A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL -...

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A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918) The bitterest tears shed over graves are for words left unsaid and deeds left undone. Harriet Beecher Stowe CEMITÉRIO MILITAR- SOMME

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A PRIMEIRA GUERRA

MUNDIAL

(1914-1918)

The bitterest tears shed over graves are for words left unsaid and deeds left undone. Harriet Beecher Stowe

CEMITÉRIO MILITAR- SOMME

FATORES DA GUERRA

O CHOQUE DE IMPERIALISMOS CONFLITO ANGLO- GERMÂNICO O acelerado desenvolvimento industrial e naval

da Alemanha passa a ameaçar a hegemonia britânica

Concorrência econômica Disputa colonial

“ Se a Alemanha fosse extinta amanhã, não haveria depois de amanhã, um só inglês no mundo que não fosse mais rico do que é hoje.”

Saturday Review de Londres

ÍNDICE DE PROGRESSÃO DAS PRINCIPAIS POTÊNCIAS

EUROPÉIAS ENTRE 1900 E 1905 ( BASE 100 EM 1881/5)

Alemanha França Grã-Bretanha

População 125 105 123

Produção de carvão

189 126 122

Produção fundição

182 131 106

Produção trigo

131 86 102

Comércio exterior

153 106 118

POR QUE A ALEMANHA SE TORNOU UMA AMEAÇA

A chegada tardia da Alemanha e da Itália na corrida imperialista, agravou a rivalidade entre as potências européias que disputavam colônias na África e Ásia.

ANTECEDENTES DA

GUERRA A crise do Marrocos ( 1905 a

1911)

Primeira Crise . Diante das pretensões francesas sobre o Marrocos, o Kaiser Guilherme II, viaja para aquele país africano e declara que a Alemanha apóia a independência marroquina. No ano seguinte, porém, uma conferência internacional permite à França estabelecer seu protetorado sobre o Marrocos, com o apoio da Inglaterra.

1911 – Segunda Crise

A Alemanha envia um navio de guerra ao porto marroquino de Agadir (controlado pela França), provocando uma crise internacional. Ao final, a belonave alemã retira-se de Agadir.

FATORES DA GUERRA

CONFLITO FRANCO-GERMÂNICO

A França busca revanche pela derrota na

Guerra Franco-Prussiana de 1871 e tenta

recuperar a Alsácia-Lorena, rico território

em ferro e carvão, perdido para a Alemanha

A QUESTÃO BALCÂNICA Conflito austro-russo pelo domínio da Península Balcânica

FATORES DA GUERRA: OS

NACIONALISMOS

PAN-ESLAVISMO: a Rússia prega a unificação de todos os povos eslavos, colocando-se como protetora das nações da Península Balcânica, como forma de disfarçar seus projetos expansionistas.

Os impérios Austro-Húngaro, Russo e Alemão, agrupavam diferentes povos que reivindicam mais autonomia ou reconhecimento político. Por exemplo, os poloneses se encontravam divididos entre esses três impérios. No Império Austro Húngaro, 40 povos eram dominados pelos Habsburgo.

PAN-GERMANISMO: interesse da Alemanha sobre os territórios da Europa central, a faz defender a união de

todos os povos germânicos

CONFLITO RUSSO-

GERMÂNICO No início do século XX, o

Império Turco-Otomano planejava construir uma ferrovia de Berlim a Badgá, sob o controle alemão.

uma grande estrada de ferro ligando a capital alemã a Bagdá permitiria uma conexão direta dos germânicos com suas colônias.

A Rússia se opõe à construção da estrada de ferro Berlim-Bagdá, que atravessaria a Península Balcânica

Inglaterra se opõe ao projeto alemão, que pretendia atingir os poços petrolíferos do Oriente Médio

FATORES DA

GUERRA

A POLÍTICA

DE ALIANÇAS

formação de blocos antagônicos de mútua defesa

clima de insegurança gerado por acordos secretos

TRÍPLICE ALIANÇA: Alemanha, Áustria-Hungria, Itália

TRÍPLICE ENTENTE: França, Rússia e Grã-Bretanha

FATORES DA GUERRA

A PAZ ARMADA corrida armamentista

Manutenção de grandes exércitos e frotas poderosas; orçamentos com gigantescas verbas militares; clima de inquietação e agressividade.

