A Nacao Templaria e o Processo de Globalizacao

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1 A Nação Templária e o Processo de Globalização NOTA: 1. A Formação de Portugal este não é um livro de história, é um livro de indagações. 2. O Estabelecimento dos Templários 3. A Nação Templária 4. Os Bancos Reúnem os Recursos 5. Notícias de Salomão na Rede Cognata 6. Móveis nas Águas 7. O Parto do Porto 8. Espalhamento do Templo 9. Propósito 10. A Hora de Colher os Frutos com os 600 e os 6.000 Vitória, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009. José Augusto Gava.

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Portugal como a nação escolhida pelos templários para seu projeto de futuro

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A Nação Templária e o Processo de Globalização

NOTA:

1. A Formação de Portugal

este não é um livro de história, é um livro de indagações.

2. O Estabelecimento dos Templários

3. A Nação Templária 4. Os Bancos Reúnem os

Recursos 5. Notícias de Salomão na

Rede Cognata 6. Móveis nas Águas 7. O Parto do Porto

8. Espalhamento do Templo 9. Propósito

10. A Hora de Colher os Frutos com os 600 e os

6.000

Vitória, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009. José Augusto Gava.

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Capítulo 1 A Formação de Portugal

Ao longo dos anos as leituras misturaram-se em

minha cabeça, muitas informações, ressurgindo como formas novas, como casamentos complexantes a dar em novas combinações, promissoras ou não.

A Rede Cognata, existindo desde 1994 e sendo testada diariamente deste então, proporcionou outros caminhos de averiguação. Por exemplo, ela diz - segundo suas regras - que templários = BANQUEIROS = JESUITAS = DOMINANTES = TENTADORES = BRASILEIROS e muito mais.

TESTANDO A REALIDADETEMPLÁRIOS

(compare você mesmo) PORTUGUESES BANQUEIROS JESUITAS

Surgem em 1119, após a primeira cruzada.

Começam em 1139 com a

proclamação de Afonso I como

rei.

Apareceram na segunda metade do século XII (1150 para frente).

Fundação em Paris em 1534 (são bem mais

tardios).

Será que nasceram ao mesmo tempo? Será que estão misturados? No livro Por Mares Nunca Dantes Navegados (A Aventura dos Descobrimentos), São Paulo, Contexto, 2008, o autor Fábio Pestana Ramos diz que o fundador de Portugal foi um francês da Borgonha, Dom Henrique, que chegou ao condado portucalense no século XI, que vai de 1000 a 1099. Até a fundação do novo reino o antigo condado era comandado por Nuno Mendes, vassalo de Castela. Dom Henrique casou-se em 1094 com a filha bastarda do rei, Dona Teresa, e recebeu o condado como dote logo a seguir ao falecimento de Nuno.

O filho de Dom Henrique seria Afonso, o primeiro rei, intitulando-se Afonso I em 1139 e conquistando Lisboa COM O AUXÍLIO DE CRUZADOS ESTRANGEIROS em 1147, oito anos depois. Ora, que eram os Templários senão cruzados? Evidentemente que desde o começo Dom Henrique já podia ser um templário enviado a Portugal com missão de separá-lo do que seria a futura Espanha, por enquanto o reino de Castela.

Como os maçons, os templários continuam a resistir, a recusarem-se a morrer. Dizem que os maçons e

A SEQUÊNCIA DOS APARENCIMENTOS 1º) – templários em 1119; 2º) – Portugal em 1139 (apenas 20 anos depois;

Afonso Henriques era Irmão Templário desde 1129, dez anos antes);

3º) – banqueiros lá por 1150. Embora Dom Henrique de Borgonha (nascido em 1066

morreu em 1112) tenha aparecido em Portugal antes, bem poderia fazer parte do grupo que na França estava pensando as cruzadas e em particular os templários. A viúva teve largo envolvimento com os templários e presumivelmente ele também. Quando em 1312 a Ordem dos Templários foi dissolvida por ordem papal, o pequeno reino lusitano ergueu-se como uma barreira à prepotência papal e os manteve funcionando, dando-lhes abrigo. Em 1317 foi criada em Portugal a Ordem dos Cavaleiros de Cristo, que conduziu a Aventura dos Descobrimentos, financiando-a.

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os templários são os mesmos, não sei. Em todo caso, os maçons em seu ressurgimento ocidental também são da mesma época, mas a RC não os identifica diretamente, embora possamos ver que templo (dos maçons) = TEMPLÁRIO.

Capítulo 2 O Estabelecimento dos

Templários

Se os templários são banqueiros - e caracteristicamente banqueiros emprestam dinheiro a juros -, uma das intenções deles deveria ser “aumentar a praça”, expandir os tomadores de capitais.

Com isso, combater os que não gostam de juros, neste caso a Igreja (pois juros eram vistos como coisa do demônio = DINHEIRO na Rede Cognata).

O empréstimo a juros em João Calvino JUROS PROIBIDOS NA IDADE MÉDIA

Mauricio de Castro e Souza

A prática do empréstimo a juros sempre esteve presente na vida das

pessoas, visto que a Bíblia, o Código de Hamurabi e o Direito Romano

já tratavam do assunto. O empréstimo a juros na Idade Média foi

importante para promover o desenvolvimento, sendo utilizado no

comércio, nas viagens marítimas, e até mesmo nas épocas das Cruzadas.

A Igreja Cristã, ao mesmo tempo em que condenava a prática da usura,

isto é, empréstimo a juros, por muitas vezes não só autorizou mas,

também, usufruiu de ganhos adquiridos com juros. Calvino, apesar de

contrário à prática do empréstimo a juros, mas por perceber que seria

impossível aboli-lo, manifestou-se de certa forma favorável à temática

em questão. Todavia, separou o empréstimo de consumo, do empréstimo de

produção, o qual foi utilizado para promover o desenvolvimento. No

entender de Calvino, o empréstimo de produção era justo, pois, o que

empresta nesta linha de ganho, pretende ganhar outro tanto superior o

valor emprestado. Mas, consciente que os juros afetam diretamente o

custo de vida, e os menos favorecidos financeiramente serão os mais

afligidos, restringe e sistematiza o empréstimo a juros, com a dupla

finalidade: 1) que as nossas atitudes glorifiquem a Deus; 2) que devem

beneficiar a comunidade em que vivemos.

