A oração nos escritos de samz
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“Eis que estou à porta e bato: se
alguém ouvir a minha voz e me abrir
à porta, entrarei em sua casa e
cearemos, eu com ele e ele comigo”
(Apocalipse 3:20).
Noviço: CRISTÓBAL ÁVALOS ROJAS
A ORAÇÃO NOS ESCRITOS DE SAMZ
O objetivo neste breve artigo será ver como SAMZ entendia a Oração, da
mesma forma procuraremos algumas sugestões dele para melhorar a experiência de
Deus, efetivamente estas poucas páginas não abarcarão todo o pensamento do
Reformador.
1. Fundamento
Em primeiro lugar será indispensável encontrar o fundamento da existência
humana, o qual se pode notar claramente na intuição de SAMZ: “É necessário unir-se a
Deus, elevar a mente, fazer oração e, mais ainda, contemplar”, (cf. 20324), de ali se
deduze que o zaccariano tem seu fundamento na relação intima e na unidade com Deus,
isto é, ser uma pessoa implicada com a realidade (desde os olhos de Deus) sem evadir
sua vivencia concreta, essa atitude permite considerar a realidade como uma
oportunidade.
De fato, nesse mesmo princípio se ressalva a expressão de Deus no último dia da
criação em Gênesis 1:26: “Façamos o homem à nossa imagem conforme a ,(םלצ)
nossa semelhança מ) ,”(תוד em termos simples fomos feitos para parecermos com
Deus, somos capacitados para viver em comunhão com Ele. No Éden, o primeiro
relacionamento do homem foi com Deus.
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2. Contemplativos na ação
SAMZ da uma chave para a vida espiritual desde a Carta 3, destinado à Carlos
Magni advogado e provavelmente comerciante, do grupo bíblico “Amizade”, verifica-se
como o Reformador dos costumes não fica preso somente num modo de orar, primeiro
porque a oração não se pode somente dimensionar na espiritualidade de devoções e
praticas externas (terço, ladainha, oficio, etc.). Segundo, orar não é ficar separado do
mundo (fuga mundi) tendo medo a viver no mundo, ou seja, levando uma
espiritualidade intimista. Terceiro, a oração não é um sentimentalismo místico, uma
procura extremada da paz interior.
O pai Antônio expressa ao respeito da atitude contemplativa: “A segunda coisa
que o ajudará a viver o que eu disse antes e trará para você mais e mais graças de Deus,
é a frequente elevação da mente (contemplação). Caro amigo, a elevação da mente é
necessária, pois onde há maior perigo e se trata de coisas mais importantes, é aí mesmo
que o cuidado deve ser maior e a atenção redobrada”, (10307), confira-se como segundo
SAMZ é possível encontrar a Deus, assim as coisas e atividades deste mundo não
podem impedir a contemplação de Deus, pelo contrário Deus se revela trabalhando e
acompanhando ao ser humano.
Certamente um modo de entrar em oração é tomando cuidado e prestando
atenção nos acontecimentos do mundo. É possível encontrar a Deus nas dificuldades e
contrariedades, pois o mundo é a nossa casa.
De fato toda oração nos deve impulsar à ajuda do próximo como serviço a Deus
mesmo, “corramos como loucos não só para Deus, mas também para o próximo, pois é
o próximo que recebe tudo aquilo que não podemos dar a Deus, porque Ele não precisa
de nossos bens” (10216).
O mesmo evangelho fala: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’,
entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos
céus. (Mt 7:21) A oração, para que seja autêntica, deve ir acompanhada pela luta
contínua por cumprir a vontade divina. Do mesmo modo, para cumprir essa vontade não
basta falar das coisas de Deus, mas é necessário que haja coerência entre o que se pede -
o que se diz - e o que se faz.
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“E, por assim dizer, se até na distração, o home se une a Deus” (10305).
3. Posturas para orar
Na oração tudo o ser se dirige a Deus. De fato, o ser humano não é só espirito
como os anjos... Fomos constituídos de carne e osso, portanto existem
condicionamentos e forças a considerar no processo de oração.
Observe-se o coração livre para adotar a postura corporal mais favorável:
“Deitado na cama, ajoelhado, sentado, ou de qualquer outro jeito que você quiser”,
(10303), com certeza, para SAMZ é mais importante ter a intenção pura e reta no
momento de orar, si encontramos um bom sentimento de joelho, então fantástico, si
achamos o que procuramos sentado, igualmente muito bem, no entanto o extraordinário
em tudo o exercício é estar satisfeito por encontrar a vontade de Deus.
Alhas, a Bíblia não prescreve nenhuma postura única para a oração. Embora
ajoelhar-se seja sem dúvida apropriada e mostre reverência, parece que o importante
não é tanto a posição física, mas a atitude mental. Que sempre nos lembremos disso.