“Um país desfibrado está à mercê do primeiro que chegar, um pais armado, anima do pelo espírito militar e pronto para o combate, está certo de impor o respeito e de evitar os horrores da guerra.”

Paul Cambon, diplomata francês, em 1909

O CONFLITO ENTRE

ÁUSTRIA E SÉRVIA: O

ESTOPIM DA GUERRA Em 1906, a Áustria anexou os territórios da Bósnia e Herzegovina, impedindo o crescimento da Sérvia e a possibilidade de formação da Grande Sérvia, com vistas a obter uma saída para o mar Mediterrâneo. Esse fato acentuou a rivalidade entre a Áustria-Hungria e a Sérvia.

Como o movimento nacionalista dos eslavos apresentava-se incontrolável, o arquiduque Francisco Ferdinando – futuro governante do Império Austro-Húngaro – planejava transformar essa monarquia dual em tríplice, incluindo o reino eslavo. Os nacionalistas eslavos e os sérvios não apreciavam essa idéia

O ESTOPIM DA GUERRA

ASSASSINATO DO HERDEIRO DO TRONO AUSTRO-HÚNGARO

EM SARAJEVO, POR UM ESTUDANTE SÉRVIO – 28/06/1914 Gavrilo Princip era um dos sete conspiradores espalhados em pontos nevrálgicos da cidade de Sarajevo. Eram todos jovens, entre 17 e 20 anos, membros do movimento nacionalista Mão Negra (que pretendia a formação da Grande Sérvia e via a monarquia dos Habsburgo como empecilho a este objetivo).

DEFLAGRAÇÃO DA GUERRA

ATRAVÉS DO SISTEMA DE

ALIANÇAS

A Áustria declara guerra à Sérvia

A Rússia vem em defesa da Sérvia e declara guerra à Áustria

A Alemanha, em defesa da Áustria declara guerra à Rússia

A França, em defesa da Rússia declara guerra à Alemanha

A Inglaterra vem em defesa da França

A guerra se torna generalizada

PRIMEIRA FASE – GUERRA

DE MOVIMENTO ( 1914-1915)

O plano Schlieffen: as tropas alemãs violam o território belga e invadem a França

Vitória francesa na batalha do Marne – setembro de 1914

estabilização da frente ocidental.

a Alemanha bloqueada pelos Aliados, por mar e suas colônias ocupadas

alemães iniciam campanha submarina, provocando enormes perdas a Entente.

Na frente oriental, vitórias alemãs diante dos russos

Itália, que permanecera neutra até 1915, transfere-se para a Tríplice Entente em troca da promessa de obtenção dos territórios austríacos ocupados por população italiana .

2ª FASE – GUERRA DE TRINCHEIRAS

OU GUERRA DE POSIÇÕES ( 1915-

1917)

“ A mesma velha trincheira, a mesma paisagem. Os mesmos ratos, crescendo como mato. Os mesmos abrigos, nada de novo. Os mesmos e velhos cheiros podres, tudo na mesma. Os mesmos cadáveres, na ponte. A mesma metralha, das duas às quatro. Como sempre cavando, como sempre caçando. A mesma velha guerra dos diabos.” Palavras de um soldado no front

GUERRA DE

TRINCHEIRAS

As trincheiras tinham habitualmente 2,30 metros de profundidade e 2 metros de largura. Nos parapeitos das trincheiras eram colocados sacos de areia (os "parados") para absorverem as balas e os estilhaços das bombas. Numa trincheira com esta profundidade não se conseguia espreitar, por isso, havia uma espécie de elevação no interior conhecida como "fire step".

As trincheiras não eram construídas em linha recta.

Muitas eram perpendiculares de forma a que se o inimigo conseguisse tomar uma parte da trincheira, estava sujeito ao fogo das de apoio e das perpendiculares.

As trincheiras eram protegidas pelo arame farpado e

por postos de metralhadora (muitos deles de espesso betão armado). Cavavam-se também trincheiras pela "terra de ninguém" dentro para ouvir o que se passava na posição inimiga ou para capturar soldados e depois interrogá-los.