Igreja Corrupta

(Leo Huberman)

O historiador Leo Huberman comentou a prática do clero medieval com

relação ao comércio e á cobrança de juros pelos burgueses: "A maioria

dos negócios é hoje realizada com dinheiro emprestado, sobre o qual se

pagam juros. Quando o dono da loja da esquina pretende adquirir coisas

novas para seu negócio , vai ao banco tomar dinheiro emprestado. O

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banco empresta determinada importância , cobrando juros. Estamos tão

acostumados a esse pagamento de juros pelo dinheiro emprestado que

tendemos a considera ?lo ?natural?, como coisa que tenha existido

sempre. Mas não existiu. Houve época em que se considerava crime grave

cobrar juros pelo uso do dinheiro . no princípio da Idade Média o

empréstimo de dinheiro a juros era proibido por uma potência cuja

palavra constituída lei para toda a cristandade.Essa potência era a

igreja. Emprestar a juros , dizia ela, era usura, e a era Pecado. A

palavra vai em letra maiúsculas porque assim era considerado qualquer

pronunciamento da igreja naquela época e um pronunciamento que

ameaçasse com a danação eterna que o violavam tinha particular

importância. Na época feudal , a influencia da Igreja sobre o espírito

do povo era muito maior do que hoje.(...) Naquela sociedade, onde o

comércio era pouco e a possibilidade de investir dinheiro com lucro

praticamente não existia, se alguém desejava um empréstimo, certamente

não tinha por objetivo o enriquecimento, mas precisava dele para

viver. Tomada o empréstimo simplesmente porque alguma desgraça lhe

ocorrera. Talvez lhe morresse a vaca, ou a seca tivesse arruinado as

colheitas. Estava em má situação e necessitava de ajuda. De acordo com

o sentimento medieval, a pessoa que, nessas circunstancia, o ajudasse,

não deveria lucrar com sua desventura. O bom cristão ajudava o vizinho

sem pensar em lucro. Se emprestava a alguém um saco de farinha,

esperava receber de volta apenas um saco de farinha, e nada mais. Se

percebesse mais, estaria explorando o companheiro o que não se

considerava injusto. Justo era receber apenas o que se emprestara, nem

mais nem menos. (...) A igreja ensinava que, se o lucro do bolso

representava a ruína da alma, o bem-estar espiritual estava em

primeiro lugar. (...) Se algum obtivesse numa transação mais do que o

devido, estaria prejudicando a outrem, e isso estava errado. Santo

Tomás de Aquino, o maior pensador religioso da Idade Média, condenou à

ambição do ganho. Embora se admitisse, com relutância, que o comércio

era útil, os comerciantes não tinham o direito de obter numa transação

mais do que o justo pelo seu trabalho. (...) Também não se considerava

ético acumular mais dinheiro do que o necessário para a manutenção

própria (...). Um autor da época assim se manifestou? Quem tem o

bastante para satisfaz suas necessidades, e não obstante trabalha

incessantemente para adquirir riquezas, seja para conseguir uma

posição social melhor, seja para viver mais tarde sem trabalhar, ou

para que seus filhos se tornem homens de riqueza e importância todos

esses estão dominados por uma avareza, sensualidade ou orgulho

condenáveis? (...) Cobrar juros era totalmente errado dizia a Igreja.

Isso é o que ela dizia. O que dizia e o que fazia, porém, eram duas

coisas totalmente diferentes. Embora os bispos combatessem e fizessem

leis contra os juros, estavam entre os primeiros a violar tais leis.

Eles mesmos tomavam empréstimos, ou os faziam, a juros exatamente

quando combatiam outros usurários! Os judeus, que geralmente concediam

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pequenos empréstimos a juros enormes, porque corriam grande risco,

eram perseguidos, desprezados em toda a parte como usurários. Os

banqueiros italianos emprestavam dinheiro em grande escala, fazendo

negócios enormes com a Igreja e freqüentemente , quando seus juros não

eram pagos, o próprio Papa ia cobrá-los, ameaçando com um castigo

espiritual! Mas a despeito do fato de ser um dos maiores pecadores, a

Igreja continuava a criticar os usurários. Sabemos que os argumentos

que a Igreja utilizava para criticar a prática da usura era uma

contradição entre o que o clero pregava em relação á usura e o que ele

próprio praticava. Deveríamos contar que Igreja e templários se

chocassem de frente, uns tentando entrar nos outros, como sempre acontece com os opostos-complementares.

Capítulo 3 A Nação Templária

Esta é apenas uma sugestão de trabalho, mas se o

modelo está correto todas as condições devem prevalecer, quer dizer, se Portugal é uma nação com fundo templário, a nação em si e os teplários devem estar METODICAMENTE pareados, ou seja, como disse Hermes Trimesgisto “o que está em cima é como o que está embaixo”; ora, Portugal seria o dominado, visível, enquanto os outros estariam ocultos – não podemos ver os templários, mas podemos pela suas obras imaginar como são, pelo quê devemos olhar Portugal:

• emparelhamento psicanalítico (as figuras dominantes em Portugal seriam as figuras dominantes dos templários);

DOMÍNIO PSICOLÓGICO

• emparelhamento psico-sintético (os objetivos nacionais corresponderiam às metas ocultas);

• emparelhamento econômico (a produção de objetos em Portugal seria a daqueles que servissem às finalidades estabelecidas);

• emparelhamento sociológico (o modo de organizar corresponderia às prateorias templárias);

• emparelhamento geo-histórico (o espaçotempo português seria reconstruído para espelhar os movimentos e as inércias dos Cavaleiros).

Enfim, vendo Portugal estaríamos vendo os Cavaleiros do Templo, que então tinham uma nação INTEIRA (embora propositalmente pequena) à sua disposição.

Portugal foi o verdadeiro inventor do mercantilismo e o primeiro Estado-nação moderno, precursor de todos os demais, já nação quando todos os demais ainda eram províncias. Pode-se dizer que foi a partir de lá que se deu a PRIMEIRA GLOBALIZAÇÃO. E foi iniciada e conduzida por Portugal durante os primeiros três séculos e meio, a seguir mesmo ao nascimento do país em 1139 até a chegada da Espanha através de Colombo às Américas em 1492 (1492 –

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1139 = 353 anos). Eis aí um retrato da valentia. Muita coisa que Portugal fez ainda está oculta, a ser pesquisada pelos geo-historiadores.

É bem possível que tanto a fundação dos Pobres Cavaleiros de Cristo quanto a existência de Portugal tenha sido planejada na França, pois a viúva de Dom Fernando de Borgonha, Dona Teresa, desde o nascimento deles apoiou os templários.

Capítulo 4 Os Bancos Reúnem os

Recursos

Se o propósito fosse a Globalização geral, deveriam ter feito várias tentativas em diferentes alturas, sem muito sucesso, sempre perseguindo a meta. Seria prossível aos geo-historiadores identificar tais etapas?

Pois julgamos ter visto pelo menos o começo (Primeira Globalização, através do mercantilismo português, o excesso ou extremização do mercantil) e o fim (esta planetarização de agora, que está sendo conduzida, segundo dizem alguns, pelo Banco Mundial, suposto testa de ferro dos banqueiros).

OS RECURSOS DA PRIMEIRA GLOBALIZAÇÃO

1. globalização da Chave MIC:

(através de Portugal, depois Espanha, depois os copiadores: França, Inglaterra, Alemanha e outros, inclusive no século XX os Estados Unidos)

1.1. da memória; 1.2. da inteligência; 1.3. do controle;

2. globalização da Chave MEI: 2.1. da matéria; 2.2. da energia; 2.3. da informação.

Existiria algo assim, tão complexo? Poderiam estes da sombra estar agindo em tantas

vertentes ao mesmo tempo? Onde os banqueiros reuniriam os recursos? Hoje é fácil, as pessoas não querem ser roubadas

e depositam nos bancos que - por acordo com o Banco Central - podem multiplicar ficticiamente os recursos dentro de uma “margem de segurança”. Antigamente não era assim, não existiam poupadores e os reis tinham sua própria segurança, seus exércitos, ainda que tímidos no Ocidente. Por quê iriam dar aos banqueiros para depois tomar emprestado? Seria preciso que os banqueiros tomassem de fontes autônomas, independentes dos reinos.

