A newsletter do Indicang - n° 4-5 - Setembro 2006 · de tempo de «arrasto» (em g/seg) num...

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Editorial A 15 de Dezembro de 2005 realizou-se em Bordéus a 4ª reunião do Comité de Gestão do projecto INDICANG. Nesta reunião procurou-se validar a primeira fase do projecto e daí que o objectivo tenha sido definir quais os dados necessários para a avaliação do estado actual da população de enguia e dos seus habitats nas várias bacias hidrográficas reunidas neste projecto. Essa validação foi conseguida. No decurso desta reunião, o Comité de Gestão apoiou a proposta do Coordenador e do Comité Científico e Técnico do projecto para a segunda fase, nomeadamente no que diz respeito ao esta- belecimento dos indicadores para avaliar a evolução deste recurso e do seu habitat. O conjunto destes indicadores será avaliado em algumas das bacias hidrográficas que fazem parte deste projecto, na terceira fase prevista para 2007. Assim, as entidades responsáveis poderão tes- tar a eficácia dos planos existentes para a gestão e restauração deste recurso. Estes indicadores permitirão ainda à União Europeia a avaliação dos resultados obtidos pela implementação dos pla- nos de recuperação para a enguia, cujo início está previsto para o segundo semestre de 2007. O Comité de Gestão considerou ainda importante explicitar que não é um dos objectivos do INDICANG tomar uma posição quanto à proposta da União Europeia de usar como meta de gestão deste recurso a produção por um determinado habitat de 40% de enguias prateadas que esse habi- tat produziria no caso de se manter num estado pristino (não perturbado). Os dados recolhidos pelos parceiros deste projecto não o permitem fazer, pelo menos no contexto actual. Esta posição é coincidente com a de vários grupos científicos em alguns estados-membros e pelo grupo científi- co conjunto que é o Conselho Internacional para a Exploração do Mar/Comité Consultivo Europeu para as Pescas Interiores. Esta posição dos parceiros do projecto foi reafirmada pelo Comité de Gestão no segundo seminário de etapa que se realizou no Porto em Junho de 2006. Professeur Eric FEUNTEUN C.R.E.L.A. - Université de la Rochelle Indicang A newsletter do n°4 - 5 Setembro 2006 2006 Comparar os indicadores com a realidade nas bacias hidrográficas Sumário Grupo temático “Meixão“ ......................................Págs 2-3 Grupo temático “Enguia Amarela“ ........................Pág. 4-5 Grupo temático “Enguia Prateada“........................Pág. 6-7 Grupo temático “Ambiente” ..................................Pág. 8-9 Segundo seminário de etapa e Comité de Gestão no Porto ........Págs. 10-11 Informações recentes A apontar nas vossas agendas Na próxima newsletter ................Pág. 12 Com a participação da União Europeia Projecto co-financiado pelo FEDER Foto : G. Adam Foto : (CEMAGREF)

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EditorialA 15 de Dezembro de 2005 realizou-se em Bordéus a 4ª reunião do Comité de Gestão do projectoINDICANG. Nesta reunião procurou-se validar a primeira fase do projecto e daí que o objectivotenha sido definir quais os dados necessários para a avaliação do estado actual da população deenguia e dos seus habitats nas várias bacias hidrográficas reunidas neste projecto. Essa validaçãofoi conseguida.No decurso desta reunião, o Comité de Gestão apoiou a proposta do Coordenador e do ComitéCientífico e Técnico do projecto para a segunda fase, nomeadamente no que diz respeito ao esta-belecimento dos indicadores para avaliar a evolução deste recurso e do seu habitat.O conjunto destes indicadores será avaliado em algumas das bacias hidrográficas que fazem partedeste projecto, na terceira fase prevista para 2007. Assim, as entidades responsáveis poderão tes-tar a eficácia dos planos existentes para a gestão e restauração deste recurso. Estes indicadorespermitirão ainda à União Europeia a avaliação dos resultados obtidos pela implementação dos pla-nos de recuperação para a enguia, cujo início está previsto para o segundo semestre de 2007.O Comité de Gestão considerou ainda importante explicitar que não é um dos objectivos doINDICANG tomar uma posição quanto à proposta da União Europeia de usar como meta de gestãodeste recurso a produção por um determinado habitat de 40% de enguias prateadas que esse habi-tat produziria no caso de se manter num estado pristino (não perturbado). Os dados recolhidospelos parceiros deste projecto não o permitem fazer, pelo menos no contexto actual. Esta posiçãoé coincidente com a de vários grupos científicos em alguns estados-membros e pelo grupo científi-co conjunto que é o Conselho Internacional para a Exploração do Mar/Comité Consultivo Europeupara as Pescas Interiores. Esta posição dos parceiros do projecto foi reafirmada pelo Comité deGestão no segundo seminário de etapa que se realizou no Porto em Junho de 2006.

Professeur Eric FEUNTEUN

C.R.E.L.A. - Université de la Rochelle

IndicangA n e w s l e t t e r d o

n°4 - 5Setembro 2006 2006

Comparar os indicadores com arealidade nas bacias hidrográficas

Sumário■ Grupo temático

“Meixão“ ......................................Págs 2-3■ Grupo temático

“Enguia Amarela“ ........................Pág. 4-5■ Grupo temático

“Enguia Prateada“........................Pág. 6-7■ Grupo temático

“Ambiente” ..................................Pág. 8-9■ Segundo seminário de etapa e

Comité de Gestão no Porto ........Págs. 10-11■ Informações recentes■ A apontar nas vossas agendas■ Na próxima newsletter ................Pág. 12

Com a participaçãoda União Europeia

Projecto co-financiado pelo FEDER

Foto : G. Adam

Foto : (CEMAGREF)

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Quais são as variáveis queinfluenciam estas probabili-dades ?Accessibilidade (ac) : A probabilidadede um meixão estar presente numestuário é maior entre Outubro e Abrilnos rios da rede INDICANG, variandoentre o Norte e o Sul.

