A Produo de Artigos Cientficos Brasileiros Sobre Memria e Esquecimento Sob a tica da Memria Coletiva e do

Uso Social da Informao

Lourival Holanda Doutor em Letras pela Universidade de So Paulo. Leciona na Universidade Federal de Pernambuco

e-mail: lourivalholanda@yahoo.com.br

Adriana Buarque de Holanda Mestranda do Programa de Ps Graduao em Cincia da Informao da

Universidade Federal de Pernambuco. e-mail:adrianaholanda2003@yahoo.com.br

Resumo: Pretende investigar as abordagens conceituais dos temas memria e esquecimento no

mbito da Cincia da Informao, atravs de um estudo exploratrio que envolve pesquisa

documental, reviso bibliogrfica e anlise de contedo de artigos de peridicos em destaque na

produo cientfica nacional em Cincia da Informao (presentes nos sites: Associao

Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Cincia da Informao - ANCIB e Portal de

Peridicos da Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal do Ensino Superior - Capes),

constituindo um corpus de anlise de 72 artigos. Parte da hiptese acerca da necessidade de um

entendimento mais apurado sobre o aparato terico que atualmente contempla os estudos sobre

memria e esquecimento, que emergem significativamente no mbito das cincias sociais e

humanas. Tentaremos compreender o conceito de informao em confluncia com o fenmeno

da interdisciplinaridade, considerando sua relao com conceitos suplementares. Os trabalhos de

Belkin e Robertson aprofundam a relao entre informao e comunicao, ampliando o arsenal

de aes da Cincia da Informao, com a preocupao sobre o uso social da informao, uma

vez que a informao est no mundo e o conhecimento reside na mente humana, sendo formada

pelo sentido, pelas experincias e valores do indivduo. Capurro, Horjland e Buckland tendem a

concordar que a informao mais material, enquanto que o conhecimento mais imaterial. A

informao, conforme as premissas que nos interessam para desenvolver os referenciais tericos

desta pesquisa a da materializao de uma parcela do conhecimento, sendo pessoal e

intransfervel na ordem sgnica de uma coletividade.

Introduo

Na tica da Cincia da Informao a noo de representao assemelha-se noo de

classificao por serem formas de organizao da informao e do conhecimento, podendo

ainda ser entendida como o resumo de uma srie de caractersticas do objeto. Desta forma, as

formas de representao da sociedade podem ser assumidas pelas concepes, imagens e vises

de mundo que os indivduos produzem, reproduzem e absorvem em coletividade no mbito das

prticas sociais. As representaes mentais, que envolvem as tarefas do pensamento e da

memria influenciam as representaes pblicas. Nos procedimentos de controle das prticas

discursivas, Foucault (2000) trata das condies e mecanismos do seu funcionamento, em que a

troca, a comunicao e o agrupamento definem o conjunto de signos que acompanham o

discurso em que a coero pode impor limites aos efeitos das palavras assumindo o papel de

controle social.

A teoria da representao aproxima-se do conceito de informao, ampliando os

pressupostos de Buckland (1991) e suplementando os apontamentos de Hjrland e Capurro

(1997), devido sua relao com o receptor da informao. A comunicao social contribui

para a concepo da informao em um contexto em que a linguagem o vetor de apropriao

ou desapropriao da memria coletiva, o que referencia diretamente as questes que podem

envolver os estudos em micro-histria, sobre os povos subalternos e excludos e,

consequentemente, o assunto do esquecimento.

Assim, interessante enfatizar que esquecimento no um conceito oponente ao

conceito de memria, estando engastado nas polticas de conteno, preservao e restaurao

da memria, tanto individual quanto coletiva, tanto biolgica quanto artificial. Entender a

informao como um fenmeno no contexto da produo da comunicao fundamental para o

alinhamento interdisciplinar da Cincia da Informao com temas que insurgem na arena de

debates de outras cincias atentas aos estudos sociais. Pois, a prtica social o que vem a

determinar a conjuntura da memria coletiva a ser administrada ao longo da construo das

memrias e esquecimentos institucionalizados.