Capítulo 5

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Notícias de Salomão na Rede Cognata

A Rede Cognata conta uma história que, grosso

modo, é assim: Salomão ficou sabendo (não sei como, pode ter sido a Rainha de Sabá) da existência de ouro e prata na região abaixo, na volta da África. Os egípcios pegavam ouro com os núbios e Salomão não teria acesso a estes. Contudo, se tivesse uma frota (dos hoje libaneses, antigamente fenícios) poderia ir lá; talvez os fenícios já tivessem navegado bastante, passando costumeiramente Gibraltar. Talvez os fenícios (e Salomão) tivesse chegado ao Brasil.

NESTA REGIÃO

FAZENDO PARALELO

A RC diz até quanta quantidade de ouro e prata

levou, e seria realmente muito dinheiro nos dias de hoje.

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Veja, se 20 séculos depois (950 a.C. + 1110 d.C. = 2.060 anos), pesquisando nas ruínas, os cavaleiros tivessem descobertos os mapas, faria todo sentido procurar seguir a trilha deixada pelo antigo monarca hebreu e “na moita”, às escondidas, desenvolver atividades de conquita dos territórios.

Se Salomão e os hebreus, Hiram e os fenícios estiveram na África e no Brasil devem ter subsistido palavras faladas das línguas, escrita, objetos que podem ser rastreados na África do oeste e no Brasil do leste.

Em resumo, o modelo fala de rastros.

• pistas físico-químicas; RASTROS TEMPLÁRIOS E SALOMÔNICOS

• trilhas biológicas-p.2; • restos psicológicos-p.3.

As coisas não desaparecem assim, sem mais nem menos; Tróia tinha nove camadas e mesmo soterrada ainda pôde ser achada – restos subsistem por baixo dos escombros que a posteridade traz.

De posse dos recursos, os templários poderiam lançar-se à aventura, contratando sábios, marceneiros, ferreiros, capitães-navegadores, pilotos, criando o que ficou conhecido erradamente como Escola de Sagres. Enfim, criando a base econômico-financeira que iria dilatar literal e metaforicamente o horizonte português.

Capítulo 6 Móveis nas Águas

A cruz templária está bem evidente nos

empreendimentos portugueses. Mas a cruz templária é só a culminação. Deveria haver um NAVIO TEMPLÁRIO, o que significa uma construção extremamente complexa, mesmo naqueles tempos.

AS CARAVELAS PROTUGUESAS

Ainda subsiste um time templário no

Brasil, o Vasco da Gama.

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Evidentemente o segundo propósito de todo ser vivo é sua multiplicação, sendo o primeiro a própria sobrevivência (é a lógica: quem não sobrevive não pode reproduzir; assim a autopreservação vem antes da descendência), o que vale para os Templários, que são seres vivo-racionais.

1º. autopreservação dos templários (eles vão se transformar no que for necessário para continuar existindo); 2º. reprodução além-Europa, porque esta estava se tornando amplamente desfavorável. E todo ser, para manter a autopreservação no

máximo, deve evidenciar uma parte de si e esconder outra. As épocas de traição são exatamente as democráticas, porque nessas fases as pessoas se desnudam das proteções e são absorvidas.

Se para trás não dava, para frente teria de dar. Quem quer que tenha enviado Dom Fernando de Borgonha para o condado portucalense e os templários para a Terra Santa sentia-se em perigo. Então, se tomarmos as notícias dos que se sentiam antes de 1100 em perigo teremos uma lista daqueles que investigar como origem dos templários e dos portugueses.

Capítulo 7 O Parto do Porto

Para navegar é preciso estar na água; de frente

para ela; ter um porto aonde chegar e de onde partir. Naturalmente em Portugal existe uma cidade chada justamente Porto, conhecida em toda parte, de onde vem o nome do vinho famoso (cujos direitos de marca são detidos pelos ingleses).

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UM reino pequeno, construído para tal, distante das confusões européis e dos centros de poder e onde as novas direções-sentidos pudessem ser postas.

Não tenho tempo nem recursos para investigar as linhas de possibilidades. São apenas idéias a partir das minhas investigações e conclusões. Certamente, para ser ciência e depois técnica, essa linha deve fornecer os elementos do método científico, inclusive previsibilidade, isto é, capacidade de apontamento antes de pesquisas depois corroboradoras.

Em resumo, se a geo-história de Portugal for examinada e nela se deparar com uma quantidade MUITO GRANDE de indícios e de paralelismos com um grande projeto oculto, então feita a correlação estatística, teremos grande confiança em explocar conjuntamente esse caminho novo. Fora disso nada haverá de concreto. Seriam apenas interpolações, interpretações.

Quando algo é construído, seja uma casa por pedreiros ou uma nação por templários ou poderes ainda mais vastos que os orientassem, os rastros disso remanescem, permanecem no templo, mesmo mestiçados com a posteridade. Ainda que de mínima impressão, sempre podem ser perseguidos e expostos PELA LÓGICA, pela inter-relação, pela combinação de tempo e espaço.

Capítulo 8 Espalhamento do Templo

Quando as criaturas são jovens elas crescem

explosivamente e fazem muita arruaça, pois tem imensa energia, enquanto os velhos vão definhando corporalmente; já os velhos, acumulam sabedoria, de modo que não é fácil derrotá-los. Há a estória do boi velho e do boi jovem em cima do morro, o jovem excitadíssimo dizendo: “vamos correr e cada um pega uma fêmea”; ao que o velho replica: “não, vamos devagarzinho pegar todas”. Experiência é uma coisa muito poderosa e nem todos os filhos são dos jovens.

No início o Templo (os Pobres Cavaleiros do Templo, denominados abreviadamente templários) cresceu com uma velocidade estonteante, ameaçando os poderes constituídos, que se tornaram cobiçosos e os confrontaram, aparentemente destruindo-os. A riqueza acumulou-se com furor, tenha ela tido fonte mística ou tendo vindo apenas de doações e outros acordos, ou do que poderia ser o braço econômico-financeiro bancário.

OS CASTELOS DOS TEMPLÁRIOS (tirado do texto da Wikipédia) – aí não estão todos, faltam os da França, da Inglaterra, da Escócia e outros, sei lá aonde.