Eficácia da arte de pesca (a/A) :Depende do tamanho da arte e davelocidade de filtração. Quanto maiora razão a/A mais eficaz será a arte. Aabertura da arte, o dispositivo deconcentração dos peixes, o local poronde o meixão se dispersa, a capacida-de de actuar em diferentes profundi-dades, são também características queinfluenciam a eficácia desta pesca.

Vulnerabilidade (vul) : Para ser captu-rado o meixão deve encontrar-se numazona onde a pesca se possa realizar.A maior ou menor luminosidade que setransmite através da coluna de águatambém desempenha um papel muitoimportante na proporção (maiorou menor) de meixão que evita a artede pesca e que não é capturado :o meixão tende a migrar em profundi-dade se a coluna de água estáfortemente iluminada, evitando assimser capturado pelas artes normalmen-te utilizadas.

Grupo temático “Meixão”Bases metodológicas para avaliar o fluxodiário de meixão e estimar a mortalidadedevido à pesca

Tabela dos descritores a obter.Descritores relativos ao local de captura ou de amostragem e suas características físicas

Período Local de captura Temperatura Salinidade

(em km / mar)) (em °C) (em %)

zona estratificada ou não ?

Descritores relativos às características hidroclimáticas

Caudal Coeficiente Largura da Profundidade Duração Fase lunar Turbidez(m3/s) de maré ou secção média na da maré (4 fases) (em NTU)

altura de - transversal meia-maré (min)água (m) (m) (m)

velocidade de propagação (m/s) superfície transversal molhada (m2) vul : luminosidade

A : volume de dispersão do meixão durante toda a maré (m3)

Descritores relativos às características da arte de pesca profissional ou científica

Arte de pesca Dimensão Duração Velocidade Capturas Densidade(científica ou da abertura da pesca de filtração (g) de meixãoprofissional) (m2) (min) (m/s) (g/m3)

a : volume filtrado por arte de pesca em m3 por unidade de tempo

Este método permite ter, a intervalos regulares, uma ideia precisa da eficiência dapesca num determinado estuário e estimar as capturas efectuadas. Depois doAdour, as bacias hidrográficas do Loire, do Gironde-Garonne-Dordogne e do Oriaforam analisadas.

Um pouco de biologia docomportamento do meixãono estuárioNum estuário, o meixão migra paramontante através de um comportamen-to passivo usando a propagação dacorrente de maré ou através de umcomportamento activo se a correntepara juzante é inferior a 0,3 m/s.

Na coluna de água, o meixão evitazonas fortemente iluminadas. Poroutro lado, nas noites sem luar ouquando a turbidez da água é elevada, omeixão tende a deslocar-se perto dasuperfície.

Quais as consequências parao sucesso da pesca ?As consequências da influência dasvariáveis hidrológicas e climáticaspodem ter um peso muito grande nosucesso da pesca, principalmente se ospescadores utilizam rapetas ou outrasartes que apenas actuam na porçãosuperficial ou numa porção pequenada coluna de água.

O sucesso da pesca será então função :1. da presença ou não do meixão nolocal onde se pesca, isto é, se estáacessível (ac) ;

2. da vulnerabilidade (vul) do meixão àarte de pesca ;

3. da eficácia da arte e do volume (ouárea) prospectado e compreendido novolume (ou área) de distribuição dosindivíduos (A). A eficácia da pesca éportanto condicionada pela razão a/A,sendo esta razão a probabilidade deter a zona (área ou volume) onde exis-te o meixão realmente explorada pelaarte de pesca.

Assim, a capturabilidade de um meixão(q) pode-se definir como o produto de3 probabilidades :2

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Princípio do cálculoda biomassa

É baseado na extrapolação da quanti-dade pescada num dado volume (a)para o volume de toda a zona (A) dedispersão do meixão em movimento enuma interpolação para toda a dura-ção da migração.

Esta simples extrapolação baseia-seem 2 hipóteses :

1. Todo (ou a maior parte) o meixãoexistente move-se para montante doestuário de uma forma homogénea emtodo o volume de água ;

2. A arte de pesca (profissional oucientífica) proporciona uma amostra-gem sem desvios e significativa dovolume de água que filtra ;

Assim sendo, determinamos esta bio-massa em vários (e.g., 4 ou 6) compar-timentos (s), e consideramos que emcada um destes compartimentos osmeixões se distribuem de maneirarelativamente homogénea. Isto resultaem estratificar o espaço ou o volumede dispersão.

Neste caso, podemos exprimir mate-maticamente a biomassa por unidadede tempo de «arrasto» (em g/seg)num compartimento (s) da seguinteforma :

ds, (t)xvs, (t)x área(s)

com ds(t) densidade do meixão

e vs(t) velocidade da corrente.

A segunda hipótese implica que a artede pesca não seja demasiado pequena(para que a AMOSTRAGEN seja repre-sentativa no caso de densidadesbaixas) e que seja eficaz.

Assim, é possível fazer uma estimativada taxa de exploração diária por com-paração do total das capturas realiza-das na mesma zona de propagação damaré para montante com a biomassaestimada para essa zona.

Mais informações e também exemplosdeste método podem ser consultadosno site: www.ifremer.fr/indicang/,onde a sua aplicação para o Adour epara o estuário do Loire poderá serobservada em detalhe.

Exemplo da aplicaçãono rio Oria, País Basco(maré de 30 de Novembrode 2005)

Cálculo do valor aproximado :

O volume de água que passa nesteponto durante uma maré, obtido pelamultiplicação de todos estes valores, éde cerca de 20 448 000 m3.

