A PÁGINA EM BRANCO

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PÁGINA EM BRANCO Na presença de uma folha em branco discorremos com facilidade, a dificuldade que temos para a preencher. Parece-nos que algures na nossa imensa mente existe um mundo infinito de ideias que queremos deitar cá para fora. Mas não, na presença de uma folha em branco o que nos surge é o terror do sentimento do vazio que é a constante da nossa vida. É a escuridão que existe, em todos os lugares de luz que, insistimos em fingir que percorremos, é o desespero dos outros que insistimos em ignorar, é a dor que provocamos naqueles que insistimos em continuar a amar. Soltam-se as palavras sem nexo como se de uma dissertação inteligente se tratasse, enquanto á nossa volta a ignorância e a mentira ronda, como uma realidade de todo impossível de questionar porque entre a inteligência e a capacidade que temos de a fingir há uma barreira tão ténue que a verborreia sem sentido se confunde com a reflexão mais cientifica e profunda do que quer que seja. A sensatez e os pensamentos lógicos perdem a importância ao lado das mais estapafúrdias considerações porque não nos deixam quaisquer duvidas e assim nas nossas mentes pretensiosas aquilo que facilmente entendemos não é digno de

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PÁGINA EM BRANCO

Na presença de uma folha em branco discorremos com facilidade, a dificuldade que temos para a preencher. Parece-nos que algures na nossa imensa mente existe um mundo infinito de ideias que queremos deitar cá para fora.

Mas não, na presença de uma folha em branco o que nos surge é o terror do sentimento do vazio que é a constante da nossa vida. É a escuridão que existe, em todos os lugares de luz que, insistimos em fingir que percorremos, é o desespero dos outros que insistimos em ignorar, é a dor que provocamos naqueles que insistimos em continuar a amar.

Soltam-se as palavras sem nexo como se de uma dissertação inteligente se tratasse, enquanto á nossa volta a ignorância e a mentira ronda, como uma realidade de todo impossível de questionar porque entre a inteligência e a capacidade que temos de a fingir há uma barreira tão ténue que a verborreia sem sentido se confunde com a reflexão mais cientifica e profunda do que quer que seja.

A sensatez e os pensamentos lógicos perdem a importância ao lado das mais estapafúrdias considerações porque não nos deixam quaisquer duvidas e assim nas nossas mentes pretensiosas aquilo que facilmente entendemos não é digno de

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credibilidade, porque se o entendemos não é especial, já que nos consideramos incapazes de entender o que nos rodeia com a real simplicidade que isso tem.

São as nossas poderosas e ignorantes mentes como crianças que admiram mais aquilo que não entendem do que aquilo que já entenderam e que é realmente o que os faz estar vivos. A criança admira a capacidade do adulto de estar erecto e caminhar até ao momento em que o consegue fazer, a partir desse momento o acto que antes admirava deixa de ter valor e a criança nem percebe qer desse facto resulta a sua possibilidade de viver e ser independente.

É deste modo que o mundo encara a inteligência, admira-a nos outros quando pensa que não a tem porque não os entende com facilidade e não percebe que é essa inteligência que tem que o faz distinguir atitude inteligente ou consideração inteligente da tal verborreia.

Admirar o que não entendemos é a forma mais fraca de mostrar a nossa própria capacidade de ser inteligente, ao ponto de não ser capaz de dizer – não entendo, porque não faz sentido, e não porque é demasiado bom para alguém como eu ser capaz de entender - devemos exigir o verborreico, que dita lérias com a facilidade com que nós acendemos um isqueiro, que seja capaz de as explicar de modo a que qualquer um as possa entender e sem que as diferentes interpretações não sejam incoerentes.

Assim se ele for capaz de o fazer estamos perante uma inteligência verdadeiramente superior mas que poderemos sempre alcançar com o exercício da humildade e do reconhecimento de alguma falta de informação, caso contrario estamos perante uma fraude que usa a nossa inata queda para a admiração do diferente para nos fazer acreditar que são superiores a nós.

Poderemos fazer a experiência ao recuar no tempo.

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No início do mundo sempre existiram seres superiores por razões várias, poder, instrução, estatuto e ainda pela diferença que apresentavam perante o comum dos mortais. De certeza que não queremos convencer ninguém que a capacidade de desenvolver a inteligência é só prorrogativa de alguns seres iluminados, não o que aconteceu no passado foi precisamente a capacidade que alguns tiveram de fazer crer aos outros que ser não os entendiam não mereciam o mesmo crédito e como tal eram seres inferiores.,

Todos sabemos que há génios mas se observar-mos bem os seus percursos podermos ver que partes importantes das suas vidas foram completamente por eles ignoradas e destruídas, porque eles tal como nós só tem a percentagem normal de capacidades, assim para superarem o comum mortal em qualquer coisa tem que deixar para trás todas as outras.

Daqui concluo que o comum dos mortais é o maior dos génios, se conseguir superar todos os desafios da vida sem deixar nenhum para trás e deixar de idolatrar os falsos deuses que por muito bons que sejam acabam por nos limitar a querer ser como eles e a ignorar as nossas próprias identidades correndo nós o risco de nos anularmos e não deixarmos sair cá para fora o nosso próprio génio.