Castelos Planta do Santuário da Rocha (onde outrora se encontrava o Templo de Salomão), com algumas de suas linhas de construção que podem ter servido de inspiração para

os templos da Ordem. Na Terra Santa

1. Castelo de Gaston - Principado de Antioquia

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2. Chastel Blanc - Condado de Trípoli 3. Castelo de Tortosa - Condado de Trípoli

4. Castelo de Sidon - Reino Latino de Jerusalém 5. Castelo de Beaufort - Reino Latino de Jerusalém

6. Castelo de Gaza - Reino Latino de Jerusalém 7. Castelo de Safed - Reino Latino de Jerusalém

8. Castelo Peregrino - Reino Latino de Jerusalém 9. Castelo Hernault - Reino Latino de Jerusalém

10. Chastelet du Gué-Jacob - Reino Latino de Jerusalém Na península Ibérica

Na Espanha 1. Castelo da Lúa -

2. Castelo de Ascó - 1173 3. Castelo de Barberà - 1143

4. Castelo de Castellote - 5. Castelo de Chalamera - 1143 6. Castelo de Granyena - 1131

7. Castelo de Gardeny - 8. Castelo de Monreal del Campo -

9. Castelo de Montesa - 10. Castelo de Monzón - 1143

11. Castelo de Peñíscola - 1294 12. Castelo de Ponferrada - 1178

13. Castelo de Sória - 1128 14. Castelo de Xivert - 1169

Em Portugal 1. Castelo de Soure (1128)

2. Castelo de Celorico da Beira 3. Castelo de Ranhados

4. Castelo de Longroiva (1145) 5. Castelo de Cera (1159)

6. Castelo de Tomar (1160) 7. Castelo de Torres Novas 8. Castelo de Seda (1160)

9. Castelo de Pombal (c. 1160) 10. Castelo de Mogadouro (1165)

11. Castelo de Belmonte 12. Castelo de Sabugal 13. Castelo de Sortelha

14. Castelo de Penamacor 15. Castelo de Monsanto (1165)

16. Castelo de Salvaterra do Extremo 17. Castelo de Segura

18. Castelo de Rosmaninhal (1165) 19. Castelo de Penas Róias (1166) 20. Castelo de Almourol (1171)

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21. Castelo do Zêzere (1174) 22. Castelo de Idanha-a-Nova (1187) 23. Castelo de Idanha-a-Velha (1197)

24. Castelo de Penamacor (c. 1199) 25. Castelo de Alpalhão

26. Castelo de Castelo Novo 27. Castelo de Ródão 28. Castelo de Belver

29. Castelo de Castro Marim 30. Castelo de Castelo Branco (1214)

31. Castelo de Vila do Touro (c. 1220) 32. Castelo de Nisa (1296)

33. Castelo de Amieira do Tejo 34. Castelo de Penha Garcia (1303)

35. Torre de Quintela 36. Torre de Dornes

LOCAL UMA LISTA PARCIAL

QUANTIDADE Terra Santa 10 Espanha 14 Portugal 36

TOTAL PARCIAL 60 Sessenta castelos (que são construções

complicadíssimas) acumulados – aparentemente, será preciso pesquisar – em menos de 200 anos, sem falar nos outros, das demais nações. Não seria para menos que a Igreja se preocuparia, não fossem as ambições tortuosas do papa de então. Tremendos administradres dos recursos, para dizer o mínimo.

Quanto custa construir um castelo em recursos de hoje, de 2009? Não sei dizer, mas há esse escândalo de um político brasileiro que aplicou 20 milhões de reais numa casa enorme que chamaram de castelo.

O CASTELO DO DEPUTADO O castelo de Edmar Moreira

O Castelo Monalisa, do deputado Edmar Moreira (DEM-MG), novo corregedor da

Câmara, avaliado em mais de R$ 20 milhões. (Foto: Leonardo Costa/D.A Press/Agência O Globo).

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Seria preciso fazer uma avaliação a quanto teria montado, em nosso dias, a totalidade da fortuna dos templários em toda a Europa e no Oriente Médio. Em todo caso, tomando apenas a cifra de 20 milhões e multiplicando por 60 teríamos 1,2 bilhão de reais ou mais, entre um e dois bilhões de reais num tempo em que quase todos eram miseráveis. Juntando todos os castelos pode ter sido três vezes isso, de três a seis bilhões de reais, uma fortuna incalculável para então, sem falar nas terras e objetos.

Quem fala dos templários não pára para fazer esse tipo de avaliação:

• Quanto tinham em dinheiro e bens? • Qual era a sua rede de contatos? Você sabe,

a cadernetinha de telefones é importantíssima;

• Que tropas comandavam? • Com que agilidade podiam mobilizar? • Podiam interferir na criação de leis?

Sem responder a esses e outros questionamentos não é possível avaliar verdadeiramente nenhum movimento.

Se o Templo se espalhou, se continua vivo, se veio de algo maior que também criou outros elementos (só os tolos colocam todos os ovos no mesmo cesto), esses dados podem ser localizados por esmerada pesquisa. E hoje, por mais que estejam espalhados e misturados, podem ser reunidos por um conjunto suficientemente amplo de pessoas, em virtude dos novos elementos (Internet, telefonia mundial, etc.).

Capítulo 9 Propósito

Como seriam os templários-banqueiros? Não podemos dizer como cada ser é

PARTICULARMENTE, mas podemos apontar as generalidades a partir da Chave Psicológica, na suposição de que não desapareceram (com relação às figurobjetivos elas seguem Lavoisier: nada se perde, tudo se transforma):

• FIGURAS OU PSICANÁLISES: quem eram (e quem são)?;

• OBJETIVOS OU METAS OU PROPÓSITOS OU PSICO-SÍNTESES: por quê faziam (e fazem) aquilo?

• ECONOMIAS OU PRODUÇÕES: com quê faziam (e fazem) suas obras?;

• SOCIOLOGIAS OU ORGANIZAÇÕES: como faziam (e fazem)?;

• GEO-HISTÓRIAS OU ESPAÇOTEMPOS: onde e quando estiveram (onde e quando estão)?

Surgindo em 1119, eis o tempo evidente e obscurecido dos templários-banqueiros-jesuítas:

• 80 anos do século XII; • 800 anos até o século XX; • dez anos do século XXI (no total, a

completar 900 anos em 2019).

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a) A Chave MIC: OUTRAS PERGUNTAS DO MODELO

a.1. a memória dos templários; a.2. a inteligência dos templários; a.3. o controle dos templários;

b) A Chave MEI: b.1. matéria dos templários; b.2. energia dos templários; b.3. informação dos templários.

Seja evidente ou oculto, todo movimento deve ter expressão MIC/MEI. O controle é particularmente difícil, pois viver na escuridão informacional para todos os demais é penoso e custa muito em termos de devoção, disciplina, centralização “democrática”, vigilância e muito mais.

Então, quais eram os propósitos, qual era o Propósito geral dos templários? Aparentemente o dos banqueiros de hoje é a globalização.

Capítulo 10 A Hora de Colher os Frutos

com os 600 e os 6.000

Há dois livros recentes que seria apenas induções de teorias conspiratórias se não se inserissem em indagações mais amplas.

1. David Rothkopf, Superclasse (a elite que influencia a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo), Rio de Janeiro, Agir, 2008 (sobre original de 2008); o autor diz que cada uma das pessoas vale literalmente “por um milhão” – então, seriam 6,5 mil indivíduos;

OS LIVROS E OS PROPÓSITOS QUE APREENDI

2. David Estulin, A Verdadeira História do Clube Bilderberg, São Paulo, Planeta, 2006 (sobre original de 2005); supostamente 600 pessoas dirigem o mundo.

Isso quer dizer que todos os 6.500 são templários e que os bilderberguianos o são, também? De modo nenhum. Como perguntou meu filho: onde fica o supermercado dos ricos? Fica no mesmo supermercado dos pobres, que o sustentam quanto à alocação dos produtos caros e inacessíveis. Os ricos não querem se expor, não querem ser objeto de cobiça, não querem ser apontados e assediados – eles vivem nos mesmos lugares dos pobres, separados deles pelos preços altos.

O que poderia essa gente querer que valesse 900 anos de planejamento e, principalmente, de sofrimento? Não esquecer que 300 deles, inclusive Jacques de Molay, foram queimados nas fogueiras há 700 anos.

