A Pedagogia Corinthianista

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CURTA: JORNAL A PEDAGOGIA CORINTHIANISTA <04.07.doismiles12> CORINGÃO CONQUISTAMÉRICA A PEDAGOGIA CORINTHIANISTA ANO 2 PAULICÉIA DESVAIRADA, 1-13 DE AGOSTO 2012 Nº 04 R$ 1, 99 UM JORNAL UNDERGROUND *O CORINTHIANS É O TIME DOS LOUCOS E SÃO OS LOUCOS QUE IRÃO FAZER O TIME* 1-12.indd 1 30/07/12 00:35

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Jornal Underground que retrata a história do Curintcha!

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CURTA: JORNAL A PEDAGOGIA CORINTHIANISTA

<04.07.doismiles12>

CORINGÃOCONQUISTAMÉRICA

A pedAgogiAcorinthianistaAno 2 pAulicéiA desvAirAdA, 1-13 de Agosto 2012 nº 04

r$ 1,99 um JornAl underground

*o corintHiAns é o time dos loucos e sÃo os loucos Que irÃo FAZer o time*

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2 A PedAgogiA CorinthiAnistA • Ano II • nº 04 • 1-13 de Agosto de 2012 CURTA: JORNAL A PEDAGOGIA CORINTHIANISTA

edITORIAl

Fiel, E de repente do Riso fez-se o pranto. Cabou a piada. O Sport

Club Coringão Paulista conquistou o título que lhe faltava. Invicto. E com festa. A Pedagogia Corinthianista, traz nesta edição repor-tagens, textos, crônicas, ilustras e até uma Gata Pedagógica!!! O editor oferece uma boa leitura e até a próxima.

Vai Corinthians!

NOTAA PEDAGOGIA CORINTHIANISTA, O JORNALEGRE DO CORINGÃO,

ESTÁ DE LUTO: PAULO ROMANO, JAMELÃO, EX PRESIDENTE DOS GAVIÕES DA FIEL TORCIDA, UM DOS PROTAGONISTAS DESTA EDIÇÃO, NOS DEIXOU, DIA 17-07-2012. AOS FAMILIARES, AMIGOS E TODA ENTIDADE, BEM COMO A RAPALVINEGRA, LADO A LADO COM O CORINGÃO, NOSSOS PÊSAMES. SÃO JORGE HÁ DE ILUMINAR TEU CAMINHO.

EDITORIAL Padroeiro: São JorgeMusa Inspiradora: ElisaEditor: MarquântonioDiagramação: Ricardo FerranteIlustrações: Chico FrançaRepórter: MarquântonioDiretor de Redação: SaciVendas: BoitatáParticipação Especial: Celso Unzelte e Magdalena Carmen CalderónRevisão: IaraDept. de Marketing Luther King: OlivettiPatrocínico: Lei RuaéRealização: Diários DesvairadosCom tato, entre em contato:[email protected]. 0 ** 123456789Periodicidade: QuinzenalTiragem: 5.000

Idário

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lA BOMBONeRA É SUAVeRepORTÉIA por Marquântonio

Rua Augusta, Pauliceia Desvairada, Brasil

-Alô, Xico Sá? Eai k nalha! Tudo bom?- Fale garoto, como você está? Leu a matéria que publiquei na folha, falando de você, do 4 Dedos e do jornal O Ópyo do Povo?- Porra, li e adorei. Tava no Rio. Aterro do Flamen-go. Fui vender jornais no RIO +20. Você está na city?-Chego hoje a noite. As 19:30 tenho um evento no CCBB. Apareça lá.- Demorou, é nóis. Apareço sim.

UM PASSE PARA BUENOS AIRES

A cada edição dos meus jornais (até hoje edi-tei quatro diferentes) passava na porta da TV Cultura para deixar alguns exemplares para o pessoal do Programa Cartão *****.

O Dr. esticava o braço do carro, perguntava sobre o andamento dos trabalhos e partia. Em março de 2011, entrevistei o maior camisa 8 da história do Corinthians em um boteco descolado da Vila Madalena, o São Cristóvão. Xico Sá estava presente na mesa e até che-gamos a discutir alguns pontos cruciais do corinthianis-mo. Matei a entrevista e fui embora. Editei o numero 1 do jornal A Pedagogia Corinthianista e nunca mais nos vimos. Até recentemente, quando o convidei para ser capa da edição dois do jornal O Ópyo do Povo, um divertido periódico sobre futebol onde estão reu-nidos os mais brilhantes não-jornalistas desta querida Paulicéia. Jornal editado, sucesso de vendas e um pedido para um compa-nheiro, não de classe, mas de boemia: uma passagem de avião para Buenos Aires. Precisava mandar esse jogo histórico para o papel. Xico Sá liberou a gaita e com ajuda de Carlos Rigolo, consegui aos 49 do segundo tempo da prorrogação, comprar um bilhete para Buenos Aires.

SAI ZICA OU ALGUÉM ME ARRUMA UM ENGOV?!Comemorei com os copos o sucesso da Operação Gua-

rulhos. No dia seguinte, já estava pronto para embarcar para Buenos Aires, onde encontraria o mais importante desloca-mento em pró do Corinthians, desde a épica invasão corinthia-na em 1976, quando o Maracanã ficou em preto e branco. No aeroporto, resolvi todos os trâmites e parti para o embarque. Fui saudado por muitos funcionários que me desejavam boa sorte. Uma senhora roliça, chegou a dizer: - Ô Cabeleira, traz essa vitória senão eu corto seu cabelo! O humor corinthianista é de encher o espírito de luz. Trouxe o empate, mas mesmo

assim dei um tapa na penugem. No avião, esbarrei com alguns torcedores - todos hospedados no Intercontinental, o mesmo hotel da delegação parquesãojorgeana. O grupo partiu em dois táxis. Eu me joguei. E a cena começou a ficar tensa.

NO, NO PUEDO CAMBIAROs taxistas brigavam por clientes. Quando me viram, vie-

ram todos me abordar. Expliquei minha condição financeira e rapidamente a calmaria tomou conta do lugar. Quando sou-be que eu contava com apenas 7 reais, o mais acelerado de todos, faria inveja a qualquer iogue, me aconselhou a trocar a grana na casa de câmbio e me desejou boa sorte. Mais do que sorte, me faltavam 13 reais. Somente acima de vinte o câmbio seria possível. Quando você esta sem grana, seja na rua de cima da sua casa, ou na Rua Augusta, ou em Bue-nos Aires, o jeito é centralizar a mente em 1910, lembrar das condições financeiras dos primeiros tempos de Corinthians e meter, literalmente, o louco. Um senhor de aproximadamente 127 anos, com um ar risonho, trocou dois reais por dois pesos e me indicou o ponto de ônibus. Todos riram quando eu disse

“Após partida histórica, torcedor passa rádio para familiares”

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RepORTÉIA

que estava indo para La Bombonera, afinal o ponteiro marca-va 20:33 e eu estava do outro lado da cidade.

