedor da disciplina pela qual fica responsável, e

onde também gerencia as dúvidas dos alunos em relação a determinadas questões.

É a partir desta duplicidade de funções (conteudista e tutor) é que o professor

alocado em uma disciplina online sente um certo desconforto. Este mal-estar acadêmico é

provocado a partir de algumas constatações observadas por alguns professores que

ministram disciplinas online e que foram entrevistados para este trabalho.

Um primeiro incômodo ocorre diante do conteúdo previamente postado por um

professor conteudista. O docente, não necessariamente transformado em tutor, responsável

em trabalhar este conteúdo diretamente com a turma e com quem vai interagir durante as

aulas, não pode, a partir do conteúdo postado, criar, ampliar ou mesmo atualizar algo Isto

acaba limitando o trabalho deste docente online que irá lidar exclusivamente com os alunos

online. Esta convivência online lhe dá informações necessárias para conhecer melhor os

temas que podem levar a boas discussões acadêmicas com os aprendizes. Toda esta

informação adquirida acaba se tornando infrutífera, já que ele não pode alterar o que foi

postado pelo professor conteudista, um profissional que colocou informações neste sistema

educacional, sem ao menos conhecer as necessidades, expectativas acadêmicas e perfil da

turma.

O segundo incômodo decorre da dúvida sobre qual seria o real papel que o professor

online vem desempenhando no seu dia a dia como docente. Embora saibam que não são

simples tutores, alguns professores acreditam que sua participação neste novo processo

educacional da EAD teria sido reduzida a este status.

Muitos deles, embora, venham atuando como professor estimulador, de uma

participação mais ativa durantes as aulas online, acreditam que poderiam ser melhores

aproveitados se pudessem participar com mais consistência acadêmica, ultrapassando a

fronteira das poucas interfaces de comunicação que a eles são destinadas, como por

exemplo, a participação em fóruns de discussão ou troca de idéias em chats. Estas são

interfaces que boa parte os alunos dificilmente utiliza para a construção do conhecimento,

preferindo na maioria das vezes, utilizar estes espaços para tirar dúvidas não sobre o

conteúdo postado, mas a respeito, por exemplo, da data de prova ou o prazo de entrega de

trabalhos solicitados. Respostas estas que qualquer pessoa que esteja inserida no sistema

online, inclusive um tutor, poderia prontamente responder.

Como pôde ser observado há uma certa indefinição sobre qual seria o verdadeiro

papel do professor nas disciplinas online. É fato que existe um professor conteudista, como

já foi dito antes, mas a dúvida recai sobre aquele que administra este conteúdo para os

discentes com quem trabalha virtualmente.

Este professor se vê somente no papel de retransmissor de um conteúdo que não foi

elaborado por ele ou sua função seria apenas a de estimular a interação entre os discentes e

responder as dúvidas oriundas destes alunos?

Esta questão surge a partir do instante que ele deixa de ser responsável pelo seu

próprio programa de aula, como acontece na modalidade presencial, e passa a administrar o

que já lhe é entregue como um pacote fechado, sem direito a sugestões, interferências e/ou

modificações que ele ache importantes e necessárias para a facilitação do aprendizado.

Em função do exposto, outros questionamentos vêm à tona a respeito deste

profissional que trabalha com uma educação à distância mediada pelo computador.

São elas:

- Se ele não é o professor conteudista, já que não contribui para o conteúdo

sobre o que é postado, qual seria sua real função neste novo processo

educacional da EAD?

- Como seria denominado? Professor adjunto? Professor auxiliar? Tutor

acadêmico?

- Além de ter funções como mediador de fóruns de debates, solicitador de

trabalhos e um agente participativo em chats com os alunos, quais seriam

as outras atribuições que este professor poderia exercer para a aumentar a

sua participação acadêmica neste novo modelo da EAD?

- Além do conteúdo prévio já postado, este professor que está, através das

aulas online, periodicamente em contato com o alunado, poderia, vez por

outra, alterar este conteúdo, atualizando-o ou mesmo sugerindo a inclusão

de assuntos que estimulem mais a participação dos discentes?

Estas e outras perguntas se fazem pertinentes para que se (re)conheça este

profissional como agente participante deste modelo de ensino transmitido pela modalidade

online.

É importante também, que ele se torne um dos personagens principais desta recente

história acadêmica surgida a partir do ciberespaço, e de onde, até o momento, ele vem

participando, como um mero coadjuvante neste novo processo de ensino e aprendizagem na

EAD.

5.3 – Interagir: verbo difícil de se conjugar online

Como já foi exposto nos subitens anteriores, a dificuldade de interação na

modalidade online entre professor e alunos pode ser uma das causas que venha trazendo um

certo desconforto na aceitação nesta nova forma de ensino e aprendizagem não presencial.

Pelo menos é o que pode ser constatado, a partir da tabulação realizada após pesquisa

realizada com os 120 alunos para este trabalho. Hipótese esta que foi confirmada, depois de

ouvirmos nove discentes em um grupo focal formado para esta dissertação, onde a falta de

interação com o professor foi à reclamação quase que uníssona, feita pelos estudantes

ouvidos.

Mas será que a culpa desta ausência de interação só recairia sobre o docente, que

segundo relatos obtidos para este trabalho, está ausente nos momentos em que o aprendiz

necessita dele? Se esta pesquisa tivesse um viés tendencioso, a resposta seria: sim. Porém,

com a preocupação de tentar entender o porquê interagir é um verbo pouco conjugado nas

disciplinas online, este trabalho procurou outras fontes de pesquisa e observância para ver

e/ou confirmar que o único responsável pela não interação seria apenas (grifo deste

pesquisador) do professor.

