A ORAÇÃO E O RETRATO DO CARÁTER - uma igreja cristã · preguiçoso passe no vestibular negam em...

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Elias foi reconhecido como um homem de Deus e Eze- quias, como um rei fiel. O caráter de ambos foi afirma- do pela oração e pela confiança em Deus em momentos de crise. Em cada caso, suas orações foram apresen- tadas de acordo com a situação vivida, e deram uma definição do caráter deles. Eles oravam da forma como agiam, seus atos não contradiziam suas palavras. Da mesma forma, as orações de Paulo que encontramos em suas cartas, também revelam seu caráter e sua teo- logia. Basta um olhar atencioso para vermos em Paulo um coração pastoral, comunitário, resignado e entre- gue a Deus e ao seu povo, bem como um Deus que é o Soberano Senhor, que se revela a nós por meio do seu Filho e que voltará em glória e majestade. A oração pinta um retrato de Deus e de quem ora. Se prestarmos atenção na forma e conteúdo da oração, seja aquela que fazemos na igreja, publicamente ou em grupo, ou a que fazemos sozinhos no quarto, teremos um retrato muito fiel e real da igreja, nosso e daquilo que pensamos sobre Deus e sobre seu propósito para a igreja e o mundo. A ORAÇÃO E O RETRATO DO CARÁTER Provavelmente os pais que oram para que Deus dê uma mãozinha para que o filho preguiçoso passe no vestibular negam em suas orações o caráter justo de Deus, e se re- velam também como pessoas que pouco se importam com a justiça. Tornam-se capazes de atribuir a Deus a “bênção” de um negócio ilícito. E orações suplicando a Deus para que não chova apenas para não estragar a festa ou o penteado, as férias na praia ou o churrasco no sábado, revelam o caráter egoísta de quem ora e a concepção de um Deus que não passa de um mágico cósmico. Se queremos saber quem somos, o que pensamos sobre Deus, quais são nossas mo- tivações primárias e a raiz do nosso caráter, basta um olhar honesto para a nossa vida de oração, que revela tanto a teologia como a antropologia. Porém, a oração não apenas revela as distorções antropológicas e teológicas, mas também é a forma e o caminho para corrigir essas distorções. Pior do que orar errado é não orar. Enquanto permanecemos orando, temos a chance de ver nossa compreensão de Deus e de nós mesmos sendo transformadas.

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Elias foi reconhecido como um homem de Deus e Eze-quias, como um rei fiel. O caráter de ambos foi afirma-do pela oração e pela confiança em Deus em momentos de crise. Em cada caso, suas orações foram apresen-tadas de acordo com a situação vivida, e deram uma definição do caráter deles. Eles oravam da forma como agiam, seus atos não contradiziam suas palavras. Da mesma forma, as orações de Paulo que encontramos em suas cartas, também revelam seu caráter e sua teo-logia. Basta um olhar atencioso para vermos em Paulo um coração pastoral, comunitário, resignado e entre-gue a Deus e ao seu povo, bem como um Deus que é o Soberano Senhor, que se revela a nós por meio do seu Filho e que voltará em glória e majestade.

A oração pinta um retrato de Deus e de quem ora. Se prestarmos atenção na forma e conteúdo da oração, seja aquela que fazemos na igreja, publicamente ou em grupo, ou a que fazemos sozinhos no quarto, teremos um retrato muito fiel e real da igreja, nosso e daquilo que pensamos sobre Deus e sobre seu propósito para a igreja e o mundo.

A ORAÇÃO E O RETRATO DO CARÁTER

Provavelmente os pais que oram para que Deus dê uma mãozinha para que o filho preguiçoso passe no vestibular negam em suas orações o caráter justo de Deus, e se re-velam também como pessoas que pouco se importam com a justiça. Tornam-se capazes de atribuir a Deus a “bênção” de um negócio ilícito. E orações suplicando a Deus para que não chova apenas para não estragar a festa ou o penteado, as férias na praia ou o churrasco no sábado, revelam o caráter egoísta de quem ora e a concepção de um Deus que não passa de um mágico cósmico.

Se queremos saber quem somos, o que pensamos sobre Deus, quais são nossas mo-tivações primárias e a raiz do nosso caráter, basta um olhar honesto para a nossa vida de oração, que revela tanto a teologia como a antropologia. Porém, a oração não apenas revela as distorções antropológicas e teológicas, mas também é a forma e o caminho para corrigir essas distorções. Pior do que orar errado é não orar. Enquanto permanecemos orando, temos a chance de ver nossa compreensão de Deus e de nós mesmos sendo transformadas.

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A humilhação era o caminho para a humildade. Depois de adentrar as profundezas da impotência absoluta, seria impossível chegar ao cume da auto confiança.

Discursando para um grupo de pessoas na véspera da ordenação delas, ele escolheu a humildade como tema para a ocasião e seu discurso incluía os seguintes conselhos:

1. AgrAdeçA A deus, com frequênciA e sempre [...]. Agradeça a Deus, com atenção e admiração por seus privilégios sem fim [...]. Gratidão é um solo no qual o orgulho não cresce facilmente.

