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M E S T R A D O
GUTENBERG BARBOSA BATISTA JUNIOR
A REAÇÃO DOS ALUNOS ÀS DISCIPLINAS ONLINE NA GRADUAÇÃO PRESENCIAL
2009
Mestrado em Educação – Campus Centro I Avenida Presidente Vargas 642, 22º andar – Centro
20071-001 Rio de Janeiro – RJ Telefones: (21) 2206-9740 / 2206-9858
Mestrado em Educação – Campus Centro I Avenida Presidente Vargas 642, 22º andar – Centro
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GUTENBERG BARBOSA BATISTA JUNIOR
A REAÇÃO DOS ALUNOS ÀS DISCIPLINAS ONLINE NA GRADUAÇÃO PRESENCIAL
Dissertação apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação. Orientador: Prof. Dr. Marco Silva.
Rio de Janeiro 2009
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
B333
Batista Junior, Gutenberg Barbosa A reação dos alunos às disciplinas Online na graduação presencial. / Gutenberg
Barbosa Batista Junior. - Rio de Janeiro, 2009.
141 f.
Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Estácio de Sá, 2009.
1. Ensino a distância. 2. Cibercultura. I. Título.
CDD 370
Dedico esta Dissertação ao meu pai Gutenberg Barbosa Baptista (in memorian) e a minha mãe, Iná Machado Batista, por terem me dado a vida, e também os
maiores legados que um homem pode receber como herança: A educação, o senso de justiça e o respeito às diferenças.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e todos os espíritos de luz que estiveram sempre ao meu lado e que me fizeram chegar até este momento de sabedoria e conhecimento.
Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Marco Silva pela orientação precisa dada durante
todo este processo dissertativo.
Agradeço às Professoras Doutoras Estrella Bohadana e Lina Nunes pelos conselhos e pelo ombro amigo recebido durante este período acadêmico, principalmente em meus momentos
de grande ansiedade e angustia.
Agradeço à Profª Drª Mônica Rabello por sua generosidade e desprendimento ao compreender, em um determinado momento neste Mestrado, que nem sempre tudo o que
nós queremos ter, é tudo aquilo que nós podemos ter.
Agradeço a minha primeira professora Neide Caetano Dantas, que com sua paciência e dedicação, me ensinou a ler e a escrever. Sem os seus ensinamentos iniciais, com certeza,
eu não me tornaria o profissional que sou hoje em dia.
Agradeço aos meus ex-colegas de Mestrado, e hoje Mestres em Educação, Filomena Rates e Dostoiewiski Marriat pelos momentos de alegria, olhares cúmplices e os trabalhos em parceria que fizemos juntos ao longo desses dois anos de aprendizado. Sem vocês, com
certeza, este Mestrado não teria sido o mesmo.
Agradeço a minha ex-aluna Aline Britto por ter pacientemente me explicado como produzir no Excell, os gráficos que ilustram esta pesquisa.
Agradeço a secretária Ana Paula, pela sua presteza e atenção nos meus momentos aflitivos,
quando da necessidade de resolver os assuntos burocráticos ligados ao Mestrado que ora concluo.
Agradeço a todos os alunos e professores da universidade carioca pesquisada e que
participaram deste trabalho, através do grupo focal, dos questionários e/ou das entrevistas realizadas durante o processo de coleta de dados. Sem vocês, esta dissertação não teria,
com certeza, o volume e a riqueza de informações coletadas.
E finalmente, agradeço aqueles que acreditaram em mim e me ajudaram a chegar até aqui, e também àqueles que me negaram uma oportunidade ou mesmo não apostaram no meu
crescimento acadêmico/profissional. De coração, agradeço a todos, pois sem este (des)crédito humano, dificilmente eu entenderia que nos fortalecemos, sempre mais, a cada
muro de pedras que a vida nos apresenta e que precisamos transpor.
Resumo
Os cursos com apoio da Internet estão cada vez mais presentes nas universidades, apesar de se observar, no cotidiano dessas instituições, rejeições de professores e estudantes às disciplinas ministradas na modalidade online. Partindo dessa constatação, a pesquisa buscou investigar as reações dos alunos às aulas de um curso de graduação oferecidas na modalidade online em uma universidade carioca. Os objetivos específicos (derivados desse objetivo geral) foram: (a) identificar de que forma foram planejadas e como estão sendo oferecidas as disciplinas online; (b) determinar a relação da satisfação ou insatisfação do alunado com o ambiente de aprendizagem oferecido pelas disciplinas online; (c) verificar em que medida as interações são mantidas pelos alunos e professores nas disciplinas online. O referencial teórico estruturado para subsidiar a análise dos dados coletados considerou os seguintes eixos: (a) conceitos de ciberespaço e cibercultura; (b) a educação na cibercultura; (c) educação a distância e modalidade online; (d) o papel do professor na modalidade online; (e) a importância do desenho didático; (f) a interatividade na construção do conhecimento. A pesquisa, de natureza qualitativa, adotou as seguintes estratégias para a coleta de dados: (a) questionários dirigidos aos estudantes de disciplinas online; (b) grupo focal realizado com estudantes matriculados em disciplinas online; (c) participação em comunidades virtuais formadas por alunos, com a finalidade de observar e verificar a insatisfação em relação às disciplinas online; (d) entrevistas com professores que ministram disciplinas online. Os resultados apontam que: (a) as reações mais frequentes se manifestam como insatisfações, tanto dos estudantes quanto dos professores, à falta de interação aluno-aluno e professor-aluno e à qualidade do conteúdo das aulas; (b) o planejamento didático restrito apenas aos professores conteudistas não contemplou a participação dos docentes na sua elaboração; (c) as disciplinas online são oferecidas de forma obrigatória e impositiva para o alunado; (d) as interações professor-aluno e aluno-aluno praticamente inexistem; (e) a disposição das interfaces para a participação do alunado é desestimulante; (f) os professores questionam seu papel na nova modalidade de educação. Os resultados obtidos revelam que há necessidade urgente de se repensar e rever o que vem sendo praticado pelos alunos e professores nas disciplinas online, bem como, de implementar programas de formação continuada para os docentes que atuam nessa modalidade. Palavras-chave: Cibercultura. Disciplinas online. Aluno online.
Abstract
Internet-based courses, the so-called online distance learning, are more and more a reality at universities, although one can say that professors and students on a daily basis tend to reject the academic disciplines taught online. Taking that into account, this research aimed to look into students’ reactions to the graduation course lessons available online at a university in Rio de Janeiro. The specific objectives were: (a) to identify how the subjects of study have been planned and are being taught online; (b) to determine the degree of students’ satisfaction or dissatisfaction from the learning environment offered online; (c) to verify to what extent students and professors interact online when studying an academic discipline. The structured theoretical referential to support the analysis of the collected data has taken into account the following lines: (a) concepts of cyberspace and cyberculture; (b) education in cyberculture; (c) online distance learning; (d) professor’s online role; (e) importance of instructional design; (f) interactive building of knowledge. For the research, of qualitative nature, it was considered the following strategies when collecting data: (a) questionnaires provided to the students enrolled on online subjects of study; (b) focal group with students registered on online academic disciplines; (c) participation in students’ virtual communities, in order to comment and to check into the students’ dissatisfaction with the online academic disciplines; (d) interviews with professors who teach online disciplines. The results show that: (a) the most frequent reactions, on the part of not only the students but also the professors, reveal the dissatisfaction owing to the lack of professor-student-based and student-student-based interaction and to the content quality of lessons; (b) the didactic planning restricted only to the content teacher has not taken into consideration the other professors’ participation in its making; (c) the online academic disciplines are compulsory and imposed upon the students; (d) professor-student-based and student-student-based interactions practically do not exist; (e) the layout of the interfaces is not stimulating for the students to participate; (f) professors question their role in that new kind of education. The results of the research disclose that one needs urgently not only to rethink and review what is being practiced by students and professors when working with the online academic disciplines, but also to carry out continuous building programs for professors to perform well in that kind of education. Keywords: Cyberculture. Online academic disciplines. Online student.
LISTAS DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Alunos pesquisados por habilitação (Jornalismo ou Publicidade) .. 51 Gráfico 2 - Disciplinas online cursadas ................................................................. 52
Gráfico 3 - Disciplinas online cursadas por aluno no período 2008.2 ................. 52
Gráfico 4 - Se há no campus que o aluno estuda a disciplina online, a opção da
mesma disciplina na modalidade presencial .......................................................... 53
Gráfico 5 - Alunos com computadores em casa ................................................... 54
Gráfico 6 - Se acessa pelo computador caseiro as disciplinas online .................. 55
Gráfico 7 - Qual outro local que acessa as aulas online ....................................... 55
Gráfico 8 - Quantidade de vezes que acessa ......................................................... 56
Gráfico 9 - Avaliação do conteúdo das disciplinas ............................................... 58
Gráfico 10 - Avaliação sobre interação com o professor ...................................... 60
Gráfico 11 - Justificativas pelas respostas dadas .................................................. 62
Gráfico 12 - Avaliação da interação com os colegas de turma ............................ 64
Gráfico 13 - Justificativas pelas respostas dadas .................................................. 65
Gráfico 14 - Avaliação sobre os textos postados .................................................... 69
Gráfico 15 - O texto postado oferece links para outros textos ? .......................... 71
Gráfico 16 - O texto oferece links para vídeos, MP3, games? .............................. 74
Gráfico 17 - Qualidade dos debates nos fóruns ...................................................... 75
Gráfico 18 - Justificativas pelas respostas dadas ................................................... 77
Gráfico 19 - Como tira dúvidas com o professor ................................................... 82
Gráfico 20 - Avaliação em relação às provas .......................................................... 84
Gráfico 21 - Vantagens de se estudar na modalidade online ............................... 87
Gráfico 22 - Desvantagens de se estudar na modalidade online ........................ 94
LISTA DE SIGLAS
EAD – Educação a Distância
IES – Instituição de Ensino Superior
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
MEC – Ministério da Educação e Cultura
MSM - Messenger
Unesco - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
U.R.S.S. – União das Repúblicas Socialista e Soviéticas
W.W.W. – World Wide Web
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 12
2 A EDUCAÇÃO ONLINE COMO UM NOVO PARADIGMA
EDUCACIONAL.................................................................................. 14 2.1 O problema ................................................................................................ 14
2.2 Objetivo Geral ........................................................................................... 20
2.2.1 Objetivos específicos ................................................................................ 20
2.3 Justificativa ............................................................................................... 20
2.4 Metodologia .............................................................................................. 21
3 INTERNET, CIBERESPAÇO, CIBERCULTURA, EDUCAÇÃO
E INTERAÇÃO ONLINE ..................................................................... 25
3.1 Internet: a base para o surgimento da educação
na modalidade online.............................................................................. .25
3.2 O Ciberespaço e a cibercultura .............................................................. 27
3.3 A Educação na Cibercultura .................................................................. 29
3.4 A Educação a Distância e a implementação do online como interface
Comucacional ....................................................................................... 32
3.5 O professor e a docência online ........................................................... . 38
3.6 O Papel do Desenho Didático para uma boa compreensão no ensino
através do online ................................................................................... 42
3.7 A importância da interatividade como gerador de uma co-criação na
construção do conhecimento ................................................................ 45
4.1 Fontes de pesquisa ................................................................................ 49
4.1.1 Aplicação do questionário: a visão do alunado sobre
as disciplinas online .......................................................................... 51
4.1.2 Grupo Focal .................................................................................... 96
4.1.3 O Orkut como uma interface de protesto contra as disciplinas
online ............................................................................................. 102
4.2 Professores – outro lado do link na educação online .................... 104
5 DISCIPLINAS ONLINE: UMA NOVA MODALIDADE DE
ENSINO OU UMA MERA TRANSPOSIÇÃO DAS AULAS
PRESENCIAIS PARA A WEB? ................................................ 109
5.1 A insatisfação do alunado ............................................................. 111
5.2 Quem é este novo docente na modalidade online? ....................... 113
5.3 Interagir: verbo difícil de se conjugar online ................................ 118
5.4 Outros “ruídos” que se fazem presentes na modalidade online .... 121
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................... 124
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................... 128
ANEXOS ....................................................................................... 131
ANEXO 1 – Questionário aplicado nos discentes
ANEXO 2 – Transcrição da entrevista feita com o grupo focal
ANEXO 3 – Perguntas feitas para os professores
INTRODUÇÃO Hoje em dia, quando ligamos um computador e entramos, via web, para participar
de uma aula online, não nos damos conta, muitas vezes, do momento revolucionário e
histórico que estamos vivendo no campo da educação à distância. Este verdadeiro divisor
de águas cibercultural não é só caracterizado pela nova espacialidade e temporalidade que
ele nos oferece no dia a dia ou simplesmente, pela existência do aparato tecnológico, cada
vez mais de ponta, que utilizamos. O grande marco revolucionário que esta nova
modalidade online nos apresenta é a possibilidade de interação em tempo real, embora
geograficamente distantes, que ela proporciona a todos os seus usuários.
Este diferencial fica evidenciado se compararmos as possibilidades comunicacionais
da web com o que é permitido pelos outros veículos que são utilizados pela EAD, como o
rádio e a tv. Nestes, há apenas a transmissão do conhecimento, onde o aluno que vê e/ou
ouve as aulas não tem participação direta, ativa ou mesmo questionadora sobre o conteúdo
que está sendo apresentado.
Na educação mediada pelo computador, a expressão transmissão do conhecimento é
substituída por construção do conhecimento. O alunado, junto com o professor, tem a
chance de opinar, debater, questionar, reformular idéias, mesmo não estando num mesmo
ambiente, como acontece em uma sala de aula tradicional.
A possibilidade de estar conectado para discussões acadêmicas com o outro em um
mesmo tempo, em lugares díspares, levou os educadores e as instituições de ensino superior
(IES) entusiastas da modalidade online, a implantar em seus cursos ou em suas grades
curriculares esta nova forma de ensino e aprendizagem.
Baseados nesta motivação e também na constatação de que o mundo digital é uma
realidade indiscutível na vida dos seus discentes, já que em sua maioria havia nascido e
crescido em uma época onde a cibercultura tornou-se a palavra de ordem à idéia de
substituir algumas disciplinas presenciais pelas online, se tornaria, na lógica da academia,
um agente agregador de valores e interesses, como por exemplo, a comodidade e a
praticidade na vida dos estudantes, levando-os a ter um maior interesse e participação mais
efetiva durante as aulas não presenciais.
Mas o que a princípio parecia ser o “grande momento” em termos de educação à
distância, onde as instituições de ensino superior (IES) foram pioneiras neste tipo de
implementação acadêmica, transformou-se em um grande incômodo e desconforto para os
alunos e professores, que se viram, de uma hora para outra, tendo que participar desta nova
modalidade de ensino e aprendizagem, sem ao menos ter a opção de escolha entre a
presencial ou a online, ou mesmo, em reconhecê-la como necessária, importante ou um
elemento fundamental para a melhoria do processo educacional.
A obrigatoriedade em ter que cursar as disciplinas online gerou desconforto e
rejeição em uma grande parte do alunado. Há também um descontentamento em alguns
professores, principalmente por estes, a princípio, não reconhecerem qual seria o seu papel
na nova prática acadêmica.
Motivada por estas inquietações, a dissertação tentou descobrir quais seriam causas,
além da obrigatoriedade de cursar as disciplinas online responsáveis pela insatisfação
diante das disciplinas online.
Para tanto, este trabalho dissertativo está dividido em quatro capítulos:
- No primeiro são expostos o problema, os objetivos geral e específicos, a
justificativa da importância desta pesquisa e a metodologia que será
aplicada para a obtenção e conhecimento dos resultados que
possivelmente responderão aos questionamentos feitos;
- O segundo capítulo é destinado ao quadro teórico, onde pensadores e
estudiosos sobre o tema dão a base conceitual para o desenvolvimento
deste trabalho;
- No terceiro capítulo são explicitadas: a metodologia utilizada para a
obtenção dos resultados e as respostas colhidas durante esta fase de
levantamento de dados, e que vêm confirmar ou não o questionamento
levantado por esta dissertação;
- E finalmente, no quarto e último capítulo são apresentados os resultados
obtidos, que tiveram como base os objetivos explicitados no início deste
trabalho dissertativo.
A partir do estudo realizado e aqui apresentado nos quatro capítulos citados, esta
dissertação espera ter conseguido atingir seu propósito maior, que é o de buscar contribuir
para ampliar a discussão sobre qualidade na educação online.
2 - A Educação online como um novo paradigma educacional
A grande evolução da tecnologia da informação e comunicação nasceu nos anos de
1960, nos Estados Unidos, com a invenção da internet. Posteriormente com o advento da
web, nos anos de 1990, do século XX, houve um verdadeiro divisor de águas na área da
comunicação interpessoal, fato este que acabou refletindo diretamente no campo da
educação. Esta nova forma de se comunicar de maneira mais rápida, de trocar informações
e conhecimentos entre todos simultaneamente, trouxe à sociedade, novas interfaces e
formas de comunicabilidade, através da rede mundial de computadores.
2.1 - O problema
Ao observar novas possibilidades que a internet e a web trouxeram para o
desenvolvimento da humanidade, a educação começou, a partir da Educação a Distância
(EAD), a utilizar-se dela como uma forma mais instantânea de ensino e aprendizagem,
ampliando assim os meios que já utilizavam para a sua aplicabilidade no ensino a distância,
como a tv, o rádio e o impresso.
A nova ambiência online fez com que a EAD, tradicionalmente oferecida via meios
de massa (impressos, rádio e tv) registrasse um aumento na qualidade dos seus modelos,
com novas oportunidades de interação, comunicação e colaboração (SCHRUM, 1998).
Cursos completos de formatação online em diversas áreas, segmentos e conteúdo
educacional foram planejados, criados, desenhados e aplicados para levar a lugares mais
distantes e de uma forma mais rápida, o conhecimento, a educação e a formação
profissional, que em virtude das distâncias geográficas, dificuldades temporais, estrutura
operacional ou logística, muitas vezes deixavam alijada uma grande parte da população do
conhecimento e da aprendizagem acadêmica/profissional que lhes era devido.
Harrasin (1990) aponta como uma das características principais dos cursos online, a
grande independência e qualidade de tempo e lugar, onde a comunicação acontece de
muitos para muitos, possibilitando assim, a aprendizagem mais colaborativa. Para ela, neste
tipo de curso há sempre a possibilidade de uma comunicação não somente assíncrona, mas
principalmente e, sobretudo, síncrona, ou seja, que ocorre ao mesmo tempo entre dois ou
mais indivíduos, via chat ou webconferência, por exemplo.
A partir da observância e constatação deste novo conceito de ensino, bem como, da
legislação favorável, algumas universidades brasileiras resolveram oferecer, em seu
universo acadêmico, cursos e/ou disciplinas online para seu corpo discente, com o objetivo
de se fazer também presente neste novo segmento que começou a se tornar, a partir de sua
criação, uma outra opção de transmissão e troca de conhecimento.
Este novo paradigma das disciplinas oferecidas a distância resultou numa grande e
intensa aplicabilidade por parte dessas instituições, a ponto do Ministério da Educação e
Cultura (MEC), através da Portaria nº 2.253, de 18 de outubro de 2001, conhecida como a
Portaria dos 20% (reformulada pela a de nº 4.059/04, de 10 de dezembro de 2004) ampliar
e regulamentar este novo procedimento educacional, permitindo às instituições de ensino
superior oferecerem até 20% da carga horária de cada disciplina ou o mesmo percentual
quantitativo do total das disciplinas regulares a distância.
Mas o que a princípio pareceu uma solução prática, atual, moderna, revolucionária e
de ponta para os alunos que, por motivos diversos, não conseguiam ter uma regularidade
presencial nas aulas dos cursos tradicionais de formação universitária, transformou-se em
um desconforto para parte de um corpo discente, que nasceu, foi criado e formado há
alguns anos na e pela cibercultura.
A grande questão da cibercultura no acesso de todos à educação, não é tanto a passagem do presencial à distância (sic), nem do escrito e do oral tradicional à multimídia. É a transição de uma educação e uma formação estritamente institucionalizada (a escola, a universidade) para uma situação de troca generalizada dos saberes (LÉVY, 1999, p.172).
Lévy observa que esta mudança, trazida pela cibercultura, da maneira de se
conceber uma nova forma de aprendizagem e conhecimento, não fica restrita apenas às
salas de aula. Estas trocas de saberes ultrapassam este espaço físico até então conhecido e
tradicionalmente concebido para tal fim. A partir de agora, eles podem ser feitos por todos,
para todos, ao mesmo tempo e o tempo todo.
A cibercultura, segundo Lévy (1999) diz respeito a um conjunto imbricado de
técnicas, práticas, atitudes, modos de pensamentos e valores que se desenvolveram
juntamente com o ciberespaço1. A partir do universo cibercultural, a educação deve ser
pensada a partir de estratégias pedagógicas que potencializem autonomia, interação,
colaboração e comunicação para a aprendizagem, visto que ela é exclusivamente mediada
pelo computador e pela internet. (ARAÚJO, 2007).
Diante do exposto em relação a uma possível rejeição do alunado, num primeiro
momento em relação às disciplinas online e de uma sondagem piloto feita por este
pesquisador com alunos que estudam disciplinas na modalidade online, em uma grande
universidade particular estabelecida na cidade do Rio de Janeiro, fez-se necessário o
seguinte questionamento:
O que teria levado a este desconforto por parte do corpo discente?
Para responder a esta questão, buscamos em Ocker (2001) uma possível explicação
para este questionamento. Ele sugere que há a necessidade de se conhecer as opiniões dos
alunos quando da implementação de novas tecnologias educacionais, pois caso contrário
podem ocorrer possíveis rejeições a elas, como vem, num primeiro momento, ocorrendo a
partir da implantação das disciplinas online em alguns cursos de graduação.
Um outro provável motivo para esta rejeição à modalidade online foi observado por
este pesquisador, a partir de sua experiência profissional como professor universitário junto
a seu alunado que tem entre as disciplinas presenciais, a obrigatoriedade de cursar as de
modalidade online. Observamos, repetidas vezes, as mais variadas críticas e queixas em
relação a estas disciplinas. Possivelmente elas sejam oriundas do fato deste alunado possuir
uma certa “desconfiança” em relação à eficiência desta nova modalidade de ensino-
aprendizagem em sua formação universitária.
O oferecimento de disciplinas online, como novo ambiente, sem passar antes por
um período mínimo de adaptação por parte deste alunado, que a partir de agora terá que
interagir com a emergente modalidade educacional, pode ter causado uma estranheza e
desconfiança naqueles que, mesmo tendo suas vidas facilitadas por este novo caminho
1 O termo ciberespaço foi criado pelo escritor de ficção científica Willian Gibson, que o utilizou pela primeira vez em seu livro Neuroromacer. Segundo Gibson, Ciberespaço seria um espaço não-físico ou territorial composto por um conjunto de redes de computadores, através das quais todas as informações circulam.
educacional, se sentiram desconfortáveis neste processo de transição. Steil, Pilon e Kem
(2005) apud AKELLIND e TREVITT (1999) lembram que a imposição externa do uso de
novos métodos tecnológicos, quando os estudantes têm poucos conhecimentos sobre o
tema, geralmente produz sentimentos de desconforto e ansiedade.
Além do aluno, há um outro personagem que deve ser avaliado e estudado com toda
a atenção neste processo: o professor. Na modalidade online ele se vê multifacetado e
fragmentado em seu papel de educador, já que de agora em diante, também passa a ser um
também conteudista 2 das disciplinas e cursos oferecidos através da internet.
Neste novo contexto, ele poderá também estar se sentindo desconfortável, já que
“abandona” a sala de aula presencial, onde até então era a referência do conhecimento e do
saber, e passa a ministrar os conteúdos programáticos a partir de uma tela de computador,
onde, além de experimentar a ausência física dos alunos, precisa interagir de uma forma
completamente nova para a qual raramente foi preparado profissionalmente. A partir agora
sua ligação com os alunos é feita apenas através de chats e fóruns de discussão e não mais
por participações presenciais.
Há um elevado número de professores que atua na modalidade online, mas ainda
não domina razoavelmente as ferramentas e interfaces disponíveis nos ambientes virtuais
de aprendizagem (AVA). Entre estes, há aqueles que não se interessam em aprender as
dinâmicas específicas da docência de aprendizagem na web. Seu desinteresse fortalece a
inquietação deste pesquisador atento ao fato de que tais docentes não excluem a informática
da sua vida profissional, já que se utilizam dela para fazer pesquisas, escrever artigos,
preparar aulas ou mesmo trocar informações acadêmicas com colegas de profissão através
de sites de busca, blogs, e-mails e/ou chats. Entretanto, não se motivam para aprender a
utilizar em suas aulas as novas ferramentas e interfaces que abrem possibilidades e
facilidades para a qualidade em educação online, tampouco se interessam por suas
possibilidades de superação da prevalência da relação professor-aprendiz, baseada na
unidirecionalidade do modelo Um-Todos, em favor da dinâmica Todos-Todos em grande
rede de troca de informações, de colaborações, de construção do conhecimento.
2 Conteudista é o professor que elabora os conteúdos das aulas que serão inseridos nas disciplinas online e disponibilizados para os alunos.
Matheos Jr. e Lopes (2006) acreditam que alguns professores que ministram aulas
online acabam atuando neste ambiente, sem nenhum estímulo e compromisso com este
processo e com esta nova modalidade de ensino/aprendizagem. Para eles, o docente acaba,
muitas vezes, utilizando a sala virtual como um simples depósito de arquivos, links para
visitação e alguns avisos.
Os autores (idem) acreditam que é a partir desta postura limitada, adotada por parte
dos professores, que a sala virtual começa a refletir e repetir todo o processo que já vinha
sendo praticado nas aulas presenciais. Esta realidade e processo são reproduzidos não
somente pelo professor, mas também pelos alunos. “Os alunos passam a exercer uma
pressão junto ao professor para que a sala virtual dê continuidade aos trabalhos da sala
presencial” (MATHEOS JR. e LOPES, p. 4, 2006).
Segundo Penteado (2000), os professores devem ser parceiros na concepção e
condução das atividades promovidas através das TICs e não meros espectadores e
executores de tarefas. O importante é que ele seja participativo neste processo, a ponto da
sala de aula virtual se tornar uma extensão de uma sala presencial. É a partir desse
momento, que as ferramentas oferecidas pelo ambiente online transformam-se num novo
instrumento de ensino.
Um outro aspecto que não passa desapercebido por este pesquisador diz respeito ao
conteúdo de aprendizagem, ao desenho didático, à disposição das atividades na tela do
computador online. O material didático a ser disponibilizado para o aluno deverá
apresentar-se numa linguagem dialógica, mesmo na ausência física do professor,
oferecendo assim, uma leitura motivadora par que o corpo discente participe ativamente do
processo de aprendizagem.
O pesquisador está atento as possibilidades emergentes na cibercultura que
permitem contemplar a interatividade entre o educador e os educandos, a ponto de garantir
compartilhamento e colaboração no processo de ensino-aprendizagem, onde se
desconstroem as tradicionais figuras do emissor e do receptor muito comuns na sala de aula
presencial.
Segundo Silva (2006) ocorre à transição da lógica da distribuição (transmissão) para
a lógica da comunicação (interatividade). Isso significa uma modificação radical no
esquema clássico da informação baseado na ligação unilateral emissor-receptor. O emissor
não emite mais, no sentido que se entende habitualmente, uma mensagem fechada, ele
oferece um leque de elementos e possibilidades à manipulação do receptor. O receptor não
está mais em posição de recepção clássica, passiva, ele é convidado à livre criação e a
mensagem ganha sentido sob sua intervenção. Neste contexto definido como “cibercultura”
(Lévy, 1999; Lemos, 2002), o professor online dispõe de tecnologias capazes de
potencializar a educação baseada na participação colaborativa e no “desenho didático
interativo” (Silva, 2009). Ele dispõe da dinâmica Todos-Todos, onde se interage, modifica
e constrói o conhecimento de uma forma mais democrática e diversificada.
Apesar de os cursos de graduação online e do grande número de evasão dos
discentes que ocorrem nesta modalidade de ensino não serem assuntos inéditos em artigos,
monografias, dissertações e teses, pôde-se observar, após pesquisa minuciosa, que o
questionamento apontado por esta pesquisa sobre a desmobilização do corpo discente em
relação às disciplinas online, que não há quase nenhuma publicação sobre o tema.
Para tomar ciência dos trabalhos publicados sobre o tema, sites como o banco de
Teses e Dissertação da CAPES3, do Scientifc Eletronic Libraly Online (Scielo)4, da
ABED5, do Google Acadêmico6, ANPED7, INEP8, Saber (USP)9, CCUEC - UNICAMP10 e
Prossiga (UFBA)11 foram pesquisados à exaustão. Como resultado deste levantamento
3 CAPES – Banco de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Disponível em http://www.capes.gov.br/, acessado em 23 de agosto de 2008. 4 Scielo Brasil – Scientific eletronic libraly online. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_home&lng=pt&nrm=isso, acessado em 24 de agosto de 2008 5 ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância. Disponível em http://www.abed.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=4abed&sid=83, acessado em 01 de outubro de 2008 6 Google Acadêmico. Disponível em http://scholar.google.com.br/schhp?hl=pt-BR, acessado em 24 de agosto de 2008 7 ANPED – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. Disponível em http://www.anped.org.br/inicio.htm, acessado em 25 de agosto de 2008 8 INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Disponível em http://www.publicacoes.inep.gov.br/resultados.asp, acessado em 26 de agosto de 2008. 9 SABER – USP. Disponível em http://www.teses.usp.br, acessado em 26 de agosto de 2008. 10 CCUEC – Centro de Computação da Universidade Estadual de Campinas. Disponível em http://www.ccuec.unicamp.br/ead/index_html?foco2=Publicacoes/8886/991590&focomenu=Publicacoes, acessado em 04 de outubro de 2008. 11 Prossiga – Biblioteca Virtual da Educação a Distância da UFBA (Universidade Federal da Bahia). Disponível em http://www.prossiga.br/edistancia/, acessado em 27 de agosto de 2008.
preliminar foi encontrada uma dissertação12 feita por Renata Almeida Fonseca Del
Castilho, na Universidade Estadual de Campinas, no ano de 2005; além de dois artigos: um 13 de autoria dos doutores Andréia Valéria Steil e Vinícius Medina Kern e da psicóloga Ana
Elisa Pilon para a revista Psicologia em Estudo e publicado no mês maio de 2005 e outro14
escrito pela mestre em Educação Fábia Magali Vieira e a doutora em Filosofia Raquel
Almeida Moraes. Este segundo trabalho foi publicado em 2006.
A carência de estudos e de publicações sobre a temática desta pesquisa motiva uma
pesquisa detalhada sobre o desinteresse do alunado em participar ativamente da modalidade
de ensino online, bem como a falta de interesse do professor pelo investimento em
interatividade neste novo tipo de docência e também saber sobre os conteúdos, desenho
didático e possibilidades de aprendizagem no AVA.
2.2 - Objetivo Geral
Identificar e avaliar a reação dos discentes em relação às disciplinas oferecidas na
modalidade online no curso de graduação em Comunicação Social de uma universidade
particular do estado do Rio de Janeiro.
2.2.1 - Objetivos específicos
1. Identificar de que forma foram planejadas e estão sendo oferecidas as disciplinas
online nesta instituição;
2. Investigar em que medida o grau de satisfação ou insatisfação do alunado está
relacionado com o ambiente oferecido pelas disciplinas online;
3. Comparar em que medida as interações são mantidas pelos alunos e professores nas
disciplinas online.