O primeiro resultado que obtivemos e que explica não ser de exclusividade do corpo

docente a falta de interação entre as partes (aluno e professor) durante esta nova

modalidade de ensino na EAD, veio com o resultado da pergunta feita sobre este tema no

questionário. Embora 49 alunos, num universo de 120 pesquisados para esta dissertação,

admitam que a interação seja ruim com o professor, este número sobe, entre seus pares,

(aluno-aluno) para 82, ou seja, a proporção da falta de interação entre os alunos cresce

quase 50% em relação aos que alegam não tê-la com o professor na disciplina online.

Observa-se então, na frieza dos números, que o problema de uma comunicação mais

ativa durante as aulas não presenciais, não é uma exclusividade da apatia ou falta de

interesse somente do professor em querer participar deste processo comunicacional, como

sempre alegaram os discentes durante este trabalho dissertativo, mas também e

principalmente, por um desejo consciente do alunado de não querer interagir, mesmo entre

seus colegas de disciplina. Isto pôde ser confirmado nas respostas dadas, quando

perguntados se havia uma interação entre os discentes nas disciplinas online. A resposta foi

que 67, dos 120 alunos que participaram desta pesquisa, nunca interagiram com seus

colegas durante as aulas.

Esta não participação voluntária se confirma, quando escolhemos um outro objeto

de pesquisa e estudo para este fim: as comunidades virtuais que tratam sobre o tema e que

estão localizadas em sites de relacionamento. Para tanto, foram escolhidas duas localizadas

nas páginas do Orkut.

Num primeiro momento, como já foi relatado no capítulo anterior, tivemos a

postura de observadores e, posteriormente, nos tornamos integrantes delas para entender se

esta falta de interação se dava apenas nas disciplinas online ou se também ela era extensiva

a um grupo comunitário criado virtualmente e que o aluno se associa livremente. No

processo observação participativa, descobrimos que mesmo estimulados por este

pesquisador, através de provocações pertinentes sobre o tema, nenhum dos seus membros

interagiu nos fóruns propostos, cujo tema versava sobre a rejeição às disciplinas online.

Tal desmobilização nos levou a constatar que existe uma falta de interação por parte

dos alunos, até mesmo em um ambiente onde não há a presença virtual do professor e uma

postura acadêmica, e onde também, ele poderia expressar livremente, sem medo de uma

punição, o seu pensamento sobre as disciplinas online.

A partir desta constatação, observou-se que a prática de não interação com o

professor pode ser um hábito que advém das aulas presenciais, onde o docente é

considerado o senhor absoluto do poder, do conhecimento, da razão e do saber e que não

deve ser criticado ou contradito, principalmente por aqueles seres sem luz, o aluno. Paulo

Freire (1979), alerta que nas aulas presenciais, o professor ainda é considerado um ser

superior, que ensina a seres ignorantes, e que estes recebem, passivamente, sem

questionamentos os conhecimentos do educador.

No que tange a ausência de uma interação com os colegas nas aulas online,

acreditamos que as causas estejam relacionadas à cultura do silêncio, imposta pelo

professor durante sua explanação oral em uma sala de aula tradicional, onde a conversa,

entre colegas de turma, mesmo quando falam sobre o tema exposto, seriam motivos de

censura por parte do docente.

Esta censura aconteceria em função de uma interferência e interrupção, por parte do

alunado, no pensamento do professor-ditador presente na sala de aula tradicional. Este

status de professor-ditador se manifesta não só pela sua função de transmissor exclusivo do

conhecimento, mas também pela sua figura de uma autoridade máxima que ele exerce a

punição para aqueles que o contrariam em uma sala de aula.

Possivelmente, em função desta postura soberana e censora que o professor na

modalidade presencial representa ainda para muitos discentes, impedindo que os alunos

interajam livremente com o próprio docente ou mesmo com os colegas, pode estar levando

a um comportamento igual e também inibitório dos discentes na hora de interagir durante as

disciplinas na modalidade online.

É fato, e o aluno tem consciência disso, que na educação à distância mediada pelo

computador, a figura do professor real, inexiste. Porém, não podemos esquecer que, mesmo

tendo, através das TICs, esta consciência visual da virtualidade, este aprendiz, antes de

chegar à universidade, onde é apresentado pela primeira vez às disciplinas online, teve uma

formação acadêmica feita de forma totalmente presencial, forjada em salas de aulas

tradicionais.

Esta transferência da figura do real para o virtual do professor-ditador tem sido feita

de forma lenta e gradual, bem diferente da velocidade que nos impõe as novas tecnologias

de informação e comunicação, principalmente àquelas que surgiram na última década do

século passado e nos primeiros anos do século XXI.

5.4 – Outros “ruídos” que se fazem presentes na modalidade online

Outros elementos que deveriam ser pontos de estímulo para a aprendizagem na

modalidade online podem estar tendo também a sua parcela de responsabilidade por uma

possível rejeição do alunado a este novo modo de transmissão do conhecimento. Esta

constatação foi feita a partir dos resultados obtidos para esta dissertação, tanto na pesquisa

realizada com os alunos na instituição de ensino superior, quanto no grupo focal reunido

para este trabalho.

