A Psicologia Social Abrapsiana

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Interações Universidade São Marcos [email protected] ISSN (Versión impresa): 1413-2907 BRASIL 2001 Susana Inés Molón A PSICOLOGIA SICOLOGIA SOCIAL ABRAPSIANA: APONTAMENTOS HISTÓRICOS Interações, julho-dezembro, año/vol. VI, número 012 Universidade São Marcos Sao Paulo, Brasil pp. 41-68 Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal Universidad Autónoma del Estado de México http://redalyc.uaemex.mx

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A Psicologia Social Abrapsiana

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  • InteraesUniversidade So [email protected] ISSN (Versin impresa): 1413-2907BRASIL

    2001 Susana Ins Moln

    A PSICOLOGIA SICOLOGIA SOCIAL ABRAPSIANA: APONTAMENTOS HISTRICOS

    Interaes, julho-dezembro, ao/vol. VI, nmero 012 Universidade So Marcos

    Sao Paulo, Brasil pp. 41-68

    Red de Revistas Cientficas de Amrica Latina y el Caribe, Espaa y Portugal

    Universidad Autnoma del Estado de Mxico

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    SUSANA INSSUSANA INSSUSANA INSSUSANA INSSUSANA INSMOLONMOLONMOLONMOLONMOLON

    Doutora em Psicologia SocialPUC/SP

    Professora da UFRGS

    A PA PA PA PA Psicologia Social abrapsiana:sicologia Social abrapsiana:sicologia Social abrapsiana:sicologia Social abrapsiana:sicologia Social abrapsiana:apontamentos histricosapontamentos histricosapontamentos histricosapontamentos histricosapontamentos histricosResumo:Resumo:Resumo:Resumo:Resumo: Este trabalho enfoca a perspectiva da Psicologia Social desenvolvida junto Associao Brasileira de Psicologia Social Abrapso, explicitando as tendncias predo-minantes, o confronto com outras perspectivas e algumas contribuies de colaborado-res significativos. Com isso, pretende-se abordar os principais acontecimentos no desen-rolar da Psicologia Social Abrapsiana, verificando tanto a apropriao dos paradigmas ecorrentes europias e americanas no Brasil, quanto a produo de enfoques terico-metodolgicos desenvolvidos por autores brasileiros. Nesse propsito, apia-se princi-palmente nas edies da revista Psicologia & SociedadePsicologia & SociedadePsicologia & SociedadePsicologia & SociedadePsicologia & Sociedade e nos escritos de algunsautores que construram a histria da Psicologia Social no nosso pas. Para tanto, sinali-za-se alguns aspectos importantes a partir da dcada de 30 e so enfatizados os principaisacontecimentos que circunscreveram o contexto de criao da ABRAPSO na dcada de80 e seu crescimento nos anos 90 do sculo XX.PPPPPalavras-chave:alavras-chave:alavras-chave:alavras-chave:alavras-chave: Psicologia Social, Histria da Psicologia Social Abrapsiana,ABRAPSO, PPPPPsicologia & Sociedadesicologia & Sociedadesicologia & Sociedadesicologia & Sociedadesicologia & Sociedade, Autores Abrapsianos.

    The Social PThe Social PThe Social PThe Social PThe Social Psychology at ABRAPSOsychology at ABRAPSOsychology at ABRAPSOsychology at ABRAPSOsychology at ABRAPSO: Historical P: Historical P: Historical P: Historical P: Historical Pointsointsointsointsoints

    Abstract: Abstract: Abstract: Abstract: Abstract: The present work emphasises the perspective of Social Psychology developedat the Social Psychology Brazilian Association Abrapso, showing the dominanttendencies, the divergences among other approaches and the contributions of significantco-operators. The main facts that happened during the process of the development ofSocial Psychology at Abrapso are reported to verify paradigms, tendencies, Europeanand American currents that are taken in by Brazilian authors at their production oftheoretical-methodological approaches. The principal sources of research are the editionsof the journal Psicologia & SociedadePsicologia & SociedadePsicologia & SociedadePsicologia & SociedadePsicologia & Sociedade and the papers of authors that helped to buildSocial Psychology in our country. Thus, significant aspects from the third decade of the20th century are identified with focus on the main events that designed the context ofcreation of Abrapso during the 80s and its development on the 90s.KKKKKey-words: ey-words: ey-words: ey-words: ey-words: Social Psychology, History of Social Psychology at Abrapso, Abrapso,PPPPPsicologia & Sociedadesicologia & Sociedadesicologia & Sociedadesicologia & Sociedadesicologia & Sociedade, Authors at Abrapso.

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    O estudo da histria da perspectiva da Psicologia Social Abrapsianaimplica considerar a histria da Psicologia Social na Amrica Latinae, anteriormente, nos Estados Unidos e na Europa, em funo de suaorigem. Assim como, requer uma abordagem histrica das condiessociais, polticas, econmicas e culturais que propiciaram ou impedi-ram a emergncia de determinados enfoques terico-metodolgicos ede alguns pensadores no seu processo de consolidao.

    Nesse sentido, os trabalhos sobre histria e epistemologia da Psico-logia Social realizados pelos autores Munn (1982), Montero (1996),Banchs (1997), Gonzlez Rey (1997) e Farr (1998), que utilizam dife-rentes referenciais de anlise e de reflexo, bem como, so pesquisado-res que atuam na rea e que contribuem de maneira intensa para ocrescimento da Psicologia Social Abrapsiana, compem os aportes des-te estudo. Outro subsdio indispensvel o livro PPPPParadigmas em Paradigmas em Paradigmas em Paradigmas em Paradigmas em Psi-si-si-si-si-cologia Social: a perspectiva Latino-americanacologia Social: a perspectiva Latino-americanacologia Social: a perspectiva Latino-americanacologia Social: a perspectiva Latino-americanacologia Social: a perspectiva Latino-americana, organizado porRegina Helena de Freitas Campos e Pedrinho A. Guareschi, publica-do em 2000.

    As primeiras experincis acadmicasAs primeiras experincis acadmicasAs primeiras experincis acadmicasAs primeiras experincis acadmicasAs primeiras experincis acadmicasda psicologia social no Brasilda psicologia social no Brasilda psicologia social no Brasilda psicologia social no Brasilda psicologia social no Brasil

    A atuao da Psicologia e da Psicologia Social no Brasil teve inciobem antes de se apresentarem como disciplinas autnomas, portanto,anteriormente regulamentao da profisso, que se deu atravs da Lei4119, de 27 de agosto de 1962.

    Da mesma maneira, os primeiros cursos de Psicologia, criados naPontifcia Universidade Catlica do Rio de janeiro (1953), na Univer-sidade de So Paulo (1958) e na Pontifcia Universidade Catlica deSo Paulo (1962), antecederam a regulamentao e a delimitao docurrculo mnimo de Psicologia, ambas ocorridas em 1962.

    De acordo com Bomfim (1991), a Psicologia Social iniciou suaconstruo na dcada de 30, com o primeiro curso de Psicologia Social

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    ministrado por Raul Briquet (1887-1953) na Escola Livre de Sociolo-gia e Poltica de So Paulo. Desse curso resultou o livro Psicologia Social,em 1935. Cabe salientar que se trata do segundo livro de autor brasilei-ro com tal ttulo, o primeiro foi publicado em 1922 por Oliveira Viana.No ano de 1935, Artur Ramos de Arajo Pereira (1903-1949) ministrana Escola de Economia e Direito da Universidade do Distrito Federal,o curso de Psicologia Social e, em 1936, edita o seu livro Introduo Psicologia Social.

    Desse modo, Raul Briquet e Artur Ramos so os fundadores daPsicologia Social no Brasil e so os pioneiros da sua produo sistema-tizada vinculada produo acadmica. No entanto, como analisa Mas-simi (1984, 1987), a histria das idias psicolgicas no Brasil podem serobservadas em obras do perodo colonial.