Como o ser humano é gregário e depende extraordinariamente da língua, ficar sem falar durante nove séculos não é nada agradável, é a pior das tormentas; e não receber reconhecimento pelas obras não é para qualquer um, mesmo conhecendo-as em segredo e no grupo dos amigos, mesmo sabendo que é uma missão. Não é qualquer ser

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humano que suporta. O pior da Antártica não é o frio extremo e as dificuldades associadas ao gelo, devendo-se sempre ficar fechado nas roupas: é a falta de gente com quem falar. O que mais incomodava nas expedições ao Ártico e à Antártica era o silêncio, pode crer.

E sentir-se sempre acossado, sempre perseguido, é pior ainda, cria traumas na gente, como bem sei.

Porisso quem fala de teorias de conspirações deve imaginar - do lado dos conspiradore - psicologias muito especiais, tanto no que tange à Chave Psicológica quanto às outras chaves. Tudo parece fácil de imaginar porque há grandes saltos; na realidade é pior que táboa de pirulitos em termos de furos. Na vida não é assim, tudo deve ser preenchido segundo a segundo, milímetro a milímetro.

Ademais, se o grupo é grande, sempre há chance de vazar informação, principalmente informação confidencial,e se um grupo foi capaz de manter-se secreto por tanto tempo com toda certeza acumulou uma capacidade organizativa extraordinária, tremendamente interessante aos governos. Do que os governos e as empresas mais padecem é de vazamento de informações internas, que só devem circular internamente; e é porisso mesmo que há a “espionagem industrial” e recentemente apareceram os hackers, que nada mais são que espiões (e, como tais, estão sujeitos às leis de espionagem, bastante duras – se é que nunca pensaram nisso).

A disputa é a de sempre: alguém tentando abrir e alguém tentando fechar. Sanções deviam ser impostas aos de dentro e aos de fora, com círculos e círculos de proteção, especialmente ao comitê central e, dentro deste, à diretoria, o que sempre leva a excessos e mandonismo ditatorial.

É complicado. Seriam homens admiráveis. Não por seus propósitos, desconhecidos para nós,

mas por sua disciplina e fervor, religioso ou não. Manter-se fiel por 900 anos não é fácil, como sabem os casados. Se essas criaturas existissem teríamos muito a aprender com elas, embora menos do que os que aparentemente trazem mensagens de quase 50 séculos, pelo menos desde Quéops há 4.650 anos, como está no texto G Coroa G.

Em resumo, os das teorias conspiratórias não são páreo para as conspirações verdadeiras, desde que existam, pois se você fala delas é porque não participa. A menos que tenham sido orientados para falar como cortina de fumaça, o que renderia excelentes filmes.

Inclusive pensei numa versão muito mais interessante de Arquivos X (X Files) que seria vista de dentro, o grupo de ocultamente enviando várias pessoas para inventar movimentos diversionistas.

E que frutos seriam esses que os templários e seus sucessores desejariam? Se são banqueiros já possuem mais do que qualquer um pode aspirar em termos financeiros. Teriam de ser objetivos transcendentais, que o dinheiro não pode proporcionar, literalmente “coisas do outro mundo”, que outros grupos ainda mais poderosos e devotados teriam interesse em manter fora de circulação e, principalmente, fora do alcance dos templários-banqueiros. Pouca coisa dura mais de 900 anos. Podemos nos lembrar da Igreja, que tem dois mil anos; dessa suposta linha de

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4.650 anos vindo do Egito e de pouca coisa mais. A China dura com várias descontinuidades há 4.500 anos, mas o império persa dissolveu-se, assim como o império romano que (contando desde 750 a.C. até o fim de Constantinopla em 1476) teria durado mais de 2.200 anos.

ANEXOS Capítulo 1

A SEQUÊNCIA QUE FOI DAR EM PORTUGA

O Noroeste Ibérico na Época Medieval

L (Portucale, de Portus Caius, de Caius Julius Cesar, imperator, comandante das tropas morto em 44 a.C., mas não imperador, o que só Augusto foi, visto que na época da morte de César Roma

ainda era república)

409 - 585: Os Suevos no noroeste da Ibéria

Na região entre o Havel e o Spree (actualmente a região de

Berlim) existia uma confederação de tribos denominadas Suevos. Estes povos adoravam uma divindade comum, o deus

Ziu. Deslocando-se lentamente para regiões mais meridionais, ocuparam sucessivamente a Saxónia, a Turíngia

e a Baviera. No século I AC houve uma cisão da confederação, formando os seguintes grupos:

o Hermúnduros o Marcomanos

o Quados o Vangiones o Neméteros o Tribocos

Os Quados, instalados na Boémia e Morávia actuais, moveram-se para sul invadindo a península Ibérica,

juntamente com alguns Marcomanos. Nestas vagas invasoras, foram acompanhados pelos Vândalos Silingos, pelos Vândalos

Asdingos e pelos Alanos. Após desvastações causadas durante cerca de dez anos aceitaram a proposta romana de

um pacto de federação, ficando a península repartida entre eles.

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• Suevo Os Silingos ficaram na Bética

• Os Alanos na Lusitânia e na Cartaginense Ocidental • Os Suevos e os Asdingos na Galécia

• A Tarraconense conservou-se nas mãos do Império Romano

o As estimativas mais optimistas quanto ao número dos invasores suevos apontam para 30.000 pessoas. Estes implantaram-se preferencialmente nas zonas de Braga,

Porto, Lugo e Astorga. Na região do Porto, segundo Idício, cronista cristão do séc. V, estabeleceram-se em duas povoações; Portucale Castrum (Gaia) e Portucale Locum

(Porto). o em 438 o rei Hernenarico ratifica a paz com os povos Galaicos e, cansado por uma vida de lutas, ele que já comandava os Suevos quando estes entraram na península

Ibérica, abdicou em favor de seu filho Réquita. o em 448 Réquita morre deixando um estado em expansão a seu filho Requiário que, sendo católico, vai impor este

credo à população sueva. A população urbana da Galécia era já predominantemente católica. A cidade de Braga como capital do reino Suevo e sede episcopal ganha grande importância, a qual ainda hoje é visível no caracter metropolita da sua Sé, primaz entre as dioceses do

Noroeste peninsular. o em 456 Requiário é morto e vários pretendentes

aparecem, agrupados em duas facções. Nota-se uma divisão marcada pelo rio Minho, provavelmente um reflexo das duas tribos, Quados e Marcomanos, que constituiam a nação sueva

na península. o em 585 os Visigodos destroçam os seus adversários

Suevos, capturando o rei Andeca. A Galécia passa a ser uma província Visigoda, mas provavelmante com um certo grau de

autonomia. 740 - 1037: Das Astúrias à Galiza e Portucale

Dá-se a invasão muçulmana. O soberano visigodo Roderico, que tinha subido ao trono em 710, foi derrotado na batalha de Guadalete ocorrida a 19 de Julho de 711. As crónicas muçulmanas dão Roderico como morto em combate, mas a

tradição cristã é a de que se foi refugiar nas serras da Lusitânia, mais precisamente na região de Viseu.

