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A pintura rupestre no município de Piraí do Sul∕ PR: patrimônio a ser
conhecido no contexto escolar em 2013
Vera Lúcia Martins Barbosa1 Rosângela Maria Silva Petuba2
RESUMO
Este trabalho apresenta os resultados de cada uma das etapas desenvolvidas
a partir do Projeto intitulado A pintura rupestre no município de Piraí do Sul∕
PR: patrimônio a ser conhecido no contexto escolar em 2013, selecionado pelo
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria Estadual de
Educação do Paraná e desenvolvido sob a orientação da Profa. Dra.
Rosângela Maria Silva Petuba, da Universidade Estadual de Ponta Grossa,
durante o período compreendido entre fevereiro de 2012 a fevereiro de 2014.
Desta forma, o artigo aborda as seguintes etapas: consolidação do Projeto, na
qual aborda as pinturas rupestres de Piraí do Sul/PR; desenvolvimento do
material didático, configurado como uma Unidade Didática que apresenta as
Pinturas rupestres locais e a implementação do Projeto na Escola, cujo
resultado alcançado foi a produção de um folder para preservação das pinturas
rupestres
Palavras-chave: História, Raízes culturais, Identidade cultura
1 Especialização em Magistério da Educação Básica, com concentração em
Interdisciplinaridade na Escola pela Faculdade Integrada Espírita.Atua no Colégio Estadual Jorge Queiroz Netto, Piraí do Sul/PR; 2 Professora Adjunta do Departamento de História na Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Doutora em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina.
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1 INTRODUÇÃO
O presente projeto de intervenção pedagógica: “A pintura rupestre:
patrimônio a ser conhecido no contexto escolar no município de Piraí do Sul ∕
PR em 2013” visa suprir a lacuna existente nos programas educacionais
existentes na região. Arte rupestre é toda a expressão gráfica – pintura ou
gravura deixada pelo homem pré-histórico sobre superfície rochosa: paredes
de grutas, abrigos, canyons, boqueirões, etc. A palavra Itacoatiara, que em tupi
e guarani significa pedra pintada, é frequentemente utilizada para denominar os
rochedos decorados.
O projeto foi implementado com os alunos do 6º Ano do Ensino
fundamental do Colégio Estadual Jorge Queiroz Netto, em Piraí do Sul/Pr.
A cidade de Piraí do Sul/PR possui uma riqueza em Patrimônios
Naturais (cavernas) e Patrimônios Culturais (pinturas rupestres), os quais são
pouco conhecidos pelos habitantes da região e principalmente pelos alunos.
Trabalhar com pinturas rupestres requer um conhecimento da história do
município em que os alunos estão inseridos3.
A cidade de Piraí do Sul apresenta um rico patrimônio arqueológico,
porém, grande parte da população desconhece a existência e importância dos
vestígios da ocupação pré-histórica. A cidade esconde fauna e flora peculiares,
fósseis, cavernas a serem exploradas em cada fenda que se forma de
afloramentos areníticos, além de muita história deixada na forma de pinturas
rupestres pelos primeiros habitantes da região.
Abaixo temos a localização de Piraí do Sul no estado do Paraná:
3 As terras do município de Piraí do Sul assentam-se no Primeiro Planalto dos Campos Gerais,
correspondendo a parte urbana e no Segundo Planalto no sentido a cidade de Ventania, atravessando a Serra de Piraí, a 1009 metros acima do nível do mar Os Campos Gerais do Paraná são formados pelos seguintes municípios: Arapoti, Balsa Nova, Campo do Tenente, Campo Largo, Cândido de Abreu, Carambeí, Castro, Ivaí, Ipiranga, Lapa, Jaguariaíva, Palmeira, Ortigueira, Ponta Grossa, Piraí do Sul, Porto Amazonas, Reserva, São José da Boa Vista, Teixeira Soares, Telêmaco Borba, Tibagi e Ventania.
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FIGURA 1: Localização do Município de Pirai do Sul no Estado do Paraná FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Parana_Municip_PiraidoSul.svg
A cultura local é um veículo facilitador do aprendizado e conhecimento.