LOMASSubi no ônibus e já comecei o trabalho de campo. Todo

repórter rueiro – e isso é pré requisito – deve saber construir uma ideia com os civis. O motor gostou do papo e de sisudo, passou a sorridente quando eu elogiei a qualidade das estra-das argentinas. Mesmo sem entender muita coisa, ouvi atenta-mente cada palavra em castelhana de Alejandro, que dirigia o ônibus em altíssima velocidade, enquanto falava de suas idas aos Paraguai. Às margens da estação de trem, desci. Embar-quei sem pagar, normal, segundo o funcionário do guichê. Fi-tei o ambiente e aquele frio na barriga, não o do medo, mas aquele especial, o aventuroso, tomou conta. Passei a observar a cenargentina com mais atenção.

ASSIM QUE É, SEM PROCEDER NÃO PÁRA EM PÉ...Eu não conseguia parar de cantar um dos maiores clássi-

cos do rap nacional, O TREM. Lá, a mesma cena que aqui. O que muda é o sotaque. Ao invés funk, um som em castelhano explodia de um pequeno celular. Trabalhadores entediados vol-tavam do trampo. Uma mãe beliscava o filho. Três argentinos, incluindo uma dama, conversavam sobre a partida. Um deles com a camisa do Boca. Fui até eles, me apresentei, mostrei um exemplar d’O Ópyo do Povo. Caí nas graças. O Corinthians tem carisma. Abri a jaqueta e mostrei o manto sagrado. Uma luz alaranjada tomou conta do vagão. O torcedor do Boca me desejou boa sorte. A dama, antes de ir embora, deu-me um pis-cadela e o velhinho, que adorava o Brasil, soltou o verbo para minha câmera e ainda arrumou dois pesos. Sem câmbio. Na maciota. Fiquei feliz o suficiente para esquecer todas as nor-mas essenciais de segurança, como a baixa luminosidade. No caminho da penúltima para a última estação, subi no banco, coloquei a cabeça pra fora, soltei uns 77 Vai Corinthians. Era tudo alegria, até que o trem chegou ao seu destino e com ele a lembrança de que eu estava partindo para o Capão Redondo dos Hermanos, o mitológico bairro de La Boca.

LA BOCAO motor do Buzo 53, torcedor do San Lorenzo, fez todo o

impossível para conseguir me deixar o mais perto do estádio. A polícia argentina fechou diversas ruas e o jeito foi o improviso. Por conhecer alguns craques do seu time, o motor, empolgado, acabou me deixando na boca de La Bombonera. Agradeci e zar-pei para o estádio. Uma, duas, três, quatro, CINCO barreiras até a entrada pararquibancada. Raul, um torcedor que havia viajado também sem ingresso, entre um trago e outro, me informava so-bre a movimentação às margens do estádio. Para me guiar, ouvia o canto da Fiel, perfeitamente ouvível do lado de fora. Cheguei à Rua Juan de Dios Filiberto e tive meu primeiro contato com o sofrimento alvinegro. O jogo corria. Eram 10 minutos do primeiro tempo. E um rio de lágrimas molhou meus pés.

QUEM DIZ QUE HOMEM NÃO CHORA, TÁ BOM, FALOU...Jamelão Chorou. Ex presidente do Gremio Recreativo

Gaviões da Fiel Torcida (1996-1997), Jamelão, ao lado de uma garrafa de coca cola 2 litros e meio, chorava por não estar acompanhando o Corinthians dentro do estádio. O caso dele era um pouco diferente da maioria, pois , segundo ele, na qualidade de ex- presidente, a cobrança por estar lá dentro, enquanto outros de sua agremiação ficavam do lado de fora, seria inevitável. Esse é um dos aspectos antropológicos mais interessantes em relação a este tipo de evento. Há toda uma conduta política dentro de uma torcida organizada que impe-de o que em Brasilia é corriqueiro. Enquanto Jamelão ficava aos prantos, muitos torcedores endinheirados pagavam para assistir. Houve inclusive um caso que pude testemunhar. Um senhor muito rico depositou na mão de um suposto coyote, a quantia de dois mil pesos. O coyote não voltou. Pudera Vovô, o cara era torcedor do Boca!

UM A ZERO, UM A UMO CORINTHIANS É MUITO MAIOR QUE O AyAHUAS-

CA. yoga, tai chi chuan, pouco importa, o Time do Povo leva você até o íntimo. Nargentina, quando o Boca abriu o placar, a euforia não foi maior que no Brasil. Porque aqui, o povo bra-sileiro deu uma importância especial para estas duas partidas. Da vida levamos apenas memória e seguindo esta lógica, até os verdes, os tricolores e aquarianos desejaram ver esta con-quista. Eu acompanhava a partida em frente a um comércio mi-núsculo nos arredores do estádio, quando o Sheik partiu com a bola. Jamelão ainda chorava. Uma porto alegrense também. Eu fiquei frio. Danilo passou para o Sheik que partiu. E o medo de bala perdida, o corre para subir para o profissional, os dois filhos e, principalmente, o Corinthians, deixaram o camisa onze com a precisão de um vietnamita em fins dos anos 60. Romarinho mandou para as redes sociais o aviso: Corinthians empata aos 43 e joga por uma vitória simples em casa, para conquistar titulo inédito e invicto.

A DESMISTIFICAÇÃOPouco antes do final da partida, o portão foi liberado e todos

deram no pé para chegar às arquibancadas. Lá dentro,a Fiel con-fraternizava: Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô La Bombonera é Suave. Era um momento histórico. A segunda desmistificação corinthianista. A primeira neste século. Antes, diante do mais mitológico do mundo, o Maracanã, em 1976. Agora eu precisava arrumar uma carona. Voltar pra Paulicéia e bater este texto com a faixa no peito.