2. interesse-se por confessAr seus pecAdos. Certifique-se de julgar a si mesmo na presença de Deus: isso é o seu autoexame. Coloque-se sob o julgamento divino: isso é a sua confissão [...].

3. estejA pronto pArA AceitAr humilhAções. Elas podem doer terrivelmen-te, mas te ajudam a ser humilde. Pode ser que sejam humilhações insigni-ficantes. Aceite-as. Pode ser que sejam humilhações maiores [...]. Tudo isso pode ser uma oportunidade para estar um pouco mais próximo do nossocrucificado e humilde Senhor.

4. não se preocupe com stAtus [...]. Só existe um status com o qual nosso Senhor nos ordena a estar preocupados: o status de proximidade dele mesmo.

5. use seu senso de humor. Rir das coisas, rir dos absurdos da vida, rir de si mesmo e de seus próprios absurdos. Nós somos, todos nós, criaturas in-finitamente pequenas e burlescas dentro do universo de Deus. Você tem de ser sério, mas nunca ser cerimonioso, porque se você for cerimonioso sobre qualquer coisa, existe o risco de tornar-se cerimonioso com você mesmo.

O falecido Paul Tournier (1898-1986), conhecido médico e psicoterapeuta suíço, tornou-se famoso com seu livro The Meaning of Persons,3 e aplicou suas ideias em outro livro, Apredendo a Envelhecer:

• Somos chamados a nos tornar mais pessoais, a nos tornar pesso-as, a encarar a velhice com todos os nossos recursos pessoais.

• Temos dado prioridade às coisas e não às pessoas; temos constru-ído uma civilização mais baseada em coisas do que em pessoas. Os idosos são menosprezados porque são pura e simplesmente pessoas, cujo único valor está em ser pessoa e não mais no que produz.

DEPENDÊNCIA

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• Quando somos velhos [...], temos o tempo e as habilidades neces-sárias para um verdadeiro ministério de relacionamentos pessoais.

O próprio Jesus ensinou que a dependência cresce à medida que cresce-mos. Depois de sua ressurreição, ele disse a Pedro:

Quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres. João 21.18

João nos diz que as palavras de Jesus se referiam especificamente a Pedro e sua morte; porém, elas agregam um importante princípio relacionado ao envelhecimento.

Embora a independência seja apropriada em algumas circunstâncias, insisto na dependência como a postura mais característica de um discípu-lo radical. Cito novamente John Wyatt e sua eloqüente declaração sobre a prioridade da dependência: “O plano de Deus para nossa vida é que seja-mos dependentes”.

Viemos a este mundo totalmente dependentes do amor, do cuidado e da pro-teção de outros. Passamos por uma fase na vida em que outras pessoas depen-dem de nós. E a maior parte de nós irá deixará este mundo dependendo total-mente do amor e do cuidado de outros. E isso não é nenhum mal ou realidade destrutiva. E parte do plano, da natureza física que nos foi dada por Deus.

As vezes ouço pessoas idosas — incluindo cristãos, que deveriam ter mais en-tendimento —, dizerem: “Não quero ser um peso pra ninguém. Estou feliz em continuar vivendo enquanto puder cuidar de mim, mas se eu vier a me tornar um peso, prefiro morrer” . Isso está errado. Todos nós estamos destinados a ser um peso para outros. Você está destinado a ser um peso para mim e eu estou destinado a ser um peso para você. E a vida familiar, incluindo a vida da familia da igreja local, deveria ser de “responsabilidade mútua”. “Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo” (G1 6.2).

o próprio cristo provou dA dignidAde dA dependênciA. ElE nasceu como um bebê, totalmente dependente do cuidado da mãe. Precisou ser alimentado, trocado e apoiado para não cair. Mesmo assim, ele nunca perdeu a digni-dade divina. E no final, na cruz, ele mais uma vez tornou-se totalmente dependente, com os membros perfurados e esticados e incapaz de se mo-ver. Assim, na pessoa de Cristo, aprendemos que a dependência não é, não pode, destituir uma pessoa de sua dignidade, de seu valor supremo. E se a dependência foi adequada para o Deus do Universo, certamente é apropriada para nós.

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PROGRAMADIA HORA CULTO

Qua 06:00 Oração MatutinaQui 19:30 Culto de Oração

Dom09:0010:0019:00

EBDPastoralCulto de Gratidão

LEITURA DA BÍBLIADom 20 SalmoS 113-117SEg 21 SalmoS 118-119TEr 22 SalmoS 120-125Qua 23 SalmoS 126-130Qui 24 SalmoS 131-134SEx 25 SalmoS 135-137Sáb 26 SalmoS 138-141

01. Pelo nosso País02. Para que Deus levante homens de bem para nos governar.03. Pelos nossos Pastores.04. Por salvação de Jovens.05. Pelos líderes do louvor.06. Por avivamento entre nós.07. Por nosso terreno.08. Pela Igreja em Newark.09. Por nossos trabalhos.