12 A incorporação de ambientes virtuais de aprendizagem no ensino superior. Um estudo na Universidade Estadual de Campinas. Disponível em http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000378210, acessado em 4 de outubro de 2008 13 Atitudes com Relação à Educação a Distância em uma Universidade. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-73722005000200012&script=sci_pdf&tlng=pt, acessado em 28 de agosto de 2008 14 Artigo: Disciplinas On-Line: algumas reflexões sobre a utilização das TIC nos cursos de graduação.
2.3 – Justificativa
O autor deste trabalho acredita na importância desta pesquisa como uma forma de
colaborar para os estudos referentes ao tema, bem como no aprofundamento da discussão
acadêmica sobre essa nova modalidade de ensino oferecida através da web. Discussão essa
que vem ocorrendo entre docentes e discentes nas instituições de ensino superior que
implementaram disciplinas online em seu currículo.
Neste cenário em que se desencadeiam tais questões sobre esta nova modalidade de
ensino não presencial, é fundamental salientar a importância do papel reservado às
disciplinas online, na interação, construção e formação de novos ambientes e
conhecimentos entre professores e alunos que a utilizam para a sua formação acadêmica-
profissional.
Outro ponto a ser destacado, nesta pesquisa, refere-se ao desenho didático e como o
conteúdo é oferecido do docente para o discente, de que forma contribui para a dialógica, as
interações e a mediações que ocorrem entre as partes envolvidas neste processo
educacional.
Este estudo evidenciará também se há uma formação adequada oferecida para o
professor, para que ele ministre suas aulas online, a ponto dele se sentir estimulado a
participar deste novo processo educacional ligado a EAD. Pois se considera fundamental
uma formação adequada a ser dada a este profissional, que possui, em sua boa parte um
“desconhecimento” de como utilizar esta nova ferramenta de ensino e aprendizagem como
um pólo, não só transmissor, mas, sobretudo, irradiador de participação, construção e
interação com o alunado através das aulas não-presenciais.
Esta pesquisa considera que será fundamental esclarecer o(s) motivo(s) para o
desconforto causado no corpo discente com a implementação e implantação das disciplinas
online nos cursos de graduação, já que boa parte desses alunos se utiliza, em seu dia a dia,
das novas tecnologias de informação e comunicação, como uma importante ferramenta nos
seus exercícios e práticas sociais, educacionais e/ou profissionais. Prática esta que recebe
uma rejeição quando estas novas TICs são levadas para sua formação profissional, em um
curso acadêmico de graduação.
2.4 - Metodologia
Para este trabalho, a abordagem qualitativa será a escolhida nos procedimentos
metodológicos que irão orientar o levantamento de dados e informações. Vale ressaltar que
na pesquisa qualitativa, o pesquisador ganha o status de principal instrumento de
investigação.
O objetivo dos investigadores qualitativos é o de melhor compreender o comportamento e experiências humanas(...) Recorrem à observação empírica por considerarem que é em função de instâncias concretas do comportamento se pode refletir com maior clareza e profundidade sobre a condição humana. (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 1970).
Como fase inicial para o desenvolvimento deste projeto, será escolhida como campo
de pesquisa uma universidade particular, localizada no estado do Rio de Janeiro que oferece
disciplinas online em seus cursos de graduação, mais especificamente no de Comunicação
Social.
A escolha específica do Curso de Comunicação Social nesta universidade se deu em
função dele formar futuros jornalistas, publicitários e relações públicas, um público que
utiliza em demasia a internet como uma das principais ferramentas em seu dia-a-dia
profissional.
Vale destacar ainda que a escolha do curso de Comunicação Social como objeto de
estudo, não nos autoriza a afirmar que a pesquisa proposta poderá ser considerada como um
estudo de caso, já que como bem ilustra Alves-Mazzotti (2006), o estudo de caso é
classificado como algo específico e que contêm em si próprio, um universo peculiar em
outra situação conhecida. A escolha deste curso de graduação como campo a ser pesquisado
se deu, não em função de ele ser um exemplo de estudo de caso, mas a partir de uma
aceitação deste como campo de pesquisa, visto que em outros cursos de graduação, em
algumas instituições de ensino superior no estado do Rio de Janeiro, que também possuem
em suas matrizes curriculares disciplinas online, e que foram procurados por este
pesquisador, tiveram o acesso a elas negado, quando do conhecimento sobre o que se
pretendia pesquisar, a partir deste pré-projeto.
Num segundo momento deste trabalho será aplicado, em alguns campi desta
instituição, um questionário em aproximadamente 120 alunos, de ambos os sexos,
matriculados entre os 4º e 8º períodos do curso de Comunicação Social, nas habilitações de
Jornalismo e Publicidade e Propaganda. A escolha dos campi se deu em função da possível
diversidade econômica e cultural encontrada nos alunos que neles estudam.
Este questionário será composto por 17 perguntas abertas e fechadas, que abordarão
temas como a freqüência online, participação nas aulas, interação junto ao professor e/ou
colegas, aceitação, compreensão, exercício e acessibilidade às disciplinas online. O
questionário será preenchido pelo próprio aluno que cursa ou que tenha cursado pelo menos
uma disciplina não presencial no referido curso de graduação. É importante destacar que na
elaboração de um questionário deve-se levar em conta o nível de informação dos
entrevistados, partindo do princípio de que as perguntas são uma espécie de tradução das
hipóteses da pesquisa (RIZZINI, 1999).
Após a aplicação dos questionários, far-se-á um grupo focal composto entre 8 a 12
alunos matriculados entre o 4º e 8º períodos e que já cursaram e/ou estejam cursando
disciplinas não presenciais, para que se conheçam seus pensamentos sobre a modalidade e
os pontos positivos e negativos que eles destacam neste novo estilo de ensino-
aprendizagem. Gatti (2005) lembra que a duração de cada reunião de um grupo focal e o
quantitativo de sessões necessárias irá depender do tipo de problema que está sendo
discutido, do estilo de funcionamento que o grupo irá construir e também da avaliação do
pesquisador em relação à suficiência da discussão dos objetivos.
Outra técnica a ser utilizada para este trabalho e que oferece dados significativos é a
entrevista semi-estruturada. Ela será feita junto a professores que ministram ou ministraram estas
disciplinas e tiveram experiências profissionais distintas em relação a suas docências virtuais.
Segundo Alves-Mazzotti e Gewandsznadjer (2000, p.160), a entrevista semi-estruturada
pode ser:
Aplicada a partir de um pequeno número de perguntas, para facilitar a sistematização e codificação. Apenas algumas questões e tópicos são pré-determinados. Muitas questões podem ser formuladas durante a entrevista e as irrelevantes são abandonadas.
Como apoio a esta pesquisa, também será proposta a observação nos fóruns de
discussão no site de relacionamento Orkut, disponibilizados nas comunidades “Odeio as
disciplinas on line!!!”15 criada no dia 27 de agosto de 2007. Nesta comunidade virtual
encontram-se cadastradas 23 pessoas. Uma outra comunidade observada será a “Eu odeio
disciplina Online”16 criada em 15 de agosto de 2008, e que até o levantamento para este
pré-projeto, possuía 11 participantes.
Após a coleta de dados inicial, parte-se então, num segundo momento, para a
análise de dados.
A análise de resultados de uma pesquisa é um processo sistemático de busca e de organização visando obter maior compreensão dos materiais coletados e de torná-los compreensíveis ao maior número possível de pessoas (RIZZINI, CASTRO e SANTOS. 1999, p.81).
Tomando como base esta definição, pensa-se na aplicação da análise do conteúdo,
onde qualquer colocação dada pelo pesquisado para o pesquisador, seja ela feita de forma
oral ou escrita será passível de uma análise de conteúdo.
Para entender melhor como se processa a análise de conteúdo é importante destacar
que ela é marcada por três momentos distintos: a pré-análise, a exploração do material e o
tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. Na pré-análise é feita uma leitura
de todo o material coletado, de uma maneira não linear, mas que vai tomando corpo, a
partir da identificação dos objetivos propostos na pesquisa. É neste momento que surgem as
hipóteses, as quais nos levarão a elaborar os indicadores e índices. A partir daí será feita
separação do material que servirá para a fase de exploração do que foi pesquisado. Quando
se chega a este ponto, os resultados começam a aparecer. Estes irão gerar uma
interpretação, caracterizando assim, a última fase. Nesta etapa os dados são interpretados,
chegando, desta forma, às conclusões finais (BARDIN, 1977).
15 Disponível em: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=38467950, acessado em 2 de outubro de 2008 16 Disponível em http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=65653577, acessado em 2 de outubro de 2008
3 – Internet, Ciberespaço, Cibercultura, educação e interação online
Este capítulo aborda a importância da internet como nova mídia favorável à
educação, bem como os papéis do Ciberespaço e da Cibercultura na construção desta nova
modalidade de docência e de aprendizagem.
Será ressaltada ainda a importância da educação mediada pelo computador, bem
como o trabalho do professor neste novo meio de comunicação e de formação.
Destaca ainda a importância do desenho didático interativo como um elemento
imprescindível para a boa compreensão e participação na educação feita através do meio
online, bem como o processo interativo como gerador do conhecimento.
3.1 - Internet: a base para o surgimento da educação na modalidade online
A internet, desde que “abandonou” na última década do século passado, os porões
militares das forças armadas norte-americanas e ultrapassou os muros das universidades
estados-unidenses, tornando-se assim disponível para o cidadão comum, vem
transformando o dia a dia daqueles que a acessam em qualquer parte do globo terrestre.
Esta revolução e evolução vêm ocorrendo cotidianamente na vida dos que ao clicarem um
mouse e entrarem em uma homepage, se deixam navegar por assuntos previamente
escolhidos ou mesmo se infiltram em novos mundos nunca antes navegados com tanta
rapidez informacional.
Esta nova forma de comunicação levou este cidadão a conhecer universos que
rompem seus limites geográficos, espaciais e culturais sem precedentes na história da
humanidade, visto que ele pode, por exemplo, utiliza-la para conhecer não só detalhes
ínfimos da estrutura microscópica e molecular de uma célula que compõe o seu corpo,
como também, e ao mesmo tempo, no mesmo espaço, através da tela do computador,
descobrir a composição de uma estrela localizada a milhões de anos-luz da Terra.
Obviamente que estes tipos de informações já lhe eram reservados a partir de
uma leitura mais específica e atenta existente em livros ou quando absorvia informações
que advinham através dos meios de comunicação como o Correio, as mídias impressas
(jornal e revista) e eletrônica (rádio e tv). Mas o que irá diferenciar este homem pré-
internauta daquele que tem, hoje em dia, a internet como sua principal aliada no
conhecimento e pesquisa, é a possibilidade deste homem escolher de uma maneira mais
rápida e precisa como ele chegará ao resultado final de sua busca, se optará por um
caminho linear, através de uma leitura direcionada em um texto informativo sobre
determinado assunto ou se de forma fragmentada, com interseções propositais que ele
encontra em hipertextos disponibilizados na rede.
A partir de agora, não haverá apenas a exclusividade de um autor na construção de
um texto para quem quer obter uma informação, mas o construtor da informação será
também o internauta, no papel de co-autor, a partir da interação que ele promove ao optar
por este ou aquele caminho dentro de uma trajetória escolhida durante a navegação
cibernética. As bifurcações da informação que poderão surgir diante dos seus olhos, através
dos hiperlinks acabam, na maioria das vezes, complementando e ampliando o princípio de
um novo conhecer, de novas descobertas e (re)construções de conceitos e posições.
Historicamente a internet, a rede mundial de computadores, e que vem conquistando
corações em mentes em todo o planeta, nasceu no final da década de 1960, nos Estados
Unidos, com a finalidade de manter a comunicação entre as bases militares daquele país.
Sua criação se deu num dos momentos mais difíceis e melindrosos da recente história
mundial, o período da guerra fria, onde a nação norte-americana e seus aliados mantinham
conflito permanente com a então U.R.S.S. (União das Repúblicas Socialistas e Soviéticas) e
o bloco comunista.
Passado este período conturbado e tenso da humanidade, o governo dos Estados
Unidos liberou o acesso à rede para além dos muros e trincheiras militares,
disponibilizando-a tanto para universidades quanto para os cientistas que trabalhavam e
pesquisavam exclusivamente em solo americano.
Até o começo da década de 1990, a utilização da internet estava restrita apenas às
universidades, porém não somente às estabelecidas em solo norte-americano, mas também
naquelas localizadas em outros países, principalmente na Europa.
Como a criação da World Wide Web, o hoje popular www a internet ganhou um
forte impulso para sua expansão e uso. A criação dos browsers (navegadores) teve um
papel primordial para que a rede mundial de computadores chegasse à população de forma
mais ampla e democrática. Bogo (2005) lembra que com o surgimento e uso cada vez mais
constante do www, a rede acabou se tornando um espaço de maior interação social,
disseminando cada vez mais conhecimentos através do meio que hoje é chamado Web.
A internet chega ao Brasil em 1989, com a criação da Rede Nacional de Pesquisa,
subordinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Cinco anos depois, a população
brasileira teve acesso à rede, quando em dezembro 1994, o Ministério das
Telecomunicações, juntamente com o Ministério da Ciência e Tecnologia, disponibilizou
para o setor privado, a partir de um projeto piloto da Embratel, a exploração comercial da
Internet. Desde então, os brasileiros que utilizam a rede como fonte de pesquisa,
comunicação e entretenimento estão inseridos no “ciberespaço” (LEVY, 1999; LEMOS,
2002).
3.2 – O Ciberespaço e a cibercultura
Ciberespaço é uma palavra criada em 1984, pelo escritor Willian Gibson em seu
romance de ficção científica Neuromante.
Pierre Lévy traz uma definição própria para o termo.
Defino ciberespaço como o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores (grifo do autor). Essa definição inclui o conjunto de sistemas de comunicações eletrônicos (...) na medida em que se transmitem informações provenientes de fontes digitais ou destinadas à digitalização. (LÈVY. 1999. p.92)
Este autor acredita que o ciberespaço tem o propósito de colocar em sinergia e ao
mesmo tempo interfacear todos os dispositivos, sejam eles de criação, informação,
gravação, comunicação e simulação. Para ele trata-se do principal canal de informação,
comunicação, cultura, lazer, educação e comércio do no século XXI .
Através do ciberespaço todos os indivíduos podem estar em contato, ao mesmo
tempo, uns com os outros. Mesmo aquelas pessoas que se encontram fisicamente mais
distantes, poderão, através da interatividade17, se comunicar de forma mais rápida, em
17 Silva (2000) define interatividade como a disponibilização consciente de um mais
comunicacional de modo expressivamente complexo, ao mesmo tempo atentando para as
tempo real, através da escrita, da imagem, do vídeo ou pelo áudio. Uma vez que a
informação pública se encontra neste ciberespaço, passa a ser virtual e está sempre à
disposição de quem queira utiliza-la e interferir na sua construção, independente das
barreiras econômicas, e geográficas que se encontrem estes cidadãos.
Posso não apenas ler um livro, navegar num hipertexto, olhar uma série de imagens, ver um vídeo, interagir com uma simulação, ouvir uma música gravada em uma memória distante, mas também alimentar (grifo do autor) essa memória com textos, imagens etc (LÉVY. 1999. p.94)
Todo cidadão pode ser um emissor no ciberespaço Não está mais condenado à
condição de receptor exclusivamente. Como diz Lemos, “o pólo da emissão está liberado”.
Todos podem realizar transferência de dados e transferência de arquivos, através do upload,
faz com que esta distribuição seja muito mais veloz e chegue a um grande número de
pessoas, ao mesmo tempo, que se utilizam desta interface para obter algum tipo de
informação específica para suas pesquisas, estudos e conhecimentos.
A interface mais utilizada para informação e comunicação no ciberespaço é o
correio eletrônico ou e-mail. De forma assíncrona, permite ao interlocutor “dialogar” sobre
o referido tema, apoiando, questionando, ampliando, reduzindo ou mesmo, anexando
informações complementares tais como gráficos, hipertextos, páginas da web, fotos,
músicas ou vídeos.
O ciberespaço tem na interconexão, um dos alicerces que nortearam e orientaram o
seu crescimento. Esta interconexão tão presente nele encontra na cibercultura um papel
imperativo e importante para o seu desenvolvimento, já que a interconexão que ocorre na
cibercultura se torna primordial para que o usuário viva uma noção de espaço envolvente,
onde a sua tele-presença e a dos outros que ali estão, transforme-se em um local interativo,
sem fronteiras, no qual todos aqueles que participam conjuntamente no mesmo espaço,
acabam se comunicando uns com os outros, ao mesmo tempo.
interações existentes e promovendo mais e melhores interações – seja entre usuário e tecnologias digitais ou analógicas, seja nas relações “presenciais” ou “virtuais” entre seres humanos.
É a partir desta intercomunicação simultânea, surgida com o ciberespaço e
cibercultura, que nascem e se desenvolvem as comunidades virtuais, que terão a
intercomunicação como o seu alicerce mais profundo para a troca de saberes, informação e
construção do conhecimento. Essa interação, cada vez maior e frequente, que se dá entre os
sujeitos inseridos nessas comunidades virtuais, é que acaba transformando algo já
conhecido em novos e múltiplos conhecimentos.
Vale ressaltar que essas comunidades são formadas a partir de interesses e
afinidades existentes entre seus membros. Elas começam a interagir, principalmente,
quando há numa necessidade de troca de informação e idéias sobre um assunto em comum
entre seus participantes.
É importante destacar que embora sejam chamados de “virtuais” estes tipos de novo
grupo nascidos na e com a cibercultura, não exclui por completo ou mesmo rejeita, as
interações e os encontros que ocorrem de forma presenciais entre os pares, onde a troca de
idéias, através de um diálogo face-a-face, também possui uma importância fundamental. Na
verdade, a proposta das comunidades virtuais é levar, como observou Lévy (1999) a “novas
formas de opinião pública”.
Na visão de Moraes (2007), este ambiente de circulação de discussões pluralistas,
que ocorrem no ciberespaço, reforça as competências diferenciadas e aproveita o caldo de
conhecimento que é gerado dos laços comunitários, o que leva a potencializar a troca de
competências, gerando a coletivização dos saberes.
Para Lemos,
O ciberespaço é um ambiente de circulação de discussões pluralistas, reforçando competências diferenciadas e aproveitando o caldo de conhecimentos que é gerado dos laços comunitários, podendo potencializar a troca de competências, gerando a coletivização dos saberes (LEMOS, 2002, p.135)
O ciberespaço contempla assim, a participação, a interação, a construção do saber, a
troca de conhecimentos, valores e informação que ocorre entre aqueles que estão inseridos
nele, a partir de interesses comuns.
Esta multiplicidade de novos saberes, dispostos e absorvidos através do ciberespaço,
contribui para a construção de um novo homem que se coloca, a partir de agora, pronto para
receber e oferecer aquilo que lhe mais caro: informação, comunicação e conhecimento.
3.3 - A Educação na Cibercultura
A cibercultura, para Lemos (2003) é definida como cultura contemporânea que
emerge das interações entre novas TICs e a sociedade, e que irá influenciar fortemente na
transmissão de informação e a comunicação em várias áreas, entre elas a educação, que
começa, a partir deste novo conceito, a ser reconfigurada como uma nova ambiência
comunicacional baseada em recursos ou interfaces como chats, e-mails, fóruns.
A emergência da cibercultura leva a quebra da hegemonia de um modelo tradicional
de transmissão, que até então era baseado em informações transmitidas exclusivamente de
forma massificada no modelo Um-Todos utilizado pelas mídias como a Tv, o rádio e os
impressos. A cibercultura traz o formato Todos-Todos, no qual a internet tem um
importante e decisivo papel, já que leva o emissor e o receptor a construírem juntos, e de
forma interativa, o conhecimento.
No livro “A Estrada do Futuro”, Bill Gates (1995) prevê a importância que teria a
Rede Mundial de Computadores na formação de um novo processo educacional que possui
como meio a internet. Para ele, o aumento da interatividade, que se destaca com a nova
realidade comunicacional, entre professores e alunos, aumenta e dissemina novas
oportunidades educacionais que surgem através da interação mais ativa entre os docentes e
discentes.
Diferentemente da pedagogia da transmissão, onde o aluno é o receptor passivo e o
professor é o agente exclusivo do saber, na educação online rompe-se com o isolamento
vivido pelos atores do tradicional processo da educação presencial.
Com a entrada da internet na formação educacional, docentes e discentes têm a
possibilidade de participar mais ativamente, já que agora há um maior espaço, e sem
fronteiras, para a construção do conhecimento, a confrontação de idéias, pensamentos e
saberes. A aula não será ministrada apenas dentro de uma sala de aula entre quatro paredes
e com a participação exclusiva, secular e tradicional no estilo “cuspe e giz”.
Para Silva (2002) a educação online comporta uma estrutura capaz de romper com a
tradicional pedagogia da transmissão, que ainda possui muitos adeptos entre os educadores,
e que invariavelmente preferem se manter na cômoda posição de transmissor do mesmo e
repetitivo conhecimento e informação para seus alunos, ao invés de estimular a
interatividade entre todos.
Os professores estão sendo convocados para entrar neste novo processo de ensino e aprendizagem, nesta nova cultura educacional, onde os meios eletrônicos de comunicação são a base para o compartilhamento de idéias e ideais em projetos colaborativos. (GARCIA, 2008, p.3)
Ao criticar o pensamento anterior, principalmente no tocante à superação da
transmissão do conhecimento através das disciplinas online. Araújo faz uma veemente
crítica àquelas que são disponibilizadas exclusivamente pela internet, as quais classifica
como “travestidas de inovadoras”, mas que acabam reproduzindo o mesmo discurso e
modelo da educação presencial, ou seja, são unilaterais e massificantes.
Esses ambientes vêm arquitetando espaços que privilegiam os aspectos informativos e instrutivos, em detrimento de aspectos construtivos, criativos, reflexivos e cooperativos, relacionados nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento humano (ARAÚJO, 2007. p. 507).
Sua crítica é direcionada aos modelos tutoriais de ensino que direcionam as
interações entre alunos e professores a partir de processos rígidos de transmissão, da mesma
forma como os encontrados nas salas de aula presenciais.
Esta crítica encontra eco em Jonassen (1996) para quem a atuação dos alunos se
limita ao repetitivo ato de apenas virar páginas eletrônicas e responder exercícios
mecanicamente, sem uma maior compreensão do que está sendo estudado. Ele acredita que
os ambientes de aprendizagem online deveriam ser constituídos de problemas relevantes,
sobre os quais, os alunos pudessem realmente refletir e buscar soluções.
Santos (2006) adverte que as TICs não devem ser sub-utilizadas na educação. Esta
autora lembra que se faz necessário um investimento epistemológico e metodológico em
práticas pedagógicas, em práticas docentes e também em pesquisa que venham apresentar
conceitos e dispositivos que dialoguem com este potencial sócio-técnico:
A educação online não é simplesmente sinônimo de educação a distância. É uma modalidade de educação que pode ser vivenciada e exercitada tanto para potencializar situações de aprendizagem mediadas por encontros tanto presenciais, quanto a distância, caso os sujeitos do processo não possam ou não queiram se encontrar face a face. (SANTOS. 2006, p. 123).
A crítica à forma equivocada de usar a modalidade online não é dirigida só e
exclusivamente ao corpo docente. Ela é extensiva também ao corpo discente. Para D’Ávila
(2006), o aluno ainda não compreendeu o seu real papel neste ambiente dicotômico de
ensino-aprendizagem, oferecido pela cibercultura.
É tarefa do aluno buscar, pesquisar, problematizar o conhecimento. Contextualizar, descobrir. E as tecnologias da informação e da comunicação (TICs) devem apoiar a aprendizagem construtiva do aluno através das diversas interfaces de que dispõe do saber (D’ÁVILA. 2006. p.99).
A partir das posições defendidas pelos autores citados, observa-se que a interação
entre os atores (alunos e professores) envolvidos diretamente neste novo ambiente de
ensino e aprendizagem, oferecido na atualidade pelas novas Tecnologias de Informação e
Comunicação, em forma de disciplinas online, se faz necessária e urgente para a
compreensão, aceitação e participação cada vez mais efetiva de todos neste novo processo
educacional.
A Educação a Distância (EAD) foi pensada e criada há mais de um século com o objetivo
de “aproximar” o espaçamento geográfico entre aqueles que moravam longe dos grandes
centros urbanos e onde podiam, exclusivamente ser feitos cursos específicos para uma
melhoria técnico-profissional.
Para que possa ser compreendido como foi se desenvolvendo todo este processo
histórico da EAD, tomamos como referência Meneghel (2003) que divide a história do
desenvolvimento da Educação a Distância em três momentos distintos:
A primeira fase, segundo o autor, foi baseada na auto-aprendizagem e durou até a
década de 1960 do Século XX. Tinha como material de apoio para a aquisição do
conhecimento, textos impressos em livros e apostilas que eram enviadas através dos
Correios para o endereço do aprendiz.
Há de se ressaltar que neste primeiro momento da aplicação da Educação a
Distância não havia nenhuma ou quase nenhuma interação entre professor e aluno, visto
que o ensino era feito por correspondência. E quando esta interação se fazia presente
existia, ela levava um bom tempo para ser completada, já que dependia do serviço de
entrega dos Correios para ser concretizada.
A segunda geração da Educação a Distância surge com a criação da Open
University, no Reino Unido. O objetivo desta nova fase era o de democratizar o saber,
levando educação e conhecimento acadêmico para uma faixa da população, composta
maciçamente por adultos, que não tinham, por inúmeros motivos, tido a oportunidade de ter
frequentado uma instituição escolar quando mais jovens. É a partir deste momento é que
começa a ser utilizado, pela primeira vez uma combinação simultânea de três elementos
que caracterizaria por muitas décadas a EAD: o material impresso, a participação em aulas
presenciais e as sessões radiofônicas.
A terceira e atual fase da Educação a Distância, também conhecida como terceira
geração, teve início nos primeiros anos de 1990, quando se começa a utilizar as novas
Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), onde se destacam “os sistemas de
telecomunicação digital e via satélite; os computadores pessoais e as redes computacionais,
tais como a internet e a intranet” (MENEGHEL, 2003, p.9).
Com a utilização nesta terceira geração da EAD das novas TICs, reforçada com o
surgimento da internet, a educação a distância deu um salto qualitativo, não só no volume e
quantidade de informação adquirida por quem a utilizava na aquisição de novos
conhecimentos e saberes, mas também, e principalmente, na interação em tempo real entre
o professor e seus alunos, seja ela feita de forma síncrona ou assíncrona.
Vale inclusive destacar que o conceito tradicional de educação à distância, a partir
desta terceira geração da EAD, com a entrada da internet deve ser repensado, pois a única
distância que agora pode ser considerada é a espacial e geográfica, pois a remete a corpórea
e não encontra subsídios como indicador de ausência, visto que em disciplinas online,
utilizadas nesta terceira geração, o aluno e o professor com suas participações através do
teclado e do mouse, aliado a utilização da webcam se fazem presentes em tempo real,
através da tela do computador.
A partir desta observação, fica claro que a educação online, nascida com a utilização
conjunta entre as TICs e da rede mundial de computadores, que não há mais espaço para se
educar baseado exclusivamente na transmissão de conhecimentos até então utilizada e
reconhecida na educação, mesmo que feita à distância, como a melhor intenção de uma
formação acadêmica.
Com o surgimento da educação online cria-se a possibilidade de um espaço real
para a construção do conhecimento, através da troca de saberes, possibilitando-se assim
uma interação mais ativa e dialógica entre professor e aluno. A construção do
conhecimento abandona o modelo tradicional do emissor-receptor e começa a ser
compartilhado pelos envolvidos no processo educacional (aluno e professor), fazendo
surgir uma co-autoria e co-participação em um novo paradigma educacional.
Vale destacar que as novas tecnologias de informação e comunicação utilizadas a
favor da educação, ultrapassam o pensamento simplista de servir apenas como um meio de
contato e transporte da informação. Na verdade, seu papel vai muito além deste pensamento
primário, já que com sua utilização, as TICs, com o apoio imprescindível da internet, se
mostram como um forte elemento de aprendizagem e nas construções colaborativas do
conhecimento.
A utilização da tecnologia deve tentar reduzir a distância entre os atores, favorecer a interatividade entre os envolvidos, possibilitar a comunicação entre todos no processo de ensino-aprendizagem, propiciando a motivação, o diálogo, a interação entre emissor e receptor, o acesso e a troca de informação. (VIEIRA & MORAES, 2007, p.12)
No Brasil, o uso das TIC, aliadas à internet, ganhou um forte incentivo para sua
implementação no ensino de nível superior, com a regulamentação feita pelo Ministério da
Educação (MEC) em outubro de 2001, através da portaria nº 2253, e que foi posteriormente
substituída pela portaria de nº 4.059, de 10 de dezembro de 2004. A partir desta portaria foi
oferecida às Instituições de Ensino Superior (IES) a possibilidade de modificação em seus
projetos pedagógicos, com a implementação em parte ou em seu todo disciplinas não
presenciais, disciplinas estas também conhecidas como online. Este tipo de disciplina não
pode, segundo a portaria, exceder a 20% em currículo de formação profissional em relação
àquelas que são oferecidas ao alunado na modalidade presencial.
Outro ponto importante destacado na portaria dos 20% é a que estabelece que nas
disciplinas online devem estar incluídos métodos e práticas de ensino-aprendizagem que
utilizassem as Tecnologias de Informação e Comunicação, porém em relação às provas, a
portaria abre uma exceção, já que determina que elas sejam feitas pelos alunos, não através
do computador, mas exclusivamente de forma presencial.
Com a implementação da portaria dos 20% nos cursos de graduação no Brasil,
vislumbrou-se a possibilidade do nascimento de uma nova geração de aprendizes e
construtores do conhecimento que começaria a ser formada a partir desta nova modalidade
de ensino, principalmente por permitir uma interação maior, mais ativa e atuante em
relação àquela que existia até então nas salas de aula presenciais, onde o professor atuava
como agente depositante do conhecimento, enquanto o aluno era o receptor passivo desta
informação.
Contrário a este tipo de forma transmissão de conhecimentos, Paulo Freire lembra
que:
O professor ainda é um ser superior que ensina aos ignorantes. Isto forma uma consciência bancária (sedentária, passiva). O educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do educador. Educa-se para arquivar o que se deposita (FREIRE, 1979, p.13).
Em oposição a este tipo de educação baseada exclusivamente na transmissão
passiva da informação, a utilização das novas TICs em associação com a internet, encontra
entusiastas, principalmente quando ela é observada como um forte componente que é
utilizado cotidianamente na vida social e profissional da maioria do alunado, tão
acostumado, por exemplo, com o uso do computador, tanto para fins profissionais, de lazer
ou mesmo como uma interface para pesquisa e comunicação com seus pares.
[...] os jovens experimentam uma empatia cognitiva (grifo do autor) feita de uma grande facilidade na relação com as tecnologias audiovisuais e informáticas e de uma cumplicidade expressiva (grifo do autor): com seus relatos e imagens, suas sonoridades, fragmentações e velocidades, nos quais eles encontram seu idioma e seu ritmo (BARBERO, 2003, P. 66)
O fato de uma geração ser conhecedora e altamente possuidora dos conhecimentos
necessários a sua utilização do computador e da internet em seu dia a dia deram, num
primeiro momento, uma sensação aos educadores mais entusiastas deste estilo de
aprendizagem, de que com a implantação de cursos ou disciplinas online na graduação, o
alunado os aceitaria de um modo entusiasta, vibrante, sem “rebeldias”, críticas ou
contestações, servindo inclusive como um estímulo para que os aprendizes participassem
mais ativamente de sua formação acadêmico-profissional.