ON THE ROADA Polícia escoltava os torcedores para os ônibus. Sem grana, parti em busca de uma carona. Com certeza não seria difícil. E não foi. Ao contrário da Cúpula dos Povos, o evento parelo ao Rio +20. Lá, uma estudante da USP disse que seria impossível levar alguém com o nome fora da lista. Nar-gentina foi fácil. Três tentativas e um lugar na janela, no Buzo 05 - Interior.

por Marquântonio

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RepORTÉIA

CABRINI NA IDA, PEDAGOGIA NA VOLTAPor volta das três da manhã o motorista deu uma pescada e

por pouco não capotamos. Questionado, o soneca desculpou-se, disse que havia desviado de um Tamanduá. Todos dormiram tran-quilos. Para mim, os problemas começariam com o raiar do dia. Por volta das 10, quando todos estavam acordados, as perguntas sobre A Pedagogia Corinthianista disparavam. Um deles me per-guntou se eu já havia ido para o Boi. Eu disse que sim. E isso foi nos primórdios d’A Pedagogia. Mesmo assim, o convite foi realizado com mais insitência e eu então parti. Lá encontrei mais um torcedor que viaja com a tranquilidade dos plantadores de algodão na era de ouro do Blues. Perguntei porque ele estava lá. Ele havia esqueci-do o RG. Em seguida, outro torcedor. É a tradição, me explicavam. Enquanto entendia a lógica do Boi, fui informado que o Cabrini (sbt repórter) havia acompanhado este mesmo buzo na ida, um pouco em choque. Foram três dias e três noites.

ALEGRETEMundo paralelo. Lembrei dos Hells Angels e do guru Hun-

ter Thompson. Na noite de quinta feira paramos em Alegrete--RS para bater um rango. Ajudei a dar um talento no ônibus [chiqueiro é incompativel] e o samba se fez presente. Uma criança chamada Arthur, de 3 anos foi ali mesmo convertida. Estava com os pais, que entre o medo e curiosidade vieram se

juntar aos Gaviões. O buzo partiu.

VAMOS A LA PLAYA, ôÔÔÔô!!! O combinado era um banho de mar na tarde de sexta fei-

ra. Frente a democracia corinthiana, o motor nada pôde fazer: 99% dos presentes votaram a favor do mergulho. E ficou pe-quena, a minúscula Praia da Ilhota. Vazia. Água gelada e sol quente em plena sexta feira, três horas da tarde. Alguém disse, Olhaí como o Coringão é gente boa, só ele prá fazer isso! E ele estava certo. Até ali haviam sido escritos 13 capítulos. E a alegria e a saudade, começavam a tomar conta do espaço, quando o buzo roncou com destino A Paulicéia. O que passa pela cabeça do pessoal das caravanas?! O sentimento de estar em movimento. De escrever, nao apenas ver a História. Um mundo sem barreiras e pé na estrada.

PELO CORINTIANS, COM MUITO AMOR, ATÉ O FIMFaltavam 03 minutos para a 01 da manhã quando eu saltei

do buzo para os braços do meu broto. Não que ela estivesse na Marginal Tietê, mas de lá para sua casa, a distância seria feita a passo leve. Frio ignorado, cigarro nos dedos e um caderno cheio de anotações sobre uma invenção chamada Corinthians. No Pacaembu, quatro dias depois, o décimo quarto capítulo foi concluído. A História Sem Fim foi apresentada ao ponto final.

Neco

por Marquântonio

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eNTReVISTA

Celso Dario Unzelte é jornalista, pesquisa-dor e professor de jornalismo da cásper líbero. Ao lado de Toninho de Almeida e Lourenço Diafé-ria, Celso corresponde a um dos maiores letrados a respeito da História do nosso Coringão. Escre-veu diversos livros sobre O Time do Povo, dentre eles, Os Dez Mais do Corinthians, Almanaque do Timão (obra prima), Timão 100 anos - 100 jogos - 100 ídolos. Apresenta o programa Loucos por Futebol! no canal ESPN Brasil.

Onde você assistiu a grande final?Celso Unzelte: Como a foto compro-

va, tive uma noite 100% de torcedor. Está-vamos eu e o meu filho Daniel no Tobogã, de onde, aliás, já havíamos visto os 3 a 0 no Emelec. O 1 a 0 contra o Vasco nós vi-mos de numerada, porque era o único in-gresso que sobrou. Tive que encarar uma fila no domingo de manhã, no Parque São Jorge. Paguei 300 paus!!! Faz anos que não gasto isso nem com roupa, nem com sapato, mas gastei com o Corinthians. Só não fomos contra o Santos porque dessa vez não teve jeito de arranjar ingresso, mesmo. Na noite da final contra o Boca,

deixei o carro na Paulista e fomos a pé para o Pacaembu. Depois, voltamos a pé, também, no meio da festa que tomou conta da cidade. Fiz questão que o meu filho Daniel, de 8 anos, gravasse essas imagens na mente para sempre, como eu fiz quando tinha 9, em 77. Aliás, eu fui com minha camisa original de 77, as-sinada pelos campeões, principalmente pelo Basílio, que era o dono da camisa.

Quais são os três títulos mais im-portantes da história do SCCP?

Celso Unzelte: Eu costumo dizer que o mais importante é sempre o último, até o próximo. Porque para quem viveu a con-quista do Campeonato Paulista em 1922, ano do Centenário da Independência, por exemplo, aquele deve ter sido o mais importante. Para o meu pai, nada supera o Paulista de 1954, ano do IV Centenário de São Paulo, título conquistado em cima do Palmeiras. Para mim, o mais importan-te será sempre o Paulista de 77. Afinal, eu tinha 9 anos e o Timão colocou fim ao tal

jejum de títulos que já passava dos 22 anos. Para quem hoje tem de 18 a 20 anos talvez o mais importante tenha sido o Mundial de 2000. A própria Libertadores, tão espera-da, eu acho que pode ser superada logo, se no fim do ano o Corinthians voltar do Ja-pão com o (bi) Mundial. Aí, o Corinthians vai ser o único time do mundo a ter conquis-tado dois tipos de Mundial diferentes, o de 2000 e o atual. Já pensou? Vai ter Mundial pra tudo que é gosto, é só o cara escolher, sendo corintiano ou não (risos...).