A densidade média de meixão nestemesmo dia de amostragem (e calcula-da a partir de indivíduos capturadosjunto à superfície e no fundo)é de 0,6 g/100m3.

Obtém-se assim uma estimativa dabiomassa de 123 kg.

Aplicação do método “Adour”

A técnica de estimação anterior-mente apresentada utiliza a cor-rente medida à superfície, mastambém a corrente medida nofundo.

Utilização da corrente à superfíciee no fundo ao longo do tempo.

A diferença entre as duas estimati-vas está também relacionada como facto da estação de amostragemno Oria estar sujeita a uma estrati-ficação das massas de água, o queimplica diferentes curvas de evolu-ção das velocidades entre a corren-te à superfície e no fundo. O méto-do usado no Adour baseia-se emamostragens numa zona homogé-nea, com velocidades da correntesemelhantes à superfície e nofundo e evoluindo sinusoidalmen-te no tempo.

Em próximas campanhas, está pre-vista uma amostragem num localsituado a montante. Estes resulta-dos preliminares indicam que, paraalém do Loire e do Adour, estemétodo pode ser também aplicadono Oria. Brevemente será igual-mente testado no Minho.

3

Figura 1. Evolução de um dos índices decaptura de meixão em função do ciclolunar NL : lua nova; PQ : quarto crescente ;DQ : quarto minguante e PL : lua cheia(fonte Ifremer).

Biomassa(velocidade de fundo)

Biomassa(velocidade de superfície)

292 kg 129 kg

Figura 2. Exemplo da arte de pesca utilizada para amostragens científicas.

Larguramédia

160 m

Profun-didademédia

5 m

Velocidademédia da

corrente nofundo

1,42 m/s

Duraçãomédia da

maré

5 h

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A monitorização dasenguias amarelas a mon-tante do limite da marédinâmica fornece dadosimportantes quanto aonível de recrutamento flu-vial, contribuindo paracaracterizar a produção deenguias prateadas de umadada bacia hidrográfica.

Na sua maioria, as enguiascom tamanhos inferiores a30 cm presentes numabacia hidrográfica entraramaí há menos de 6 anos. Sãoresponsáveis pela coloniza-ção dessa bacia, dadoserem pouco pescadas enão migrarem novamentepara o mar.

A abundância destes indivíduos variaao longo dos eixos dos rios a partirdo limite da maré dinâmica, uma vezque está directamente relacionada como recrutamento fluvial. Quanto maioreste recrutamento fluvial mais paramontante ocorrerá a diminuição dasabundâncias destes estadios jovens.A identificação e delimitação regulardestas zonas de forte diminuiçãoe de ausência de juvenis poderáser assim um método indirecto de moni-torizar a evolução da sua migração paramontante. Esta relação baseia-seno facto das enguias jovens recémchegadas a uma bacia hidrográficacolonizarem as zonas a montantedaquelas já ocupadas.

Assim sendo, o limite para montanteda presença destes indivíduos depequeno tamanho (Mapa 1) poderá serum indicador muito interessante, já queé o resultado da abundância do stocknas zonas a juzante e também do nívelde recrutamento fluvial.

Os indivíduos com estes tamanhospequenos encontram-se principalmenteem zonas pouco profundas, mas comcorrente (incluindo ribeiros) e utilizamao máximo os abrigos disponíveis :vegetação, rochas, raízes de árvores,...(Figura 1).

Técnicas e métodos demonitorização desta frentede colonizaçãoA monitorização das passagenspara peixes em diversas barragensdistribuídas por uma bacia hidrográficaé uma fonte de informação primordial.Nas bacias hidrográficas de menordimensão, torna-se assim possívelcaracterizar a abundância destas jovensenguias ao longo dos vários eixosda bacia, permitindo ainda a análiseda sua variabilidade entre sub-baciase sazonal.

A ausência de passagenspara peixes e/ou a tipolo-gia da bacia hidrográficatornam necessária a utiliza-ção de outros métodosde monitorização. Assim,nas bacias do Loire e doGaronne instituíram-secampanhas de pescaeléctrica específicas, já queestá demonstrado quea eficácia das pescaseléctricas clássicas(multiespecíficas) é muitobaixa para as classesde tamanho inferioresa 15 cm e alturas de águasuperiores a 0,50 m.Em conclusão, essas pes-cas eléctricas em zonas

pouco profundas tiveram como alvoas enguias pequenas.

No Loire, as amostragens pontuaisde abundância («EPA») foram realizadaspela Universidade de Rennes 1 (ERT 52)junto às margens de 50 braços mortossituados desde 0 até 130 km do limiteda maré dinâmica. Uma probabilidadede 0,5 de observar uma enguiacom menos de 30 cm foi registada numponto a 90 km desta zona. No Aulne(Oeste da Bretanha), este pontositua-se nos 40 km. Esta diferençarevela um efeito negativo das inúmerasbarragens no Aulne ao impedirema migração para montante das enguias,ao contrário do que se passa no Loire,sem barragens na maioria do seu curso.

De igual modo, a probabilidadede ocurrência de enguias com menosde 30 cm é igual a 1 nas zonas maisa juzante no Loire, enquanto que é jáinferior a 1 nas

Grupo temático “Enguia amarela”Monitorização dos juvenis e noção defrente de colonização

A monitorização regular da distribuição das enguias juvenis fornece informações quantoà evolução do recrutamento fluvial e da eficácia das medidas de gestão local, nomeada-mente em termos de livre circulação. Aplicação no Loire e no Gironde-Garonne-Dordogne.