Porém, o que foi observado por este pesquisador junto a seus alunos nas aulas
ministradas de forma presencial, em uma grande instituição de ensino superior localizada
na cidade do Rio de Janeiro, e que há cerca de dois anos implantou as disciplinas online em
sua grade acadêmica, foi a de um descontentamento por uma grande parte de seus
discípulos que faziam aulas não presenciais, fato este que motivou a realização desta
pesquisa.
As queixas e críticas vindas dos discentes sugeriam em várias frentes. Problemas
como a dificuldade ao acesso à plataforma utilizada como meio de aprendizagem ao
despreparo da maioria dos professores recrutados para dar à disciplina, passando pela
metodologia utilizada e o desenho didático confuso e pouco atraente foram apontados
foram apontados como alguns motivos que levaram a uma resistência inicial para a uma
participação mais ativa dos aprendizes.
A partir desta observação sobre este assunto, podemos nos remeter a Moran (2008)
que destaca que:
Estamos numa fase de transição na educação à distância. Muitas organizações estão se limitando a transpor para o virtual, adaptações do ensino presencial (aula multiplicada ou disponibilizada). Há um predomínio da interação virtual fria e alguma interação on-line. (MORAN, 2002, p.3)
Com isto vale salientar que mesmo sendo observada e constatada a existência de
uma zona de transição, a implantação das disciplinas online deve obedecer a certos
princípios de atração e sedução para atingir o seu público-alvo e consumidor das novas
tecnologias: o aluno.
As instituições de ensino superior (IES) que oferecem esta possibilidade de uma
nova forma de aprendizagem têm que ficar atentas às ansiedades e expectativas do alunado
em relação a este novo processo de mudança no campo educacional, caso contrário
encontrará uma certa apatia e resistência ao que é oferecido como novidade na área da
educação.
Faz-se importante, por parte das IES que implementaram cursos ou disciplinas
online em seu currículo, conhecer antes de qualquer coisa, quais são as expectativas,
dúvidas, anseios e possíveis medos que seu aluno tem com a implantação desta nova
modalidade educacional. O novo geralmente causa um certo medo, estranheza e
desconfiança em muitos que começam a conhece-lo e posteriormente a utiliza-lo como
forma de aprendizagem.
Há de se ter à sensibilidade de lembrar que este aluno, que agora começa a estudar
em sua casa ou trabalho, através de uma forma aparentemente “solitária”, em frente a uma
tela de computador, teve toda sua formação acadêmica feita em aulas presenciais, onde a
sala de aula era um espaço onde ele adquiria o conhecimento e também o dividia
fisicamente não só com os colegas de turma, como também com a figura do professor.
Com a implantação do online, este mesmo estudante começa a viver um momento
de ruptura de paradigmas educacionais que até então estavam arraigados na sua formação e
que não prenunciavam mudanças tão radicais. Fato este que num primeiro momento o deixa
inseguro e onde a apatia, a rejeição e a resistência viram palavras de ordem contra uma
nova forma de ensino-aprendizagem que lhe é apresentada e convidado a participar.
A partir de agora, este aluno deixa de estar presente no espaço tradicional da sala de
aula que ele conhece e domina visualmente, e onde também convivia com os corpos
docente e discente da instituição escolar. Com a implantação dos cursos e notadamente das
disciplinas online, foco de estudo deste trabalho, o aprendiz deixa de lado a transmissão do
conhecimento oriunda do professor presencial, e passa a participar de uma construção do
conhecimento que será feita através do computador ligado à internet.
É importante compreender que o processo desta nova modalidade de EAD, que
começa a ser utilizada pela educação, é amplo e com múltiplas possibilidades, já que não se
limita ao tipo de transmissão unilateral oferecida pelo impresso e os aparelhos de rádio ou
tv. O computador e a internet tornaram-se também importantes meios condutores, e com
um forte diferencial em relação aos que eram utilizados anteriormente, já que é permitida a
interação ativa e ao mesmo tempo de todos com todos diante de um questionamento ou de
uma provocação acadêmica.
Há na modalidade online a possibilidade de uma participação ativa entre as partes
envolvidas (professor e aluno) no processo. Isto permite nova dinâmica de aprendizagem,
estimulando o abandono do já conhecido instrucionismo e estimulando o construcionismo,
que levará não só a participação de todos, como também uma co-autoria na aprendizagem.
O que fica cada vez mais claro é que a educação feita através das novas mídias conectadas é uma realidade cada vez mais presente e que evolui de forma irreversível. Nada mais será como antes em qualquer nível de ensino (MORAN, 2005).
Moran nos mostra, através de seu pensamento, que a educação não pode ser mais
pensada e feita como algo que evolui lentamente, como vinha acontecendo desde sempre, já
que com a participação quase que onipresente das novas TICs, ela entrou em uma nova
fase, onde a aceleração e a evolução são uma constante e permanente em todo o processo
educacional. E esta evolução tem que ser percebidas por todos, principalmente pelo
professorado, parte importante para a confirmação desta nova visão, ponto este que será
abordado a seguir.
3.5 - O professor e a docência online
Uma pesquisa realizada, em 2008, pela Unesco18, em parceria com o Instituto Paulo
Montenegro e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostrou
números preocupantes em relação à utilização da internet pelos docentes em nosso país. Foi
constatado, após uma entrevista com cinco mil profissionais de ensino em todo o Brasil,
que a maioria dos entrevistados não navega na Internet.
A pesquisa realizada em escolas públicas e privadas, nos 27 estados da federação
indicou que 59,6% dos professores entrevistados não utiliza e-mail, 58,4% não navega pela
internet e 53,9% não vê o computador como forma de diversão ou entretenimento. Ainda
18 Disponível em http://www2.uol.com.br/aprendiz/guiadeempregos/educadores/noticias/ge020804.htm#1
de acordo com o resultado, 72,2% dos docentes enxergam a educação como um meio para
se formar cidadãos conscientes e 60,5% como um caminho para desenvolver a criatividade
e o espírito crítico.
A partir destes dados obtidos pelo levantamento encabeçado pela Unesco, desenha-
se minimamente uma contradição entre o pensar e o agir pela educação por parte do
professorado. Pode-se observar que em relação às práticas pedagógicas vivenciadas na
maioria das escolas é aquela ainda que remete ao modelo tradicional da transmissão oral,
não contemplando o alunado com novos meios de informação e comunicação que o façam
participar mais ativamente da aula, como por exemplo, a utilização do computador e a
internet como recurso didático.
Por outro lado, quando os professores definem a educação como um meio de formar
cidadãos conscientes, além de desenvolver a criatividade e o senso crítico dos mesmos,
nota-se que há um “desejo implícito” deste professor de sair da sala de aula tradicional,
onde predomina a oralidade e levar seu alunado a um novo mundo que lhes é apresentado a
partir das novas TICs, fazendo-o conhecer novos pensamentos e realidades para a
construção de sua formação profissional e uma personalidade cidadã.
Os professores podem formar o cidadão dialógico garantindo a participação livre e plural dos aprendizes na construção dos conhecimentos. No entanto, antes de enfrentar esse enorme desafio, os professores terão que vencer um desafio ainda maior: o niilismo pós-moderno. (SILVA, 2007, p. 11)
O que a pesquisa da Unesco talvez não tenha percebido é que esta contradição
venha em função de o professor brasileiro ainda se encontrar numa fase de transição não só
social, mas também e principalmente, profissional em relação às novas TICs. Observa-se
então, que há ainda uma geração de professores que são considerados “imigrantes
digitais”19, ou seja, aqueles que estão tendo no computador e na internet uma nova interface
para seu conhecimento e crescimento profissional.
19 As expressões “imigrante digital” e “nativo digital” foram criadas pelo educador e pesquisador americano Marc Prensky. Para ele, os “nativos digitais” são a geração de indivíduos que cresceu com toda evolução da Web e da tecnologia em geral. Já os “imigrantes digitais” são aqueles que não tendo nascido no mundo digital, em determinada altura da vida, se sentiram atraídos e mostraram interesse por estas novas tecnologias.
A imigração digital é proporcionada em função destes profissionais de ensino
saírem, de uma hora para outra, do convívio cotidiano em sala de aula com alunos, para um
ambiente novo, desconhecido e distante da presença física do corpo discente, das carteiras e
quadro negro. Esta mudança acabou gerando um certo desconforto, desconfiança e rejeição
não só como já foi visto para os discentes, mas também para uma boa parte deste corpo
docente que a partir de agora se vê fazendo parte deste grupo de imigrantes.
Ao pertencer e participar de um novo processo educacional, onde o ciberespaço e a
cibercultura estão presentes cada vez mais e constantemente na sua forma de atuar como
docente, o professor tem que compreender que há necessidade por parte dele, de participar
de uma total e irrestrita imersão nesta nova seara educacional, caso contrário, continuará
repetindo no online a “eterna” pedagogia da transmissão, indo em direção contrária ao que
se propõe como um novo paradigma educacional.
É fato que a Educação a Distância, desde sua implantação, contou com o apoio
fundamental dos meios de comunicação para o seu desenvolvimento. Primeiramente com
os Correios, onde os cursos de auto-aprendizagem eram enviados para aquelas pessoas que
o desejavam fazer, porém moravam distantes das escolas que eram oferecidos.
Numa segunda fase, o rádio e posteriormente a tv fizeram o papel de transmissor
eletrônico do conhecimento, onde um docente ensinava sobre um determinado assunto para
a formação acadêmica.
Mas quando surge um terceiro momento, a participação do computador e da internet
como mais um canal de comunicação a serviço da EAD, este professor que, embora já
trabalhasse com tecnologias de informação e comunicação, se vê diante de um novo
componente onde a oralidade já não basta para a transmissão do conhecimento. Com a
chegada desta nova TIC, ele tem que falar, ouvir, construir, desconstruir e reconstruir junto
com o alunado aquilo que é colocado entre os participantes desta nova modalidade de
educação. A interação torna-se um movimento constante e ativo, diferentemente da sala de
aula tradicional, onde as participações discentes nunca foram uma constante nas aulas.
Sala de aula presencial, que agora também sofre uma mudança radical, pois o aluno
não está mais limitado a aprendizagem dentro de quatro paredes. Não há mais a presença
física do professor diante dele e vice-versa. O diálogo educacional se dá através de um
monitor instalado na casa, escritório ou baia, e é direcionado a partir da manipulação de um
teclado e do clicar de um mouse.
Quando tomamos por base a Educação a Distância que é empregada e através do
impresso, do rádio e da Tv, vale destacar que a educação online não é herdeira ou muito
menos um estágio mais evoluído da EAD. Sua origem nos mostra que ela é uma
consequência oriunda da cibercultura, onde, que com a utilização de novas tecnologias,
acabou gerando uma interação mais participativa e ativa, nas pessoas que a utilizam no
campo da educação.
Estas pessoas, representadas por professores e alunos, sofrem grandes mudanças em
seus tradicionais papéis respectivos de transmissor e aprendiz do conhecimento. A partir de
agora, o docente não irá mais apenas transmitir solitariamente seus conhecimentos e
saberes, mas os disponibilizará para o aluno, com o objetivo de provoca-lo a participar mais
ativamente da construção do conhecimento, dando-lhe inclusive, uma co-autoria neste
processo educacional. “A educação online traz desafios específicos para docentes e
discentes, pois demanda uma formação voltada para o novo indivíduo” (SILVA & CLARO,
2007, P. 4)
O online, como já foi dito anteriormente neste trabalho, quebra a hegemonia do
tradicional modelo de transmissão unilateral do conhecimento até então conhecida e
empregada durante a aprendizagem. Paulo Freire (2003) já criticava este modelo
educacional que tem por base a pedagogia da transmissão, a qual ele chamava de “educação
bancária”, onde o papel do educador acaba sendo visto como o “dono do saber” e o aluno
um mero “recipiente de informações”, que nada conhece ou sabe.
Freire defendia que uma educação autêntica se daria não de A para B ou de A sobre
B, mas sim de A com B, onde o papel do docente não seria somente o de transmissor de
seus saberes, mas sim aquele que iria possibilitar no alunado a conceber sua própria
produção e construção do conhecimento.
Vygostsky é outro teórico que faz severas críticas ao modelo de educação baseado
na transmissão de informação. Ele, inclusive, cria o conceito de Zona de Desenvolvimento
Proximal (DPZ) que é definida como:
A distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de
desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes (VYGOTSKY, 1994, p112)
A partir desta concepção de Vygostsky, o papel que tradicionalmente é representado
pelo docente, quando aplica a pedagogia da transmissão, começa a ser colocado em dúvida
em relação a sua eficácia, já que ele não pode ser mais considerado exclusivamente um
emissor que transmite seus conhecimentos para uma plateia de receptores passivos no que
tange a esta informação.
Em oposição ao pensamento anterior, o professor que trabalha com as novas TICs, e
tem na modalidade online um caminho para a construção do conhecimento em conjunto
com o seu aluno, deixa assim de ser exclusivamente um emissor de informações e
conteúdos, para se tornar um mediador neste novo processo de aprendizagem, onde a
interação torna-se a palavra de ordem.
O agir não é orientado para a manipulação dos objetos ou para o controle dos fenômenos do ambiente circundante, mas por um confronto com o outro. O confronto com o outro não é rígido; ele pode adaptar-se a diversos modos e as diversas modulações, de acordo com as finalidades que os autores almejam alcançar (TARDIF, 2002. p.123)
O professor, nesta nova visão de ensino, torna-se “sujeito do seu próprio trabalho e
ator de sua pedagogia, pois é ele quem a modela” (SILVA & CLARO, 2007). O docente
tem, com esta nova filosofia educacional, que mobilizar e transformar seus saberes junto
com os saberes de seus alunos, num processo de co-autorias.
3.6 - O Papel do Desenho Didático para uma boa compreensão no ensino através do
online
Até aqui foi observado que a co-participação ativa e uma atuação conjunta entre
alunos e professores através do processo de construção do conhecimento do ensino na
modalidade online é um dos pontos fortes para seu desenvolvimento e aceitação entre
ambas as partes quando estão diante de cursos ou disciplinas à distância.
Mas todo este processo também pode ter um adicional de sedução e interação entre
as partes, fazendo que docentes e discentes se sintam mais atraídos em estar
permanentemente em contato, de forma síncrona ou assíncrona diante de uma tela de
computador.
O uso do computador como interface de uma nova TIC serve como um grande
facilitador na transmissão de conhecimentos por parte do professorado para seu alunado no
dia a dia educacional. Porém, seu uso deve ser analisado com reservas, já que para alguns
professores que o utilizam em suas aulas online, ele pode estar deixando de ser utilizado de
forma construcionista para manter o status quo e prolongar a filosofia instrucionista de
ministrar as aulas, forma esta tão comum na modalidade presencial.
Valente (2005) alerta que o computador pode ser usado na educação como máquina
de ensinar ou como máquina a ser ensinada. Para ele, a utilização desta ferramenta, quando
empregada como máquina de ensinar, a transforma em mais um meio para a mera e
rotineira repetição dos métodos de ensino tradicionais oriundos da sala de aula presencial.
Situação esta que, sob o ponto de vista pedagógico, mantém o instrucionismo como
forma de ensino-aprendizagem, mesmo quando utiliza um novo meio de aprendizagem
criado pelas Tecnologias de Informação e Comunicação, como é o caso do computador.
Quando esta máquina é utilizada na educação sob a ótica instrucionista o papel que
lhe é dado fica bem claro: o de limitar-se a fornecer uma série de informações de forma
tutorial para os alunos, onde a partir da colocação do sistema de perguntas e respostas, o
professor confirma ou não a retenção da informação colocada por ele.
Papert (1986) explica que diferentemente do método instrucionista, o
construtivismo leva o discente a construir, através do computador, o seu próprio
conhecimento, já que é esta construção se dá pelo interesse e o envolvimento afetivo do
aprendiz, fazendo assim com que a aprendizagem se torne mais prazerosa. Desta forma, o
computador, deixa de ser uma máquina de ensinar para se tornar uma a ser ensinada.
Mas de que forma esta sedução pode ser feita pelo computador, a ponto de torna-la
prazerosa?
Vale lembrar que o computador não é apenas uma tela de recepção, “mas um campo
de possibilidades para a ação do interagente que interage facilmente com os outros
interagentes a partir de imagens, sons e textos plásticos e dinâmicos com sua condição
digital” (SANTOS, 2009, pg. 3).
Portanto a interação que ocorre em frente de uma tela de computador entre os
interagentes deve estar sediada em algo que estimule esta interação, não somente pelos
textos, imagens e sons que advenham dela, mas através de seu desenho didático interativo,
onde deve prevalecer um conjunto de conteúdos e situações que estimulem a aprendizagem.
Eles devem ser colocados de forma estratégica para estimular os alunos que a partir daí
deve utiliza-los como vias acadêmicas para a construção do conhecimento.
O desenho didático interativo passa a ter um papel importante nesta construção e
interação entre docentes e discentes. A educação online deve dar àqueles que interagem
durante as aulas, uma liberdade para manipular as informações acadêmicas oferecidas na
tela do computador, e que tenham a possibilidade de serem criadas ou recriadas de acordo
com o desenvolvimento, participação e decisões daqueles que a manipulam.
Para tanto, este deve ser pensado sempre como um espaço onde devem ser
contempladas as interfaces de conteúdo e comunicação. Ou seja, uma obra aberta, onde
todos participam e interagem ao mesmo tempo, num mesmo local (o computador).
Vale destacar que esta nova possibilidade que surge em relação ao desenho didático
interativo vem modificar radicalmente a que era apresentada pelo desenho didático criado
ainda como pedagogia de transmissão. Neste segundo caso, ele era imutável, já que não era
modificado ao longo do curso, fato este que impedia uma abertura para novos desafios,
construções e questionamentos, limitando a simples execução dos conteúdos e soluções
propostas.
Na educação online, o desenho didático necessita de uma constante reconstrução, já
que existe uma interação ativa entre professores e alunos. Há a necessidade de se
disponibilizar caminhos que levem um diálogo entre todos, onde a partir da troca de
conceitos, se constrói, desconstrói e reconstrói o conhecimento das partes envolvidas neste
novo processo educacional que se origina na modalidade online.
Para que um desenho didático interativo seja eficiente Santos & Silva (2009)
lembram que “é importante pré-produzir parte dos conteúdos e das atividades que poderão
ser utilizados ou não de acordo com as preferências dos cursistas e do docente”. Ou seja, há
a necessidade de se criar um web-roteiro.
Na elaboração deste web-roteiro, os autores (idem, idem, 2009) chamam a atenção
que devem ser apresentados basicamente quatro caminhos para seu desenvolvimento, e que
resumidamente, estão dispostos a seguir:
- Primeiro devem ser pensados os percursos hipertextuais, com o tracejar de
caminhos diferentes para a aprendizagem, coma a exploração das vantagens
disponibilizadas pelo hipertexto;
- Segundo, existir uma disponibilidade para uma montagem de conexões em rede
que irão permitir múltiplas ocorrências e onde os aprendizes possam construir
seus próprios mapas, conduzindo suas explorações;
- Terceiro, devem ser propostas situações para uma inquietação criadora que
provoquem e despertem o desejo para enfrentamento online, encorajando a troca
entre todos os envolvidos.
- E quarto, a importância de se criar sinalizações para que o webdesigner opte na
hora da criação por formatos que dêem opções de escolha na hora de opção por
este ou aquele modelo de interação.
Vale lembrar que com a introdução desenho didático interativo nos cursos e
disciplinas online, o professor deixa de representar o seu papel de orador, onde o discurso
utilizado nas salas de aulas presenciais era uma mera reprodução de uma forma de ensino
conhecida há mais de cinco mil anos. Ele passa agora a ter uma nova postura e participação
educacionais, onde não transmitir só conhecimentos, mas também formula questões,
coordenar equipes de discentes, estimular a participação ativa do alunado neste novo
processo.
Para que este docente possa começar a ter esta nova postura, ele possui interfaces
disponibilizadas através do desenho didático interativo, que quando utilizadas transformam-
se em facilitadoras da interação no processo de ensino-aprendizagem online.
Porém para que esta interação aconteça, é necessário que neste desenho didático
interativo haja uma bidirecionalidade, que estimule não só a participação do professor, mas
também contemple a participação do aprendiz com uma participação efetiva feita através de
experimentações, trocas de saberes, discussões sobre os temas propostos e descobertas.
Na contramão do que seria ideal quando se idealiza um desenho didático interativo,
Santos & Silva lembram que:
É comum encontrar cursos online que apenas disponibilizam textos lineares e outros materiais digitalizados para estudo, muitas vezes chamados de recursos didáticos. Estes, na maior parte dos casos, servem apenas como fonte de informação e leitura para a construção de tarefas, geralmente individuais, que devem ser disponibilizados para a correção efetuada pelo assim chamado professor-tutor. (SANTOS E SILVA, 2009, p.6)
É importante salientar que se for idealizado desta forma o desenho didático pode
acabar não levando às práticas que são desejadas. Práticas essas que estimulariam o
diálogo, a interatividade e a construção coletiva do conhecimento. Quando utilizada desta
forma, o conhecimento que poderia ter sido construído de forma participativa e elaborativa,
passa a ser absorvido de forma linear da mesma forma que é disponibilizado nos impressos,
notadamente nos livros.
3.7 – A importância da interatividade como gerador de uma co-criação na construção
do conhecimento
Em uma aula presencial, o diálogo entre professor e aluno é a representação mais
clara que ocorre na interação do processo de ensino-aprendizagem. Na modalidade online,
o ato de interagir não se extingue ou se transforma, muito pelo contrário, se amplia, já que
este ritual da comunicação é intensamente compartilhado por todos aqueles que, naquele
mesmo momento, participam das aulas não presenciais.
O que talvez difira em relação ao ato de interagir, em uma aula tradicional e uma
mediada por computador, seja o fato de que onde a aula acontece através de um ambiente
online, diferentemente da presencial, é que não há o contato físico.
Outro ponto a se destacar é em relação, a necessidade de se estimular uma maior e
constante interação-participativa dos alunos durante a aula online, já que eles, por não
verem fisicamente o professor e os colegas, não veem, muitas vezes a necessidade afetiva e
efetiva de participar. Este estímulo à participação deve vir não só do professor, através de
questionamentos e provocações, mas também do alunado com respostas, indagações, outros
questionamentos e novas colocações.
Numa sala de aula presencial, a oralidade é uma marca característica no processo de
ensino, já que ela é baseada no falar-ditar do professor em relação aos seus discípulos e
onde a interação se manifesta de uma forma direcionada, ou seja, na representação Um-
Todos (professor dita, alunos ouvem, copiam) ou na Um-Um (professor questiona – aluno
responde).
A interação que ocorre em um ambiente online nos leva a uma outra forma de
interatividade, a Todos-Todos, já que as pessoas que estão participando deste processo de
aprendizagem e podem, de forma síncrona ou assíncrona, emitir opiniões, postar
indagações, rebater, acrescentar, negar ou mesmo construir e desconstruir pensamentos.
O termo interatividade, segundo Silva (2007), surgiu na década de 1970, como uma
crítica à mídia unidirecional, oferecida e representada pelos veículos de comunicação
(jornal, revista, rádio e televisão). Porém foi só nos anos 80, com a chegada do computador
que o termo interatividade tornou-se comum entre aqueles que utilizavam esta nova
tecnologia para ultrapassar a barreira da transmissão e adentrarem por outros labirintos e
novos universos, proporcionados pela web.
Vale ressaltar que, apesar da maturidade teórica e técnica da Internet, a palavra
interatividade, nos nossos dias é utilizada de forma banal, associada geralmente, como um
argumento de vendas em campanhas publicitárias e que servem ao mesmo tempo, tanto
como um agente de estímulo para a aquisição de um eletrodoméstico ou como diferencial
na escolha de um curso que oferece programas criados para este fim.
O termo interatividade se presta às utilizações mais desencontradas e estapafúrdias, abrangendo um campo semântico dos mais vastos, que compreende desde as salas de cinema em que cadeiras se movem até novelas de televisão em que os espectadores escolhem (por telefone) o final da história. Um terreno tão elástico corre o risco de abarcar tamanha gama de fenômenos a ponto de não poder exprimir coisa alguma. (MACHADO, 1997, p.250)
Com a entrada deste tipo de conceito de interatividade no meio acadêmico,
principalmente após a utilização da internet como uma Tecnologia de comunicação e
Informação, alguns setores da educação começaram a apresentar esta nova modalidade
como “um admirável mundo novo” para aqueles que se propuserem a participar desta
moderna concepção de ensino.
Para que a interatividade seja visivelmente compreendida, utilizada e estimulada
nesta nova seara, as instituições de ensino planejaram salas de aula que, no lugar das
carteiras tradicionais, possuem computadores com internet banda larga; utilização de
tecnologia 3D para dar a impressão do real em uma ilustração virtual e onde o aluno possa
interferir na área que lhe convier com um simples toque de dedo; utilização de webcams
para aproximar o aluno distante para junto do colega; implantação de disciplinas online e
aulas tele-transmitidas para aprendizes que não estão no espaço acadêmico tradicional da
sala de aula.
Toda esta tecnologia e estímulo à interatividade nos cursos que oferecem todos estes
recursos tecnológicos de última geração, possuem ainda uma a antiga prática educacional,
quando utiliza a tradicional pedagogia da transmissão unilateral. Isto fica bem caracterizado
na construção de sites com páginas estáticas, onde não é permitida a intervenção direta dos
alunos nos conteúdos apresentados, onde também não existe espaço para a co-criação e
construção do conhecimento com uma interferência direta de todos os envolvidos.
Silva (2007) lembra que a interatividade é um conceito da comunicação e não da
informática, e para que ela ocorra é necessário que sejam garantidos basicamente uma
“dialógica que associa emissão e recepção como pólos antagônicos e complementares da
co-criação da comunicação” e “a intervenção do usuário ou receptor no conteúdo da
mensagem, abertos a manipulações e modificações”.
O autor (idem) enumera os seguintes aspectos fundamentais para que a
interatividade seja encontrada no ciberespaço:
- Participação-intervenção, onde participar não significa apenas responder “sim”
ou “não” ou escolher uma opção dada significa interferir na mensagem de um
modo sensóriocorporal e semântico;
- Bidirecionalidade-hibridação: a comunicação é produção conjunta da emissão e
recepção, onde os dois pólos se codificam e decodificam;
- Permutabilidade-potencialidade: a comunicação supõe múltiplas redes
articulatórias de conexões e liberdade de trocas, associações e significados
potenciais.
Fica claro, portanto, para que o processo de interatividade no online seja
considerado satisfatório é importante que o docente abandone a antiga postura de guardião
exclusivo do conhecimento, permitindo-se, a partir de agora, compreender que o seu papel
é o de provocador de situações, de gerador de inquietações, de construtor do conhecimento
com o aprendiz.
Por outro lado, o discente que participa deste processo de interação junto ao
professor não será mais destinado o papel passivo, de receptor único do conhecimento
vindo somente do docente. Cabe a ele trocar informações, responder as provocações
acadêmicas tanto do professor quanto de seus pares e principalmente de um co-autor na
construção do conhecimento.
A participação conjunta e ativa de ambas as partes, aqui representadas pelo
professor e aluno, no processo interativo leva a um exercício constante de crescimento
destes atores e onde estarão cada vez mais presentes a co-produção, a co-autoria e a co-
participação na autoria de novos saberes e conhecimento.
4 – Aluno e professor: novos papéis a serem construídos na modalidade online
Para que possamos compreender qual é o papel e o pensamento de aluno diante de
uma nova realidade e modalidade de ensino, o online, faz-se necessário neste capítulo um
estudo mais detalhado e aprofundado sobre o campo de pesquisa, de onde se tentará
descobrir a razão de um desconforto provocado no corpo discente com a introdução, na
grade curricular, nos cursos de graduação, das disciplinas online.
Vale ressaltar que neste capítulo será destacado o papel do professor que passa a
participar deste processo, agora não mais ministrando disciplinas em uma sala de aula
tradicional, mas a partir de um monitor de um computador, onde mediará a interação e o
debate com seus alunos, pela internet, através de um teclado e de um mouse.
Procurar-se-á descobrir qual é a formação que é dada para este professor que nesta
nova modalidade de ensino, acabou se transformando em um “imigrante digital”20, em
oposição a um universo composto basicamente por “nativos digitais”21 formado pelos
alunos que nasceram, cresceram e utilizam o computador para as mais variadas atividades
sócio-acadêmica-profissionais.
4.1 – Fontes de pesquisa
A pesquisa realizada para esta dissertação teve como base alunos e professores do
Curso de Comunicação Social, nas habilitações em Jornalismo e Publicidade de uma das
maiores universidades particulares do Brasil, onde as disciplinas online foram introduzidas
em sua grade curricular, no ano de 2007, obedecendo à portaria do Ministério da Educação
e Cultura (MEC), de nº 4.059, de 10 de dezembro de 2004, conhecida como portaria dos
20%.
Este público pesquisado foi escolhido em virtude deles utilizarem com frequência,
em sua graduação acadêmica, não só a internet, onde realizam pesquisas e leituras, mas
também o computador como interface de aprendizagem acadêmico-profissional,
principalmente em disciplinas como computação e produção gráfica, editoração eletrônica e
redação jornalística.
20 Imigrante digital – são pessoas que participam, no seu dia a dia, das redes digitais, porém de modo limitado. 21 Nativo Digital – são aqueles que adotam de modo intenso as redes digitais em sua vida diária.
Para se ter melhor uma maior e melhor visão sobre os resultados obtidos após a
realização desta pesquisa foram utilizados as seguintes fontes e expedientes de consulta:
- Questionário composto por 17 questões (Anexo 1), aplicado em 120
alunos, no segundo semestre de 2008, onde a partir de perguntas abertas e
fechadas, o discente pôde manifestar a sua opinião sobre as disciplinas
online, sua implementação no curso de Comunicação Social, sua satisfação
ou rejeição a esta nova modalidade de ensino, bem como a interatividade
ou ausência dela tanto junto ao professor, quanto aos seus colegas;
- Foi realizado também no segundo semestre de 2008, um grupo focal
(Anexo 2) com nove alunos que cursam Jornalismo ou Publicidade
matriculados em disciplinas online. Este grupo foi montado, para que
pudéssemos saber, entre outras coisas, como se processam nesta
universidade, o processo de ensino-aprendizagem nas aulas não presenciais
mediadas por computador; a qualidade do conteúdo disponibilizado para
estudo e compreensão do aluno; além das provas e interação com o
professor e colegas. Outro ponto abordado junto a este grupo focal foi em
relação à qualidade do desenho didático didático e a plataforma utilizada
para acesso, via internet, do alunado às aulas.
- A pesquisa adotou a observação participativa durante os meses de março,
abril, maio e junho de 2009. Este pesquisador entrou como membro em
duas comunidades virtuais ligadas ao tema desta dissertação. São elas:
“Odeio a disciplina on line !!!” e “Eu odeio disciplina ONLINE”, ambas
localizadas no site de relacionamento Orkut (www.orkut.com.br), local
onde foram postadas provocações acadêmicas com o objetivo de obter
respostas junto aos demais participantes das referidas comunidades;
- Foi feita também uma entrevista (anexo 3), contendo 10 perguntas,
realizada no primeiro semestre de 2009, com três professores de
Comunicação Social que ministram disciplinas online. As questões que
versavam sobre o que eles pensam desta nova modalidade da EAD, a
interatividade com os alunos, as dificuldades e facilidades que esta nova
forma de ensino-aprendizagem trouxe para o docente e seu engajamento
em relação a esta tecnologia de comunicação e informação.
4.1.1 – Aplicação do questionário: a visão do alunado sobre as disciplinas online
A pesquisa anteriormente mencionada foi realizada no segundo semestre de 2008, e
teve como base um questionário com 17 perguntas, abertas e fechadas, aplicado
aleatoriamente em 120 alunos, do curso de Comunicação Social, nas habilitações de
Jornalismo e Publicidade e Propagada, de diferentes faixas sócio-econômicas e
matriculados nos cinco campi da instituição de ensino pesquisada. A única condição para
que o aprendiz pudesse responder a este questionário era o de cursar ou já ter cursado pelo
menos uma disciplina online.
