· • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA •...
Transcript of · • o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTÓRIA. PREMISSAS E BASES PARA UMA •...
bull
o USO DE DOCUMENTOS ESCRITOS NO ENSINO DE HISTOacuteRIA PREMISSAS E BASES PARA UMA
bull DIDAacuteTICA CONSTRUTIVISTA
bull
bull RLSUMO Ete lrtig) apresem lima propo -1 diditicI k liSO do d()ClIll1ento
escrito no ensino de hit(lrigt1 Para tanto parte de llll premissls
(Ira a SIW utilizaccedilatildeo A primeira reL1ciona-se com 1 nature1 e
signiticldo do dOl-llmento hist(nico c 1 segulldl um O
cOl1l1n 1111isso que (l prufessor ele histoacuteria dlT ter com slIllritica
docente Cielltes da importacircncia destas premisss () artigobull llITsenta lgUIl11S hase plrCl a utii=lCcedilZIO lleste meacutetoo diclitico qlle illllrprcte () )Clll11enl() Lerito dc lllllcIacutera dierCl ch posirivisr Com isu este artivo pretcllic IIIXiliu l) lrl)cssor
estimular curiosidade ilwestigativ1 e ampliu o desejo pelo
conhecimento dos estlldantes Este meacutetodo pretende ser 1111is
um rCCllrso que ljllclc o professor a tranSf(lrmar a sd1 ele aula
em um lugu de pruduccedil30 de cUlllecimellt(l ccnarbull UNITERMOS Priacutetica de ensillo de Hist(lril Meacutetodos didiacuteticos Uso
de coCl1l11cntm histoacutericos
Alguns prufcssores de Hist6ria tecircm percehido quc lt1
Hansrniss80 do conhecimellto 1180 pode mais enfatizar apena os
bull cunteuacutedos () professllr que (lhriga (l aluno a decuwr um
alll(l1Wado de nomes datas e conceitos parece nflO fazer n
mesmo sucesso que outrora As grandes explicaccedilotildees siacutentese como lo
(l cstrutuLdisnHl e (l mlfxisJ11O tem se 11()str1l1o igualmente
I [-istllritcur l)PlI[llr Professur cio Fnsinp FlIlllll1ncnwl de bcub Pmq1l (ZJ) E-mail ltptrlirantto(uhOI1l1li1comgt
143
I
artificiais e distantes da realidade do estudante Aleacutem disso a
apresenctccedil1u do processo hisli~ricu cumo uma seqiiC~ncia
ubrigatoacuteria e incontestjvel de lcontecimenLus ocorridus na
Eurota mesmo que associadus aos fatos ocorridos nu Brasil tem
se lllostradu ontrltIacuteria aos princiacutepius COl1strutivistas que Urlentam
os lttruais Par2unetros Cllrriculares Naciclllais Seguind() esta
diretriz (lficial o lluno deve ser visto como sujeitu do processo
educativo e natildeo mais comll depositaacuterio de um conhecimento jiacute
pn nto e ltLLahadu Sua lxleriecircnc ia e saber ltlUllllldados h) 1 lI1go
da vida passaram a ser reconheciLlos e valorizados Por Lstas
razotildees o liSO de ducumentos escritos no ensino de Histoacuteria tem
se tornadl ullla das l()ricas mlis correntes na sala de llb A lcllccedilatildeo deste recurso LliclltIacutetico relll condiccedil(les de estimuiar a
c uriosill ade in ves tiga ti va e o desej () pelo con hecimen to
transformando a sala de aula em um lugar de produccedilatildeo de
conhecinwnru escoLlr Alguns livrus didIacutetIacuteLc)s tem incluiacutedo a
anuacutelise de ducumentus entre suas atividades A introduccediluumlo deste
meacutetod) didaacutetico visa auxiliar o estudante a construir
-lmhecinlLlltu em hist()ri~
O lbjcrivo des drtigu eacute lprecircsentm ~dgllmas premissas
para a utilizaccedilatildeu do documellto escritu na aula de histoacuteria Que
premissas serillll estas A primeira relaciona-se cum a natllreza
e significllo do documento lllst(ll-ico e a segundd (um o
compromisso ljue () protessor de histoacuteria deve ter com sua pruacutetica
docente Cientes lia importacircncia destas premissas passaremos l
apresentm ~llgl1mas bhes de uma proposta diLiacutetica de muacute]ise do
documento eSLTito 11( ensinu de hist(n-ia que It~lste-se eb maneira
positivista de interpretaccedilatildeo documental e auxilie o professor a
trlI1Sformlr 1 sala de lula em um espl~() de prudmfiacuteo de
c)I1hecilllLIlW em hi-rciacuteria
bull
Documento - Breve histoacuteria de um conceito
bull Documento e F()jlte Parl muitos profcssures de -itoacuteria
estat palavras significam a mesma coisa Para noacutes entretanto
estl analogia nflo parece apropriada O conceito fonte remete agrave l]()~Jiacuteo de imallecircncia de Lxistenci1 Hlt(mom1 e Iuto-determinada
de algo A similitude atribuiacuteda aos dois vociacutebulos estaacute relacionada
ao sentido que os pusitivistas quiseram atribuir ao documentobull
-- il matri= de) CltlI1hecimcnto histlrico
Par1 a escob positivista do final do seacuteculu XIX e iniacutecio do
seacuteculll XX a (mIe primaacuteria passou a ser () fundamellto do Iatu
hist(lrico () papel do histmiador seguindo esta perspectiI seria
de C nnpilm e (lrdenar duc Ulllentm dispondo-os cn 11l11logicanlente
Para os jllsitivistas a verdade histoacuterica teria condiccedil(lcS de vivificar bull se as juntes fossem comprovadamente lt1utecircnticls A fonte
hit(nica niacute vista coml prova irlullltestaacutevclcll vivid(l
o doc1l1lclltl que pm1 1 csco8 hist(llica positiista do fim d() seacuteculo XIX c do iniacutecin do seacuteculo XX scrCl n fundlIllCnto do fatu
hist(lricl lineb que resulte cLt escolhl de uma dcciltl(l d(l
bull historiador parece aprcscntusc por si mesmo COlllU prOVl hist6rica (LE CltJfF 1996 p 536)
EstCl illlsatildeo fez C(llll que () Ilitoriad(1r 11lssasse ) cr umIII
profissional que perseguisse as fontes falsas e atribuiacutesse 1S
autenticas estatuto de verdade incontestaacutevel Os livros escritos
1(11 estes historiadore eram rellel(lS de descriccedilocirces cletllhadasbull em minuacutelils sobreJ vida ecoIlCrnicl socid e poliacuteticl de uma
determinada sociedade ou cidadatildeo MLlitas vezes estes livros
reuniam reprodUccedil(-leS integrais de documentos Esta tradiccedilatildeo teve
isiacuteveis c(lnsequumlencias no ensino de histoacuteriJ Durante Illuitos
anos () ensino de nossa disciplina reduziu-se ao ato de memori=m~ em melem crono(lgica datas dados e nomes de personagens
145
I
146
importantes Esteacute ensino enUacuteltizaa a histoacuteria dos vencedores
dos ]tis e imperadores das guerras e 1emlis acontecimcntos
assllciadlls ao poder poliacutet ico Aleacutem dissu lla valorizwa IJ
acontecirllcnto em lktrin1lllto do proCCSSll
Esta postura filosoacutefica tem silo haacute mais de cinquumlenta anos
objeto de criacutetica de diversos autures que trabalham na aacuterea da
teoria da histoacuteria Apesar de natildeo ser este o objetivo deste artigo
cahe IEer lima ll1tnccedillll elllS intelectuais Ljlle se llrganizaram lm
tornl LI lTvista Anndes Li H istoire EacuteClllllmilj ue e Socialc na
Franccedila na primeira metade do seacutecuu XX Eles integraram Ulll
movimento q lIecirc se opunha agrave escola positivista (BLIZKE 1991)
A luta dos histuriadores dos Al1Jwlcs visava entre ()utros
objtrivos modificar () significado do cllllleit() fonte tiranl(middot
lhe () StTlrido de certiJlllto imanente do reaL Em vez de enfltizar
o sent ido de prova testemllnhll paSSOU-Sl Cl valurizar a dimens~1O
do registro Estes historiadores queriam que o material escrito
deixasse de ser encarado como algo inoacutecuo e paSSlsse a ser visto
como umt mllntagem consciente ou nfio do homem em seu
leacutelll[() ( lugn social gellgraacutefico Ne~rc sLllido COl1str(eacutelll )L
1( deacute louIll1ent
Eles propuseram aillda que fllsse leita umt criacutetica au
Iocumentl) de lHLlem diversa agravequela implemcntada pelos
pusitivistas IS lllltes Para os historiadores dos AJt1lLillS a criacutetica
ao documento natildeo dneria se restringir ~l conferecircncia de sua
autenticilade Para des () lllClIlnento passou a ser percehid)
COlllll lI1lla via entre llUUlS que as sociedades encontram pt]]
impor determinlda imagem de si ltlu futuro Assim o histuriador
deveria demolir esta montagem desestruturar esta consrruccedilatildell
analisando as cOlldiccedilocirces em que este documento Uacuteli pWLluzido
(LE liUFI 1996) CUlIl isso estes autores condenar1111 ltl
passivilade e a illgtllllilade do historiador diante clU documento
II istoacuteria amp Ensinu Lnclrina v 7 p 14 )middot16) lllt 200 I
I
Os histnriadores da nova histoacuteria como ficarllll l(lllhecic(lS nlo restringiram 1 noccedilatildeo de d(lCUlllento de registro eSLritu Eles dngaralll SUl ahrangecircncia incluindo os ohjet(lS de uso pessoal aleacutem dos documentos S0I10f(lS e iconogriacuteficos que pertenceram e senirull ao homem e que portanto exprimemsells gostos atividades e maneiras de ser
Nesta concepccedilatildeo o documento n~lO pode ser visto de j(mna
isolada mas em funccedilatildeo agrave uma seacuterie que II precede e sucede (REIS 1994) Uma outra contribuiccediliio que reput11110S siL(nifiCltil 1 este respeito rebcionamiddotse com a ileacuteia de sohrevivecircncuacute1 du documento Para os conrestadores da loacutegica positivista em hist()ria hiacute que se levar em consideraccedilatildeo que o documentu que estuacute em nossas m1os s(lhreiveu lU tempo Outros rnuiU1s outros 1110 tiveram a mesma sorte As raZ(leS
que permitiram esta seleccedilfw consciente ou nJo devem serbull
middot tamheacutem objeto de indagaccedilfto para o historiador () documento no sentid( atribuiacutedo por Le (30ft (1996) 1 de ser portem to
visto como UIll monumento Documento pois eacute tl-ut() de uma
escolha do historildor Monumento pois eacute Ull1 vestiacutegio um
sinal um lembrll1ccedila do passado que se faz presente na memoacuteria l nus objetus que sohreviveram ui tempo Nfto huacute Histoacuteria sem documentos eacute certo afirma () histuriador francecircs ()
historiador deve recuperar os passos deixados pelo homem isolandomiddot()s tornlndomiddotos pertinentes reLtcion1ndoos
u 1I1stituillcU ortantu um conjLlnt(l Assim a 1ll1CcedilftO d(1 conceito
documento distanciamiddot se da de fonte enquanto pr()a incontestaacutevel de) vivido
ESt1 eacute lima primcira premissa () pn dessor que ljuiserbull utilizar UIll d cumentu ccrito iacutelltl sda de lt11 de histtlril leve
afastarmiddotse da tradiccedilfto positivista que atribui ao documento sentido de prova incontestuacutevel de verdade Ele deve ajudar seus alul1(l a demolir esta m(lntagem clcestrutuLlr esta
cOllstrllccediltO e analisar as cundiccedilocirces de produccedilatildeo dos
dUCllmentosmiddotnH1l1umentos (LE GOFF 1996 p 548) 147
bull
148
No nl)~SU entender o ducullIento em si nflo possui
lJU~dllUlr capacidade transformadora eou inoadora O p~lpe1
que este recurso didaacutetico cksempenharuacute depelllle da forma com
que tur utilizado Depende lo tipo de comprlll1lisso que o professor
tiver com o atll de ensinar O documento pode servir tanto para
a ampliaccedilatildeo do senso criacutetico e a construccedilatildeo do conhecimento
em sala de aula quanto para C(mS()illar estruturls arcaicas que
val()ri=~Il1 I memorizaccedil~l(l A lItilizaccedilatildeo adeljllllb do documento na slb iepende sllhrcllll do cOlnprl1lllis que o prof~~s()r
tenha cum sua pritica ducenle
o Plofessol e o Ensino ele Histoacutelia
E omo andl II cumpromisso do professor COl1l SllC1
pruacutetica docent e
No nosso entender prevalece hoje no magisteacuterio do ensino
fLlndamenttl e meacutedio um crescente lesencantmnento cum a
niidak locente
Este desenCanlllllclltu estaacute asslCillu eIn grande parte ~l
razoacutees que levaram aquce illLliviacuteduo a oplar pela carreira docente
Weber (1997) desenha um quadro ao mesmo tempo real e
desalentador Segundo ela muitos professores optaram pela
ClrreIacuter1 do magisteacuterilt) pur ltrem se ach~ll) vucacionados Esrl enHll)iacuteu sllhjetiva e rUnl~l1lic1 se esvai c lll () lcIllPO lllass~lcradl
pel) trlhlttlho sistemaliclIliacuteenle clesvalori=ldu e pela enorme Glrgd
horaacuteria que muitus de noacutes somos ubrigados a cumprir para
sohreviver Outros professores segundo a mesma cwtora
esculheram a carreira do magisteacuteri() por imposiccedilatildeo Clrniliar Neste
casu () dcsencantamCllt) com a protlsslu eacute mais raacutepido ainda
puis crS JssocIacuteado ao iltu du professor natildell ter tido a oportunidade
de decidir seu futuro O urinUacuteSlllO e entusiasmo que dominaram
II istlIacuteria amp Ensinu LUl1drina v 7 p 14 116) llUt 200 I
11
bull
bull
lO
os primeiros anos de praacutetica profissional satildeo substituiacutedos por
lima progrc-sivC1 deccpltatilde(l
Este dcscncantll11el1to nos pmcce tiutn ~lil1da das poliacuteticas
puacuteblicas na aacuterea da educaccedilatildeo Natildeo eacute preciso recorrer aos dados
l]wntitatios para constatar o sistemttico desmantelamento do
slecircniccedilll pll1icu em 11 lSSO paiacutes s lhrltlldo ll] aacuterea da lLlucaccedilatildeo
nas uacuteltimas deacutecadas Os cortes de verba e o achatamento salarial
tecircm transformado o professor em uma das viacutetimas deste
lL1stamentll criteriosl l persistente Llo Esn1do da ((lisa )llhlica
Aleacutem diss() a carreira de mlgisteacuterio sofre crescente degradaccedilatildeo
Muitos profissiom1Iacutes UacutelZem esta opccedilatildeo devido agrave esmbilidade que
1 umdiccedilatildell de funcioniacuterj( 1 puacuteblico promove 5lIlny Rosl (2000) sintetiza 1 situaccedilatildeo at u11 do magist(rio da seguinte f()rma
jmmados ltl toque de caixI em instituil)es que lidam com () ensino
como 111ercldoril - haixando a qU~llicbde em t nlGl da quantidade
- n IlllrCiCO privilceacuteildo dos egressos do ensino superi()r ria ()
mlgisteacuterin puacuteblico de primeiro e segllndo graus Os haixus saL1rIacuteos e dS prec1rils condiccedilotildees cL- trahalho incumhiram-se de aUacutelstar llS
profissi 1J]lIacuteS maio hell1 capaciacutetllos passmd I lSlm em grmlc parte agraves 11l1l lO de indivIacuteLllIlt lS Ljue viram ]lO mlgisteacuterir) ofici~ll 111uitll mais lima via Lk estabilidade de empregl) cl() que pwpriamente IIlll
campo de tmhdho exigente quanto 1) prohssiondbmo e seriedade (ROSA 2000 p ) 1)
() perfIl social e pedag()gico dos alunos que ingressam e
permanecem na escola puacuteblica por putro lado wmenta I
frustaccedilatildeo de l11uitus Irofessorcs Laacute cstlo criancls mal
alimentadas mal vesLidas e com haacutebitos e experiecircncias llluiw
distantes do universo idealizado pel() professor Grande parte
d(iacute corpo lisccntc nfiacute(J tem haacutebito ele leitur~l lecirc mal c escreve
de f(lrma haante elclicicnte A seduccedilatildeo que os meios de
comunicaccedilatildeo de massa exercem tecircm aUacutelstado a juventude da leitura e da escrita Os pais destes jovens tarnheacutem natildeo tecircm
Hisl(Iacuteri~1 amp tllSillll Londrilll 7 p 14)16 (lut 2(1(1 i 149
este hthito Poucos lecircem jurnal diariamente Muito poucos
krlln algum livru ll) uacuteltimo lnel O prufe~sor de ensino
fUllllamenLd e meacutedio rem encontrllIu muitas lzes estudantes
que escrevem mal natildeo entendem o que lecircem llem o que ()
professor rab O desencantamento dl) magisteacuterio com sua
priacutetica docente aparece em plne COI11l1 uma decorrecircncia
deste quadro
A questatildeo que nos parece pertinente neste momento eacute a
seguinte C()Il111 o proj~ss()r tem redgido agrave este desencanl ll1lcnto
Uma saiacuteda talvez a mais ftcil telll sido () pacto da
mediocridade um 1Cordo velaLlo natildeo expliacutecito nem formal entre
j1wfessor e lIul1o em LjLle um finge que aprenle e outro finge que
ensina ESI 1lctO llllc ser materializado ell diversas I~ilmas
Uma delas eacute a conhecida tlcha amarelada alguns professores
carregllll em suas pastas aquelas fichas amareladas pelo tempo
emele estatildee) e~crit()s () Il1111S exerciacutecios esquemas e cOlHeuacutedos
qUecirc vecircm sendu h(t anus lecircproduziLlos lU quadro negro e copiados
pelos alunos Outra maneira decirc formalizar este pacto se daacute com
a maacute adCllfll) do livrll did(ttico Alguns professores utilizam
incmretanltlltl a distrihuiccedilatildeo grmuita do nwterial didciacuteticll pelo
Programa Nacillnal do Livro Didaacutetico (PNLD) Em vez de
1proveitar este recurso dilttico de fonn~l criacutetica e criativa
preferem rcstringir sua aula 1 leitura c memoriHJIlJ de
contcuacutellus presentes neste lino didaacutetico O livro lliduacutetico se
transforma assim numa lllukta
A JlIsti I icari v~ lprescntaLLI pelos IH )tcssores )xl1a tais
iniciativas nLlciona-se Cl)1I a blta de l[Joiu institucional decorrente
da sistemaacutetica estrateacutegia de desvalorizaccedilatildeo dl) ensino em nosso paiacutes
Se a praacutetica docente eacute desvalorizada pelo sistema educacional que
uferece parCllS sahiacuterios e condiccedilotildees leploraacuteveis de trabalho) da eacute
igualmente desvalorizada quand() o docente abdica du exerciacutecio da
docecircncia em muldes profissionais e especillizados
I
bull
Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento
SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull
d()centes
participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar
11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy
liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula
representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I
entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode
scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para
tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma
rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar
Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no
ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como
middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()
profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em
tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo
docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais
tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a
lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos
viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com
ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml
furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso
social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que
sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li
SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social
em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua
ideacuteia ~lfinnand(l
lS1
152
Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros
interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls
(COlSETTI 2000122)
Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar
amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo
e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)
e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm
pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam
com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de
estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do
reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist
OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc
senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento
especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala
de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da
pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem
pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na
proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato
cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo
poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se
mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de
ca llC i1accediluu profissional
Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica
tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor
demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()
com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)
dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu
llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001
li
bull
(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere
l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull
lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem
estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas
expectativasbull
Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar
a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos
Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e
Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que
yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)
A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1
pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll
t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m
A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem
este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige
que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e
pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1
fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de
lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve
Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute
maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb
A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua
pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo
de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista
tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que
esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a
151
I
qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc
reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade
Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos
l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)
o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua
utilizaccedilatildeo
o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem
se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para
responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem
incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta
in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl
reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In
exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm
sido publicadas contendo exclusivamente documentos
hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas
puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos
histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes
sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem
explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica
docente
Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo
pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue
aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl
de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l
meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como
ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I
conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada
brasileira
Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001
Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor
bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja
da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente
do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO
111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se
refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo
documento J
Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma
Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros
capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta
VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo
deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()
melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l
sdha fazer pior que todos
1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde
e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei
lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)
bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento
hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem
escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel
bull
documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo
antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento
l seu sentic) geral
No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este
documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem
quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este
l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato
dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A
155
li
I
--------------------------------------------------------------- shy
156
maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc
que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]
que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo
para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa
1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio
Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o
iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod
Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)
ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI
literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade
Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte
eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que
Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que
aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear
Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()
dncumento
r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em
muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil
cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico
guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o
produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc
no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl
pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil
sempre rica e impressionante
Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento
em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar
no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas
mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS
essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu
I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001
bull
bull
bull bull
lO
I
Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()
prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i
lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno
eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem
compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln
() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma
atraente
No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da
nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio
Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO
pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)
COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos
americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo
lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima
l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os
interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl
o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e
L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio
de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao
Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena
nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo
11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava
era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No
discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O
prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue
ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp
lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157
Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo
inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle
o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c
que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal
l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)
Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos
his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I
desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu
tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e
geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino
de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante
O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)
LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls
julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de
preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns
professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de
vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em
sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo
Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu
para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo
Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento
em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS
pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha
A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L
nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1
(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)
1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J
I
bull
A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos
prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha
apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos
que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull
diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a
in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e
fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano
(jONIU102000)
bull
Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem
de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no
telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade
que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para
llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto
que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse
estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl
se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo
bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos
peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com
armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder
Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il
Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da
lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()
aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido
lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves
les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do
homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)
159
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
artificiais e distantes da realidade do estudante Aleacutem disso a
apresenctccedil1u do processo hisli~ricu cumo uma seqiiC~ncia
ubrigatoacuteria e incontestjvel de lcontecimenLus ocorridus na
Eurota mesmo que associadus aos fatos ocorridos nu Brasil tem
se lllostradu ontrltIacuteria aos princiacutepius COl1strutivistas que Urlentam
os lttruais Par2unetros Cllrriculares Naciclllais Seguind() esta
diretriz (lficial o lluno deve ser visto como sujeitu do processo
educativo e natildeo mais comll depositaacuterio de um conhecimento jiacute
pn nto e ltLLahadu Sua lxleriecircnc ia e saber ltlUllllldados h) 1 lI1go
da vida passaram a ser reconheciLlos e valorizados Por Lstas
razotildees o liSO de ducumentos escritos no ensino de Histoacuteria tem
se tornadl ullla das l()ricas mlis correntes na sala de llb A lcllccedilatildeo deste recurso LliclltIacutetico relll condiccedil(les de estimuiar a
c uriosill ade in ves tiga ti va e o desej () pelo con hecimen to
transformando a sala de aula em um lugar de produccedilatildeo de
conhecinwnru escoLlr Alguns livrus didIacutetIacuteLc)s tem incluiacutedo a
anuacutelise de ducumentus entre suas atividades A introduccediluumlo deste
meacutetod) didaacutetico visa auxiliar o estudante a construir
-lmhecinlLlltu em hist()ri~
O lbjcrivo des drtigu eacute lprecircsentm ~dgllmas premissas
para a utilizaccedilatildeu do documellto escritu na aula de histoacuteria Que
premissas serillll estas A primeira relaciona-se cum a natllreza
e significllo do documento lllst(ll-ico e a segundd (um o
compromisso ljue () protessor de histoacuteria deve ter com sua pruacutetica
docente Cientes lia importacircncia destas premissas passaremos l
apresentm ~llgl1mas bhes de uma proposta diLiacutetica de muacute]ise do
documento eSLTito 11( ensinu de hist(n-ia que It~lste-se eb maneira
positivista de interpretaccedilatildeo documental e auxilie o professor a
trlI1Sformlr 1 sala de lula em um espl~() de prudmfiacuteo de
c)I1hecilllLIlW em hi-rciacuteria
bull
Documento - Breve histoacuteria de um conceito
bull Documento e F()jlte Parl muitos profcssures de -itoacuteria
estat palavras significam a mesma coisa Para noacutes entretanto
estl analogia nflo parece apropriada O conceito fonte remete agrave l]()~Jiacuteo de imallecircncia de Lxistenci1 Hlt(mom1 e Iuto-determinada
de algo A similitude atribuiacuteda aos dois vociacutebulos estaacute relacionada
ao sentido que os pusitivistas quiseram atribuir ao documentobull
-- il matri= de) CltlI1hecimcnto histlrico
Par1 a escob positivista do final do seacuteculu XIX e iniacutecio do
seacuteculll XX a (mIe primaacuteria passou a ser () fundamellto do Iatu
hist(lrico () papel do histmiador seguindo esta perspectiI seria
de C nnpilm e (lrdenar duc Ulllentm dispondo-os cn 11l11logicanlente
Para os jllsitivistas a verdade histoacuterica teria condiccedil(lcS de vivificar bull se as juntes fossem comprovadamente lt1utecircnticls A fonte
hit(nica niacute vista coml prova irlullltestaacutevclcll vivid(l
o doc1l1lclltl que pm1 1 csco8 hist(llica positiista do fim d() seacuteculo XIX c do iniacutecin do seacuteculo XX scrCl n fundlIllCnto do fatu
hist(lricl lineb que resulte cLt escolhl de uma dcciltl(l d(l
bull historiador parece aprcscntusc por si mesmo COlllU prOVl hist6rica (LE CltJfF 1996 p 536)
EstCl illlsatildeo fez C(llll que () Ilitoriad(1r 11lssasse ) cr umIII
profissional que perseguisse as fontes falsas e atribuiacutesse 1S
autenticas estatuto de verdade incontestaacutevel Os livros escritos
1(11 estes historiadore eram rellel(lS de descriccedilocirces cletllhadasbull em minuacutelils sobreJ vida ecoIlCrnicl socid e poliacuteticl de uma
determinada sociedade ou cidadatildeo MLlitas vezes estes livros