Pontos como uma difícil acessibilidade às aulas pela internet; a ausência de um

computador caseiro e/ou no local de trabalho, obrigando o aluno a ter que se deslocar até à

universidade para acessar as disciplinas online; a postagem de textos desinteressantes e

demasiadamente extensos pelo professor conteudista; falta de links que remetam o aluno

para interfaces multimídias ou ainda a necessidade de se fazer provas presenciais, são

alguns dos itens que foram apontados pelo alunado, como os motivos que estariam levando

a uma rejeição cada vez maior as aulas mediadas pelo computador.

É importante entender que para que esta situação se reverta, Santos (2009)

recomenda que quando se planeja uma aula online, deve se lembrar que o computador, uma

das principais interfaces deste novo processo educacional, onde se pode interagir a partir de

imagens, sons e textos plásticos.

Quando isto acontece, acaba se intensificando o estímulo e a participação do

alunado, já que ele começa a partir deste processo, a construir o seu conhecimento. Papert

(1986) reforça este pensamento, explicando que essa construção se dá através do interesse e

pelo envolvimento afetivo que aprendiz demonstra ter, tornando-a cada vez mais prazerosa

esta interação.

Este processo de descobertas e vantagens que a modalidade online pode trazer como

um novo caminho para a EAD encontra, em alguns momentos, desvios que reforçam o

olhar de desconfiança do aluno em relação a este novo modelo de transmissão de ensino e

da aprendizagem através da web.

Se por um lado às vantagens de temporalidade e espacialidade são destacadas pelos

alunos como vantajosas e positivas em relação às disciplinas online, por outro, o fato de

obriga-lo ir até à faculdade, a cada bimestre, para responder em um laboratório de

informática, as questões de uma prova presencial, geram neles uma certa desconfiança em

relação à qualidade, a necessidade e a importância de ter esta nova modalidade de

aprendizagem e ensino em sua grade curricular.

A dúvida que se instala nas mentes estudantis, em relação a este processo

aparentemente contraditório, é a seguinte:

Se as aulas são online, por que as provas são presenciais?

Esta dúvida aumenta, a partir do momento que ele descobre que estas avaliações só

podem ser feitas nos computadores instalados nos laboratórios localizados nos campi da

instituição de ensino superior na qual ele está matriculado. Lá, além de ter que se deslocar

até este espaço físico reservado para este fim, o aluno observa que as provas são feitas no

computador, de forma online e com direito à consulta aos textos postados durante o

semestre pelo professor conteudista. Ou seja, a preocupação que a instituição poderia ter

em relação a qualquer tipo de consulta que o aluno pudesse fazer em casa ou no trabalho se

prova fosse feita em casa, de forma online, se torna nos laboratórios de informática, nos

campi da universidade, uma prática permitida e institucionalizada.

O texto postado pelo professor conteudista para os aprendizes que possivelmente

seria um outro pólo de atração ou chamariz para o alunado participar mais ativamente das

disciplinas online acaba, durante estas aulas não presenciais, surtindo um efeito contrário: o

de rejeição e apatia na hora de sua leitura e estudo.

As justificativas para tal postura não faltam. Elas vão desde o fato destes textos

serem muitos extensos, e que por conseqüência, acabam gerando um cansaço visual e

postural na hora da leitura, já que o aluno terá que lê-lo, por muito tempo, em frente ao

computador, até à qualidade da informação presente nos conteúdos. Alguns discentes

entrevistados acham-nos confusos, distantes da disciplina ou mesmo com um linguajar

muito rebuscado, que dificulta a compreensão, fato este que não atrairia uma quantidade

maior de alunos para sua leitura.

Em relação à extensão (muitas páginas para páginas a serem lidas), alguns discentes

relataram que por não poder e/ou não querer ficar muito tempo diante do computador

lendo-as, acabam imprimindo-as.

A partir desta prática de impressão, além de terem um alto gasto de material e

tempo, o aprendiz não vê razão para a postagem dos textos, já que ele (aluno), ao imprimi-

los, em lugar de lê-los na tela do computador, acaba retornando involuntariamente a uma

antiga prática das aulas presenciais, ou seja, fazer fotocópias do material sugerido pelo

professor. Para o alunado, os textos que eles têm a obrigação e necessidade de ler para

discussão, em um fórum ou para as provas, deveriam ser mais sucintos e objetivos, para

que, assim como é a proposta das disciplinas online, o estudante tivesse uma otimização de

tempo em sua leitura.

Outra queixa sobre o material postado durante as aulas online é que eles não teriam

links que os levassem a outros textos que os complementariam, que dessem uma outra

visão sobre o assunto ou mesmo ampliasse a construção do conhecimento do aluno. Os

textos que aparecem como leitura para os estudantes, ainda possuem, segundo os alunos

participantes desta pesquisa, um tipo de informação “estática”, já que não é atualizada

constantemente, como deveria ser em determinadas disciplinas que possuem informações

novas a cada semestre, e que, por algum motivo, não são acrescentadas as já existentes.

Santos & Silva (2009) lembram que é comum encontrar na modalidade online textos

lineares, que servem, na maior parte dos casos, apenas como fonte de informações e leitura

para realização de exercícios individuais.

Há, por fim, uma necessidade de se ter um olhar mais atento sobre o papel de alguns

elementos apresentados neste capítulo e que são vistos como entraves para o

reconhecimento e qualidades da inserção das disciplinas online na grade curricular dos

cursos der graduação.

