A narrativa épica

16
Narrativa Épica 1/1 6

Transcript of A narrativa épica

Page 1: A narrativa épica

Narrativa Épica

1/16

Page 2: A narrativa épica

Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce.Deus quis que a terra fosse toda uma,Que o mar unisse, já não separasse.Sagrou-te e foste desvendando a espuma, E a orla branca foi de ilha em continente,Clareou, correndo, até ao fim do mundo,E viu-se a terra inteira, de repente,Surgir redonda, do azul profundo.Quem te sagrou criou-te português.Do mar em nós em ti nos deu sinal.Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.Senhor, falta cumprir-se Portugal!

Fernando Pessoa, Mensagem2/16

Page 3: A narrativa épica

Luís de Camões (1524? /1580 )

“Chamar-te génio é justo, mas é pouco.Chamar-te herói, é dar-te um só poder.Poeta dum império que era louco,Foste louco a cantar e louco a combater.”Miguel Torga, Poemas Ibéricos

Publicação de “Os Lusíadas”

15723/16

Page 4: A narrativa épica

Camões dirige-se a seus Contemporâneos

Podereis roubar-me tudo:as ideias, as palavras, as imagens,

e também as metáforas, os temas, os motivos, 

os símbolos, e a primazianas dores sofridas de uma língua nova,no entendimento de outros, na coragem

de combater, julgar, de penetrarem recessos de amor para que sois

castrados.E podereis depois não me citar,

suprimir-me, ignorar-me, aclamar atéoutros ladrões mais felizes.

Não importa nada: que o castigoserá terrível. Não só quando

vossos netos não souberem já quem soisterão de me saber melhor ainda

do que fingis que não sabeis,como tudo, tudo o que laboriosamente

pilhais,reverterá para o meu nome. E mesmo será

meu,tido por meu, contado como meu,

até mesmo aquele pouco e miserável que, só por vós, sem roubo, haveríeis feito.

Nada tereis, mas nada: nem os ossos, Que um vosso esqueleto há-de ser

buscado,Para passar por meu. E para os outros

ladrões,Iguais a vós, de joelhos, porem flores no

túmulo.

Jorge de Sena

4/16

Page 5: A narrativa épica

O QUE É UMA EPOPEIA?

A poesia épica, ou epopeia, ou ainda poema épico

é uma das mais remotas manifestações artísticas do homem.

era o género mais elevado que os antigos cultivavam; daí, constituir a aspiração máxima do poeta clássico, renascentista.

5/16

Page 6: A narrativa épica

É UMA NARRATIVA ÉPICA, geralmente em estrutura de poema, que enaltece os feitos ilustres de umherói ou de um povo, com interessehistórico.

As epopeias primitivas foram longas narrativas orais de feitos considerados heróicos realizados

por homens dotados de força superior demonstrada no campo das batalhas.

Trata-se de uma variedade do modo narrativo.6/16

Page 7: A narrativa épica

EPOPEIAS PRIMITIVASapresentam

As aventuras de um heróiporque

- não está ainda definida a noção de Estado- existe o grupo étnico em expansão- os deuses são tidos como realidades que ajudam ou prejudicam o herói

assim

O herói destaca-se e torna-se imortal

7/16

Page 8: A narrativa épica

Epopeias da Antiguidade

Civilização Grega

“Ilíada”

séc. VIIIa.C.

de HOMERO

Narração das aventuras de Aquiles, o mais famoso dos

heróis gregos, durante o último ano da guerra de Tróia. 8/1

6

Page 9: A narrativa épica

“Odisseia” de HOMERO séc. VIIIa.C.

Narração das aventuras de Ulisses

no regresso da guerra de Tróia até chegar

a Ítaca, sua Pátria, onde o

esperava Penélope,

a esposa modelo de fidelidade.

9/16

Page 10: A narrativa épica

Civilização Romana

“Eneida” de VIRGÍLIO

séc. Ia.C.

Narração das aventuras de Eneias e de seus companheiros,

desde a queda de Tróia atéà fundação de Roma.

Virgílio imita a Odisseia nos seis primeiros cantos e a Ilíada

nos seis últimos. 10/16

Page 11: A narrativa épica

EPOPEIAS DE IMITAÇÃOapresentam

Os feitos heróicos passados ou futuros de um povo

porque

- existe o estado, uma vida civil organizada- existe uma história da Pátria- os deuses são apenas mitos ou ficções

assim

O herói apaga-se como individualidade;

o povo imortaliza-se. 11/16

Page 12: A narrativa épica

deve obedecer a certos requisitos:

Esta variedade do modo narrativo

a utilização do verso e de um estilo elevado;

incluir NARRADOR, PERSONAGENS, AÇÃO, TEMPO.

12/16

Page 13: A narrativa épica

A estrutura interna deve estar dividida em

Proposição, Invocação e Narração;

Facultativamente, a estrutura interna de uma epopeia pode também incluir uma

Dedicatória,

referindo a figura a quem se dedica o poema.

13/16

Page 14: A narrativa épica

Estrutura Interna

OS LUSÍADAS

Proposição Invocação Dedicatória Narração

O autor apresentao assunto

O poeta pedeinspiraçãoàs musaspara levara cabo o

seu projecto

O poeta dedica o seu

poema a D. Sebastião

Narração daação

14/16

Page 15: A narrativa épica

Estrutura ExternaDo ponto de vista formal, estrutura externa, o poema:

é constituído por 10 Cantos, com um total de 1102 estrofes,

constituída por 8 versos (oitavas) decassílabos heróicos (acentuação nas 6ª e 10ª sílabas métricas),

com rima cruzada e emparelhada:

A B A B A B C C 15/16

Page 16: A narrativa épica

A VIAGEM À ÍNDIA

16/16