Assim sempre que admirar-mos alguém devemos analisar juntamente com os que admiramos as nossas próprias capacidades de argumentação ás suas afirmações e não as termos como verdades únicas, porque muitas vezes somos nós os donos da verdade, realidade que sem querer acabamos por ignorar deixando que nos manipulem e nos coloquem para baixo.

Agora desta minha verborreia, desafio qualquer um que não me entenda, a obrigar-me a explicar, e não a ficar admirado com as frases mais complicadas ou com as palavras mais difíceis

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que podem ter sido utilizadas só para preencher esta folha em branco.

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A equação da vida

Quando nos perguntamos o que esperamos da vida, a resposta é sempre as mesma: - o melhor possível , saúde e o resto vem por acréscimo.

Mas afinal verificamos que não é nada disso que queremos, somos obrigados a admitir que trocávamos alguns dias num hospital, por um ano sem preocupações financeiras, um casamento feliz e sem crises e uma felicidade sem obstáculos.

Afinal aquela teoria da saúde ser suficiente, não é mais que uma maneira de fingir quer aquilo que desejamos para nós não é nada altruísta, mas é tão egoísta como todos os seres ao cimo deste planeta.

Todos querem ser felizes, ricos , amados e não necessariamente por esta ordem.

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Nem sempre se estabelecem limites nas ambições e desse modo, passamos por vezes por cima de pessoas que ignoramos completamente, para que o sentimento de culpa não nos trave as ambições. Não importa a destruição e a amargura que deixamos para trás, são só os nossos objectivos que interessam.

Aplica-se esta teoria em todas as situações da nossa curta vida, é na escola , no emprego , na família, no amor em suma,apesar de apregoar-mos aos sete ventos a nossa intenção de ser-mos as melhores pessoas do mundo e nos satisfazer-mos com o pouco que a vida nos der, nunca vamos estar satisfeitos com esse pouco, queremos sempre mais seja á custa do que for e se por ventura o que temos nos é tirado, então é o caos.

Porque tivemos ou não culpa nisso, porque não sabemos para onde nos virar e nem em quem confiar.

A partir dessa altura o mundo fica cheio de fantasmas e de seres que nos perseguem com o único objectivo de nos atingir e de nos magoar. Vamos passar a caminhar neste mundo como fugitivos dos nossos próprios medos e deixando que eles comandem a nossa vida. Cada dia que passa é para nós uma provação e uma tarefa hercúlea de concluir.

Então o que fazemos depois de passar o choque?

Vamos analisar o que se passou e muito fortes!...enfrentamos os medos e fingimos que não sofremos para conseguirmos caminhar em frente sem cair na tentação de ter-mos pena de nós próprios, vamos passar a criticar-nos com maior intensidade e tentamos ser o melhor que conseguir-mos, tentamos

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conquistar de volta o que perdemos e vamos fazê-lo sem olhar a meios como aqueles que nos fizeram mal também fizeram.

Convencidos que estamos, que temos esse direito, lutamos duramente por uma outra oportunidade de recuperar a felicidade perdida. Mas essa luta faz parte de uma equação com muitas variáveis, que se movimentam nessa mesma equação sem a objectividade matemática, mas com a subjectividade humana, e desse modo muitas vezes fazemos cálculos e a equação nunca mais se resolve; o resultado é um infinito de soluções que damos a cada variável um dia de cada vez até se conseguir a combinação certa dos resultados de todas a variáveis em simultâneo, isso pode demorar horas, dias, meses, anos … o tempo que durar a nossa paciência e a nossa capacidade de raciocinar e amar ao mesmo tempo, mais um dia que se passa na vida do comum mortal, que parece o final de um mundo que nos parecia certo e que ao fim se revela mais uma má combinação de resultados na equação da vida.

É mais um dia em que nos deitamos sem saber se vamos acordar e o que nos espera na próxima manhã, mas em que antes de dormir analisamos mais do que uma vez cada variável e esperamos que novo nascer do sol nos traga o resultado certo para podermos voltar a viver.

Até essa altura, vai ser uma sequência de dias e de cálculos sentimentais até a um resultado que se quer positivo na equação da vida .

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conquistar de volta o que perdemos e vamos fazê-lo sem olhar a meios como aqueles que nos fizeram mal também fizeram.

Convencidos que estamos, que temos esse direito, lutamos duramente por uma outra oportunidade de recuperar a felicidade perdida. Mas essa luta faz parte de uma equação com muitas variáveis, que se movimentam nessa mesma equação sem a objectividade matemática, mas com a subjectividade humana, e desse modo muitas vezes fazemos cálculos e a equação nunca mais se resolve; o resultado é um infinito de soluções que damos a cada variável um dia de cada vez até se conseguir a combinação certa dos resultados de todas a variáveis em simultâneo, isso pode demorar horas, dias, meses, anos … o tempo que durar a nossa paciência e a nossa capacidade de raciocinar e amar ao mesmo tempo, mais um dia que se passa na vida do comum mortal, que parece o final de um mundo que nos parecia certo e que ao fim se revela mais uma má combinação de resultados na equação da vida.

É mais um dia em que nos deitamos sem saber se vamos acordar e o que nos espera na próxima manhã, mas em que antes de dormir analisamos mais do que uma vez cada variável e esperamos que novo nascer do sol nos traga o resultado certo para podermos voltar a viver.

Até essa altura, vai ser uma sequência de dias e de cálculos sentimentais até a um resultado que se quer positivo na equação da vida .