    Em meados da dcada de 30 muitos estudos sobre a dinmica dosgrupos pequenos foram realizados, influenciados por Kurt Lewin. Po-rm, na segunda metade da dcada de 40 que a Psicologia Social foiintroduzida oficialmente no Brasil, surgindo como uma disciplina nocurso de Filosofia da Universidade de So Paulo.

    Conforme Bomfim (1989), o marco a publicao de um livro doprofessor Otto Klineberg, da Universidade de Columbia (EUA); suaobra, Psicologia Social, a primeira a ser traduzida para o portugus, em1959, e foi considerada livro-texto para a disciplina que passou a serministrada pela professora Anita Castilho Cabral, a responsvel pelavinda do professor Otto Klineberg.

    Klineberg (1959, 1967) defendia que a Psicologia Social deveriaestudar os seguintes temas: o comportamento social dos animais, lin-guagem, motivao, percepo, memria e Psicologia diferencial.

    Muitos desses temas permanecem sendo os conceitos e os proble-mas de investigao na rea, ainda neste incio do sculo XXI, bemcomo uma questo realada por Klineberg (1967, p. 18), a saber, podeno ser inteiramente verdadeiro que tda Psicologia Psicologia Soci-al, mas veremos que tal afirmativa contm pequeno exagro.

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    Para Bomfim (1989), Otto Klineberg representava a tradio cul-turalista, pois acreditava na existncia de desigualdades culturais e, aomesmo tempo, defendia a existncia de culturas superiores e inferiores.Dessa maneira, a autora salienta que no surgimento da Psicologia Soci-al no Brasil j estava presente o vis de um conhecimento que busca ocontrole dos comportamentos, a adaptao s estruturas sociais e o forta-lecimento das desigualdades culturais.

    Na Universidade de So Paulo estava tambm representada a tra-dio lewiniana, devido presena da Profa. Dra. Carolina Bori, queministrava as disciplinas de psicologia experimental e personalidade,enfocando a teoria e os experimentos realizados por Kurt Lewin e seuscolaboradores.

    Paralelamente, a pesquisa psicolgica era incentivada com a cria-o do Instituto de Psicologia da Pontifcia Universidade Catlica deSo Paulo, no incio da dcada de 50, sob a direo do Prof. Dr. EnzoAzzi, que trouxe da Itlia um laboratrio de psicofsica e que contoucom a colaborao da Profa. Dra. Aniela Ginsberg, importante persona-gem na histria desse Instituto de Psicologia, da Psicologia Social bra-sileira e do programa de Ps-graduao em Psicologia Social da Ponti-fcia Universidade Catlica de So Paulo.

    Aniela Ginsberg coordenava projetos de pesquisa sobre naciona-lismo, personalidade e outros, em uma abordagem intercultural, envol-vendo colaboradores de vrios pases da Europa, da Amrica do Nortee da Amrica Latina.

    Segundo Bomfim (1989), na Universidade Federal de MinasGerais os professores Pierre Weil, Clio Garcia e Rui Flores utilizaramas tcnicas do T. Group (Training Group) com adaptaes prprias ecom influncia da scio-anlise de Van Bockstale. Essa tcnica foi de-nominada posteriormente, por Pierre Weil, de Desenvolvimento dasrelaes humanas, tal como ficou conhecida no Brasil. Pierre Weil adotouo psicodrama de J. L. Moreno e publicou um livro intitulado Psicodra-ma tridico, junto com Anne A. Schutzenberger, na dcada de 70. Nes-se livro, os autores fazem uma sntese das obras de Sigmund Freud, J.L. Moreno, Kurt Lewin e outros.

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    A dcada de 60 marcada por atividades de dinmica de grupo epsicodrama, de relaes humanas e de pesquisas sobre o carter nacio-nal, que j vinham acontecendo a partir dos anos quarenta e cinqenta;assim como atividades em comunidades, em termos de educao popu-lar, objetivando a conscientizao da populao.

    Nesse momento, as atividades desenvolvidas em comunidades vi-sam educao popular conscientizadora, enfatizando a alfabetizaode adultos como instrumento de conscientizao. De acordo com An-dery (1980, 1986), o termo Psicologia na comunidade passa a ser utili-zado e uma srie de trabalhos so realizados em diversos Estados, entreeles: So Paulo, Minas Gerais e Paraba.

    O golpe de 64, instaurando a ditadura militar, a represso poltica,extinguindo todas as atividades poltico-associativas, conduziu algunsprofissionais, professores e alunos dos cursos de Psicologia ao questio-namento das prticas psicolgicas e busca de subsdios cientficos parauma ao transformadora, especialmente em relao aos referenciaisterico-metodolgicos da Sociologia, da Antropologia, da Histria,do Servio Social e da Educao Popular, sobretudo os trabalhos dePaulo Freire.

    A crise da PA crise da PA crise da PA crise da PA crise da Psicologia Social e asicologia Social e asicologia Social e asicologia Social e asicologia Social e aexperincia comunitriaexperincia comunitriaexperincia comunitriaexperincia comunitriaexperincia comunitria

    Segundo Lane (1986a), as primeiras sistematizaes em termos daPsicologia Social iniciam orientadas por duas tendncias predominan-tes: a tradio pragmtica dos Estados Unidos, que pretendia alterar e/ou criar atitudes objetivando a harmonizao das relaes grupais e aprodutividade grupal; portanto, era evidente a euforia causada por essainterveno que minimizava conflitos e promovia aparentemente a feli-cidade em uma terra destruda pela II Guerra Mundial. A segundatendncia, a tradio filosfica europia, enraizada na fenomenologia,procurava modelos cientficos totalizantes, em destaque Kurt Lewin esua teoria de campo.

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    Assim, so essas duas tendncias que chegam e so apropriadas noBrasil, sem grandes alteraes, durante a dcada de 50 e nos primeirosanos da dcada de 60, ou seja, procurava-se basicamente frmulas deajustamento e adequao de comportamentos individuais ao contextosocial. A tradio europia encontra ressonncia na presena de Caroli-na Bori, tal como observado acima, e a tradio americana tem comoseu expoente Aroldo Rodrigues.

    Em 1972 surge o livro PPPPPsicologia Socialsicologia Socialsicologia Socialsicologia Socialsicologia Social, escrito por AroldoRodrigues, que foi um dos fundadores da Associao Latino America-na de Psicologia Social - Alapso, em 1973, e o principal representanteda Psicologia Social fundamentada no positivismo e o grande opositorda Psicologia Social crtica.

    Rodrigues (1979) estabelece, fundamentado no modelo america-no, os temas cientficos da rea, entre eles, percepo social, dependn-cia e interdependncia, atrao interpessoal, tendncias associao comoutros, agresso, violncia e altrusmo, formao e mudana de atitude,tomada de decises, conformismo e excepcionalidade, processos gru-pais e relaes internacionais.

    Esses temas so desenvolvidos, conceituados e valorizados, experi-mentalmente, nos pases do considerado primeiro mundo e, conseqen-temente, transportados e utilizados nos experimentos de pesquisa dosdemais pases, nos quais resta apenas aplicar e comprovar pesquisas jrealizadas.

    Essa tendncia da Psicologia Social no Brasil efetiva a transposioe a importao de conhecimentos, principalmente dos Estados Unidos,para a realidade brasileira.

    Porm, nem todos os pesquisadores e os profissionais da psi sesubmetem a esse modelo de cincia. Desenvolvem uma outra tendnciada Psicologia Social que aborda fundamentalmente o tema da ideolo-gia, articulando-se ao movimento dos trabalhadores de sade mental econtrapondo-se Psicologia positivista dominante, ou seja, contra o prin-cpio da neutralidade cientfica.