Quando você começou a pesquisar

nossa história?Celso Unzelte: Comecei a me interes-

sar em 79, quando tinha 11 anos e a revista Placar publicou um especial falando da histó-ria do Corinthians, dos títulos, da torcida, do Neco... A partir dali, comecei a juntar tudo que falasse do Corinthians e da sua história. Depois, virei jornalista e passei a ter também uma necessidade profissional. Na apresenta-ção do “Almanaque do Timão”, o livro com todos os jogos, jogadores e técnicos da his-tória corintiana, publicado pela primeira vez em 2000, eu escrevi que quando menino, a

cada vitória do Corinthians acompanhada pelo rádio, eu costumava ouvir a voz emo-cionada dos locutores saudando o resultado como “mais uma bela página da história alvi-negra”. E que eu ficava imaginando que livro sem fim seria aquele, tantas eram as páginas a acrescentar. Alguns anos depois, virei jor-nalista e quando precisava de informações como quantos jogos e gols o Rivellino fez pelo Corinthians, por exemplo, eu pensava: “Bam que a resposta poderia estar lá, naquele livro imaginário da minha infância”. Foi por esses dois motivos que eu resolvi fazê-lo.

Qual a importância do seu velho nes-

te processo?Celso Unzelte: Total. Quem assistiu ao fil-

me oficial do centenário do Corinthians (Todo--Poderoso: o filme – 100 anos de Timão) viu meu pai, que hoje tem 82 anos, dando um depoimento com uma camisa retrô dos anos 30, no Memorial. Ele é corintiano desde 1935, quando chegou de São João da Boavista, por causa do Teleco, o grande artilheiro do time naquela época e até hoje um dos principais da história do clube em todos os tempos. Meu pai sempre foi um corintiano louco, acompa-nhou os 22 anos sem campeonatos, o tabu de 11 anos sem ganhar do Santos do Pelé, mas nunca desistiu. Nas cartas de amor que ele escrevia para a minha mãe, costumava dar os resultados da rodada do campeonato (risos...). Ele brinca dizendo que quando nós nascemos, eu e o meu irmão, ele mostrou duas camisas pra gente escolher o time: uma era a branca e outra era a listrada. Quer dizer: não tinha jeito mesmo, né? Na nossa casa, o Corinthians sem-pre foi o bem, o caminho legal de se seguir. Crescemos ouvindo e acreditando nisso.

Qual a principal contribuição do Co-rinthians para a formação sociológica do povo brasileiro?

Celso Unzelte: Acho que é essa men-sagem de não desistir, não desistir nunca. O Corinthians, em campo, é como a gente na vida. Às vezes não estamos bem, não temos emprego, grana, estamos brigados com a mulher. E não desistimos nunca. E quando vem uma alegria, como aconteceu agora com a conquista da Libertadores, ela vem em dobro, porque a gente sabe quanto sacrifício

CelSO dARIO UNZelTe

Celso Unzelte, abraçado com o filhote

por Marquântonio

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eNTReVISTAcustou. O Corinthians é mesmo como a vida da gente, e é por isso que emociona tanto.

Você foi em alguma partida da liber-

tadores?Celso Unzelte: É mais fácil eu numerar as

que não fui (risos...). Aliás, fomos, eu e o Daniel. Fomos também ao Parque São Jorge recepcio-nar a taça no Memorial. Os jogos fora ficava difícil de ir, porque eu tenho vários empregos e não posso faltar em nenhum (sou professor de jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, faço os programas na ESPN Brasil e o Cartão Verde na Cultura, além de fechar o caderno Esporte do jornal Diário do Comércio aos domingos). Na primeira fase, em São Paulo, fomos no jogo contra o Nacional do Paraguai, o primeiro no Pacaembu. Nos mata-matas, estávamos lá con-tra o Emelec, o Vasco e na finalíssima com o Boca. Sempre fazendo festa...

Qual o maior bandido da história do

Corinthians?Celso Unzelte: Nossa!!! Bandido????

Se você me fizesse essa pergunta antes de ganhar a Libertadores, eu diria que era o Guinei. Bandido involuntá-rio, né?, porque afinal nin-guém comete por querer três falhas seguidas que resultam em gols do adver-sário, como aconteceu com ele, contra o próprio Boca, nas oitavas de final de 91. Mas agora eu estou com a alma tão lavada que já perdoei o Guinei (risos...). Do ponto de vista da torcida não gostar do cara, acho que foi o Paulo Nu-nes, né? Por tudo que ele fez e provocou na época em que jogava no Palmeiras, ninguém queria ter visto ele com a camisa do Timão.

Em qual período o anticorinthianismo

começou a se propagar com mais rapidez? Celso Unzelte: Acho que o anticorinthianis-mo é quase tão antigo quanto o próprio corinthianismo. Dizem que já no tempo do Neco, na década de 10, chamavam o Co-rinthians de “Time de Carroceiro”. Depois veio “Ferro Velho”, “Gambá”, referências aos pobres, aos negros, às minorias... Mas o corinthiano sempre soube aceitar isso muito bem, assumindo ser “maloqueiro e sofredor, graças a Deus!” É a melhor res-posta para quem fica enciumado com o amor que o corinthiano consegue ter pelo

seu time. Fico com o texto de uma charge do Miguel Paiva publicada pelo Lance! no dia do primeiro jogo da final com o Boca, que dizia: “O Brasil hoje é todo Corinthians — menos os palmeirenses, os santistas, os são-paulinos, os tricolores, os flamenguis-tas, os vascaínos, os chatos, os invejosos e os mano do contra”.

Qual o maior legado do Dr. Sócrates

para a História do Brasil?Celso Unzelte: Ter sido quem ele foi.

Além de um cracaço de bola, era um gran-de pensador, um utópico, um cara do bem que dava exemplo de cidadania a partir da projeção que tinha. Nunca mais haverá ou-tro igual, nem no futebol nem fora dele.

Você acha que a vida ficou mais boni-ta depois do Corinthians?

Celso Unzelte: Mas é claro! Quando garoto, nos dias seguintes de grandes vitó-rias (principalmente contra o Palmeiras), eu costumava dizer que a vida parecia mais bonita, como se estivesse sendo vista através daquele papel cor-de-rosa que embrulhava

o bombom Sonho de Valsa. Quem já não fez esse exercício quando era criança? Dá só uma olhada na foto do meu filho dor-mindo coberto com o pôster de campeão da Libertadores, de-

pois de ter comemorado comigo até as duas da manhã, e você vai entender o que é a felicidade.

Você iria para Tókio em navio fretado

pela Fiel Torcida?Celso Unzelte: Eu iria até a pé (ri-

sos...). Aliás, já fui, a trabalho, em 92, quando o São Paulo foi campeão, e jurei debaixo do placar eletrônico do estádio Na-cional de Tóquio que um dia veria o nome do Corinthians lá. Está na hora de cumprir a promessa, mesmo sabendo que o velho Estádio Nacional hoje perdeu a importância que tinha para o estádio de yokohama...