Este repensar e modificação de alguns pontos podem gerar um ganho não só de

simpatia e estímulo, mas também um desejo de participação cada vez mais efetiva e afetiva,

tanto por parte dos alunos quanto dos professores, nesta nova modalidade de ensino da

EAD mediada pelo computador, via web.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluirmos esta dissertação, observamos que o resultado final obtido na

pesquisa foi altamente positivo. Procuramos conhecer o grau de satisfação e/ou insatisfação

dos alunos em relação às disciplinas oferecidas na modalidade online, em um curso de

Comunicação Social.

Consideramos positivo o farto volume de informações e dados colhidos durante a

realização das entrevistas com os professores, de questionários junto ao alunado, da

mediação no grupo focal com discentes matriculados em disciplinas online ou mesmo

durante o período em que este pesquisador esteve, num primeiro momento, no papel de

observador passivo e posteriormente, como um participante ativo, em comunidades de

relacionamento criadas na internet e que discutem sobre o tema-base deste trabalho. A

positividade também foi explicitada nas opiniões e posturas dos corpos docentes e

discentes, sobre esta nova modalidade de ensino e aprendizado da EAD.

Um das contradições que logo nos chamou a atenção, foi a da rejeição verbalizada

por muitos alunos, no tocante às disciplinas online oferecidas na instituição de ensino

pesquisada. Mesmo sendo nativos digitais estes alunos, no momento que são levados a ter

aulas mediadas pelo computador, de forma mais cômoda e prática, as rejeitam, preferindo,

na maioria dos casos, estudar em uma sala de aula tradicional e ter um contato físico com

seus colegas e professores.

A insatisfação alegada por muitos durante suas participações nas aulas online vem,

principalmente, pela ausência da presença real e da falta de contato físico que uma sala de

aula tradicional existe para àqueles que lá estudam durante um período letivo. Contato e

presenças físicas que observamos também inexistir, quando estes mesmos alunos não têm,

quando estão em pleno lazer, teclando com seus pares diante do computador, onde

dialogam, por exemplo, em chats ou em um programa de mensagens instantâneas, como o

Messenger, onde o real é substituído automaticamente pelo virtual.

É fato que nestes lugares, aqueles que teclam entre si, num primeiro momento, se

conhecem, mas isto não é regra, pois sempre haverá um “desconhecido” querendo

conversar ou participar de um bate-papo, e que invariavelmente é aceito. Esta mesma lógica

(do diálogo com o desconhecido) pode funcionar muito bem nas disciplinas online, onde há

e haverá sempre colegas conhecidos ou não, fator este que não impede uma primeira troca

de mensagens. Basta que o aluno que critica este nível de “desconhecimento” visual

característico da disciplina online, aceite sem muitas reservas o colega de turma, assim

como ele o faz com um desconhecido quando está em seus momentos de descontração

virtual.

Esta queixa da ausência física evidenciada pela maioria, perde força, quando

lembramos dos diálogos e das interações sociais feitas por estes alunos quando estão no seu

momento de entretenimento. Porém, há de se observar também, que todos os alunos que

hoje em dia estão matriculados em disciplinas online, onde o contato acadêmico só se faz

através do computador, seja com o colega ou com o professor, tiveram, desde os seus

primeiros anos escolares até a os dias de hoje na sua atual formação acadêmica-

profissional, a modalidade presencial como referência de ensino. Para eles, este novo

momento, aulas online, é realmente novo, apesar de como foi destacado, já conhece-lo num

outro contexto fora do ambiente escolar.

Um caminho para que as aulas oferecidas nas disciplinas online começassem a

ganhar uma simpatia, seria a implantação das aulas semipresenciais onde, em determinado

dia da semana, o aluno comparecesse no campus, para compartilhar o espaço físico tanto

com o docente, quanto com os colegas que dividem a tela do computador com ele. Este tipo

de contato real ajudaria não só na propagação de idéias, como serviria de referência visual

na hora que eles estivessem participando das aulas através do computador.

Um outro personagem que nos chamou a atenção pela sua postura contraditória, foi

o professor. Nele, não foi verificado, num primeiro momento, como ocorreu com os

alunos, um certo desconforto por estar participando deste novo momento que a EAD vem

proporcionando à academia.

Se por um lado, este professor não se nega a participar deste processo educacional,

seja por acha-lo interessante, instigante e estimulante profissionalmente, por outro,

observou-se nas entrevistas feitas com o corpo docente, que vários se declaram saudosos do

“olho-no-olho” próprio do presencial. Uma sensação bem diferente da “frieza” que eles

sentem quando ministram suas aulas diante de uma tela de computador, e onde só

conseguem dialogar com seus alunos através de um monitor, um teclado e um mouse. Vale

lembrar que este professor, assim como o alunado que tem rejeição pelas disciplinas online,

este docente foi formado academicamente em salas de aula tradicionais, onde, as presenças

do docente, do quadro negro e do giz foram, e em alguns casos ainda são, ícones de uma

forma eficiente de transmissão do conhecimento.

Há ainda na formação profissional deste professor um agravante: ele é um

“imigrante digital”. Este docente encontra-se migrando, há pouco tempo, da modalidade

(presencial), onde dominava as ferramentas quadro negro, giz, texto e voz, para uma nova

forma de transmissão (online), onde começa a dar os primeiros passos em um território

ainda pouco explorado e conhecido por ele. Para que este rito de passagem se torne menos

traumático, a instituição de ensino, onde ele realiza seu trabalho, deve ter a preocupação de

oferecer cursos de formação e atualização. O professor precisará de formação específica

para educar no ciberespaço, para mediar a aprendizagem do corpo discente “nativo digital”.