A TERRA DE NINGUÉM "Terra de ninguém" foi o termo usado pelos soldados

para descrever o terreno entre duas trincheiras inimigas. A distância entre elas variava, mas na Frente Ocidental era, em média, de 230 metros

Leia: “ Nada de novo no front”, de Eric Maria Remarque, a respeito da vida nas trincheiras durante a Primeira Guerra

ESQUEMA DE TRINCHEIRAS

AS INOVAÇÕES DA MORTE

ARMAS MODERNAS CONTRA

ESTRATÉGIAS ULTRAPASSADAS

Batalha de Verdun - Fev/Ago de 1916

Perdas francesas 315.000

Perdas alemãs 282.323

DEPOIMENTO DE UM SOLDADO

“Ao atravessarmos o passadiço de Hauont, os obuses alemães nos atingiram e o local encheu-se de cadáveres por todos os lados.

Os moribundos, enterrados na lama, nos estertores da agonia, nos pediam água ou suplicavam que os matássemos.

A neve seguia caindo e a artilharia causava baixas a cada instante.

Quando chegamos ao Marco B não nos sobravam mais do que dezessete homens dos trinta e nove que haviam saído."

Daguenet, ajudante-chefe, Regimento de Infantaria 321.

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A SERVIÇO DA MORTE

Canhões de longo alcance

•Metralhadoras •Canhões de longo alcance •Submarinos •Gases químicos •Aviões •Tanques •Encouraçados •Minas •Dirigíveis •Lança-chamas

INOVAÇÕES UTILIZADAS NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL:

A AVIAÇÃO FOI USADA PELA PRIMEIRA VEZ, COM

FINS MILITARES NA PRIMEIRA GUERRA

MUNDIAL

O “BARÃO VERMELHO, MANFRED VON RICHTHOFEN,

MORREU AOS 26 ANOS, EM 1918, APÓS ABATER 80 AVIÕES E

127 AVIADORES FRANCESES, INGLESES E AMERICANOS

TERCEIRA FASE ( 1917-1918)

Saída da Rússia da Guerra devido à Revolução Socialista de 1917

ENTRADA DOS ESTADOS UNIDOS:

Afundamento de navios americanos por submarinos alemães

necessidade de garantir o retorno dos empréstimos americanos feitos a ingleses e franceses

O poderio industrial e militar americano contribui para a vitória da Tríplice Entente

A SITUAÇÃO DA POPULAÇÃO CIVIL

DURANTE A GUERRA “Durante a Primeira Guerra, a fome foi um dos

maiores problemas das populações civis. Leite, manteiga, carne, batata, tornaram-se produtos de luxo. Só eram encontrados no mercado negro e custavam tão caro que só os ricos podiam comprá-los. Quando havia alimento à venda, havia também o racionamento. Cada pessoa só podia comprar um ovo e até 190 g. de carne por semana. Quase diariamente 200 mil pessoas, na Alemanha, entravam em longas filas para comer um prato de sopa distribuído pelo exército. Com tanta fome, a tuberculose, o tifo, o cólera, as epidemias de gripe, também matavam milhares de pessoas.”

PARTICIPAÇÃO

DAS MULHERES

NA PRIMEIRA

GUERRA

MUNDIAL

O aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho durante o período da guerra ocasionou o movimento em prol da adoção do voto feminino, logo após o término do conflito.

O BRASIL NA

PRIMEIRA

GUERRA

A forte vinculação econômica d Brasil à Inglaterra, o prestígio que a França tinha entre os intelectuais brasileiros e, ainda a entrada dos Estados Unidos na guerra foram os fatores que colaboraram para a entrada do Brasil no conflito mundial.

O torpedeamento dos navios mercantes Paraná, Tijuca, Lapa e Macau por submarinos Alemães, ocorrido nas proximidades do litoral Francês, levou o Brasil a declarar guerra aos Impérios Centrais (Alemanha e seus aliados) em outubro de 1917.

A participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial foi marcada pelo fornecimento de alimentos e matérias-primas às nações da Tríplice Entente ( Inglaterra, França e Rússia).

Enviou ainda um grupo de médicos e aviadores para a Europa. A Marinha brasileira colaborou no policiamento do Oceano Atlântico.

A guerra levou o Brasil a diminuir as importações e aumentar as exportações, o que permitiu um pequeno surto industrial para substituir as importações.