É de fundamental importância para as pessoas o conhecimento de sua própria
realidade em relação às tradições e saberes culturais, dos locais considerados
como patrimônio cultural coletivo. A preocupação com a história local que
estimule à cultura popular e a preservação do patrimônio histórico cultural,
estabelece princípios imprescindíveis para o exercício da cidadania.
No decorrer do trabalho os alunos atuaram como pesquisadores e porta
vozes de um processo de construção da própria identidade e compreensão de
si mesmo como seres históricos e também multiplicadores do conhecimento. É
uma reconstrução e uma ressignificação do passado para a preservação das
culturas existentes.
Nesse contexto, o trabalho com pinturas rupestres propiciou aos alunos
a oportunidade de realizar um verdadeiro processo de pesquisa; produzir de
fato, novos conhecimentos, construir uma percepção sobre o passado e o
presente, enriquecendo a história cultural.
Como nos diz Paulo Freire (1979), ao trabalhar com temas relacionados
à realidade dos alunos, eles ganham a possibilidade de "ler o mundo" que os
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cerca, podendo assim decodificá-lo e compreendê-lo não como uma realidade
dada, mas como uma realidade construída pela ação dos homens.
A construção de um conhecimento dinâmico e motivador tornam-se um
desafio cada vez maior, porém, jamais intransponível. No que diz respeito ao
ensino de História, uma das perguntas mais recorrentes entre os alunos é para
que estudar História? Como falar de preservação sem ter o conhecimento?
Isso leva o professor de História a se indagar sobre o seu papel em sala de
aula e como fazer com que os conteúdos não sejam estranhos e distantes do
mundo do aluno.
Como então o ensino de História pode despertar e sensibilizar ao aluno?
Uma proposta abrangente é o estudo das pinturas rupestres de Piraí do
Sul, trazendo à tona lugares comuns para os alunos.
No estudo das pinturas rupestres fomos compreendendo um pouco
melhor o passado através de dados históricos, conceituações arqueológicas,
imagens de vestígios arqueológicos, lugares e abrigos-sob-rochas com pinturas
rupestres que serviam como moradias ou cemitérios desses povos.
O trabalho foi direcionado para sensibilizar os alunos e a comunidade
local sobre a preservação do Patrimônio Natural, Cultural e Arqueológico, que
se encontra ameaçado de extinção, devido às pichações, às queimadas para a
renovação da vegetação, plantio agrícola e a criação de gado solto, que resulta
na perda da cultura arqueológica local. Percebe-se que não há divulgação dos
sítios arqueológicos com pinturas rupestre nas escolas de ensino fundamental,
ocasionado uma ruptura na formação do conhecimento histórico.
Por que os alunos não têm conhecimento histórico sobre o patrimônio
cultural que é a pintura rupestre?
É preciso valorizar para não destruir. A escola é uma instituição que tem
como compromisso transmitir saberes construídos ao longo do tempo pela
humanidade. Também é um espaço de produção de saberes em que o trabalho
cotidiano de alunos e professores possibilita a construção de conhecimentos
sobre cada um, sobre a comunidade e também sobre o quê, como e por que
ensinar e aprender.
Nesse contexto uma das propostas do projeto era problematizar como o
tema pintura rupestre aparece no livro didático de História do 6º ano em
acontecimentos da pré-história. Parece-nos que o livro didático é o melhor meio
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de divulgação da cultura local. Contudo as pinturas rupestres não são usadas
nos livros didáticos na História do Paraná.
Todos os avanços científicos nas pesquisas arqueológicas e as
descobertas de pinturas rupestres por todos os estados do país geram
materiais e documentos que podem ser tratados nos livros didáticos de História
não apenas como fonte ilustrativa.
E voltam as perguntas: se as pinturas têm o poder de comunicar algo,
por que não utilizar as existentes em Piraí do Sul? Por que as pinturas que
aparecem nos livros didáticos não são de todo o país? Por que uma produção
cultural/social como as pinturas rupestres não são usadas nos livros didáticos
de história do Brasil e mais especificamente no Paraná?