reuniam reprodUccedil(-leS integrais de documentos Esta tradiccedilatildeo teve
isiacuteveis c(lnsequumlencias no ensino de histoacuteriJ Durante Illuitos
anos () ensino de nossa disciplina reduziu-se ao ato de memori=m~ em melem crono(lgica datas dados e nomes de personagens
145
I
146
importantes Esteacute ensino enUacuteltizaa a histoacuteria dos vencedores
dos ]tis e imperadores das guerras e 1emlis acontecimcntos
assllciadlls ao poder poliacutet ico Aleacutem dissu lla valorizwa IJ
acontecirllcnto em lktrin1lllto do proCCSSll
Esta postura filosoacutefica tem silo haacute mais de cinquumlenta anos
objeto de criacutetica de diversos autures que trabalham na aacuterea da
teoria da histoacuteria Apesar de natildeo ser este o objetivo deste artigo
cahe IEer lima ll1tnccedillll elllS intelectuais Ljlle se llrganizaram lm
tornl LI lTvista Anndes Li H istoire EacuteClllllmilj ue e Socialc na
Franccedila na primeira metade do seacutecuu XX Eles integraram Ulll
movimento q lIecirc se opunha agrave escola positivista (BLIZKE 1991)
A luta dos histuriadores dos Al1Jwlcs visava entre ()utros
objtrivos modificar () significado do cllllleit() fonte tiranl(middot
lhe () StTlrido de certiJlllto imanente do reaL Em vez de enfltizar
o sent ido de prova testemllnhll paSSOU-Sl Cl valurizar a dimens~1O
do registro Estes historiadores queriam que o material escrito
deixasse de ser encarado como algo inoacutecuo e paSSlsse a ser visto
como umt mllntagem consciente ou nfio do homem em seu
leacutelll[() ( lugn social gellgraacutefico Ne~rc sLllido COl1str(eacutelll )L
1( deacute louIll1ent
Eles propuseram aillda que fllsse leita umt criacutetica au
Iocumentl) de lHLlem diversa agravequela implemcntada pelos
pusitivistas IS lllltes Para os historiadores dos AJt1lLillS a criacutetica
ao documento natildeo dneria se restringir ~l conferecircncia de sua
autenticilade Para des () lllClIlnento passou a ser percehid)
COlllll lI1lla via entre llUUlS que as sociedades encontram pt]]
impor determinlda imagem de si ltlu futuro Assim o histuriador
deveria demolir esta montagem desestruturar esta consrruccedilatildell
analisando as cOlldiccedilocirces em que este documento Uacuteli pWLluzido
(LE liUFI 1996) CUlIl isso estes autores condenar1111 ltl
passivilade e a illgtllllilade do historiador diante clU documento
II istoacuteria amp Ensinu Lnclrina v 7 p 14 )middot16) lllt 200 I
I
Os histnriadores da nova histoacuteria como ficarllll l(lllhecic(lS nlo restringiram 1 noccedilatildeo de d(lCUlllento de registro eSLritu Eles dngaralll SUl ahrangecircncia incluindo os ohjet(lS de uso pessoal aleacutem dos documentos S0I10f(lS e iconogriacuteficos que pertenceram e senirull ao homem e que portanto exprimemsells gostos atividades e maneiras de ser
Nesta concepccedilatildeo o documento n~lO pode ser visto de j(mna
isolada mas em funccedilatildeo agrave uma seacuterie que II precede e sucede (REIS 1994) Uma outra contribuiccediliio que reput11110S siL(nifiCltil 1 este respeito rebcionamiddotse com a ileacuteia de sohrevivecircncuacute1 du documento Para os conrestadores da loacutegica positivista em hist()ria hiacute que se levar em consideraccedilatildeo que o documentu que estuacute em nossas m1os s(lhreiveu lU tempo Outros rnuiU1s outros 1110 tiveram a mesma sorte As raZ(leS
que permitiram esta seleccedilfw consciente ou nJo devem serbull
middot tamheacutem objeto de indagaccedilfto para o historiador () documento no sentid( atribuiacutedo por Le (30ft (1996) 1 de ser portem to
visto como UIll monumento Documento pois eacute tl-ut() de uma
escolha do historildor Monumento pois eacute Ull1 vestiacutegio um
sinal um lembrll1ccedila do passado que se faz presente na memoacuteria l nus objetus que sohreviveram ui tempo Nfto huacute Histoacuteria sem documentos eacute certo afirma () histuriador francecircs ()
historiador deve recuperar os passos deixados pelo homem isolandomiddot()s tornlndomiddotos pertinentes reLtcion1ndoos
u 1I1stituillcU ortantu um conjLlnt(l Assim a 1ll1CcedilftO d(1 conceito
documento distanciamiddot se da de fonte enquanto pr()a incontestaacutevel de) vivido
ESt1 eacute lima primcira premissa () pn dessor que ljuiserbull utilizar UIll d cumentu ccrito iacutelltl sda de lt11 de histtlril leve
afastarmiddotse da tradiccedilfto positivista que atribui ao documento sentido de prova incontestuacutevel de verdade Ele deve ajudar seus alul1(l a demolir esta m(lntagem clcestrutuLlr esta
cOllstrllccediltO e analisar as cundiccedilocirces de produccedilatildeo dos
dUCllmentosmiddotnH1l1umentos (LE GOFF 1996 p 548) 147
bull
148
No nl)~SU entender o ducullIento em si nflo possui
lJU~dllUlr capacidade transformadora eou inoadora O p~lpe1
que este recurso didaacutetico cksempenharuacute depelllle da forma com
que tur utilizado Depende lo tipo de comprlll1lisso que o professor
tiver com o atll de ensinar O documento pode servir tanto para
a ampliaccedilatildeo do senso criacutetico e a construccedilatildeo do conhecimento
em sala de aula quanto para C(mS()illar estruturls arcaicas que
val()ri=~Il1 I memorizaccedil~l(l A lItilizaccedilatildeo adeljllllb do documento na slb iepende sllhrcllll do cOlnprl1lllis que o prof~~s()r
tenha cum sua pritica ducenle
o Plofessol e o Ensino ele Histoacutelia
E omo andl II cumpromisso do professor COl1l SllC1
pruacutetica docent e
No nosso entender prevalece hoje no magisteacuterio do ensino
fLlndamenttl e meacutedio um crescente lesencantmnento cum a
niidak locente
Este desenCanlllllclltu estaacute asslCillu eIn grande parte ~l
razoacutees que levaram aquce illLliviacuteduo a oplar pela carreira docente
Weber (1997) desenha um quadro ao mesmo tempo real e
desalentador Segundo ela muitos professores optaram pela
ClrreIacuter1 do magisteacuterilt) pur ltrem se ach~ll) vucacionados Esrl enHll)iacuteu sllhjetiva e rUnl~l1lic1 se esvai c lll () lcIllPO lllass~lcradl
pel) trlhlttlho sistemaliclIliacuteenle clesvalori=ldu e pela enorme Glrgd
horaacuteria que muitus de noacutes somos ubrigados a cumprir para
sohreviver Outros professores segundo a mesma cwtora
esculheram a carreira do magisteacuteri() por imposiccedilatildeo Clrniliar Neste
casu () dcsencantamCllt) com a protlsslu eacute mais raacutepido ainda
puis crS JssocIacuteado ao iltu du professor natildell ter tido a oportunidade
de decidir seu futuro O urinUacuteSlllO e entusiasmo que dominaram
II istlIacuteria amp Ensinu LUl1drina v 7 p 14 116) llUt 200 I
11
bull
bull
lO
os primeiros anos de praacutetica profissional satildeo substituiacutedos por
lima progrc-sivC1 deccpltatilde(l
Este dcscncantll11el1to nos pmcce tiutn ~lil1da das poliacuteticas
puacuteblicas na aacuterea da educaccedilatildeo Natildeo eacute preciso recorrer aos dados
l]wntitatios para constatar o sistemttico desmantelamento do
slecircniccedilll pll1icu em 11 lSSO paiacutes s lhrltlldo ll] aacuterea da lLlucaccedilatildeo
nas uacuteltimas deacutecadas Os cortes de verba e o achatamento salarial
tecircm transformado o professor em uma das viacutetimas deste
lL1stamentll criteriosl l persistente Llo Esn1do da ((lisa )llhlica
Aleacutem diss() a carreira de mlgisteacuterio sofre crescente degradaccedilatildeo
Muitos profissiom1Iacutes UacutelZem esta opccedilatildeo devido agrave esmbilidade que
1 umdiccedilatildell de funcioniacuterj( 1 puacuteblico promove 5lIlny Rosl (2000) sintetiza 1 situaccedilatildeo at u11 do magist(rio da seguinte f()rma
jmmados ltl toque de caixI em instituil)es que lidam com () ensino
como 111ercldoril - haixando a qU~llicbde em t nlGl da quantidade
- n IlllrCiCO privilceacuteildo dos egressos do ensino superi()r ria ()
mlgisteacuterin puacuteblico de primeiro e segllndo graus Os haixus saL1rIacuteos e dS prec1rils condiccedilotildees cL- trahalho incumhiram-se de aUacutelstar llS
profissi 1J]lIacuteS maio hell1 capaciacutetllos passmd I lSlm em grmlc parte agraves 11l1l lO de indivIacuteLllIlt lS Ljue viram ]lO mlgisteacuterir) ofici~ll 111uitll mais lima via Lk estabilidade de empregl) cl() que pwpriamente IIlll
campo de tmhdho exigente quanto 1) prohssiondbmo e seriedade (ROSA 2000 p ) 1)
() perfIl social e pedag()gico dos alunos que ingressam e
permanecem na escola puacuteblica por putro lado wmenta I
frustaccedilatildeo de l11uitus Irofessorcs Laacute cstlo criancls mal
alimentadas mal vesLidas e com haacutebitos e experiecircncias llluiw
distantes do universo idealizado pel() professor Grande parte
d(iacute corpo lisccntc nfiacute(J tem haacutebito ele leitur~l lecirc mal c escreve
de f(lrma haante elclicicnte A seduccedilatildeo que os meios de
comunicaccedilatildeo de massa exercem tecircm aUacutelstado a juventude da leitura e da escrita Os pais destes jovens tarnheacutem natildeo tecircm
Hisl(Iacuteri~1 amp tllSillll Londrilll 7 p 14)16 (lut 2(1(1 i 149
este hthito Poucos lecircem jurnal diariamente Muito poucos
krlln algum livru ll) uacuteltimo lnel O prufe~sor de ensino
fUllllamenLd e meacutedio rem encontrllIu muitas lzes estudantes
que escrevem mal natildeo entendem o que lecircem llem o que ()
professor rab O desencantamento dl) magisteacuterio com sua
priacutetica docente aparece em plne COI11l1 uma decorrecircncia
deste quadro
A questatildeo que nos parece pertinente neste momento eacute a
seguinte C()Il111 o proj~ss()r tem redgido agrave este desencanl ll1lcnto
Uma saiacuteda talvez a mais ftcil telll sido () pacto da
mediocridade um 1Cordo velaLlo natildeo expliacutecito nem formal entre
j1wfessor e lIul1o em LjLle um finge que aprenle e outro finge que
ensina ESI 1lctO llllc ser materializado ell diversas I~ilmas
Uma delas eacute a conhecida tlcha amarelada alguns professores
carregllll em suas pastas aquelas fichas amareladas pelo tempo
emele estatildee) e~crit()s () Il1111S exerciacutecios esquemas e cOlHeuacutedos
qUecirc vecircm sendu h(t anus lecircproduziLlos lU quadro negro e copiados
pelos alunos Outra maneira decirc formalizar este pacto se daacute com
a maacute adCllfll) do livrll did(ttico Alguns professores utilizam
incmretanltlltl a distrihuiccedilatildeo grmuita do nwterial didciacuteticll pelo
Programa Nacillnal do Livro Didaacutetico (PNLD) Em vez de
1proveitar este recurso dilttico de fonn~l criacutetica e criativa
preferem rcstringir sua aula 1 leitura c memoriHJIlJ de
contcuacutellus presentes neste lino didaacutetico O livro lliduacutetico se
transforma assim numa lllukta
A JlIsti I icari v~ lprescntaLLI pelos IH )tcssores )xl1a tais
iniciativas nLlciona-se Cl)1I a blta de l[Joiu institucional decorrente
da sistemaacutetica estrateacutegia de desvalorizaccedilatildeo dl) ensino em nosso paiacutes
Se a praacutetica docente eacute desvalorizada pelo sistema educacional que
uferece parCllS sahiacuterios e condiccedilotildees leploraacuteveis de trabalho) da eacute
igualmente desvalorizada quand() o docente abdica du exerciacutecio da
docecircncia em muldes profissionais e especillizados
I
bull
Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento
SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull
d()centes
participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar
11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy
liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula
representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I
entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode
scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para
tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma
rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar
Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no
ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como
middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()
profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em
tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo
docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais
tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a
lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos
viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com
ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml
furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso
social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que
sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li
SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social
em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua
ideacuteia ~lfinnand(l
lS1
152
Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros
interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls
(COlSETTI 2000122)
Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar
amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo
e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)
e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm
pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam
com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de
estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do
reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist
OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc
senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento
especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala
de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da
pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem
pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na
proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato
cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo
poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se
mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de
ca llC i1accediluu profissional
Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica
tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor
demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()
com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)
dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu
llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001
li
bull
(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere
l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull
lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem
estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas
expectativasbull
Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar
a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos
Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e
Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que
yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)
A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1
pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll
t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m
A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem
este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige
que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e
pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1
fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de
lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve
Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute
maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb
A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua
pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo
de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista
tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que
esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a
151
I
qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc
reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade
Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos
l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)
o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua
utilizaccedilatildeo
o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem
se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para
responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem
incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta
in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl
reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In
exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm
sido publicadas contendo exclusivamente documentos
hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas
puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos
histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes
sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem
explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica
docente
Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo
pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue
aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl
de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l
meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como
ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I
conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada
brasileira
Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001
Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor
bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja
da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente
do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO
111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se
refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo
documento J
Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma
Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros
capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta
VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo
deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()
melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l
sdha fazer pior que todos
1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde
e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei
lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)
bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento
hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem
escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel
bull
documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo
antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento
l seu sentic) geral
No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este
documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem
quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este
l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato
dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A
155
li
I
--------------------------------------------------------------- shy
156
maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc
que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]
que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo
para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa
1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio
Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o
iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod
Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)
ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI
literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade
Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte
eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que
Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que
aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear
Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()
dncumento
r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em
muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil
cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico
guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o
produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc
no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl
pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil
sempre rica e impressionante
Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento
em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar
no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas
mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS
essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu
I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001
bull
bull
bull bull
lO
I
Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()
prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i
lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno
eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem
compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln
() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma
atraente
No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da
nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio
Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO
pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)
COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos
americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo
lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima
l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os
interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl
o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e
L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio
de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao
Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena
nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo
11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava
era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No
discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O
prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue
ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp
lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157
Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo
inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle
o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c
que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal
l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)
Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos
his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I
desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu
tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e
geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino
de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante
O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)
LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls
julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de
preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns
professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de
vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em
sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo
Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu
para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo
Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento
em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS
pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha
A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L
nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1
(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)
1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J
I
bull
A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos
prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha
apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos
que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull
diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a
in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e
fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano
(jONIU102000)
bull
Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem
de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no
telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade
que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para
llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto
que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse
estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl
se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo
bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos
peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com
armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder
Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il
Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da
lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()
aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido
lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves
les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do
homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)
159
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
bull
Documento - Breve histoacuteria de um conceito
bull Documento e F()jlte Parl muitos profcssures de -itoacuteria
estat palavras significam a mesma coisa Para noacutes entretanto
estl analogia nflo parece apropriada O conceito fonte remete agrave l]()~Jiacuteo de imallecircncia de Lxistenci1 Hlt(mom1 e Iuto-determinada
de algo A similitude atribuiacuteda aos dois vociacutebulos estaacute relacionada
ao sentido que os pusitivistas quiseram atribuir ao documentobull
-- il matri= de) CltlI1hecimcnto histlrico
Par1 a escob positivista do final do seacuteculu XIX e iniacutecio do
seacuteculll XX a (mIe primaacuteria passou a ser () fundamellto do Iatu
hist(lrico () papel do histmiador seguindo esta perspectiI seria
de C nnpilm e (lrdenar duc Ulllentm dispondo-os cn 11l11logicanlente
Para os jllsitivistas a verdade histoacuterica teria condiccedil(lcS de vivificar bull se as juntes fossem comprovadamente lt1utecircnticls A fonte
hit(nica niacute vista coml prova irlullltestaacutevclcll vivid(l
o doc1l1lclltl que pm1 1 csco8 hist(llica positiista do fim d() seacuteculo XIX c do iniacutecin do seacuteculo XX scrCl n fundlIllCnto do fatu
hist(lricl lineb que resulte cLt escolhl de uma dcciltl(l d(l
bull historiador parece aprcscntusc por si mesmo COlllU prOVl hist6rica (LE CltJfF 1996 p 536)
EstCl illlsatildeo fez C(llll que () Ilitoriad(1r 11lssasse ) cr umIII
profissional que perseguisse as fontes falsas e atribuiacutesse 1S
autenticas estatuto de verdade incontestaacutevel Os livros escritos
1(11 estes historiadore eram rellel(lS de descriccedilocirces cletllhadasbull em minuacutelils sobreJ vida ecoIlCrnicl socid e poliacuteticl de uma
determinada sociedade ou cidadatildeo MLlitas vezes estes livros
reuniam reprodUccedil(-leS integrais de documentos Esta tradiccedilatildeo teve
isiacuteveis c(lnsequumlencias no ensino de histoacuteriJ Durante Illuitos
anos () ensino de nossa disciplina reduziu-se ao ato de memori=m~ em melem crono(lgica datas dados e nomes de personagens
145
I
146
importantes Esteacute ensino enUacuteltizaa a histoacuteria dos vencedores
dos ]tis e imperadores das guerras e 1emlis acontecimcntos
assllciadlls ao poder poliacutet ico Aleacutem dissu lla valorizwa IJ
acontecirllcnto em lktrin1lllto do proCCSSll
Esta postura filosoacutefica tem silo haacute mais de cinquumlenta anos
objeto de criacutetica de diversos autures que trabalham na aacuterea da
teoria da histoacuteria Apesar de natildeo ser este o objetivo deste artigo
cahe IEer lima ll1tnccedillll elllS intelectuais Ljlle se llrganizaram lm
tornl LI lTvista Anndes Li H istoire EacuteClllllmilj ue e Socialc na
Franccedila na primeira metade do seacutecuu XX Eles integraram Ulll
movimento q lIecirc se opunha agrave escola positivista (BLIZKE 1991)
A luta dos histuriadores dos Al1Jwlcs visava entre ()utros
objtrivos modificar () significado do cllllleit() fonte tiranl(middot
lhe () StTlrido de certiJlllto imanente do reaL Em vez de enfltizar
o sent ido de prova testemllnhll paSSOU-Sl Cl valurizar a dimens~1O
do registro Estes historiadores queriam que o material escrito
deixasse de ser encarado como algo inoacutecuo e paSSlsse a ser visto
como umt mllntagem consciente ou nfio do homem em seu
leacutelll[() ( lugn social gellgraacutefico Ne~rc sLllido COl1str(eacutelll )L
1( deacute louIll1ent
Eles propuseram aillda que fllsse leita umt criacutetica au
Iocumentl) de lHLlem diversa agravequela implemcntada pelos
pusitivistas IS lllltes Para os historiadores dos AJt1lLillS a criacutetica
ao documento natildeo dneria se restringir ~l conferecircncia de sua
autenticilade Para des () lllClIlnento passou a ser percehid)
COlllll lI1lla via entre llUUlS que as sociedades encontram pt]]
impor determinlda imagem de si ltlu futuro Assim o histuriador
deveria demolir esta montagem desestruturar esta consrruccedilatildell
analisando as cOlldiccedilocirces em que este documento Uacuteli pWLluzido
(LE liUFI 1996) CUlIl isso estes autores condenar1111 ltl
passivilade e a illgtllllilade do historiador diante clU documento
II istoacuteria amp Ensinu Lnclrina v 7 p 14 )middot16) lllt 200 I
I
Os histnriadores da nova histoacuteria como ficarllll l(lllhecic(lS nlo restringiram 1 noccedilatildeo de d(lCUlllento de registro eSLritu Eles dngaralll SUl ahrangecircncia incluindo os ohjet(lS de uso pessoal aleacutem dos documentos S0I10f(lS e iconogriacuteficos que pertenceram e senirull ao homem e que portanto exprimemsells gostos atividades e maneiras de ser
Nesta concepccedilatildeo o documento n~lO pode ser visto de j(mna
isolada mas em funccedilatildeo agrave uma seacuterie que II precede e sucede (REIS 1994) Uma outra contribuiccediliio que reput11110S siL(nifiCltil 1 este respeito rebcionamiddotse com a ileacuteia de sohrevivecircncuacute1 du documento Para os conrestadores da loacutegica positivista em hist()ria hiacute que se levar em consideraccedilatildeo que o documentu que estuacute em nossas m1os s(lhreiveu lU tempo Outros rnuiU1s outros 1110 tiveram a mesma sorte As raZ(leS
que permitiram esta seleccedilfw consciente ou nJo devem serbull
middot tamheacutem objeto de indagaccedilfto para o historiador () documento no sentid( atribuiacutedo por Le (30ft (1996) 1 de ser portem to
visto como UIll monumento Documento pois eacute tl-ut() de uma
escolha do historildor Monumento pois eacute Ull1 vestiacutegio um
sinal um lembrll1ccedila do passado que se faz presente na memoacuteria l nus objetus que sohreviveram ui tempo Nfto huacute Histoacuteria sem documentos eacute certo afirma () histuriador francecircs ()
historiador deve recuperar os passos deixados pelo homem isolandomiddot()s tornlndomiddotos pertinentes reLtcion1ndoos
u 1I1stituillcU ortantu um conjLlnt(l Assim a 1ll1CcedilftO d(1 conceito
documento distanciamiddot se da de fonte enquanto pr()a incontestaacutevel de) vivido
ESt1 eacute lima primcira premissa () pn dessor que ljuiserbull utilizar UIll d cumentu ccrito iacutelltl sda de lt11 de histtlril leve
afastarmiddotse da tradiccedilfto positivista que atribui ao documento sentido de prova incontestuacutevel de verdade Ele deve ajudar seus alul1(l a demolir esta m(lntagem clcestrutuLlr esta
cOllstrllccediltO e analisar as cundiccedilocirces de produccedilatildeo dos
dUCllmentosmiddotnH1l1umentos (LE GOFF 1996 p 548) 147
bull
148
No nl)~SU entender o ducullIento em si nflo possui
lJU~dllUlr capacidade transformadora eou inoadora O p~lpe1
que este recurso didaacutetico cksempenharuacute depelllle da forma com
que tur utilizado Depende lo tipo de comprlll1lisso que o professor
tiver com o atll de ensinar O documento pode servir tanto para
a ampliaccedilatildeo do senso criacutetico e a construccedilatildeo do conhecimento
em sala de aula quanto para C(mS()illar estruturls arcaicas que
val()ri=~Il1 I memorizaccedil~l(l A lItilizaccedilatildeo adeljllllb do documento na slb iepende sllhrcllll do cOlnprl1lllis que o prof~~s()r
tenha cum sua pritica ducenle
o Plofessol e o Ensino ele Histoacutelia
E omo andl II cumpromisso do professor COl1l SllC1
pruacutetica docent e
No nosso entender prevalece hoje no magisteacuterio do ensino
fLlndamenttl e meacutedio um crescente lesencantmnento cum a
niidak locente
Este desenCanlllllclltu estaacute asslCillu eIn grande parte ~l
razoacutees que levaram aquce illLliviacuteduo a oplar pela carreira docente
Weber (1997) desenha um quadro ao mesmo tempo real e
desalentador Segundo ela muitos professores optaram pela
ClrreIacuter1 do magisteacuterilt) pur ltrem se ach~ll) vucacionados Esrl enHll)iacuteu sllhjetiva e rUnl~l1lic1 se esvai c lll () lcIllPO lllass~lcradl
pel) trlhlttlho sistemaliclIliacuteenle clesvalori=ldu e pela enorme Glrgd
horaacuteria que muitus de noacutes somos ubrigados a cumprir para
sohreviver Outros professores segundo a mesma cwtora
esculheram a carreira do magisteacuteri() por imposiccedilatildeo Clrniliar Neste
casu () dcsencantamCllt) com a protlsslu eacute mais raacutepido ainda
puis crS JssocIacuteado ao iltu du professor natildell ter tido a oportunidade
de decidir seu futuro O urinUacuteSlllO e entusiasmo que dominaram
II istlIacuteria amp Ensinu LUl1drina v 7 p 14 116) llUt 200 I
11
bull
bull
lO
os primeiros anos de praacutetica profissional satildeo substituiacutedos por
lima progrc-sivC1 deccpltatilde(l
Este dcscncantll11el1to nos pmcce tiutn ~lil1da das poliacuteticas
puacuteblicas na aacuterea da educaccedilatildeo Natildeo eacute preciso recorrer aos dados
l]wntitatios para constatar o sistemttico desmantelamento do
slecircniccedilll pll1icu em 11 lSSO paiacutes s lhrltlldo ll] aacuterea da lLlucaccedilatildeo
nas uacuteltimas deacutecadas Os cortes de verba e o achatamento salarial
tecircm transformado o professor em uma das viacutetimas deste
lL1stamentll criteriosl l persistente Llo Esn1do da ((lisa )llhlica
Aleacutem diss() a carreira de mlgisteacuterio sofre crescente degradaccedilatildeo
Muitos profissiom1Iacutes UacutelZem esta opccedilatildeo devido agrave esmbilidade que
1 umdiccedilatildell de funcioniacuterj( 1 puacuteblico promove 5lIlny Rosl (2000) sintetiza 1 situaccedilatildeo at u11 do magist(rio da seguinte f()rma
jmmados ltl toque de caixI em instituil)es que lidam com () ensino
como 111ercldoril - haixando a qU~llicbde em t nlGl da quantidade