Droga fez bem ao evitar confronto di-

reto com Cássio?Celso Unzelte: Acho que sim, mas

acho também que ele faria ainda melhor se viesse jogar o Mundial a nosso favor. É o tipo de jogador que está faltando para

aperfeiçoar esse time do Tite. Pai Jaú, há boatos, teria participado

da jogada errada do Schiavi colocando a bola no pé do Emerson, você crê que isso seja possível?

Celso Unzelte: Tenho certeza absoluta disso, embora não tenha crenças religiosas. Mas quando se trata do Corinthians vale tudo. Pai Jaú morreu dizendo que “se nossos jogadores tiverem mais amor que os outros, seremos sempre campeões”. Foi o que acon-teceu mais uma vez naquela noite, quem sabe se não foi por interferência direta dele?

Desde a chegada até o título, você algu-

ma vez pediu entre amigos a saída do Tite?Celso Unzelte: Não só entre amigos

como até publicamente (risos...). Vamos combinar que o Tite não é o técnico mais ofensivo do mundo, não é verdade? Mas eu acho que principalmente depois da de-bandada do Adriano e do declínio técnico do Liedson ele não podia mais ser acusa-do de retranqueiro. Com as poucas peças que tinha, fez milagre. Agora, é dar um time ainda melhor por homem, pra gente poder voltar a cobrá-lo (risos...)

E quem não for corinthiano?Celso Unzelte: Ai, que vontade de res-

ponder com aquele corinho que a gente co-nhece (risos...). Mas seria uma sacanagem muito grande com as outras pessoas, incluin-do amigos meus. Então, vou preferir uma fra-se mais cristã: “Se você for corinthiano, Deus o abençoe. Se não for, Deus o perdoe...”

“Se você for corinthiano,Deus o abençoe.Se não for, Deus o perdoe”

Daniel dormindo feliz após comemoração

por Marquântonio

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pReTO NO BRANCO

O KORRe dA lIBeRTAçÃOTime PG J V E D GP GC SG %Corinthians 14 6 4 2 0 13 2 11 77Cruz Azul 11 6 3 2 1 11 4 7 61Nacional (PAR) 4 6 1 1 4 6 13 -7 22Dep. Táchira 3 6 0 3 3 4 15 -11 16

JOGO 1:FICHA TÉCNICA:DEPORTIVO TÁCHIRA 1 X 1 CORINTHIANSLocal: Pueblo Nuevo, em San Cristóbal (VEN)Data-horário: 15/2/2012 - 22h (de Brasília)Árbitro: Wilmar Roldán (COL)Auxiliares: Humberto Clavijo (COL) e Wilmar Navarro (COL)Cartões amarelos: Clavijo, García, Casanova, Rivas e Chacón (DTA); Alessandro (COR)Cartões vermelhos: -GOLS: Herrera, 21’ 1º/T (1-0), Ralf, 48’ (1-1) JOGO 2:FICHA TÉCNICACORINTHIANS 2x0 NACIONAL (PAR)Local: Pacaembu, em São Paulo (SP)Data/hora: 7/3/2012 – 22hÁrbitro: Enrique Osses (CHI)Auxiliares: Carlos Astroza e Juan Maturana (CHI)Público e renda: 29.336 pagantes / R$ 1.829.930,00Cartões amarelos: Leandro Castán e Fábio Santos (COR)GOLS: Danilo, 38’/1ºT (1-0); Jorge Henrique, 21’/2ºT (2-0)

JOGO 3:CRUZ AZUL-MEX 0X0 CORINTHIANSLocal: Estádio Azul, Cidade do México (MEX)Data/Hora - 14/3/2012 – 22h (de Brasília)Árbitro: Carlos Vera (EQU)Assistentes: Juan B. Ceden (EQU) e Douglas Bustamante (EQU)Cartão amarelo: Paulinho (Corinthians)

JOGO 4:CORINTHIANS 1 X 0 CRUZ AZUL (MEX)

Local: Pacaembu, em São Paulo (SP)Data/Hora - 21/3/2012 – 22hÁrbitro: Martin Vasquez (URU)Assistentes: Mauricio Espinosa (URU) e Marcelo Costa (URU)Renda/público: R$1.889.112,50/ 29.837 pagantesCartões Amarelos: Danilo, Emerson e Ralf (Corinthians); Mariaca e

Pereira (Cruz Azul)Cartão Vermelho: Pinto, 25’/2°TGOL: Danilo, 35’/2°T (1-0)

JOGO 5:NACIONAL (PAR) 1X3 CORINTHIANSLocal: 3 de Febrero, Ciudad del Este (PAR)Data/Hora - 11/4/2012 – 22h (de Brasília)Árbitro: Patrício Loustau (ARG)Assistentes: Ernesto Uziga (ARG) e Gabiel Núñez (ARG)GOLS: Jorge Henrique, 28’/1ºT (0-1); Emerson Sheik, 6’/2ºT (0-2); Peralta, 23’/2ºT (1-2); Elton, 25’/2ºT (1-3)Cartões amarelos: Riveros, Marco e Orué (Nacional-PAR)Público e renda: Não disponíveis

JOGO 6:FICHA TÉCNICACORINTHIANS 6X0 DEPORTIVO TÁCHIRA (VEN)Local: Pacaembu, em São Paulo (SP)Data/ hora: 17/4/2012 - 21h50 (de Brasília)Árbitro: Patricio Polic (CHI)Assistentes: Sérgio Roman (CHI) e Marcelo Barraza (CHI)GOLS: Danilo, 17’/1ºT (1-0); Paulinho, 26’/1ºT (2-0); Jorge Henrique, 17’/2ºT (3-0); Emerson Sheik, 24’/2ºT (4-0); Liedson, 26’/2ºT - pênalti (5-0); Douglas, 38’/2ºT - pênalti (6-0)CARTÕES AMARELOS: Parra, Diaz, Chácon (Táchira)CARTÕES VERMELHOS: Rouga (35’/1ºT)RENDA E PÚBLICO: R$ 1.624.785,00/ 27.379 pagantes OITAVAS DE FINAL: IDAFICHA TÉCNICAEMELEC (EQU) 0X0 CORINTHIANSLocal: George Capwell, Guayaquil (EQU)Data/Hora: 2/5/2012 – 21h50 (de Brasília)Árbitro: José Buitrago (COL)Assistentes: Abraham González (COL) e Wilson Berrío (COL)CARTÕES AMARELOS: Leandro