4. Personalidade humana e a oração
A experiência humana e consequentemente a cristã é dinâmica, assim
cotidianamente vivemos coisas novas agitando com a nossa existência, em nós existe
firmeza, decisão, capacidade de mudanças, insatisfação com o mal. Falta de firmeza,
indecisão, instabilidade, tristeza consigo mesmo, irritação, superficialidade, frieza
espiritual, tibieza (Escritos Cartas, p. 9).
Por algo natural a gente pode amar as coisas do mundo ou cair na luxuria e
vaidade para assim ficar com o que é confortável. De fato, tudo isso si não é ordenado
ou controlado traz problemas.
Temos tendência à desordem e não escapamos dela, mas temos também a
capacidade de anotar e conhecer bem quais são as nossas tendências baixas que nos
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afastam de Deus e da vida saudável, logo podemos usar método agere contra – o que
significa agir contra.
Reconhecendo toda a realidade do homem o convite é permanecer na presença
de Deus, já disse o salmo 139, 1-2.7: “SENHOR, tu me sondaste, e me conheces.
Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. Para
onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face?”, o Pai é misericordioso e
está disposto a recebermos (Lc 15, 11-21). Deus da ao homem a capacidade de tomar
consciência de seus atos, oferecendo qualidades para melhorar e crescer gradativamente
a través dos meios eficientes como a Palavra de Deus, os Sacramentos, a Liturgia, Obras
de Misericórdia, Grupos de vida, a Oração, etc.
5. Oração e compromisso
Santo Antônio como mestre de oração e conhecendo bem a natureza humana
observaria que é enganoso viver rezando sem ter compromisso concreto com a vida dos
outros, “Como escreveria com muito prazer para sempre fiel D. Lucrécia, mas não dá.
Digam a ela: desejaria que ela ficasse parecida comigo: quer dizer, que não cuide só do
seu progresso espiritual – o que seria muito pouco – mas que se comprometa para que as
outras aproveitem do mesmo jeito que ela” (10611), certamente o aprofundamento da
verdade divina não pode estar desligo da práxis (ora et labora et legere).
6. Paciência e diligencia
É recomendável examinar a vida de oração de maneira cotidiana, poder ver
somente o progresso na medida em que sejamos pacientes e constantes na prática
espiritual.
No entanto é responsabilidade da pessoa tratar de colocar todos os meios para
fazer bem o exercício, um dos motivos da falta de crescimento poderia ser a própria
negligencia ao respeito SAMZ expressa: “Ora, caríssimos irmãos, nem me passa pela
cabeça que Deus seja culpado do pequeno crescimento que nós temos na vida espiritual,
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a não ser que Ele permita que isso aconteça!” (20101), então quando na dinâmica
espiritual não se observa progresso é bom colocar maior diligencia e crescer na
paciência.
Diante das próprias limitações e condicionamentos devemos fazer o “oppósito
per diametrum”, isto é demostrar diligencia e forte reação ao mal.
7. Horas canónicas e ambiente
No capítulo1 das Constituições recomenda-se aos barnabitas ter um cuidado
especial às horas canónicas e comunitárias, disse: “Todas as horas sejam rezadas de
maneira lenta e cuidadosa, sem canto e sem órgão, mas façam esforço para que seja com
toda devoção” (30101), de fato o ambiente influiria também no momento de rezar em
comum o pessoal, o Fundador pede ao respeito: “Nossas capelas sejam humildes e
pobres, sem esculturas, sem tapetes, sem cortinas de seda e com uma torre baixinha, que
não ultrapasse mais de dois metros do telhado. Façam-se imagens não sofisticadas, mas
que despertem devoção” (30104).
8. Cristo é nosso Mestre de oração
Como participantes da espiritualidade zaccariana nós temos como Mestre de
Oração a Cristo, de fato o Reformador faz menção e demostra quem é o seu centro e
guia na vida espiritual “E Ele mesmo padeceu continuamente frio e calor, fome e sede e
ficava, muitas vezes, em oração noites inteiras” (Lc.6,12) (20413)
Admitimos que Jesus orasse na sua língua materna, chama a Deus de ´Abba, em
aramaico, assim como no momento da Cruz conforme Mc 15,34: “E a hora nona Jesus
bradou em alta voz: Elói, Elói, lammá sabactáni?, que quer dizer: Meu Deus, meu Deus,
por que me abandonaste?”. Afastou-se do tradicionalismo modo de orar da sua época
em que os homens instruídos rezavam na língua hebraica.
O ensino de Jesus sobre a oração se deu baixo instruções especiais aos
discípulos: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mt
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7,7), sem dúvida, a oração deve ser perseverante e feita com toda confiança, Deus
ouvirá. Assim, o espirito será fortalecido na espera do Reino de Deus. Ao mesmo
tempo orar nos permite estar conscientes do tempo da salvação oferecida gratuitamente
por Deus.