A percepo acerca da necessidade de um entendimento mais apurado sobre o aparato

terico que atualmente contempla os estudos sobre memria e esquecimento em Cincia da

Informao, considerou as reas do conhecimento com as quais a Cincia da Informao

dialoga, como, por exemplo, a conceituao de informao face s novas tecnologias de

comunicao e informao; as discusses sobre patrimnio histrico e cultural junto s polticas

pblicas e os estudos sobre gesto de suportes informacionais no campo da Arquivstica e da

Museologia.

1 Procedimentos metodolgicos

Foi possvel investigar a relao entre os temas memria e esquecimento na Cincia da

Informao, considerando os aportes epistemolgicos de reas com as quais a Cincia da

Informao dialogo especialmente as cincias sociais e humanas. Revisou-se conceitualmente

os temas informao, memria e esquecimento, atravs da anlise da produo cientfica

nacional e na lngua portuguesa presente nos artigos das colees de peridicos em Cincia da

Informao referenciados pela ANCIB1 e pelo Portal de Peridicos da Capes2

1.

, com um corte

cronolgico do perodo de 1972 a 2010.

BIBLOS : Revista do Departamento de Biblioteconomia e Histria (1985-2010)

2. Ciberlegenda (1998-2008)

3. Cincia da Informao (1972-2010)

4. DataGramaZero - Revista de Cincia da Informao (1999- 2010).

5. Em Questo: Revista da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicao (2003-2010)

6. Encontros Bibli: revista eletrnica de Biblioteconomia e Cincia da Informao (1996-2010)

7. Informao e Informao (1996-2010)

8. Informao e Sociedade: Estudos (1991-2010)

9. Liinc em revista (2005- 2010)

10. Morpheus : Revista Eletrnica em Cincias Humanas (2002 - 2010)

11. Perspectivas em Cincia da Informao (1996- 2010)

12. Ponto de Acesso (2007-2010)

13. Revista ACB : Biblioteconomia em Santa Catarina (1996 - 2010)

14. Revista Digital de Biblioteconomia e Cincia da Informao (2003- 2010)

15. Tendncias da Pesquisa Brasileira em Cincia da Informao (2008-2010)

16. Transinformao (2002-2010)

1 Disponvel em: . Acesso em: 02 ago. 2011. 2 Disponvel em: http://www.periodicos.capes.gov.br/. Acesso em: 02 ago. 2011.

Quadro 1 Universo da pesquisa: colees de peridicos disponveis no Portal da ANCIB e no

Portal de Peridicos da Capes

Foi adotada a busca das palavras-chave memria e esquecimento presentes em todos

os campos de pesquisa automatizada nos sites dos peridicos selecionados. Tais procedimentos

revelaram os modos e limites da interferncia terico-conceitual das demais cincias junto

Cincia da Informao no Brasil. A premissa da interdisciplinaridade se faz obrigatria, como

um elemento provocador de um dilogo salutar entre tais cincias. Japiassu citado por Loureiro,

Loureiro e Silva (2009, p. 2) postulam que [...] nos reconhecemos diante de um

empreendimento interdisciplinar todas as vezes que ele conseguir incorporar os resultados de

vrias especialidades.

O conceito de memria defendido nesta pesquisa se refere memria coletiva,

compreendida atravs do conceito de coeso social com os empregos positivos da memria

individual. Assim, houve a necessidade de um sistema de refinamento e categorizao dos

artigos para composio do corpus, que consistiu na anlise de contedo dos campos de ttulo,

resumo, palavras-chave e tpicos dos artigos cientficos segundo as famlias lxicas pr-

estabelecidas: Memria social; Memria coletiva; Memria individual; Identidade; Memria

cultural; Memria institucional; Memria organizacional; Lugares de memria e Esquecimento,

conforme Oliveira (2010) desenvolve em sua pesquisa de doutorado, alertando que o tema da

memria pode ocorrer por meio de associaes, adjetivaes e extenses.