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    Bomfim (1989) observa que quando a Psicologia Social comea ase instituir efetivamente no Brasil seu referencial terico-ideolgico-pr-tico j havia se constitudo e, o que mais importante, j era vtima desrias e contundentes crticas.

    Conforme Lane (1986a), na Europa, principalmente na Frana,especialmente com a tradio psicanaltica, e na Inglaterra, com Israel eTajfel, onde emergem as crticas mais incisivas Psicologia Social nor-te-americana, por meio da denncia do seu carter ideolgico na garan-tia da manuteno das condies sociais, econmicas e polticas de qual-quer sociedade.

    Assim, a crtica evidenciava a Psicologia como uma cincia ideol-gica, reprodutora dos interesses da classe dominante e constatava queera um produto de condies histricas especficas. Com isso, invalida-va a sua adoo e incorporao em contextos diferentes. Estava presen-te, ento, a crtica ao positivismo, que buscava a objetividade e controla-va e/ou ignorava a subjetividade.

    Em 1971, Aniela Ginsberg cria o programa de Ps-graduao emPsicologia Social na Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo,que seria o responsvel pela continuidade da pesquisa universitria emPsicologia Social e pela formao de novos pesquisadores e de professo-res capacitados para atuar na realidade brasileira.

    Aniela Ginsberg tinha uma preocupao muito forte com a pes-quisa universitria e com a formao de pesquisadores, tanto que enfa-tizava como prioridade a atividade de pesquisa e estimulava a participa-o dos pesquisadores em congressos, pois os considerava um espaoprivilegiado de atualizao e de troca de experincias acadmicas.

    De acordo com Silvia T. M. Lane, que acompanhou o trabalho daAniela Ginsberg, um colaborador importante neste processo de cons-truo foi Karl Scheibe, que alm de compartilhar a insatisfao com osresultados das pesquisas realizadas nos Estados Unidos, trilhou novoscaminhos no estudo da identidade social, enfocando George HerbertMead e relendo Erving Goffman a partir de uma postura crtica.

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    A Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo representou umpapel significativamente importante na crise da Psicologia Social, poisera um palco propcio para o debate do cenrio poltico e intelectual. Aproposta do curso de graduao, especialmente do grupo orientado porSilvia T. M. Lane, era a vinculao da teoria e da prtica no ensino pormeio da apropriao das condies concretas do cotidiano. Desse modo,Silvia T. M. Lane coordenou um movimento de reviso crtica da Psi-cologia Social

    De acordo com Lane (1995), a reviso crtica dos principais con-ceitos da Psicologia Social, tais como atitudes, percepo e motivaosocial, socializao etc., gerou a necessidade de buscar novos autores.Foram introduzidos nas leituras os artigos de 1969 de La nouvelleLa nouvelleLa nouvelleLa nouvelleLa nouvellecritiquecritiquecritiquecritiquecritique, de Pierre Poitou, Pierre Bruno, Michel Pcheux e outros,com o ttulo Psicologia Social uma utopia em crise, e o prefcio deSerge Moscovici no livro organizado por ele, intitulado Introducci-Introducci-Introducci-Introducci-Introducci-on de la Pon de la Pon de la Pon de la Pon de la Psychologie Socialesychologie Socialesychologie Socialesychologie Socialesychologie Sociale.

    Os autores Merani, da Venezuela, Lucien Sve, da Frana, Israel eTajfel, da Inglaterra, assim como, George Politzer, George HerbertMead, Alexis Leontiev e Lev S. Vygotsky contriburam para o apro-fundamento da reflexo e sinalizaram perspectivas de estudo. Almdesses, Lewin, Bleger, Goffmann, Malrieu e Sarbin.

    No entanto, Lane (1986b) ressalta que a produo de anlises crti-cas sob uma tica marxista, simultaneamente ao lado de pesquisas tra-dicionais, aconteceu na Frana, no Laboratrio de Psicologia Social deParis VII, principalmente na dcada de 70, em que diversos autores,tais como Bruno, Poitou, Pcheux, Pags, comprometidos com umaatuao partidria no Partido Comunista, promoveram um dogmatis-mo partidrio que gerou a crtica em que, apesar das grandes reflexestericas, a prtica ficou quase que inalterada.

    Nesse contexto, significativa a contribuio de George Politzer,para a construo de uma Psicologia concreta, e de Lucien Sve, para adiscusso filosfica do conceito de personalidade em bases marxistas.

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    O grande desafio passou a ser o mtodo de ensino e de pesquisa.Da o movimento de busca de novas metodologias de pesquisa naAntropologia, especialmente, tais como: os estudos de caso, histriasde vida, observao e pesquisa participante para os trabalhos em co-munidades; e de ensino para uma relao indissocivel entre a teoriae prtica.

    Nessa dcada, segundo Lane (1996), Lane e Sawaia (1991b) e Frei-tas (1996), foram desenvolvidas diversas experincias em Psicologia nacomunidade nos Estados de So Paulo, Minas Gerais, Paran, Cear eParaba. Destacam-se os trabalhos em comunidade como, por exemplo, oprojeto desenvolvido na Pontifcia Universidade Catlica de So Paulopelos professores Alberto Abib Andery e Silvia T. M. Lane junto a umaequipe interdisciplinar com alunos de graduao em Osasco. Alm disso,so criados os primeiros cursos de Psicologia Comunitria, articuladoscom projetos de pesquisas voltados para a realidade social especfica, en-gajados em uma prtica comprometida e na sistematizao do saber.

    Conforme Bomfim (1989), o curso de Psicologia Comunitria eEcologia Humana surge, em Belo Horizonte/MG, em 1974, aliando aquesto comunitria ecolgica. Porm, na grande maioria dos cursosde Psicologia, a Psicologia Comunitria, quando presente, na formade disciplina optativa ou est relacionada com atividades de extenso ouestgio supervisionado do curso.

    Essas diversas experincias realizadas no Brasil e a situao de criseda Psicologia Social encontraram polifonia e sustentao no Congressoda Sociedade Interamericana de Psicologia, em Miami, em 1976, quese caracterizou pela nfase na crtica terica e metodolgica. Porm, nohouve a elaborao de propostas para a superao de tal situao, dife-rentemente do congresso seguinte, em Lima, em 1979, quando as crti-cas foram mais incisivas e surgiram as propostas concretas de sistemati-zao, objetivando uma redefinio da Psicologia Social.

    En 1978 y 1979 proponamos la necesidad de hacer una psicologa social histrica,aspecto que Lane et al. (1983) defienden con argumentos provenientes en algunos casos dela teora marxiana. (Montero, 1994, p. 32)

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    Nesse sentido, podemos dizer que na Amrica Latina, terceiromundo marcado por ditaduras militares, dependente econmica, inte-lectual e culturalmente dos Estados Unidos, a Psicologia Social no eradiferente da brasileira. Esses congressos interamericanos tornaram-seum frum privilegiado para os encontros dos psiclogos sociais latino-americanos e brasileiros.

    A proposta era a criao de associaes nacionais, a exemplo daAssociao Venezuelana de Psicologia Social Avepso, em funo doquestionamento da representatividade da Alapso, pois a preocupaoera a de produzir um saber psicossocial voltado para as problemticasda realidade especfica de cada pas, bem como o maior intercmbioentre os pases.

    Nesse congresso, em um simpsio sobre O ensino e a pesquisa emPsicologia Social na Amrica Latina, que contou com a participaode Carmem Mier y Teran, do Mxico, Gladys Montecino, do Peru,Alberto A. Andery e Silvia T. M. Lane, do Brasil, foi evidenciada acoincidncia dos problemas enfrentados e o desafio comum na busca deuma Psicologia Social que efetivamente contribusse para uma ao trans-formadora em cada pas.

    Alm disso, foi formado um ncleo de pesquisadores de Psicolo-gia Comunitria visando a interveno no assistencialista e atuando nodesenvolvimento da conscincia e da autonomia de grupos marginali-zados social e economicamente.