- n IlllrCiCO privilceacuteildo dos egressos do ensino superi()r ria ()
mlgisteacuterin puacuteblico de primeiro e segllndo graus Os haixus saL1rIacuteos e dS prec1rils condiccedilotildees cL- trahalho incumhiram-se de aUacutelstar llS
profissi 1J]lIacuteS maio hell1 capaciacutetllos passmd I lSlm em grmlc parte agraves 11l1l lO de indivIacuteLllIlt lS Ljue viram ]lO mlgisteacuterir) ofici~ll 111uitll mais lima via Lk estabilidade de empregl) cl() que pwpriamente IIlll
campo de tmhdho exigente quanto 1) prohssiondbmo e seriedade (ROSA 2000 p ) 1)
() perfIl social e pedag()gico dos alunos que ingressam e
permanecem na escola puacuteblica por putro lado wmenta I
frustaccedilatildeo de l11uitus Irofessorcs Laacute cstlo criancls mal
alimentadas mal vesLidas e com haacutebitos e experiecircncias llluiw
distantes do universo idealizado pel() professor Grande parte
d(iacute corpo lisccntc nfiacute(J tem haacutebito ele leitur~l lecirc mal c escreve
de f(lrma haante elclicicnte A seduccedilatildeo que os meios de
comunicaccedilatildeo de massa exercem tecircm aUacutelstado a juventude da leitura e da escrita Os pais destes jovens tarnheacutem natildeo tecircm
Hisl(Iacuteri~1 amp tllSillll Londrilll 7 p 14)16 (lut 2(1(1 i 149
este hthito Poucos lecircem jurnal diariamente Muito poucos
krlln algum livru ll) uacuteltimo lnel O prufe~sor de ensino
fUllllamenLd e meacutedio rem encontrllIu muitas lzes estudantes
que escrevem mal natildeo entendem o que lecircem llem o que ()
professor rab O desencantamento dl) magisteacuterio com sua
priacutetica docente aparece em plne COI11l1 uma decorrecircncia
deste quadro
A questatildeo que nos parece pertinente neste momento eacute a
seguinte C()Il111 o proj~ss()r tem redgido agrave este desencanl ll1lcnto
Uma saiacuteda talvez a mais ftcil telll sido () pacto da
mediocridade um 1Cordo velaLlo natildeo expliacutecito nem formal entre
j1wfessor e lIul1o em LjLle um finge que aprenle e outro finge que
ensina ESI 1lctO llllc ser materializado ell diversas I~ilmas
Uma delas eacute a conhecida tlcha amarelada alguns professores
carregllll em suas pastas aquelas fichas amareladas pelo tempo
emele estatildee) e~crit()s () Il1111S exerciacutecios esquemas e cOlHeuacutedos
qUecirc vecircm sendu h(t anus lecircproduziLlos lU quadro negro e copiados
pelos alunos Outra maneira decirc formalizar este pacto se daacute com
a maacute adCllfll) do livrll did(ttico Alguns professores utilizam
incmretanltlltl a distrihuiccedilatildeo grmuita do nwterial didciacuteticll pelo
Programa Nacillnal do Livro Didaacutetico (PNLD) Em vez de
1proveitar este recurso dilttico de fonn~l criacutetica e criativa
preferem rcstringir sua aula 1 leitura c memoriHJIlJ de
contcuacutellus presentes neste lino didaacutetico O livro lliduacutetico se
transforma assim numa lllukta
A JlIsti I icari v~ lprescntaLLI pelos IH )tcssores )xl1a tais
iniciativas nLlciona-se Cl)1I a blta de l[Joiu institucional decorrente
da sistemaacutetica estrateacutegia de desvalorizaccedilatildeo dl) ensino em nosso paiacutes
Se a praacutetica docente eacute desvalorizada pelo sistema educacional que
uferece parCllS sahiacuterios e condiccedilotildees leploraacuteveis de trabalho) da eacute
igualmente desvalorizada quand() o docente abdica du exerciacutecio da
docecircncia em muldes profissionais e especillizados
I
bull
Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento
SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull
d()centes
participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar
11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy
liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula
representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I
entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode
scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para
tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma
rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar
Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no
ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como
middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()
profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em
tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo
docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais
tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a
lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos
viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com
ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml
furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso
social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que
sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li
SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social
em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua
ideacuteia ~lfinnand(l
lS1
152
Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros
interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls
(COlSETTI 2000122)
Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar
amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo
e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)
e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm
pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam
com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de
estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do
reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist
OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc
senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento
especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala
de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da
pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem
pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na
proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato
cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo
poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se
mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de
ca llC i1accediluu profissional
Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica
tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor
demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()
com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)
dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu
llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001
li
bull
(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere
l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull
lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem
estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas
expectativasbull
Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar
a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos
Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e
Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que
yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)
A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1
pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll
t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m
A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem
este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige
que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e
pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1
fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de
lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve
Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute
maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb
A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua
pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo
de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista
tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que
esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a
151
I
qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc
reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade
Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos
l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)
o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua
utilizaccedilatildeo
o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem
se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para
responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem
incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta
in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl
reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In
exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm
sido publicadas contendo exclusivamente documentos
hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas
puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos
histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes
sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem
explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica
docente
Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo
pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue
aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl
de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l
meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como
ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I
conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada
brasileira
Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001
Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor
bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja
da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente
do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO
111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se
refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo
documento J
Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma
Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros
capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta
VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo
deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()
melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l
sdha fazer pior que todos
1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde
e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei
lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)
bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento
hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem
escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel
bull
documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo
antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento
l seu sentic) geral
No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este
documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem
quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este
l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato
dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A
155
li
I
--------------------------------------------------------------- shy
156
maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc
que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]
que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo
para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa
1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio
Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o
iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod
Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)
ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI
literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade
Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte
eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que
Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que
aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear
Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()
dncumento
r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em
muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil
cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico
guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o
produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc
no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl
pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil
sempre rica e impressionante
Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento
em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar
no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas
mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS
essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu
I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001
bull
bull
bull bull
lO
I
Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()
prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i
lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno
eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem
compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln
() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma
atraente
No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da
nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio
Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO
pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)
COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos
americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo
lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima
l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os
interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl
o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e
L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio
de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao
Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena
nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo
11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava
era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No
discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O
prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue
ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp
lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157
Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo
inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle
o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c
que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal
l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)
Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos
his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I
desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu
tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e
geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino
de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante
O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)
LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls
julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de
preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns
professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de
vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em
sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo
Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu
para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo
Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento
em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS
pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha
A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L
nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1
(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)
1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J
I
bull
A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos
prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha
apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos
que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull
diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a
in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e
fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano
(jONIU102000)
bull
Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem
de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no
telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade
que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para
llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto
que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse
estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl
se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo
bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos
peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com
armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder
Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il
Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da
lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()
aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido
lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves
les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do
homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)
159
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
146
importantes Esteacute ensino enUacuteltizaa a histoacuteria dos vencedores
dos ]tis e imperadores das guerras e 1emlis acontecimcntos
assllciadlls ao poder poliacutet ico Aleacutem dissu lla valorizwa IJ
acontecirllcnto em lktrin1lllto do proCCSSll
Esta postura filosoacutefica tem silo haacute mais de cinquumlenta anos
objeto de criacutetica de diversos autures que trabalham na aacuterea da
teoria da histoacuteria Apesar de natildeo ser este o objetivo deste artigo
cahe IEer lima ll1tnccedillll elllS intelectuais Ljlle se llrganizaram lm
tornl LI lTvista Anndes Li H istoire EacuteClllllmilj ue e Socialc na
Franccedila na primeira metade do seacutecuu XX Eles integraram Ulll
movimento q lIecirc se opunha agrave escola positivista (BLIZKE 1991)
A luta dos histuriadores dos Al1Jwlcs visava entre ()utros
objtrivos modificar () significado do cllllleit() fonte tiranl(middot
lhe () StTlrido de certiJlllto imanente do reaL Em vez de enfltizar
o sent ido de prova testemllnhll paSSOU-Sl Cl valurizar a dimens~1O
do registro Estes historiadores queriam que o material escrito
deixasse de ser encarado como algo inoacutecuo e paSSlsse a ser visto
como umt mllntagem consciente ou nfio do homem em seu
leacutelll[() ( lugn social gellgraacutefico Ne~rc sLllido COl1str(eacutelll )L
1( deacute louIll1ent
Eles propuseram aillda que fllsse leita umt criacutetica au
Iocumentl) de lHLlem diversa agravequela implemcntada pelos
pusitivistas IS lllltes Para os historiadores dos AJt1lLillS a criacutetica
ao documento natildeo dneria se restringir ~l conferecircncia de sua
autenticilade Para des () lllClIlnento passou a ser percehid)
COlllll lI1lla via entre llUUlS que as sociedades encontram pt]]
impor determinlda imagem de si ltlu futuro Assim o histuriador
deveria demolir esta montagem desestruturar esta consrruccedilatildell
analisando as cOlldiccedilocirces em que este documento Uacuteli pWLluzido
(LE liUFI 1996) CUlIl isso estes autores condenar1111 ltl
passivilade e a illgtllllilade do historiador diante clU documento
II istoacuteria amp Ensinu Lnclrina v 7 p 14 )middot16) lllt 200 I
I
Os histnriadores da nova histoacuteria como ficarllll l(lllhecic(lS nlo restringiram 1 noccedilatildeo de d(lCUlllento de registro eSLritu Eles dngaralll SUl ahrangecircncia incluindo os ohjet(lS de uso pessoal aleacutem dos documentos S0I10f(lS e iconogriacuteficos que pertenceram e senirull ao homem e que portanto exprimemsells gostos atividades e maneiras de ser
Nesta concepccedilatildeo o documento n~lO pode ser visto de j(mna
isolada mas em funccedilatildeo agrave uma seacuterie que II precede e sucede (REIS 1994) Uma outra contribuiccediliio que reput11110S siL(nifiCltil 1 este respeito rebcionamiddotse com a ileacuteia de sohrevivecircncuacute1 du documento Para os conrestadores da loacutegica positivista em hist()ria hiacute que se levar em consideraccedilatildeo que o documentu que estuacute em nossas m1os s(lhreiveu lU tempo Outros rnuiU1s outros 1110 tiveram a mesma sorte As raZ(leS
que permitiram esta seleccedilfw consciente ou nJo devem serbull
middot tamheacutem objeto de indagaccedilfto para o historiador () documento no sentid( atribuiacutedo por Le (30ft (1996) 1 de ser portem to
visto como UIll monumento Documento pois eacute tl-ut() de uma
escolha do historildor Monumento pois eacute Ull1 vestiacutegio um
sinal um lembrll1ccedila do passado que se faz presente na memoacuteria l nus objetus que sohreviveram ui tempo Nfto huacute Histoacuteria sem documentos eacute certo afirma () histuriador francecircs ()
historiador deve recuperar os passos deixados pelo homem isolandomiddot()s tornlndomiddotos pertinentes reLtcion1ndoos
u 1I1stituillcU ortantu um conjLlnt(l Assim a 1ll1CcedilftO d(1 conceito
documento distanciamiddot se da de fonte enquanto pr()a incontestaacutevel de) vivido
ESt1 eacute lima primcira premissa () pn dessor que ljuiserbull utilizar UIll d cumentu ccrito iacutelltl sda de lt11 de histtlril leve
afastarmiddotse da tradiccedilfto positivista que atribui ao documento sentido de prova incontestuacutevel de verdade Ele deve ajudar seus alul1(l a demolir esta m(lntagem clcestrutuLlr esta
cOllstrllccediltO e analisar as cundiccedilocirces de produccedilatildeo dos
dUCllmentosmiddotnH1l1umentos (LE GOFF 1996 p 548) 147
bull
148
No nl)~SU entender o ducullIento em si nflo possui
lJU~dllUlr capacidade transformadora eou inoadora O p~lpe1
que este recurso didaacutetico cksempenharuacute depelllle da forma com
que tur utilizado Depende lo tipo de comprlll1lisso que o professor
tiver com o atll de ensinar O documento pode servir tanto para
a ampliaccedilatildeo do senso criacutetico e a construccedilatildeo do conhecimento
em sala de aula quanto para C(mS()illar estruturls arcaicas que
val()ri=~Il1 I memorizaccedil~l(l A lItilizaccedilatildeo adeljllllb do documento na slb iepende sllhrcllll do cOlnprl1lllis que o prof~~s()r
tenha cum sua pritica ducenle
o Plofessol e o Ensino ele Histoacutelia
E omo andl II cumpromisso do professor COl1l SllC1
pruacutetica docent e
No nosso entender prevalece hoje no magisteacuterio do ensino
fLlndamenttl e meacutedio um crescente lesencantmnento cum a
niidak locente
Este desenCanlllllclltu estaacute asslCillu eIn grande parte ~l
razoacutees que levaram aquce illLliviacuteduo a oplar pela carreira docente
Weber (1997) desenha um quadro ao mesmo tempo real e
desalentador Segundo ela muitos professores optaram pela
ClrreIacuter1 do magisteacuterilt) pur ltrem se ach~ll) vucacionados Esrl enHll)iacuteu sllhjetiva e rUnl~l1lic1 se esvai c lll () lcIllPO lllass~lcradl
pel) trlhlttlho sistemaliclIliacuteenle clesvalori=ldu e pela enorme Glrgd
horaacuteria que muitus de noacutes somos ubrigados a cumprir para
sohreviver Outros professores segundo a mesma cwtora
esculheram a carreira do magisteacuteri() por imposiccedilatildeo Clrniliar Neste
casu () dcsencantamCllt) com a protlsslu eacute mais raacutepido ainda
puis crS JssocIacuteado ao iltu du professor natildell ter tido a oportunidade
de decidir seu futuro O urinUacuteSlllO e entusiasmo que dominaram
II istlIacuteria amp Ensinu LUl1drina v 7 p 14 116) llUt 200 I
11
bull
bull
lO
os primeiros anos de praacutetica profissional satildeo substituiacutedos por
lima progrc-sivC1 deccpltatilde(l
Este dcscncantll11el1to nos pmcce tiutn ~lil1da das poliacuteticas
puacuteblicas na aacuterea da educaccedilatildeo Natildeo eacute preciso recorrer aos dados
l]wntitatios para constatar o sistemttico desmantelamento do
slecircniccedilll pll1icu em 11 lSSO paiacutes s lhrltlldo ll] aacuterea da lLlucaccedilatildeo
nas uacuteltimas deacutecadas Os cortes de verba e o achatamento salarial
tecircm transformado o professor em uma das viacutetimas deste
lL1stamentll criteriosl l persistente Llo Esn1do da ((lisa )llhlica
Aleacutem diss() a carreira de mlgisteacuterio sofre crescente degradaccedilatildeo
Muitos profissiom1Iacutes UacutelZem esta opccedilatildeo devido agrave esmbilidade que
1 umdiccedilatildell de funcioniacuterj( 1 puacuteblico promove 5lIlny Rosl (2000) sintetiza 1 situaccedilatildeo at u11 do magist(rio da seguinte f()rma
jmmados ltl toque de caixI em instituil)es que lidam com () ensino
como 111ercldoril - haixando a qU~llicbde em t nlGl da quantidade
- n IlllrCiCO privilceacuteildo dos egressos do ensino superi()r ria ()
mlgisteacuterin puacuteblico de primeiro e segllndo graus Os haixus saL1rIacuteos e dS prec1rils condiccedilotildees cL- trahalho incumhiram-se de aUacutelstar llS
profissi 1J]lIacuteS maio hell1 capaciacutetllos passmd I lSlm em grmlc parte agraves 11l1l lO de indivIacuteLllIlt lS Ljue viram ]lO mlgisteacuterir) ofici~ll 111uitll mais lima via Lk estabilidade de empregl) cl() que pwpriamente IIlll
campo de tmhdho exigente quanto 1) prohssiondbmo e seriedade (ROSA 2000 p ) 1)
() perfIl social e pedag()gico dos alunos que ingressam e
permanecem na escola puacuteblica por putro lado wmenta I
frustaccedilatildeo de l11uitus Irofessorcs Laacute cstlo criancls mal
alimentadas mal vesLidas e com haacutebitos e experiecircncias llluiw
distantes do universo idealizado pel() professor Grande parte
d(iacute corpo lisccntc nfiacute(J tem haacutebito ele leitur~l lecirc mal c escreve
de f(lrma haante elclicicnte A seduccedilatildeo que os meios de
comunicaccedilatildeo de massa exercem tecircm aUacutelstado a juventude da leitura e da escrita Os pais destes jovens tarnheacutem natildeo tecircm
Hisl(Iacuteri~1 amp tllSillll Londrilll 7 p 14)16 (lut 2(1(1 i 149
este hthito Poucos lecircem jurnal diariamente Muito poucos
krlln algum livru ll) uacuteltimo lnel O prufe~sor de ensino
fUllllamenLd e meacutedio rem encontrllIu muitas lzes estudantes
que escrevem mal natildeo entendem o que lecircem llem o que ()
professor rab O desencantamento dl) magisteacuterio com sua
priacutetica docente aparece em plne COI11l1 uma decorrecircncia
deste quadro
A questatildeo que nos parece pertinente neste momento eacute a
seguinte C()Il111 o proj~ss()r tem redgido agrave este desencanl ll1lcnto
Uma saiacuteda talvez a mais ftcil telll sido () pacto da
mediocridade um 1Cordo velaLlo natildeo expliacutecito nem formal entre
j1wfessor e lIul1o em LjLle um finge que aprenle e outro finge que
ensina ESI 1lctO llllc ser materializado ell diversas I~ilmas
Uma delas eacute a conhecida tlcha amarelada alguns professores
carregllll em suas pastas aquelas fichas amareladas pelo tempo
emele estatildee) e~crit()s () Il1111S exerciacutecios esquemas e cOlHeuacutedos
qUecirc vecircm sendu h(t anus lecircproduziLlos lU quadro negro e copiados
pelos alunos Outra maneira decirc formalizar este pacto se daacute com
a maacute adCllfll) do livrll did(ttico Alguns professores utilizam
incmretanltlltl a distrihuiccedilatildeo grmuita do nwterial didciacuteticll pelo
Programa Nacillnal do Livro Didaacutetico (PNLD) Em vez de
1proveitar este recurso dilttico de fonn~l criacutetica e criativa
preferem rcstringir sua aula 1 leitura c memoriHJIlJ de
contcuacutellus presentes neste lino didaacutetico O livro lliduacutetico se
transforma assim numa lllukta
A JlIsti I icari v~ lprescntaLLI pelos IH )tcssores )xl1a tais
iniciativas nLlciona-se Cl)1I a blta de l[Joiu institucional decorrente
da sistemaacutetica estrateacutegia de desvalorizaccedilatildeo dl) ensino em nosso paiacutes
Se a praacutetica docente eacute desvalorizada pelo sistema educacional que
uferece parCllS sahiacuterios e condiccedilotildees leploraacuteveis de trabalho) da eacute
igualmente desvalorizada quand() o docente abdica du exerciacutecio da
docecircncia em muldes profissionais e especillizados
I
bull
Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento
SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull
d()centes
participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar
11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy
liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula
representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I
entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode
scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para
tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma
rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar
Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no
ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como
middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()
profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em
tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo
docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais
tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a
lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos
viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com
ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml
furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso
social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que
sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li
SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social
em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua
ideacuteia ~lfinnand(l
lS1
152
Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros
interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls
(COlSETTI 2000122)
Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar
amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo
e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)
e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm
pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam
com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de
estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do
reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist
OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc
senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento
especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala
de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da
pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem
pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na
proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato
cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo
poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se
mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de
ca llC i1accediluu profissional
Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica
tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor
demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()
com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)
dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu
llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001
li
bull
(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere
l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull
lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem
estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas
expectativasbull
Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar
a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos
Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e
Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que
yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)
A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1
pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll
t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m
A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem
este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige
que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e
pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1
fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de
lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve
Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute
maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb
A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua
pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo
de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista
tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que
esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a
151
I
qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc
reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade
Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos
l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)
o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua
utilizaccedilatildeo
o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem
se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para
responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem
incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta
in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl
reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In
exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm
sido publicadas contendo exclusivamente documentos
hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas
puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos
histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes
sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem
explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica
docente
Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo
pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue
aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl
de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l
meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como
ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I
conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada
brasileira
Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001
Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor
bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja
da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente
do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO
111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se
refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo
documento J
Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma
Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros
capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta
VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo
deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()
melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l
sdha fazer pior que todos
1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde
e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei
lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)
bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento
hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem
escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel
bull
documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo
antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento
l seu sentic) geral
No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este
documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem
quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este
l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato
dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A
155
li
I
--------------------------------------------------------------- shy
156
maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc
que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]
que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo
para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa
1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio
Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o
iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod
Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)
ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI
literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade
Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte
eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que
Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que
aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear
Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()
dncumento
r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em
muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil
cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico
guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o
produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc
no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl
pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil
sempre rica e impressionante
Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento
em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar
no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas
mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS
essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu
I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001
bull
bull
bull bull
lO
I
Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()
prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i
lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno
eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem
compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln
() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma
atraente
No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da
nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio
Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO
pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)
COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos
americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo
lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima
l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os
interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl
o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e
L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio
de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao
Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena
nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo
11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava
era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No
discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O
prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue
ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp
lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157
Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo
inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle
o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c
que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal
l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)
Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos
his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I
desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu
tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e
geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino
de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante
O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)
LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls
julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de
preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns
professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de
vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em
sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo
Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu
para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo
Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento
em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS
pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha
A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L
nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1
(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)
1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J
I
bull
A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos
prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha
apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos
que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull
diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a
in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e
fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano
(jONIU102000)
bull
Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem
de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no
telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade
que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para
llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto
que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse
estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl
se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo
bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos
peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com
armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder
Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il
Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da
lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()
aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido
lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves
les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do
homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)
159
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
I
Os histnriadores da nova histoacuteria como ficarllll l(lllhecic(lS nlo restringiram 1 noccedilatildeo de d(lCUlllento de registro eSLritu Eles dngaralll SUl ahrangecircncia incluindo os ohjet(lS de uso pessoal aleacutem dos documentos S0I10f(lS e iconogriacuteficos que pertenceram e senirull ao homem e que portanto exprimemsells gostos atividades e maneiras de ser
Nesta concepccedilatildeo o documento n~lO pode ser visto de j(mna
isolada mas em funccedilatildeo agrave uma seacuterie que II precede e sucede (REIS 1994) Uma outra contribuiccediliio que reput11110S siL(nifiCltil 1 este respeito rebcionamiddotse com a ileacuteia de sohrevivecircncuacute1 du documento Para os conrestadores da loacutegica positivista em hist()ria hiacute que se levar em consideraccedilatildeo que o documentu que estuacute em nossas m1os s(lhreiveu lU tempo Outros rnuiU1s outros 1110 tiveram a mesma sorte As raZ(leS
que permitiram esta seleccedilfw consciente ou nJo devem serbull
middot tamheacutem objeto de indagaccedilfto para o historiador () documento no sentid( atribuiacutedo por Le (30ft (1996) 1 de ser portem to
visto como UIll monumento Documento pois eacute tl-ut() de uma
escolha do historildor Monumento pois eacute Ull1 vestiacutegio um
sinal um lembrll1ccedila do passado que se faz presente na memoacuteria l nus objetus que sohreviveram ui tempo Nfto huacute Histoacuteria sem documentos eacute certo afirma () histuriador francecircs ()
historiador deve recuperar os passos deixados pelo homem isolandomiddot()s tornlndomiddotos pertinentes reLtcion1ndoos
u 1I1stituillcU ortantu um conjLlnt(l Assim a 1ll1CcedilftO d(1 conceito
documento distanciamiddot se da de fonte enquanto pr()a incontestaacutevel de) vivido
ESt1 eacute lima primcira premissa () pn dessor que ljuiserbull utilizar UIll d cumentu ccrito iacutelltl sda de lt11 de histtlril leve
afastarmiddotse da tradiccedilfto positivista que atribui ao documento sentido de prova incontestuacutevel de verdade Ele deve ajudar seus alul1(l a demolir esta m(lntagem clcestrutuLlr esta
cOllstrllccediltO e analisar as cundiccedilocirces de produccedilatildeo dos
dUCllmentosmiddotnH1l1umentos (LE GOFF 1996 p 548) 147
bull
148
No nl)~SU entender o ducullIento em si nflo possui
lJU~dllUlr capacidade transformadora eou inoadora O p~lpe1
que este recurso didaacutetico cksempenharuacute depelllle da forma com
que tur utilizado Depende lo tipo de comprlll1lisso que o professor
tiver com o atll de ensinar O documento pode servir tanto para
a ampliaccedilatildeo do senso criacutetico e a construccedilatildeo do conhecimento
em sala de aula quanto para C(mS()illar estruturls arcaicas que
val()ri=~Il1 I memorizaccedil~l(l A lItilizaccedilatildeo adeljllllb do documento na slb iepende sllhrcllll do cOlnprl1lllis que o prof~~s()r
tenha cum sua pritica ducenle
o Plofessol e o Ensino ele Histoacutelia
E omo andl II cumpromisso do professor COl1l SllC1
pruacutetica docent e
No nosso entender prevalece hoje no magisteacuterio do ensino
fLlndamenttl e meacutedio um crescente lesencantmnento cum a
niidak locente
Este desenCanlllllclltu estaacute asslCillu eIn grande parte ~l
razoacutees que levaram aquce illLliviacuteduo a oplar pela carreira docente
Weber (1997) desenha um quadro ao mesmo tempo real e
desalentador Segundo ela muitos professores optaram pela
ClrreIacuter1 do magisteacuterilt) pur ltrem se ach~ll) vucacionados Esrl enHll)iacuteu sllhjetiva e rUnl~l1lic1 se esvai c lll () lcIllPO lllass~lcradl
pel) trlhlttlho sistemaliclIliacuteenle clesvalori=ldu e pela enorme Glrgd
horaacuteria que muitus de noacutes somos ubrigados a cumprir para
sohreviver Outros professores segundo a mesma cwtora
esculheram a carreira do magisteacuteri() por imposiccedilatildeo Clrniliar Neste
casu () dcsencantamCllt) com a protlsslu eacute mais raacutepido ainda
puis crS JssocIacuteado ao iltu du professor natildell ter tido a oportunidade
de decidir seu futuro O urinUacuteSlllO e entusiasmo que dominaram
II istlIacuteria amp Ensinu LUl1drina v 7 p 14 116) llUt 200 I
11
bull
bull
lO
os primeiros anos de praacutetica profissional satildeo substituiacutedos por
lima progrc-sivC1 deccpltatilde(l
Este dcscncantll11el1to nos pmcce tiutn ~lil1da das poliacuteticas
puacuteblicas na aacuterea da educaccedilatildeo Natildeo eacute preciso recorrer aos dados
l]wntitatios para constatar o sistemttico desmantelamento do
slecircniccedilll pll1icu em 11 lSSO paiacutes s lhrltlldo ll] aacuterea da lLlucaccedilatildeo
nas uacuteltimas deacutecadas Os cortes de verba e o achatamento salarial
tecircm transformado o professor em uma das viacutetimas deste
lL1stamentll criteriosl l persistente Llo Esn1do da ((lisa )llhlica
Aleacutem diss() a carreira de mlgisteacuterio sofre crescente degradaccedilatildeo
Muitos profissiom1Iacutes UacutelZem esta opccedilatildeo devido agrave esmbilidade que
1 umdiccedilatildell de funcioniacuterj( 1 puacuteblico promove 5lIlny Rosl (2000) sintetiza 1 situaccedilatildeo at u11 do magist(rio da seguinte f()rma
jmmados ltl toque de caixI em instituil)es que lidam com () ensino
como 111ercldoril - haixando a qU~llicbde em t nlGl da quantidade
- n IlllrCiCO privilceacuteildo dos egressos do ensino superi()r ria ()
mlgisteacuterin puacuteblico de primeiro e segllndo graus Os haixus saL1rIacuteos e dS prec1rils condiccedilotildees cL- trahalho incumhiram-se de aUacutelstar llS
profissi 1J]lIacuteS maio hell1 capaciacutetllos passmd I lSlm em grmlc parte agraves 11l1l lO de indivIacuteLllIlt lS Ljue viram ]lO mlgisteacuterir) ofici~ll 111uitll mais lima via Lk estabilidade de empregl) cl() que pwpriamente IIlll
campo de tmhdho exigente quanto 1) prohssiondbmo e seriedade (ROSA 2000 p ) 1)
() perfIl social e pedag()gico dos alunos que ingressam e
permanecem na escola puacuteblica por putro lado wmenta I
frustaccedilatildeo de l11uitus Irofessorcs Laacute cstlo criancls mal
alimentadas mal vesLidas e com haacutebitos e experiecircncias llluiw
distantes do universo idealizado pel() professor Grande parte
d(iacute corpo lisccntc nfiacute(J tem haacutebito ele leitur~l lecirc mal c escreve
de f(lrma haante elclicicnte A seduccedilatildeo que os meios de
comunicaccedilatildeo de massa exercem tecircm aUacutelstado a juventude da leitura e da escrita Os pais destes jovens tarnheacutem natildeo tecircm
Hisl(Iacuteri~1 amp tllSillll Londrilll 7 p 14)16 (lut 2(1(1 i 149
este hthito Poucos lecircem jurnal diariamente Muito poucos
krlln algum livru ll) uacuteltimo lnel O prufe~sor de ensino
fUllllamenLd e meacutedio rem encontrllIu muitas lzes estudantes
que escrevem mal natildeo entendem o que lecircem llem o que ()
professor rab O desencantamento dl) magisteacuterio com sua
priacutetica docente aparece em plne COI11l1 uma decorrecircncia
deste quadro
A questatildeo que nos parece pertinente neste momento eacute a
seguinte C()Il111 o proj~ss()r tem redgido agrave este desencanl ll1lcnto
Uma saiacuteda talvez a mais ftcil telll sido () pacto da
mediocridade um 1Cordo velaLlo natildeo expliacutecito nem formal entre
j1wfessor e lIul1o em LjLle um finge que aprenle e outro finge que
ensina ESI 1lctO llllc ser materializado ell diversas I~ilmas
Uma delas eacute a conhecida tlcha amarelada alguns professores
carregllll em suas pastas aquelas fichas amareladas pelo tempo
emele estatildee) e~crit()s () Il1111S exerciacutecios esquemas e cOlHeuacutedos
qUecirc vecircm sendu h(t anus lecircproduziLlos lU quadro negro e copiados
pelos alunos Outra maneira decirc formalizar este pacto se daacute com
a maacute adCllfll) do livrll did(ttico Alguns professores utilizam
incmretanltlltl a distrihuiccedilatildeo grmuita do nwterial didciacuteticll pelo
Programa Nacillnal do Livro Didaacutetico (PNLD) Em vez de
1proveitar este recurso dilttico de fonn~l criacutetica e criativa
preferem rcstringir sua aula 1 leitura c memoriHJIlJ de
contcuacutellus presentes neste lino didaacutetico O livro lliduacutetico se
transforma assim numa lllukta
A JlIsti I icari v~ lprescntaLLI pelos IH )tcssores )xl1a tais
iniciativas nLlciona-se Cl)1I a blta de l[Joiu institucional decorrente
da sistemaacutetica estrateacutegia de desvalorizaccedilatildeo dl) ensino em nosso paiacutes
Se a praacutetica docente eacute desvalorizada pelo sistema educacional que
uferece parCllS sahiacuterios e condiccedilotildees leploraacuteveis de trabalho) da eacute
igualmente desvalorizada quand() o docente abdica du exerciacutecio da
docecircncia em muldes profissionais e especillizados
I
bull
Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento
SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull
d()centes
participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar
11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy
liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula
representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I
entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode
scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para
tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma
rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar
Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no
ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como
middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()
profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em
tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo
docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais
tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a
lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos
viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com
ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml
furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso
social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que
sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li
SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social
em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua
ideacuteia ~lfinnand(l
lS1
152
Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros
interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls
(COlSETTI 2000122)
Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar
amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo
e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)
e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm
pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam
com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de
estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do
reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist
OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc
senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento
especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala
de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da
pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem
pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na
proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato
cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo
poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se
mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de
ca llC i1accediluu profissional
Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica
tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor
demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()
com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)
dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu
llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001
li
bull
(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere
l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull
lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem
estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas
expectativasbull
Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar
a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos
Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e
Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que
yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)
A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1
pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll
t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m
A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem
este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige
que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e
pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1
fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de
lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve
Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute
maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb
A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua
pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo
de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista
tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que
esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a
151
I
qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc
reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade
Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos
l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)
o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua
utilizaccedilatildeo
o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem
se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para
responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem
incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta
in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl
reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In
exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm
sido publicadas contendo exclusivamente documentos
hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas
puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos
histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes
sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem
explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica
docente
Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo
pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue
aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl
de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l
meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como
ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I
conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada
brasileira
Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001
Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor
bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja
da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente
do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO
111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se
refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo
documento J
Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma
Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros
capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta
VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo
deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()
melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l
sdha fazer pior que todos
1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde
e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei
lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)
bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento
hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem
escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel
bull
documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo
antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento
l seu sentic) geral
No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este
documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem
quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este
l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato
dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A
155
li
I
--------------------------------------------------------------- shy
156
maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc
que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]
que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo
para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa
1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio
Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o
iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod
Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)
ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI
literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade
Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte
eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que
Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que
aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear
Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()
dncumento
r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em
muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil
cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico
guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o
produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc
no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl
pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil
sempre rica e impressionante
Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento
em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar
no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas
mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS
essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu
I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001
bull
bull
bull bull
lO
I
Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()
prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i
lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno
eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem
compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln
() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma
atraente
No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da
nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio
Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO
pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)
COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos
americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo
lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima
l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os
interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl
o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e
L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio
de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao
Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena
nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo
11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava
era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No
discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O
prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue
ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp
lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157
Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo
inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle
o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c
que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal
l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)
Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos
his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I
desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu
tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e
geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino
de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante
O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)
LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls
julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de
preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns
professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de
vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em
sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo
Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu
para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo
Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento
em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS
pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha
A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L
nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1
(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)
1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J
I
bull
A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos
prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha
apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos
que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull
diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a
in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e
fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano
(jONIU102000)
bull
Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem
de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no
telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade
que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para
llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto
que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse
estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl
se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo
bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos
peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com
armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder
Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il
Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da
lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()
aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido
lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves
les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do
homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)
159
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
148
No nl)~SU entender o ducullIento em si nflo possui
lJU~dllUlr capacidade transformadora eou inoadora O p~lpe1
que este recurso didaacutetico cksempenharuacute depelllle da forma com
que tur utilizado Depende lo tipo de comprlll1lisso que o professor
tiver com o atll de ensinar O documento pode servir tanto para
a ampliaccedilatildeo do senso criacutetico e a construccedilatildeo do conhecimento
em sala de aula quanto para C(mS()illar estruturls arcaicas que
val()ri=~Il1 I memorizaccedil~l(l A lItilizaccedilatildeo adeljllllb do documento na slb iepende sllhrcllll do cOlnprl1lllis que o prof~~s()r
tenha cum sua pritica ducenle
o Plofessol e o Ensino ele Histoacutelia
E omo andl II cumpromisso do professor COl1l SllC1
pruacutetica docent e
No nosso entender prevalece hoje no magisteacuterio do ensino
fLlndamenttl e meacutedio um crescente lesencantmnento cum a
niidak locente
Este desenCanlllllclltu estaacute asslCillu eIn grande parte ~l
razoacutees que levaram aquce illLliviacuteduo a oplar pela carreira docente
Weber (1997) desenha um quadro ao mesmo tempo real e
desalentador Segundo ela muitos professores optaram pela
ClrreIacuter1 do magisteacuterilt) pur ltrem se ach~ll) vucacionados Esrl enHll)iacuteu sllhjetiva e rUnl~l1lic1 se esvai c lll () lcIllPO lllass~lcradl
pel) trlhlttlho sistemaliclIliacuteenle clesvalori=ldu e pela enorme Glrgd
horaacuteria que muitus de noacutes somos ubrigados a cumprir para
sohreviver Outros professores segundo a mesma cwtora
esculheram a carreira do magisteacuteri() por imposiccedilatildeo Clrniliar Neste
casu () dcsencantamCllt) com a protlsslu eacute mais raacutepido ainda
puis crS JssocIacuteado ao iltu du professor natildell ter tido a oportunidade
de decidir seu futuro O urinUacuteSlllO e entusiasmo que dominaram
II istlIacuteria amp Ensinu LUl1drina v 7 p 14 116) llUt 200 I
11
bull
bull
lO
os primeiros anos de praacutetica profissional satildeo substituiacutedos por
lima progrc-sivC1 deccpltatilde(l
Este dcscncantll11el1to nos pmcce tiutn ~lil1da das poliacuteticas
puacuteblicas na aacuterea da educaccedilatildeo Natildeo eacute preciso recorrer aos dados
l]wntitatios para constatar o sistemttico desmantelamento do
slecircniccedilll pll1icu em 11 lSSO paiacutes s lhrltlldo ll] aacuterea da lLlucaccedilatildeo
nas uacuteltimas deacutecadas Os cortes de verba e o achatamento salarial
tecircm transformado o professor em uma das viacutetimas deste
lL1stamentll criteriosl l persistente Llo Esn1do da ((lisa )llhlica
Aleacutem diss() a carreira de mlgisteacuterio sofre crescente degradaccedilatildeo
Muitos profissiom1Iacutes UacutelZem esta opccedilatildeo devido agrave esmbilidade que
1 umdiccedilatildell de funcioniacuterj( 1 puacuteblico promove 5lIlny Rosl (2000) sintetiza 1 situaccedilatildeo at u11 do magist(rio da seguinte f()rma
jmmados ltl toque de caixI em instituil)es que lidam com () ensino
como 111ercldoril - haixando a qU~llicbde em t nlGl da quantidade
- n IlllrCiCO privilceacuteildo dos egressos do ensino superi()r ria ()
mlgisteacuterin puacuteblico de primeiro e segllndo graus Os haixus saL1rIacuteos e dS prec1rils condiccedilotildees cL- trahalho incumhiram-se de aUacutelstar llS
profissi 1J]lIacuteS maio hell1 capaciacutetllos passmd I lSlm em grmlc parte agraves 11l1l lO de indivIacuteLllIlt lS Ljue viram ]lO mlgisteacuterir) ofici~ll 111uitll mais lima via Lk estabilidade de empregl) cl() que pwpriamente IIlll
campo de tmhdho exigente quanto 1) prohssiondbmo e seriedade (ROSA 2000 p ) 1)
() perfIl social e pedag()gico dos alunos que ingressam e
permanecem na escola puacuteblica por putro lado wmenta I
frustaccedilatildeo de l11uitus Irofessorcs Laacute cstlo criancls mal
alimentadas mal vesLidas e com haacutebitos e experiecircncias llluiw
distantes do universo idealizado pel() professor Grande parte