Superfície decolonizaçãoactiva

Superfície colonizável

Zonas inacessíveis

Mapa 1. As diferentes superfícies e zonas colonizáveis na bacia hidrográfica do Loire ;cálculo teórico das probabilidades de ocurrência (P. Laffaille)

Figura 1. Presença de individuos en função do tamanhoe das características das zonas amostradas.Fonte : MIGADO 2006

Pre

valê

ncia

Lêntico

Comprimento em mm

Lótico

100%

80%

60%

40%

20%

0%<150 >151

<300>301<450

>451

Rápidos

4

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zonas mais a juzante do Aulne,o que representa uma sub-saturaçãodesta bacia e um recrutamento fluvialreduzido.

Na bacia do Garonne, devido à inexis-tência dos referidos braços mortos,foi delineada uma outra estratégiaa pôr em prática conjuntamentepelo Migado, CSP e Cemagref.

Essa estratégia consiste em identificaros pequenos afluentes distribuídosregularmente ao longo dos eixosprincipais do Dordogne e do Garonnee localizar os primeiros obstáculosà migração.

São então realizadas pescas eléctricasem zonas pouco profundas, nos 50 ma juzante desses obstáculos e comduas passagens.

Este método permite obter indícesde abundância relativos à unidadede superfície para a área amostradae dentro de uma determinada gamade profundidades.

Quer seja no Loire ou no Garonne,a obtenção dos tamanhos das enguiascapturadas permite diferentese rigorosas análises para este grupode indivíduos com menos de 30 cm.

Indicações para o trabalho.Pontos a aprofundar

Um certo número de questões estáainda a ser alvo de discussão porforma a obter um protocolo para estasoperações, nomeadamente no que dizrespeito à recolha dos dados e à suaanálise.

- Recolha dos dados

O período do ano em que se realizamestas operações terá certamente umainfluência nos resultados obtidos.

Será portanto importante examinar asdiferenças entre os diagnósticos dePrimavera e de Outono.

Por outro lado, por forma a desenvol-ver um método simples e que possaser usado repetidamente em muitospontos de amostragem (90 minutospor cada) será necessário comparar asinformações obtidas pelo método clás-sico De Lury com aquelas obtidas atra-vés de uma amostragem pontual deabundância (“EPA”).

A meta é poder obter os dadosnecessários em 40 estações em duassemanas e apenas com 2-3 pessoas.

- Análise e apresentação dos dados

Percebe-se facilmente que as classesmais jovens não desaparecem abrupta-mente num determinado eixo.

É necessário precisar o que se entendepor “frente de colonização”.

Nos estudos em curso no Loire e noAulne, foi proposto definir o limitedesta área como a zona onde existeuma probabilidade de 50 % de obser-var uma classe de tamanhos (< 15 ou30 cm).

Prob

abilid

ade

deoc

urre

ncia

distância ao límite da maré dinâmica distância ao límite da maré dinâmica

Uma outra metodologia é usadana bacia do Garonne e baseia-sena análise dos índices de abundânciaobservados.

Neste caso, podemos delimitara zona correspondente a um índice10 vezes inferior aos índices das zonasa juzante.

Por outro lado, dado ser convenientedispôr de uma medida sensívelàs variações anuais do recrutamentofluvial, é necessário determinara classe de tamanhos mais adaptada.

Os indivíduos com menos de 15 cm,com 1-2 anos de vida continentalpoderão revelar melhor aquelasvariações do que as enguiasde 15-30 cm, que representamem média 4 a 6 diferentes anosde recrutamento.

Finalmente, embora este indicadorpermita analisar a evolução relativa-mente a uma situação inicial, serátambém importante tentar obterinformações históricas acerca da posi-ção destas frentes de colonizaçãonas bacias hidrográficas (com referên-cia aos anos 70).

Estes elementos permitirão fixarum objectivo a atingir para a recupera-ção desta espécie nos anos e décadasfuturas.

Figura 2. Probabilidade de ocorrência de enguias com menos de 300 mm no Loire e no Aulne (fonte :Lasne et Laffaille, dados não publicados, Universidade de Rennes 1).

Figura 3 : Medição dos comprimentos dasenguias jovens

Figura 4 : Pesca eléctrica num afluentedo Garonne (Cemagref-CSP).

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Grupo temático “Enguia prateada”Exemplos de estimativas de produçãoem enguias prateadas de uma baciahidrográfica

A monitorização directa dasenguias em migraçãoA monitorização directa consiste eminterceptar as enguias que migrampara juzante através de pescarias pro-fissionais ou experimentais.Consoante os casos, as amostragenspodem ser exaustivas ou parciais, massempre com a caracterização qualitati-va das enguias prateadas em migração(comprimento, peso, condição corpo-ral, diâmetro ocular). Dois exemplosem França de monitorização directadas enguias prateadas são apresenta-dos a seguir :

- uma armadilha permanente (Figura1a) constituída por uma grelha, umacalha e uma jaula de recepção inter-cepta todo o caudal de um curso deágua. A sua eficácia relaciona-se com aimpossibilidade das enguias fazerem opercurso inverso, pelo que é importan-te montar o sistema numa barragempara evitar a sua submersão em casode cheias, por exemplo. Esta concep-ção só é viável em cursos de água detamanho modesto como neste caso oFrémur (60 km2). A inspecção dasarmadilhas deve ser diária, pelomenos durante o período migratório(Outono-Inverno). Entre 1996 e 2004,na armadilha do Frémur foram captura-das cerca de 5750 enguias prateadas,o que permitiu estimar em cerca 700 onúmero médio de enguias que regres-saram ao mar em cada ano (entre 300e 1300 dependendo do ano), a que cor-responde uma taxa de fuga de cerca de2,5 % (±1,1) do stock existente nestabacia.