Segundo Libâneo (2002), o livro didático é um recurso importante na
escola por ser útil tanto ao professor como ao aluno. A importância do livro
didático está no suporte para aprendizagem e ao utilizá-lo como mais uma
ferramenta de sua prática assegurará como um produto cultural científico.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais do Paraná (DCE,
2008) ao propor um conceito de cultura como prática, Chartier busca o
pensamento de Geertz afirma que:
[...] o conceito de cultura [...] denota um padrão, transmitido historicamente, de significados corporizados em símbolos, um sistema de concepções herdadas, expressas em formas simbólicas, por meio das quais os homens comunicam, perpetuam e desenvolvem o seu conhecimento e as atitudes perante a vida ( 1987, p. 67)
No tocante as relações culturais das Diretrizes Culturais do Paraná (DCE, 2008: p,67) diz que:
Ao se propor as relações culturais como um dos Conteúdos
Estruturantes para o estudo da História, entende-se a cultura como
aquela que permite conhecer os conjuntos de significados que os
homens conferiram à sua realidade para explicar o mundo. O conceito de cultura é polissêmico, tal a quantidade de contribuições e reinterpretações articuladas com as ciências sociais, ao longo dos séculos XIX e XX, as quais ampliaram e permitiram mudar um campo que se preocupava de modo exclusivo com a cultura das elites.
A História do ensino fundamental frente a essa realidade historiográfica,
tem conduzido novos caminhos para o trabalho do professor pelo feito de
buscar, analisar os grupos anônimos, seu modo de viver, agir, seu dia-a-dia,
problematizando o social. Porém, a Nova História pode favorecer o
ensino/aprendizagem sendo uma ferramenta por utilizar ciências como
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arqueologia, sociologia, geografia, antropologia e outras para compreender o
seu estudo. É um instrumento que torna possível a diversidade e consente a
interdisciplinaridade. É a partir dessa análise que o trabalho propõe uma
contribuição para a construção de uma percepção abrangente da cultura local e
regional, buscando a identidade cultural,
Além desse tema da cultura local não ser problematizado no ensino
fundamental, momento propício em que os alunos recebem uma sequência de
(in)formações sobre a diversidade, ele é muitas vezes colocado de forma vaga,
inferior ou inalterável, não conseguindo interagir com a complexidade das
vivências dos alunos.
Em Hugues de Varine-Boham, professor francês, cujas idéias foram
anotadas e citadas por Carlos Lemos (1984, p. 08):
Os bens culturais se dividem em móveis (possíveis de serem colecionados - intangíveis - que são mantidos pela tradição) e imóveis ( tangíveis) que são os sítios históricos (cidades, conjuntos totais ou parciais), os sítios arqueológicos e as edificações (arquitetura civil, militar, religiosa e funerária) como capelas, igrejas, sedes de fazendas, residências, ruas, cidades, entre outras.
Pode-se ainda notar que significado do patrimônio não é mais o bem
que se herda, mas o bem constituído da consciência de um grupo, articulado à
memória e às identidades locais. “As ideias de preservação de bem cultural se
articula, estreitamente, ao seu conhecimento e ao seu uso social, à ciência e à
consciência do patrimônio”. (SEGALA, 2006).
Tudo que não conhecemos nos causa estranheza, mas é a partir desta
estranheza que passamos valorizar o que vemos, tocamos, sentimos e
pensamos.
A história que conhecemos de Piraí do Sul remonta há anos. Nos
documentos escritos, o território do município de Piraí do Sul foi conhecido e
movimentado pelo colonizador, descendente de europeu, desde o século XVII.
Mais tarde devido aos ricos pastos naturais, Piraí do Sul foi rota dos tropeiros
que cortavam periodicamente este chão, através do histórico caminho das
tropas que cruzavam o Paraná vindo de Viamão (RS) levando tropas e gado à
feira de Sorocaba (SP) na Capitania de São Paulo.
Em 12 de abril de 1872, através da Lei Provincial nº 329, o povoado de
Lança foi alçado à categoria de Freguesia, sendo denominada Freguesia de
Pirahy, sob a invocação do Senhor Menino Deus, com território pertencente ao
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município de Castro. Pela Lei Provincial nº 631, de 5 de março de 1881, Piraí
foi transformado em vila, com território desmembrado do município de Castro.