O FINAL DA GUERRA

FINAL DE 1917: RENDIÇÃO DO IMPÉRIO AUSTRÍACO E DO IMPÉRIO TURCO

REBELIÃO DO POVO ALEMÃO CONTRA A GUERRA: MOTIM E GREVE GERAL

ABDICAÇÃO E FUGA DO KAISER GUILHERME II

CRIAÇÃO DA REPÚBLICA DE WEIMAR: O NOVO GOVERNO ASSINA O ARMISTÍCIO

W. WILSON, PRESIDENTE DOS EUA, LANÇA SEU

PLANO DE 14 PONTOS PARA A CONSTRUÇÃO DA

PAZ

1) abolição da diplomacia secreta; 2) liberdade dos mares; 3) eliminação das barreiras econômicas ; 4) limitação dos armamentos nacionais 5) ajuste imparcial das reclamações

coloniais, tendo em vista os interesses dos povos atingidos por elas;

6) evacuação da Rússia; 7) restauração da independência da

Bélgica; 8) restituição da Alsácia e da Lorena à

França; 9) reajustamento das fronteiras italianas 10) aceitação do princípio de

autodeterminação; 11) evacuação dos Balcãs pelas potências

centrais e acesso ao mar para Sérvia; 12) autonomia para as nacionalidades

não-turcas e abertura do estreito de Dardanelos para todos os navios

13) uma Polônia independente, 14) criação da Liga das Nações, para

evitar novos conflitos.

A TEORIA NA PRÁTICA VIROU

OUTRA COISA...

Os "14 pontos" não previam nenhuma

séria sanção para com os derrotados,

propondo uma Paz "sem vencedores

nem vencidos".

O desejo de uma "vendetta" por parte

da Inglaterra e principalmente da

França, impediu a aplicação dos 14

pontos.

O TRATADO DE VERSALHES -

1919 IMPOSIÇÕES À ALEMANHA: • restituir a Alsácia Lorena à França; • ceder as minas de carvão do Sarre à França por um prazo de 15 anos; • ceder suas colônias, submarinos e navios mercantes à Inglaterra, França e Bélgica; •Perda de 1/8 de seu território e 1/10 de sua população •Ceder um corredor de acesso ao mar para a Polônia, o que dividiria seu território em dois • pagar aos vencedores, a título de indenização, a fabulosa quantia de 33 bilhões de dólares • reduzir seu poderio bélico, ficando proibida de possuir força aérea, de fabricar armas e de ter um exército superior a 100 mil homens.

OS OUTROS TRATADOS DE

PAZ

TRATADO DE SAINT-GERMAIN:

Áustria reconhece independência da

Polônia, da Tcheco-eslováquia, da

Hungria e da Iugoslávia e perde acesso ao

mar.

TRATADOS DE SÉVRES E

LAUSANNE: liquidação do Império

Otomano, cuja área ficou sob influência

da França, Inglaterra e Itália.

CONSEQUÊNCIAS DA 1ª

GUERRA

Perda da paz, com pesadas e humilhantes condições impostas à Alemanha origem da 2ª Guerra Mundial

Ascensão dos EUA como potência mundial

Declínio das potências européias

Manutenção das rivalidades entre as potências capitalistas, do nacionalismo e do imperialismo, levando à 2ª Guerra Mundial

Crise da democracia liberal e ascensão do nazi-fascismo

Revolução socialista na Rússia em 1917

Criação da Liga das Nações, como fórum internacional para mediar os conflitos entre as nações.

EUROPA 1914

EUROPA 1919

•Desaparecimento dos impérios alemão, russo, austríaco e otomano •Surgimento de novas nações na Europa centro-oriental como Hungria, Iugoslávia e Tchecoslováquia •Formação do corredor polonês dividindo a Alemanha

MUDANÇAS NO MAPA EUROPEU APÓS A PRIMEIRA GUERRA

BALANÇO DA GUERRA

8 milhões de mortos

20 milhões de mutilados

Milhares de órfãos, desabrigados e

deslocados

Perda de um décimo da mão-de-obra

européia

Destruição de 40% do potencial industrial

europeu e 30% da agricultura

Custo da guerra excedeu a US$ 150 trilhões

A GRIPE ESPANHOLA

1919

20 MILHÕES DE MORTOS NO MUNDO

17 MIL SÓ NO RIO DE JANEIRO

“QUANDO VOCÊ

VIR MILHÕES DE

MORTOS SEM

BOCA

EM PÁLIDOS

BATALHÕES

ATRAVESSAR

SEUS SONHOS

NÃO DIGA

COISAS SUAVES

COMO O

FIZERAM

OUTROS...”

CHARLES SORLEY

MORTO NA BATALHA

DE LOOS, EM 1915