2 A produo de artigos cientficos brasileiros sobre memria e esquecimento sob a tica da memria coletiva e do uso social da informao

Oliveira (2010) defende trs categorias de anlise de abordagens do conceito de

memria: a primeira refere-se memria humana e seus processos cognitivos, a segunda trata

da memria artificial ou todas as tecnologias criadas no intuito de estender a capacidade da

memria humana, desde a mnemotcnica at os suportes virtuais de informao e a terceira, que

a que nos interessa explorar [...] o foco recai sobre os registros da informao como memria

socialmente construda, representada e compartilhada por um grupo, estejam eles

institucionalizados (...) ou no. (OLIVEIRA, 2010, p. 27).

1. Os resultados do levantamento bibliogrfico exaustivo s colees de peridicos, seguido da categorizao e refinamento da pesquisa, aliados anlise de contedo dos artigos resultou em um corpus de 49 artigos cientficos, como pode ser verificado no Quadro 2:ALVES, Francisco Das Neves. O enaltecimento da Farroupilha versus o esquecimento da Federalista: um estudo de caso historiogrfico.

2. AQUINO, Maria Clara. A folksonomia como hipertexto potencializador de memria coletiva: um estudo dos links e das tags no de.licio.us e no Flickr.

3. ARARIPE, Ftima Maria Alencar. Do patrimnio cultural e seus significados.

4. AZEVEDO NETTO, Carlos Xavier de. Preservao do patrimnio arqueolgico reflexes atravs do registro e disseminao da informao.

5. AZEVEDO NETTO, Carlos Xavier de; FREIRE, Bernardina Maria Juvenal; PEREIRA, Perptua. A representao de imagens no acervo da Biblioteca Digital Paulo Freire proposta e percursos.

6. BARRETO, Aldo de Albuquerque. Os Agregados de informao - Memrias, esquecimento e estoques de informao.

7. BARRETO, ngela Maria. Informao e conhecimento na era digital.

8. BARRETO, ngela Maria. Memria e sociedade contempornea: apontando tendncias.

9. BRITO, Luciana Souza de. Histrias e memrias institucionais captadas a partir do estudo de acervos fotogrficos.

10. CARVALHO, Marcelo Dias de; ALMEIDA, Maria Christina Barbosa de. Patrimnio do efmero: algumas reflexes para a construo de um patrimnio das artes cnicas no Brasil.

11. CASTRO, Ana Lcia Siaines de. Informao, tica e Museu: uma aproximao conceitual.

12. CAVALCANTE, Ldia Eugenia. Patrimnio digital e informao: poltica, cultura e diversidade.

13. COSTA, Iclia Thiesen Magalhes. Informao, Memria e Espao Prisional no Rio de Janeiro.

14. DODEBEI, Vera; GOUVEIA, Ins. Memria do futuro no ciberespao : entre lembrar e esquecer.

15. FARIAS, Francisco Ramos de. Pensando a memria social a partir da noo de a posteriori de Sigmund Freud.

16. FARIAS, Maria Giovanna Guedes; FREIRE, Isa Maria. Registro de conhecimentos da Comunidade Santa Clara no ciberespao.

17. FERRAZ, Maria Cristina Franco. Lembrar e esquecer em Bergson e Nietzsche.

18. FRAYSSE, Patrick; ROUX, Sabrine; COUBIERES, Caroline. A rota como memria.

19. FREIRE, Isa Maria. Acesso informao e identidade cultural: entre o global e o local.

20. GALVO, Edna Maria. Memria Social e Transdisciplinaridade.

21. GANTOS, Marcelo Carlos. A Imagem de Sntese como Novo Projeto Moral.

22. GIOVANAZ, Marlise. Pedras e emoes: os percursos do patrimnio.

23. GONDAR, J. Memria individual, memria coletiva, memria social.

24. LUCAS, Clarinda Rodrigues. Discurso cientfico e discurso jornalstico: uma anlise discursiva de seu funcionamento.

25. MADUREIRA, Elania Oliveira; VILARINHO, Lcia Regina Goulart. A formao do bibliotecrio para atuar em bibliotecas virtuais: uma questo a aprofundar.

26. MARQUES, Adriana; PIRES, Raquel Sell. Arquivo histrico do Figueirense Futebol Clube.

27. MELO, Danilo Augusto Santos. Esquecimento e memria social para alm do niilismo: o problema da memria do futuro em Nietzsche.