O quadro de participação na pesquisa, por habilitação, ficou distribuído da seguinte
forma:
Gráfico 1
7017
33
Jornalismo
Publicidade
Comunicação Social(Não especificou qual aespecialização seJornalismo ouPublicidade)
Gráfico 2
68
26
2
Uma
Duas
Três
Legenda:
Uma – 68 alunos
Duas – 26 alunos
Três – 02 alunos
Disciplinas online cursadas por aluno no período 2008.2.
Gráfico 3
5 116
29
2 1
2540
05
1015202530354045
Com
portam
ento
do
cons
umid
or
Em
pree
nded
oris
m
o
Est
étic
a
Étic
a
Ingl
ês
Filo
sofia
Psi
colo
gia
Não
dec
laro
u a
mat
éria
que
cur
sa
Legenda:
Ética – 29 alunos Inglês – 02 alunos
Psicologia – 25 alunos Empreendedorismo – 01 aluno
Estética – 16 alunos Filosofia – 01 aluno
Comportamento do consumidor – 05 alunos Não informaram – 40 alunos
Outra informação pertinente para o resultado desta pesquisa, foi saber se no campus
onde o aluno cursa Comunicação Social, a disciplina online também é oferecida de forma
presencial. Este questionamento se fez necessário com o intuito de descobrir se o discente
tinha a opção de escolha entre o online e a aula presencial, na hora da montagem de sua
grade curricular.
O resultado obtido foi o seguinte22:
Em seu campus existe a opção desta mesma disciplina online ser feita de forma também
presencial no mesmo semestre? A resposta abaixo mostra que:
22 Nota do autor: por não ter chegado a 5% do total dos alunos entrevistados, que optaram como
resposta positiva o oferecimento da mesma disciplina tanto na modalidade online quanto presencial, este pesquisador descartou a possibilidade de questionar para estes alunos, o por quê pela opção de ter aulas a distância em detrimento as oferecidas em uma sala de aula tradicional.
Gráfico 4
5
114
2
Sim
Não
Não respondeu
Legenda:
Sim - 05 alunos
Não – 114 alunos
Não responderam – 02 alunos
A partir do gráfico acima, pode-se constatar que apenas 5 alunos tinham
conhecimento da escolha entre a modalidade online e a presencial, e 114 não conheciam
esta possibilidade. Isto nos levou a considerar em três explicações para que apenas 4,13%
dos alunados conheçam seu direito de escolha entre as duas formas de ensino oferecidas
pela instituição de ensino:
- A falta de comunicação e elucidação de dúvidas, que deveriam ser
esclarecidas pela universidade pesquisada, em relação às opções que o
aprendiz tem na hora de montar sua grade acadêmica;
- Um desinteresse do corpo discente pelas aulas que utilizam as novas
tecnologias de comunicação e informação oferecidas pela instituição de
ensino;
- Ausência de questionamento sobre se haveria possibilidade de escolha
entre as duas modalidades de aprendizagem oferecidas (presencial e online)
pela instituição de ensino.
Para dar continuidade ao nosso interesse científico sobre o tema, procuramos
conhecer, através do questionário, de onde e com que freqüência o aluno acessa suas aulas
online. Para tanto, a pesquisa levantou os seguintes questionamentos:
- Se o aluno possuía um computador em casa;
- Quantas vezes ele utilizava esta interface para estudar a disciplina não
presencial em seu domicílio;
- Se caso ele não possui na residência esta máquina ligada à internet, de
onde ele navegava na hora que tinha que estudar na modalidade online;
- E por último, com que freqüência ele faz isso.
Isto posto, encontramos os seguintes resultados:
Você tem computador em casa?
Gráfico 5
117
4
Sim
Não
Legenda:
Sim - 117 alunos
Não – 04 alunos
Acessa de seu computador caseiro quando vai estudar uma disciplina online?
Gráfico 6
99
220
20
40
60
80
100
120
Sim Não
Legenda:
Sim - 99 alunos
Não - 22 alunos
Se você não tem computador em casa, de onde acessa quando tem que participar
uma aula online?
Resultados, na próxima página, em porcentagem (%).
Gráfico 7
1 26
22
278
Da casa de amigos e/ouparentes
Da Universidade
Do trabalho/estágio
Numa Lan House
Não respondeu nenhumadas opões acima por tercomputador em casa
Legenda:
Da casa de amigos e/ou parentes - 01 aluno
Da Universidade - 26 alunos
Do trabalho/estágio - 22 alunos
Numa Lan House - 02 alunos
Não respondeu nenhuma das opões acima por ter computador em casa – 68 alunos
Quantas vezes por semana você acessa a(s) sua(s) disciplina(s) online por semana?
Gráfico 8
2 717
55
40
Todos os dias
Entre 5 a 6 vezes
Entre 3 a 4 vezes
Entre 1 a 2 vezes
Há algumas semanasque não acesso nenhumdia
Legenda:
Todos os dias – 02 alunos
Entre 5 a 6 vezes – 07 alunos
Entre 3 a 4 vezes – 17 alunos
Entre 1 a 2 vezes – 55 alunos
Há algumas semanas que não acesso nenhum dia – 40 alunos
Diante de tais resultados, observa-se que a maioria dos entrevistados, 96,6%,
possui computador em casa e apenas 3,4% não possui.
No grupo de 3,4% de alunos que não possuem um computador caseiro, 26%
afirmou que acessa, quando está na universidade, a(s) disciplina(s) online; 22% no estágio
ou no trabalho; 2% em uma Lan House e 1%, na casa de parentes e amigos.
O que fica patente neste levantamento é que, os alunos que estão matriculados nas
disciplinas online, e que não têm um computador em casa, passam a ser excluídos digitais,
e para minimizar esta carência de tecnologia em suas residências, acabam, invariavelmente
indo à universidade, onde estudam presencialmente em outras disciplinas, para usarem o
computador e atuarem nas aulas online.
Outro dado que vale destacar é em relação à freqüência de acessos dos alunos
matriculados nas disciplinas oferecidas na modalidade online, independente do local de
acesso.
Cinquenta e cinco estudantes admitiram que acessam o conteúdo disponibilizado
entre 1 ou 2 vezes por semana, o que corresponde a 45% dos entrevistados. Já 40 dos
aprendizes (33%) confessaram que há algumas semanas não participam das aulas
oferecidas através do computador. Em contrapartida, 14%, o que representa em números
reais, 17 alunos, afirmaram que estudam, via online, entre 3 a 4 vezes num período de uma
semana.
O aumento de acessos às aulas online para 7 discentes, ou seja, 5,7% varia entre 5 a
6 vezes no mesmo período, enquanto apenas 1,6% ou numericamente representados por 2
alunos participam diariamente das aulas a distância, mediadas pelo computador e pela
internet.
Estes números, destacados acima, sugerem a esta pesquisa, num primeiro momento,
que ou existe uma falta de hábito e cultura acadêmica por parte dos alunos em estudar de
forma não presencial, através do computador, ou já se vislumbra uma não aceitação para
esta nova modalidade de ensino e aprendizagem oferecida no curso de graduação.
Estas hipóteses são reforçadas se somarmos as duas opções que ganharam mais
destaques entre as escolhidas pelo alunado, ou seja, aqueles que acessam entre 1 ou 2 vezes
por semana e os que não participam das aulas online há algum tempo. Esta totalidade que
chega a 78% dos entrevistados, ou seja, 95 alunos. Estes dados nos levam a observar o
número expressivo de estudantes que não ligam o computador para participar das aulas
online embora acessem a internet para pesquisa acadêmica e outros fins, sejam eles sociais,
de entretenimento ou profissionais.
A qualidade do conteúdo disponibilizado nas disciplinas online oferecidas no curso
de graduação em Comunicação Social, pela universidade pesquisada, foi considerada por
esta pesquisa como um ponto relevante para a compreensão de um possível desconforto ou
rejeição por parte do alunado no que se refere às aulas ministradas através da internet e do
computador.
Este item ganha destaque em todo este processo dissertativo, pelo fato de ser o
conteúdo, na visão deste pesquisador, como sendo um dos principais responsáveis pela
atração que será exercida no aluno no momento em que ele estiver diante do computador
participando de uma aula online.
Para tanto, a pergunta a seguir teve como resposta, os seguintes números:
Como você avalia o conteúdo da(s) disciplina(s) online?
Gráfico 9
23
4436
13 5
Ruim
Regular
Bom
Satisfatório
Ótimo
Legenda:
Ótimo – 05 alunos
Satisfatório - 13 alunos
Bom – 36 alunos
Regular - 44 alunos
Ruim – 23 alunos
Pelos números obtidos neste ponto, observou-se que o alunado nem aprova e nem
desaprova totalmente o que lhe é oferecido em forma de conteúdo. Esta afirmação é
confirmada pelos 44 alunos (36,3%) que responderam como REGULAR, quando
questionados sobre a qualidade do conteúdo das matérias ministradas. Muito próximo aos
quase 29,7%, representados neste levantamento por 36 estudantes, que afirmaram ser BOM
o que lhes é apresentado como conteúdo educacional no online.
Em contraposição a estes destacados índices que oscilaram entre as opções
REGULAR e BOM, observou-se também que o menor percentual foi representado para
aqueles que escolheram o ÓTIMO, como a opção de sua preferência.
Apenas cinco alunos assinalaram esta resposta, o que em percentual representa
pouco mais de 4% dos pesquisados. Estes índices chamam a atenção, já que eles podem
traduzir uma forte insatisfação em relação ao que está sendo disponibilizado, em forma de
texto para o corpo discente.
Esta insatisfação pode revelar a má qualidade acadêmica no que é postado em forma
de conteúdo, e a dificuldade de compreensão do mesmo, o que pode também estar gerando
uma crescente dispersão entre o alunado, quando se vê diante do conteúdo que lhe é
disponibilizado, via internet, nas disciplinas online.
Há de se considerar ainda, em relação aos números obtidos nessa pesquisa no
tocante ao conteúdo, um possível desinteresse do alunado pelos textos, já que em função de
alguns serem muitos extensos e/ou postados em extensão.pdf, são apresentados de uma
forma chapada, sem links ou sem nenhum atrativo gráfico que venha estimular o aluno ao
exercício da leitura.
Um outro ponto destacado e tabulado nesta pesquisa foi à interação que o aluno
começou a ter, a partir das aulas online, com o professor. Este questionamento se faz
importante, visto que, nesta nova modalidade de ensino, o discente não terá mais a presença
física do professor diante de si, como ocorre nas salas de aula tradicionais, mas sim
geograficamente disperso. O aluno só tem como referência máxima da personificação do
real, o nome do professor que ministra a disciplina.
Com a implantação das disciplinas que utilizam o computador e a internet como
meio de mensagem para a construção do conhecimento, o aprendiz interage com o mestre
de forma diferente do que fazia antes na sala de aula presencial, quando, por exemplo,
levantava o dedo ao surgir uma dúvida ou pela verbalização de um pensamento não
compreendido.
No universo do ciberespaço, estes movimentos comuns e tradicionais que
compunham o ritual de ensino-aprendizagem de uma sala de aula presencial, passam agora
a ser sinalizados através de dedos nervosos diante de um teclado alfa-numérico e um mouse
que envia, a partir de um “click”, o questionamento, a opinião ou a dúvida do aprendiz.
Para que esta sincronia, mesmo que de forma assíncrona, funcione a contento, é
importante conhecer como os alunos do curso de graduação em Comunicação Social, da
universidade pesquisada, classificam a interação durante o transcorrer das aulas online.
O resultado obtido para este questionamento é representado graficamente assim:
Em relação à interação online com o professor, no decorrer da disciplina, você avalia:
Gráfico 10
49
35
17 153 20
10
20
30
40
50
60
Ruim Regular Bom Satisfatória Muito bom Nãorespondeu
Legenda:
Muito bom – 03 alunos
Bom – 17 alunos
Satisfatória - 15 alunos
Regular – 35 alunos
Ruim – 49 alunos
Não responderam – 02 alunos
O que chama atenção diante dos números levantados é o grande percentual dos que
consideram “Ruim” a interação: 49 alunos, ou seja, 40,4% dos pesquisados consideram a
interação com o professor, no decorrer das aulas, como um ponto negativo, enquanto
aqueles que vêm como um ponto a ser ressaltado e escolheram a opção “Muito bom”, não
chegou a ser 3%, estacionando no patamar de 2,4%. Porcentagem esta que em números
reais representa apenas 3 alunos, num universo de 120 entrevistados.
O grande questionamento levantado com este resultado é o seguinte:
O que estaria levando esses estudantes a terem uma opinião tão negativa em relação
à interação com o professor durante o exercício das aulas online, já que este mesmo
discente, quando utiliza o computador para conversação entre seus pares, através de chats,
do messenger (msn) e/ou, sites de relacionamento, como o Orkut, por exemplo, o faz de
forma tão prazerosa?
A resposta para esta pergunta poderá nos levar a dois caminhos:
- O primeiro seria pelo fato de o professor, um “imigrante digital”, ainda não
estar tão habituado às práticas interacionistas, via computador, com seus
alunos não presenciais e em função disso, demorar a responder as dúvidas
postadas pelo alunado, causando neste um sentimento de estranhamento, já
que este mesmo docente, quando presente numa sala de aula tradicional,
responderia rapidamente o que foi perguntado pelo aluno;
- A outra possível explicação seria, pelo fato de se tratar de um linguajar
acadêmico, o aluno se vê na obrigação, na hora de interagir com o
professor que está online, utilizar um linguajar comum a todos e uma
escrita sem os vícios abreviativos comuns na internet, e sem emotions
(símbolos gráficos animados), que ele usa comumente em uma
conversação entre amigos, em um bate-papo informal pela internet.
- Este aluno teria obrigatoriamente que substituir, durante uma aula online
frases do tipo:
“Hi, prof! Kd o txt p/ � fz o tb? Ks.”
por
“Oi, professor! Cadê o texto para eu fazer o trabalho? Beijos.”
Independente de qual seja a resposta vinda das hipóteses levantadas acima em
relação a este olhar descrente vinda do discente, personagem-objeto de estudo desta
pesquisa, em relação à interação aluno-professor em uma disciplina não presencial mediada
pelo computador, faz-se urgente e necessária uma reflexão: para que ambos os corpos
acadêmicos encontrem um modelo de linguagem e atenção comuns que atenda os atores
envolvidos nesta nova modalidade de ensino e aprendizagem.
A pesquisa também destacou as seguintes respostas, que na opinião dos estudantes
levam-nos a olhar negativamente esta interação.
Gráfico 11
29
19
1817
148
7
6
6
3
2
2
2
1
3
11
O professor demora a responder aosquestionamentos
O aluno prefere a interação com o professor nasaulas presenciais
Ocorrem problemas de comunicação entre alunoe professor pelo método online
O aluno não acredita que haja interação onlineentre aluno e professor
A participação do professor nas disciplinasonline é positiva
Boa, pois as dúvidas enviadas pelos alunos sãoesclarecidas
A interação é feita de forma impessoal
O aluno nunca entra em contato com o professor
O professor nem sempre está disponível paraatender ao aluno
O aluno tira somente dúvidas “técnicas” (data deprova, matéria para as provas, trabalhos a fazer,formatação os trabalhos)
As dúvidas enviadas não são esclarecidas peloprofessor
O horário proposto pelo professor para utilizar aferramenta do chat não é compatível com ohorário do aluno
O professor não expõe idéias novas ouexperiências pessoais que estimulem ainteração
O professor não corrige os trabalhos postados
Os professores são despreparados paraministrarem disciplinas online
O aluno não respondeu
Legenda:
O professor demora a responder aos questionamentos – 29 alunos
O aluno prefere a interação com o professor nas aulas presenciais – 19 alunos
Ocorrem problemas de comunicação entre aluno e professor pelo método online – 18
alunos
O aluno não acredita que haja interação online entre aluno e professor –17 alunos
A participação do professor nas disciplinas online é positiva – 14 alunos
Boa, pois as dúvidas enviadas pelos alunos são esclarecidas – 08 alunos
A interação é feita de forma impessoal – 07 alunos
O aluno nunca entra em contato com o professor – 06 alunos
O professor nem sempre está disponível para atender ao aluno – 06 alunos
O aluno tira somente dúvidas “técnicas” (data de prova, matéria para as provas,
trabalhos a fazer, formatação os trabalhos) – 03 alunos
Os professores são despreparados para ministrarem disciplinas online – 03
As dúvidas enviadas não são esclarecidas pelo professor – 02 alunos
O horário proposto pelo professor para utilizar a ferramenta do chat não é
compatível com o horário do aluno – 02 alunos
O professor não expõe idéias novas ou experiências pessoais que estimulem a
interação – 02 alunos
O professor não corrige os trabalhos postados – 01 aluno
O aluno não respondeu este item do questionário – 11 alunos
E em relação aos alunos e seus pares acadêmicos? Como será que esta interação
funciona nas aulas online entre os aprendizes? Ela existe? Há troca constante durante as
aulas, de informação e construção do conhecimento, entre os que estão inseridos nesta
modalidade não presencial?
Dúvidas pertinentes como estas foram levantadas para que esta pesquisa tivesse
conhecimento de como este novo aluno que vive a cibercultura e está inserido no
ciberespaço, interage com o colega no momento da aula online.
Aula esta não é mais ministrada em uma sala convencional que tem como ícones
físicos de representação acadêmica, o quadro e carteiras com estudantes. O antigo “vizinho
de assento”, tradicionalmente conhecido nas aulas presenciais, pode estar agora sentado, a
quilômetros de distância.
Os símbolos de pertencimento e interação junto à classe acadêmica transformam-
se. Abandonou-se o espaço macro de uma sala de aula espacialmente e tradicionalmente
conhecido, para se postar a partir de agora, em frente a um computador ligado à internet.
No lugar de rostos conhecidos das salas de aulas tradicionais, aparecem nomes nem
sempre identificáveis e de fácil identificação pessoal, seja ele do professor ou do aprendiz,
mesmo que já tenham tido a experiência de ter estudado com algumas destas pessoas em
disciplinas presenciais.
Conforme indica o gráfico abaixo, a troca de informação, questionamentos,
construção de conhecimento que se dá entre aqueles estudantes que estão inseridos nas
aulas das disciplinas online, vem também sofrendo uma nova leitura e observação negativa
quando questionado sobre a qualidade desta interação.
Gráfico 12
82
34
10
2
0
2
Ruim
Regular
Satisfatória
Bom
Muito bom
Não respondeu
Legenda: Bom – 02 alunos
Muito bom – Nenhum aluno
Ruim - 82 alunos
Regular – 34 alunos
Satisfatória – 10 alunos
Não responderam – 02 alunos Pode-se observar que, assim como no processo de interatividade com o professor, a
relação com os colegas nas aulas não presenciais teve na opção RUIM uma escolha
expressiva pela quantidade de alunos que a escolheu, chegando a 82 votantes, o que
corresponde percentualmente a 67,7%, pontuação esta que se encontra em clara oposição
aos 1,6% que se decidiram pela resposta BOM, quando perguntados sobre o processo de
interatividade entre os colegas que estão matriculados na mesma disciplina online.
Um outro dado que nos chama atenção, é o fato de nenhum aluno ter considerado
“Muito bom” este tipo de relacionamento promovido no ciberespaço, quando relacionado
às atividades acadêmicas presentes numa aula mediada pelo computador e a internet. Esta
constatação sob a ótica estudantil que a interação entre seus pares durante as aulas é ruim
encontra na vida social deles uma contradição, pois grande parte deles utiliza mecanismos
comucacionais interativos como e-mails, chats de bate-papo, scraps23, messenger para
interagir com pessoas de seu círculo social, profissional e familiar.
Para compreensão desta contradição entre o que é praticado no exercício acadêmico
e na vida profissional/social pelos estudantes, esta pesquisa tentou encontrar respostas que
levassem a fazer uma leitura mais precisa de quais seriam os fatos que interferem nessa
nova modalidade de ensino.
A resposta gráfica a esta observação, que será apresentada na próxima página, foi a
seguinte:
23 Recado deixado pelo internauta para outro internauta no site de relacionamento do Orkut para a visualização de todos os que acessam este site.
Gráfico 13
67
21
12
6
6
2
1
2
11
O(s) aluno(s) nunca interage(m) com os colegasdurante as aulas online
O(s) aluno(s) quase não interagem online com oscolegas
Que o aluno encontra dificuldade de interagir online(por não gostar deste tipo de interação)
O aluno só interage com os colegas quando precisotirar dúvidas “técnicas” da disciplina (dia de prova,matéria, trabalho)
Que prefere a interação presencial
Que prefere outro tipo de interação oferecidos pelaInternet, como o MSN (messenger) e Orkut (site derelacionamento)
O aluno interage somente nos fóruns de debates
Que só interage online com os colegas que conhecedas aulas presenciais
Não respondeu
Legenda:
O(s) aluno(s) nunca interage(m) com os colegas durante as aulas online – 67 alunos
O(s) aluno(s) quase não interage(m) online com os colegas – 21 alunos
Que o aluno encontra dificuldade de interagir online (por não gostar deste tipo de
interação) – 12 alunos
O aluno só interage com os colegas quando preciso tirar dúvidas “técnicas” da
disciplina (dia de prova, matéria, trabalho) – 06 alunos
Que prefere a interação presencial – 06 alunos
Que prefere outro tipo de interação oferecida pela Internet, como o MSN
(messenger e Orkut (site de relacionamento) – 02 alunos
Que só interage online com os colegas que conhece das aulas presenciais – 02
alunos
O aluno interage somente nos fóruns de debates – 01 aluno
Não responderam – 11 alunos
Em meio as mais variadas justificativas fornecidas pelos pesquisados, pode-se observar
que o alunado que estuda na modalidade online não gosta de interagir quando é convocado
academicamente para este tipo de prática.
Isto é tão claro no quadro acima que as respostas aproximadas que remetem a este
tipo de pensamento como, por exemplo: “O(s) aluno(s) nunca interage(m) com os colegas
durante as aulas online”; “O(s) aluno(s) quase não interagem online com os colegas”;
“Que o aluno encontra dificuldade de interagir online (por não gostar deste tipo de
interação)” e “O aluno só interage com os colegas quando preciso tirar dúvidas
‘técnicas’(grifo do pesquisador) da disciplina (dia de prova, matéria, trabalho)” se
somadas chegam a 106 alunos, ou 87,6% dos entrevistados.
Na outra extremidade, respostas como “prefere a interação presencial”; “prefere
outro tipo de interação oferecidos pela Internet, como o MSN (messenger e Orkut - site de
relacionamento)” e “Que só interage online, com os colegas que conhece das aulas
presenciais” obtiveram como soma total o valor de 10 pontos (8,2%).
Este desinteresse em participar de um processo de interação online com os colegas
durante as aulas, pode ser explicado se levarmos em consideração algumas variantes, a
saber:
1) A obrigatoriedade da postagem de uma opinião sobre a observação ou
pensamento de um outro estudante durante a aula neste novo modelo
educacional. Esta “obrigatoriedade” existe também durante as aulas
presenciais, mas por estar no grupo em presença física, o estudante, às
vezes se omite de tecer comentários e opiniões na esperança de que outro
o faça, ou seja, estimulado diretamente pelo professor que, pelo seu
nome o chama a defender seu ponto de vista perante a turma;
2) O movimento assíncrono que o ensino à distância mediado pelo
computador, oferece. O fato de nem todos estarem online ao mesmo
tempo, torna o exercício de exprimir uma opinião um pouco frustrante, já
que nem sempre ela é rebatida na mesma hora na hora da postagem,
como acontece numa sala de aula tradicional, onde minimamente isto
acontece, através de opiniões verbalizadas de concordância ou contrárias
ao pensamento do aprendiz. Esta “ausência” diante de uma resposta não
expressa na digitação, pode causar frustração, sensação de solidão e um
desestímulo em relação postagem e, consequentemente, uma não
participação mais ativa no processo de interação entre seus pares;
3) Outro ponto que pode ser considerado em relação a esta falta de
interatividade nas disciplinas online é o não reconhecer físico de quem é
o colega, já que por não ser presencial, qualquer aprendiz, de qualquer
campus virtual pode participar dando a sua opinião, fazendo críticas,
expondo pensamentos e opiniões contrária à idéia postada. O que a
princípio seria um estímulo à construção do pensamento, agregando
novos valores e saberes, pode se tornar nesta nova modalidade de ensino
algo inibidor, já que o debate acontece com o desconhecido, e não mais
com o colega de turma presencial que, por convivência, o aluno conhece
os limites e superações acadêmicas.
Este novo colega de turma é representado apenas por um nome ou o máximo com
uma foto. A origem do seu conhecimento e saber não é conhecida pela turma como no
presencial e o pensamento postado não garante a origem, ou seja, ninguém garante que os
pensamentos postados vieram mesmo do aluno ou se ele utilizou uma fonte secundária
(livros, artigos etc) como sendo sua a opinião sobre o tema exposto.
A postura negativa apontada pela pesquisa do discente online em relação à interação
junto à classe virtual lembra a mesma posição tomada por este estudante nos primeiros dias
de aula em uma disciplina presencial, quando, em boa parte das vezes, não conhece o
colega que está sentado na carteira ao lado, fato este que pode causar uma breve mudança
em seu comportamento acadêmico/social, gerando, pelo menos nos primeiros dias, uma
timidez, ansiedade e expectativa em relação ao novo.
O que difere na evolução no processo de contato de interação entre o presencial e o
online, é que no primeiro, a sequência de dias vividos na sala de aula tradicional agiliza este
reconhecimento físico e intelectual dos atores presentes naquele espaço físico. Já no
segundo caso, a ausência do real físico, causa uma espécie de “solidão acompanhada”, já
que para se comunicar com o outro este aluno não precisa estar em contato direto com o
colega, verbalizando seu pensamento. Basta ele se posicionar através de uma mensagem e
aguardar a resposta.
A utilização de chats, uma ferramenta propícia para este fim: o da integração e
interação entre os participantes da aula mediada por computador, poderia a partir de um
tema comum proposto pelo professor, levar um contato mais próximo, abrangente, o que
ajudaria a quebrar esta aparente falta de comunicação mais direta e objetiva.
Porém esta interface comunicacional se não for bem utilizada pode se transformar,
em algumas situações, em um elemento inibidor, desestimulante para a participação de
outros alunos, caso ocorra, por exemplo, um diálogo entre o docente e apenas um aluno,
deixando os demais à margem, sem nenhuma provocação e estímulo à participação por
parte do professor.
Na continuação do processo de conhecimento sobre o que pensam os discentes de
Jornalismo e Publicidade da instituição de ensino pesquisada. Fizemos a seguinte pergunta:
Em relação aos textos colocados online para leitura e futuro debate, você considera
que eles são:
Gráfico 14
12
23
29 30
20
8
0
5
10
15
20
25
30
35
Fracos Razoáveis Bons, mas sem muitaprofundidade
Bons, mas sinto falta deum material (outros
textos) de apoio
Muito bom,esclarecedores
Excessivos
Legenda:
Fracos – 12 alunos
Razoáveis – 23 alunos
Bons, mas sem muita profundidade – 29 alunos
Bons, mas sinto falta de um material (outros textos) de apoio – 30 alunos
Muito bom, esclarecedores – 20 alunos
Excessivos – 08 alunos
Observa-se no gráfico 14, que a avaliação feita pelo alunado ao que se refere à
qualidade dos textos postados nas aulas online, foi considerado BOM. Mais de 48% dos
entrevistados consideraram positiva a qualidade do material exposto para leitura e
aprendizagem, porém com algumas ressalvas. Os aprendizes não deixaram de observar e
criticar também, algumas carências encontradas na qualidade do material oferecido, tais
como: “Texto bom, mas sem muita profundidade” e “Texto bom, mas sinto falta de um
material (outros textos) de apoio”.
Esta observação revela um tipo de atenção e preocupação que o docente deve ter
quando escolhe o material para sua aula online, já que o discente observa o que é postado
para sua leitura e conhecimento sobre o tema de aula proposto. Isto nos leva a acreditar que
um texto de qualidade, questionador, reflexivo e atraente, aliado a recursos gráficos,
hiperlinks ou a uma animação gráfica, por exemplo, estimulam e facilitam a compreensão e
a navegação para pesquisa de assuntos relacionados à leitura do texto sugerido.
Este tipo de “sedução” feita através de um estímulo visual, se faz necessária, em
virtude dele, aluno, viver rodeado em sua vida social, por atrativos sonoros, visuais,
hipertextuais, além de uma multiplicidade cromática que, invariavelmente, o leva a se
sentir estimulado a interagir e participar de uma leitura, de um chat de bate-papo ou mesmo
ser um participante de uma comunidade virtual que lhe pareça atraente, não só pelo fato de
encontrar nelas seus pares, mas também pela identificação pelo assunto.
Observou-se também neste gráfico, que esta foi a primeira vez nesta pesquisa, que
uma maioria avaliou positivamente algo que é disponibilizado para eles durante as aulas
não presenciais e mediadas pelo computador. Tal conclusão teve a seguinte interpretação, a
partir dos dados obtidos:
Se juntarmos os 23,9% dos que acharam os textos “bons, mas sem muita
profundidade” (29 alunos), com aqueles 24,7% (30 alunos) que optaram por responder que
os textos são “bons, mas sentem falta de um material (outros textos) de apoio”, somando
ainda aos 16,5% (20 alunos) que afirmam que os textos são muito bons e esclarecedores,
teremos no final deste levantamento, um total de 79 discentes, algo em torno de 65%, num
universo de 120 estudantes pesquisados nos cursos de Jornalismo e Publicidade que vêm à
qualidade do texto como algo positivo.
Vale destacar que 35% dos pesquisados fizeram uma crítica mais dura ao que é
postado para leitura e aprendizagem na nas disciplinas online. As porcentagens que estão
na direção contrária à qualidade daqueles que vêm méritos nos textos são as seguintes:
- Acham o texto fraco: 12 alunos, ou seja, 9,9%;
- Consideram razoáveis: 23 estudantes, aproximadamente 19%;
- Excessivos: 8 discentes, porcentagem em torno de 6,6%.
A partir de uma leitura mais atenta destes números, vale destacar a importância e a
necessidade da existência de um pólo que sirva como atração e sedução para os alunos,
principalmente para minimizar ou mesmo acabar com efeitos que levam ao desconforto e o
ao descontentamento que boa parte deles sente em relação à aprendizagem via disciplinas
online.
O texto didático passa a ter uma importante função quando postado pela web,
principalmente se ele serve como um referencial na construção do conhecimento. A partir
de agora, além de transmitir conceitos e teorias, esse texto deve também ser um agente
sedutor, estimulador e agregador de aprendizes “incomodados” em estudar na modalidade
online.
Para isto, o material postado não pode ser apenas uma reprodução eletrônica ipsis
literis do livro impresso editado desde de Gutenberg. O texto que o aluno acessa pela
internet durante uma aula não presencial tem de ser interativo, ligado a temas que se
desdobrem em múltiplos assuntos, levando o aluno a fazer uma viagem por outros lugares
sem se perder a origem, ou seja, o texto inicial.
O aluno não pode mais ficar passivo diante do que lhe é dado como forma de
leitura, como sempre acontece até diante dos impressos. Ele sente a necessidade, cada vez
mais preeminente, de participar ativamente da discussão, do novo conhecimento, da
construção do saber.
Para que isto aconteça, às informações e leituras postadas nas aulas online merecem
uma atenção especial, já que elas terão um papel fundamental, não só sobre o que será
discutido nos fóruns propostos, mas também pelo fato de transformar o professor, a partir
de agora, num co-participante deste novo processo de ensino e aprendizagem.
