A nossa-esperanca-nao-se-engana

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A nossa esperança não se engana Seg, 11 de Maio de 2009 20:01  O primeiro Fórum Carismático para Lideranças aconteceu do dia 26 a 29 de janeiro em Luziânia/GO. O evento foi precedido por um pré-fórum virtual, no qual os participantes puderam definir os temas a serem abordados durante o encontro. O Fórum foi dividido em conferências, mesas redondas e temáticas. Veja a seguir, texto escrito por Reinaldo B. dos Reis, com as principais idéias apresentadas durante sua conferência no Fórum. IDENTIDADE: A nossa esperança não se engana De uma determinada perspectiva, podemos dizer que a Renovação Carismática está passando de uma fase apologética (em que busca, acentuadamente, justificar sua pertinência) para assumir, de fato, uma fase pronunciadamente profética, em que busca deixar clara a sua natureza, a sua identidade, a sua vocação, a sua missão. Sob outra perspectiva, deparamo-nos, por todo o mundo, com duas situações aparentemente contraditórias entre si: um crescente interesse pelo Movimento, com uma exuberante expressividade carismática em certas realidades e – por outro lado -, situações onde o que predomina é um inegável arrefecimento naquele entusiasmo que usualmente caracteriza o Movimento quando de sua manifestação. Uma maneira de julgarmos esse quadro seria dizermos que o Movimento perdeu o seu entusiasmo primitivo; que o volume excessivo de organização “engessou” o operar do Espírito, que a estrutura está institucionalizando a graça da Renovação, que o “excesso de formação” abafou a inspiração, e torna rotineira a atividade carismática... É preciso reconhecer e considerar, entretanto, que o entusiasmo dos carismáticos não procede de “uma idéia”, simplesmente, pela qual estivemos, um dia, persuadidos, e agora constatamos tratar-se de uma ilusão. Não! O nosso entusiasmo nasce de uma experiência de uma realidade, na qual cremos firmemente, porque vimos e ouvimos, e sentimos em nossas vidas o 1 / 4

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A nossa esperança não se enganaSeg, 11 de Maio de 2009 20:01

 

O primeiro Fórum Carismático para Lideranças aconteceu do dia 26 a 29 de janeiro emLuziânia/GO. O evento foi precedido por um pré-fórum virtual, no qual os participantes puderamdefinir os temas a serem abordados durante o encontro. O Fórum foi dividido em conferências,mesas redondas e temáticas. Veja a seguir, texto escrito por Reinaldo B. dos Reis, com asprincipais idéias apresentadas durante sua conferência no Fórum.

IDENTIDADE: A nossa esperança não se engana

De uma determinada perspectiva, podemos dizer que a Renovação Carismática está passandode uma fase apologética (em que busca, acentuadamente, justificar sua pertinência) paraassumir, de fato, uma fase pronunciadamente profética, em que busca deixar clara a suanatureza, a sua identidade, a sua vocação, a sua missão.

Sob outra perspectiva, deparamo-nos, por todo o mundo, com duas situações aparentementecontraditórias entre si: um crescente interesse pelo Movimento, com uma exuberanteexpressividade carismática em certas realidades e – por outro lado -, situações onde o quepredomina é um inegável arrefecimento naquele entusiasmo que usualmente caracteriza oMovimento quando de sua manifestação.

Uma maneira de julgarmos esse quadro seria dizermos que o Movimento perdeu o seuentusiasmo primitivo; que o volume excessivo de organização “engessou” o operar do Espírito,que a estrutura está institucionalizando a graça da Renovação, que o “excesso de formação”abafou a inspiração, e torna rotineira a atividade carismática...

É preciso reconhecer e considerar, entretanto, que o entusiasmo dos carismáticos não procedede “uma idéia”, simplesmente, pela qual estivemos, um dia, persuadidos, e agora constatamostratar-se de uma ilusão. Não! O nosso entusiasmo nasce de uma experiência de umarealidade, na qual cremos firmemente, porque vimos e ouvimos, e sentimos em nossas vidas o

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poder renovador do “seu amor que foi derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo quenos foi dado” (Rm 5, 5), e nos abriu novos horizontes e possibilidades de vivência de fé comonunca havíamos imaginado. Estamos convencidos, por experiência interpretada à luz daspromessas de Cristo e da doutrina paulina, que o próprio Espírito Santo é a fonte de energia eda vitalidade da Renovação Carismática, que, desse modo, deve ter um impacto nãocomensurável ao mesmo nível de outros programas de reforma feitos com base em elementose critérios simplesmente humanos. A Renovação Carismática é, antes de mais nada, umaestratégia de Deus!