28. MONTEIRO, Silvana Drumond; CARELLI, Ana Esmeralda; PICKLER, Maria Elisa Valentin. A Cincia da Informao, Memria e Esquecimento.

29. MONTEIRO, Silvana Drumond; CARELLI, Ana Esmeralda; PICKLER, Maria Elisa Valentim. Representao e memria no ciberespao.

30. MORIGI, Valdir Jos; BINOTTO, Sibila Francine Tengaten; SEMENSATTO, Simone. Trama de informaes e as formas de comunicao nas festas comunitrias: um estudo em Estrela Rio Grande do Sul.

31. OLIVEIRA, Eliane Braga; RODRIGUES, Georgete Medleg. As concepes de memria na cincia da informao no Brasil: estudo preliminar sobre a ocorrncia do tema na produo cientfica.

32. OLIVEIRA, Evandro Assis de. Espao e afetividade: reconstruindo memrias de imigrantes pomeranos atravs dos seus locais de sociabilidade.

33. OLIVEIRA, Jos Cludio Alves de. O museu na era do ciberespao.

34. OLIVEIRA, Maria Fernanda Pinheiro de. Institucionalizao da memria: igreja da venervel ordem terceira de So Francisco da penitncia, questo patrimonial.

35. ORRICO, Evelyn; RIBEIRO, Leila Beatriz; DODEBEI, Vera. Doze homens e uma sentena: a informao e o discurso no jogo da memria.

36. PAIVA, Andra Lcia da Silva de. Tecendo memrias coletivas: a festa do rosrio em Buraco Escuro (MG).

37. PIMENTEL, Maria das Dores Mendes. Pedra de Guaratiba: fragmentos de memria dos pescadores.

38. REMOR, Lourdes de Costa et al. A construo da memria organizacional utilizando o gerenciamento de processo nas pactuaes da comisso intergestores bipartite do sistema nico de sade.

39. RIOS, Accia. Dos guerreiros de Belo Monte aos trabalhadores rurais de Monte Santo memrias de luta.

40. RODRIGUES, Anderson. Uma estrutura de classificao com enfoque na cultura amaznica.

41. RONCAGLIO, Cynthia; SZVARA, Dcio Roberto; BOJANOSKI, Silvana de Ftima. Arquivos, gesto de documentos e informao.

42. SALADINO, Alejandra. Marimbs Air Force: narrativas sobre a memria da aviao civil no Brasil.

43. SANTANA, Leila Navarro de. Memria: construo sangrenta.

44. SILVA, Sergio Luis da. Gesto do conhecimento: uma reviso crtica orientada pela abordagem da criao do conhecimento.

45. SILVA, Toms Mendes da. Patrimnio cultural em Rio Grande: a Vila Santa Tereza.

46. SILVEIRA, Fabrcio Jos Nascimento da. Biblioteca, memria e identidade social.

47. SOUZA, Rogrio Ferreira de. Favela e os espaos monumentalizados: um lugar de memria coletiva e smbolo de resistncia.

48. TAVARES, Maria Eugnia. Leitura e jogos nos processos educativos e sua influncia na construo da memria social: a experincia da biblioteca e da brinquedoteca do Morro dos Prazeres.

49. THIESEN, Iclia. A informao nos oitocentos, Rio de Janeiro, Imprio do Brasil: notas memria institucional.

Quadro 2 Universo da pesquisa: corpus de anlise

Halbwachs (2004) considera a importncia da memria individual, no entanto esta no

se sustenta por si s, se no for entendida como um fenmeno coletivo, na medida em que os

indivduos interagem com os grupos sociais aos quais pertencem ou com os quais se identificam

por meio da adeso afetiva. Autores referidos Escola dos Annales so constantemente citados

nos artigos que compuseram o corpus desta pesquisa, por seus olhares ao que Oliveira (2007)

aponta como Uso Social da Informao, como Pollack e Nora que vem a memria sempre de

forma agregada aos aspectos sociolgicos em interdisciplinaridade com os estudos

historiogrficos que envolvem a aquisio ou falta de acesso ao conhecimento, de onde advm

os estudos sobre o esquecimento. J Le Goff, pesquisador atuante da Nova Histria, foi

mencionado em quase todos os artigos localizados.