“O texto oferece links para outros textos na internet?” Esta pergunta feita como
continuidade do sub-tema “textos” para esta pesquisa teve a preocupação de saber se o
aluno tinha diante de si, informações colocadas na tela do computador de forma chapada,
como nos livros utilizados nas disciplinas presenciais, ou se os textos veiculados e
disponibilizados na web para ele durante a aula online, o levava a outros dados e
informações, fazendo com que ampliasse seu conhecimento.
Como resultado, obtivemos as seguintes respostas:
O texto oferece links para outros textos na internet?
Gráfico 15
87
32
1 10
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Sim Não Não sabe Não respondeu
Legenda:
Sim – 87 alunos
Não – 32 alunos
Não sabe – 01 aluno
Não respondeu – 01 aluno
Nota-se, a partir dos dados tabulados e expostos no gráfico acima, que 71,9%
reconheceram em algum momento da leitura em uma aula não presencial, transmitida
através da internet, oferecia links que os faziam navegar por outros textos.
Este tipo de elo que remete a outras teorias e informações torna-se fundamental
neste na modalidade de ensino online, pois transforma a leitura em uma multiplicidade de
saberes, levando o discente a navegar pela grande rede presente na internet, contribuindo
para a construção do conhecimento.
Em relação aos 32 alunos que afirmaram não haver links nos temas
disponibilizados, o que percentualmente corresponde a 26,4%, chegou-se à conclusão que
três hipóteses devem ser consideradas:
- A primeira é a de que, os textos postados não oferecem nenhuma forma de
ligação com outros tipos de leitura ou mesmo informações pertinentes ao
assunto, contrariando a filosofia de multiplicidade de informações que
seriam gerados a partir da existência de um elo, com o texto
disponibilizado;
- A segunda, e menos viável na opinião deste pesquisador, seria a da não-
observância do alunado para esta forma de estímulo. Caso isto seja fato, o
aprendiz, ao entrar em contato com o texto postado, pode não se sentir
atraído em estudar na modalidade online, a ponto de evitar adentrar por
outras leituras sugeridas.
- E como última hipótese, temos que considerar também, que independente
da forma pela qual a mensagem é transmitida, ou pela oralidade ou via
internet, sempre haverá aquele discente desatento na hora que estiver
diante de uma nova informação acadêmica transmitida pelo professor.
Sendo estas hipóteses confirmadas, há a necessidade de criar estímulos tanto ns
modalidades presenciais ou online para minimizar a apatia que este aluno pode estar
sentindo diante da tela do computador.
Com o avanço da tecnologia, ligar um texto a assuntos correlatos, através de
hiperlinks deixou de ser apenas o único estímulo visual para que o aluno pudesse participar
ativamente de uma aula não presencial mediada pelo computador.
A utilização de ícones visuais e sonoros nascidos na cibercultura e que fazem parte
do dia a dia social e do entretenimento do alunado, como vídeos, MP3 e games ganharam
espaço e uma presença destacada na hora de se pensar na construção e postagem de uma
aula na modalidade online.
Estes tipos de recursos inseridos no online acabam gerando uma maior aproximação
entre o que está exposto entre a tela do computador e o aluno. Isto faz com que ele se sinta
em um mundo virtual conhecido, através do acesso a imagens, sons e jogos, afastando a
sensação de estranheza que possa sugerir a ele, uma disciplina não presencial mediada pelo
computador.
É fato que recursos audiovisuais há anos estão presentes nas salas de aula
presenciais. Sejam eles representados pelos jurássicos retroprojetores, projetores de slides
ou mais recentemente através da televisão, um aparelho de vídeo cassete ou DVD, um data
show ou mesmo um rádio-gravador para reprodução do som de um CD.
Mas o que de irá diferenciar estes últimos recursos utilizados nas salas de aulas
tradicionais e os que estão disponibilizados na web, durante uma aula online, é a
possibilidade de o aluno interagir ativamente com o que lhe é oferecido virtualmente.
Numa aula presencial, este mesmo aluno age passivamente diante o que lhe é
apresentado pelo professor, não interferindo diretamente sobre o conteúdo da mensagem. A
máxima da ousadia em repensar o exposto seria a partir discutir algumas idéias que surgem
após a exibição de uma aula áudio-visual.
Situação bem diferente da que acontece numa aula realizada na modalidade online,
onde este discente, passa de agente passivo moldado pela modalidade presencial para um
ser ativo na construção do seu conhecimento, onde irá acrescentar novas informações ou
mesmo, rejeitar algumas teorias descobertas na internet, através de estímulos visuais e
sonoros que são propiciados por interfaces tecnológicas presentes na rede.
Para que esta pesquisa conhecesse a importância deste tipo de complemento
oferecido pela cibercultura, procurou-se saber se os textos postados ofereciam links para
vídeos, MP3 e games. O resultado obtido nos mostrou que 83 alunos questionados sobre
este tema, desconheciam qualquer estímulo desta ordem. Este número é representativo, já
que num universo de 120 alunos de Jornalismo e Publicidade entrevistados, 68,5 %
responderam que não, contra 30,5% que afirmaram conhecer tais recursos. Vale destacar
que menos de 1% dos pesquisados (0,8% = 1 aluno) não soube responder a esta questão
quando perguntado.
Importante é salientar que a falta da utilização desses recursos eletrônicos nos textos
postados, podem estar levando a uma frustração ou mesmo um desestímulo para aqueles
que se veem diante da obrigatoriedade de fazer a disciplinas online, sem terem a
possibilidade de interagir com estes canais de informação disponíveis, onde a prática
rotineira deste tipo exercício, caso existisse, possivelmente agregaria mais adeptos.
As respostas dadas poderão ser observadas, graficamente, na próxima página.
Ele oferece links também para vídeos, MP3, games?
Gráfico 16
37
83
10
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Sim Não Não sabe
Legenda:
Sim - 37
Não - 83
Não sabe – 01
Um dos momentos de maior interação TODOS-TODOS durante as aulas é
representado pela participação dos envolvidos em fóruns de discussão, onde o professor
posta um texto, uma idéia, faz um questionamento sobre um determinado tema e convoca o
alunado a emitir sua opinião para que, a partir de trocas de pensamentos, comece a
construção do conhecimento.
Porém, para que esta interface alcance seu intento, é importante que a qualidade dos
assuntos postados instiguem os participantes, pois é a partir desta premissa que o discente
se sentirá estimulado ou não a emitir a sua opinião, provocando a opinião de concordância
ou discordância de seus pares.
Para que possamos conhecer como os fóruns são vistos e avaliados pelos estudantes
de Comunicação Social da instituição de ensino pesquisada, foi levantada a seguinte
questão:
Como você vê a qualidade dos debates nos fóruns propostos?
Como resultado gráfico obtemos as seguintes respostas:
Gráfico 17
45 46
64
1
6
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Fracos Razoáveis Bons Muito bons Excelentes Não respondeu
Legenda:
Fracos – 45 alunos
Razoáveis – 46 alunos
Bons – 06 alunos
Muito bons – 04 alunos
Excelentes – 01 aluno
Não responderam - 06 alunos
As respostas obtidas demonstram que a maioria dos estudantes entrevistados não vê
qualidade nos temas propostos nos fóruns. Isto fica patente quando 91 aprendizes, do total
de 120 entrevistados, optam pelas respostas FRACOS (45 alunos = 37,1%) e RAZOÁVEIS
(46 alunos = 38%), perfazendo com isso, um índice de aproximadamente 75,1 % entre
aqueles que emitiram sua opinião sobre este tema.
O índice percentual apresentado acima se encontra em total oposição àqueles que
escolheram como respostas BOM (6 alunos = 4,9% ) MUITO BOM (4 alunos = 3,3%) e
EXECELENTES (1 aluno = 0,8%). Se somarmos estes três itens que vêm positivamente à
utilização desta interface como agente de participação e interatividade nas disciplinas
online, não chegaremos a 9% daqueles que acreditam ser os fóruns uma espécie de
chamariz para a participação do aluno em uma aula virtual.
Diante de números e índice tão extremos, se fez necessário, por parte desta
pesquisa, conhecer as razões que levaram a maioria dos entrevistados a rejeitar e criticar
negativamente a utilização dos fóruns como um meio de interatividade e participação
estudantil durante emissão das disciplinas online. Nestas justificativas também foram
consideradas àquelas que emitiram opinião favorável à desta pratica como agente interativo
entre os discentes nesta nova modalidade de educação à distância, mediada pelo
computador.
Os resultados obtidos e tabulados, como pode ser conferido na página a seguir,
foram traduzidos em forma de gráfico, da seguinte forma:
Gráfico 18
28
17
13
151111
7
7
4
3
2
2
2
2
2
1
19
Há pouca postagem de comentário sobre os temaspropostos
Os temas propostos para os debates são desinteressantes
Discutem-se outros temas que não são pertinentes aofórum, como entrega e formatação de trabalho, matéria edia de prova, etc)
As discussões são superficiais
Nunca participou de um fórum, por não se sentir motivado
Prefere o debate que ocorre na aula presencial
Não se sentem estimulados, pelo professor, a participardos fóruns
Os temas propostos para os debates são interessantes
A partir deles os alunos expressam mais suas idéias
As dúvidas são esclarecidas
Há uma comunicação unilateral entre o professor e um sóaluno durante o debate nos fóruns
As respostas dadas nos fóruns demoram ser postadas
Não há feedback do professor e/ou colegas doscomentários postados
Os alunos não compreendem os temas propostos
É bem mediado pelo professor
Há pouca quantidade de temas propostos para o debate
Não respondeu
Legenda:
Há pouca postagem de comentário sobre os temas propostos – 28 alunos
Os temas propostos para os debates são desinteressantes – 17 alunos
As discussões são superficiais – 15 alunos
Discutem-se outros temas que não são pertinentes ao fórum, como entrega e
formatação de trabalho, matéria e dia de prova, etc) – 13 alunos
Nunca participou de um fórum, por não se sentir motivado – 11 alunos
Prefere o debate que ocorre na aula presencial –11 alunos
Não se sentem estimulados, pelo professor, a participar dos fóruns – 07 alunos
Os temas propostos para os debates são interessantes – 07 alunos
A partir deles os alunos expressam mais suas idéias – 04 alunos
As dúvidas são esclarecidas – 03 alunos
Há uma comunicação unilateral entre o professor e um só aluno durante o
debate nos fóruns – 02 alunos
As respostas dadas nos fóruns demoram ser postadas – 02 alunos
Não há feedback do professor e/ou colegas dos comentários postados - 02
alunos
Os alunos não compreendem os temas propostos – 02 alunos
É bem mediado pelo professor – 02 alunos
Há pouca quantidade de temas propostos para o debate – 01 aluno
Não responderam – 19 alunos
Para análise deste gráfico escolhemos os itens que mais receberam críticas negativas
dos alunos e os que foram mais elogiados na justificativa sobre a qualidade dos fóruns
propostos durante as aulas online.
O que se pode perceber a princípio, diante de respostas tão múltiplas e variadas, é
que um dos maiores problemas para esta interação no fórum está na ausência e/ou em uma
participação mais ativa do professor nos momentos em que ele é requisitado pelo aluno. A
queixa invariavelmente recai sobre esta ausência do profissional de educação e a demora
que lhe é atribuída toda vez que é postada uma questão e a resposta demora a surgir na tela
do computador do discente.
Este tipo de não participação efetiva do docente nas disciplinas mediadas pelo
computador faz com que o aluno considere estranha a atitude profissional e acadêmica do
docente, já que este aprendiz tem como referência à figura do tradicional professor
presencial respondendo o questionamento do aluno.
O silêncio prolongado gerado pelo professor online pode levar o discente a uma
espécie de mal estar acadêmico, deixando-o em dúvida não só em relação ao
questionamento feito, mas também sobre alguns pontos a serem questionados, tais como a
competência do docente sobre a matéria; se realmente ele está capacitado para utilizar as
ferramentas disponibilizadas pela esta nova modalidade de ensino; se realmente este
professor tem interesse em aplicar este tipo de aula e, se quem está do outro lado da tela é
mesmo o professor daquela disciplina ou um tutor, sem nenhuma formação acadêmica
sobre o assunto, mas que foi contratado apenas para gerenciar o fórum.
Outro ponto negativo apontado pelos alunos pesquisados em relação à participação
e qualidade dos fóruns foi à falta de comentários dos colegas online sobre o que é postado
por quem realmente quer participar. Quando isso acontece, ou seja, um silêncio virtual da
grande maioria dos participantes, acaba gerando no aluno uma frustração, uma sensação de
solidão, abandono e de irrelevância em relação ao seu pensamento e sua participação como
discente em relação a seus pares, numa aula online.
Outro ponto negativo e possível motivador para este desestímulo às aulas online e
que merece ser destacado nesta pesquisa é em relação aos temas propostos pelo professor
nos fóruns. Assuntos estes que para o aluno, muitas vezes, se distanciam do universo do
aprendiz ou possuem um alto grau de dificuldade na compreensão em relação ao tema
proposto. Esta não compreensão inicial ou este distanciamento acadêmico-social do aluno
podem estar fazendo com que o processo de aceleração para uma possível rejeição destas
disciplinas se torne cada vez maior e constante.
Para que haja um incentivo a este tipo de participação, é necessário que o docente
poste temas que estejam próximos da realidade social-acadêmica do seu público-alvo. Só a
observação deste viés já serviria como um bom motivador para aqueles que pensam em
participar dos fóruns, já que ele se reconhecerá o e no tema, podendo inclusive participar
mais ativamente com depoimentos ou exemplos.
Outro incentivo que deve ser levado em consideração para estimular a entrada e
uma participação cada vez mais efetiva nestas discussões, é a linguagem escrita. Sem
descaracterizar a norma culta da língua pátria, seria interessante um conhecimento por parte
do docente de um vocabulário típico específico da juventude. Com isso, o professor poderia
compreender melhor as mensagens postadas pelos seus discentes, o que lhe permitiria
aproximar deles e de sua fala registrada muitas vezes nas em mensagens trocadas através de
outros meios de comunicação oriundos da cibercultura como os chats, o messenger,
torpedos via telefonia celular, posts dos blogs ou scraps utilizados nos sites de
relacionamento.
Ao tomar ciência de como eles se comunicam através da web, com suas gírias,
abreviações de palavras e ícones gráficos, este professor começaria observar o conteúdo da
mesma, partindo a partir daí, numa linguagem acadêmica, para seus questionamentos e
indagações sobre o que foi postado pelo discente no fórum, estimulando a participação
deles.
Um fato importante que chamou atenção desta pesquisa foi em relação à
participação quando ela feita nos fóruns, pelos alunos. Além de uma quase ausência nesta
interface acadêmica, foi observado também aquilo que chamaremos de desvio de objetivo,
ou seja, o espaço que é aberto para debate de assuntos pertinentes sobre o conteúdo da
matéria é utilizado para outros fins. Isto acontece, por exemplo, quando o alunado utiliza-se
do fórum apenas para tirar dúvidas, entre seus pares, relativas a formatação de trabalhos,
datas de provas ou matéria a ser estudada para a avaliação, ou seja, relega o tema proposto
pelo professor a um segundo plano, priorizando suas dúvidas estudantis em relação a
prazos, conteúdo a ser estudado para avaliações e feitura de trabalhos.
Este tipo de desvio de objetivo deveria ser rejeitado e criticado pelo docente que
propôs o fórum, com uma explicação objetiva sobre o verdadeiro papel desta interface, sua
importância e finalidade acadêmica. Porém, o que acreditamos que esteja acontecendo para
que haja este desvio de função, talvez seja pelo fato de muitos professores online se
encontrarem, muitas vezes, ausentes nesse momento de debate ou tenham uma postura
pouco participativa nos fóruns. Tal observação para estas explicações está baseada nas
justificativas sinalizadas anteriormente neste trabalho, pelos alunos.
Com esta não interferência crítica-explicativa advinda do professor, o fórum acaba
perdendo sua função principal que é o de gerar um debate acadêmico, levando-o assim a
uma prática equivocada de sua utilização, passando de um local de discussão de idéias, de
construção do conhecimento para um painel eletrônico para postagem de recados e dúvidas
sobre prazos, provas e formatação trabalhos acadêmicos.
A quinta justificativa que teve mais votos como sendo um dos motivos para a não
participação nos fóruns online pelos 120 alunos de Jornalismo e Publicidade foi a que
afirmou que os pesquisados preferem os debates promovidos nas salas de aula presenciais.
Para os professores que dão aula nesta modalidade, esta preferência pode parecer um pouco
contraditória, visto que, quando este exercício acadêmico é proposto na sala de aula
tradicional é sabido por quem ministra aulas que poucos são os alunos que manifestam seu
pensamento apoiando ou rejeitando sobre o que foi dito pelo professor e/ou colega. A não
participação no debate presencial pode ter várias origens, indo da timidez que existe em
alguns alunos à desatenção ou distração do discente na hora em que ele é requisitado a
opinar. Mas mesmo quando isso ocorre, este aprendiz vê a necessidade de emitir um
pensamento, seja ele qual for, até mesmo o do desconhecimento sobre o tema
questionamento levantado pelo professor, já que ele, aluno, se encontra na berlinda.
No online este tipo de cobrança também existe por parte do docente, porém pelo
fato de nem todos estarem participando de forma síncrona do debate, pode fazer com que a
participação do fórum seja algo desestimulante, já que o exercício da postagem não é
obrigatório, diferentemente do presencial, onde ele é convocado a expor naquele instante a
sua idéia diante da classe e do mestre.
Na modalidade online, mesmo que esta cobrança ocorra, o aluno pode permanecer
em silêncio, mudando seu status de on para off, ou pela simples razão de querer permanecer
no silêncio. Este silêncio pode advir do desconhecimento do aluno sobre o tema, ou ainda
de não querer participar efetivamente do debate ou ainda pelo fato dele ter entrado na
disciplina, apenas para cumprir uma carga horária mínima exigida pela instituição para que
não fique reprovado por falta na matéria. Sendo assim, ele acaba cumprindo não uma
função acadêmica da disciplina online, mas sim uma função burocrática, aliada ao temor de
uma reprovação.
Em relação aos pontos positivos encontrados na utilização dos fóruns e apontados
pela minoria dos discentes (14,8%, do total de 120 pesquisados), destaca-se que:
- Os temas propostos para os debates são interessantes. (7 alunos);
- A partir deles (fóruns), os alunos expressam mais suas idéias. (4 alunos);
- As dúvidas são esclarecidas. (3 alunos);
- O fórum é bem mediado pelo professor. (2 alunos).
A partir destes números acima, embora não represente o pensamento da maioria do
alunado pesquisado, composta por 85,2%, a idéia da participação no fórum online, não é
algo totalmente descartado como uma importante interface educacional para a construção
do conhecimento e a interação entre os participantes de uma disciplina não presencial e
medida pelo computador.
Para que haja uma possível reversão nesse quadro, em favor da utilização do fórum
nas disciplinas online, será necessário que se compreenda a insatisfação daqueles que o
rejeitam, eliminando ou minimizando os problemas apontados pelos alunos, fazendo
destes nativos digitais e participantes desta interface, aliados e cúmplices acadêmicos.
Para isso torna-se necessária à figura imprescindível do professor mais ativo, não só
como responsável pela postagem dos temas, mas principalmente como um incentivador
para a participação de seus alunos.
Se a interação e participação de TODOS-TODOS nos fóruns foram mal avaliadas
pelos alunos que responderam o questionário para esta pesquisa, um outro questionamento
se fez necessário para conhecer como se dá então o processo de interação UM-UM, entre o
discente e o docente, principalmente quando há a necessidade de o aluno esclarecer alguma
dúvida em relação à matéria ou texto postados durante as aulas online.
Como resultado gráfico, que pode ser visto na próxima página, obtivemos as
seguintes respostas para a pergunta:
De que forma você tira (ou) dúvidas junto ao professor sobre a matéria e sobre aos
textos da(s) disciplina(s) online ?
Gráfico 19
60
41
7
26
Nos debates nos fóruns
Através do e-mail (em alguns casos, sem o retornoda resposta dada pelo professor)
Não respondeu
Outros
Legenda:
Nos debates nos fóruns – 60 alunos
Através do e-mail (em alguns casos, sem o retorno da resposta dada pelo professor)
– 41 alunos
Outros 24 (pesquisa na internet, pela correção dos trabalhos, com professor online,
quando ele ministra uma aula na modalidade presencial)– 26 alunos
Não responderam - 07 alunos
Em função dos resultados obtidos e dispostos no gráfico, fica claro mais uma vez, para
esta pesquisa, que a interface educacional representada pela proposta do fórum tem uma
leitura equivocada por parte dos alunos e agora também com a chancela do professor que
obteve uma capacitação para trabalhar nesta interface de maneira mais interativa e não a
faz.
Ao invés de servir como um canal democrático e plural, a partir de uma provocação
dada pelo professor para a troca de idéias, opiniões, contestações e construção,
desconstrução e reconstrução do conhecimento, o fórum acaba entrando na contramão de
sua principal função, que é a discussão de idéias, para se transformar em uma opção rápida
para esclarecimentos de dúvidas acadêmicas do alunado.
Dúvidas que desta vez não são respondidas e/ou compartilhadas somente com o seus
pares, como visto anteriormente e onde havia um esboço do que seria uma interação
TODOS-TODOS, um dos ícones da comunicação praticada no ciberespaço, através da
cibercultura.
A resposta para o questionamento, a partir da leitura deste gráfico, apresenta um dado
mais preocupante, visto que a interação TODOS-TODOS dá lugar a UM-UM, já que o
professor passa a responder a um só aluno, mesmo que a dúvida deste seja pertinente a
todos.
Com a utilização do fórum apenas como um canal de respostas do professor para
perguntas feitas por um só aluno, situação que ocorre com 60 aprendizes (aproximadamente
49,5% do total de pesquisados), a função desta interface perde a sua lógica de existência, já
24 As opções que aparecem no item outros foram indicadas pelos próprios alunos que responderam ao questionário.
que serve para um fim que não foi criada, desestimulando cada vez mais, a participação
daqueles que veem nesta ferramenta comunicacional um meio para o diálogo acadêmico
entre TODOS-TODOS, a colocação de pensamentos e também uma construção do saber.
Para que as dúvidas oriundas dos alunos sejam respondidas, faz-se necessário por parte
do professor à escolha de outros caminhos construídos para este fim, o qual o docente e o
discente possam utiliza-lo sem prejuízo comunicacional e espacial de outros canais criados
para fins específicos, como por exemplo, o fórum de debates.
Um desses canais que facilitam a comunicação UM-UM não só pela rapidez, mas pela
resposta personificada (isso quando não se utiliza em e-group) é o e-mail. O correio
eletrônico foi identificado por 41 alunos (33,8% dos pesquisados) como meio utilizado para
entrar em contato com o professor, quando necessitam tirar alguma dúvida sobre a matéria
ou dos textos postados. O grande problema na eficácia desta interface apontado por este
grupo que utiliza esta ferramenta, quando o utiliza para dirimir suas dúvidas é não há
retorno imediato da resposta do professor, problema este que leva o aluno, possivelmente a
apelar para os fóruns ou a outros vieses de comunicação.
Outro ponto que merece relevância neste estudo é em relação às avaliações feitas para
que se afira não somente o grau de aprendizagem do aluno, como também para lhe atribuir
uma aprovação ou reprovação.
Para que pudéssemos conhecer a opinião do alunado em relação ao grau de
dificuldade das provas aplicadas nas disciplinas online, foi feito o seguinte questionamento
durante a pesquisa:
Qual a sua opinião em relação ao grau de dificuldade e exigência nas provas que
são aplicadas para avaliar seu aprendizado online?
Como respostas espontâneas e tabulação gráfica obtivemos o seguinte resultado:
Gráfico 20
27
24
17
7
7
3
3
3
2
2
3
1
1
1
8
Ainda não fez prova
Provas fáceis
Provas razoáveis
As provas deveriam ser discursivas
Provas mal elaboradas
Muito conteúdo para ser estudado, muita informação aser processada para a prova e sem a ajuda ouesclarecimento de dúvidas do professor
Provas confusas
Provas fracas
Prefere as provas aplicadas nas aulas presenciais
Provas difíceis
Provas objetivas
Acha contraditório, pois as provas não são online
Provas cansativas
Provas grandes
Não respondeu
Legenda: Ainda não fizeram prova – 27 alunos
As provas são fáceis – 24 alunos
As provas são razoáveis – 17 alunos
As provas deveriam ser discursivas – 07 alunos
As provas são mal elaboradas – 07 alunos
As provas são confusas – 03 alunos
As provas são fracas – 03 alunos
As provas são objetivas – 03 alunos
As provas são difíceis - 02 alunos
As provas são cansativas – 01 aluno
As provas são grandes – 01 alunos
O aluno acha que há muito conteúdo para ser estudado, muita informação a ser
processada para a prova e que não há a ajuda ou esclarecimento de dúvidas retiradas
pelo professor online – 03 alunos
O aluno prefere as provas aplicadas nas aulas presenciais – 02 alunos
O aluno acha o método de aplicação contraditório, pois as aulas são online e as
provas feitas de forma presencial – 01 aluno
Não responderam – 08 alunos
Numa observação mais detalhada, observa-se que se somados valores positivos
apontados pelos aprendizes (as provas são fáceis, as provas razoáveis, as provas são
objetivas) em relação às avaliações, pode-se constatar que no universo dos 120 alunos
pesquisados e que fazem provas em disciplinas online, 44,1% pontuaram positivamente
este tipo de avaliação. Porém, há de se ressaltar que esta avaliação não contempla o
conteúdo e a elaboração, mas sim, o grau de dificuldade encontrado pelo alunado na hora
da realização dos exames bimestrais.
Observa-se também que há uma porcentagem significativa de alunos que têm um
olhar crítico em relação à aplicação destas provas nas aulas não presenciais. Se somados os
pontos negativos (provas mal elaboradas + provas confusas + provas difíceis + provas são
fracas + provas são cansativas + provas são grandes) teremos um total de 17 alunos que não
veem com bons olhos este tipo de avaliação. Este número representa um universo de 14%
dos pesquisados.
Mas o que chama mais atenção em relação ao questionamento feito, foram às
respostas que saíram do binômio negativo/positivo apontados na maioria das respostas.
Uma delas em relação à ausência do professor online na hora de retirar dúvidas que
aparecem para o alunado na hora da leitura dos textos que eles têm que fazer para a prova.
Mais uma vez a ausência do docente na modalidade online, como já foi colocado
anteriormente nesta dissertação, torna-se um ponto negativo na avaliação do aluno que
cursa uma disciplina não presencial mediada por computador.
Esta não participação e interação entre as partes (aluno e professor), principalmente
num momento tão delicado que é o que antecede uma prova, deixa no aprendiz,
principalmente aquele que faz pela primeira vez uma avaliação não presencial, uma
sensação de frustração e abandono provocado, em alguns momentos, pela ausência do
professor virtual, principalmente quando ele é requisitado para dirimir suas dúvidas em
relação á matéria. Este status acadêmico apresenta-se bem diferente daquele que ele vive
nas provas aplicadas nas aulas presenciais, onde o professor faz uma revisão antes do
exame. Este aluno online que espera que este tipo de orientação se faça também presente
nas aulas mediadas pelo computador, se vê, algumas vezes, sem o retorno do docente,
deixando-o assim, sem respostas a suas perguntas e dúvidas.
Outro ponto também que pode ser destacado e que chama bastante atenção nas
respostas espontâneas, quando indagados sobre as provas aplicadas nas disciplinas online a
crítica é em relação à forma de como elas são aplicadas. Um pequeno grupo formado por
três alunos (2,4%), rotula de contraditório o fato de as avaliações sejam feitas de forma
presencial, enquanto todas as aulas são ministradas a distância.
Para o alunado, se a explicação dada pela instituição de ensino para o
questionamento sobre esta contradição for baseada no grau de legitimidade na feitura da
prova, ou seja, se é mesmo o aluno quem está fazendo a prova e não outra pessoa, já que
pelo computador “qualquer um” pode assumir a posição do aluno e respondera as questões
por ele, este argumento cai por terra, já que nem nas aulas online, ninguém garante que o
aluno está presente, já que a única coisa que garante dele estar online é o fato de
computador estar ligado na disciplina, nada mais, e “qualquer um” pode fazer isso pelo
aprendiz. Basta ter a sua senha de acesso.
Esta pesquisa também tentou descobrir entre os alunos pesquisados quais seriam as
vantagens e desvantagens que eles viam em estudar através da modalidade online.
Tal variedade nas respostas nos faz acreditar que por ser uma modalidade ainda
pouco conhecida e explorada pelo alunado, o aprendiz se encontra sem um norte tanto na
hora de qualificar ou desqualificar a disciplina feita por ele de forma não presencial.
Para melhor analisarmos as respostas dadas, elegemos as 6 que tiveram o maior
número de votos, tanto no que diz respeito às vantagens, quanto as desvantagens de se
estudar via online. Esta opção se deu, porque o quantitativo representacional equivale a
mais de 50% dos 120 alunos pesquisados.
Vale destacar ainda que por terem sido colocados até 6 vantagens e desvantagens no
questionário entregue aos alunos, muitos deles acabaram repetindo a mesma resposta ou
sugerindo outra diferente. Daí, na hora da tabulação, muitas respostas parecidas tiveram a
mesma classificação.
As vantagens ficaram graficamente representadas, da seguinte forma:
Gráfico 21
56
2926
64
4
3
3
2
2
2
2
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
2 10
Praticidade (escolha de dia, horário e local paraestudar)
Comodidade (não precisar ir à faculdade)
Não vê nenhuma vantagem
Poder escolher a data da prova
Material de estudo (textos, apostilas, resumos,resenhas) sempre disponível
Rapidez
Poder imprimir os textos
Possibilidade de estudar a distância, semanecessidade do presencial
Acesso fácil ao material
Conteúdo bem organizado
Independência
Mais facilidade para estudar
Poder utilizar-se das ferramentas oferecidas (chats,hiperlinks, fóruns)
Redução de custo para o aluno
Ter acesso à pesquisa pela Internet
A aula é mais dinâmica
Facilidade para a entrega do trabalho proposto peloprofessor
Incentiva ao debate
Maior contato com o professor
Poder recuperar as aulas perdidas
Uma maior cobrança sobre os alunos
Velocidade na aprendizagem
A presença não é cobrada
Não respondeu PraLe Poder escolher o dia e horário da prova – 06 alunos Material de estudo (textos, apostilas, resumos, resenhas) sempre disponível – 04 alunos Rapidez – 04 alunos
Poder imprimir os textos – 03 alunos
Possibilidade de estudar a distância, sema necessidade do presencial – 03 alunos
A presença não é cobrada – 02 alunos
Conteúdo bem organizado – 02 alunos
Independência – 02 alunos
Mais facilidade para estudar – 02 alunos
Poder utilizar-se das ferramentas oferecidas (chats, hiperlinks, fóruns) – 02 alunos
Redução de custo para o aluno – 02 alunos
Ter acesso à pesquisa pela Internet – 02 alunos
A aula é mais dinâmica – 01 aluno
Facilidade para a entrega do trabalho proposto pelo professor – 01 aluno
Incentiva ao debate – 01 aluno
Maior contato com o professor – 01 aluno
Poder recuperar as aulas perdidas – 01 aluno
Uma maior cobrança sobre os alunos – 01 aluno
Velocidade na aprendizagem – 01 aluno
Não responderam – 10 alunos
Aspectos como praticidade e comodidade foram as vantagens mais apontadas pelos
alunos, perfazendo respectivamente um total de 85 alunos, sendo que 56 escolheram a
primeira opção e 29, a segunda.