    Na mesma poca, acontece no Brasil o I Encontro Brasileiro dePsicologia Social, coordenado pela Silvia T. M. Lane. O encontro foirealizado em um seminrio sobre o tema Psicologia Social e problemasurbanos, entre os dias 29 e 31 de outubro de 1979, na Pontifcia Uni-versidade Catlica de So Paulo, promovido pela Alapso, com o auxliofinanceiro do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq)) e caracterizou-se pela interdisciplinaridade.

    Contou com a presena de cerca de 100 participantes, entre eles,socilogos, antroplogos, educadores e psiclogos, que foram distribu-dos em trs mesas-redondas, que versaram sobre os seguintes temas:

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    mesa-redonda I As relaes sociais no meio urbano: Sylvia LeserMello, Maria do Carmo Guedes, Luis Eduardo Wanderley, BroniaLiebesny e Elizabeth F. Lenza; mesa-redonda II As representaesideolgicas da cidade: Eclea Bosi, Antonio Augusto Arantes, ClaudioMartins e Otvio Ianni. A terceira mesa, sobre problemas de educaoe sade nos meios urbanos: com Dermeval Saviani, Guiomar Nano deMello, Suely Rolnik e Alberto Abib Andery.

    Essas atividades de mesas-redondas aconteceram no perodo damanh, enquanto que na parte da tarde foram organizados grupos detrabalho coordenados por um pesquisador convidado para debater asseguintes temticas: relaes sociais e trabalho; abordagens psicossociaisde sade mental; educao: um processo psicossocial; condies sociaisde moradia e habitao popular; o grupo familiar e a socializao dacriana; participao na comunidade; linguagem: comunicao e repre-sentaes sociais; instituies e marginalizao; problemas da vida ur-bana; e a mulher na sociedade brasileira.

    Esse seminrio extremamente significativo na histria da Psico-logia Social no Brasil, pois proporcionou um espao fecundo para asreflexes e debates, tanto nas mesas-redondas quanto nos grupos detrabalho, propiciando uma oportunidade de intercmbio de experin-cias e uma surpreendente concordncia em relao postura crtica quantoao papel da cincia.

    Cabe ressaltar que os principais aspectos observados, unanimementepelos expositores das diferentes reas de conhecimento foram a necessi-dade de se considerar as questes psicolgicas do homem em relao sproblemticas do contexto socioeconmico, enfatizando os aspectos his-tricos e ideolgicos; a constatao da dicotomia entre teoria e prtica,impossibilitando a ao transformadora do cientista social na comuni-dade; e as precariedades da metodologia positivista, que limita o pes-quisador a regras rgidas e esquemas simplificados na abordagem defenmenos complexos.

    O I Encontro Brasileiro de Psicologia Social, alm de ser conside-rado enriquecedor pela maioria de seus participantes, promoveu reuni-

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    es ao final da tarde dos trs dias, possibilitando o debate a respeito dacriao da Associao Brasileira de Psicologia Social.

    Portanto, a Abrapso foi concebida nesse encontro em funo danecessidade de se repensar criticamente a Psicologia Social, voltada paraos problemas centrais do homem brasileiro e, conseqentemente, tor-nou-se prioritrio um maior intercmbio de experincias, estudos e pes-quisas relacionados aos mesmos.

    Ainda nesse encontro, foi eleita uma Comisso Provisria Pr-for-mao da Abrapso que, entre outras atividades, organizou uma mesa-redonda sobre o tema Psicologia Social como ao transformadora,coordenada pela Silvia M. T. Lane, para a 32a. Reunio da SociedadeBrasileira para o Progresso da Cincia, que iria acontecer no ano se-guinte, com a temtica central sobre Cincia e Educao para umasociedade democrtica.

    A criao da ABRAPSOA criao da ABRAPSOA criao da ABRAPSOA criao da ABRAPSOA criao da ABRAPSO

    A fundao da Associao Brasileira de Psicologia Social Abrap-so se deu no dia 10 de julho de 1980 (conforme consta nos Anais do IEncontro Brasileiro de Psicologia Social, 1980, p. 90-93), na Universi-dade Estadual do Rio de Janeiro, como parte das atividades oficialmen-te registradas na 32a. Reunio da Sociedade Brasileira para o Progressoda Cincia SBPC, constando em Ata a sua fundao.

    A diretoria provisria da Associao foi composta com os seguintesmembros: Marlia de Andrade, Silvia T. M. Lane, Roberto Malufe,Bronia Liebesny e Wanderley Codo.

    A mesa-redonda sobre o tema A Psicologia Social como ao trans-formadora coordenada por Slvia T. M. Lane, da PUC/SP, contoucom a presena de J.J.C. Sampaio, do Instituto de Psiquiatria do Ceare da Universidade de Fortaleza, Genaro Ieno Neto, da UniversidadeFederal da Paraba (UFPB) e Maria Lcia Violante, da PUC/SP.

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    Silvia T. M. Lane abordou a prtica cientfica da Psicologia Social,tarefa que realizou de maneira crtica, enfatizando que as investigaesdessa rea s apontavam para o indivduo ajustado sociedade ou paraadequar melhor os indivduos ou, no mximo, para influenciar ou mu-dar atitudes e alguns valores superficiais dos indivduos, mas sempre con-cebendo a realidade como algo esttico e eterno, e o indivduo passivo.

    Diante desse quadro, a primeira presidente da Abrapso, Silvia T.M. Lane, sintetizou questes pertinentes Psicologia Social do incioda dcada de 80 e que continuam atuais no incio do novo milnio,dentre as suas interrogaes, destacam-se:

    ... em que condies o homem poderia ser sujeito da histria? Ser que aPsicologia Social no estaria se atendo a objetos aparentes, dissimuladores de umarealidade concreta? Quais os comportamentos sociais fundamentais para se com-preender o indivduo como agente histrico? Qual o elo fundamental entre oindivduo e a sociedade a que ele pertence? Por que o psiclogo social no estudavaprofundamente a questo da linguagem? Seria o homem um simples produtosocial? E a sua individualidade, a sua personalidade? Linguagem, grupos, histria:a individual e a social, so os aspectos fundamentais a serem estudados e investiga-dos, mas como? De onde partir? Que situaes so relevantes para serem estuda-das? (Lane, 1980, p. 68-70)

    A criao da Abrapso um marco decisivo na orientao da Psico-logia Social brasileira em direo problemtica da nossa realidade s-cio-econmico-poltico-cultural. Cabe destacar, tambm, a importnciafundamental de Silvia T. M. Lane, que ficou na presidncia nacionalat 1983, mas que a sua contribuio permanente.

    A primeira publicao da Abrapso ocorre em 1980, so os Anaisdo I Encontro Brasileiro de Psicologia Social, que foi o Seminrio so-bre Psicologia Social e problemas urbanos, que contem, tambm, asapresentaes realizadas na mesa-redonda: A Psicologia Social comoao transformadora, realizada na SBPC, alm da ata da reunio paraa fundao da Associao.

    Os Anais do I Encontro Regional de Psicologia na Comunidade,realizado em setembro de 1981, em So Paulo, so a segunda publica-

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    o da Abrapso, que apresenta alguns textos da mesa-redonda A Psico-logia na comunidade no Brasil, nos pases Latino-Americanos, nos EUAe na Europa, composta por Silvia T. M. Lane, Alberto Abib Anderye Peter Spink. Essa edio transcreve o debate com o pblico sobre otema abordado nesse evento, alm das comunicaes efetuadas e epis-dios ocorridos durante o encontro.