Toledo, sede da administração real e religiosa visigoda, rendeu-se em Novembro de 711 após um simulacro de

resistência. Os seus notáveis fogem precipitadamente para norte. No ano de 714 é operada a conquista da Lusitânia Central e Setentrional, seguida pela tomada de Viseu,

Portucale, Bracara, Tui e Lugo. Para norte dos Pirinéus as invasões muçulmanas são

travadas por Carlos Martel, rei dos Francos, na batalha de Poitiers (732).

A Reconquista, a partir das Astúrias, começa por ser um movimento regional não exclusivamente godo. Pelaio, filho

de Favila rei dos Godos, tinha governado a Galécia no reinado de Égica, recebendo assim preparação para a vida militar. Não tendo sido tentado a depor as armas perante as hordas muçulmanas torna-se no chefe da resistência. Em

722 trava o encontro de Covadonga que foi um sinal decisivo na determinação de combater os invasores, apesar

do insucesso em que resultou para as forças cristãs.

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Fixado em Cangas de Oñis, Pelaio lança os fundamentos de um pequeno estado. Seu genro, Afonso I «O Católico», duque da Cantábria, que reina de 739 a 757, alarga as fronteiras

da reconquista até ao rio Douro logo no 2º ano do seu reinado. As terras da Galiza e do futuro condado

Portucalense ficam-lhe sujeitas. A acção desenvolvida por Afonso I contribuiu de forma notável para que não se verifica-se a fixação do invasor muçulmano na velha

Galécia, libertando-a da islamização. Os sucessores de Afonso I limitaram-se a manter a

defensiva através da resistência e do ermamento das zonas de fronteira. Sob a invocação de Sant'Iago, Ramiro I (842-850) reinicia a reconquista. Afonso III (866-909) fomenta

a ocupação e reconstrução dos territórios. É então atribuído ao conde Vímara Peres a administração de

Portucale. Nesta altura é conquistada a zona de Emínio, à qual é aplicado o antigo costume do ermamento.

Em 909 Afonso III é obrigado, pelos seus filhos, a abdicar, dividindo entre estes o reino.

Garcia fica com Leão Ordonho com a Galiza e a terra Portucalense

Fruela com o senhorio das Astúrias Aparece assim pela 1ª vez o título de rei de Leáo. Alguns

anos mais tarde Ordonho consegue reagrupar as terras partilhadas e passa a reinar como Ordonho II, usando a

designação de rei de Leão. Após a morte de Ramiro II (951), filho de Ordonho II, ascende a um lugar destacado na terra Portucalense a

condessa Mumadona Dias, já viúva. Esta apoia Ordonho IV «O Mau» contra Sancho I «O Gordo». Surgem aqui dois grupos. Um deles com Guimarães como origem e o outro, afecto a Sancho I, congrega os barões galegos de Límia. Esta é a primeira contenda entre os barões portucalenses e os

barões galegos, cujo dirimir só se viria a verificar na batalha de São Mamede (1128). Esta Mumadona Dias foi a mulher mais rica do seu tempo, acumulou riqueza e soube

repartir os seus bens. Após a morte de Sancho I, sucedeu-lhe o filho Ramiro III, ainda menor. Este contou com a oposição do primo, Bermudo Ordonhes, filho de Ordonho III. Com a morte de Ramiro III, em 984, este ascende ao trono com o nome de Bermudo II. Morre em 999 deixando o reino ao filho menor, Afonso V, sob a tutela do conde Mendo Gonçalves, neto da condessa

Mumadona Dias. A Afonso V sucede-lhe o filho Bermudo III, sob tutela de

Navarra. Morrendo o conde de Castela, Garcia Sanches, a herança cai sobre D. Maior Sanches, casada com Sancho III de Navarra. Designa-se então como herdeiro do condado de Castela o

infante D. Fernando, que casou com Sancha, irmã de Bermudo III de Leão. Em 1037 morria Bermudo III na batalha de Tamarón, deixando o reino a sua irmã Sancha. Terminava assim a dinastia dos reis asturianos. Cabia a herança do

trono a um rei navarro, que abriu Leão e Castela à cultura do norte da Europa.

Genealogia dos reis Asturianos

1037: Leão, Galiza e Portucale 1. Astorga

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2. Sant'Iago 3. Guimarães 4. Porto 5. Coimbra

6. Torre de Vasconcelos 7. Torre de Penagate 8. Serra de Cabrera

9. Grijó 1037 - 1112: Os Franceses e o Conde D. Henrique de

Borgonha Após a morte de Fernando «O Magno», em 1065, os seus

estados foram divididos pelos seus três filhos. Sancho ficou a reinar em Castela Afonso ficou a reinar em Leão

Garcia ficou a reinar na Galiza, juntamente com a terra

Portucalense O conde portucalense Nuno Mendes encabeça em 1071 uma

revolta contra o rei Garcia. Tentava-se assim, a independência da terra Portucalense. O rei Garcia

determinado a dominar a revolta encontra-se com as hostes do conde em Pedroso, localidade situada a norte de Braga,

entre a cidade e o rio Cávado. O conde Nuno Mendes é derrotado, tornando-se no último conde da nobreza regional

a governar Portucale. Os reinos de Leão e Castela são mais uma vez unidos, sob a coroa de Afonso VI, o qual prendendo o seu irmão Garcia,

obtem também o controlo da Galiza. A vitória dos almorávidas sobre Afonso VI, na batalha de Zalaca, marca uma importante mudança da relação de forças na península.

Esta derrota não atingiu apenas o ânimo dos cristãos peninsulares, mas também os meios nobres e eclésiasticos

de além Pirinéus. Afonso VI era casado com D. Constança de Borgonha, filha do duque Roberto I. Este ducado e outros

da França do sul apressaram-se a enviar reforços militares.

De Borgonha vem em 1092 D. Raimundo, filho segundo de Guilherme I «O Grande», conde de Borgonha. A ele é atribuído o governo de toda a Galiza, cujo poder se

encontrava vago pela morte recente do rei Garcia. Casou com a filha legítima de Afonso VI, D. Urraca. Mais tarde, e talvez atraído pelo sucesso do seu primo, vem para a península D. Henrique de Borgonha, da família ducal. Afonso VI casa-o com a sua filha ilegítima D. Teresa e

atribui-lhe o governo do condado Portucalense, incluíndo a zona de Emínio (Coimbra).

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Após a morte de D. Henrique, em 1112, fica D. Teresa a governar o condado, pois achava que este lhe pertencia por direito, mais do que a outrém, já que lhe tinha sido dado por seu pai na altura do casamento. Associou ao governo o conde galego Bermudo Peres de Trava e o seu irmão Fernão

Peres de Trava. Terá até talvez casado em segundas núpcias com Bermudo, do qual terá tido uma filha.