- A estimativa por marcação-recapturapermite analisar o tamanho da popula-ção de enguias prateadas a partir dofluxo de enguias que migram parajuzante. Os indivíduos são marcados e

de seguida libertados no mesmo cursode água. Posteriormente é possívelobservar a proporção de enguias mar-cadas relativamente ao total de captu-ras (diluição das marcas). Os modelosque relacionam as capturas por unida-de de esforço (CPUE) das pescariascom abundâncias podem então ser uti-lizados.

No Loire (Figura 1b), nos 150 km ajuzante de Angers, um estudo quecontou com a colaboração de pesca-dores profissionais (10 a 12 consoanteos anos) permitiu caracterizar durante3 anos a migração das enguias pratea-

das. Em média, entre 360 000 e 490000 enguias migram durante o períodooficial de pesca (15 de Outubro a 15 deFevereiro). Durante este período, ataxa de exploração do recurso destapescaria ronda os 12-15 %.

Estimativa do potencialreprodutor com base nostock da fase sedentáriaQuando a monitorização directa não épossível, o potencial reproductor podeser estimado indirectamente a partirde parâmetros do stock em váriaszonas do seu habitat. Em cada umadestas zonas (eixo principal,afluentes,…) deverão existir estaçõescom diferentes tipologias (rápidos,zonas lênticas, etc.) e igualmenterepresentadas. A amostragem deveráser feita no Outono, o período maispróximo da época de migração masainda com boas condições para apesca eléctrica. Em média, e emboravariando, cerca de 2 e 5 % das enguiasdo stock sedentário tornam-se migra-doras em cada ano. A abundância deenguias prateadas que migram estáportanto relacionada, em média, com aabundância do stock total de enguias.

As abundâncias de enguias sedentá-rias (> 300 mm) devem ser expressasem CPUE, por forma a obter uma esti-mativa relativa deste potencial e per-mitir a sua monitorização e avaliaçãodas medidas de gestão. As abundân-cias obtidas pelo mesmo método deamostragem são comparáveis,enquanto que a comparação entrebacias com métodos ou esforços deamostragem diferentes só é possível apartir de abundâncias estimadas(lineares ou por área).

Em função do tipo de dados disponíveis numa bacia hidrográfica será possível fazeruma estimativa, directa ou indirectamente, da produção de enguias prateadas.Na bacia do Adour, um método indirecto fornece uma aproximação do seu potencialde reprodução.

Figura 1. (a) armadilha no descar-regador de superficie da barragem dePont-es-Omnès no Frémur(b) embarcação de pesca profissionalno Loire.

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Por outro lado, a maioria das enguiasque potencialmente irão migrar come-çam a sua metamorfose no Outono, per-manecendo à espera que surjam condi-ções hidroclimáticas “favoráveis” queinduzem o seu comportamento migra-dor. Os parâmetros morfométricos dasenguias do stock sedentário que sãocapturadas nas pescas eléctricas noOutono fornecem uma estimativa dopotencial reprodutor nesse sector doseu habitat. O comprimento, o peso e osdiâmetros oculares são os indicadoresdo estado de maturação.

O método de estimativa indi-recta utilizado na bacia doAdour tem vantagens mastambém limitações

A bacia hidrográfica do Adour e ribeirascosteiras (16 900 km2) foram inventaria-das por pesca eléctrica em 29 estações,agrupadas em 4 tipos de habitat (Figura2), entre Junho e Septembro de 2005.Como era esperado, as característicasdas amostras de enguia foram dife-rentes consoante o tipo de habitat,nomeadamente os tamanhos, a razãomachos-fêmeas das enguias prateadase o nível das CPUE em biomassa. Das544 enguias capturadas em 2005,40 eram prateadas.

Na bacia do Adour, este método podeser aplicado directamente mas apenasfornece informações aproximadasacerca do potencial reprodutor emcada zona de habitat. No âmbitodo INDICANG foi decidido que, nasbacias onde não seja possível produzirindicadores quantitativos (por ex. níveisde produção em biomassa estimada),o objectivo imediato será propôruma metodologia de monitorizaçãodas variações interanuais do nívelde produção (em CPUE de enguiascom mais de 300 mm e parâmetrosde qualidade), por forma a poder avaliarà posteriori as medidas de gestão.A mesma monitorização será usadapara estimar as mortalidadesantrópicas que afectam o estado deenguia prateada.

Figura 2 : (a partir dos dados do MIGRADOUR)

A. Localização das estações de amostragem no Adour e ribeiras costeiras, agrupadas em 4 tiposde habitat.

B. Em cima - Histogramas de fequência por classe de tamanhos das enguias >300mm capturadaspor pesca eléctrica nos diferentes tipos de habitat da bacia do Adour (Junho-Setembro 2005).As enguias amarelas estão representadas a cinzento, as prateadas a preto.

Em baixo - Pesos individuais médios das enguias >300mm em função das capturas por unidadede esforço (CPUE expressas em biomassa) em cada tipo de habitat na bacia hidrográfica do Adour. 7

• Ribeiras costeiras (3 estações• Cursos de água a montante

e média dos eixos principais (12)• Conjunto dos afluentes (10)• Pequenos cursos de água a montante dos eixos

principais e dos seus afluentes

• Ribeirosa montante

Freq

uênc

ia

Peso

méd

ioin

divi

dual

das

engu

ias

>30

0m

m(k

g)

Tamanhos (mm)

CPUE (biomassa)

• Afluentes • Curso principal • Ribeirascosteiras

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Cada obstáculo à migração das enguias pode ser objecto de um diagnósticocom base num método standard. Estes dados contribuem para a construçãode um indicador do habitat. O método precisa de uma última adaptação por formaa ser aplicado em todas as bacias.