9. Oração e discernimento
A espiritualidade zaccariana tem como objetivo nos colocar em atitude de
discernimento. Vivemos o que rezamos.
Notemos o que recomenda SAMZ no capítulo XVIII das Constituições para ser
reformador dos costumes: “É preciso que você ame muito a Meditação e a Oração. A
Meditação e a Oração frequentes ensinam a empreender o trabalho de conduzir os
outros pelo seu caminho. A oração impede de errar a quem quer andar e conduz com
grande facilidade quem quer progredir” (31814), Isto nos leva a deduzir que Antônio
Maria, por sua vez, tinha o dom do discernimento porque sempre quis ser iluminado por
um instrumento espiritual, e que soube, vigilante, escutar e discernir a ação do Espírito
Santo.
E como a Oração e a Meditação trazem a luz, ninguém assuma a
responsabilidade de guiar os outros, se lhe faltarem essas luzes. A Oração e a Meditação
mantêm o homem forte diante de Deus e, por isso, ele sabe o que convém fazer ou
deixar de fazer. Ninguém pense que pode guiar os outros se for cego; dessa maneira,
todos os dois cairão no buraco (Mt.15,14), (31815) A sua vivência promove a
experiência dinâmica que vai além da simples doutrina, formulação ideológica ou
código moral. Nenhuma experiência de Deus no mundo é casual. No entanto toda
vivência de fé deve ser atentamente diagnosticada. O processo de discernimento bem
conduzido evita o fracasso. A interpretação da presença de Deus é uma atividade
preciosa porque é importante a pessoa não cair no erro ou acreditar em falsa profecia.
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10. Direção espiritual e oração
Santo Antônio Maria Zaccaria, na 1ª Carta, dirige-se ao Frei Batista de Crema,
frei dominicano, seu orientador espiritual, fundamental no seu itinerário espiritual, ao
longo do qual muito o ajudou para crescer com mentalidade aberta às necessidades
eclesiais do séc. XVI.
11. Tempo e oração
“Faça suas orações pela manhã, à tarde, em qualquer hora, preparando-se antes,
ou de acordo com a ocasião” (10303), Já no Kairós, que significa "o momento certo" ou
"oportuno", enxergamos a ação de Deus na nossa vida, e por isso, a realização ocorre
com o nosso esforço e com a confiança (fé) na intervenção Divina. No Chronos, a ação
e imediatista, é o homem agindo com os seus meios para atingir seus objetivos, Quando
as pessoas não usam de qualquer artifício para conquistar o que querem e quando
conquistam percebem que aquilo não os preenche como sonhavam, resta um vazio.
Por isso, o chamado do Apóstolo Paulo aos Colossenses 4:2 que diz: "Perseverai em
oração, velando nela com ação de graças”.
12. Modo e conteúdo
Experimente, então, meu caro amigo, dialogar familiarmente com o Cristo
Crucificado, por um espaço de tempo curto ou longo, conforme a oportunidade, como
você falaria comigo – e converse com Ele sobre suas coisas e também Lhe peça
conselhos, sejam quais forem os assuntos: pessoais, materiais, seus ou dos outros
(10306), por conseguinte se ora a própria vida, o cotidiano, não é coisa de outro mundo,
santo Antônio nos tira de todo idealismo e ilusão, de maneira que oração e vida vão
juntas para alcançar o progresso e unidade com Deus.
13. Exame particular
Os clássicos da espiritualidade cristã, desde os monges do deserto nos primeiros
séculos da nossa era, consideraram como método especial para educar a vontade, em
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outras palavras, para adquirir virtudes, vencer os vícios e terminar com os defeitos, o
trabalho cotidiano sobre a vida espiritual e afetiva.
A proposta de santo Antônio é um método simples, mas exigente, é
indispensável para quem deseja progredir na vida espiritual e para resolver conflitos
afetivos: “Ora, a terceira coisa é a seguinte: na meditação, na oração, nos pensamentos,
esforcem-se para conhecer os seus principais defeitos e, acima de todos, aquele defeito
que, como comandante geral, chefia os outros que existem em você” (10313).
Em resumo, aprendemos com o Médico das almas a ter cuidado da consciência a
cada dia, conferindo (comparando) semana com semana, e mês com mês, dia com dia;
procurando tirar proveito.
AUTOR:
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REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA
Bíblias:
Almeida corrigida e revisada fiel ao texto original. Ed. Sociedade Bíblica
Trinitariana do Brasil 1994.
Bíblia de Jerusalém 2002
Bíblia Tradução Ecuménica.
Outros livros:
Constituições dos Clérigos Regulares de São Paulo
Escritos de Santo Antônio Maria Zaccaria