A crescente influência dos condes galegos no governo do condado Portucalense levou à revolta verificada em 1128, portagonizada pela grande maioria dos infanções do Entre Douro e Minho. Estes escolheram para seu caudilho, D. Afonso Henriques, filho de D. Henrique e de D. Teresa. "A Galiza, incluindo debaixo desta denominação a extensa

província portugalense e que naturalmente se devia considerar como incorporado o território novamente

adquirido ao Garb muçulmano, constituía já um vasto estado remoto do centro da monarquia leonesa. Os condes que

dominavam os distritos em que esse largo tracto de terra se dividia ficavam assaz poderosos para facilmente se possuírem das ideias de independência e rebelião comuns naquele tempo, tanto entre os sarracenos como entre os cristãos. Afonso VI pôde evitar esse risco convertendo

toda a Galiza, na mais extensa significação desta palavra, em um grande senhorio, cujo governo entregou a um membro

da sua família (...)" in História de Portugal de Alexandre Herculano

1128: Os Nobres da Fundação e a Batalha de São Mamede • Soeiro Mendes de Sousa «O Grosso» (1121-1137) • Gonçalo Mendes de Sousa «Sousão» (1154-1167) • Egas Moniz de Ribadouro «O Aio» (1108-1146)

• Ermígio Moniz de Ribadouro (1128-1135) • Gonçalo Mendes da Maia «O Lidador»

• D. Paio Soares da Maia «Arcebispo de Braga» • Sancho Nunes de Barbosa (1114-1169)

• Afonso Nunes de Barbosa (1131) • Fernão Captivo «Alféres-Mor»

• Egas Moniz de Cresconhe • Paio Mendes

• Paio Ramires Ramirão • Nuno Soares Velho (1117-1162)

• Godinho Fafes de Lanhoso • Garcia Soares

(Pretende-se aqui apresentar uma lista dos pricipais fidalgos que participaram na batalha de São Mamede ao lado

de D. Afonso Henriques. Esta listagem não é de todo exaustiva pois não existe uma listagem completa, e

confiável, dos mesmos. Entre parentesis estão as datas em que se encontram documentos que confirmam a vida de cada

indivíduo.) Na batalha de São Mamede defrontam-se os exércitos do

conde Fernão Peres de Trava e o dos barões portucalenses. Estes últimos quando venceram Fernão Peres pretendiam

apenas obriga-lo a ceder o governo do condado portucalense ao príncipe herdeiro.

A intervenção dos barões portucalenses, liderada pelos senhores de Sousa e de Ribadouro, resultava de um longo percurso, ao longo do qual as linhagens de Entre Douro e Minho tinham solidificado o poder que exerciam na região. Pretendiam, como desde o tempo da condessa Mumadona Dias

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ocupar um lugar que não estivesse subordinado a ninguém, a não ser uma autoridade local em serviço dos seus

interesses. O jovem herdeiro do condado servia exactamente a essa pretensão. Após a vitória Afonso Henriques tomou a

autoridade com todo o vigor.

Afonso VII de Leão, ocupado com as vicissitudes da política leonesa, não atribui importância a esta mudança de poder no condado, e limita-se a aceitar o preito de fidelidade de D. Afonso Henriques em 1137. Porque isso contribuía para engrandecer o prestígio do imperador

Afonso VII, a chancelaria leonesa não hesita em atribuir o título de rei ao príncipe português. Podia assim Afonso VII afirmar a sua condição de imperador, o qual tem reis

por vassalos.

Em 1143 o rei de Portugal dirige-se ao Papa, numa carta, declarando que faz homenagem à Sé Apostólica como miles de São Pedro, obrigando-se a pagar o censo anual de quatro

onças de ouro, sob a condição de o Papa defender a honra e a dignidade dele e da sua «terra». Declarou ainda que não reconhecia a autoridade de nenhum outro poder eclesiástico

ou secular. Com esta carta D. Afonso Henriques oficializava a independência de Portugal

Não se conhece nenhuma reacção do imperador Afonso VII até 1148. Quer desconhece-se a vassalagem à Santa Sé, quer não acreditasse nas suas consequências práticas, não parece

ter-se incomodado com ela. Apenas quando D. Afonso Henriques, após a conquista de Lisboa, procede à

restauração das sés de Lisboa, Viseu e Lamego, sagradas pelos arcebispo de Braga, o imperador se deu conta de que o acto tinha consequências graves. No entanto demasiado

ocupado com a reconquista e com a evolução das suas relações com os reinos de Navarra e Aragão, não parece ter

procurado recuperar a autoridade sobre Portugal.

A CONTINUAÇÃO DOS TEMPLÁRIOS

Criada em 1118, na cidade de Jerusalém, por cavaleiros de origem francesa, a Ordem dos Templários tornou-se, nos

séculos seguintes, numa instituição de enorme poder político, militar e econômico. Inicialmente suas funções limitavam-se aos territórios cristãos conquistados na Terra Santa durante

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o movimento das Cruzadas. Nas décadas seguintes, a Ordem se beneficiou de inúmeras doações de terra na Europa que lhe permitiram estabelecer uma rede de influência em todo o

continente.

Com a tomada de Jerusalém pela primeira cruzada e o surgimento de um reino cristão, nove cavaleiros que dela

participaram, pediram autorização para permanecer na cidade e proteger os peregrinos que para lá se dirigiam. Passaram

então a viver nos estábulos do antigo Templo de Salomão, em Jerusalém.

Estes cavaleiros fizeram voto de pobreza e de castidade. O seu símbolo passou a ser o de um cavalo montado por dois

cavaleiros. Em decorrência do local de sua sede, do voto de pobreza e da fé em Cristo, surgiu o nome da Ordem: Os Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, ou simplesmente

Cavaleiros Templários.

Segundo a lenda, nos primeiros nove anos de existência, eles se dedicaram a escavações feitas em sua sede. E nestas

escavações, eles encontraram documentos e tesouros que os tornaram poderosos. Convém ressaltar que o Templo de Salomão era o local mais santo dos Judeus e era riquíssimo. Antes do segundo templo ser destruído pelos romanos, em represália a um levante judeu contra o poder de Roma, os sacerdotes teriam enterrado grande parte da riqueza como forma de evitar que

fossem tomadas pelas legiões.

A história também diz que eles ficaram com a tutela do Santo Graal, o cálice onde foi coletado o sangue de Jesus Cristo na

cruz, e o mesmo que foi usado na última ceia. Graças ao empenho deles na defesa da Cristandade, ao heroísmo e à coragem demonstrados em inúmeras batalhas, e devido à absoluta conduta correta adotada, os locais que guardavam tornaram-se locais extremamente seguros e qualquer recinto protegido pela cruz da Ordem aparecia como se fora um oásis.

Um lugar protegido pelo Senhor. Era tal a confiança que despertavam que não tardou para que

suas instalações se transformassem em estabelecimentos bancários, ainda que informais, fazendo deles entre os

séculos XII e XIII, os principais fornecedores de crédito a quem os poderosos da época recorriam. Assim foi que se gerou

a lenda da fortuna fabulosa do Tesouro dos Templários. Valentes até a temeridade e depositários de imensas fortunas, foram alvos da cobiça do Rei Felipe, o Belo, da França, que premido por necessidade de dinheiro, em conseqüência das

incessantes guerras que movia aos seus vizinhos e temeroso do poderio dos Cavaleiros Templários, resolveu apoderar-se dos

bens da Ordem. Acusados de heresia perante a inquisição, os Templários foram

denunciados por possuírem um esoterismo particular, sendo caluniados, espoliados e martirizados, retiraram-se para a

Escócia, Inglaterra e Portugal, onde se juntaram à Maçonaria. Hoje os Templários estão espalhados por todos os países onde

dedicam suas atividades em prol do bem estar e moral da civilização e do progresso do ser humano de forma integral,

como ajuda a orfanatos, amparo à velhice e às crianças desamparadas, oferecendo estímulo moral e material aos

cientistas e estudiosos. Sendo uma ordem ecumênica, não faz distinção de raça, credo, nacionalidade, religião e de estirpe. Respeitando as leis e as tradições de todos os povos nos países onde estendem suas

atividades.