É inegável que o fato deles não precisarem ir até a instituição de ensino para assistir
a uma aula presencial, facilita em muito a vida do aluno, principalmente daqueles que têm
uma vida profissional atribulada.
Outro fato a se destacar é a utilização do computador em qualquer lugar onde
estejam conectados (casa, trabalho, lan house, lap top) para acessar as aulas online
disponibilizadas naquele dia, evitando com que ele (aluno) precise necessariamente estar
numa sala de aula tradicional para a compreensão do conteúdo.
Estas vantagens, a da comodidade e da praticidade apontadas majoritariamente
pelos alunos durante a pesquisa como sendo uma das vantagens de se estudar na
modalidade online, pode ser traduzida como situações de temporalidade e espacialidade.
Na temporalidade, o discente observa que o tempo, ou a falta dele, não é mais um
inimigo ou uma justificativa para que ele não compareça às aulas, pois agora, ele (aluno)
pode estar conectado ao que é ensinado, em qualquer das 24h do dia. Basta ligar o
computador e interagir com o professor e colegas que estão online.
Na questão da espacialidade, este aprendiz observa positivamente que ele não
precisará necessariamente ir mais à universidade para assistir a uma tradicional aula
presencial. Ele pode estar até mesmo dentro do campus, mas não dentro do espaço físico de
uma sala de aula. O importante é ele estar conectado com o que está sendo disponibilizado
numa aula online.
Chamou-nos a atenção o fato de 26 alunos, quando questionados sobre as vantagens
de se ter uma aula na modalidade online, terem dito que não viam nenhuma vantagem em
tê-la em sua grade curricular, ou seja, uma negação à modalidade não presencial. Este
número é representativo, já que ficou em terceiro lugar nas respostas espontâneas dadas
pelos alunos quando do preenchimento do questionário.
Uma possível resposta para que haja este tipo de descontentamento, nós buscamos
no grupo focal organizado para este trabalho e que será apresentado no próximo subitem.
Este grupo foi formado por nove discentes que têm aulas em disciplinas não-presenciais.
Sua composição foi feita para esta pesquisa, para que se conhecesse, oralmente, o
pensamento deste segmento de aprendizes a respeito desta modalidade da EAD mediada
por computador.
Outro motivo que causou espécie em relação às respostas dadas as vantagens, e que
ficou em quarto lugar, foi o fato de seis alunos terem respondido que gostavam das
disciplinas online, pelo simples fato de eles poderem escolher a data da prova.
Ao questionarmos o por que desta escolha, foi explicado que nas provas bimestrais
que são aplicadas nas aulas presenciais, o aluno só tem uma opção de dia, local e horário
para a realização da avaliação, sujeitando-se a um calendário específico organizado pela
instituição de ensino. Já nos exames bimestrais que são feitos nas disciplinas online, ele
pode optar por um determinado dia, campus e horário oferecido, dentro de um quadro de
opções, para a feitura desta prova, mesmo ela sendo feita de forma presencial, como já foi
visto anteriormente.
Esta opção de escolha acaba compactuando com a filosofia do ensino a distância
quando o aluno faz seu próprio horário de entrada e participação nas aulas, dentro da
disponibilidade oferecida, não o prendendo a horários, locais e dias fixos para ser estudar o
que foi postado na sala de aula virtual. Este exercício de escolha na realização das provas
leva novamente o discente a uma comodidade e praticidade características e já sinalizadas
pelo alunado nesta pesquisa.
Respostas como rapidez e fácil acesso a material de apoio (apostilas, textos,
resenhas, etc) foram os outros itens justificados como vantajosos na hora de se estudar
através da mediação do computador. Tais respostas só vêm confirmar para este pesquisador
a praticidade oferecida pela disciplina online, visto que o aluno, talvez por não querer ou
não poder perder tempo, procura na modalidade à distância como uma opção de facilitar
sua aprendizagem. Nas aulas mediadas por computador, o discente possui um acesso rápido
ao material disponibilizado na web e que serve de apoio para seus estudos e pesquisa
acadêmica.
Este movimento é oposto do que ocorre nas aulas presenciais, onde o aprendiz gasta
um tempo escrevendo as anotações em um caderno, para posteriormente estudar por ele, ou
mesmo em alguns casos, ter que fotocopiar algum texto deixado pelo professor para suporte
em uma leitura e/ou debate sugerido em sala de aula.
Isto tudo denota tempo, e tempo é tudo aquilo que quem opta por fazer uma
disciplina online não quer perder. Muito pelo contrário. As palavras de ordem deste aluno
virtual são otimização e facilitação na construção do conhecimento, daí opções como
“rapidez e material de estudo estar sempre disponível” terem ficado colocados no quinto e
sexto lugar nas justificativas favoráveis respondidas pelos pesquisados na preferência por
disciplinas não presenciais mediadas pelo computador.
Já no que tange às desvantagens, a pesquisa revelou que há também, assim como
quando questionados sobre as vantagens, uma pluralidade de respostas. Pôde-se constatar
que alunos justificaram para este item respostas que vão desde “Pouca ou nenhuma
interação entre o professor e/ou colegas” (explicação dada por 48 alunos) até “Possui
caráter excludente” (1 aluno). Isso sem contar àquelas que remetem a justificativas muito
próximas a estas anteriores como “Inexistência de um contato presencial com o professor e
os colegas” (33 alunos) ou “Falta de tempo para acessar a matéria” (1 aluno).
Assim como nas vantagens, destacaremos as seis respostas que obtiveram maior
número de explicações dadas como desvantagens pelos alunos de Jornalismo e Publicidade.
Posteriormente será apresentado o gráfico que contempla todas as respostas dadas e suas
participações numéricas em relação ao todo. Deve ser relembrado ainda que, assim como
nas vantagens, cada aluno pesquisado poderia escrever até cinco desvantagens em fazer
disciplinas online, desta forma, algumas respostas foram repetidas ou muito parecidas, e
por este motivo tiveram mais votos do que outras.
Problemas como pouca ou nenhuma interação entre o professor e/ou colegas foi à
justificativa mais recorrente, apontada por 48 alunos, na hora de apresentar as desvantagens
quando o aluno faz uma disciplina mediada por computador. Esta crítica já havia sido
observada anteriormente quando os pesquisados haviam sido questionados sobre a
interação com o professor e os colegas durante as aulas online. O fato de esta resposta
aparecer novamente como destaque, nos leva a crer que, embora o estudante interaja, na
maioria das vezes, facilmente com os amigos através de outros canais de comunicação
como sites de relacionamento, chats ou messenger, ele ainda possui um certo grau de
dificuldade, quando ele é levado a uma interação online na academia.
A segunda justificativa que ganhou mais críticas dos alunos foi à inexistência de um
contato presencial com o professor e os colegas. Embora estes alunos saibam que o contato
deles com o docente e os colegas de turma só se dará de forma virtual, quando estão no
ambiente online, pode-se notar que, com esta resposta dada por 33 discentes, eles ainda
trazem um forte traço do presencial na sua formação acadêmica, de necessidade ter um
contato físico com aqueles que participam mesmo numa aula online.
O que estes aprendizes não se atentam é que este contato físico acontece, já que há a
possibilidade do colega e do professor que divide com ele aquele ciberespaço na disciplina
não presencial, pode também, estar acontecendo em um outro momento, como, por
exemplo, numa divisão de um espaço em uma disciplina cursada em uma sala de aula
presencial. O que diferencia é a interação que ao vivo ela é presencial e no online é virtual.
Em relação ao conteúdo das matérias, 32 alunos classificaram como fraco e
confuso. Este dado é preocupante, visto que, nas disciplinas online, o que é postado para
discussão e conhecimento do alunado é preparado por um professor conteudista, que num
primeiro momento, deveria ter o conhecimento e uma visão global dos assuntos pertinentes
à cadeira. Se tal crítica vindo do alunado ocupa uma posição de destaque (3º lugar) entre as
desvantagens de se ter aulas através da mediação é porque provavelmente este professor
conteudista esteja repetindo a prática que ele exercia ou exerce quando é professor
presencial, ou seja, repete conceitos, teorias e idéias já pré-concebidas, sem criar nenhum
estímulo para que o alunado tenha vontade de participar mais – e ativamente – desta nova
modalidade educacional.
Uma das possíveis justificativas para tal desestímulo encontra eco na apontada pelos
pesquisados e que aparece em 4º lugar. O motivo alegado como uma desvantagem de se
estudar através de uma disciplina online apontada por 24 alunos, dos 120 entrevistados, foi
o fato do aprendiz se sentir muito acomodado e/ou desestimulado na hora que tem que
acessar e participar as aulas não presenciais. Este desestímulo pode ter origem não só no
conteúdo que é postado, mas também pela inexistência de um diferencial que leve este
aluno a participar e interagir mais ativamente durante as disciplinas mediadas pelo
computador.
É sabido que mesmo em sala de aulas tradicionais, por mais que se esforce o
professor, há momentos que podem uma apatia de um discente ou mesmo de uma turma
inteira diante do que explanado pelo professor. Se numa aula presencial, onde o docente
pode utilizar alguns recursos técnico-pedagógicos, tais como vídeos, música, trabalhos em
grupos, pontuação extra na avaliação entre outros, a apatia por parte dos discentes pode
acontecer, na modalidade online, onde a representação física do professor inexiste deve
fazer deste docente que ministra aulas pelo computador, uma atenção mais precisa para
evitar esta apatia e desestímulo, repensando e re-elaborando uma dinâmica de aula que deva
estimular o seu grupo de alunos. Este estímulo nas aulas online pode vir, por exemplo,
através de jogos interativos, pontos extras para quem postar mais rápido uma resposta ou
mesmo incentivando as pesquisas e debates através de temas que gerem polêmicas.
Possivelmente a utilização destas provocações diminua a acomodação por parte do(s)
discente(s), a ponto desse professor “resgatar” o alunado para sua disciplina.
Nos 5º e 6º lugares das desvantagens apontadas pelos discentes, aparecem queixas já
tratadas aqui e que voltam a ser lembradas pelo alunado. São elas, a dificuldade de se tirar
dúvidas, apontada por 20 alunos e pouca aprendizagem, lembrada por 18 estudantes.
Quando o aprendiz se queixa da dificuldade de sanar rapidamente seus questionamentos
numa aula online, ele nos lembra, mais uma vez, o papel de uma ausência quase que
comum do docente numa aula mediada por computador. Como já foi alertando
anteriormente por esta pesquisa, a demora do professor em responder as questões postadas
pelo aluno, leva o aprendiz a um desinteresse em participar da aula.
Já sob o ponto de vista dos que acessam as disciplinas online e não têm suas dúvidas
sanadas imediatamente, eles têm a impressão que a aprendizagem se faz em uma escala
bem menor em relação à adquirida em uma sala aula presencial.
Para que se tenha uma visão mais detalhada de todas as respostas dadas sobre as
desvantagens de se estudar através da modalidade online, elaboramos o seguinte gráfico:
Gráfico 22
48
33
32
242018
1511
99
7
7
7
77
66 5
3
3
3
3
2
2
2
2
2
1
1
1
1
5
Pouca ou nenhuma interação entre o professor e/oucolegas
Inexistência de um contato presencial com oprofessor e os colegas
O conteúdo das matérias é fraco, superficial, poucoe/ou confuso
O aluno se sente acomodado e/ou desestimulado
Há dificuldade de se tirar dúvidas
Pouca aprendizagem
Ausência de debates ou pouca discussão sobre ostemas propostos
Assuntos desinteressantes e/ou fracos
A mensalidade é a mesma da disciplina presencial
Pouca explicação da matéria
Aprendizagem solitária
É impessoal
Falta de feedback nos questionamentos postados
O aluno fica horas em frente ao computador
Prefere aulas presenciais
Dificuldade de acessar a matéria
Leva a dispersão para outros links da Internet quenão têm a ver com a disciplina
Pouco conhecimento sobre o programa a serdesenvolvido
Desvalorização do professor
Dificuldade em ler através do computador
Muito conteúdo
Provas nos fins de semana
A plataforma utilizada é ruim
Aprendizagem mais difícil
Ausência de aulas dinâmicas
Dificuldade de expressar idéias/conceitos
Falta de um horário preciso para teclar com oprofessor
Dificuldade pra impressão dos textos
Falta de tempo para acessar a matéria
Não há desvantagens
Possui caráter excludente
Não respondeu
Legenda:
Pouca ou nenhuma interação entre o professor e/ou colegas – 48 alunos
Inexistência de um contato presencial com o professor e os colegas – 33 alunos
O conteúdo das matérias é fraco, superficial, pouco e/ou confuso – 32 alunos
O aluno se sente acomodado e/ou desestimulado – 24 alunos
Há dificuldade de se tirar dúvidas – 20 alunos
Pouca aprendizagem – 18 alunos
Ausência de debates ou pouca discussão sobre os temas propostos – 15 alunos
Assuntos desinteressantes e/ou fracos – 11 alunos
A mensalidade é a mesma da disciplina presencial – 09 alunos
Pouca explicação da matéria – 09 alunos
Aprendizagem solitária – 07 alunos
É impessoal – 07 alunos
Falta de feedback nos questionamentos postados – 07 alunos
O aluno fica horas em frente ao computador – 07 alunos
Prefere aulas presenciais – 07 alunos
Dificuldade de acessar a matéria – 06 alunos
Leva a dispersão para outros links da Internet que não têm a ver com a disciplina –
06 alunos
Pouco conhecimento sobre o programa a ser desenvolvido – 05 alunos
Desvalorização do professor – 03 alunos
Dificuldade em ler através do computador – 03 alunos
Muito conteúdo – 03 alunos
Provas nos fins de semana – 03 alunos
A plataforma utilizada é ruim – 02 alunos
Aprendizagem mais difícil – 02 alunos
Ausência de aulas dinâmicas – 02 alunos
Dificuldade de expressar idéias/conceitos – 02 alunos
Falta de um horário preciso para teclar com o professor – 02 alunos
Dificuldade pra impressão dos textos – 01 aluno
Falta de tempo para acessar a matéria – 01 aluno
Não há desvantagens – 01 aluno
Possui caráter excludente – 01 aluno
Não responderam – 05 alunos
4.1.2 - Grupo Focal
Para melhor tentar compreender o desconforto alegado por alguns discentes
em relação às disciplinas online e também saber o que pensam sobre esta nova modalidade
de ensino a distância, reunimos um grupo focal formado por nove alunos25, de ambos os
sexos, matriculados nos cursos de Jornalismo e Publicidade em uma das maiores
universidades brasileiras, fonte desta pesquisa. Para participar deste grupo, a única
condição sine qua non era que eles que já tivessem estudado ou que estejam matriculados
em disciplinas online nos referidos cursos de graduação.
Após exaustiva leitura feita após a transcrição (anexo 2) da fita utilizada para
registrar a fala do grupo, podemos observar que há não só apenas um desconforto, mas
também um certo descontentamento em relação às aulas, a interação com os colegas, a
performance dos professores, bem como nas as provas aplicadas por este método não
presencial.
Durante o tempo utilizado junto ao grupo focal, foram perguntados, entre outros
assuntos, os pontos positivos que eles observam ao estudar pela modalidade online, assim
como as vantagens e desvantagens que estas disciplinas possuem em relação às dadas de
forma presencial.
Ainda durante este encontro foram pedidas ao alunado presente, sugestões para uma
possível modificação e/ou melhoria em relação às aulas das disciplinas online.
25 Para que não houvesse nenhum tipo de constrangimento por parte dos alunos que participaram deste grupo focal, optamos por trocar seus nomes por letras. Assim sendo, os nove aprendizes que participaram deste encontro serão identificados pelas letras A, B, C, D, E, F, G, H e I.
Como resultado da falas do grupo, obtivemos vários pensamentos sobre o tema.
Destacamos a seguir os mais representativos para esta pesquisa
- Em relação às disciplinas online:
Aluno A:
“Horrível, porque não tem contato direto com o professor. Você não entende a
matéria. É horrível, porque não tem como tirar dúvida. O fórum é uma vez a cada
semana e é sempre cancelado. Ou seja, são vários fatores que levam a esta
rejeição.”
Aluno C
“É muito ruim. Os textos não são muito claros. Você lê e parece que está sempre
faltando informação. Na sala é muito fácil. Eu perguntava ao professor, e ele já te
respondia. E lá você manda a pergunta para vários dias depois, se responderem...
Eu já mandei...tive que mandar umas três vezes a pergunta para conseguir me
responderem. Então, demora muito. É muito ruim. E os textos são muito truncados.
Eles não são muito claros assim.”
- Pontos positivos de se estudar na modalidade online:
Aluno I
“Não. Não achei nada”.
Aluno G:
“Tem um... Eu faço uma matéria, que são 15 unidades. São textos, textos e textos e
excepcionalmente nesta matéria, eles deixam você fazer a prova com consulta que
também se não pudesse fazer a consulta, com 15 unidade, pudera né!”
Aluno H:
“Acho que a principal vantagem da disciplina online... acho que é em relação à
possibilidade de você poder acessar de qualquer lugar. Não sei se isso se aplica
pra(sic) alguém. Pra (sic) mim não foi vantajoso, mas de repente, pode ser para
alguém.”
- Sobre a interação entre os colegas:
Aluno E:
“Acabei de descobrir que ela faz a mesma matéria que eu. (risos)”
Aluno F:
“Eu também. Eu não sabia que ela fazia a mesma matéria que eu (mais risos)”
Aluno I:
“Eu não conheço ninguém. Só descobri que tinha que participar do fórum quando o
professor escreveu para mim: ‘sua participação está baixa’. E eu nem sabia que
tinha que entrar no fórum.”
- Em relação às provas:
Aluno C:
“Eu fiz uma só e a prova estava bem confusa. A prova vem com erro. Vinha a
pergunta e nas as opções A, B, C e D, não tinha a resposta completa. Por exemplo,
começava mais ou menos assim ‘o pintor...’ aí, parava. ‘A obra....’, parava.”
Aluno A:
“A pergunta vinha sempre pela metade. Aí eu fui perguntar para o fiscal. Ele
mandou eu chutar qualquer uma, porque a professora responsável da matéria não
estava.”
Aluno I:
“Os professores das matérias nunca estão no dia da prova.”
Aluno B:
“Na minha prova tinha uma pergunta que tinham duas respostas certas. Falei com
a professora, ela me disse que não sabia o que fazer, pois as duas estavam certas.
Eu marquei uma e que na hora da correção foi considerada errada.”
- Vantagens e desvantagens da disciplina online em relação à modalidade
presencial:
Aluno I:
“Vantagens da online? Não vejo nenhuma vantagem.”
Aluno B:
“Eu prefiro ter que ficar mais duas horas dentro da faculdade, do que ficar diante
de um computador”.
Aluno D:
“É a interação. O imediatismo.”
Aluno E:
“A assimilação na presencial é muito melhor. Na online eu leio e esqueço logo.”
Aluno A:
“A única vantagem que eu vi... eu não sei se alguém aqui mora longe. Eu que moro
distante, não preciso mais me deslocar até à faculdade.”
Aluno E:
“Tudo!”
Aluno F:
“Eu reduziria a quantidades de textos. Acho que é desnecessário. Eles usam
palavras totalmente rebuscadas. Palavras que não levam ao entendimento. Não que
tenha que estar com o dicionário do lado, mas um texto com 15 unidades para você
estudar, fazer trabalho e a gente ainda tem que trabalhar, vir para a
faculdade...enfim, as palavras muitas vezes não são fáceis de serem compreendidas.
Podem facilitar um pouco isso.”
Aluno D:
“O texto é mal feito. Você lê, lê e não entende nada! Aí você tem que ler umas dez
mil vezes e não entende. Aí eu penso: ‘nossa, eu sou muito burra!’”.
- Sugestões do alunado para a melhoria da modalidade online:
Aluno C:
“(...)O ‘layaoutzinho’ (sic) é bem complicado para você entender a disciplina
online”.
Aluno D:
“Na minha opinião, o sistema tinha de ser revisto, nem que fosse uma semana com
aula presencial, na outra com aula online, mas esse contato tem que existir.”
Aluno I:
“Devia existir uma pessoa para conversar com a gente, tirar dúvidas. Uma pessoa
para estar lá nos auxiliando.”
Aluno G:
“O pior que a gente não tem escolha. A gente é obrigada a fazer a matéria. Não
tem outra opção.”
Após análise das falas mais relevantes subtraídas dos 20 minutos, tempo utilizado
para ouvir os alunos participantes do grupo focal, pôde-se observar que na fala dos
discentes há um certo descontentamento e desencantamento em relação às aulas ministradas
nas disciplinas online.
Alguns responsabilizam a falta de participação mais ativa do professor, como sendo
um dos pontos que causam esta apatia. As queixas remetem basicamente na demora da
postagem de respostas em relação a dúvidas do alunado. É importante destacar que, apesar
desta queixa ter um fundamento, vale lembrar que, assim como o alunado foi levado de
uma hora para outra ter a participar de aulas à distância mediadas pelo computador, o
docente que leva, por parte dos aprendizes a responsabilidade pelo desânimo junto às
disciplinas online, teve toda a sua formação acadêmico-profissional feita na modalidade
presencial, tornando-se um “imigrante digital” e assim como o aluno, um “nativo digital”,
teve que migrar repentinamente para um novo sistema de transmissão de aula.
Este desconforto também pôde ser notado em críticas em relação à interação junto
aos colegas. Esta observação é feita, segundo eles, pelo total desconhecimento de quem,
mesmo virtualmente, divide o ciberespaço durante uma disciplina online. Diferente da sala
de aula tradicional, onde visualmente todos os colegas se conhecem, inclusive o professor.
Nas aulas à distância mediadas por computador, o que aparece na tela são somente
nomes, e não imagens daqueles que estão participando de forma síncrona. Se esta
participação acontece de forma assíncrona, a possibilidade de uma interação entre os
colegas de turma, beira a zero, pois só é conhecido o pensamento do outro postado há
algum tempo, que poderá gerar, por exemplo, num fórum, uma outra postagem-resposta
que poderá ficar “esquecida” por algum tempo.
Vale destacar o que foi exposto no parágrafo anterior, a partir de uma frase de um
aluno quando questionado sobre a interação dele com os colegas:
“Acabei de descobrir que ela faz a mesma matéria que eu.”
A análise feita pelo corpo discente em relação às avaliações realizadas na
modalidade online também não teve uma boa cotação. Eles afirmam que elas são
consideradas confusas, sem orientação de um professor no dia de sua realização. A maior
crítica sobre este tema é em relação às aulas serem não online e a prova, não.
Os alunos que participaram do grupo focal observaram que a contradição reside no
fato que uma das razões dadas pela instituição de ensino para ter adotado as aulas mediadas
por computador, foi pela otimização do tempo e diminuição do custo financeiro para o
aluno nos deslocamentos até a universidade para assistir uma aula, mas, de acordo com as
observações dos estudantes, o fato de as avaliações serem presenciais acaba indo de
encontro a este pensamento institucional, já que o aprendiz tem que se deslocar de sua casa
até o campus para realizar uma prova no laboratório de informática da universidade, ao
invés dele (aluno) utilizar um computador de casa ou do trabalho ou até mesmo um lap top.
Já em relação às vantagens e desvantagens, assim como os pontos positivos e
sugestões para a melhoria do sistema online foi notado que as opiniões foram muito
próximas e não muito divergentes, já que a maioria das verbalizações estava ligada a
queixas anteriores como o papel do professor, a qualidade do material postado ou mesmo
sobre a mecânica da aula.
O que deve ser observado é que o público-alvo estudantil, embora utilize o
computador no seu dia a dia acadêmico-profissional e/ou para entretenimento, não está
satisfeito com que lhe é oferecido pela instituição de ensino. Este desconforto pode acabar
gerando um pré-conceito em relação a um modelo de ensino-aprendizagem que está sendo
implantado e implementado na pós-modernidade do sistema educacional brasileiro.
4.1.3 – O Orkut como uma interface de protesto contra as disciplinas online
Para conhecer como e o que pensam os estudantes fora do meio acadêmico, sobre as
disciplinas online, esta pesquisa fez um levantamento em comunidades criadas sobre o
tema no site de relacionamento Orkut26. A opção por este site de relacionamento deveu-se
ao fato dele ser bastante utilizado pelos estudantes, em suas interações sociais, mediadas
por computador, quando querem trocar mensagens entre si ou quando desejam criar
comunidades nas quais possam discutir, através de fóruns, assuntos em comum. Como
resultado de um levantamento feito nesta área, foram encontradas duas comunidades que
tratam sobre o tema. São elas: “Eu Odeio disciplinas Online”27, com 11 integrantes, criada
em 11 de agosto de 2008 e a “Odeio a disciplina on-line !!!”28, com 23 membros, surgida
em 29 de agosto em 2007.
Ao descobrir estas comunidades, acreditávamos que lá recolheríamos um vasto
material para este trabalho, através dos depoimentos ou postagens nos fóruns propostos
pelos seus participantes, para tanto, este pesquisador se associou às comunidades. Num
primeiro momento, a postura tomada foi de um observador passivo, para ver quais eram as
opiniões dos integrantes destas comunidades em relação às disciplinas online, motivo
principal para a criação da comunidade.
Passados três meses desde a entrada deste pesquisador em ambas comunidades,
observarmos que nenhum dos integrantes propôs qualquer tipo de discussão ou debate
sobre o tema. A única alusão sobre o desconforto com a modalidade online estava nos
textos de apresentação das referidas comunidades.
Para estimular o debate e a interação entre os elementos, propusemos então nas duas
comunidades, temas para fóruns de discussão sobre os motivos que levavam os alunos a
terem uma rejeição pelas disciplinas online29, assim como propusemos também uma
enquete30 sobre quais seriam as disciplinas que eles mais encontravam problemas por ser
ministrada numa modalidade não-presencial mediada por computador.
26 Orkut – www.orkut.com.br 27 Eu Odeio Disciplina Online – disponível em www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=65653577 28 Odeio a Disciplina On-Line !!! – disponível em www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=38467950 29 Disponível em www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=38467950&tid=5325294735997823422 e Disponível em www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=38467950&tid=5312720081072449982 30 Disponível em www.orkut.com.br/Main#CommPolls.aspx?cmm=38467950
Mais uma vez, para nossa surpresa, ninguém postou comentário de concordância ou
discordância sobre as provocações feitas, bem como não houve nenhum voto nos itens
sugeridos na enquete. Vale ressaltar que esta observação e participação mais ativas feitas
por este pesquisador, se deu entre os meses de março a junho de 2009, quando
semanalmente era checado se teria havido alguma postagem ou voto de algum dos
membros das comunidades observadas.
Em nossa última visita as comunidades “Eu Odeio disciplinas Online” e “Odeio a
disciplina on-line!!!”, realizada no dia 30 de junho de 2009, constatamos que não houve,
mais uma vez, nenhum movimento por parte dos componentes no sentido de participar dos
fóruns ou mesmo da pesquisa sugerida. O único voto dado na enquete foi dado por este
pesquisador como estímulo para que outros votantes fizessem o mesmo, fato este que não
ocorreu.
Sendo assim, podemos compreender que o “silêncio” por nós observado pode ser
interpretado assim:
- Apesar destas comunidades terem sido criadas como uma forma de
protesto contra as disciplinas online e lá ser um campo aberto, fora do
universo acadêmico, para se discutir sobre o tema, a não participação dos
seus membros pode ser sinalizada como sendo uma falta de exercício
cultural e social em participar ativamente de uma manifestação livre do
pensamento com a que foi proposta pelas comunidades virtuais citadas;
- Que a explicação dada por alguns alunos sobre o desestímulo na
participação em fóruns nas disciplinas online seria, entre outros, pelo fato
de se debater com um “desconhecido”, já que não haveria qualquer
referência física, como uma foto, por exemplo, do colega com quem se
debate. No site de relacionamento do Orkut, onde estas comunidades estão
alocadas, esta afirmação não encontra respaldo, pois nas 2 pesquisadas
para este trabalho, todos seus membros são conhecidos pelos nomes e fotos
postadas. Mesmo assim, a participação de seus integrantes nos fóruns, e
nas enquetes propostas foi igual a zero durante o período de observação;
- Que participação de algumas pessoas nestas comunidades serve apenas
para sua promoção pessoal, através de uma visibilidade que o Orkut
oferece, ou que seria mais próximo da proposta inicial destas comunidades,
uma necessidade de pertencimento a um grupo contrário a esta nova
modalidade da EAD.
- A partir destas posturas de ausência de opinião nos elementos que se
cadastraram nestas comunidades, acreditamos que tal fato gerou um efeito
contrário a proposta inicial pensada pelos criadores das comunidades “Eu
Odeio disciplinas Online” e “Odeio a disciplina on-line !!!”, que era o de
discutir o por que as disciplinas online não são bem aceitas pelo alunado,
criando, a partir de justificativas e de uma não participação de seus
membros, um esvaziamento do pensamento inicial para a criação destas
comunidades.
4.2 – Professores – outro lado do link na educação online
O professor, este “imigrante digital” desta nova modalidade da EAD, e que durante
esta pesquisa foi alvo, muitas vezes, de críticas feitas por parte do corpo discente, foi
também ouvido para a composição deste trabalho, para que pudéssemos conhecer um
pouco de suas dificuldades, expectativas, frustrações e trabalho na modalidade online.
Dos seis docentes procurados por este pesquisador, que ministram disciplinas online
no Curso de Comunicação Social, nas habilitações de Jornalismo e Publicidade, apenas
três, através de uma entrevista (anexo 3) se propuseram em dar suas opiniões sobre o tema.
As únicas condições solicitadas por eles para que respondessem as perguntas que
compunham a entrevista, foram que a entrevista não fosse gravada e que as identidades dos
entrevistados fossem preservadas. Sendo assim, estes docentes serão identificados neste
sub-item desta dissertação da seguinte forma: Professor 1, Professor 2 e Professor 3.
Após uma leitura atenta das respostas dadas pelos professores, selecionamos as mais
representativas reproduzidas a seguir.
O que eles pensam sobre:
- A modalidade online:
Professor 1:
“Em teoria, acredito muito no ensino online, sobretudo no caráter pró-ativo do
aluno. Serve como um antídoto a uma certa passividade habitual que é encontrada,
em grande parte, nos alunos nas aulas presenciais. Alguns desses alunos se sentem,
numa sala de aula tradicional, muito confortáveis nesse papel passivo de mero
ouvinte, receptor de saberes ditados pelo professor”.
Professor 2:
“Nas aulas presenciais eu tinha a liberdade para debater temas que estivessem
acontecendo no momento. No online, os conteúdos já estão prontos e não podem ser
atualizados de uma forma mais rápida como numa sala de aula convecional”.
Professor 3:
“Uma diferença positiva acontece é nas as múltiplas possibilidades de utilização da
internet e dos links, com textos que permitem enriquecer bastante o ensino online
em relação às aulas tradicionais ns salas”.
- O processo de interação com o alunado durante as aulas:
Professor 1:
“O fluxo maior de debates entre mim e os alunos se dá com a proximidade das
provas e no período final, durante a entrega dos trabalhos.”
Professor 2:
“O que percebo em relação ao desempenho dos alunos, é que essa interação, no
geral, é recusada por grande parte dos estudantes. Parece-me, muitas das vezes,
que eles não se entusiasmaram muito com as possibilidades interativas de
aprendizado.”
Professor 3:
“Na prática, o que de fato acontece, é um certo marasmo, por parte dos alunos.”
- O papel do professor nas disciplinas online:
Professor 1:
“O papel do professor é o de estimular a participação e a interação”.
Professor 2:
“O foco do professor no online é mais de um incentivador na busca do aluno pelo
conhecimento, ao invés de ser apenas um distribuidor de conteúdos. Ele orienta a
leitura, explica os conteúdos através dos chats e dos fóruns”.