    A PA PA PA PA Psicologia Social na dcada de 80:sicologia Social na dcada de 80:sicologia Social na dcada de 80:sicologia Social na dcada de 80:sicologia Social na dcada de 80:perspectivas e confrontosperspectivas e confrontosperspectivas e confrontosperspectivas e confrontosperspectivas e confrontos

    Em 1981, Silvia T. M. Lane publica o seu livro O que PO que PO que PO que PO que Psicosicosicosicosico-----logia Sociallogia Sociallogia Sociallogia Sociallogia Social, abordando diversas questes com um enfoque diferentedo tradicional, propondo uma nova relao entre Psicologia e Psicolo-gia Social; enfocando a importncia dos outros, da identidade social, daconscincia e da linguagem. Aborda tambm questes sobre famlia,escola, trabalho, classe social, comunidade e alguns aspectos da Psicolo-gia Social no Brasil.

    No decurso de trs anos, a acumulao e sistematizao do conhe-cimento e a elaborao terico-metodolgica estavam mais aliceradas,possibilitando a exposio de uma proposta para a Psicologia Socialfundamentada em uma nova concepo do homem, orientada pelo ma-terialismo histrico e pela dialtica marxista. Em 1984 acontece a publi-cao do livro PPPPPsicologia Social: o homem em movimentosicologia Social: o homem em movimentosicologia Social: o homem em movimentosicologia Social: o homem em movimentosicologia Social: o homem em movimento, quepermanece sendo referencial utilizado at hoje.

    En nuestro continente contamos con algunas aportaciones aisladas que enfocan lapsicologa social desde una perspectiva marxista no ortodoxa y con los desarrollos ms continuados de la escuela de So Paulo. (Banchs, 1987, p. 226)

    Essa perspectiva apresenta como categorias fundamentais da Psi-cologia Social a conscincia, a atividade e a identidade, assim comouma nova abordagem da relao entre o indivduo e as instituies, nacompreenso do processo grupal, na reflexo sobre famlia, emoo eideologia, a respeito do processo de socializao na escola e sobre asrelaes de trabalho e transformao social.

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    Considerando que a questo da prxis do psiclogo fundamen-tal, enfatiza-se sua atuao em vrios contextos, quais sejam, na educa-o, na clnica, na organizao industrial e na comunidade.

    Para essa proposta as questes terico-metodolgicas so centrais,conseqentemente, as implicaes epistemolgicas e os desafios meto-dolgicos so encarados; assim como reiterada a necessidade de cate-gorias analticas para recuperar o processo de desenvolvimento dos fe-nmenos psicossociais e, simultaneamente, para superar as abordagensdescritivas de um objeto isolado.

    Nas categorias so enfocadas as problemticas relacionadas alie-nao e ideologia, sendo consideradas como mediaes fundamentaisa linguagem e o pensamento, bem como ressaltado o conceito de re-presentaes sociais.

    Dessa maneira, a relao indivduo/sociedade mediada pelo pro-cesso grupal e institucional. O enfrentamento dessas questes possibili-taram novas atuaes para o psiclogo, as quais fortaleceram essa pro-posta, j que teoria e prtica so indissociveis.

    Desse modo, uma nova Psicologia Social ganha fora e, conse-qentemente, as polmicas so acirradas, permitindo a definio de duasposies bem diferentes no que diz respeito natureza, objeto e atuaoda Psicologia Social no Brasil.

    Tal debate explicitado na RRRRRevista Pevista Pevista Pevista Pevista Psicologia: Cincia e Psicologia: Cincia e Psicologia: Cincia e Psicologia: Cincia e Psicologia: Cincia e Prororororo-----fissofissofissofissofisso, em uma matria sobre o tema A tecnologia social na psicologia:controvrsias, onde trs estudiosos apresentaram suas opinies, so eles:Aroldo Rodrigues, Silvia T. M. Lane e Wanderley Codo.

    Para Rodrigues (1985), que se identifica com a linha cognitivista,embora muitas pessoas no Brasil me chamem de behaviorista(p. 18),a Psicologia Social uma cincia bsica e neutra, a ela cabe descobrir asrelaes estveis entre variveis psicossociais a fim de possibilitar ao tec-nlogo social a soluo dos problemas sociais de forma consciente e noimprovisada.

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    Para Lane, no entanto (1985), toda a Psicologia social e o funda-mental rever a sua prtica, pois teoria e prtica tm de vir juntas. Almdisso, necessrio resgatar a subjetividade e, mais, deixar de ver o indi-vduo como produto de si mesmo, uma vez que ele um produto his-trico e, ao mesmo tempo, agente do meio.

    Mais incisiva a crtica de Codo (1985), cuja posio se assemelha de Lane, que questiona a proposta da tecnologia social como umanova abordagem em Psicologia Social, capaz de resolver problemas so-ciais com um aparato tecnolgico, pois:

    ... estamos diante de um duplo engodo: nem a realidade social cabe noreceiturio do tecnlogo e muito menos as solues encontradas so capazes deresolver qualquer coisa, (...) uma tecnologia social sem dvida voltada a encobriros problemas sociais e a servio dos meios de produo. (Codo, 1985, p. 21)

    Esse debate manifesta explicitamente o confronto, no Brasil, entreessas duas concepes de Psicologia Social e traduz o entendimentosobre a funo social da cincia e a questo da neutralidade na produode conhecimento.

    Ozella (1996) analisa os cursos de Psicologia e os programas dePsicologia Social, enfocando as obras e os autores utilizados nos mes-mos. Assim, verifica a formao de dois grupos distintos: um de autoresvinculados ao cognitivismo e outro de autores comprometidos com omaterialismo histrico.

    Observa que no primeiro grupo esto os autores filiados ao positi-vismo, entre eles: A. Rodrigues, H. Krger, S. Asch, J.L. Freedman,D. Krech e Lambert. No segundo grupo, destacam-se os autores S.T.M.Lane, A. C. Ciampa, B.P. Pariguin, M. Chau, A. Heller e A. Leon-tiev, que compartilham uma concepo de homem enquanto um sersocial e historicamente construdo.

    Entretanto, Ozella (1996) faz uma comparao entre os dados de1983 e de 1993 e a freqncia em que as obras foram citadas, constatan-do uma inverso na direo do materialismo.

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    Se se tomar como referncia apenas os autores dos dois grupos acima (e asobras citadas pelos programas) nota-se uma freqncia em 1983 de 175 citaesdentro do cognitivismo e apenas 38 dentro do materialismo histrico. Em 1993acontece uma distribuio diferente - cognitivismo 101 e materialismo histrico 150citaes. Uma diferena de mais de 300% em favor do cognitivismo se transformouem uma diferena pr materialismo de quase 50%. (Ozella, 1996, p. 135)

    No processo de consolidao de uma Psicologia Social crtica sus-tentado pela indissociabilidade entre teoria e prtica e fundamentado nomaterialismo histrico, a funo social da cincia e o compromisso pol-tico so caractersticas sine qua non, uma vez que:

    ... toda atividade poltica. Inclusive a cincia, principalmente as humanas. Nestesentido a Psicologia, estudando o comportamento humano, tem contribuiesessenciais para a compreenso e interveno poltica numa sociedade. (Lane &Sawaia, 1988, p. 5)

    As experincias em Psicologia Comunitria desempenharam umpapel importantssimo nesse processo, assim como as contribuies dospesquisadores latino-americanos, dentre eles Wiesenfeld e Snchez(1996). De acordo com Lane (1995), destacam-se: os trabalhos em Psi-cologia Social Comunitria de Elisa Jimenez, Euclides Snchez, Es-ther Wiesenfeld, Karen Cronik da Ludea, em Caracas; os trabalhosem Psicologia Poltica de Maritza Montero, da Venezuela, e IgnacioMartn-Bar, de El Salvador.

    Outros colaboradores importantes nesse processo so, segundo Lane(1995), Jos Miguel Salazar e Horacio Riquelme U., que pesquisam iden-tidade latino-americana, alm dos interlocutores: Mrio Golder, da Argen-tina, Fernando Gonzlez Rey, de Cuba, e Denise Jodelet, da Frana.