d(iacute corpo lisccntc nfiacute(J tem haacutebito ele leitur~l lecirc mal c escreve
de f(lrma haante elclicicnte A seduccedilatildeo que os meios de
comunicaccedilatildeo de massa exercem tecircm aUacutelstado a juventude da leitura e da escrita Os pais destes jovens tarnheacutem natildeo tecircm
Hisl(Iacuteri~1 amp tllSillll Londrilll 7 p 14)16 (lut 2(1(1 i 149
este hthito Poucos lecircem jurnal diariamente Muito poucos
krlln algum livru ll) uacuteltimo lnel O prufe~sor de ensino
fUllllamenLd e meacutedio rem encontrllIu muitas lzes estudantes
que escrevem mal natildeo entendem o que lecircem llem o que ()
professor rab O desencantamento dl) magisteacuterio com sua
priacutetica docente aparece em plne COI11l1 uma decorrecircncia
deste quadro
A questatildeo que nos parece pertinente neste momento eacute a
seguinte C()Il111 o proj~ss()r tem redgido agrave este desencanl ll1lcnto
Uma saiacuteda talvez a mais ftcil telll sido () pacto da
mediocridade um 1Cordo velaLlo natildeo expliacutecito nem formal entre
j1wfessor e lIul1o em LjLle um finge que aprenle e outro finge que
ensina ESI 1lctO llllc ser materializado ell diversas I~ilmas
Uma delas eacute a conhecida tlcha amarelada alguns professores
carregllll em suas pastas aquelas fichas amareladas pelo tempo
emele estatildee) e~crit()s () Il1111S exerciacutecios esquemas e cOlHeuacutedos
qUecirc vecircm sendu h(t anus lecircproduziLlos lU quadro negro e copiados
pelos alunos Outra maneira decirc formalizar este pacto se daacute com
a maacute adCllfll) do livrll did(ttico Alguns professores utilizam
incmretanltlltl a distrihuiccedilatildeo grmuita do nwterial didciacuteticll pelo
Programa Nacillnal do Livro Didaacutetico (PNLD) Em vez de
1proveitar este recurso dilttico de fonn~l criacutetica e criativa
preferem rcstringir sua aula 1 leitura c memoriHJIlJ de
contcuacutellus presentes neste lino didaacutetico O livro lliduacutetico se
transforma assim numa lllukta
A JlIsti I icari v~ lprescntaLLI pelos IH )tcssores )xl1a tais
iniciativas nLlciona-se Cl)1I a blta de l[Joiu institucional decorrente
da sistemaacutetica estrateacutegia de desvalorizaccedilatildeo dl) ensino em nosso paiacutes
Se a praacutetica docente eacute desvalorizada pelo sistema educacional que
uferece parCllS sahiacuterios e condiccedilotildees leploraacuteveis de trabalho) da eacute
igualmente desvalorizada quand() o docente abdica du exerciacutecio da
docecircncia em muldes profissionais e especillizados
I
bull
Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento
SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull
d()centes
participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar
11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy
liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula
representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I
entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode
scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para
tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma
rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar
Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no
ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como
middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()
profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em
tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo
docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais
tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a
lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos
viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com
ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml
furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso
social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que
sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li
SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social
em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua
ideacuteia ~lfinnand(l
lS1
152
Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros
interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls
(COlSETTI 2000122)
Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar
amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo
e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)
e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm
pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam
com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de
estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do
reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist
OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc
senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento
especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala
de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da
pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem
pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na
proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato
cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo
poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se
mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de
ca llC i1accediluu profissional
Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica
tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor
demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()
com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)
dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu
llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001
li
bull
(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere
l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull
lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem
estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas
expectativasbull
Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar
a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos
Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e
Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que
yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)
A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1
pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll
t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m
A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem
este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige
que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e
pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1
fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de
lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve
Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute
maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb
A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua
pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo
de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista
tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que
esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a
151
I
qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc
reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade
Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos
l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)
o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua
utilizaccedilatildeo
o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem
se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para
responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem
incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta
in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl
reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In
exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm
sido publicadas contendo exclusivamente documentos
hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas
puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos
histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes
sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem
explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica
docente
Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo
pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue
aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl
de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l
meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como
ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I
conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada
brasileira
Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001
Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor
bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja
da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente
do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO
111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se
refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo
documento J
Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma
Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros
capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta
VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo
deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()
melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l
sdha fazer pior que todos
1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde
e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei
lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)
bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento
hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem
escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel
bull
documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo
antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento
l seu sentic) geral
No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este
documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem
quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este
l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato
dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A
155
li
I
--------------------------------------------------------------- shy
156
maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc
que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]
que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo
para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa
1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio
Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o
iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod
Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)
ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI
literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade
Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte
eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que
Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que
aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear
Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()
dncumento
r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em
muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil
cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico
guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o
produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc
no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl
pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil
sempre rica e impressionante
Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento
em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar
no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas
mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS
essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu
I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001
bull
bull
bull bull
lO
I
Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()
prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i
lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno
eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem
compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln
() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma
atraente
No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da
nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio
Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO
pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)
COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos
americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo
lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima
l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os
interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl
o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e
L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio
de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao
Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena
nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo
11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava
era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No
discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O
prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue
ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp
lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157
Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo
inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle
o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c
que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal
l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)
Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos
his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I
desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu
tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e
geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino
de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante
O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)
LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls
julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de
preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns
professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de
vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em
sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo
Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu
para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo
Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento
em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS
pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha
A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L
nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1
(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)
1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J
I
bull
A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos
prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha
apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos
que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull
diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a
in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e
fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano
(jONIU102000)
bull
Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem
de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no
telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade
que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para
llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto
que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse
estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl
se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo
bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos
peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com
armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder
Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il
Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da
lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()
aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido
lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves
les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do
homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)
159
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
11
bull
bull
lO
os primeiros anos de praacutetica profissional satildeo substituiacutedos por
lima progrc-sivC1 deccpltatilde(l
Este dcscncantll11el1to nos pmcce tiutn ~lil1da das poliacuteticas
puacuteblicas na aacuterea da educaccedilatildeo Natildeo eacute preciso recorrer aos dados
l]wntitatios para constatar o sistemttico desmantelamento do
slecircniccedilll pll1icu em 11 lSSO paiacutes s lhrltlldo ll] aacuterea da lLlucaccedilatildeo
nas uacuteltimas deacutecadas Os cortes de verba e o achatamento salarial
tecircm transformado o professor em uma das viacutetimas deste
lL1stamentll criteriosl l persistente Llo Esn1do da ((lisa )llhlica
Aleacutem diss() a carreira de mlgisteacuterio sofre crescente degradaccedilatildeo
Muitos profissiom1Iacutes UacutelZem esta opccedilatildeo devido agrave esmbilidade que
1 umdiccedilatildell de funcioniacuterj( 1 puacuteblico promove 5lIlny Rosl (2000) sintetiza 1 situaccedilatildeo at u11 do magist(rio da seguinte f()rma
jmmados ltl toque de caixI em instituil)es que lidam com () ensino
como 111ercldoril - haixando a qU~llicbde em t nlGl da quantidade
- n IlllrCiCO privilceacuteildo dos egressos do ensino superi()r ria ()
mlgisteacuterin puacuteblico de primeiro e segllndo graus Os haixus saL1rIacuteos e dS prec1rils condiccedilotildees cL- trahalho incumhiram-se de aUacutelstar llS
profissi 1J]lIacuteS maio hell1 capaciacutetllos passmd I lSlm em grmlc parte agraves 11l1l lO de indivIacuteLllIlt lS Ljue viram ]lO mlgisteacuterir) ofici~ll 111uitll mais lima via Lk estabilidade de empregl) cl() que pwpriamente IIlll
campo de tmhdho exigente quanto 1) prohssiondbmo e seriedade (ROSA 2000 p ) 1)
() perfIl social e pedag()gico dos alunos que ingressam e
permanecem na escola puacuteblica por putro lado wmenta I
frustaccedilatildeo de l11uitus Irofessorcs Laacute cstlo criancls mal
alimentadas mal vesLidas e com haacutebitos e experiecircncias llluiw
distantes do universo idealizado pel() professor Grande parte
d(iacute corpo lisccntc nfiacute(J tem haacutebito ele leitur~l lecirc mal c escreve
de f(lrma haante elclicicnte A seduccedilatildeo que os meios de
comunicaccedilatildeo de massa exercem tecircm aUacutelstado a juventude da leitura e da escrita Os pais destes jovens tarnheacutem natildeo tecircm
Hisl(Iacuteri~1 amp tllSillll Londrilll 7 p 14)16 (lut 2(1(1 i 149
este hthito Poucos lecircem jurnal diariamente Muito poucos
krlln algum livru ll) uacuteltimo lnel O prufe~sor de ensino
fUllllamenLd e meacutedio rem encontrllIu muitas lzes estudantes
que escrevem mal natildeo entendem o que lecircem llem o que ()
professor rab O desencantamento dl) magisteacuterio com sua
priacutetica docente aparece em plne COI11l1 uma decorrecircncia
deste quadro
A questatildeo que nos parece pertinente neste momento eacute a
seguinte C()Il111 o proj~ss()r tem redgido agrave este desencanl ll1lcnto
Uma saiacuteda talvez a mais ftcil telll sido () pacto da
mediocridade um 1Cordo velaLlo natildeo expliacutecito nem formal entre
j1wfessor e lIul1o em LjLle um finge que aprenle e outro finge que
ensina ESI 1lctO llllc ser materializado ell diversas I~ilmas
Uma delas eacute a conhecida tlcha amarelada alguns professores
carregllll em suas pastas aquelas fichas amareladas pelo tempo
emele estatildee) e~crit()s () Il1111S exerciacutecios esquemas e cOlHeuacutedos
qUecirc vecircm sendu h(t anus lecircproduziLlos lU quadro negro e copiados
pelos alunos Outra maneira decirc formalizar este pacto se daacute com
a maacute adCllfll) do livrll did(ttico Alguns professores utilizam
incmretanltlltl a distrihuiccedilatildeo grmuita do nwterial didciacuteticll pelo
Programa Nacillnal do Livro Didaacutetico (PNLD) Em vez de
1proveitar este recurso dilttico de fonn~l criacutetica e criativa
preferem rcstringir sua aula 1 leitura c memoriHJIlJ de
contcuacutellus presentes neste lino didaacutetico O livro lliduacutetico se
transforma assim numa lllukta
A JlIsti I icari v~ lprescntaLLI pelos IH )tcssores )xl1a tais
iniciativas nLlciona-se Cl)1I a blta de l[Joiu institucional decorrente
da sistemaacutetica estrateacutegia de desvalorizaccedilatildeo dl) ensino em nosso paiacutes
Se a praacutetica docente eacute desvalorizada pelo sistema educacional que
uferece parCllS sahiacuterios e condiccedilotildees leploraacuteveis de trabalho) da eacute
igualmente desvalorizada quand() o docente abdica du exerciacutecio da
docecircncia em muldes profissionais e especillizados
I
bull
Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento
SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull
d()centes
participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar
11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy
liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula
representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I
entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode
scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para
tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma
rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar
Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no
ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como
middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()
profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em
tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo
docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais
tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a
lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos
viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com
ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml
furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso
social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que
sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li
SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social
em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua
ideacuteia ~lfinnand(l
lS1
152
Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros
interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls
(COlSETTI 2000122)
Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar
amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo
e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)
e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm
pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam
com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de
estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do
reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist
OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc
senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento
especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala
de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da
pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem
pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na
proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato
cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo
poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se
mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de
ca llC i1accediluu profissional
Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica
tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor
demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()
com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)
dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu
llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001
li
bull
(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere
l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull
lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem
estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas
expectativasbull
Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar
a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos
Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e
Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que
yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)
A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1
pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll
t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m
A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem
este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige
que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e
pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1
fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de
lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve
Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute
maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb
A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua
pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo
de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista
tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que
esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a
151
I
qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc
reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade
Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos
l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)
o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua
utilizaccedilatildeo
o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem
se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para
responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem
incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta
in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl
reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In
exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm
sido publicadas contendo exclusivamente documentos
hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas
puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos
histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes
sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem
explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica
docente
Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo
pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue
aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl
de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l
meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como
ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I
conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada
brasileira
Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001
Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor
bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja
da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente
do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO
111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se
refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo
documento J
Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma
Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros
capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta
VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo
deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()
melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l
sdha fazer pior que todos
1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde
e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei
lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)
bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento
hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem
escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel
bull
documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo
antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento
l seu sentic) geral
No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este
documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem
quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este
l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato
dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A
155
li
I
--------------------------------------------------------------- shy
156
maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc
que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]
que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo
para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa
1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio
Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o
iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod
Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)
ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI
literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade
Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte
eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que
Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que
aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear
Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()
dncumento
r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em
muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil
cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico
guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o
produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc
no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl
pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil
sempre rica e impressionante
Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento
em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar
no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas
mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS
essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu
I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001
bull
bull
bull bull
lO
I
Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()
prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i
lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno
eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem
compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln
() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma
atraente
No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da
nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio
Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO
pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)
COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos
americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo
lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima
l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os
interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl
o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e
L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio
de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao
Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena
nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo
11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava
era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No
discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O
prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue
ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp
lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157
Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo
inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle
o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c
que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal
l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)
Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos
his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I
desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu
tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e
geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino
de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante
O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)
LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls
julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de
preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns
professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de
vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em
sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo
Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu
para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo
Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento
em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS
pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha
A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L
nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1
(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)
1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J
I
bull
A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos
prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha
apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos
que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull
diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a
in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e
fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano
(jONIU102000)
bull
Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem
de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no
telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade
que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para
llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto
que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse
estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl
se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo
bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos
peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com
armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder
Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il
Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da
lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()
aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido
lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves
les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do
homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)
159
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
este hthito Poucos lecircem jurnal diariamente Muito poucos
krlln algum livru ll) uacuteltimo lnel O prufe~sor de ensino
fUllllamenLd e meacutedio rem encontrllIu muitas lzes estudantes
que escrevem mal natildeo entendem o que lecircem llem o que ()
professor rab O desencantamento dl) magisteacuterio com sua
priacutetica docente aparece em plne COI11l1 uma decorrecircncia
deste quadro
A questatildeo que nos parece pertinente neste momento eacute a
seguinte C()Il111 o proj~ss()r tem redgido agrave este desencanl ll1lcnto
Uma saiacuteda talvez a mais ftcil telll sido () pacto da
mediocridade um 1Cordo velaLlo natildeo expliacutecito nem formal entre
j1wfessor e lIul1o em LjLle um finge que aprenle e outro finge que
ensina ESI 1lctO llllc ser materializado ell diversas I~ilmas
Uma delas eacute a conhecida tlcha amarelada alguns professores
carregllll em suas pastas aquelas fichas amareladas pelo tempo
emele estatildee) e~crit()s () Il1111S exerciacutecios esquemas e cOlHeuacutedos
qUecirc vecircm sendu h(t anus lecircproduziLlos lU quadro negro e copiados
pelos alunos Outra maneira decirc formalizar este pacto se daacute com
a maacute adCllfll) do livrll did(ttico Alguns professores utilizam
incmretanltlltl a distrihuiccedilatildeo grmuita do nwterial didciacuteticll pelo
Programa Nacillnal do Livro Didaacutetico (PNLD) Em vez de
1proveitar este recurso dilttico de fonn~l criacutetica e criativa
preferem rcstringir sua aula 1 leitura c memoriHJIlJ de
contcuacutellus presentes neste lino didaacutetico O livro lliduacutetico se
transforma assim numa lllukta
A JlIsti I icari v~ lprescntaLLI pelos IH )tcssores )xl1a tais
iniciativas nLlciona-se Cl)1I a blta de l[Joiu institucional decorrente
da sistemaacutetica estrateacutegia de desvalorizaccedilatildeo dl) ensino em nosso paiacutes
Se a praacutetica docente eacute desvalorizada pelo sistema educacional que
uferece parCllS sahiacuterios e condiccedilotildees leploraacuteveis de trabalho) da eacute
igualmente desvalorizada quand() o docente abdica du exerciacutecio da
docecircncia em muldes profissionais e especillizados
I
bull
Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento
SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull
d()centes
participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar
11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy
liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula
representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I
entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode
scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para
tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma
rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar
Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no
ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como
middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()
profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em
tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo
docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais
tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a
lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos
viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com
ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml
furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso
social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que
sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li
SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social
em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua
ideacuteia ~lfinnand(l
lS1
152
Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros
interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls
(COlSETTI 2000122)
Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar
amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo
e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)
e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm
pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam
com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de
estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do
reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist
OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc
senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento
especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala
de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da
pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem
pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na
proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato
cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo
poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se
mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de
ca llC i1accediluu profissional
Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica
tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor
demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()
com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)
dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu
llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001
li
bull
(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere
l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull
lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem
estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas
expectativasbull
Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar
a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos
Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e
Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que
yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)
A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1
pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll
t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m
A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem
este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige
que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e
pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1
fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de
lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve
Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute
maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb
A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua
pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo
de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista
tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que
esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a
151
I
qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc
reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade
Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos
l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)
o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua
utilizaccedilatildeo
o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem
se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para
responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem
incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta
in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl
reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In
exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm
sido publicadas contendo exclusivamente documentos
hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas
puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos
histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes
sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem
explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica
docente
Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo
pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue
aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl
de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l
meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como
ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I
conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada
brasileira
Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001
Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor
bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja
da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente
do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO
111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se
refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo
documento J
Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma
Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros
capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta
VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo
deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()
melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l
sdha fazer pior que todos
1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde
e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei
lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)
bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento
hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem
escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel
bull
documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo
antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento
l seu sentic) geral
No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este
documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem
quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este
l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato
dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A
155
li
I
--------------------------------------------------------------- shy
156
maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc
que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]
que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo
para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa
1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio
Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o
iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod
Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)
ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI
literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade
Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte
eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que
Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que
aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear
Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()
dncumento
r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em
muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil
cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico
guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o
produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc
no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl
pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil
sempre rica e impressionante
Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento
em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar
no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas
mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS
essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu
I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001
bull
bull
bull bull
lO
I
Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()
prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i
lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno
eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem
compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln
() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma
atraente
No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da
nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio
Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO
pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)
COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos
americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo
lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima
l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os
interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl
o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e
L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio
de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao
Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena
nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo
11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava
era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No
discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O
prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue
ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp
lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157
Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo
inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle
o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c
que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal
l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)
Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos
his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I
desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu
tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e
geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino
de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante
O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)
LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls
julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de
preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns
professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de
vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em
sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo
Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu
para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo
Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento
em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS
pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha
A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L
nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1
(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)
1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J
I
bull
A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos
prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha
apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos
que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull
diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a
in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e
fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano
(jONIU102000)
bull
Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem
de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no
telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade
que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para
llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto
que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse
estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl
se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo
bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos
peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com
armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder
Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il
Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da
lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()
aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido
lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves
les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do
homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)
159
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
I
bull
Existe outra maneira de reagir 1 este desencantamento
SeLl que () marasnw e a perplexidade cJuminaraacute trlcl()s osbull
d()centes
participaccedil1o sindical e partidaacuteria apesar de representar
11m1 il preferencial de 1tmlccedil1o poliacutetica c de tnm5Uacutemnaccediliiacuteo desta rlltI IlcLtde Itrlle sofrer crescente plCeSSO de dC~aste )1 microshy
liacutesic1 de poder (I)UCAULT 1995) que a escob e Slla de aula
representam a autonomia do professor ainda eacute grande No nosso (I
entender uma das vias de uperaccedilflu deste deSellGH1tamento pode
scr pavimentada no espaccedilo da ecoa e da sala de auLl Para
tanto () wfesS(1r deve associar seu compromisso p(lliacutetico com uma praacutetica docente voltada para a lwfissIacuter ln11izaccedilflo com uma
rlLlccedilflo com seu 11 li ll() que Iiorize a constrlltJi(l du conhecimento escolar
Este compromisso p(liacutetico implica necessariamente no
ahmdono llaS tais fichas amareacbs c do liTO didaacutetico como
middot11 1l1ll~1 muleta para () -w(essor Este compwlllisso exige que ()
profesSllr resista agraves pressfles que o empurram para a vah1 da mediocridade e do autoritarismo Esta resistecircncia eacute difiacutecil em
tempos de neu-liberl1imlO A estrateacuteguumll de desvalurizaccedilatildeo
docente implementado por agecircncias nacionais e internacionais
tem obtido ecircxito IlCl medida em que o desencantamento com a
lriacutetiacuteca ctlLentc eacute aceitu Cllmo uma situaccedilatildeo ineitaacuteve1 Se somos
viacutetimas desta estrateacutegia nco-Iiberal Gitaremos curroborando com
ela ao abdicarnws de um exerciacutecio consciente de nosso papel ml
furmaccedil1o 1ra a cidhbnia li Corsetti (2000) reforccedila a import~nlil cio c0ll11wrnisso
social do professor de Hist()[ia Um professor que faz com que
sua llda seja agrllhive e atrlente Um mestre que cria junto ~1li
SClIS alull 1S oportuniebdcs de cl11lrcensiiacute) L1 realidade social
em toda a sua complexidade Corsetti (2000) complementa sua
ideacuteia ~lfinnand(l
lS1
152
Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros
interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls
(COlSETTI 2000122)
Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar
amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo
e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)
e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm
pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam
com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de
estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do
reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist
OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc
senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento
especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala
de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da
pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem
pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na
proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato
cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo
poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se
mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de
ca llC i1accediluu profissional
Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica
tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor
demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()
com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)
dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu
llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001
li
bull
(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere
l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull
lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem
estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas
expectativasbull
Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar
a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos
Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e
Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que
yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)
A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1
pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll
t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m
A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem
este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige
que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e
pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1
fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de
lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve
Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute
maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb
A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua
pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo
de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista
tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que
esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a
151
I
qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc
reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade
Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos
l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)
o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua
utilizaccedilatildeo
o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem
se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para
responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem
incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta
in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl
reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In
exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm
sido publicadas contendo exclusivamente documentos
hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas
puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos
histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes
sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem
explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica
docente
Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo
pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue
aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl
de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l
meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como
ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I
conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada
brasileira
Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001
Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor
bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja
da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente
do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO
111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se
refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo
documento J
Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma
Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros
capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta
VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo
deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()
melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l
sdha fazer pior que todos
1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde
e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei
lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)
bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento
hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem
escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel
bull
documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo
antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento
l seu sentic) geral
No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este
documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem
quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este
l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato
dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A
155
li
I
--------------------------------------------------------------- shy
156
maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc
que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]
que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo
para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa
1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio
Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o
iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod
Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)
ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI
literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade
Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte
eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que
Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que
aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear
Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()
dncumento
r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em
muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil
cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico
guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o
produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc
no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl
pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil
sempre rica e impressionante
Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento
em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar
no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas
mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS
essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu
I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001
bull
bull
bull bull
lO
I
Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()
prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i
lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno
eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem
compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln
() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma
atraente
No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da
nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio
Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO
pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)
COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos
americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo
lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima
l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os
interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl
o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e
L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio
de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao
Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena
nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo
11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava
era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No
discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O
prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue
ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp
lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157
Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo
inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle
o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c
que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal
l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)
Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos
his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I
desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu
tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e
geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino
de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante
O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)
LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls
julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de
preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns
professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de
vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em
sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo
Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu
para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo
Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento
em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS
pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha
A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L
nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1
(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)
1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J
I
bull
A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos
prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha
apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos
que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull
diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a
in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e
fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano
(jONIU102000)
bull
Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem
de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no
telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade
que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para
llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto
que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse
estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl
se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo
bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos
peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com
armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder
Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il
Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da
lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()
aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido
lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves
les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do
homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)
159
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
152
Assumir cose lugar talvez seja ~1 1ltlssa grande possibilidade de contrihuir para que nossa socieebde natildeo seja mollada por outros
interesses qlle nell) sejllll os de alcanccedilarmos com dignidadc c s)lidariedade Uiacuteliacute futuro mais justu c melhor para tulls
(COlSETTI 2000122)
Este ClHnpromisso poliacutetico com a praacutetica docente deve estar
amparadu em estrateacutegias de profissIacuteunalizaccedilatildeo O profissionalismo
e) especidizaccedilfiacuteu natildeo Sll) Irll)CUpaccedil()es lJuc lJrientam o cor~j(llmiddot)
e ilS l11lntc~ de nHlit()~ clllcclltes desde II IIlU1))cnto ljue optilLlm
pela calTura do magisteacuterio Alguns prute~suns se contlrlllam
com II lugar que ocupam 110 mercado de trabalhu e param de
estudar ler e se aperfeiccediloar Elcs estatildeo indo na contramatildeo do
reC( lllhecimento profissilllal Para uma pwfissagraveo seja do cientist
OUCl) professor adquirir ~Iutoridade e lt1l1tollomi 110 mercldollc
senHl)S hi que se eSllLidiar e dumii1l1 um conhecimento
especiacuteficll (PEREIRA NETO 1997) O volulltarisllo e amadorismu develll ser abandondLIacutens Para transtoacutermar a sala
de aula em um ambiente propiacutecio agrave construccediluumlo do CCllllllcirnento () PlU(lSSO[ deve seguir a roLl da
pf()fissi()n~izaccedilfiacuteo bte U ll1stante prOCeSSl) le aprendizlgem
pULle ser feita t~l11to em cursos de poacutes-gracluaccediluu qul11W na
proacutepria sala de aula Nossa experiecircllci~l docente e nosso contato
cum os alunos tecircm muito a nos ensinar Os cursos de atualizaccedilatildeo
poacutes- g rall I accedilatildeo latu -se]) SO mestradu e dou torado tem se
mult iplicado lO paiacutes llferecendo alLernativas formais de
ca llC i1accediluu profissional
Este compromisso poliacuteticu com a praacutetica pedagoacutegica
tambeacutem implica em uma relaccedil5o diferente com seu aluno Acreditamus Clllnu Monteiro (2000) que cabe ltlU professor
demucritico e cOlscient c buscar as ai tenu ti IS para o trlltll ()
com li dllllO real de Urllll auxiliaacute-lo a 111lt11 na COllSITUCcedil8l)
dus conhecimentus a que como cidacluumlu tem direi tu
llitl)ria amp EnoillO Lll1lrina v 7 p 1+)-16~ uut 2001
li
bull
(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere
l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull
lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem
estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas
expectativasbull
Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar
a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos
Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e
Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que
yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)
A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1
pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll
t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m