No caso dos autores originalmente dos campos os da Sociologia e da Filosofia,

identificamos com freqncia, remisses aos conceitos identificados nos trabalhos de Bourdieu,

Foucault, Gramsci, Souza santos, Ricoeur e Todorov, compreendidos na Cincia da Informao

como tericos fundantes dos estudos sociolgicos dentro de nossa rea. Castells e Lvy,

notrios entusiastas dos estudos sobre a Sociedade da Informao face s novas tecnologias de

informao e comunicao tambm tm uma percepo da memria coletiva atravs da unio s

memrias individuais, considerando o meio virtual como um locus passvel de sociabilidades.

Em referncia aos estudos em Comunicao Social, percebeu-se uma tendncia aos

pressupostos de Peirce, como expoente dos estudos sobre o conceito de informao, quando, a

partir da perspectiva da semitica, esta compreendida como um artefato, e, portanto, uma

produo cultural e patrimonial do ser humano em favor do resgate da memria, maneira dos

trabalhos de Azevedo Netto (2001; 2007; 2008) e Pacheco (1995), que se valem especialmente

dos estudos de Santaella e Nth (1995) sobre a teoria geral dos signos. Belkin e Robertson

(1976) aprofundaram as caractersticas comunicacionais inerentes ao processo informativo.

Deste modo, possvel estabelecer uma relao com os conceitos de informao quando

informao como processo, incorporamos a noo de canal trazida por estes autores.

Preocupando-se com a relevncia social da informao, Belkin e Robertson (1976) atribuem

transmisso do conhecimento um fator que agrega responsabilidade social, rejeitando as

suposies de que a Cincia da Informao est to somente relacionada a dados e a

documentos.

Concluses

Pudemos perceber o quanto os temas da memria e do esquecimento so suscetveis

interdisciplinaridade, abrindo um amplo leque de possibilidades de explorao terica,

potencialmente passveis para se corroborar com a sofisticao terica da Cincia da

Informao. Neste mesmo sentido, constatamos que o tema do esquecimento encontra-se em

fase de ascenso entre os estudos em Cincia da Informao.

Consideramos que o tema da memria pode e deve ser objeto de estudo sem

peculiaridades exclusivas da Cincia da Informao, uma vez que j vem sendo tratado por

diversos domnios do conhecimento, reas que orbitam em torno do tpico da informao. Ao

invs de nos limitarmos a elaborar idias, teorias ou conceitos genunos do campo da Cincia da

Informao, a memria e o esquecimento enquanto objetos de estudo, podem ser enfrentados e

melhor explorados, valendo-se das fortunas que as trocas interdisciplinares proporcionam.

Com a finalidade de se desenhar o esboo de uma teoria em memria e esquecimento

que contemple as aes cientficas e scio-culturais na Cincia da Informao, percebemos que

os estudos da rea deveriam estar centrados na observao da progresso histrica dos processos

de registro da memria e como o esquecimento foi e pode ser produzido, considerando-se o

tempo e o espao numa perspectiva individualizada de cada sociedade.

Percebemos que apenas recentemente que a Cincia da Informao tem, de forma

tmida, atribudo a problemtica do esquecimento ao conceito dos lugares de memria, sem

perceber a possibilidade de expanso do sentido de materialidade contido nos documentos. Os

lugares da memria tm utilidade e do sentido aos smbolos sociais, sendo compostos por

conhecimentos produzidos no intencionalmente, mas que delimitam certas fronteiras scio-

culturais, para que a identidade de grupos minoritrios no seja obliterada.

Da forma como o conceito de memria vem sendo abordado pela Cincia da

Informao, a memria como objeto de luta das foras sociais constantemente substituda pelo

pragmatismo da memria arquivstica. O estmulo e a manuteno de uma memria do que est

sendo construdo no agora, do plano micro ao macro social, nos ambientes reais e virtuais,

tambm deve, ento, estar previsto, mesmo que, futuramente, a opo seja pelo esquecimento.

Referncias Bibliogrficas

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