    Em So Paulo, as contribuies de Bader Burihan Sawaia (1987, eLane & Sawaia 1988) permitiram a sistematizao da pesquisa partici-pante e da interveno social orientada pelo compromisso poltico, quepossibilitou a emergncia das emoes e, fundamentalmente, a necessi-dade do estudo sobre a afetividade; bem como, de Antonio da CostaCiampa, que publica, em 1986, seu livro A estria do Severino e aA estria do Severino e aA estria do Severino e aA estria do Severino e aA estria do Severino e a

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    histria da Severina: um ensaio de Phistria da Severina: um ensaio de Phistria da Severina: um ensaio de Phistria da Severina: um ensaio de Phistria da Severina: um ensaio de Psicologia Socialsicologia Socialsicologia Socialsicologia Socialsicologia Social, marcan-do definitivamente uma proposta para o estudo da identidade, que vi-nha sendo investigada a alguns anos por um grupo de pesquisa.

    Em Belo Horizonte/MG destacam-se as contribuies de Elizabethde Melo Bomfim e Marlia Novais da Mata Machado, retratadas nolivro publicado por elas em 1987, Em torno da PEm torno da PEm torno da PEm torno da PEm torno da Psicologia Socialsicologia Socialsicologia Socialsicologia Socialsicologia Social.

    Os encontros nacionais de POs encontros nacionais de POs encontros nacionais de POs encontros nacionais de POs encontros nacionais de Psicologia Social e asicologia Social e asicologia Social e asicologia Social e asicologia Social e arrrrrevista da ABRevista da ABRevista da ABRevista da ABRevista da ABRAPSOAPSOAPSOAPSOAPSO, , , , , Psicologia & sociedade,,,,,de 1985-1989.de 1985-1989.de 1985-1989.de 1985-1989.de 1985-1989.

    O I Encontro Nacional de Psicologia Social da Abrapso ocorreuna Universidade Estadual de Maring, no Paran, em 1985, e ficouconhecido como o Encontro de Maring, contando com a presena derepresentantes das cidades de Curitiba, Londrina, Florianpolis e SoPaulo. Na apresentao do encontro, Angela Caniato, Presidente Naci-onal da Abrapso de 1983 a 1986, destacou a importncia da discussosobre a Psicologia Social, ensinada, aprendida e praticada.

    Em janeiro de 1986, o boletim da Abrapso se transformou emrevista e desde ento a Associao conta com duas publicaes, o bole-tim, com carter mais informativo, e a revista semestral, dedicada a arti-gos originais e publicaes das conferncias realizadas em encontros daAssociao e nas reunies da SBPC. Desde 1980, a Abrapso participanas reunies anuais da SBPC com vrias atividades: cursos, mesas-re-dondas e simpsios.

    Os encontros nacionais da Abrapso ocorreram da seguinte manei-ra: em 1985 na UEM - Maring/PR; em1986 na UFMG BeloHorizonte/MG; em 1987 na USP/SP; em 1988 na UFES Vitria/ES; em 1989 na UFPB Joo Pessoa.

    As temticas enfocadas na data comemorativa aos 10 anos do movi-mento de criao da Abrapso dizem respeito s questes histricas, te-

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    ricas e metodolgicas da Psicologia Social, bem como s suas experin-cias e prticas, alm de trabalhos, comunicaes e resenhas do IV En-contro Mineiro de Psicologia Social e outros.

    Nesse momento, manifesta-se o esboo de algumas tendncias daPsicologia Social da Abrapso no Brasil.

    Lane (1988/89) retrata o processo histrico de desenvolvimento daPsicologia Social na PUC/SP, orientado pelo materialismo histrico emtodo dialtico atravs das contribuies de vrios autores, em especialda Psicologia russa, por meio de Leontiev e Vygotsky.

    Mata Machado (1988/89) faz o mesmo com relao a Belo Hori-zonte, enfatizando a teoria de interveno psicossociolgica em favelas,seguindo as proposies de Dubost e Castells, entre outros. Campos(1988/89) resgata a histria da Psicologia da Educao, ressaltando ascontribuies de Helena Antipoff no ensino mineiro, e, ainda, Deslan-des (1988/89) comenta sobre a Psicologia Social em Minas Gerais, pormeio de questes da histria e da atualidade, visualizando dois grupos:um grupo representado por Clio Garcia, que objetiva a profissionali-zao de psicossocilogos e o outro grupo identificado com o trabalhode Elizabeth de Melo Bomfim, presidente nacional da Abrapso de1987 a 1989, que busca a teorizao de sua prxis.

    Khoury Carvalho (1988/89), da Universidade Federal do Par,realiza uma reflexo sobre marxismo e Psicologia alicerada em Marx,especialmente nas contribuies da dialtica materialista e do materialis-mo histrico, das teorias econmicas e da luta de classes, buscando emuma psicloga cubana, ngela Casaas, os princpios psicolgicos con-siderados fundamentais para compreender tanto o indivduo quanto ogrupo, quais sejam, o princpio do determinismo, da unidade da cons-cincia e da atividade e do desenvolvimento do psiquismo.

    Nader (1988/89), da Universidade Federal da Paraba, efetua umareflexo epistemolgica da Psicologia Social realizada em Joo Pessoa/PB junto aos movimentos sociais e populares, orientada por trs indica-dores, a saber, a opo de classe, a relao teoria-prtica e a prtica pro-fissional enquanto prtica de produo de conhecimento.

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    Dentro disso, percebe-se uma certa predominncia, na PUC/SP, enas Universidades Federais do Par e da Paraba, da perspectiva mar-xista por meio do materialismo histrico e da lgica dialtica na com-preenso e anlise dos fenmenos psicossociais. Porm, somente naPUC/SP essa perspectiva cria razes e permanece contribuindo, sendoconstantemente atualizada.

    Entretanto, a perspectiva marxista no unnime nem exclusiva scontribuies de Marx e de Engels, pois tanto a Psicologia Social, nes-se enfoque, quanto a Abrapso, caracterizam-se por abrigar a diversida-de e a multiplicidade de abordagens terico-metodolgicas, visando oconhecimento do homem histrico e social em uma postura crtica.

    Bomfim (1989/90) apresenta uma avaliao da revista Psicologia& Sociedade, dos nmeros 3 a 7, perodo em que estava envolvida nasua edio. De acordo com sua anlise, os temas que tm merecido omaior nmero de publicaes so: Psicologia e comunidade (PsicologiaComunitria); movimentos sociais; aspectos histricos e tericos; e, sa-de mental/sade pblica. Esses principais temas so seguidos por: iden-tidade, educao, grupos, anlise institucional, representao social, co-municao, metodologia e trabalho. Alm de outros, como Psicologia eArte, utopia e esquizoanlise, etc.

    As principais temticas tratadas apontam para a existncia de uma perspec-tiva histrico - dialtica (para alguns autores, uma perspectiva materialista - hist-rica), de uma preocupao com os problemas sociais (comunidade, movimentos esade) e um carter de interveno prtica. (Bomfim, 1989/90, p. 221)

    Cabe ressaltar que as publicaes so frutos, em grande parte, dosencontros nacionais e regionais, preponderantemente dos encontrosmineiros, fato que, porm, no traduz toda a produo terico-metodo-lgica em termos de Psicologia Social dos associados da Abrapso, mas significativo no sentido de retratar algumas tendncias.