Professor 3:
“O lugar de dono incontestável do conhecimento, propiciado pela arquitetura da
sala de aula presencial, acaba se fragmentando no online”.
- Vantagens da modalidade online:
Professor 1:
“Nós perdemos, um pouco, a possibilidade de interação face a face. Por outro lado,
a possibilidade de propor trabalhos com reflexão e análise são um ganho e um
diferencial em relação às aulas presenciais”.
Professor 2:
“A metodologia online pode ser uma importante ferramenta de democratização do
conhecimento e da formação acadêmica das pessoas”.
Professor 3:
“Gostei bastante do desafio possibilitado pelo online, em aprender a construir
outras formas de conhecimento. Destaco também, embora ainda um pouco tímida
por parte dos discentes, a interação ocorrida com eles durante as aulas”.
- Desvantagens:
Professor 1:
“Um obstáculo que encontrei foi o fato de ministrar uma aula cujo conteúdo não
tenha sido produzido por mim. Isso me pareceu muito estranho. Às vezes, eu me
sentia muito mais um tutor do que um professor.”
Professor 2:
“O modelo adotado, pelo menos na minha disciplina, é bastante estático: as aulas
têm muito texto teórico, poucos recursos de multimídia e pouco espaço para a
participação ativa dos alunos. A estes, só cabe o papel de leitor dos conteúdos”.
Professor 3:
“Penso que ainda não conseguimos estabelecer, de fato, no online, uma
substituição à altura dessa relação quase de amizade entre professores e alunos, e
que existe nas aulas presenciais, que é o mais legal de nossa profissão. Ainda gosto
muito do contato olho-no-olho possibilitado pelo presencial”.
Como pode ter sido observado nas declarações dadas por estes professores, é que
pelo menos da parte do corpo docente não há, diferentemente do que foi apontado nos
discentes, um total descontentamento com a modalidade online.
Nestas declarações fica patente, que mesmo sendo um “imigrante digital”, e que em
alguns momentos sinta um pouco de saudades das aulas presenciais, como fica registrado
na fala do Professor nº 3: “Ainda gosto muito do contato olho-no-olho possibilitado pelo
presencial”, o professor das disciplinas online não descarta totalmente em trabalhar com
esta modalidade, acreditando, inclusive, que pode proporcionar bons resultados
acadêmicos, a partir da construção do conhecimento que esta modalidade não presencial
oferece.
Nos relatos verbalizados pelos educadores, pode-se confirmar algo em relação à
interação com os alunos e que já havia sido sinalizada quando esta pesquisa ouviu os
discentes. Foi destacado pelos professores que ela quase não existe, ou quando acontece,
ainda se manifesta de forma muito pontual, para saber de datas e conteúdos de provas e/ou
trabalhos a serem entregues.
Em relação às vantagens, os professores entrevistados veem com bons olhos a
modalidade online, principalmente pela possibilidade que ela oferece em relação a uma
expansão da educação para todos, independente de onde estas pessoas estejam localizadas e
o tempo disponível que elas tenham para estudar. Outro ponto destacado foi em relação à
consciência que o online é uma peça fundamental na construção do conhecimento, não só
do alunado, como também dos docentes.
Já no quesito desvantagens, as principais críticas feitas pelos professores ouvidos
são em relação ao conteúdo que não é preparado por ele e a dificuldade de atualiza-lo com
uma maior rapidez; a pouca ou a não existência, em algumas matérias de recursos de
multimídia, que acabam gerando, por sua vez um desinteresse pelo aluno em participar
ativamente da aula.
Para finalizar, vale destacar o que pensam os mestres sobre o seu papel nesta
modalidade não presencial e mediada pelo computador. Para eles, o foco acadêmico
trabalhado por eles deve estar direcionado exclusivamente para o aprendiz, que deve ser
estimulado a ter uma participação mais ativa, através de uma interação e de uma busca
constante do conhecimento.
Fica patente também que este professor que começa a trabalhar com o online
começa a deixar de lado a antiga e tradicional figura do professor como sendo o “dono”
exclusivo do conhecimento e do saber. Tal constatação pode ser compreendida na fala do
professor nº 3 que afirma: “O lugar de dono incontestável do conhecimento, propiciado
pela arquitetura da sala de aula presencial, acaba se fragmentando no online”.
A partir destas declarações prestadas pelos professores entrevistados, podemos
observar que com esta modalidade online, não surge apenas uma nova forma ensino e
aprendizagem, mas também nasce um docente que compreende a necessidade de se
reinventar e (re)descobrir qual é o seu papel não só de professor, mas também de aprendiz
em cursos ou disciplinas que têm como base à modalidade online.
5 – Disciplinas online: uma nova modalidade de ensino ou uma mera transposição das
aulas presenciais para a web?
Desde que a internet começou a fazer parte do cotidiano do ser humano, ela vem,
cada vez mais e intensamente, revolucionando o modo de ver, agir e pensar daqueles que a
utilizam no seu dia a dia. Esta utilização abrange os mais variados campos e espaços, sem
distinção de assunto, tempo e lugar.
Ela pode estar presente tanto na vida profissional da pessoa que a acessa para
qualificar o seu trabalho ou nos seus contatos pessoais e sociais feitos através de e-mails;
quanto na acadêmica, através de pesquisas em páginas eletrônicas de busca para
conhecimento e aprofundamento de um determinado tema.
Podemos encontrar ainda, o interesse na utilização da internet, nas associações em
grupos distintos sobre temas comuns que surgem em comunidades virtuais ou mesmo no
desejo de conhecer pessoas através de sites de relacionamentos voltados para ampliação do
círculo de amigos ou mesmo para começar um relacionamento afetivo.
Vale destacar ainda que ela também é um canal que serve para se postar mensagens
ou para a criação de, por exemplo, blogs ou fotologs que expressam momentos e
sentimentos acerca de determinados temas. Todo este movimento ocorre em função de
existir um local distinto para este fim. Local este conhecido como ciberespaço.
Lemos (2002) nos lembra que este é um ambiente onde há uma circulação de
discussões pluralistas, que reforçam as competências diferenciadas, podendo potencializar a
troca destas competências, gerando inclusive uma coletivação de saberes. Estes saberes,
que têm na educação um dos seus importantes pilares, podem levar a uma observância e
consciência mais atentas sobre o conhecimento.
A partir desta consciência, a educação à distância buscou uma nova forma de
transmissão de conhecimento capaz de ampliar o seu campo de (atua)ação. Campo este
agora, não mais utilizando apenas pelos veículos já conhecidos e testados na EAD, como os
impressos, o Rádio e a Tv, mas a partir de uma nova interface que transformou a visão
daqueles que tiveram acesso a esta nova modalidade de ensino, desta vez não só como
meros receptores de conhecimento, como aconteceu até então nos modelos tradicionais de
educação à distância, mas também, e principalmente, como co-autores da construção do
conhecimento.
Para que tal lógica se fizesse verdadeira, a educação iniciou primeiramente, seu
caminho nesta seara, a partir de cursos livres ou específicos, à distância, de curta duração,
na modalidade online.
Num segundo momento, este tipo de ensino chegou às universidades31, onde
algumas disciplinas do currículo comum, que eram dadas de forma presencial, migraram
para o online. Mudança esta que ganhou respaldo legal, através da portaria nº 2.253, de 18
de outubro de 2001, que ficou conhecida como a Portaria dos 20% (reformulada pela a de
nº 4.059/04, de 10 de dezembro de 2004), do Ministério da Educação e Cultura (MEC).
Apesar desta implantação de um novo modelo de ensino e aprendizagem, através de
disciplinas online nos cursos de graduação ter sido feita há menos de uma década, a
pesquisa realizada para esta dissertação identificou um sentimento de desapontamento dos
alunos com a modalidade online.
Este desencanto passa por vários canais que sinalizam os motivos para tal estado.
Um deles estaria ligado à maneira como este conhecimento é transmitido. O desencanto
discente não é relacionado pela utilização da internet ou muito menos pela transmissão feita
através da modalidade online, mas sim quanto à forma como ela é exposta para o aprendiz
durante as aulas.
Jonassen (1996) acredita que este equívoco acontece em função da prática
equivocada de transmissão feita pelo docente durante a aula online. Ele ressalta que esta
prática profissional mal executada pelo professor leva, muitas vezes, o discente a praticar
um ato repetitivo de virar as páginas eletrônicas ou responder mecanicamente os exercícios
propostos, sem uma compreensão mais profunda do que está sendo proposto.
Em função deste equívoco, este tipo de exercício acadêmico repetitivo e mecânico
como vem sendo estimulado por alguns docentes na modalidade online, poderia estar
formando analfabetos funcionais, onde o aluno só faz o que lhe é indicado ou só responde
aquilo que lhe é perguntado, sem compreender efetivamente o que está sendo solicitado e
questionado sobre o tema proposto durante uma aula não presencial.
31 Atualmente, além das disciplinas online, existem cursos de graduação ministrados totalmente à distância e mediados por computador. Entre eles Serviço Social, Pedagogia, Educação Física e Enfermagem.
5.1 – A insatisfação do alunado
A pesquisa, através do questionário aplicado entre os 120 alunos do curso de
graduação de Comunicação Social, confirma um dos objetivos deste trabalho, ou seja, que
há insatisfação por uma grande parte do corpo discente em relação às disciplinas online,
principalmente pela maneira de como elas foram implantadas na instituição de ensino
pesquisada e também, como estão sendo apresentadas no dia a dia acadêmico deste
alunado.
Estudiosos sobre o tema como Steil, Pilon e Ken (2005) lembram que uma
imposição feita para os estudantes, principalmente de novos métodos tecnológicos que
ainda não são dominados por eles, pode produzir sentimentos importantes e relevantes
como a ansiedade e o desconforto.
Esta insatisfação também é sinalizado no pensamento de Ocker (2001). O teórico
sugere que antes da implementação de novas tecnologias de comunicação educacionais, se
faz necessário conhecer o que pensam os alunos sobre o assunto, pois caso isso não
aconteça previamente, podem acabar ocorrendo possíveis rejeições, como foi constatado
durante esta pesquisa, na instituição pesquisada.
Conhecer o que pensa sobre a implantação de novos projetos educacionais que
atinjam diretamente o público-alvo, no caso o alunado, é fundamental para que se
estabeleça uma melhor relação de interação entre a academia e o corpo discente, e que crie
não uma rejeição, mas uma motivação em conhecer e explorar as novas possibilidades de
ensino e aprendizagem.
É importante salientar que este aluno que sente um desconforto diante das
disciplinas online não é um mero aprendiz desta nova tecnologia de comunicação e
informação ou mesmo um “imigrante digital”. Muito pelo contrário. Seu conhecimento da
área, desde a mais tenra idade, o leva a ser considerado um “nativo digital”, que há anos
posta-se diante de um computador ligado a internet, tanto para uso profissional, quanto
como uma forma de entretenimento, além da realização pesquisas acadêmicas e/ou
pessoais, ou mesmo ainda para man(ter) relacionamentos sociais. Sendo assim, as críticas
oriundas deste ator acadêmico devem ser bem analisadas e avaliadas pelas instituições de
ensino na hora da implantação ou oferecimento da modalidade online, em sua grade
curricular.
Este quadro de descontentamento ficou visível em vários resultados obtidos neste
trabalho dissertativo, principalmente, após a tabulação feita na pesquisa com os 120 alunos
de Jornalismo e Publicidade, onde as opiniões negativas sobre o tema deixam bem claro
este sentimento de desconforto.
Uma das críticas mais ácidas e preocupantes observada durante toda a pesquisa, foi
em relação à interação do alunado com o professor, um personagem responsável por, entre
outras coisas, incentivar e estimular a participação do alunado durante as aulas online, mas
que, segundo as respostas dadas pelos discentes, durante a aplicação do questionário e no
grupo focal, este profissional dificilmente cumpre o papel designado a ele, na relação de
uma interação mais ativa entre docente-discente em uma disciplina online.
Na visão dos aprendizes, o professor que não interage ou estimula uma maior
participação com os alunos, torna-se um mero “operário digital”, já que ele faz um trabalho
rotineiro, sem muito estímulo e consciência de sua importância acadêmica em toda esta
nova forma de educação à distância. Penteado (2000) vê o professor deve ser um parceiro
na concepção e condução das atividades propostas pelas TICs e não como um mero
espectador ou mesmo executor de tarefas.
Cabe a este professor ter uma atuação mais incisiva e presente no processo de
interação com o aprendiz durante as aulas mediadas pelo computador, levando o aluno a
participar mais ativamente de um ambiente que a princípio não lhe é muito familiar, se
consideramos a prática de ter aulas pela internet, mesmo sendo um “nativo digital”.
Este “desconhecimento”, que aparentemente esboça uma contradição, devido à
origem digital do aluno, surge pelo fato deste discente ter sempre estudado na modalidade
presencial até quando, de forma impositiva pela instituição de ensino a qual ele pertence,
pela primeira vez é apresentado às disciplinas online em seu curso de graduação
profissional. Um mundo novo e aparentemente desconhecido para ele, no qual, num
primeiro momento, teme por não dominar as técnicas e as interfaces, como já faz em outros
campos do ciberespaço.
Com isso, o que seria um diferencial fundamental entre o online e o presencial,
acaba afastando ou minimizado o interesse de futuros participantes neste novo modelo de
ensino e aprendizagem, que utiliza as novas tecnologias de informação e comunicação
como mais um canal de conhecimento e discussão, já que pode compartilhar, ao mesmo
tempo ou em momentos diferentes, o pensamento de seus integrantes.
Garcia (2008) reforça a importância da participação do professor online para
aceitação e participação do alunado neste rito de passagem, explicando que ele sendo
convocado para participar cada vez mais e ativamente deste novo processo, onde os meios
eletrônicos de comunicação fazem parte de idéias e ideais colaborativos. Vale destacar que
este docente não pode mais ter uma postura omissa diante desta nova realidade, visto que
ela se torna cada vez mais presente no dia a dia dos cursos de graduação, através das
disciplinas online ou mesmo de forma integral.
5.2 – Quem é este novo docente na modalidade online?
Alvo de inúmeras críticas feitas durante a elaboração deste trabalho, seja no
questionário realizado com os alunos, seja nos pensamentos emitidos pelo corpo discente
quando da participação no grupo focal, o professor que vem ministrando aulas nas
disciplinas online, vive uma metamorfose profissional nunca antes vivida e pensada por
esta categoria profissional.
Habituado a ser o centro das atenções em uma sala de aula tradicional, onde, de sua
figura era emanada todo o poder absoluto do conhecimento, o professor se vê obrigado, a
partir do momento que é requisitado a ministrar as aulas online, a repensar, rever e
reconstruir o seu papel de educador e transmissor exclusivo do saber, características suas,
até então exclusivas, numa aula presencial.
A primeira mudança que é notada por ele, acontece no campo do real. Se antes a
presença do professor, em uma sala de aula, era uma referência física para os alunos, a
partir desta nova modalidade de ensino e aprendizagem mediada pelo computador, ela
desaparece e passa a ser limitada a apenas ao seu nome dele na tela de um computador.
Neste momento ocorre a primeira grande mudança na realidade acadêmica deste professor:
a sua transferência do real para o virtual.
Com este novo status, ele poderia ter uma maior liberdade e autonomia para,
possivelmente, conhecer melhor o que pensam e como participam seus aprendizes diante
das suas provocações acadêmicas, mas em função de uma prática equivocada, acabou
transformando-se em um desconhecido para o seu alunado virtual, mesmo para aqueles que
tiveram anteriormente disciplinas presenciais com ele.
A partir da modalidade online, o professor não vê mais fisicamente os seus alunos e
vice-versa, e a partir desta nova realidade, ele necessita modificar a didática ao ministrar
uma aula. Um bom exemplo desta reformulação seria um questionamento feito pelo
professor para seus discípulos durante uma aula online. Nesta modalidade, a resposta não
precisa ser mais respondida dentro de um determinado tempo como acontece na aula
presencial, já que ela pode ser dada, na não presencial, de forma síncrona ou assíncrona.
Por trabalhar mais diretamente com pergunta-resposta diretas, o professor que
ministra aulas presenciais, por exemplo, sabe que o silêncio momentâneo da turma diante
de uma pergunta lançada pelo professor sobre um determinado tema pode assim, como no
online, acontecer. Porém, a vantagem de estar face a face com o alunado, este professor
pode criar um certo estímulo para que a turma interaja mais rapidamente na aula. Este
incitamento pode vir, por exemplo, com uma pontuação extra para o que responder mais
rápido e/ou corretamente a pergunta feita ou quando este professor, através de jogos, sinais
ou breves dicas sugere qual seria a resposta correta.
O professor que ministra aulas em uma disciplina online, onde a ausência física
pode levar, em alguns momentos, a uma participação pífia na interação com e entre seus
alunos, deveria repensar suas estratégias de atuação, não só no momento de suas postagens,
mas também nas convocações feitas para o alunado para uma atuação mais participativa,
oferecendo a eles algo atrativo, alguma “sedução” que chame o aluno a ter um
envolvimento neste processo educacional.
Vale ressaltar que, apesar de ser um dos principais responsáveis, segundo a visão
dos alunos, pelo desencantamento deles pela modalidade online, o professor que ministra
este tipo de aula não presencial tem a seu favor, a explicação social dele nunca ter sido,
como o alunado, um “nativo digital”, mas sim, um migrante, e algumas vezes principiante,
nesta área.
Esta migração vem acontecendo, pelo menos na área profissional de atuação do
professor, de uma forma mais lenta do que ele conhece e vive em seu dia a dia como
cidadão, onde, através de senhas eletrônicas, cartões magnéticos e chips, ele gerencia seus
afazeres e responsabilidades de cidadão.
A passagem para este novo mundo educacional, onde, em muitos casos, ele não tem
uma preparação mais ampla para este fim, levaram-no de certa forma, neste novo processo
educacional de ensino e aprendizagem, a ser um aprendiz da cibercultura, posição esta que
se apresenta um pouco contraditória, com o seu status de professor, já que nela ele irá
trabalhar com um discente, que deveria estar no papel de aprendiz, mas que diante deste
ainda desconhecido mundo digital para o professor, este aluno já é mestre.
Diante da real situação que foi legada a este docente, a de se transferir de uma hora
para outra, de um papel já antes conhecido de professor presencial, para um mestre que, a
partir de agora ministra suas aulas via internet e pelo computador, levou-o, neste processo,
a se sentir perdido e sem um norte acadêmico diante deste admirável mundo novo surgido
no ciberespaço.
Para que este professor encontre um caminho acadêmico correto para sua
atualização e conhecimento sobre esta área, faz-se necessário estar, profissionalmente,
atualizado, não só digitalmente, mas também com o vocabulário e as novidades da área,
conhecendo mais detalhadamente as interfaces que o auxiliarão a ter um maior domínio
sobre o assunto, ampliando assim, as possibilidades de interação com seus alunos.
Diante desta nova concepção de ensino e aprendizagem, foi observado nesta
pesquisa, que há um determinado grupo de docentes que se recusam em lidar com a nova
modalidade de ensino mediada através das tecnologias de informação e comunicação. Fato
este que se torna, sob o ponto de vista da online, algo preocupante. Tal afirmação encontra
respaldo, como foi mostrado no capítulo anterior, na pesquisa realizada em 2008, pela
UNESCO, em 27 estados brasileiros, onde foi constatado que quase 60% dos professores
não navegam pela internet, local de onde eles poderiam não só ter acesso às novas
informações, como também utiliza-la para sugerir links em suas postagens sobre
determinados temas de estudos para o seu corpo discente.
O hábito de não sugerir para seus aprendizes a internet como campo de pesquisa e
aprendizado, pode confirmar que a figura do professor presencial ainda ocupa fortemente a
metodologia de trabalho deste docente que foi “transferido” para a modalidade online, visto
que, por exemplo, no presencial, quando ele orienta seus estudantes a fazerem uma
pesquisa, na maioria das vezes, o que é sugerido é que ela deve ser feita através de livros
e/ou textos.
Esta pesquisa refuta a idéia de que este professor que não se interessa em navegar
pela internet, não a possa sugerir como fonte de pesquisa para seus alunos. A idéia de
sugeri-la para seus aprendizes como fonte de aprendizagem e pesquisa não se torna, para
ele, prioritária ou mesmo compartilhada com outros campos de informação.
Sobre esta realidade, Silva (2007) nos lembra que o professor, antes de enfrentar
esse desafio, ou seja, de deixar de pensar exclusivamente como um docente inserido apenas
na modalidade presencial, deve começar concomitantemente a pensar, agir e atuar como um
professor online, onde o seu papel, de acordo com a sua proposta acadêmica, pode sugerir
múltiplas possibilidades na construção do conhecimento.
Se a superação da descrença frente ao que está diante de seus olhos não for feita de
uma maneira rápida e consciente, ele corre o risco de ficar à margem da evolução
tecnológica e histórica que vive a educação brasileira na primeira década do século XXI.
Para aqueles professores que já se encontram inseridos, aparentemente, sem nenhum
problema com as novas TICs e já trabalham com elas sem nenhuma restrição à modalidade
online, o processo de ensino-aprendizagem já estaria completo, caso não fosse sinalizado,
por alguns destes docentes, uma insatisfação em relação a sua participação neste novo
processo educacional.
Numa disciplina online, como já foi explicado no primeiro capítulo desta
dissertação, há a figura do professor conteudista, profissional responsável em inserir o
conteúdo, os textos e as informações necessárias que darão base para o aprendizado do
aluno que está matriculado em uma matéria não presencial e mediada pelo computador.
Existe também nesta nova seara educacional a figura do tutor, profissional, que não precisa
necessariamente ser um profundo conhecedor da disciplina pela qual fica responsável, e
onde também gerencia as dúvidas dos alunos em relação a determinadas questões.
É a partir desta duplicidade de funções (conteudista e tutor) é que o professor
alocado em uma disciplina online sente um certo desconforto. Este mal-estar acadêmico é
provocado a partir de algumas constatações observadas por alguns professores que
ministram disciplinas online e que foram entrevistados para este trabalho.
Um primeiro incômodo ocorre diante do conteúdo previamente postado por um
professor conteudista. O docente, não necessariamente transformado em tutor, responsável
em trabalhar este conteúdo diretamente com a turma e com quem vai interagir durante as
aulas, não pode, a partir do conteúdo postado, criar, ampliar ou mesmo atualizar algo Isto
acaba limitando o trabalho deste docente online que irá lidar exclusivamente com os alunos
online. Esta convivência online lhe dá informações necessárias para conhecer melhor os
temas que podem levar a boas discussões acadêmicas com os aprendizes. Toda esta
informação adquirida acaba se tornando infrutífera, já que ele não pode alterar o que foi
postado pelo professor conteudista, um profissional que colocou informações neste sistema
educacional, sem ao menos conhecer as necessidades, expectativas acadêmicas e perfil da
turma.
O segundo incômodo decorre da dúvida sobre qual seria o real papel que o professor
online vem desempenhando no seu dia a dia como docente. Embora saibam que não são
simples tutores, alguns professores acreditam que sua participação neste novo processo
educacional da EAD teria sido reduzida a este status.
Muitos deles, embora, venham atuando como professor estimulador, de uma
participação mais ativa durantes as aulas online, acreditam que poderiam ser melhores
aproveitados se pudessem participar com mais consistência acadêmica, ultrapassando a
fronteira das poucas interfaces de comunicação que a eles são destinadas, como por
exemplo, a participação em fóruns de discussão ou troca de idéias em chats. Estas são
interfaces que boa parte os alunos dificilmente utiliza para a construção do conhecimento,
preferindo na maioria das vezes, utilizar estes espaços para tirar dúvidas não sobre o
conteúdo postado, mas a respeito, por exemplo, da data de prova ou o prazo de entrega de
trabalhos solicitados. Respostas estas que qualquer pessoa que esteja inserida no sistema
online, inclusive um tutor, poderia prontamente responder.
Como pôde ser observado há uma certa indefinição sobre qual seria o verdadeiro
papel do professor nas disciplinas online. É fato que existe um professor conteudista, como
já foi dito antes, mas a dúvida recai sobre aquele que administra este conteúdo para os
discentes com quem trabalha virtualmente.
Este professor se vê somente no papel de retransmissor de um conteúdo que não foi
elaborado por ele ou sua função seria apenas a de estimular a interação entre os discentes e
responder as dúvidas oriundas destes alunos?
Esta questão surge a partir do instante que ele deixa de ser responsável pelo seu
próprio programa de aula, como acontece na modalidade presencial, e passa a administrar o
que já lhe é entregue como um pacote fechado, sem direito a sugestões, interferências e/ou
modificações que ele ache importantes e necessárias para a facilitação do aprendizado.
Em função do exposto, outros questionamentos vêm à tona a respeito deste
profissional que trabalha com uma educação à distância mediada pelo computador.
São elas:
- Se ele não é o professor conteudista, já que não contribui para o conteúdo
sobre o que é postado, qual seria sua real função neste novo processo
educacional da EAD?
- Como seria denominado? Professor adjunto? Professor auxiliar? Tutor
acadêmico?
- Além de ter funções como mediador de fóruns de debates, solicitador de
trabalhos e um agente participativo em chats com os alunos, quais seriam
as outras atribuições que este professor poderia exercer para a aumentar a
sua participação acadêmica neste novo modelo da EAD?
- Além do conteúdo prévio já postado, este professor que está, através das
aulas online, periodicamente em contato com o alunado, poderia, vez por
outra, alterar este conteúdo, atualizando-o ou mesmo sugerindo a inclusão
de assuntos que estimulem mais a participação dos discentes?
Estas e outras perguntas se fazem pertinentes para que se (re)conheça este
profissional como agente participante deste modelo de ensino transmitido pela modalidade
online.
É importante também, que ele se torne um dos personagens principais desta recente
história acadêmica surgida a partir do ciberespaço, e de onde, até o momento, ele vem
participando, como um mero coadjuvante neste novo processo de ensino e aprendizagem na
EAD.
5.3 – Interagir: verbo difícil de se conjugar online
Como já foi exposto nos subitens anteriores, a dificuldade de interação na
modalidade online entre professor e alunos pode ser uma das causas que venha trazendo um
certo desconforto na aceitação nesta nova forma de ensino e aprendizagem não presencial.
Pelo menos é o que pode ser constatado, a partir da tabulação realizada após pesquisa
realizada com os 120 alunos para este trabalho. Hipótese esta que foi confirmada, depois de
ouvirmos nove discentes em um grupo focal formado para esta dissertação, onde a falta de
interação com o professor foi à reclamação quase que uníssona, feita pelos estudantes
ouvidos.
Mas será que a culpa desta ausência de interação só recairia sobre o docente, que
segundo relatos obtidos para este trabalho, está ausente nos momentos em que o aprendiz
necessita dele? Se esta pesquisa tivesse um viés tendencioso, a resposta seria: sim. Porém,
com a preocupação de tentar entender o porquê interagir é um verbo pouco conjugado nas
disciplinas online, este trabalho procurou outras fontes de pesquisa e observância para ver
e/ou confirmar que o único responsável pela não interação seria apenas (grifo deste
pesquisador) do professor.
O primeiro resultado que obtivemos e que explica não ser de exclusividade do corpo
docente a falta de interação entre as partes (aluno e professor) durante esta nova
modalidade de ensino na EAD, veio com o resultado da pergunta feita sobre este tema no
questionário. Embora 49 alunos, num universo de 120 pesquisados para esta dissertação,
admitam que a interação seja ruim com o professor, este número sobe, entre seus pares,
(aluno-aluno) para 82, ou seja, a proporção da falta de interação entre os alunos cresce
quase 50% em relação aos que alegam não tê-la com o professor na disciplina online.
Observa-se então, na frieza dos números, que o problema de uma comunicação mais
ativa durante as aulas não presenciais, não é uma exclusividade da apatia ou falta de
interesse somente do professor em querer participar deste processo comunicacional, como
sempre alegaram os discentes durante este trabalho dissertativo, mas também e
principalmente, por um desejo consciente do alunado de não querer interagir, mesmo entre
seus colegas de disciplina. Isto pôde ser confirmado nas respostas dadas, quando
perguntados se havia uma interação entre os discentes nas disciplinas online. A resposta foi
que 67, dos 120 alunos que participaram desta pesquisa, nunca interagiram com seus
colegas durante as aulas.
Esta não participação voluntária se confirma, quando escolhemos um outro objeto
de pesquisa e estudo para este fim: as comunidades virtuais que tratam sobre o tema e que
estão localizadas em sites de relacionamento. Para tanto, foram escolhidas duas localizadas
nas páginas do Orkut.
Num primeiro momento, como já foi relatado no capítulo anterior, tivemos a
postura de observadores e, posteriormente, nos tornamos integrantes delas para entender se
esta falta de interação se dava apenas nas disciplinas online ou se também ela era extensiva
a um grupo comunitário criado virtualmente e que o aluno se associa livremente. No
processo observação participativa, descobrimos que mesmo estimulados por este
pesquisador, através de provocações pertinentes sobre o tema, nenhum dos seus membros
interagiu nos fóruns propostos, cujo tema versava sobre a rejeição às disciplinas online.
Tal desmobilização nos levou a constatar que existe uma falta de interação por parte
dos alunos, até mesmo em um ambiente onde não há a presença virtual do professor e uma
postura acadêmica, e onde também, ele poderia expressar livremente, sem medo de uma
punição, o seu pensamento sobre as disciplinas online.
A partir desta constatação, observou-se que a prática de não interação com o
professor pode ser um hábito que advém das aulas presenciais, onde o docente é
considerado o senhor absoluto do poder, do conhecimento, da razão e do saber e que não
deve ser criticado ou contradito, principalmente por aqueles seres sem luz, o aluno. Paulo
Freire (1979), alerta que nas aulas presenciais, o professor ainda é considerado um ser
superior, que ensina a seres ignorantes, e que estes recebem, passivamente, sem
questionamentos os conhecimentos do educador.
No que tange a ausência de uma interação com os colegas nas aulas online,
acreditamos que as causas estejam relacionadas à cultura do silêncio, imposta pelo
professor durante sua explanação oral em uma sala de aula tradicional, onde a conversa,
entre colegas de turma, mesmo quando falam sobre o tema exposto, seriam motivos de
censura por parte do docente.
Esta censura aconteceria em função de uma interferência e interrupção, por parte do
alunado, no pensamento do professor-ditador presente na sala de aula tradicional. Este
status de professor-ditador se manifesta não só pela sua função de transmissor exclusivo do
conhecimento, mas também pela sua figura de uma autoridade máxima que ele exerce a
punição para aqueles que o contrariam em uma sala de aula.
Possivelmente, em função desta postura soberana e censora que o professor na
modalidade presencial representa ainda para muitos discentes, impedindo que os alunos
interajam livremente com o próprio docente ou mesmo com os colegas, pode estar levando
a um comportamento igual e também inibitório dos discentes na hora de interagir durante as
disciplinas na modalidade online.
É fato, e o aluno tem consciência disso, que na educação à distância mediada pelo
computador, a figura do professor real, inexiste. Porém, não podemos esquecer que, mesmo
tendo, através das TICs, esta consciência visual da virtualidade, este aprendiz, antes de
chegar à universidade, onde é apresentado pela primeira vez às disciplinas online, teve uma
formação acadêmica feita de forma totalmente presencial, forjada em salas de aulas
tradicionais.
Esta transferência da figura do real para o virtual do professor-ditador tem sido feita
de forma lenta e gradual, bem diferente da velocidade que nos impõe as novas tecnologias
de informação e comunicação, principalmente àquelas que surgiram na última década do
século passado e nos primeiros anos do século XXI.