Castán, Chicão, Danilo, Willian, Emerson Shiek e Edenílson (Corinthians) Gaibor e Achilier (Emelec)CARTÕES VERMELHOS: Jorge Henrique (Corinthians)RENDA E PÚBLICO: não disponíveis

OITAVAS DE FINAL: VOLTAFICHA TÉCNICACORINTHIANS 3X0 EMELEC (EQU)Local: Pacaembu, em São Paulo (SP)Data/Hora - 9/5/2012 – 22hÁrbitro: Dario Ubriaco (URU)Assistentes: Miguel A. Nievas (URU) e Marcelo Costa (URU)GOLS: Fábio Santos, 7’/1ºT (1-0); Paulinho, 19’/2ºT (2-0); Alex, 40’/2ºT (3-0)CARTÕES AMARELOS: Pedro Quiñonez, José Quiñonez (Emelec); Paulinho (Corinthians)PÚBLICO E RENDA: 32.577 / R$

2.286.061,00

QUARTAS DE FINAL: IDA

FICHA TÉCNICAVASCO 0 X 0

CORINTHIANSLocal: São Januário, Rio de Janeiro (RJ)Data-Hora:

16/05/2012 - 22h (de Brasília)Árbitro: Sandro Meira Ricci (DF)

Auxiliares: Alessandro Rocha (BA) e Roberto Braatz (PR)Público/renda: 17.259 pagantes / R$ 911.670,00Cartões amarelos: Juninho, Nilton (VAS); Alessandro e Jorge Henrique (COR)Cartões vermelhos: nenhum

QUARTAS DE FINAL: VOLTAFICHA TÉCNICACORINTHIANS 1 X 0 VASCOEstádio: Pacaembu, em São Paulo (SP)Data/hora: 22/5/2012 – 22h (de Brasília)Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (RS)Auxiliares: Altermir Hausmann (RS) e Carlos Berkenbrock (RS)Renda/público: R$ 2.723.075,00 / 37.936 presentesCartões amarelos: Jorge Henrique, Alessandro, Emerson e Paulinho (COR) e Eder Luis, Juninho, Nilton e Renato Silva (VAS)Cartão vermelho: Juninho (VAS), após o jogoGOL: Paulinho 42’/2ºT (1-0)

SEMI FINAL: IDAFICHA TÉCNICASANTOS 0 X 1 CORINTHIANSLocal: Vila Belmiro, em Santos (SP)Data/Hora: 13/6/2012 – 21h50Árbitro: Marcelo de Lima HenriqueAssistentes: Dibert Pedrosa e Roberto BraatzGOL: Emerson, 27’/1ºT (0-1)CARTÕES AMARELOS: Neymar (SAN); Alessandro, Cássio, Chicão, Leandro Castán (COR)CARTÃO VERMELHO: Emerson (31’ 2ºT)RENDA E PÚBLICO: R$ 969.701,00 e 14.788 pagantes

SEMI FINAL: VOLTAFICHA TÉCNICA:CORINTHIANS 1 X 1 SANTOSLocal: Pacaembu, São Paulo (SP)Data/hora: 20/6/2012 - 21h50Árbitro: Leandro Vuaden (Fifa-RS)Assistentes: Altemir Hausmann e Alessandro RochaRenda e público: R$ 2.599,702,50 / 35.873 pagantesCartões amarelos: - Cartão vermelho: - GOLS: Neymar, 34’/1ºT (0-1); Danilo, 2/2ºT (1-1)

FINAL: PARTE 1FICHA TÉCNICA:BOCA JUNIORS (ARG) 1 X 1 CORINTHIANSLocal: La Bombonera, Buenos Aires (ARG)Data/hora: 27/6/2012 - 21h50Árbitro: Enrico Ósses (CHI)Assistentes: Francisco Mondria e Carlos Astroza (CHI)Renda e público: Não disponíveisCartões amarelos: Roncaglia, RiquelmeCartão vermelho: -GOLS: Roncaglia (28’2°T) e Romarinho (40’/2ºT)

FINAL: PARTE 2FICHA TÉCNICA:CORINTHIANS 2 X 0 BOCA JUNIORSLocal: Pacaembu, São Paulo (SP)Data-hora: 4/7/2012, 21h50Árbitro: Wilmar Roldan (COL)Assistentes: Abrahan Gonzales e Humberto Clavijo (COL)Renda e público: R$ 2.580.912,50 / 37.959 pagantesCartões amarelos: Chicão, Leandro Castán e Jorge Henrique (COR); Mouche, Schiavi, Caruzzo e Santiago Silva (BOC)Cartão vermelho: - GOLS: Emerson Sheik, 8’/2ºT (1-0); Emerson Sheik, 27’/2ºT (2-0)

Fonte: Lancenet

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pOVOx

Onde você estava quando Ralf empatou a partida contra o Deportivo Táchira?

Joaci: O primeiro jogo da liberta contra o Táchira, acompanhei no Bar do Biu na companhia dos meus irmãos de bancada. Teoricamente seria um jogo tranquilo, mas para não contrariar a sina de corinthiano sofredor, rolou aquela tensão por conta do placar adverso que se arrastou por todo o segundo tempo do jogo, até o gol salvador do Ralf nos acréscimos.

Qual sua opinião sobre o campo de São Januário?

São Jorge: Uma vergonha para toda a nossa classe. No Parque São Jorge, ou no Pacaembu e mais futuramente em Itaquera, apresentamos sempre um campo, não um pasto. São Paulo, saltitante de alegria riu o quanto pôde, mas prevaleceu minha benção sobre meus apadrinhados.

Qual jogo a deixou mais perto do coração selvagem?

Clarice Lispector: Contra o Santos, em nossa Pinacoteca, fiquei muito apreensiva. Mas o Neymar não conseguiu em 90, nem em 180 minutos, ter a sua hora da estrela. Quem brilhou foi o Sheik e o introspecto Danilo.

O que aconteceu na sua Rua quando o Coringão empatou em Buenos Aires?

Mari Munhoz: Morar na ZL é um orgulho pra todo corintiano: quando ganha, é mais festa que ano novo, é rojão estourando, cachorrada latindo, a molecada dorme tarde. Foi empate sofrido, mas por mais que a vizinhança anti-festa reclamasse, a gente matou a cachorrada a grito, até ficar rouco. Teve corintiano que nem foi trabalhar dia seguinte. Lindo!

O que passou na sua cabeça quando o Diego Souza esteve cara a cara com Cássio?