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    A diversidade de a pluralidade de conhecimentosA diversidade de a pluralidade de conhecimentosA diversidade de a pluralidade de conhecimentosA diversidade de a pluralidade de conhecimentosA diversidade de a pluralidade de conhecimentosem Pem Pem Pem Pem Psicologia Social abrapsiana na dcada de 90sicologia Social abrapsiana na dcada de 90sicologia Social abrapsiana na dcada de 90sicologia Social abrapsiana na dcada de 90sicologia Social abrapsiana na dcada de 90

    A dcada de 90 se caracteriza fundamentalmente pela diversidadede temas e pela pluralidade e diferenciao de enfoques terico-meto-dolgicos. Dentro disso, ocorre a proliferao dos encontros nacionais eregionais, a intensificao das publicaes, as quais oportunizam o sur-gimento de novas veredas e novos horizontes, e, simultaneamente, cons-tituem novos modos e espaos de atuao e pesquisa em Psicologia So-cial norteados por pressupostos epistemolgicos, ontolgicos e metodo-lgicos semelhantes, orientados pela preocupao tica, ou seja, com-prometidos social e politicamente com as transformaes da sociedade ecom uma vida mais digna para a maioria da populao brasileira.

    A revista PPPPPsicologia & Sociedadesicologia & Sociedadesicologia & Sociedadesicologia & Sociedadesicologia & Sociedade, criada em 1986, publicou 10exemplares at 1992, quando teve sua publicao interrompida, sendoretomada somente em 1996, com periodicidade semestral, sob a respon-sabilidade de uma secretaria editorial subordinada diretoria nacionalda Abrapso. De 1996 a 1999 a revista teve 7 edies. Em cada edio,consistia da pauta a entrevista com uma personalidade nacional ou in-ternacional importante na rea, a saber, Silvia T. M. Lane, Karl E.Scheibe, Frederic Munn, Maritza Montero, Regina Helena de Frei-tas Campos, Kenneth Gergen e Leny Sato.

    No perodo em que no houve a publicao da revista PPPPPsicologiasicologiasicologiasicologiasicologia& Sociedade& Sociedade& Sociedade& Sociedade& Sociedade, os encontros nacionais e regionais continuaram e seustrabalhos apresentados foram publicados em anais ou caderno deresumos.

    Os encontros nacionais na dcada de 90 aconteceram distribudosda seguinte maneira: em 1991, VI Encontro na UERJ, no Rio de Ja-neiro, com o tema Psicologia e sociedade: controvrsias tericas e meto-dolgicas; em 1993, VII Encontro, na Univali, em Itaja/SC, com atemtica Psicologia Social e cidadania; em 1995, VIII Encontro, naUFC, em Fortaleza/CE, com o tema Abrapso 15 anos: perspectivas;em 1997, IX Encontro, na UFMG, em Belo Horizonte/MG, intitu-

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    lado Psicologia Social: horizontes contemporneos; em 1999, na USP,em So Paulo, que elegeu o tema A Psicologia Social e o contexto La-tino-americano.

    Na dcada de 90, a Abrapso teve sua sede da Diretoria Nacional eseus respectivos presidentes nos seguinte Estados: no Esprito Santo, de1989 a 1991, Maria de Ftima Quintal de Freitas; no Rio de Janeiro, de1991 a 1993, Marise Bezerra Jurberg; em Santa Catarina/Itaja, de 1993a 1995, Andra V. Zanella; no Cear/Fortaleza, de 1995 a 1997, Zulmi-ra urea Cruz Bomfim; no Rio de Janeiro, de 1997 a 1999, Elizabethde Melo Bomfim; Salvador Sandoval e Tnia Maciel; e em So Paulo,de 1999 a 2001, Ceclia Pescatore Alves.

    Durante o IX Encontro Nacional de Psicologia Social aconteceu oColquio Internacional: Paradigmas da Psicologia Social para a Am-rica Latina, assim como o X Encontro Mineiro de Psicologia Social.

    Esse encontro se caracterizou pela diversidade de temas e grandenmero de trabalhos apresentados em diversas modalidades, entre elas,8 conferncias, 17 mesas-redondas, 9 miniconferncias, 21 grupos di-ferentes para apresentaes de inmeras comunicaes orais, 2 gruposde trabalho: um sobre teoria, pesquisa e aplicao das representaessociais no Brasil e o outro sobre o masculino em debate: reflexes con-ceituais, temticas e metodolgicas, e vrias sesses de psteres.

    O Colquio Internacional contou com a participao de vrios pes-quisadores, distribudos em trs momentos. Regina Helena Campos(UFMG) apresentou o colquio que teve como expositores, no pri-meiro momento, Silvia T. M. Lane (PUC/SP), Maria Incia dvila(UFRJ) e Maritza Montero (Universidade da Venezuela) e como de-batedores, Celso S (UERJ), Mitsuko Antunes (PUC/SP) e AntonioCiampa (PUC/SP).

    No segundo momento, os expositores foram Robert Farr (LondonSchool of Economics and Political Science), Marina Massimi (USP/Ribeiro Preto) e Tnia Maciel (EICOS-UFRJ), e os debatedores fo-ram Bader Burihan Sawaia (PUC/SP), Miguel Mahfoud (UFMG) eMrio Golder (Universidade de Buenos Aires).

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    No terceiro momento, Salvador Sandoval (PUC/SP), ElizabethMelo Bomfim (UFMG) e Pedrinho Guareschi (PUC/RS) foram osexpositores, e as debatedoras: Denise Jodelet (cole des Hautes tudesen Sciences Sociales, de Paris/Frana), Maria de Ftima Freitas (UFES)e Marise Jurberg (UGF/RJ).

    Desse modo, participaram do colquio importantes personalidadesinternacionais, tais como: Robert Farr e Denise Jodelet, dois represen-tantes da Psicologia Social na Europa contempornea; Maritza Monte-ro, especialista em Psicologia Social, da Venezuela; Mrio Golder, re-presentando a perspectiva scio-histrica, da Argentina; alm de im-portantes representantes da Psicologia Social vinculados aos principaisprogramas de Ps-graduao no Brasil.

    Em 1999, acontece o X Encontro Nacional de Psicologia Social daAbrapso. Esse encontro supera todas as expectativas, tanto em relaoao nmero de trabalhos cientficos encaminhados e apresentados, cercade 850, quanto em relao ao nmero de participantes, aproximada-mente 1300. Na cerimnia de abertura, Salvador Sandoval comenta queesse o maior encontro cientfico dos ltimos trs anos.

    Durante esse encontro ocorrem os seguintes eventos: EncontroExtraordinrio da Regional So Paulo da Abrapso I Entrega doPrmio Ignacio Martn-Bar para monografias de iniciao cientficaem Psicologia Social; II Encontro de Professores de Psicologia Social- O ensino da Psicologia Social, estado da arte; e o I Encontro Brasi-leiro de Psicologia Ambiental.

    Os temas eleitos para o X Encontro so: Histria da PsicologiaSocial; Psicologia Ambiental; Epistemologia, Filosofia, tica e Psico-logia Social; Psicologia Social - prticas e polticas pblicas; inter-rela-es entre Psicologia Social e Poltica; e fronteiras da Psicologia Social.

    Pode-se dizer que nesse encontro, coroado de xitos, a PsicologiaSocial da Abrapso atinge o reconhecimento cientfico nacional e inter-nacionalmente, com uma identidade de diversos, expresso apropriadaque Bader Burihan Sawaia, presidente da Comisso Cientfica, utili-

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    zou para se referir aos psiclogos sociais abrapsianos durante a mesa deabertura do encontro.

    Paralelamente aos encontros nacionais ocorreram os encontros re-gionais. Nos regionais, destacam-se: os encontros mineiros de Psicolo-gia Social em 1998 ocorreu o XI Encontro Mineiro; os encontros daregional So Paulo em 1999 aconteceu o VIII da regional So Paulo;e os encontros da regional Sul em 1999 a regional Sul promoveu o seuVII Encontro. Portanto, Minas Gerais, So Paulo e o Sul realizamfreqentemente encontros regionais. A regional Esprito Santo promo-veu o seu II Encontro em 1999, e o II Encontro Cearense de PsicologiaSocial ocorreu em 1997.