5.4 – Outros “ruídos” que se fazem presentes na modalidade online
Outros elementos que deveriam ser pontos de estímulo para a aprendizagem na
modalidade online podem estar tendo também a sua parcela de responsabilidade por uma
possível rejeição do alunado a este novo modo de transmissão do conhecimento. Esta
constatação foi feita a partir dos resultados obtidos para esta dissertação, tanto na pesquisa
realizada com os alunos na instituição de ensino superior, quanto no grupo focal reunido
para este trabalho.
Pontos como uma difícil acessibilidade às aulas pela internet; a ausência de um
computador caseiro e/ou no local de trabalho, obrigando o aluno a ter que se deslocar até à
universidade para acessar as disciplinas online; a postagem de textos desinteressantes e
demasiadamente extensos pelo professor conteudista; falta de links que remetam o aluno
para interfaces multimídias ou ainda a necessidade de se fazer provas presenciais, são
alguns dos itens que foram apontados pelo alunado, como os motivos que estariam levando
a uma rejeição cada vez maior as aulas mediadas pelo computador.
É importante entender que para que esta situação se reverta, Santos (2009)
recomenda que quando se planeja uma aula online, deve se lembrar que o computador, uma
das principais interfaces deste novo processo educacional, onde se pode interagir a partir de
imagens, sons e textos plásticos.
Quando isto acontece, acaba se intensificando o estímulo e a participação do
alunado, já que ele começa a partir deste processo, a construir o seu conhecimento. Papert
(1986) reforça este pensamento, explicando que essa construção se dá através do interesse e
pelo envolvimento afetivo que aprendiz demonstra ter, tornando-a cada vez mais prazerosa
esta interação.
Este processo de descobertas e vantagens que a modalidade online pode trazer como
um novo caminho para a EAD encontra, em alguns momentos, desvios que reforçam o
olhar de desconfiança do aluno em relação a este novo modelo de transmissão de ensino e
da aprendizagem através da web.
Se por um lado às vantagens de temporalidade e espacialidade são destacadas pelos
alunos como vantajosas e positivas em relação às disciplinas online, por outro, o fato de
obriga-lo ir até à faculdade, a cada bimestre, para responder em um laboratório de
informática, as questões de uma prova presencial, geram neles uma certa desconfiança em
relação à qualidade, a necessidade e a importância de ter esta nova modalidade de
aprendizagem e ensino em sua grade curricular.
A dúvida que se instala nas mentes estudantis, em relação a este processo
aparentemente contraditório, é a seguinte:
Se as aulas são online, por que as provas são presenciais?
Esta dúvida aumenta, a partir do momento que ele descobre que estas avaliações só
podem ser feitas nos computadores instalados nos laboratórios localizados nos campi da
instituição de ensino superior na qual ele está matriculado. Lá, além de ter que se deslocar
até este espaço físico reservado para este fim, o aluno observa que as provas são feitas no
computador, de forma online e com direito à consulta aos textos postados durante o
semestre pelo professor conteudista. Ou seja, a preocupação que a instituição poderia ter
em relação a qualquer tipo de consulta que o aluno pudesse fazer em casa ou no trabalho se
prova fosse feita em casa, de forma online, se torna nos laboratórios de informática, nos
campi da universidade, uma prática permitida e institucionalizada.
O texto postado pelo professor conteudista para os aprendizes que possivelmente
seria um outro pólo de atração ou chamariz para o alunado participar mais ativamente das
disciplinas online acaba, durante estas aulas não presenciais, surtindo um efeito contrário: o
de rejeição e apatia na hora de sua leitura e estudo.
As justificativas para tal postura não faltam. Elas vão desde o fato destes textos
serem muitos extensos, e que por conseqüência, acabam gerando um cansaço visual e
postural na hora da leitura, já que o aluno terá que lê-lo, por muito tempo, em frente ao
computador, até à qualidade da informação presente nos conteúdos. Alguns discentes
entrevistados acham-nos confusos, distantes da disciplina ou mesmo com um linguajar
muito rebuscado, que dificulta a compreensão, fato este que não atrairia uma quantidade
maior de alunos para sua leitura.
Em relação à extensão (muitas páginas para páginas a serem lidas), alguns discentes
relataram que por não poder e/ou não querer ficar muito tempo diante do computador
lendo-as, acabam imprimindo-as.
A partir desta prática de impressão, além de terem um alto gasto de material e
tempo, o aprendiz não vê razão para a postagem dos textos, já que ele (aluno), ao imprimi-
los, em lugar de lê-los na tela do computador, acaba retornando involuntariamente a uma
antiga prática das aulas presenciais, ou seja, fazer fotocópias do material sugerido pelo
professor. Para o alunado, os textos que eles têm a obrigação e necessidade de ler para
discussão, em um fórum ou para as provas, deveriam ser mais sucintos e objetivos, para
que, assim como é a proposta das disciplinas online, o estudante tivesse uma otimização de
tempo em sua leitura.
Outra queixa sobre o material postado durante as aulas online é que eles não teriam
links que os levassem a outros textos que os complementariam, que dessem uma outra
visão sobre o assunto ou mesmo ampliasse a construção do conhecimento do aluno. Os
textos que aparecem como leitura para os estudantes, ainda possuem, segundo os alunos
participantes desta pesquisa, um tipo de informação “estática”, já que não é atualizada
constantemente, como deveria ser em determinadas disciplinas que possuem informações
novas a cada semestre, e que, por algum motivo, não são acrescentadas as já existentes.
Santos & Silva (2009) lembram que é comum encontrar na modalidade online textos
lineares, que servem, na maior parte dos casos, apenas como fonte de informações e leitura
para realização de exercícios individuais.
Há, por fim, uma necessidade de se ter um olhar mais atento sobre o papel de alguns
elementos apresentados neste capítulo e que são vistos como entraves para o
reconhecimento e qualidades da inserção das disciplinas online na grade curricular dos
cursos der graduação.
Este repensar e modificação de alguns pontos podem gerar um ganho não só de
simpatia e estímulo, mas também um desejo de participação cada vez mais efetiva e afetiva,
tanto por parte dos alunos quanto dos professores, nesta nova modalidade de ensino da
EAD mediada pelo computador, via web.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao concluirmos esta dissertação, observamos que o resultado final obtido na
pesquisa foi altamente positivo. Procuramos conhecer o grau de satisfação e/ou insatisfação
dos alunos em relação às disciplinas oferecidas na modalidade online, em um curso de
Comunicação Social.
Consideramos positivo o farto volume de informações e dados colhidos durante a
realização das entrevistas com os professores, de questionários junto ao alunado, da
mediação no grupo focal com discentes matriculados em disciplinas online ou mesmo
durante o período em que este pesquisador esteve, num primeiro momento, no papel de
observador passivo e posteriormente, como um participante ativo, em comunidades de
relacionamento criadas na internet e que discutem sobre o tema-base deste trabalho. A
positividade também foi explicitada nas opiniões e posturas dos corpos docentes e
discentes, sobre esta nova modalidade de ensino e aprendizado da EAD.
Um das contradições que logo nos chamou a atenção, foi a da rejeição verbalizada
por muitos alunos, no tocante às disciplinas online oferecidas na instituição de ensino
pesquisada. Mesmo sendo nativos digitais estes alunos, no momento que são levados a ter
aulas mediadas pelo computador, de forma mais cômoda e prática, as rejeitam, preferindo,
na maioria dos casos, estudar em uma sala de aula tradicional e ter um contato físico com
seus colegas e professores.
A insatisfação alegada por muitos durante suas participações nas aulas online vem,
principalmente, pela ausência da presença real e da falta de contato físico que uma sala de
aula tradicional existe para àqueles que lá estudam durante um período letivo. Contato e
presenças físicas que observamos também inexistir, quando estes mesmos alunos não têm,
quando estão em pleno lazer, teclando com seus pares diante do computador, onde
dialogam, por exemplo, em chats ou em um programa de mensagens instantâneas, como o
Messenger, onde o real é substituído automaticamente pelo virtual.
É fato que nestes lugares, aqueles que teclam entre si, num primeiro momento, se
conhecem, mas isto não é regra, pois sempre haverá um “desconhecido” querendo
conversar ou participar de um bate-papo, e que invariavelmente é aceito. Esta mesma lógica
(do diálogo com o desconhecido) pode funcionar muito bem nas disciplinas online, onde há
e haverá sempre colegas conhecidos ou não, fator este que não impede uma primeira troca
de mensagens. Basta que o aluno que critica este nível de “desconhecimento” visual
característico da disciplina online, aceite sem muitas reservas o colega de turma, assim
como ele o faz com um desconhecido quando está em seus momentos de descontração
virtual.
Esta queixa da ausência física evidenciada pela maioria, perde força, quando
lembramos dos diálogos e das interações sociais feitas por estes alunos quando estão no seu
momento de entretenimento. Porém, há de se observar também, que todos os alunos que
hoje em dia estão matriculados em disciplinas online, onde o contato acadêmico só se faz
através do computador, seja com o colega ou com o professor, tiveram, desde os seus
primeiros anos escolares até a os dias de hoje na sua atual formação acadêmica-
profissional, a modalidade presencial como referência de ensino. Para eles, este novo
momento, aulas online, é realmente novo, apesar de como foi destacado, já conhece-lo num
outro contexto fora do ambiente escolar.
Um caminho para que as aulas oferecidas nas disciplinas online começassem a
ganhar uma simpatia, seria a implantação das aulas semipresenciais onde, em determinado
dia da semana, o aluno comparecesse no campus, para compartilhar o espaço físico tanto
com o docente, quanto com os colegas que dividem a tela do computador com ele. Este tipo
de contato real ajudaria não só na propagação de idéias, como serviria de referência visual
na hora que eles estivessem participando das aulas através do computador.
Um outro personagem que nos chamou a atenção pela sua postura contraditória, foi
o professor. Nele, não foi verificado, num primeiro momento, como ocorreu com os
alunos, um certo desconforto por estar participando deste novo momento que a EAD vem
proporcionando à academia.
Se por um lado, este professor não se nega a participar deste processo educacional,
seja por acha-lo interessante, instigante e estimulante profissionalmente, por outro,
observou-se nas entrevistas feitas com o corpo docente, que vários se declaram saudosos do
“olho-no-olho” próprio do presencial. Uma sensação bem diferente da “frieza” que eles
sentem quando ministram suas aulas diante de uma tela de computador, e onde só
conseguem dialogar com seus alunos através de um monitor, um teclado e um mouse. Vale
lembrar que este professor, assim como o alunado que tem rejeição pelas disciplinas online,
este docente foi formado academicamente em salas de aula tradicionais, onde, as presenças
do docente, do quadro negro e do giz foram, e em alguns casos ainda são, ícones de uma
forma eficiente de transmissão do conhecimento.
Há ainda na formação profissional deste professor um agravante: ele é um
“imigrante digital”. Este docente encontra-se migrando, há pouco tempo, da modalidade
(presencial), onde dominava as ferramentas quadro negro, giz, texto e voz, para uma nova
forma de transmissão (online), onde começa a dar os primeiros passos em um território
ainda pouco explorado e conhecido por ele. Para que este rito de passagem se torne menos
traumático, a instituição de ensino, onde ele realiza seu trabalho, deve ter a preocupação de
oferecer cursos de formação e atualização. O professor precisará de formação específica
para educar no ciberespaço, para mediar a aprendizagem do corpo discente “nativo digital”.
Outro ponto detectado nesta pesquisa, que se refere ainda ao professorado, diz
respeito a sua colocação nesta nova modalidade educacional. A partir de agora ele é
convidado a migrar da transmissão do conhecimento no estilo Um-Todos, para a interação
Todos-Todos, onde a construção do conhecimento faz parte deste universo comum a seus
participantes.
Para finalizar, chamamos a atenção para um item que consideramos importantíssimo
para a melhoria na aceitação da modalidade online, principalmente pelos discentes que têm
por ela pouco apreço e simpatia: uma interação mais ativa entre professor-aluno e aluno-
aluno participantes da disciplina online. Nenhum relacionamento se estabelece, seja ele no
presencial ou à distância, se não houver uma boa interação entre as pessoas.
Em função deste “silêncio virtual”, muita coisa se perde neste processo, entre elas a
não construção do conhecimento, que surge e se desenvolve através da interação promovida
por esta nova modalidade da EAD.
Técnicas e estratégias devem ser implementadas para que haja uma participação
mais efetiva de seus participantes, caso contrário o desestímulo e apatia que hoje se
manifestam durante as aulas presenciais, e que encontra uma continuação nas online, pode
aumentar em uma progressão geométrica o distanciamento e o desestímulo de participar
deste novo caminho acadêmico apresentado pela EAD.
A modalidade online não é melhor ou pior se comparada à presencial. Cada uma
tem suas características próprias. Coube a nós, mostrar os problemas e possíveis soluções
apontados por aqueles que trabalham e estudam através da internet.
Sabemos também que esta dissertação não encerra aqui a discussão sobre este
assunto. Com certeza, muito ainda será debatido e pesquisado em futuros trabalhos que
escolherão este tema como base de estudo.
A proposta foi a de levar a um debate mais profundo e amplo sobre os motivos
pelos quais a modalidade online, nas disciplinas oferecidas na grade curricular em um curso
de graduação, ainda não é bem aceita pelo alunado, um público considerado “nativo
digital” por conviver diariamente com e na cibercultura.
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ANEXOS
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO APLICADO NOS DISCENTES Caro aluno, Este é um trabalho acadêmico que visa conhecer a sua opinião sobre as
disciplinas online oferecidas em seu curso de graduação. Por favor, responda a todas as perguntas de forma objetiva. Não é necessário a sua identificação pessoal. Muito obrigado por sua colaboração.
Questionário
1) Qual é o seu curso de graduação? 2) Em quantas e quais disciplinas online você está matriculado(a) ou que já cursou?
3) Em seu campus existe a opção desta mesma disciplina online ser feita de forma
também presencial no mesmo semestre? ( ) Sim ( ) Não
4) Você tem computador em casa?
( ) Sim ( ) Não
5) Acessa de seu computador caseiro quando vai estudar uma disciplina online? ( ) Sim ( ) Não
6) Se você não tem computador em casa, de onde acessa quando tem que participar uma aula online? ( ) Da Universidade ( ) Numa Lan House ( ) Da casa de amigos e/ou parentes ( ) Do trabalho/estágio
7) Quantas vezes por semana você acessa a(s) sua(s) disciplina(s) online? ( ) Todos os dias ( ) Entre 5 a 6 vezes ( ) Entre 3 a 4 vezes ( ) Entre 1 a 2 vezes
( ) Há algumas semanas que não acesso nenhum dia
8) Em relação ao conteúdo da(s) disciplina(s) online você avalia como sendo: ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Satisfatório ( ) Ótimo
9) Em relação à interação online com o professor, no decorrer da disciplina, você avalia:
( ) Ruim ( ) Regular ( ) satisfatória ( ) Bom ( ) Muito bom Justifique aqui a sua resposta: ___________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________
10) Em relação à interação com os seus colegas de turma online, durante a aula a disciplina, você avalia ( ) Ruim ( ) Regular ( ) satisfatória ( ) Bom ( ) Muito bom Justifique aqui a sua resposta: ___________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________
11) Em relação aos textos colocados online para leitura e futuro debate, você considera que eles são:
( ) Fracos ( ) Razoáveis ( ) Bons, mas sem muita profundidade ( ) Bons, mas sinto falta de um material (outros textos) de apoio ( ) Muito bom, esclarecedores ( ) Excessivos
12) O texto oferece links para outros textos na internet? ( ) Sim ( ) Não
13) Ele oferece links também para vídeos, MP3, games?
( ) Sim ( ) Não
14) Como você vê a qualidade dos debates nos fóruns propostos? ( ) Fracos ( ) Razoáveis ( ) Bons ( ) Muito bons ( ) Excelentes
Justifique aqui a sua resposta:
___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 15) De que forma você tira (ou) dúvidas junto ao professor sobre a matéria e sobre aos textos da(s) disciplina(s) online ? ( ) Nos debates nos fóruns ( ) Através do e-mail ( ) Outros. Quais? ____________________________________________________________________ 16) Qual a sua opinião em relação ao grau de dificuldade e exigência nas provas que são aplicadas para avaliar seu aprendizado online?
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
17) Em comparação com as aulas presenciais, quais são as principais vantagens e
desvantagens que você vê em uma disciplina online? ______________________________ ____________________________ ______________________________ ____________________________ ______________________________ ____________________________ ______________________________ ____________________________ ______________________________ ____________________________
ANEXO 2
TRANSCRIÇÃO DO GRUPO FOCAL FEITO COM ALUNOS QUE CURSAM DISCIPLINAS ONLINE (Duração: 20 minutos)
É a primeira vez que vocês fazem disciplinas online? Aluno A – Sim. Primeira vez Aluno B – Também, sim. Primeira vez. Aluno C - Primeira vez Aluno D – Primeira vez Aluno E – Já fiz no semestre passado e no outro. Aluno F - Já fiz uma no semestre retrasado Aluno G– Eu também já tinha feito Aluno H – Primeira vez Aluno I – Primeira vez. Então vocês que fizeram ou fazem, o que estão achando da disciplina online? (A) - Horrível, porque não tem contato direto com o professor. Você não entende a matéria. É horrível, porque não tem como tirar dúvida. O fórum é uma vez a cada semana e é sempre cancelado. Então são vários fatores que levam a esta rejeição. Por que o fórum é cancelado? (B) - Ninguém sabe. (D) - Ninguém sabe. (E) - Você recebe um e-mail falando “agendamento do chat”. Aí no outro dia “cancelamento do chat”. (F) – Isso mesmo! (I) - Eu já nem ligo quando recebo agendamento do chat, pois eu sei que vai ser cancelado. (rs) (C) - É muito ruim. Os textos não são muito claros. Você lê e parece que está sempre faltando informação. Se estive na sala é muito fácil, perguntava o professor já te respondia. E lá você manda a pergunta para vários dias depois, se responderem... Eu já mandei...tive que mandar umas três vezes a pergunta para conseguir me responderem. Então, demora muito. É muito ruim. E os textos são muito truncados. Eles não são muito claros assim. Fora à prova que cobra outra coisa do texto. (B) – Não...A prova é louca! É louca! E a correção mais ainda! (A) – Eu tive dificuldade em me adaptar à disciplina online, né, porque e eu tenho um método de estudo em relação à temática, né. Eu priorizo o tempo na medida do meu tempo que tenho aquela meta, né! A disciplina online para mim, com esse meu tempo curto, ela facilitou, mas por outro lado tem essa dificuldade de contato com o professor, né. (H) – Olha, eu acho que assim como ele, eu também tenho o tempo bastante apertado, mas não concordo a com essas qualidades dele, eu não tive essa facilidade, acho que quando você tem a aula, enfim, a presencial, você precisa estr em sala de aula, acho que pra quem tem tempo apertado é mais uma obrigação.Você precisa correr pra poder chegar, você chega na aula e você resolve todos os problemas de entendimento, de dúvida, enfim, de
esclarecimento. Não fica essa coisa. Sem contar que é sempre a questão do, do...ah é online, então eu posso entrar e daqui a pouco eu entro e faço e vai empurrando pra frente e acaba ficando mais apertado pra frente, mas com relação ao próprio entendimento, em relação ao material, muito confuso, muito confuso, muito é...embolado, em algumas unidades... eu fiz duas disciplinas, uma delas tinham três unidades, outra tem quase nove unidades, quer dizer, você fica “bolado” (confuso), você tem... eu particularmente fiz isso nas duas disciplinas, e estou fazendo nessa também, é de imprimir. Ficar lá como um bobo, tipo, imprimindo todo o material e, enfim, você acaba perdendo um tempo muito grande também, sem contar que é incompleto, você tem que está sempre é indicando outras leituras...à biblioteca virtual...você fica perdendo muito tempo e o entendimento é muito aquém de que você tem numa sala de aula normal. Bom, embora a maioria, com exceção de uma resposta dada por um de vocês, tem alguma coisa positiva nestas disciplinas online que vocês vislumbraram, quer dizer, eu ouvi várias críticas. Existe alguma coisa boa que pelo menos justifique fazer essa disciplina? (I) – Não. Não achei nada. (B) – Mil vezes ter que vir para a faculdade. Acho que essa coisa do tempo, de ter que fazer em casa é muito mais válido do que vir para a faculdade. (G) – Tem um... Eu faço uma matéria, que como ele falou, são 15 unidades, nessa disciplina. São textos, textos e textos e excepcionalmente nesta matéria, eles deixam você fazer a prova com consulta que também se não pudesse fazer a consulta, com 15 unidades, pudera né! Aí, eles deixam fazer a consulta. Eu acho que é a única coisa de vantagem. Se você não fazendo a prova online, você sente uma certa dificuldade. Você tem que sair de casa, vir até à faculdade fazer à prova e tudo mais. Quinze unidades. A primeira avaliação sete unidades, para você chegar aqui e fazer a prova não dá, né! Então eu acho que a única facilidade que eu vi, pelo menos nesta disciplina foi fazer a prova com consulta. (D) - Mesmo assim nessa disciplina que também eu estou fazendo, não vi tanta facilidade, pois te fazem perguntas que não têm nada a ver com o texto. Você olha assim na prova e não tinha nada a ver! Você vai procurar onde no texto, se você não sabe. Trecho inaudível em função de todos os alunos falarem ao mesmo tempo. (H) – Acho que a principal vantagem da disciplina online...acho que deveria ser esta questão em relação ao tempo da possibilidade de você poder acessar de qualquer lugar. Não sei se isso se aplica pra alguém. Pra (sic) mim não foi vantajoso, mas de repente, pode ser para alguém. Em relação à interação vocês quando estudam online, a interação entre vocês e os professores. Na sala de aula isso na acontece, uma conversa, uma troca de dúvidas entre o professor e os colegas mesmo. Durante em que vocês estão em frente ao computador, existe interação ou não? (B)– Não
(A) - Eu não vejo isso (C) – Eu também não...particularmente, entro, leio texto, faço o trabalho e saio. (H) – (ouvir novamente) (E) - Acabei de descobrir que ela faz a mesma matéria que eu. (risos) (F) - Eu também. Eu não sabia que ela fazia a mesma matéria que eu (mais risos) (I)- Eu não conheço ninguém. Só descobri que tinha que participar do fórum quando o professor escreveu para mim “sua participação está baixa”. Eu nem sabia que tinha que entrar no fórum (A) –Se você não entra no fórum, você é excluído da matéria. (C) - Sério! (D) -Você tem que participar (E) - Participar do quê, se não tem nada. (A) - A minha professora, por exemplo, marcou um fórum, um chat no meio de uma aula presencial, onde nós estávamos usando o computador para uma outra disciplina e no dia que deveria ser o fórum, ele foi cancelado. O fórum é para discutir sobre um tema colocado, certo? O chat é para vocês discutirem sincronicamente e o fórum assincronicamente, ou seja, você entra, coloca sua observação sobre o texto. Por que os chats não funcionam nestas disciplinas? (H) –Porque ele é sempre cancelado. (B) – Sempre cancelado Embora alguns já tenham falado anteriormente sobre o assunto, qual é a opinião do grupo sobre as provas? (C) – Eu fiz uma só e a prova estava bem confusa. A prova vem com erro. Vinha a pergunta e aí nas as opções A, B, C e D, aí não tinha a resposta completa, por exemplo, começava mais ou menos assim “o pintor...” aí parava...”A obra....” , parava. (A) – A pergunta vinha sempre pela metade. Aí eu fui perguntar para o fiscal. Ele mandou chutar qualquer uma, porque a professora responsável da matéria não estava. (I) - Os professores das matérias nunca estão no dia da prova. (E) - Em nenhum momento você consegue falar com o professor fisicamente. Aí não tem ninguém, chuta qualquer uma! Chutei qualquer uma, lógico, errei. Fiquei com um ponto a menos na prova que valia sete, perdi um ponto. Aí depois que eu fui ver no gabarito, que eles mostram num espelho, pelo computador, faltava questão. Todas que eu tinha acertado, apareciam como estivessem erradas. Tudo muito confuso. Você fala. Manda um monte de recado e ninguém responde, quando respoderam, responderam muito tempo depois. Um mês depois. (G) E a resposta também é muito fria: “Estarei verificando seu problema e estarei retornando” (F) É muito robotizado. Você não sente aquele calor, sabe, que você tem no contato, do dia-a-dia da sala de aula. É o que eu falo: Eu não vejo a necessidade de ter a matéria online, porque você tem que vir para a faculdade fazer a prova. Se é online, eu faço a prova em casa. Online é online! Vai ter que disponibilizar um dia da semana para vir à faculdade fazer a prova. Não vejo muita vantagem.
(B) Sem contar quando eu me lembro de ficar entrando, na internet. (A) Se você deixar, vai empurrando. (H ) Você não esquece de vir à aula durante a semana. Eu fiz duas provas: Ética, no período passado e atualmente faço Arte Contemporânea. Não tive problema em relação à prova do período passado, mas essa prova deste semestre, foi um pouco complicado até em relação às próprias perguntas. Algumas coisas, algumas delas tinham ligação, agora, de verdade, tinha coisas na prova que não tinham no conteúdo, enfim, das aulas, da disciplina e foi cobrado em prova isso. (C) Eu tive a sorte na prova de ter uma professora da disciplina que eu faço online, presente aplicado prova. Aí eu fiquei perguntando e ela foi me explicando na hora da prova, se não eu não ia saber nada. Estava sem apostila. Eu não ia saber nada, aí ela foi me explicando mais ou menos o que era cada coisa. Eu perguntando e ela me explicando. Só aí é que eu consegui fazer a prova, porque senão... (D) Esse negócio da consulta. Eles falaram que poderia consultar, e não que você poderia levar o material impresso. Eles falaram que poderiam consultar e não que a consulta seria se você imprimisse e levasse. Não poderia entrar na disciplina online e ler o texto lá. Só poderia trazer impresso, só que se você imprimir, sei lá, 120 folhas é muita folha para você imprimir em casa. Então eles deveriam ter deixado você acessar, já que era com consulta. (B) Na minha prova tinha uma pergunta que eu perguntei para professora explicando que tinham duas respostas. E ela me falou que não sabia a certa, pois a professora respondeu que não sabia, pois as duas estavam certas. Eu marquei uma e foi considerada errada. (A) Tem, que ser a mais certa (risos) Qual as vantagens e desvantagens que vocês veem entre as disciplinas online e as presenciais? (I) Vantagens da online a gente não vê nenhuma vantagem. (B) Eu prefiro ter que ficar mais duas horas dentro da faculdade, do que ficar diante de um computador. (H) Acho que é o imediatismo. Você numa sala de aula, você tem uma dúvida que pode tirar. Você tem o professor... (D) É a interação. O imediatismo. (J) E tem a opinião das outras pessoas do que você fala. (E) A assimilação na presencial é muito melhor. Na online eu leio e esqueço logo. (C) Eu nem entendo o que está escrito lá! (D) Sem contar os problemas que se tem com a tela do computador. O meu monitor, por exemplo, é ruim, tem problemas. (A) A única vantagem que eu vi... eu não sei se alguém aqui mora longe. Eu que moro distante foi bom pelo fato de que não preciso me deslocar até à faculdade é tranqüilo. (G) Mas essa matéria fosse num dia que você tivesse aula presencial? (J) Aí eu teria me prejudicado (I) Talvez. A sua compreensão seria muito melhor e compensaria, se você fizer a online. (B) O outro problema é o valor. Você paga o mesmo preço da presencial e não sei quem é o professor. Não tem nenhuma referência física do professor, como por exemplo, um retrato, um filme de apresentação de quem está dando a disciplina online?
(A) Não dá para ver a cara. (C) Não tem nada. Nem foto, nem retratinho. (I) Não. Não tem nada. Só o nome. (B) O nome eu também só descobri no cancelamento do chat. (G) Eu recebi de duas pessoas: a de um homem e de uma mulher. (J) Mas não tem um vídeo? Quando eu fiz tinha um vídeo (D) Tem sim, mas só uma pessoa falando. Falando no início de cada semestre, ensinando a usar. (E) É... (H) Apresentando a disciplina... (F) Ensinando a usar e falando o nome da unidade. (J) Nessa disciplina que eu faço atualmente eu não recordo não (I) Como alguém pode fazer psicologia e comportamento humano online? Arte Contemporânea !!! (H) Ética! Ética! (C) Ética! Isso é sem lógica! Se fosse dada à opção de vocês escolherem entre disciplinas presenciais e online, a online seria descartada, mesmo que ela fosse de outra maneira que é dada como atualmente? (A) Sem sombra de dúvida. (I) Preferia vir à faculdade para fazer matéria, fosse a aula que fosse. Se pudesse modificar alguma coisa na disciplina online. O que vocês modificariam? (E) Tudo! (F) Eu reduziria a quantidades de textos. Acho que é desnecessário. Eles usam palavras totalmente rebuscadas. Palavras que não levam ao entendimento. Não que tenha que estar com o dicionário do lado, mas um texto com 15 unidades para você estudar, fazer trabalho e a gente tem que trabalhar, vir para a faculdade.. Enfim, as palavras muitas vezes não são fáceis de serem compreendidas. Podem facilitar um pouco isso. (D) O texto é mal feito. Você lê, lê e não entende nada! Aí você tem que ler umas dez mil vezes e ai eu penso: ‘nossa, eu sou muito burra!’” (B) Depois de cada texto tem questões lá, três questões ou uma questão, aí você faz e pula para outra unidade. (B) Na primeira unidade eu achei muito repetitivo também. Muito. (H) Acho que estas unidades, com este texto rebuscado é aquilo da academia. Eles jogam aquilo ali, e você se vira porque você está na universidade. Vocês sabem a diferença entre o professor conteudista e o professor tutor no online? (Silêncio geral, já que ninguém soube responder a esta pergunta).
Mais alguma coisa que vocês queiram colocar? (C) Hoje eu não tenho mais dificuldade, mas eu tive na primeira vez que eu acessei a disciplina online, acho que a acessibilidade também tem que mudar. O “layaoutzinho” (sic) é bem complicado para você entender a disciplina online (A) Isso sem contar quando o sistema que nos faz ter aula online está fora do ar. (C) Dia de entregar trabalho, o sistema está fora do ar. (D) Na minha opinião, o sistema tinha de ser revisto, nem que fosse uma semana com aula presencial, na outra com aula online, mas esse contato tem que existir. (I) Devia existir uma pessoa para conversar com a gente, tirar dúvidas. Uma pessoa para estar lá nos auxiliando. (G) O pior que a gente não tem escolha. A gente é obrigado a fazer a matéria. Não tem outra opção.
VA
ANEXO 3
PERGUNTAS FEITAS PARA OS DOCENTES
1) Qual é a sua formação acadêmica? 2) Há quantos anos ou por quanto tempo ministra ou ministrou aulas presenciais? E as disciplinas online? 3) Quantas e quais as matérias on-line que o (a) senhor (a) ensina(ou)? 4) Qual(is) a(s) principal(is) diferença(s) encontradas pelo(a) senhor(a) entre dar aulas presenciais e as online? 5) Quais foram suas maiores dificuldades para a migração de sua formação para aulas presenciais para a online? 6) Ao traçar um paralelo entre as disciplinas presenciais e as online ensinadas pelo senhor (a), qual a sua observação em relação ao desempenho e participação aos alunos nestes dois segmentos de ensino? 7) O (A) senhor(a) crê que os alunos das universidades que oferecem disciplinas online em suas grades possuem uma rejeição a este novo tipo de ensino? Se sim, por quê? 8) Quais são os benefícios e/ou malefícios tanto para o professor quanto para o alunado que as disciplinas online oferecem? 9) Na sua experiência como professor(a) de disciplina online, o (a) senhor (a) sente uma melhoria na qualidade de ensino acadêmico em relação às disciplinas presenciais? 10) O que mudaria nas disciplinas online para que elas ficassem mais atraentes para os alunos?
NTA