A teologia da graça possui uma dinâmica que supõe aquilo que se chama de regime decomeço (ou “de iniciação”), que é uma realidade, uma etapa da vida da graça que não nos éconcedida para ser perpetuada indefinidamente, mas que é para ser substituída por um outroregime, diferente, mais apropriado para aprofundar e fortalecer a vida no Espírito. Isso seapresenta na vida de indivíduos, de comunidades, e mesmo de um Movimento...

Esta espécie de graça – esse regime de começo – nunca dura por muito tempo. E não há oque fazermos para reter esse estado de graça. Enquanto perdura, serve para nos desinstalar,para nos renovar, mudar nossa maneira antiga de ver a vida, concedendo-nos uma nova visão,reorientando nosso comportamento e apontando-nos um novo rumo... Uma conversão, porassim dizer!

Deus, por essa graça inicial, assim como que nos convence de que, sendo conduzidos por seuEspírito, deste modo tão singular, experimentamos uma nova vida, restaurados, curados elibertados das “amarras” do homem velho....

Antes, porém, que isso possa ser plena e definitivamente realizado, devemos corresponder àgraça com um esforço pessoal, com uma perseverança fiel nas provações e nos sacrifícios. Éneste ponto crítico que muitas pessoas, oprimidas pelo desânimo, abandonam a luta pelocrescimento na vida espiritual, exatamente quando poderia começar para elas um progressoverdadeiro da vida no Espírito...

A chave, portanto, é entender que o desaparecimento daquele fervor inicial não deve ser causade desânimo, mas ser encarado com um desafio que poderá nos levar a crescer emmaturidade. Perceber a planificação humana, a organização, não como fechamento àinspiração divina, mas como a resposta humana, como a cooperação que o Senhor esperadaqueles que são tocados por sua graça, na efusão do Espírito.

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Por vezes, somos inclinados a medir a qualidade da vida carismática pela abundância demanifestações que a acompanham. Supomos que o crescimento espiritual está em proporçãocom a profusão de milagres e coisas extraordinárias. Desejamos viver num constante estadode contato íntimo com Deus, que nos fala diretamente e nos diz com certeza o que Ele querque façamos. Esperamos viver, enfim, numa perene alegria, fora da sombra da cruz, daprovação, do deserto... da noite escura da fé! A oração no Espírito é identificada, em nossasmentes, com a expressão livre e externa da emoção religiosa através dos cantos efusivos, daspalmas, das orações em línguas, e damos pouco valor ao silêncio, à contemplação, à vidainterior...

“Evitar o perigo de promover, sem o desejar, uma experiência divina exclusivamente a nívelemocional, uma busca exagerada do extraordinário e um egoísmo intimista. A fé esmorecequando se limita ao costume, ao hábito, à experiência meramente emotiva. Ela deve sercultivada, ajudada a crescer, tanto a nível pessoal como comunitário”, já nos alertava JoãoPaulo II.

Privando-nos, gradualmente, de algumas bênçãos mais sensíveis, Deus nos educa progressivae suavemente para aquilo que é, de fato, essencial na vida no Espírito: O amor, que é aessência da vida espiritual (e não a alegria!); a fé, que é seu fundamento (e não aexperiência!), a humildade, que é o escudo que a protege (e não o poder espiritual!), e aperseverança nas provações de toda sorte, que é o teste que a prova, aprofunda e confirma....

Os carismas, o poder carismático, a alegria, a harmonia e a experiência sensível tem, de fato,um valor real em alimentar esta vida no Espírito... Mas quando estas coisas são procuradas porsi mesmas, ou consideradas como valores dominantes, deformam e inibem a verdadeira vidaespiritual...

Renovação Carismática é um ato soberano de Deus entre os cristãos, que começa com umaexperiência, um evento chamado “batismo no Espírito Santo”. E o fruto central dessaexperiência é a renovação, a restauração da soberania de Jesus Cristo na vida das pessoas, eatravés delas na Igreja, nas igrejas, e na sociedade. É um ato soberano de Deus – não algumacoisa que eu possuo ou controlo! – através do qual somos chamados a render nossas vidas aEle, permitindo que Ele assuma o controle total de nossa existência, e se utilize delas com opoder que nos é dado, mas que pertence, de fato, a Ele... Ele determina como as coisas devemser, como e quando acontecer, e onde devem ocorrer....

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É hora de assumirmos a graça de Pentecostes por inteiro – até o martírio, se preciso for! Horade repouso no Espírito, mas também de combatividade profética, de uma militância místicaque, ocupando-se das coisas do mundo, declara a supremacia valorativa das coisas divinas, doprimado da graça, da cultura de Pentecostes... “a única que pode fecundar no mundo acivilização do amor!” (João Paulo II).

Reinaldo Reis Conferencista do Fórum Carismático para Líderes

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