    Dos encontros regionais emergiram algumas publicaes, tais comoos livros: Compromisso social da PCompromisso social da PCompromisso social da PCompromisso social da PCompromisso social da Psicologiasicologiasicologiasicologiasicologia, em 2001, organiza-do por Angela Caniato e Eduardo A. Tomanik; editado pela Abrapso-sul; PPPPPsicologia Social: horizontes contemporneossicologia Social: horizontes contemporneossicologia Social: horizontes contemporneossicologia Social: horizontes contemporneossicologia Social: horizontes contemporneos, em 1999,organizado por Elizabeth de Melo Bomfim, editado pela Abrapso;Cidadania e participao socialCidadania e participao socialCidadania e participao socialCidadania e participao socialCidadania e participao social, em 1999, organizado por AndraF. Silveira, Catarina Gewechs, Luiz F. R. Bonin e Yara L. M. Bulga-cov; Horizontes psicossociaisHorizontes psicossociaisHorizontes psicossociaisHorizontes psicossociaisHorizontes psicossociais, em 1997, organizado por Elizabethde Melo Bomfim, editado pela Abrapso Regional Minas; PPPPPsicolosicolosicolosicolosicolo-----gia e prticas sociaisgia e prticas sociaisgia e prticas sociaisgia e prticas sociaisgia e prticas sociais, em 1997, organizadoras: Andra V. Zanella,Maria Juracy T. Siqueira, Louise A. Lhullier e Susana I. Molon, edi-tado pela Abrapsosul; Relaes sociais e ticaRelaes sociais e ticaRelaes sociais e ticaRelaes sociais e ticaRelaes sociais e tica, em 1995, organiza-dores: Maria da Graa Jacques, Maria Lcia Nunes, Nara Bernardes ePedrinho A. Guareschi, editado pela Abrapsosul; A cidadania emA cidadania emA cidadania emA cidadania emA cidadania emconstrconstrconstrconstrconstruo: uma refleuo: uma refleuo: uma refleuo: uma refleuo: uma reflexo transdisciplinarxo transdisciplinarxo transdisciplinarxo transdisciplinarxo transdisciplinar, em 1994, organizadopor Mary Jane Paris Spink, editado pela Cortez.

    Alm desses livros, dos anais e dos cadernos de resumos dos encon-tros nacionais e regionais, outras publicaes de pesquisadores direta-mente ligados Abrapso proliferaram, entre elas, os livros:

    Em 2000: PPPPPrticas discursivas e produo de sentidos no coti-rticas discursivas e produo de sentidos no coti-rticas discursivas e produo de sentidos no coti-rticas discursivas e produo de sentidos no coti-rticas discursivas e produo de sentidos no coti-diano: aproximaes tericas e metodolgicasdiano: aproximaes tericas e metodolgicasdiano: aproximaes tericas e metodolgicasdiano: aproximaes tericas e metodolgicasdiano: aproximaes tericas e metodolgicas, organizado porMary Jane Paris Spink.

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    Em 1999: Os jardins da POs jardins da POs jardins da POs jardins da POs jardins da Psicologia Comunitriasicologia Comunitriasicologia Comunitriasicologia Comunitriasicologia Comunitria, organizado porIsrael Brando e Zulmira Bomfim; e Estudos em histria da PEstudos em histria da PEstudos em histria da PEstudos em histria da PEstudos em histria da Psicosicosicosicosico-----logialogialogialogialogia, organizado por Maria do Carmo Guedes e Regina Helena deFreitas Campos.

    Em 1997, Estudos sobre comportamento poltico: teoria e pes-Estudos sobre comportamento poltico: teoria e pes-Estudos sobre comportamento poltico: teoria e pes-Estudos sobre comportamento poltico: teoria e pes-Estudos sobre comportamento poltico: teoria e pes-quisaquisaquisaquisaquisa, organizado por Lencio Camino, Louise Lhullier e SalvadorSandoval.

    Em 1995, Novas veredas da PNovas veredas da PNovas veredas da PNovas veredas da PNovas veredas da Psicologia Socialsicologia Socialsicologia Socialsicologia Socialsicologia Social, organizado porSilvia T. M. Lane e Bader Burihan Sawaia.

    Em 1993, O conhecimento no cotidiano: as representaesO conhecimento no cotidiano: as representaesO conhecimento no cotidiano: as representaesO conhecimento no cotidiano: as representaesO conhecimento no cotidiano: as representaessociais na perspectiva da Psociais na perspectiva da Psociais na perspectiva da Psociais na perspectiva da Psociais na perspectiva da Psicologia Socialsicologia Socialsicologia Socialsicologia Socialsicologia Social, organizado por MaryJane Paris Spink.

    Recentemente, foi lanada a coleo Psicologia Social, cujos coor-denadores so Pedrinho A. Guareschi e Sandra Jovchelovitch. As obrasdessa coleo so: PPPPPsicologia Social contemporneasicologia Social contemporneasicologia Social contemporneasicologia Social contemporneasicologia Social contempornea (livro-texto),de vrios autores; As razes da PAs razes da PAs razes da PAs razes da PAs razes da Psicologia Social modernasicologia Social modernasicologia Social modernasicologia Social modernasicologia Social moderna, deRobert M. Farr; RRRRRepresentando a alteridadeepresentando a alteridadeepresentando a alteridadeepresentando a alteridadeepresentando a alteridade, organizado por An-gela Arruda; Novos paradigmas em PNovos paradigmas em PNovos paradigmas em PNovos paradigmas em PNovos paradigmas em Psicologia Socialsicologia Socialsicologia Socialsicologia Socialsicologia Social, de vriosautores; Gnero, subjetividade e trabalhoGnero, subjetividade e trabalhoGnero, subjetividade e trabalhoGnero, subjetividade e trabalhoGnero, subjetividade e trabalho, de Tnia Galli Fonse-ca; PPPPPsicologia Social Comunitria: da solidariedade autonosicologia Social Comunitria: da solidariedade autonosicologia Social Comunitria: da solidariedade autonosicologia Social Comunitria: da solidariedade autonosicologia Social Comunitria: da solidariedade autono-----miamiamiamiamia, organizado por Regina Helena de Freitas Campos; TTTTTeeeeextos emxtos emxtos emxtos emxtos emrepresentaes sociaisrepresentaes sociaisrepresentaes sociaisrepresentaes sociaisrepresentaes sociais, de Pedrinho A. Guareschi e Sandra Jovche-lovitch; Representao social do espao pblico no BrasilRepresentao social do espao pblico no BrasilRepresentao social do espao pblico no BrasilRepresentao social do espao pblico no BrasilRepresentao social do espao pblico no Brasil, deSandra Jovchelovitch; As artimanhas da excluso: anlise psi-As artimanhas da excluso: anlise psi-As artimanhas da excluso: anlise psi-As artimanhas da excluso: anlise psi-As artimanhas da excluso: anlise psi-cossocial e tica da desigualdade socialcossocial e tica da desigualdade socialcossocial e tica da desigualdade socialcossocial e tica da desigualdade socialcossocial e tica da desigualdade social, organizado por BaderBurihan Sawaia; e Arqueologia das emoesArqueologia das emoesArqueologia das emoesArqueologia das emoesArqueologia das emoes, organizado por SilviaT. M. Lane e Yara Arajo.

    A Psicologia Social Abrapsiana apresenta um acmulo significati-vo em relao sua produo cientfica, isto , est constituda enquantoum campo de construo/apropriao de conhecimentos caracterizadopela diversidade e pluralidade de enfoques terico-metodolgicos, pelamultiplicidade de modos de atuao e de interveno, pela interdisci-plinaridade e pela reflexo crtica sobre os dilemas do cotidiano e dasquestes epistemolgicas.

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