Outro ponto detectado nesta pesquisa, que se refere ainda ao professorado, diz

respeito a sua colocação nesta nova modalidade educacional. A partir de agora ele é

convidado a migrar da transmissão do conhecimento no estilo Um-Todos, para a interação

Todos-Todos, onde a construção do conhecimento faz parte deste universo comum a seus

participantes.

Para finalizar, chamamos a atenção para um item que consideramos importantíssimo

para a melhoria na aceitação da modalidade online, principalmente pelos discentes que têm

por ela pouco apreço e simpatia: uma interação mais ativa entre professor-aluno e aluno-

aluno participantes da disciplina online. Nenhum relacionamento se estabelece, seja ele no

presencial ou à distância, se não houver uma boa interação entre as pessoas.

Em função deste “silêncio virtual”, muita coisa se perde neste processo, entre elas a

não construção do conhecimento, que surge e se desenvolve através da interação promovida

por esta nova modalidade da EAD.

Técnicas e estratégias devem ser implementadas para que haja uma participação

mais efetiva de seus participantes, caso contrário o desestímulo e apatia que hoje se

manifestam durante as aulas presenciais, e que encontra uma continuação nas online, pode

aumentar em uma progressão geométrica o distanciamento e o desestímulo de participar

deste novo caminho acadêmico apresentado pela EAD.

A modalidade online não é melhor ou pior se comparada à presencial. Cada uma

tem suas características próprias. Coube a nós, mostrar os problemas e possíveis soluções

apontados por aqueles que trabalham e estudam através da internet.

Sabemos também que esta dissertação não encerra aqui a discussão sobre este

assunto. Com certeza, muito ainda será debatido e pesquisado em futuros trabalhos que

escolherão este tema como base de estudo.

A proposta foi a de levar a um debate mais profundo e amplo sobre os motivos

pelos quais a modalidade online, nas disciplinas oferecidas na grade curricular em um curso

de graduação, ainda não é bem aceita pelo alunado, um público considerado “nativo

digital” por conviver diariamente com e na cibercultura.

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ANEXOS

ANEXO 1

QUESTIONÁRIO APLICADO NOS DISCENTES Caro aluno, Este é um trabalho acadêmico que visa conhecer a sua opinião sobre as

disciplinas online oferecidas em seu curso de graduação. Por favor, responda a todas as perguntas de forma objetiva. Não é necessário a sua identificação pessoal. Muito obrigado por sua colaboração.

Questionário

1) Qual é o seu curso de graduação? 2) Em quantas e quais disciplinas online você está matriculado(a) ou que já cursou?

3) Em seu campus existe a opção desta mesma disciplina online ser feita de forma

também presencial no mesmo semestre? ( ) Sim ( ) Não

4) Você tem computador em casa?

( ) Sim ( ) Não

5) Acessa de seu computador caseiro quando vai estudar uma disciplina online? ( ) Sim ( ) Não

6) Se você não tem computador em casa, de onde acessa quando tem que participar uma aula online? ( ) Da Universidade ( ) Numa Lan House ( ) Da casa de amigos e/ou parentes ( ) Do trabalho/estágio

7) Quantas vezes por semana você acessa a(s) sua(s) disciplina(s) online? ( ) Todos os dias ( ) Entre 5 a 6 vezes ( ) Entre 3 a 4 vezes ( ) Entre 1 a 2 vezes

( ) Há algumas semanas que não acesso nenhum dia

8) Em relação ao conteúdo da(s) disciplina(s) online você avalia como sendo: ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Satisfatório ( ) Ótimo

9) Em relação à interação online com o professor, no decorrer da disciplina, você avalia:

( ) Ruim ( ) Regular ( ) satisfatória ( ) Bom ( ) Muito bom Justifique aqui a sua resposta: ___________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________

10) Em relação à interação com os seus colegas de turma online, durante a aula a disciplina, você avalia ( ) Ruim ( ) Regular ( ) satisfatória ( ) Bom ( ) Muito bom Justifique aqui a sua resposta: ___________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________

11) Em relação aos textos colocados online para leitura e futuro debate, você considera que eles são:

( ) Fracos ( ) Razoáveis ( ) Bons, mas sem muita profundidade ( ) Bons, mas sinto falta de um material (outros textos) de apoio ( ) Muito bom, esclarecedores ( ) Excessivos

12) O texto oferece links para outros textos na internet? ( ) Sim ( ) Não

13) Ele oferece links também para vídeos, MP3, games?

( ) Sim ( ) Não

14) Como você vê a qualidade dos debates nos fóruns propostos? ( ) Fracos ( ) Razoáveis ( ) Bons ( ) Muito bons ( ) Excelentes

Justifique aqui a sua resposta:

___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 15) De que forma você tira (ou) dúvidas junto ao professor sobre a matéria e sobre aos textos da(s) disciplina(s) online ? ( ) Nos debates nos fóruns ( ) Através do e-mail ( ) Outros. Quais? ____________________________________________________________________ 16) Qual a sua opinião em relação ao grau de dificuldade e exigência nas provas que são aplicadas para avaliar seu aprendizado online?