Os obstáculos à livre circula-ção : um indicador importan-te do acesso aos habitatsO nosso principal objectivo é definire construir indicadores úteis e eficazesque permitam descrever e comparara situação actual da enguia nas váriasbacias hidrográficas em estudo.Mais propriamente, importa monitori-zar a evolução dos habitats acessíveise apropriados para esta espécie.De entre os vários descritores analisa-dos, a livre circulação da enguia(considerando todas as suas fases)destacou-se como um indicador indis-pensável, quer seja nos movimentospara montante quer nos movimentospara juzante.

Exemplo da aplicação nabacia hidrográfica do LoireNa bacia hidrográfica do Loire,o Conselho Superior da Pesca identifi-cou 2 600 obstáculos nos 3 tiposde cursos de água mais importantes :

- As linhas de água a juzante doscursos de água de 5ª ordemde Strahler ou superior e aquelasa juzante dos cursos de água de 4ªordem quando a menos de 100 km damaré dinâmica,

- Os cursos de água classificados paraa enguia através de regulamentação,

- As linhas de água situadas a juzantedos pontos de amostragem paraabundâncias.

No que diz respeito à migração parajuzante, a avaliação incidiu principal-mente sobre as barragens hidroeléctri-cas com turbinas. Estes empreendi-mentos provocam mortalidadesaquando da passagem das enguiaspelas turbinas. Dois dados foramrecolhidos: o caudal turbinado (Qt)e o caudal de referência (Qref ).O índice de impacto é então calculadoatravés da razão entre estes doiscaudais (Qt/Qref ).

Para a migração para montante

também foi definido um índice

de transponibilidade dos obstáculos,

específicamente para a enguia.

Isto permitiu que, por exemplo,

na bacia do Loire se tenham já

classificado todos os obstáculos

aí existentes. No entanto, é necessária

uma avaliação no terreno para comple-

mentar os dados gerais disponíveis

(distância ao mar, tipo de barragem,…)

com outros mais específicos e úteis

para o cálculo do índice de transponi-

bilidade: a altura de queda de água, o

perfil da barragem, o tipo de margens,

a existência de outras vias que permi-

tam a passagems das enguias, etc.

(figura 1). A altura, classificada numa

de 4 classes (≤ 0,5 m ; ≤ 1 m ; ≤ 2 m ; >

2 m), permite atribuir uma nota a cada

barragem, que depois é ponderada

com outros critérios.

Grupo temático “Ambiente”Avaliação dos obstáculos à circulaçãodas enguias nas bacias hidrográficas

Figura 1. Grelha de avaliação usada na bacia hidrográfica do Loire (Fonte P. Steinbach, CSP)

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A nota final permite classificar osobstáculos em 6 classes :

0 - obstáculo insignificante e/ouausente

1 - transponível sem dificuldadeaparente

2 - transponível com risco de atrasar amigração

3 - dificilmente transponível4 - muito dificilmente transponível5 - totalmente intransponível

Este trabalho foi realizado no Loireem condições médias de caudal,nomeadamente entre os meses de Maioe Julho, e permitiu conceber mapasde transponibilidade (mapa 1).

Limites e dificuldades naaplicação desta metodolgianoutras bacias hidrográficas

O método atrás descrito foi aplicadona bacia hidrográfica do Loire tendoem conta as particulariedades destabacia hidrográfica (uma grande área de117 000 km2, numerosas barragens,etc.). Em outras bacias hidrográficasbastante mais pequenas como no Adour(16 000 km2) ou no Oria (PaisBasco Espanhol, 888 km2) está

a ser actualizado o recenseamento dasbarragens aí existentes e integrandoesta análise da sua transponibilidadedesenvolvida no Loire.

Na bacia do Oria, por exemplo,um primeiro recenseamento realizadopela AZTI e EKOLUR revelou que a alturamédia da maior parte dos obstáculos sesituava entre 1 e 4 m, ainda queo método aqui descrito atribua a mesmanota a todas as barragens com maisde 2 m de altura.

Este método de avaliação não permiteportanto ter em conta adiversidade entre as váriasbacias, nomeadamentequanto à altura de queda deágua.

Na verdade, a classificaçãodos obstáculos nos cursos deágua utilizando intervalosconduz inevitavelmente auma heterogeneidade consi-derável em cada intervalo ecorre-se o risco de barragenscom características muitodiferentes mas, como sesituam em vários países,serem classificadas com omesma valor de transponibi-lidade.

Por outro lado, a distância ao mar não éum factor tido em conta no cálculodesse valor, isto é, cada barragem é indi-vidualmente classificada e não se temem consideração o efeito cumulativodos vários obstáculos.

É importante referir ainda que a avalia-ção de cada especialista no terrenopoderá diferir e introduzir algum desviosuplementar ao método, nomeadamen-te aquando da interpretação de algunsdos critérios de avaliação.

Para uma generalização dométodo

O objectivo é validar um método comumque possar ser transferido e aplicadoem todas as bacias hidrográficas.

Por forma a atenuar as diferençasao aplicar este método de avaliaçãoda transponibilidade em todas as outrasbacias, foi decidido, aquando da recolhade dados, não classificar os obstáculosnum dos intervalos de altura propostosmas sim registar apenas a sua alturareal.

A atribuição de um valor far-se-áposteriormente e não no terreno.

Paralelamente, e impulsionados coma implementação prevista a curtoprazo dos planos de gestão da enguiaimpostos pela UE, estão a decorrertrabalhos em colaboração com CédricBrian (co-secretário do grupo enguiado GRISAM) por forma a definirum método objectivo de classificarum obstáculo a partir do conjuntode todos os dados (altura real, distânciaao mar, etc.).