Lelia: Bo-las, bolas e mais bolas...o relógio não anda...de repente, fecho os olhos e coloco mi-nhas mão sobre eles: fodeu, pen-sei...mas não escuto rojões. Ufa, ainda somos nós...

Qual o grande tema musical para esta consagração alvinegra em 2012?

Daniel Peixoto: Mano, eu fecho com All you Need IS Love dos Beatles. O Coringão desde o início, não contra o Táchira, mas em 1910, soube fazer dos jogos um momento de sintonia amorosa.

Qual sua opinião sobre a saída de Júlio César no decorrer da competição?

Waleska: Júlio César é uma pessoa como outra qualquer, com defeitos e qualidades como atleta e como homem. Para ele, assim como para todos nós, há fases boas e ruins. Culpar um só jogador pela perda de um campeonato (ou jogo) é estupidez. Mas sim, precisa de um tempo, e quem sabe de outra chance no futuro. Cássio é bem vindo. Que sua boa fase perpetue por muitas temporadas. E que tenha a raça do nosso Júlio, prata da casa.

Podemos dizer que o Boca ficou em choque no Pacaosembu?

Dri: E eis que o temido Boca Juniors tremeu na base. Eram um bando de loucos apaixonados, na ânsia de sua primeira Libertadores e com a confiança daqueles que sabem que chegou a hora. Pense! E não deu outra. O Poderoso Timão Alvinegro levou a melhor e ainda dançou o tango da Vitória Libertadora Corinthiana Brasileira na cara da Sociedade Boca Juniors Argentina.

Você vê alguma semelhança deste time com algum do passado?

Celso U.: Acho que jamais tivemos um time tão aplicado taticamente. Mas em alguns momentos a equipe lembra, sim, a garra de 77 e 90. Só senti falta, mesmo, de um ídolo, como foram Basílio e Neto, que no fim das contas acabou sendo o Romarinho.

Nicolau, qual o ponto mais forte do técnico Tite?

Maquiavel: O Tite é tudo aquilo que venho dizendo desde os tempos de César Bórgia: um homem de virtú. Ou, como se diz na linguagem dos jovens, um zica da balada. O cara que sabe aproveitar o bom momento. A fortuna (sorte) sorriu, quando o Corinthians venceu o palestra logo após a tragpédia colombiana. Ali, Tite soube aproveitar o bom momento, mandou um psicológico e o resultado é o principado da América.

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10 A PedAgogiA CorinthiAnistA • Ano II • nº 04 • 1-13 de Agosto de 2012 CURTA: JORNAL A PEDAGOGIA CORINTHIANISTA

cronicamente corinthians

Raul (velho editor e parceiro de cor-reria) e eu saímos da redação ape-nas para descobrir o que o Doutor Sócrates pensava sobre tanta gente

vivendo com vergonha de não ter dinhei-ro. Encontramos com ele em uma coxia qualquer no prédio da TV Cultura e não ti-vemos tempo de bancar os estagiários de jornalismo. O cara vinha acompanhado de Juca Kfouri e Xico Sá, dois periodis-tas de responsa no futebol. Nenhum deles deu a mínima pra gente, mas ficaram por ali, zanzando. Estavam afim de pizza e futebol na TV, escutando de vez em quan-do a nossa conversa. Daí, Dom Raulito me manda essa pergunta logo de cara: “Só-crates, você se considera o maior rebelde do futebol brasileiro?”. E o Doutor responde: “Primeiramen-te, eu nunca fui um rebelde. Sempre tive uma causa e, por isso, me considero um revolucionário”.Vixe. A velha guarda do jornalismo se entreolha e solta o riso mudo do sarcasmo. “Esses garotos estão fodidos na mão do Sócrates”. Tava escrito na cara deles. Mas a gente não era tão ruim assim. Um pouco distraídos na verda-de, porém não tão babacas. Fomos me-lhorando no transcorrer da entrevista e, no fim de tudo, tivemos uma hora de aula grátis sobre a Revolução Cuba-na. Coisa linda.Tive vontade de chamá-lo pelo apelido de Magrão na pergunta der-radeira, mas me contive. Tava na cara que quem fazia aquilo era mais chegado a ele. Eu apenas disse: Bessa Luna: Doutor, com tanta câmera em campo, como será possível jogar bola e pensar ao mesmo tempo hoje em dia? Sócrates: A solução é jogar com nove na linha. Mas isso eu te explico mais tarde se você quiser me en-contrar no bar. Vocês dois falam demais, precisam beber.

Então fomos beber. Quando vimos, estávamos na terceira dose de cachaça. O Doutor não. Ele se mantinha sóbrio e fiel à cerveja. Interessou-se pelas palavras apaixonadas do meu amigo Raul e discu-tiu acalorado com ele. Tudo com a mesma elegância com a qual caminhava em cam-

po. Sócrates mantinha sempre esse ar de apaixonado. Uma inspiração o pegou de jeito no meio do boteco e de primeira ele escreveu uma poesia no guardanapo. Em seguida, um grupo de italianos fanáticos lhe paga uma bebida:Raul: Sócrates, você sempre foi tão amado?Sócrates: Não. Raul: A torcida do Corinthians, por exem-plo... sempre te idolatrou.Sócrates: Nem sempre. No começo, quando eu comemo-rei meus primeiros gols com aquele gesto (ele levanta o braço direito, mostrando

como fazia), a torcida entendeu que eu não ficava feliz com o gol, que estava de pouco caso. M a s , na verdade, eu

estava fazendo um protesto. No

campo, quando se dá um passe ou

um drible, é como se fosse num palco: tudo

expressão corporal. Naquela noite me sen-ti próximo aos deuses. Realmente parece que há uma aura sobre es-ses caras, os craques. Quando você chega

p e r t o deles pensando que está preparado para não se impressio-

nar, eles mostram como são raros. Não esperávamos que nosso encontro com o Sócrates fosse render tantas palavras. Mas o Magrão nos provou o tamanho da semelhança entre mundano e divino. De fato, até no caso dele, a bebida entra e as palavras saem:

Bessa Luna: E o Romário? Sócrates:

O que que tem ele?Raul: Jogava muito...Bessa Luna: ...Mas agora é político.Raul: Pode crer. Você espera alguma

coisa dele?Sócrates: Não mesmo. Tenho cer-

teza de que o Romário tem muita perso-nalidade. Ele bateu de frente com muita gente e eu gosto quando ele se garante. Mas ele nunca foi orientado. Não acho

que ele seja diferente só porque é joga-dor famoso. Assim como para a maioria dos brasileiros, a ele também faltou esco-la. Sem educação ninguém desenvolve o pensamento crítico.