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

17) Em comparação com as aulas presenciais, quais são as principais vantagens e

desvantagens que você vê em uma disciplina online? ______________________________ ____________________________ ______________________________ ____________________________ ______________________________ ____________________________ ______________________________ ____________________________ ______________________________ ____________________________

ANEXO 2

TRANSCRIÇÃO DO GRUPO FOCAL FEITO COM ALUNOS QUE CURSAM DISCIPLINAS ONLINE (Duração: 20 minutos)

É a primeira vez que vocês fazem disciplinas online? Aluno A – Sim. Primeira vez Aluno B – Também, sim. Primeira vez. Aluno C - Primeira vez Aluno D – Primeira vez Aluno E – Já fiz no semestre passado e no outro. Aluno F - Já fiz uma no semestre retrasado Aluno G– Eu também já tinha feito Aluno H – Primeira vez Aluno I – Primeira vez. Então vocês que fizeram ou fazem, o que estão achando da disciplina online? (A) - Horrível, porque não tem contato direto com o professor. Você não entende a matéria. É horrível, porque não tem como tirar dúvida. O fórum é uma vez a cada semana e é sempre cancelado. Então são vários fatores que levam a esta rejeição. Por que o fórum é cancelado? (B) - Ninguém sabe. (D) - Ninguém sabe. (E) - Você recebe um e-mail falando “agendamento do chat”. Aí no outro dia “cancelamento do chat”. (F) – Isso mesmo! (I) - Eu já nem ligo quando recebo agendamento do chat, pois eu sei que vai ser cancelado. (rs) (C) - É muito ruim. Os textos não são muito claros. Você lê e parece que está sempre faltando informação. Se estive na sala é muito fácil, perguntava o professor já te respondia. E lá você manda a pergunta para vários dias depois, se responderem... Eu já mandei...tive que mandar umas três vezes a pergunta para conseguir me responderem. Então, demora muito. É muito ruim. E os textos são muito truncados. Eles não são muito claros assim. Fora à prova que cobra outra coisa do texto. (B) – Não...A prova é louca! É louca! E a correção mais ainda! (A) – Eu tive dificuldade em me adaptar à disciplina online, né, porque e eu tenho um método de estudo em relação à temática, né. Eu priorizo o tempo na medida do meu tempo que tenho aquela meta, né! A disciplina online para mim, com esse meu tempo curto, ela facilitou, mas por outro lado tem essa dificuldade de contato com o professor, né. (H) – Olha, eu acho que assim como ele, eu também tenho o tempo bastante apertado, mas não concordo a com essas qualidades dele, eu não tive essa facilidade, acho que quando você tem a aula, enfim, a presencial, você precisa estr em sala de aula, acho que pra quem tem tempo apertado é mais uma obrigação.Você precisa correr pra poder chegar, você chega na aula e você resolve todos os problemas de entendimento, de dúvida, enfim, de

esclarecimento. Não fica essa coisa. Sem contar que é sempre a questão do, do...ah é online, então eu posso entrar e daqui a pouco eu entro e faço e vai empurrando pra frente e acaba ficando mais apertado pra frente, mas com relação ao próprio entendimento, em relação ao material, muito confuso, muito confuso, muito é...embolado, em algumas unidades... eu fiz duas disciplinas, uma delas tinham três unidades, outra tem quase nove unidades, quer dizer, você fica “bolado” (confuso), você tem... eu particularmente fiz isso nas duas disciplinas, e estou fazendo nessa também, é de imprimir. Ficar lá como um bobo, tipo, imprimindo todo o material e, enfim, você acaba perdendo um tempo muito grande também, sem contar que é incompleto, você tem que está sempre é indicando outras leituras...à biblioteca virtual...você fica perdendo muito tempo e o entendimento é muito aquém de que você tem numa sala de aula normal. Bom, embora a maioria, com exceção de uma resposta dada por um de vocês, tem alguma coisa positiva nestas disciplinas online que vocês vislumbraram, quer dizer, eu ouvi várias críticas. Existe alguma coisa boa que pelo menos justifique fazer essa disciplina? (I) – Não. Não achei nada. (B) – Mil vezes ter que vir para a faculdade. Acho que essa coisa do tempo, de ter que fazer em casa é muito mais válido do que vir para a faculdade. (G) – Tem um... Eu faço uma matéria, que como ele falou, são 15 unidades, nessa disciplina. São textos, textos e textos e excepcionalmente nesta matéria, eles deixam você fazer a prova com consulta que também se não pudesse fazer a consulta, com 15 unidades, pudera né! Aí, eles deixam fazer a consulta. Eu acho que é a única coisa de vantagem. Se você não fazendo a prova online, você sente uma certa dificuldade. Você tem que sair de casa, vir até à faculdade fazer à prova e tudo mais. Quinze unidades. A primeira avaliação sete unidades, para você chegar aqui e fazer a prova não dá, né! Então eu acho que a única facilidade que eu vi, pelo menos nesta disciplina foi fazer a prova com consulta. (D) - Mesmo assim nessa disciplina que também eu estou fazendo, não vi tanta facilidade, pois te fazem perguntas que não têm nada a ver com o texto. Você olha assim na prova e não tinha nada a ver! Você vai procurar onde no texto, se você não sabe. Trecho inaudível em função de todos os alunos falarem ao mesmo tempo. (H) – Acho que a principal vantagem da disciplina online...acho que deveria ser esta questão em relação ao tempo da possibilidade de você poder acessar de qualquer lugar. Não sei se isso se aplica pra alguém. Pra (sic) mim não foi vantajoso, mas de repente, pode ser para alguém. Em relação à interação vocês quando estudam online, a interação entre vocês e os professores. Na sala de aula isso na acontece, uma conversa, uma troca de dúvidas entre o professor e os colegas mesmo. Durante em que vocês estão em frente ao computador, existe interação ou não? (B)– Não