Figura 2 : Obstáculo à migração na baciahidrográfica do Oria. Centrale Ikaztegieta

(Alazne Casis EKOLUR).

Mapa 1 : Transponibilidade dos obstáculos à migração para montante da enguia na bacia do Loire(CSP).

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Obstáculo insignificante e/ou ausenteTransponivel sem dificuldade aprenteTransponivel com risco de atrasar a migraçãoDificilmente transponivelMuito dificilmente transponivelTotalmente intransponivelA precisar

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O segundo seminário de etapa do INDICANG realizou-se a 6 e 7 de Junho de 2006na Universidade do Porto. Ficaram demonstrados o bom desenrolar do projecto,acoerência das metodologias e o interesse dos resultados para uma gestão europeiadesta espécie.

Mais de 40 representantes dos parcei-ros que integram este projecto e umrepresentante da Comissão Europeiaparticiparam nos trabalhos e dis-cussões.

Após uma mensagem de boas-vindasdo Professor João Coimbra, do CIIMAR,o parceiro português no projectoIndicang, o seminário iniciou-se com ocoordenador do projecto, PatrickProuzet. A seguir, intervieram os ani-madores dos diferentes grupos temáti-cos : meixão, enguia amarela, enguiaprateada e ambiente.

Da reflexão à acçãoDesde o primeiro seminário em Maiode 2005 em Rochefort, foram dadospassos importantes, nomeadamenteem relação à cooperação nas váriastemáticas entre os grupos temáticos eos grupos das bacias hidrográficas.

Esses avanços foram principalmentena procura e escolha de descritores ena definição de indicadores. Estes têmsido adaptados e testados nas váriasbacias hidrográficas, em colaboraçãocom algumas entidades gestoraslocais. Nesta newsletter são mostra-dos alguns desses exemplos.

No decurso de duas mesas-redondas,os trabalhos basearam-se funda-mentalmente sobre as seguintesquestões :

«Quais os tipos de indicadores paraavaliar a qualidade do habitat e rela-cioná-la com os constrangimentos àprodução de enguia ?»

«Quais os tipos de indicadores paraavaliar a médio prazo o estado dorecurso enguia ?»

A discussão destas questões conduziua resultados importantes na definiçãodos limites mínimo e óptimo para astabelas de avaliação do recurso. Úteispara avaliar quantitativa e qualitativa-mente a situação deste recurso enguiae do seu habitat, estas ferramentaspermitirão igualmente avaliar a eficá-cia e os efeitos dos planos de gestão edas acções de restauração que irão sercolocados em prática.

O contexto regulamentareuropeuO representante da Direcção Geral daPesca e dos Assuntos Marítimos apre-sentou em seguida a proposta de regu-lamentação europeia para a enguia, aqual irá fornecer as bases de negocia-ção que a Comissão Europeia irá utili-zar. Estas bases de negociaçãoincluem as alterações propostas peloParlamento Europeu e que visam adiminuição do esforço de pesca mastambém a necessidade de assegurar alivre circulação dos migradores (paramontante e para juzante) através daminimização por exemplo, da mortali-dade associada à passagem pelas tur-binas.

A meta de gestão de 40 % da biomas-sa produzida num habitat não pertur-bado é mantida como objectivo a longoprazo, mas poderá ser debatida e atéalterada já que nenhum país estáactualmente em posição de a definir.

Finalmente, a proposta do ParlamentoEuropeu de redução global do esforçode pesca foi bem destacada. No entan-to, falta ainda definir o período até àsua entrada em vigor, isto apesar dealguns países terem já antecipadoessa redução, principalmente nas épo-cas de migração desta espécie quer nafase de meixão quer na fase de enguiaprateada.

Últimas etapas do IndicangO segundo dia foi reservado paraa apresentação das conclusões dasmesas-redondas e das perspectivaspara o último ano do projecto. Sãode destacar :

1 - O projecto Indicang confirmoua resolução anterior do comitéde gestão reunido em Bordéus emDezembro de 2005 : incapacidadedos parceiros em avaliar o estadodo recurso por comparação coma meta de referência proposta pelaComissão Europeia. A aplicaçãodas grelhas de avaliação mínimase óptimas constitui o objectivo doúltimo ano de projecto ;

2 - Neste último ano, as estruturas téc-nicas locais deverão testar os indica-dores dessas grelhas de avaliação numconjunto de bacias hidrográficas ;

3 - O manuscripto do guia metodológi-co deverá estar pronto até ao fim de2006 para que possa ser apresentadono colóquio final do Indicang em Junhode 2007.

Seminario de etapa No porto (G. ADAM - Cemagref)

Seminário de etapa do Indicang no Porto

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O Comité de Gestão de 8 de Junhopermitiu aos animadores das baciashidrográficas revelar os trabalhosrealizados desde o seminário de etapade 2005 em Rochefort e de consolidaralgumas das ideias surgidas no seminá-rio de 2006.

Organizar melhor a recolhade informaçãoTodos os parceiros destacaram asdificuldades na recolha da informaçãojunto dos variados organismos res-ponsáveis, independentemente do paísou região. Este é um trabalho morosomas imprescindível para que, rotineira-mente, se possa fazer uma estimativaválida de um razoável número de indica-dores.

Estas dificuldades deverão ser ultrapas-sadas através de acordos entre as enti-dades envolvidas, sem os quais é umailusão pensar em obter os indicadoresnecessários para a monitorização dosplanos de gestão e recuperação nos4 países e 7 regiões deste projecto.

As dificuldades na recolha da informa-ção são sentidas principalmente emrelação às estatísticas de pesca, se bemque também existem preocupaçõesquanto à obtenção de dados fiáveis enão agregados das capturas e do esfor-ço de pesca que é realizado em algunspaíses.