Ele disse isso lá pelas três da ma-

nhã. Nós ficamos até as sete. Não que o nossos bolsos de jornalista estivessem tão apetitosos. Na verdade, a nossa maior preocupação era disfarçar a noitada em frente a um computador na redação. Xico Sá ainda estava lá e, sabiamente, confiou ao Magrão a tarefa de dividir a conta en-tre nós:

Sócrates: Alguém pode me dar uma carona?

Raul: Com certeza...Bessa Luna: Fica tranqüilo que a gen-

te te leva.Xico Sá: Eu vou de táxi.Sócrates: Como assim? Eu não vou

sozinho com esses caras.Xico Sá: Pô, Magrão. Meu táxi ta

indo pra outro lado...Sócrates: Tudo bem, eu posso pegar

outro.Raul: Tem certeza, Doutor? Não quer

ir mesmo com a gente?Sócrates: Nem um pouco. Vocês têm

cara de moleque. Nunca dirigiu bêbado, certeza.

Eu também não confiava muito no Raul bêbado. Preferi dormir no banco do passageiro e só acordei na redação do jornal. Tudo correu bem. O único a re-clamar foi o chefe. Eu estava com a cara apagada em cima da mesa de trabalho quando ele chegou. Uma semana depois eu estava demitido. Na certa ele estava procurando um motivo para fazer isso. E eu, por outro lado, confesso que estava procurando um jornal menos careta para falar de futebol.

Nota do Editor: E encontrou, Mr.

Bessa Luna.

Uma noite do além com dr. sócrates

por magdalena carmen calderón

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Verbo: sonharGerúndio: sonhando | Particípio passado: sonhado

Subtraia e descubra quantos anos o Coringão precisou para erguer o caneco, de maneira invicta, da Libertadores.

PRESENTEeu sonho tu sonhas

ele/ela sonha nós sonhamos vós sonhais

eles/elas sonham

PRETÉRITO PERFEITOeu sonhei

tu sonhasteele/ela sonhou

nós sonhámos / sonhamosvós sonhastes

eles/elas sonharam

PRETÉRITO IMPERFEITOeu sonhavatu sonhavas

ele/ela sonhavanós sonhávamos

vós sonháveiseles/elas sonhavam

PRET. MAIS-QUE-PERFEITOeu sonharatu sonharas

ele/ela sonharanós sonháramos

vós sonháreiseles/elas sonharam

FUTURO DO PRESENTEeu sonhareitu sonharás

ele/ela sonharánós sonharemosvós sonhareis

eles/elas sonharão

CONDICIONAL - FUTURO DO PRETÉRITOeu sonhariatu sonharias

ele/ela sonharianós sonharíamos

vós sonharíeiseles/elas sonhariam

PRESENTEque eu sonheque tu sonhes

que ele/ela sonheque nós sonhemosque vós sonheis

que eles/elas sonhem

PRETÉRITO IMPERFEITOse eu sonhassese tu sonhasses

se ele/ela sonhassese nós sonhássemos se vós sonhásseis

se eles/elas sonhassem

FUTURO quando eu sonharquando tu sonhares

quando ele/ela sonharquando nós sonharmosquando vós sonhardes

quando eles/elas sonharem

AFIRMATIVOsonha tu

sonhe vocêsonhemos nós

sonhai vóssonhem vocês

NEGATIVOnão sonhes tu

não sonhe vocênão sonhemos nósnão sonheis vós

não sonhem vocês

INFINITIVO PESSOALpara sonhar eu

para sonhares tupara sonhar ele/elapara sonharmos nóspara sonhardes vós

para sonharem eles/elas

Muito antes de Dimas se arrepender da sua vida de função, o mundo

já havia conhecida o primeiro homem considerado como Vida Loka. Diógenes de Sínope, tam-bém conhecido como Diógenes, o Cínico, levou por onde passou a bandeira do corinthianismo. Em um episódio muito famoso, Alexandre da Macedônia teria lhe oferecido metade de seu rei-no. Diógenes repondeu pedindo que o mesmo saísse da frente do sol. Assim como para o corinthia-

nista basta a existência do Corin-thians, sem necessariamente uma Libertadores ou um Estádio, para Diógenes bastava o viver a vida. Sua aversão aos ricos, a mesma que levou a fundação do Time do Povo é resumida em sua famosa frase: “Na casa de um rico não há lugar para se cuspir, a não ser em sua cara. Morou por um tem-po em Corinto e por lá faleceu em 312 de A.C. Estudiosos diver-gem sobre sua última fala, mas te-ria sido ele o criador da popular expressão Vai Corinthians!

Se vai tentar

siga em frente.

Senão, nem começe!

Isso pode significar perder namora-das

Esposas, família, trabalho...e tal-vez a cabeça.

Pode significar ficar sem comer por dias,

Pode significar congelar em um parque,

Pode significar cadeia,

Pode significar caçoadas, desola-ção...

A desolação é o presente

O resto é uma prova de sua paciência,

do quanto realmente quis fazer

E farei, apesar do menosprezo

E será melhor que qualquer coisa que possa imaginar.

Se vai tentar,

Vá em frente.

Não há outro sentimento como este

Ficará sozinho com os Deuses

E as noites serão quentes

Levará a vida com um sorriso perfeito

É a única coisa que vale a pena.

indicatiVo

conJUntiVo (sUbJUntiVo br)

imPeratiVo

dióGenesO PRIMEIRO VIDA LOKA DA HISTÓRIA.C

saindo da mira da PolÍcia

Charles Bukowski ( Andernach, 16 de Agosto de 1920 – ± Los Angeles, 9 de Março de 1994) nasceu na Alemanha, mas morou praticamente a vida toda nos Estados Unidos - mais precisamente em Los Angeles (Califórnia). Seu pai, ao melhor estilo filho da puta, descontava suas frustrações surrando o jovem escritor. Sofredor, Buskowski passou maus bocados em empregos mal remunerados, sempre na companhia da bebida e dos livros. É de longe, um dos maiores escritores que o mundo já pariu. Misto Quente, seu livro autobiográfico, é uma ótima pedida para você que divide boa parte da sua vida, nos trilhos do metrô. E custa merreca, em Sebos e nas bancas de jornais.

história Geral

lÍnGUa PortUGUesa aritmética

Poesia

2012 1977

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