(A) - Eu não vejo isso (C) – Eu também não...particularmente, entro, leio texto, faço o trabalho e saio. (H) – (ouvir novamente) (E) - Acabei de descobrir que ela faz a mesma matéria que eu. (risos) (F) - Eu também. Eu não sabia que ela fazia a mesma matéria que eu (mais risos) (I)- Eu não conheço ninguém. Só descobri que tinha que participar do fórum quando o professor escreveu para mim “sua participação está baixa”. Eu nem sabia que tinha que entrar no fórum (A) –Se você não entra no fórum, você é excluído da matéria. (C) - Sério! (D) -Você tem que participar (E) - Participar do quê, se não tem nada. (A) - A minha professora, por exemplo, marcou um fórum, um chat no meio de uma aula presencial, onde nós estávamos usando o computador para uma outra disciplina e no dia que deveria ser o fórum, ele foi cancelado. O fórum é para discutir sobre um tema colocado, certo? O chat é para vocês discutirem sincronicamente e o fórum assincronicamente, ou seja, você entra, coloca sua observação sobre o texto. Por que os chats não funcionam nestas disciplinas? (H) –Porque ele é sempre cancelado. (B) – Sempre cancelado Embora alguns já tenham falado anteriormente sobre o assunto, qual é a opinião do grupo sobre as provas? (C) – Eu fiz uma só e a prova estava bem confusa. A prova vem com erro. Vinha a pergunta e aí nas as opções A, B, C e D, aí não tinha a resposta completa, por exemplo, começava mais ou menos assim “o pintor...” aí parava...”A obra....” , parava. (A) – A pergunta vinha sempre pela metade. Aí eu fui perguntar para o fiscal. Ele mandou chutar qualquer uma, porque a professora responsável da matéria não estava. (I) - Os professores das matérias nunca estão no dia da prova. (E) - Em nenhum momento você consegue falar com o professor fisicamente. Aí não tem ninguém, chuta qualquer uma! Chutei qualquer uma, lógico, errei. Fiquei com um ponto a menos na prova que valia sete, perdi um ponto. Aí depois que eu fui ver no gabarito, que eles mostram num espelho, pelo computador, faltava questão. Todas que eu tinha acertado, apareciam como estivessem erradas. Tudo muito confuso. Você fala. Manda um monte de recado e ninguém responde, quando respoderam, responderam muito tempo depois. Um mês depois. (G) E a resposta também é muito fria: “Estarei verificando seu problema e estarei retornando” (F) É muito robotizado. Você não sente aquele calor, sabe, que você tem no contato, do dia-a-dia da sala de aula. É o que eu falo: Eu não vejo a necessidade de ter a matéria online, porque você tem que vir para a faculdade fazer a prova. Se é online, eu faço a prova em casa. Online é online! Vai ter que disponibilizar um dia da semana para vir à faculdade fazer a prova. Não vejo muita vantagem.

(B) Sem contar quando eu me lembro de ficar entrando, na internet. (A) Se você deixar, vai empurrando. (H ) Você não esquece de vir à aula durante a semana. Eu fiz duas provas: Ética, no período passado e atualmente faço Arte Contemporânea. Não tive problema em relação à prova do período passado, mas essa prova deste semestre, foi um pouco complicado até em relação às próprias perguntas. Algumas coisas, algumas delas tinham ligação, agora, de verdade, tinha coisas na prova que não tinham no conteúdo, enfim, das aulas, da disciplina e foi cobrado em prova isso. (C) Eu tive a sorte na prova de ter uma professora da disciplina que eu faço online, presente aplicado prova. Aí eu fiquei perguntando e ela foi me explicando na hora da prova, se não eu não ia saber nada. Estava sem apostila. Eu não ia saber nada, aí ela foi me explicando mais ou menos o que era cada coisa. Eu perguntando e ela me explicando. Só aí é que eu consegui fazer a prova, porque senão... (D) Esse negócio da consulta. Eles falaram que poderia consultar, e não que você poderia levar o material impresso. Eles falaram que poderiam consultar e não que a consulta seria se você imprimisse e levasse. Não poderia entrar na disciplina online e ler o texto lá. Só poderia trazer impresso, só que se você imprimir, sei lá, 120 folhas é muita folha para você imprimir em casa. Então eles deveriam ter deixado você acessar, já que era com consulta. (B) Na minha prova tinha uma pergunta que eu perguntei para professora explicando que tinham duas respostas. E ela me falou que não sabia a certa, pois a professora respondeu que não sabia, pois as duas estavam certas. Eu marquei uma e foi considerada errada. (A) Tem, que ser a mais certa (risos) Qual as vantagens e desvantagens que vocês veem entre as disciplinas online e as presenciais? (I) Vantagens da online a gente não vê nenhuma vantagem. (B) Eu prefiro ter que ficar mais duas horas dentro da faculdade, do que ficar diante de um computador. (H) Acho que é o imediatismo. Você numa sala de aula, você tem uma dúvida que pode tirar. Você tem o professor... (D) É a interação. O imediatismo. (J) E tem a opinião das outras pessoas do que você fala. (E) A assimilação na presencial é muito melhor. Na online eu leio e esqueço logo. (C) Eu nem entendo o que está escrito lá! (D) Sem contar os problemas que se tem com a tela do computador. O meu monitor, por exemplo, é ruim, tem problemas. (A) A única vantagem que eu vi... eu não sei se alguém aqui mora longe. Eu que moro distante foi bom pelo fato de que não preciso me deslocar até à faculdade é tranqüilo. (G) Mas essa matéria fosse num dia que você tivesse aula presencial? (J) Aí eu teria me prejudicado (I) Talvez. A sua compreensão seria muito melhor e compensaria, se você fizer a online. (B) O outro problema é o valor. Você paga o mesmo preço da presencial e não sei quem é o professor. Não tem nenhuma referência física do professor, como por exemplo, um retrato, um filme de apresentação de quem está dando a disciplina online?