As estruturas de gestão deverãoser melhor definidas, tal como as suasfunções. Elas existem nos vários paísesem questão: Entidade Pública Territorialem França ou Autoridades de bacia noReino-Unido, por exemplo.

O Comité de Gestão do Indicang insistiuuma vez mais na necessidade de asse-gurar que os planos de gestão e de recu-peração propostos tenham em conside-ração estas dificuldades. Os Estados-Membros deverão especificar nas suaspropostas de planos de gestão as medi-das preconizadas para ultrapassá-las.

A vontade de ir mais alémOs parceiros do Indicang pretendemcontinuar o projecto para lá dos 3primeiros anos. O Comité de Gestãopropôs ao coordenador a organizaçãode uma proposta para a continuaçãodeste projecto, a qual será validada napróxima reunião do Comité de Gestãoprevista para meados de Dezembro :

- será necessário reforçar, nas diferentes

bacias da rede Indicang, os testes à

aplicação das grelhas de avaliação que

serão aprovadas no último ano de pro-

jecto.

- um documento estratégico deverá ser

proposto pelo Comité de publicação e

comunicação com base num projecto

elaborado pelo coordenador do

Indicang. Este documento servirá de

apresentação do projecto. Nele deverão

ser valorizados os resultados e os objec-

tivos já obtidos, numa perspectiva da

sua utilização.

Por fim, o colóquio final do Indicang terá

lugar em Nantes ou em Bordéus no fim

do mês de Junho de 2007 (a decisão

final será tomada na próxima reunião do

Comité de Gestão) e terá como tema os

aspectos políticos, administrativos, ins-

titucionais e técnicos da gestão da

enguia.

O Comité de Gestão defende que este

colóquio final seja o momento ideal para

priveligiar a estratégia que tem vindo a

ser seguida de partilha de responsabili-

dades e acções entre os vários interve-

nientes, sem a qual a recuperação da

enguia será muito difícil.

Comité de Gestão do Indicang no Porto

O Comité de Gestão do projecto INDICANG reuniu-se no Porto a 8 de Junho, noCIIMAR, na continuação do segundo seminário de etapa

Visita do Comité de Gestão ao Aquamuseu do rio Minho em Vila Nova de Cerveira (Portugal)

Barcos de pesca no porto de Vila Nova deCerveira, estuário do Minho, Portugal

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DirectionInterrégionale

des AffairesMaritimes

Avec la participationde l’Union Européenne

Projet cofinancé par le FEDER

West country River Trust

Université Pau Pays Adour

Outros parceiros signatários

Parceiros associados

Na próxima newsletter

Parceiros financeiros signatários

A palavra aos actores e beneficiários dos trabalhos levados a cabo neste projecto INDICANG

Director de Publicação :Gilles ADAM (DIREN Aquitaine)

Co-Director : Gérard MARTY (CG33)

Redactores :Jean-Charles BOUVET (IFREMER)Noëlle BRU (UPPA)Estebalitz DIAZ (AZTI)Jaime CASTELLANO (AZTI)Eric FEUNTEUN (Univ. La RochelleCRELA)Pascal LAFFAILLE (Univ. De Rennes)Vanessa LAURONCE (MIGADO)Stéphanie MUCHIUT (IMA)Patrick PROUZET (IFREMER)Christian RIGAUD (Cemagref)Tony ROBINET (Fish-Pass)Frédéric TYRODE SAINT-LOUIS (BCO)

Comité de revisão :Gilles ADAMOlivier AUDY (CG33)Fr.-Xavier CUENDE (Institution Adour)Vanessa LAURONCEGilbert MIOSSEC (Forum MaraisAtlantiques)Patrick PROUZETChristian RIGAUD

Tradução :Espanhol : Fr.-X. CUENDE

Vanessa LAURONCEIñaki URRIZALKI OROZ(EKOLUR)

Inglés : : Eric FEUNTEUN,Fr.-X. CUENDE

Basqco : Iñigo MENDIOLA,(Gipuzkoa)Araitz BILBAO (AZTI)

Português : Alfredo OLIVEIRA (CIIMAR)

Internet :http://www.ifremer.fr/indicang /

Depósito legal : com a publicação

ISSN : em curso

Créditos fotográficos : em ada fotografia.

Concepção/Realização :DIREN Aquitaine &Conseil Général de la GirondeDirection de la CommunicationImprimerie Départementale

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Tendo em conta a rarefacção da espécie e a sua crise previsível, é urgente um esforço de comunicaçãopara explicar ao grande público, aos profissionais e às novas gerações das ameaças e suas consequên-cias bem como na necessidade absoluta duma gestão global e a longo-prazo deste recurso, a única formade garantir que a enguia continue a ser uma espécie presente e explorável no Arco Atlântico europeu.

A empresa « Beau Comme l'Océan », em coprodução com a France 3 e a empresa basca/espanholaSincro, deram início à realização de um documentário de 52 minutos provisoriamente intitulado« Ameaças à enguia », repartido por 2 filmes de 26 minutos, o qual será depois usado também para a pro-dução de um kit de informação sobre a enguia, consitindo este kit num DVD de 160 minutos de duração,com 3 filmes mais um bónus de 10 pequenos filmes temáticos de 6 minutos cada e um dossier pedagó-gico de 24 páginas em 3 línguas (francês/espanhol/basco) sobre as grandes problemáticas da enguia.Este kit de informação insere-se na dinâmica de cooperação europeia posta em prática pela rede INDI-CANG, e é de esperar que contribua para alertar para as ameaças que pairam sobre esta espécie e paradivulgar as soluções propostas para as remediar.

Informações recentes

A apontar nas vossas agendasEm Dezembro 2006 uma última reunião do Comité de Gestâo INDICANG

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