A instalação solene ocorreu em 24 de julho de 1882, ocasião em que foram
empossados os primeiros Camaristas de Piraí.
O Decreto-Lei nº 199, de 30 de dezembro de 1943, alterou a
denominação do município para Piraí Mirim. Em 1º de fevereiro de 1946,
através do Decreto-Lei nº 441, o município passou a ser sede de Comarca.
Sendo que em 10 de outubro de 1947, através da Lei Estadual nº 2, foi
novamente alterada a denominação, desta feita para Piraí do Sul, termo que se
perpetuou na historiografia paranaense. O patrimônio arqueológico de Piraí do
Sul está sendo estudado aproximadamente desde a década 1950.
Contudo a sua história não se resume a apenas duas centenas de anos,
pois existem comprovações de que pessoas aqui viveram há centenas e até há
milhares de anos. De acordo com PARELLADA (2006) podemos contar essas
histórias através dos locais onde viveram os povos de tradições relacionadas
aos povos caçador-coletores denominados Paleoíndios, Umbu e Humaitá.
Umbu e Humaitá têm a arte na execução de trabalho na pedra e dos vestígios
arqueológicos. As ações deste grupo ficaram gravadas nos diversos abrigos-
sob-rocha, como prova da presença do homem pré-histórico.
Segundo GOMES, C. (2011) os sítios arqueológicos com pintura
rupestre estão localizados entre o médio alto vale do rio Tibagi e o baixo vale
do Iapó, no centro leste do estado do Paraná.
Como diz PARELLADA (2009), a arte rupestre é uma forma de
comunicação, através de convenções, ou seja, é um tipo de linguagem
simbólica organizada; é uma maneira de se relacionar com as pessoas através
do tempo. A pintura rupestre, arte rupestre ou gravura rupestre é nome que se
dá às mais antigas representações de pinturas, gravuras em abrigos ou
cavernas como sistema de comunicação social, trata-se de verdadeiras
linguagens.
O papel do professor reveste-se, então, de importância, uma vez que
orienta os alunos, fazendo com que participem da construção do
conhecimento, aprendendo a argumentar e exercitar a razão. O professor deve,
portanto, questionar e sugerir, ao invés de fornecer respostas prontas ou impor
seu próprio ponto de vista. Como afirma PROUS:
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Por arte rupestre entende-se todas as inscrições (pinturas ou gravuras) deixada pelo homem em suportes lixos de pedras (paredes e abrigos, gruas, matações, etc). A palavra rupestre, com efeito, vem do latim rupes-is (rochedo); trata-se portando, de obras imobiliares, no sentido de que não podem ser transportadas (à diferença das obras mobiliares, como estatuetas, ornamentção de instrumentos, pinturas sobre peles, etc) (PROUS. 1992, p.51)
Para GOMES, C. (2011) os sítios arqueológicos visitados, ao todo 17
sítios com pinturas rupestres, é localizados quanto ao posicionamento
geodésico, através do Sistema Global de posicionamento (GPS – modelo
Garmin 38). Os sítios arqueológicos onde se encontra as pinturas rupestres
está classificado na Tradição Planalto.
Segundo PROUS (1991: 515), a quase totalidade dos sítios dessa
tradição só apresenta grafismo pintado geralmente em vermelho (raramente
em branco, preto e amarelo).
As pinturas e gravuras rupestres são então estudadas com a finalidade
de poder caracterizar culturalmente as etnias pré-históricas que as realizaram e
que faz parte do respectivo sistema de comunicação social. A preocupação
com o Patrimônio Cultural é crescente, porque este retrata a memória e faz
referência aos diversos grupos formadores da sociedade brasileira (artigo 216.
Constituição Brasileira de 1988).
Portanto a necessidade de trabalhar este projeto na escola pode ser
enriquecedora para os alunos no processo ensino-aprendizagem,
possibilitando uma compreensão holística de sua realidade em relação
patrimônio histórico-cultural associada às atitudes que resgatem, valorizem e
reconheçam a importância de preservação, fortalecendo a cultura e da
identidade local.