A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem
este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige
que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e
pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1
fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de
lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve
Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute
maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb
A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua
pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo
de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista
tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que
esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a
151
I
qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc
reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade
Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos
l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)
o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua
utilizaccedilatildeo
o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem
se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para
responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem
incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta
in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl
reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In
exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm
sido publicadas contendo exclusivamente documentos
hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas
puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos
histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes
sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem
explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica
docente
Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo
pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue
aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl
de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l
meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como
ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I
conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada
brasileira
Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001
Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor
bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja
da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente
do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO
111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se
refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo
documento J
Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma
Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros
capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta
VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo
deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()
melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l
sdha fazer pior que todos
1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde
e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei
lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)
bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento
hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem
escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel
bull
documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo
antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento
l seu sentic) geral
No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este
documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem
quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este
l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato
dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A
155
li
I
--------------------------------------------------------------- shy
156
maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc
que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]
que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo
para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa
1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio
Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o
iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod
Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)
ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI
literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade
Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte
eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que
Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que
aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear
Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()
dncumento
r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em
muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil
cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico
guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o
produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc
no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl
pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil
sempre rica e impressionante
Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento
em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar
no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas
mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS
essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu
I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001
bull
bull
bull bull
lO
I
Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()
prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i
lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno
eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem
compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln
() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma
atraente
No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da
nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio
Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO
pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)
COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos
americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo
lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima
l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os
interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl
o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e
L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio
de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao
Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena
nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo
11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava
era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No
discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O
prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue
ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp
lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157
Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo
inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle
o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c
que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal
l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)
Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos
his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I
desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu
tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e
geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino
de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante
O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)
LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls
julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de
preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns
professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de
vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em
sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo
Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu
para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo
Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento
em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS
pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha
A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L
nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1
(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)
1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J
I
bull
A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos
prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha
apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos
que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull
diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a
in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e
fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano
(jONIU102000)
bull
Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem
de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no
telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade
que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para
llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto
que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse
estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl
se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo
bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos
peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com
armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder
Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il
Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da
lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()
aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido
lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves
les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do
homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)
159
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
li
bull
(MOlTElRO 2000 p 35) Quando Monteiro (2000) se refere
l() aluno re1I estaacute criticando ()s docenre~ que de formabull
lreconceitllos1 e intolerante discriminam os dunos pn serem
estudantes que natildeo se adclJuam agrave seu modelo ou agraves suas
expectativasbull
Nossa sugestatilde(l eacute 1 seguinte O professor leve aharhonar
a forma hurocruacuteticl e tradicional de lidar com o conhccimentos
Os alunos deveratildeo deixar de ser obrigados a repetir e
Illemorizm cunteuacutedcls estrateacutegilt1 do pwfcssor terltiacute que
yalorizar a prohlematia~agraveo Segundo Seln S ronseGI ([997)
A lmljosta ele rnet()d()ogil d) ensillO de histciacuteria que lIOrlZl a prohk11l1 tizaccedilatildeo cOlllehe alll ()S e profess lrlS lomo sllcjeitos que produzcm hist(ria c umhecilllLTlto nl sala de lUlac LC1g( S~(1
pessoas sujeitos hist(nic()s que cotidianllllcnte atUlll
t-rlmformam lur1111 e resistem nos diverso espaccedilos de viecircllcia em CII lO trlbdh 1 111 escoh H1NSEC 9(17 p 1m
A il1troduccedilm do documento 111 S111 de aula pressupotildeem
este compnlmisso do professor com a praacutetic docente Eb exige
que o pw(essor estejCl Hento peacutelrl Zl funccedilatildell ~()cial dl escola e
pa1ltl o papel que o ensino da histoacuteria pode desempenhar para 1
fltlfIl1accedillo da cidadmIacuteltl A intrlduccedil80 de documentos lla Sl1a de
lUla depenck de um l llllpwmissll ) liacuterico que () professe lr deve
Llzer 1() exercer () magisteacuterio em Histriacuteria U duc1l111enlo natildeo eacute
maacutegico Ele em si natildeo trlI1sltllma ncllb
A introduccedilatildeo deste reCmS(l did1tic() 11) ensino de histlIacuteria lressupocircl1l1 lima I1m postura lu professe l em relaccedil~(l ~ sua
pruacutetic1 Apresentmemos (1 seguir algums bases pn-a 1 utilizaccedilo
de documentos em sab de aula que fujl da trldiccedilZto positivista
tCI() imprlgnltllla em mui)s de 11C)S Iinda hoje ESpeLlll1(lS que
esta prMica docente seja cap1Z de levar o estudante a
151
I
qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc
reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade
Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos
l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)
o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua
utilizaccedilatildeo
o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem
se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para
responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem
incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta
in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl
reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In
exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm
sido publicadas contendo exclusivamente documentos
hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas
puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos
histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes
sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem
explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica
docente
Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo
pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue
aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl
de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l
meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como
ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I
conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada
brasileira
Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001
Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor
bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja
da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente
do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO
111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se
refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo
documento J
Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma
Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros
capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta
VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo
deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()
melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l
sdha fazer pior que todos
1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde
e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei
lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)
bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento
hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem
escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel
bull
documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo
antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento
l seu sentic) geral
No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este
documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem
quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este
l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato
dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A
155
li
I
--------------------------------------------------------------- shy
156
maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc
que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]
que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo
para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa
1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio
Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o
iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod
Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)
ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI
literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade
Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte
eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que
Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que
aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear
Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()
dncumento
r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em
muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil
cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico
guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o
produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc
no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl
pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil
sempre rica e impressionante
Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento
em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar
no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas
mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS
essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu
I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001
bull
bull
bull bull
lO
I
Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()
prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i
lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno
eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem
compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln
() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma
atraente
No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da
nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio
Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO
pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)
COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos
americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo
lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima
l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os
interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl
o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e
L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio
de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao
Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena
nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo
11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava
era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No
discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O
prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue
ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp
lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157
Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo
inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle
o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c
que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal
l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)
Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos
his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I
desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu
tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e
geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino
de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante
O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)
LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls
julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de
preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns
professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de
vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em
sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo
Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu
para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo
Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento
em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS
pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha
A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L
nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1
(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)
1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J
I
bull
A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos
prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha
apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos
que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull
diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a
in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e
fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano
(jONIU102000)
bull
Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem
de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no
telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade
que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para
llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto
que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse
estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl
se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo
bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos
peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com
armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder
Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il
Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da
lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()
aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido
lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves
les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do
homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)
159
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
qllcstionar ~l realidade jformubndu Iroblcnws l (ratando dc
reSl )ll-ll )) uriliz lrtliu l-1rJ iSSl) l) jiL11San1cn ll) llico a cri~ltijt lade
Cl inllllltJ( raquo a capacidadl lle C1naacutelic criacutetica Sdcc[llnUKlo pn)ccdimcntos
l vcrificanl() lIa adcquaccedillo (BRASIL 1997 p 14)
o Documento Histoacuterico na sala de aula - bases para sua
utilizaccedilatildeo
o llSll de documentos escritos no ensino de Hisllria tem
se tornado uma das pruacuteLicas mais correntes na lia de aula Para
responder agrave esta crescente demanda alguns livros dilluacuteticos tem
incluiacutedo 1 anllise llecirc ducumentls entre SlL1S ativicl1l1es Esta
in s e r ccedil atilde o l III r e t a 11 t () c o n fe r c a () d() c II m e n t O UIll PLl PeI exclusivamente ilustrativo Em vez de fazer pensar) de incitar ltl
reflexatildeo criacutetica e criativa () documento eacute apresentado como U In
exemplo dltlljlliO ljue I) IiTO textu hwia dito Outras omlS tecircm
sido publicadas contendo exclusivamente documentos
hist(nicos (INAcIO e LUCA 1993 CASMAN 1976) Estas
puhlicaccedil()s tecircm o meacuterito de lisponibilizar documentos
histoacutericos lIllitas vezes de difiacutecil acesso Jdra o conjlllHll do proCssurado Elts relacionam estes dUclllllentos Illuitas vezes
sem explicar como e porque eles foram seecionalos e sem
explicar CCgtIlll () pnlCssor del~ ltiliza-I)s em sua priacutetica
docente
Uma questatildeo merece destaque neste momento Como (lo
pwfessores devem utilizar estes locumentos Os pontuo ljue
aprlSentarcIWls a seguir podem servir bs para a llrili~~aCcedilHl
de d()cumentos na praacutetica docente no ensino fundunenrd l
meacutedio Utilizaremos Carta de Pem Vaz de CaminheI como
ex~mpll) lllr ser um dos ducumentos mais utilizCldos I
conhecilos por professores e pela p()pulaccedilao escolarizada
brasileira
Hi)()rit amp Ensilhl Lllllrin 7 p 143middot165 (lul 2001
Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor
bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja
da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente
do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO
111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se
refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo
documento J
Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma
Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros
capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta
VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo
deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()
melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l
sdha fazer pior que todos
1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde
e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei
lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)
bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento
hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem
escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel
bull
documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo
antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento
l seu sentic) geral
No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este
documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem
quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este
l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato
dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A
155
li
I
--------------------------------------------------------------- shy
156
maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc
que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]
que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo
para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa
1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio
Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o
iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod
Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)
ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI
literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade
Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte
eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que
Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que
aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear
Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()
dncumento
r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em
muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil
cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico
guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o
produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc
no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl
pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil
sempre rica e impressionante
Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento
em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar
no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas
mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS
essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu
I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001
bull
bull
bull bull
lO
I
Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()
prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i
lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno
eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem
compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln
() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma
atraente
No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da
nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio
Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO
pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)
COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos
americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo
lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima
l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os
interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl
o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e
L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio
de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao
Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena
nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo
11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava
era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No
discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O
prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue
ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp
lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157
Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo
inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle
o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c
que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal
l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)
Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos
his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I
desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu
tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e
geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino
de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante
O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)
LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls
julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de
preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns
professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de
vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em
sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo
Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu
para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo
Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento
em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS
pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha
A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L
nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1
(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)
1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J
I
bull
A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos
prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha
apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos
que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull
diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a
in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e
fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano
(jONIU102000)
bull
Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem
de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no
telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade
que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para
llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto
que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse
estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl
se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo
bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos
peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com
armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder
Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il
Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da
lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()
aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido
lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves
les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do
homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)
159
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
Primeiro Ponto O emissor e () recel)tor
bull Para bcr uma eacutemiacutelise do ducumentu hitoacuterico quc fuja
da tLldiccediliiacuteo positivista eacute preciso desmontar (l signiJkado aparente
do ducumento Uma lhs vias par1 esta desl1nntagem consiste lO
111 icentific1ccediliiacuteo do emissor e do receptor quc () documcnto se
refere Ou seja ClC identificar as cOllduumlotildees de produccedilatildel1 elo
documento J
Catllinha iniciei 1 clrta da sellintc forma
Poto ljue (1 Capitatildeo-ldor desta VOSSl (rota e eacute1sim os outros
capitatildees escreveram agrave Vossa Alteza 1 nova do ac hamento desta
VOS~l terra 10l lj1le l1estl l1ITglCcedilatilde u2(lra e achou natildeo
deixlici tamhoacuten dc dar minh1 conta di) 1 Vossa Altelt1 ()
melhor que eu puder lilllb que - par1 o bem contar e blar (l
sdha fazer pior que todos
1(1111( V()ssa AlteI ()reacutem mink ig1)rflllcil l()j hO1 ()Iltlde
e C(ia hCIll por cntu que 1lr1 alindar nem afen Ilel() porei
lllli mais do que lquilo que vi e me pIITceu (C(ilTTSAtildeO 1967 p199)
bull Ao analisar as condiccediluumles de PWduCcedililll de um documento
hist(llic() () professor deve levar o aluno a perguntar quem
escreveu ~llJlele documento e a quem ele se clestinava Aleacutem 1isso ele dcve indag~lr (1 sentido gcral da ]lf()duccedililu dalJuelel
bull
documento Assim ele dcveraacute levar em cunsideraltilo
antecedentes do Coutecirnento que eacute registrado no documento
l seu sentic) geral
No casu da carta de Caminha cabe lembrar que este
documento foi redigido por um escrivlo ou seja um homem
quc slhia ler escrever L que exercia seu c[iacuteci() utilizll1ll) este
l()nhecimeI1to tatildeo P()UC() difundido naqueb eacutepoca Seu rdato
dirigilse ao Rei de Portugal durantc Regime Ahsolutist1 A
155
li
I
--------------------------------------------------------------- shy
156
maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc
que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]
que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo
para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa
1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio
Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o
iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod
Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)
ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI
literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade
Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte
eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que
Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que
aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear
Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()
dncumento
r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em
muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil
cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico
guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o
produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc
no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl
pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil
sempre rica e impressionante
Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento
em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar
no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas
mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS
essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu
I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001
bull
bull
bull bull
lO
I
Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()
prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i
lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno
eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem
compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln
() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma
atraente
No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da
nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio
Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO
pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)
COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos
americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo
lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima
l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os
interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl
o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e
L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio
de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao
Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena
nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo
11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava
era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No
discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O
prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue
ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp
lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157
Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo
inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle
o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c
que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal
l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)
Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos
his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I
desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu
tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e
geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino
de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante
O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)
LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls
julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de
preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns
professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de
vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em
sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo
Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu
para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo
Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento
em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS
pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha
A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L
nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1
(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)
1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J
I
bull
A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos
prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha
apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos
que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull
diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a
in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e
fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano
(jONIU102000)
bull
Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem
de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no
telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade
que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para
llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto
que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse
estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl
se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo
bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos
peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com
armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder
Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il
Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da
lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()
aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido
lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves
les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do
homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)
159
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
156
maneira com que Caminha se dirige ao Rei traduz sua condiccedilatildeo de submissilo Apesar dc Caminha afirmar que [alaria a verdadc
que n~-I() c()lucaria naLb p~lra alindar nCill ufc) podemos supu]
que este tlnha sidu um recurSll de retoacuterica utiliDIL10 pelo escriuacuteo
para atrair 1 confianccedila do monarca agrave sua narrativa
1(llio () locumento escrito tl~m um fim ou um destinataacuterio
Cabe ao professur perguntar para seu alunos por exemplo se o
iniacutecill Lia Carta seria () IllCSlllU se ela se dirigisse agrave outra pessod
Um historiador dc matriz positivista em seu esl~J1I)
ingenuo Lle interpretelr um documento histoacuterico em SULI
literalidade admitiria que Caminha estava f~1land() a verdade
Aceitaria sem ljuestionaI a verS~lll apresentada por ele Se a fonte
eacuteimIlentc se ela atestCl () vivido este historiador dirLI que
Camillhl Ia fiota era Ulll homem iruuml Uacutedlr lt) Rei tudo que
aClllllecLl1 clurante a vilglln sem embekzlf nem enfear
Scgundo Pontu A Rduccediluumlo entre 11111 certo conteuacutedu discij)linar e ()
dncumento
r lltilizaccedilatildeo de um documento hisllllico pude bcilitlr em
muito a compreenZlO de conceitos abstratos e de diliacutecil
cumpreensatildeo par) o jovem estudante l(lLlo documento histoacuterico
guarda iacutentima e direta relaccedilatildeo com () contexto histllrico que o
produju Sua interprctclccediluacute() pode permitir ljUC u aluno identiflquc
no cU(Umentll traccedilos llt uma determinCllb eacutepoca Esta priacuteticl
pode ap1llimar a teoria sernpre fria e abstraL com a narratil
sempre rica e impressionante
Ao estabelccer relaccedilocirces enlTe o documento e () momento
em que foi produzido () pwfessor deve levar o aluno a identificar
no CUl( do cocumel1w cxemplos que ltclem lS caracterbticas
mencionclllas teoricamenle O dOCllmellf() registra tral(lS
essenciais e significati vus do contexto luumlslllrico que o prolluziu
I-list()ria amp Ensinu LUllclrina v 7 p 14]161 uut 2001
bull
bull
bull bull
lO
I
Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()
prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i
lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno
eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem
compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln
() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma
atraente
No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da
nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio
Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO
pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)
COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos
americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo
lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima
l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os
interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl
o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e
L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio
de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao
Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena
nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo
11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava
era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No
discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O
prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue
ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp
lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157
Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo
inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle
o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c
que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal
l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)
Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos
his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I
desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu
tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e
geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino
de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante
O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)
LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls
julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de
preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns
professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de
vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em
sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo
Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu
para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo
Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento
em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS
pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha
A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L
nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1
(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)
1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J
I
bull
A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos
prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha
apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos
que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull
diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a
in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e
fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano
(jONIU102000)
bull
Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem
de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no
telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade
que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para
llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto
que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse
estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl
se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo
bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos
peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com
armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder
Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il
Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da
lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()
aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido
lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves
les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do
homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)
159
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
bull
bull
bull bull
lO
I
Voltemos H) exemplo da Carta e Caminh1 Todos ()
prufessores de histoacuterilt1 shem e ensinam qle mercantilisl11u f()i
lima das ClrdcteriacutesticlS da Era lvllderna (~erlt11mentc (l tuno
eacute leldu a memorill os objetivos gerais do mercmlilismo sem
compreender significado desta poliacutetica miliun e ecun(llnica Cllln
() uso do dUCllmento est compreenslo se fc pussiacutevel de forma
atraente
No momentu em que alguns mltivus vieram agrave bordo da
nau do Cpit)o Camillh1 fez o seguinte comentaacuterio
Vil lIm deles lima conws de rosoacuterio hrancas Acenou que lhas dessem Fllgou muito um1 elas e Ll11ccedilou-as ao pescuccedilo Depuis tirou-Is c enrolou-1s lO braccedill e lcellaZI ILI a terra ( de 10VO
pHCl 15 contas e [ua () cobr llll Capitiacute (nmo dicncu que dlriam outro por aquil Isso assim tom1vamos n(s por assim II descjumos (CORTESAtildeO 1967 p 207)
COlllO eacute do conhecimento geral () diuacuteugo entre nativos
americ1J1os e europeus em 1500 se fez por ~estos A ulll1micaccedillo
lrhal prltiGl111ente n~o existiu N() trecho lIHnciom1do 1cima
l Caminh1 il1terprCLI cta COI1llllicaccedilfiacuteo letllal sell1lllo os
interesse maiore L)ue orientlrlIn a expulsatildeo mariacutetim1 Ou SCjl
o dcseju dus purtugueses de acumular ouro e prata se impr)e
L] 11 ltll1do Call1illha tradu (lS gestos d(lS nativo em rdaccedilatildeo lO wSecirctrio
de contas brancas No trecho anterior Caminha dirigindu-se ao
Rei de Portugal chama a uacuterea receacutem descoberta de vossa tena
nova Caminha natildeo L]ueri saher se1 terra jt tinha dml 1 III natildeo
11 nwntalidle mercmtil isto POUC() import1l O que importava
era assegurar a posse da terra no discurso e n1 pruacutetica No
discurso esta intenccedilfiacuteo ficava formalmente assegurada O
prfessor llderia Lucr alguma Ljllestatildeu seus ablllUs lJue
ressalt-asse a utilizaccedilatildeo do pronome possessivo na ctruturl du d(lClIl11entp
lliocircri amp Emill Lnndrinl 7 p 14)-16 Ollt 2001 157
Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo
inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle
o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c
que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal
l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)
Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos
his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I
desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu
tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e
geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino
de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante
O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)
LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls
julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de
preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns
professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de
vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em
sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo
Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu
para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo
Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento
em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS
pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha
A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L
nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1
(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)
1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J
I
bull
A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos
prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha
apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos
que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull
diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a
in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e
fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano
(jONIU102000)
bull
Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem
de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no
telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade
que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para
llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto
que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse
estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl
se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo
bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos
peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com
armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder
Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il
Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da
lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()
aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido
lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves
les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do
homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)
159
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
Um hisruriador de matriz pusitivista em seu esforccedilo
inocente de illterpreLlr um ducumento hist(iacuterico adrnitirb qlle
o Cl1nillh1 soube lllllitu hem interpretar os gestos dos nativClS c
que t terrl tuo logo descuherta passou a ser du IZei de Portugal
l~rceacuteiro P()nlu - tnmsfeacutenhlciu JW Leml() eacute JW eacuteSXLV)
Uma outra LJlltiilbde da utililccedilflu de documentos
his (riCllS la sala de aula -sUl a nosso er lssociada ao Li (I
desu prnica poder permitir lJue () jovem leitur se transfira nu
tempo e no tspaccedilu (PAES 1984) Esta transferecircncia temporal e
geograacutefica tem enormes condiccedilotildees de fazer com ljue o ensino
de his1oacuteria se torne ainb lllltlis atraente plra liuvem estudante
O lrlliacuteessor de pn l1 1) atividades de mlise do documcl It)
LJllL permitam au almll 1 esta transferecircncia IH 1 tllllpO e espaccedil l (ls
julgamentos nil histoacutericos em geral estatildeo impregnados de
preconceitos 12uandll dissemos iSSll queremos nos referir agrave alguns
professores e pesljuisadores que analisam e estabelecem juiacutezos de
vaI 1r llll rlaccediluo aos l()c lI111llltos histoacutericui c )mo se eles tives-em
sid 1 escritos hoje O I )Ullllento histoacuterilll eacute filll 1 de seu tempo
Para Seacuter ~mt1isad() devemos nus transferir para aquele tempo e espaccedilu
para acolllpmhar-mlls suas condiccedilocirces de produccediluo
Voltemos mlIacutes lIllla vez agrave Carta mencionandll () mUlllento
em qUL Caminha ksCle () primeiro ellcontro entre (lS
pOrLlIgllSeS e os 1ltlVOS Diz Caminha
A tCiccedilJ) kks eacute serem pardos mal1Lira de avermelhados de buns rostos c hons nlrizes bcm fcitos AnLlam nus scm cobertura alguma NJ1 bzcm ) menor caso de encobrir ou de mostrI slIas vergonhas c niss) tcm tIlta inocecircncia como cm mostrar () rustu Amh)s traziam os heiccedilos de baixu fULd()s c metidos llek LlIS ossus brzlllCls L
nrLbdeiros do c( lmrimento de uml melO t rlcssa Lh gn lStlll llllll IlISO de leU() lgllcOS na PllILl (l11l0 Ulll IUIlI()1
(CUKTESAtildeO 1lt)() 7 p 204)
1SH -I istllria amp Ensi l1ll LUl11 rina v 7 p 14) -165 llut 200 J
I
bull
A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos
prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha
apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos
que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull
diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a
in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e
fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano
(jONIU102000)
bull
Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem
de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no
telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade
que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para
llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto
que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse
estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl
se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo
bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos
peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com
armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder
Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il
Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da
lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()
aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido
lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves
les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do
homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)
159
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
I
bull
A descriccedilfiacuteo acima estltIacute impregnHJa de preconceitos
prlprios llo pensamento etnllcecircntrico ljue dominlCl osbull conquistadores da Erel M(lliernl (TU DORUV 1983) Cllllinha
apresenta os aspcctllS fiacutesicos e comportamentlis dos nativos
que lhe chamaram a atenccedilatildeo ou seja os que mais lhe parecerambull
diferentes i perspectiCl positivista em hist(ria tenderia a
in cOf]ora r es ta narra ti v a ao disc 1J rso cien tifi cis ta q 11 e
fUllcLllnentou nOSSl formaccedilatildeo racial em especIacuteltll agrave teoria dabull superioribde do brcmco em rebccedilatildeo ao nativo americano
(jONIU102000)
bull
Uma pergunta deveria ser feita para evitar que o jovem
de hoje reproduza () meSJllO julgamentll preconceituoso do escrivatildeo l1ll1 pergunta que permitisse estes leslocamcllt() no
telllpo e nu esplccedilo Uma pergunta que enbtizasse a novidade
que 1 chegada dos europeus na Ameacuterica representou para
llrluguests e lara os Illlios Poderil por exemplo ser jlwl0sto
que o jovem leitor se COIlG1SSelO IUl(ar do nlti() e descrevesse
estes porlllgueses Esta atividade ficaril ainda mais enriquecidl
se o professor tivesse em matildeos alguma iconografia do seacuteculo
bull (1XVI que representasse homern europeu sempre vestid(l dos
peacutes ~ clheccedila com pesadas roupas de veludu urnamentado com
armlduras medalhas e demais siacutembulos de poder
Qllarto P()n[o Obsenur () h()mem cuncreto Il
Outra qualidade desta praacuteticl docente estaacute associlt1da
lO fato lLt utilizaccedilatildeo de documentos hist(ricus permitir que ()
aluno entre em contltu com () homem realleste sentidu Mmia Helena Paes (1984) ressalta que us documentos tem sido
lltilizdus com o ()l~ictiv() de ebr vida ao texto didiacutetico agraves
les muito frio despido de eJ1)uccedilatildeo (lllllc a preSelll do
homem concrelo dificilmente eacute percehida pelos alunos dt 1 Grau (PAES 1984 p 51)
159
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
o professor deve selecionar um documentll em que a
narrativa seja repleu1 de detalhes que permitam ao estudante
apreender a atmosfenl lLt eacutepoca em qut alJlItle acontecime1lu
foi PI leI u=iLo
A descri~atildeo de Caminha sobre a Primeira Missa rezada no
Brasil pode ser recuperada como um exemplo de narrativa que
permite a apreensatilde 1 do humem concreto
~(l Domingo de fj~ll )~l pela m~ll1hatilde) lckrminoll o CapirJ) de ir (lllvir lllissa c ) naquele ilheacutell jLtnJoll a tOlOS ()5
capitatildees ljue se aprestassem nos bateacuteis e fossem com ele E assim
foi feiw E ~di com todos noacutes OU(WS fez dizer a missa a qual foi
dita pelo pllrl frei Henrique em VllZ entoada e oficiada com ~lqUlh mesma ele Ido llltros paclrcs e slllrclltes que rOL
lr~lln ali A qual lllhSl segundo mlll p11Teer foi llllvilb [ l
[Ucl Cllm mllit( 1 [r~lZer l devoccedilatildeo AClhllLI ~I missa deslsrillshy
se () padre l subiu a numa cadeira alta e IIl15 Ludos hnccedilauO por
essa arli Epregou lima sulcnc c pmveitllsa prcgaccedil5u d~l histoacuteria
do Evangelho ltlU fim da qual tratou da n()SS~l vinda e do achlt1mentu dessl tcrm cunformandu-se com o sinal lla Crm
Sllh Lllja obediecircllCll IacutecJnos () que ll muirll a propoacutesitu l f 1111Iir~lem(lccedilatildell (u 1111--0 1967 p 212)
o pn)fessm poderia propor a seus alunos lima encenaccedilatildeo
da primeira missa Assim () estudante poderia apreender o homem
cnl1cnt() e a situaccediluumln viid) pela tripuLlccedilfiacuteo na manluuml do dil 26
de dhril de 1500 Desle I) iniacutecio da Carla caminha identitlca llS
dLl em que chegou e saiu le lleterminado IUg1L Para aproximar
II jovem estudante da realilale vivida pela tripulaccedilatildeo o
professor plIdcria propur que lIS alunos fizessem uma linha do
tempo identificando os momentos mencionados pelo escrivatildeo
UIll professor le histoacuteria de matriz plIsitivista em seu
esl()r~() inocente de interpretar um dllclllllento hist(lliuJ
adm it iri~l Iiteralmente que missa t(li oUicla por rodos com m ti iru
160 Histllria amp Ensinu LUI11rina v 7 p 14) t65 llllt 2001
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
bull
prazer e devoccedillo O fatu do padre ter se desvestido seri
encarado com naturdidade cleixando de representar a
climensatildeo poliacutetica da presenccedila Lil Igreja Ct(llica na expmsatildeo
mariacutetima
bull QUlIltO Jonto (stimulul li JJesq1UacuteSd
Aleacutem dos aspectos l1Iencionml(ls acima a 1I1aacutelise dos
documentos em sala de aula guarda potenciais condiccedilfles de I
estimular a Iriacutetica de Icsquisa entre ()s disccntes Knauss (1999)
cnLltiza que a pesquisa eacute I ] entendida CU11l0 o clminho
privilegiado para a construccedilatildeo de llItecircnticos sujeitos do
conhecimento que se prOp(lem 1 construir sua leitura ciD mundo (KNUSS 1999 p 30)
Caminha descreve (l teor da reuniatildeo entre os capitatildees
presencimla por ele em que (l capitatildeo-mor
bull [1pe rgul1 tou a rud o se 1hes lltrecia be1ll L11llll Kjui pcr ((lrccedila um Ir destes h(l111enS pam mmdar a VOSSl Alteza dei X 11l d() lqui por
eles outros dois destes degredados [ ] Que melhor muito melhor infllrllWCcedillO cb tcrr) briam [ois homem lestes degrlL1l1()s que
bull L]ui lcixssem de) qlle eles darLml se os levsell1 por ser gente que ningueacutem entende [ ] E que portmto natilde() cuidassem de tom)r ningueacutem por [llrccedila nem de fazer escimblo para de todo tnZlis (15 )]))111 11 ( p1Cificu (C ORTES( l I C)67 p 216)ligt
I
t preserHa da Igreja Catoacutelica nl PeniacutensuLl Iheacuterica e na
Ameacuterica no periacuteodo da expmsatildeo ml1iacutetima foi muito
I significatil O Trihlnd da Inquisiccedilatildeo ltlilva COll1 rigor c
pendizava muitos cristatildeos-novos com (l degredo A presenccedila
da Igreja catoacutelica poderia ser ohjeto de pesquisa tlntO a pmir J do trechn lllencio1ll[O anteriormente ljumdo o )Callda a ligt llIlSSl () padre desvcstiliacute-se e subiu a nUlll cadeira alta e fez
uma solene e proveitosa pregaccedilatildeo da histoacuteria do Evangelho ou
Ilisliacuteria amp Etsil1(l LOlldrnu v 7 p 14 j 16iacute plL zoei 161
bull I
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
162
no trecho acima lllLando os degredados eram vistos comu peccedilas
descartltlLjs da engrenagem da expl11sCiacutec) mariacutetima Um
pesquisl subre o pllJcl s()cial e poliacutetico lLt Igreja Car61ica
durantl a Lxpansatildeu 1l1~ldtima poderia scr pruposta e ajudaria ()
estudante a illterpretar e comprcender () significado mais
pnlfundo d~lS p~lbvras e intenccedillles dos capitatildees da frota Llirigida
pur Cabral
Consideraccedilotildees Finais
Assumir uma postura construtivista diante Jo ensine) natildeo se
resume a mudanccedilas ditiacutetico-meloco]6gicas Implica rever-se (lIllU pessoa e C)Il) profissional sem (l qlle ~illldas natilde()paSS~lrJ)
ele rdormas teacutecnicilt kstituiacutedas de qullquLT sentido (R(i)A 2(XXI p91)
A pre()lLlp~lCcedilatildeo central neste artigo eacute Uacutelzer com que as
aulas de histoacuteria se transformem cada vez mlis em uma pritica
pelLlglcicl criacutetica 1tlltlLlltL e prazerllsa paLl l1S estudantL l ensillll fundamental c llleacuteLlio Assim a prltiul docente blSeltlIacuted
na anuacutelise de documelltos histoacutericos na sala de aub eacute vista por
noacutes como uma via capaz de auxiliar o professor a transtormar a
sala de aula em um espaccedilo de prudueJlu de conhecimento escolar
Pma LJII este recurso LlidMic() cumpra os Objtivos mencionldus
aCilll[ eacute illlprescindiacutevel I) c()mpromisso Ll) professor
Uutros procedimelltos metodu16gicus poderiam ser adotados Um deles poderuumll ser () cinema CorllO Pli i middotram
Sllares (1995) Binel1court (1995) e Pereira Neto ( lSlhSl) A
preocupaeJiacutell mais geral relacionada cuma nltureza du dlcumento
hisl)riclJ e do CllmprLJlllil1 do professor gtiLriUll mantidas
Quando apresentlI11US esta proOS1ltl diLiacutetica reiterlnlOs
a posiccedilagraveo exposta por Silva e Antunacci (1990) subre escola e
l-listllri amp Ensino Llllllrina v 7 p 143-165 out 2001
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
li
bull
ensino c()mo palc()s de lutas entre diferentes cOlcepccediliies de
hist(n-ia e cltlclccedil~() (-lIXA e AiTONACCI 1990) ESIercI11l0S
que nOSSl prlposta Ilesta lutl tenha ficcl1o CL1C NllSS1
intenltl() com este artigo f()i lpresent1r uma proposta didaacutetica
1n1 (l ensino de hist(lri1 ljue trmsf(lrme a S11lt1 de 1llb em um bull 1lhrlt(rI de pesllllisas agrave scriccedilo dl 1ltlO edllcltiva
(IElTEADU 19R8) Eacute (l que sonhamos E sllnhos n~() envelllccem n~() eacute mesmo
IJ
Referecircncias Bibliograacuteficas
BECKER F () ]lie eacute comtnuivismo Shl iacutellIlo FIlE 1993
BITTENCOURT C Procedimentos metodnhiacutegicos em pesquisa sohre imagellSlO ensino de histoacuteria In ANAIS do II Encontnl de Professores IhllllisadulTs 111 Aacuterea di) Emino dc [list(ll-ia Nitell)i EDUn 1995
BRASIL Millisteacuterio da El[llcaccedil~u lemlmctr05 clilTiclIlarcs nucuacuteJ1wis Brasiacuteli1 MEC 1997 Volume de I fistoacuteria
mJRKE I~ A fClUWclO Fl()lcsa da llisluri()grafio A ESCOd dm Amwb ll)c9-19H9 Si(l Fndo lINFSr 1991(I
COIZSETTI B Ncolibcralil1lo mcmllril l ensino dc llistllria In LENSf-I] T Imiddot-IELFER N A 1llcmr)rla c () CllSlIW de histrJl1U SlI1ta Cru do Sul Edllllisc 2eoo p 1222
CURTESAtildeO J A (l1rta de Fero faz de Camillhu Lisboa Pc lltllgiacutelia 1967
FONSECA S Cuminhos da hisrcjria cminadu Campinas Plpirus 199)
bull rONSECA S O CIlsi1111 de Histoacuteriltl l1 constntltl(l da Cilhlhllil In SEI FNER E (l)rg) Qlttl Iiiacutesuiacuterill Qwd emino QUtlt cidudallw Portl)
Alegre ANPUI-LEd Unisinos 1997 p14-2C
HJUCAUL1~ h Mlcru(iw d() IhC) Ri() de ]anein1 Uraal 19()S
(JSMAN L FENAhlE WEHLINli A [)OC1l111cntos j-ILsuiacutericol Brasileiros Rio dc ]mciro FENAlvIE 1976
li 161
I
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
I
IlAacuteCIO r c LUCA T R de [)OClilIlCHWS do Brmil Coloniul Satildeo Pauh Aacuteriel 1003
JOANILH( l A A C(lllstrllll() da ndcion~diLLllle l-lisuiacuteriu e Em ii()
LUlIllrllll I h p I) 1-14L ]OlJO
KNAUSS r )ohre 1 norma e () oacutehvio 1 sala de aula Cl1ll1O lllgar de pesquisa In NIKI lIUK S (Org) ReflenswlLlo o ensino ela Hiacutesuiacuteriu Satildeo PH1[o Corte 1009 p 26-46 (Coeccedil1o Questotildees de Noss Eacutepoca v53)
LE((lYj Document) ~tllllumento In UCOfFj (1996) Hisuiacuteriacutea c llelJ(iacuteTlu lampinas SY hlitmCl da UNICAMJ 1)96 p 535-553
MONTEIRU A vl Ensinu de Histoacuteria das dttlcuklades e possibilidade de um bzer In DAVIES N (Org) PU) aleacutem dos conteuacutedos JW cnsino de Histc)ria NitenlI LDUFF 2000 p27 -43
PElTEIX) I l) 11 )(lgtlCS e priacutetica ILI1SCll1lo a dIacuteLLiacutetIacute(l 111
ENC )lIZUS l deSCllllljltr dd dIacuteduacutetIacuteCI l ci irMica de eIlSIacuterll
Cztcll1l0S l TDES v 21 p 6- 12 198B
PEREiRA NETO A Histoacuteria e Cinema em videocassete reflexotildees em
tl )rno de uma experiecircncia didoacutetica CicJlciu cCutUTel (Revista da Sociedade Brasileira par1 () pn )~ITSS(l da Ciecircncil) 41 n 9 p 884-887 1989
PE1EIRA JIETO A -ll Irt Lll-oacuteC cientista I) jlOllt)) Ile vista de Bnlllll
LHollr (ildcnws de -lUJlc Pllhlicu v 13 n 1 p 1l9-118 1997
REIS J [l NJlwdle His[lllc ( fel11m IJistocircrico a lllnnihuiccedilco de Felwrc Rloch e Rralldcl Sco Paulo Aacutetila 1994
ROSA S C())lstrutillsnw e nmdullcu S10 Paulo Cllrtez 2000 (CllleccedilEio Qllcst(iacutels de NussI (iOCI v 2l))
SILV tv1 A ANTU~( Cl M A M VIacuteVllllldS na cuntrrllll-l0
Prltllllll)U Ie saher histl)rll) l pmcessu de trhdh na escoL de I 1middot2 Grau In j listriacuterlu em Quadro-Negro Escola cmatO cajJlcndizugcJll ReIacutesGl Brasileira de llist(llia SEio Paulo ANPUHMarcn Zero 1990 p9-29
SOARES M Cinema como recursu auxiliar do ensino In ANAIS do II El1contr) lle Professores PesLjllisadLlres na Aacuterl lll) Ensino de l-listIlIacuteL
Nl(ll)i EDUH 1995 p 20 L~ 14
TC) L )ORO V 1 A dcscollCltli du Ameacuterica A Ljllcstuacuteo lu outro Satildeu Paulo Martins Fontes 1983
164 I list()ri] amp Emillll LUIlcIacuterina v 7 p 143- I()5 Oll 200 I
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-
WERER S A deov) [orizaccedil8o ~(lcd do profls50mdo Contclll)(Jr(lIlcieacuteaclc
l Elllcaccedildo lclista Scmcstrdl cc Ciecircncia c Sociais l EclIlU1CcedilUacute() ar1 1 lI v 2 I [56-170 1L)97
ABSrRCf
Sl1~gesting lhe necessity (lj the uSlge (lf written cocu1l1ents clt
the lit)ry teachIacuteIl~ practice this lftIacutecle h lllidaticalln lusal Thc tlxt hcgins ith rhe expblldtion of two hlSic prelll iss(s that
S[lllWS the ncccssity ()f its lItilization fhc first i5 reLtcd Vith file nHure anel significltlllCC (lf lhe hist(lriGll dOClll1lenf itsclf whilc
the slCllnd (ll1e i5 rdcred til lhe cmnmitlllcl1t that 1 llistory
teaeller shall hl( with its lGllemic prlnice Kn(lIacuteIl the
importance (lf these tlO pre11liscs the article displays somebull rClsons Ioacuter the usage (lf this didatic mcthod so that the written
dOCllllllllt intcrlrctltio1 will liffer from rhe positiist O1e I-Llill rhis in minl the articlc is Sllpp(scd t(l hc1p tCllhcrs in
their vork which i5 to stillllllate til( investigati( curiosity oI
their studcllts increasing their knowkdge dcsirc Therdorc Ihis
l1letl)(ll intends til ]C 111 auxiliH recoursc tu help tClhers to
rrlIlsj(lrI11 the chruol1l int(l pbce whcrc schutar kn(licdgc
is pwduccd
KEY WORPS History tCeacutelChing practicc Didatic mcthod USlgC of historicll ritten cllm1lnts
bull
llis(l[ia amp bliiacute1() LOlldrilL1 l 7 p 143middot161 (lt11 2CCl
iacute
165
- Sem nome
-