(A) Não dá para ver a cara. (C) Não tem nada. Nem foto, nem retratinho. (I) Não. Não tem nada. Só o nome. (B) O nome eu também só descobri no cancelamento do chat. (G) Eu recebi de duas pessoas: a de um homem e de uma mulher. (J) Mas não tem um vídeo? Quando eu fiz tinha um vídeo (D) Tem sim, mas só uma pessoa falando. Falando no início de cada semestre, ensinando a usar. (E) É... (H) Apresentando a disciplina... (F) Ensinando a usar e falando o nome da unidade. (J) Nessa disciplina que eu faço atualmente eu não recordo não (I) Como alguém pode fazer psicologia e comportamento humano online? Arte Contemporânea !!! (H) Ética! Ética! (C) Ética! Isso é sem lógica! Se fosse dada à opção de vocês escolherem entre disciplinas presenciais e online, a online seria descartada, mesmo que ela fosse de outra maneira que é dada como atualmente? (A) Sem sombra de dúvida. (I) Preferia vir à faculdade para fazer matéria, fosse a aula que fosse. Se pudesse modificar alguma coisa na disciplina online. O que vocês modificariam? (E) Tudo! (F) Eu reduziria a quantidades de textos. Acho que é desnecessário. Eles usam palavras totalmente rebuscadas. Palavras que não levam ao entendimento. Não que tenha que estar com o dicionário do lado, mas um texto com 15 unidades para você estudar, fazer trabalho e a gente tem que trabalhar, vir para a faculdade.. Enfim, as palavras muitas vezes não são fáceis de serem compreendidas. Podem facilitar um pouco isso. (D) O texto é mal feito. Você lê, lê e não entende nada! Aí você tem que ler umas dez mil vezes e ai eu penso: ‘nossa, eu sou muito burra!’” (B) Depois de cada texto tem questões lá, três questões ou uma questão, aí você faz e pula para outra unidade. (B) Na primeira unidade eu achei muito repetitivo também. Muito. (H) Acho que estas unidades, com este texto rebuscado é aquilo da academia. Eles jogam aquilo ali, e você se vira porque você está na universidade. Vocês sabem a diferença entre o professor conteudista e o professor tutor no online? (Silêncio geral, já que ninguém soube responder a esta pergunta).

Mais alguma coisa que vocês queiram colocar? (C) Hoje eu não tenho mais dificuldade, mas eu tive na primeira vez que eu acessei a disciplina online, acho que a acessibilidade também tem que mudar. O “layaoutzinho” (sic) é bem complicado para você entender a disciplina online (A) Isso sem contar quando o sistema que nos faz ter aula online está fora do ar. (C) Dia de entregar trabalho, o sistema está fora do ar. (D) Na minha opinião, o sistema tinha de ser revisto, nem que fosse uma semana com aula presencial, na outra com aula online, mas esse contato tem que existir. (I) Devia existir uma pessoa para conversar com a gente, tirar dúvidas. Uma pessoa para estar lá nos auxiliando. (G) O pior que a gente não tem escolha. A gente é obrigado a fazer a matéria. Não tem outra opção.

VA

ANEXO 3

PERGUNTAS FEITAS PARA OS DOCENTES

1) Qual é a sua formação acadêmica? 2) Há quantos anos ou por quanto tempo ministra ou ministrou aulas presenciais? E as disciplinas online? 3) Quantas e quais as matérias on-line que o (a) senhor (a) ensina(ou)? 4) Qual(is) a(s) principal(is) diferença(s) encontradas pelo(a) senhor(a) entre dar aulas presenciais e as online? 5) Quais foram suas maiores dificuldades para a migração de sua formação para aulas presenciais para a online? 6) Ao traçar um paralelo entre as disciplinas presenciais e as online ensinadas pelo senhor (a), qual a sua observação em relação ao desempenho e participação aos alunos nestes dois segmentos de ensino? 7) O (A) senhor(a) crê que os alunos das universidades que oferecem disciplinas online em suas grades possuem uma rejeição a este novo tipo de ensino? Se sim, por quê? 8) Quais são os benefícios e/ou malefícios tanto para o professor quanto para o alunado que as disciplinas online oferecem? 9) Na sua experiência como professor(a) de disciplina online, o (a) senhor (a) sente uma melhoria na qualidade de ensino acadêmico em relação às disciplinas presenciais? 10) O que mudaria nas disciplinas online para que elas ficassem mais atraentes para os alunos?

NTA