Deve-se salientar que, para se implantar o ensino por investigação não é
necessário que se comece tudo do zero, mas pode-se produzir em cima das
atividades que os professores já vêm realizando e, por meio de pequenas
mudanças estratégicas, transformá-las em condições para o aprendizado de
conceitos e competências científicas (FURMAN, 2009).
Assim como a Educação Ambiental e a Educação Patrimonial cuidam do
ambiente e de tudo o que nele se insere, ensinando o ser humano a respeitá-lo
e preservá-lo, o que é imprescindível à sua sobrevivência e qualidade de vida,
também podem servir de instrumento para a divulgação da Arqueologia, como
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uma área que estuda as sociedades atuais ou passadas através da cultura
material, ou seja, através dos objetos e vestígios materiais, da sociedade
estudada, visando conhecer e compreender a história humana, sua intervenção
no ambiente e as consequências dessa intervenção para desenvolver métodos
mais eficazes de conservação ambiental.
MATERIAL DIDÁTICO
A Unidade Didática fez parte do Programa de Desenvolvimento
Educacional do Estado do Paraná – PDE, como cumprimento de atividade
obrigatória na produção do material didático pedagógico, o qual foi aplicado no
ano de 2013.
Vivemos, indiscutivelmente, em uma era de informações associadas à
imagens. A presente Unidade Didática Pinturas Rupestres em Piraí do Sul,
PR visa suprir a lacuna existente nos programas educacionais existentes na
região.
O projeto foi implementado com os alunos do 6º Ano do Ensino
fundamental do Colégio Estadual Jorge Queiroz Netto, em Piraí do Sul/Pr.
Partindo desse pressuposto, a análise da implementação enfocou reflexão
sobre a significação e ressignificação das pinturas rupestres de Piraí do Sul
como patrimônio para turismo.
A implementação foi realizada no terceiro período, primeiro semestre de
2013. A metodologia adotada foi pesquisa documental e icnográfica a partir das
seguintes estratégias:
a) Apresentação do vídeo na TV multimídia do trailer Caverna dos sonhos
esquecidos (Cave of forgotten dreams);
b) Organização de uma discussão com os alunos a partir do tema Sítio
Arqueológico ou caverna;
c) Realização pesquisa sobre sítios arqueológicos;
d) Questionário de sondagem;
e) Palestras, documentário, leitura e discussão de textos relacionados à
Arqueologia, Patrimônio e Ambiente;
f) Produções de textos.
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GRUPO DE TRABALHO EM REDE – GTR
Durante todo o processo de interação dos fóruns e atividades do GTR foram
apontadas a realidade do processo de ensino-aprendizagem do ensino de
História para crianças do Ensino Fundamental II, em vista a possibilidade de
um projeto superador da inserção do conteúdo da pré-história local para a sala
de aula. Como hipótese levantamos que as possibilidades metodológicas de
uma realidade de ensino-aprendizagem da História para alunos de 6º anos,
requerem uma práxis pedagógica crítica e contextualizada com a realidade
social. As opiniões foram traçadas com aproximação da ação e buscou levantar
numa abordagem contextualiza não se restringindo ao repasse de fatos
históricos, e sim, buscando utilizar a História como veículo e objeto de
educação, visando uma transformação da realidade existente. Como conclusão
apontamos que o ensino-aprendizagem de História passa pela necessidade de
compreensão enquanto um elemento de desenvolvimento da cultura, cuja
perspectiva visa reconhecê-la como um complexo tema trabalhado a partir de
temas problemáticas sociais significativas.
PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO
No mês de março foram iniciadas as atividades do projeto, os alunos
pesquisaram em revista atual sobre uma cena interessante. Mediante um prazo
pré-determinado, iniciaram-se as apresentações do tema pedido. Inicialmente
em uma roda de conversa foram apresentadas as imagens pesquisadas e a
seguir foram realizadas discussões pré-formuladas sobre as diferenças do
cotidiano tendo o homem das cavernas como referência levando em conta
procedência das imagens (Por quem foi elaborado? Onde? Quando?),
finalidade, (Qual seu objetivo? Por que e/ou para quem foi feito?), tema (Possui
título? Existem pessoas retratadas? Quem são? Como se vestem?), estrutura
formal (Qual é o material utilizado) e simbolismos (É possível identificar
simbolismos? Quais?). Em seguida foi lançado um questionário investigatório
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sobre os homens do passado e suas explorações. Os alunos assistiram vídeos
referentes às pinturas rupestres na TV multimídia. Nas discussões foram
trabalhados o significado e a importância das pinturas rupestres. A seguir foram
apresentados slides, vídeos referentes à pintura rupestre na Espanha e no
Brasil.
No mês de maio foi exposto o mapa do Brasil, do Paraná e de Piraí do
Sul para que os alunos localizassem os Estados em que se encontram o
grande patrimônio histórico e cultural – as pinturas rupestres. Nesse encontro
foram realizadas releituras de imagens de pinturas rupestres dando ênfase
àquelas que fazem parte do patrimônio da cidade de Piraí do Sul/PR. Ainda
nesse momento foram trabalhados textos relatando a importância que a
arqueologia, palenteologia, geologia, antropologia como ciências de auxílio ao
historiador. Nas atividades com textos os alunos resolveram caça-palavras,
pontilhados formando animais e responderam questionários. Nesse momento
foi proposta a pesquisa sobre Pintura Rupestre em Piraí do Sul.
Após a apresentação das pesquisas, os alunos viram slides de pinturas
rupestres de Piraí do Sul/PR e por conseguinte a turma realizou uma atividade
de fichamento no caderno das pinturas dos slides. (local, região, cores,
formas, significados).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todos os alunos do Ensino Fundamental da escola acabaram participando
das atividades do projeto. A educação patrimonial e a preservação do
patrimônio arqueológico piraiense participaram e desenvolveram as atividades,
sendo estas, aplicadas de acordo com as séries escolares e com os níveis de
aprendizagem esperados para estas turmas. Os textos produzidos pelos alunos
apresentaram coerência inerente a cada estágio do desenvolvimento psico-
pedagógico, podendo assim, verificar que a manipulação dos objetos e as
atividades práticas são recursos positivos para a construção do conhecimento
e para a alfabetização cultural. Foi notado também que, ao término das
atividades, estes alunos compreenderam e assimilaram o conteúdo, dentro do
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previsto no projeto, podendo assim se sentir cidadãos ativos na construção do
conhecimento e da identidade histórico-cultural de sua comunidade. Diante
destes resultados houve um visível estímulo ao engajamento dos estudantes
para a importância da preservação do patrimônio local, por meio do resgate da
autoestima e da identidade cultural. Ao final deste processo, todos os alunos se
tornaram multiplicadores do conhecimento.
Durante o desenvolvimento das atividades, foram aplicados questionários,
no início e no fim das apresentações, junto aos alunos do Ensino
Fundamental,. O questionário utilizado na execução destes projetos foi
confeccionado exclusivamente para este fim, sendo composto por perguntas de
abordagem sociocultural como também avaliando previamente o nível do
conhecimento dos alunos sobre a temática proposta antes de qualquer
atividade. A análise destes questionários produziu importantes informações
acerca do conhecimento dos alunos sobre a Arqueologia da região,
conhecimentos estes fundamentais para a preservação do Patrimônio Cultural
e para a formação da identidade cultural.
A Arqueologia ainda é vista, pela grande maioria das pessoas, como uma
manifestação romântica da realidade, onde o pesquisador vive em meio a
mistérios e tesouros, aventuras e dinossauros, paisagens exóticas e aventuras
inesquecíveis. (RIZZI, 2001) Logo, a Educação Patrimonial deve atuar tanto na
desmistificação da pesquisa quanto na produção e divulgação do
conhecimento
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13
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em 08/05/2012
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ANEXO 1
Folder conscientizando a preservação das Pinturas Rupestres
de Piraí do Sul/PR
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ANEXO 2
Atividades desenvolvidas com os alunos
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