HISTÓRIA DOS CAVALEIROS DE CRISTO

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Ordem de Cristo Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A Cruz da Ordem de Cristo, símbolo que adornou, dentre outros, as naus portuguesas durante os descobrimentos.

A Ordem de Cristo é uma ordem religiosa e militar, criada no século XIV a partir da extinção da Ordem dos Cavaleiros

Templários, e herdeira das propriedades e privilégios desta.

Antecedentes e criação

Armadura portuguesa do século XVII

Planta do Templo de Salomão e algumas de suas linhas de construção que podem ter servido de inspiração para a

arquitectura dos Templários Nos séculos XII e XIII, a Ordem dos Templários ajudou os portugueses nas batalhas contra os muçulmanos, recebendo como recompensa extensos domínios e poder político. Os

castelos, igrejas e povoados prosperaram sob a sua protecção. Em 1314, o papa Clemente V de origem francesa e

Felipe IV de França (provável real senhor do papa), tentaram destruir completamente esta rica e poderosa ordem (assassínios, absorção de bens, atrocidades, que levariam

Fernando Pessoa a afirmar a luta contínua contra a Tirania, a Ignorância e o Fanatismo, segundo ele, os três assassinos de Jacques de Molay, Grão Mestre da Ordem),

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tendo D. Dinis logrado transferir para a Ordem de Cristo as propriedades e privilégios dos Templários.

A Ordem de Cristo foi assim criada em Portugal como Ordo Militiae Jesu Christo pela bula Ad ae exquibus de 15 de março de 1319 pelo papa João XXII, sendo rei D. Dinis, pouco depois da extinção da Ordem do Templo. «Tratava-se de refundar a Ordem do Templo que anterior bula papal de

Clemente V havia condenado à extinção» .[1]. Diz a mesma obra [1]: «Em Portugal, os bens dos Templários ficaram «reservados» por iniciativa do rei, transitando

para a coroa entre 1309 e 1310, enquanto decorria o «processo», não sem que o monarca rejeitasse o

administrador nomeado por Clemente V - Estêvão de Lisboa. Esses mesmos bens passaram indemnes para a nova

congregação em 26 de novembro de 1319, sendo que o papa concedera a excepção aos reis de Castela e Leão, Aragão e Portugal, que se coligaram para contrariar a execução da medida que ordenava a sua transferência para a Ordem do

Hospital.» A nova Ordem surgia, assim como uma reforma dos

Templários. Tudo mudou, para ficar mais ou menos na mesma. O hábito era o mesmo, a insígnia também, com uma ligeira

alteração, e os bens, transmitidos pelo monarca, correspondiam aos bens templários. «Foi-lhe dada a regra cisterciense», continua a mesma Enciclopédia, «e nomeado mestre D. Gil Martins, igualmente mestre da Ordem de Avis, que adoptara a regra cisterciense, com a determinação de que os novos monges elegessem seu próprio mestre, depois da morte daquele. O superior espiritual da Ordem de Cristo era o abade de Alcobaça. Foi-lhe concedida como sede o

castelo de Castro Marim; mas em 1357 já a sede tinha sido instalada em Tomar, anterior sede templária.»

As viagens marítimas

Mapa onde mostra Macau e a sua posição nas rotas

comerciais portuguesas e espanholas, no seu período mais próspero (finais do séc. XVI e princípios do séc. XVII).

A Cruz da Ordem de Cristo marcava as velas das caravelas

que exploravam os mares desconhecidos. A 11 de junho de 1421, um capítulo reunido em Tomar

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adoptou como regra da Ordem de Cristo a da Ordem de Calatrava, o que resolvia quaisquer pendências de natureza

espiritual e de obediência, mantendo-se na esfera da cavalaria.

O cargo de mestre passara após 1417 a ser exercido por membros da Casa Real, que se passaram a nomear

administradores e governadores por nomeação papal. O primeiro foi o infante D. Henrique, «que a encaminhou

para o que parecia ser sua «missão» inicial, a de conquista da Ásia, através das viagens marítimas, que a

própria ordem financiou.» [2] Os ideais da expansão cristã reacenderam-se no século XV quando seu Grão-Mestre, Infante D. Henrique, investiu os rendimentos da Ordem na exploração marítima. O emblema da ordem, a Cruz da Ordem de Cristo, adornava as velas das

caravelas que exploravam os mares desconhecidos.

A organização interna consagrada desde os tempos de D. Reforma sob D. João III

Dinis (a de freires cavaleiros ou milites Christi) foi reformada sob D. João III em 1529, passando a Ordem à

estrita clausura. Mantiveram-se porém associadas à Ordem de Cristo «uma

relação privilegiada com o mundo dos símbolos e ligações à produção poética dos chamados bucolistas, que reencenariam «uma relação que já se intuira existir entre os Templários

e a poesia trovadoresca». Pessoas associadas à Ordem de Cristo

• Infante D. Henrique (1420) • João Gonçalves Zarco

• Bartolomeu Dias • Vasco da Gama

• José António de Melo da Silva César de Menezes • Dom Guilherme de São José António de Aranha

• Fernão Mascarenhas • Fernão de Magalhães

• Pedro Álvares Cabral (1495) • Tomé de Sousa

• José de Seabra da Silva • Mauricio (Moises) Bensaude

• Carlos de Morais Camisão (1849) Património sob tutela da Ordem

Bandeira da Região Autónoma da Madeira, que ostenta a Cruz da Ordem de Cristo, em lembrança dos seus descobridores,

membros da dita Ordem. • Castelo de Almourol

• Castelo de Folgosinho • Castelo de Nisa

• Castelo de Montalvão • Castelo de Mogadouro

• Castelo de Penas Róias • Castelo de Penha Garcia

• Castelo de Pombal

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• Castelo de Rosmaninhal • Castelo de Segura • Castelo de Soure • Castelo de Tomar • Castelo do Zêzere • Convento de Cristo

• Torre de São Vicente de Belém Características da cruz da Ordem de Cristo

Desenho esquemático do octógono originando o logotipo da

Ordem de Cristo. É possível observar que a serifa da haste da cruz forma um ângulo de 45° com a base. As linhas que compõem o formato do desenho do logotipo da Ordem de

Cristo podem ser obtidas a partir da ligação com retas dos vértices no interior do polígono octógono, associado a

linhas paralelas aos lados. As serifas das extremidades das hastes da cruz da Ordem de

Cristo formavam ângulo de 45 graus com a sua base, não importando o comprimento das hastes.

Este símbolo encontra-se também presente em inúmeras bandeiras de municípios brasileiros.

• Existem inúmeros municípios brasileiros que possuem a imagem da Cruz da Ordem de Cristo na sua Bandeira ou em seu Brasão. Algumas vezes a imagem é estilizada e modificada, não correspondendo ao formato original da Cruz da Ordem de Cristo. Exemplos:

Utilização

Angra dos Reis, Cananeia, Caraguatatuba, Florianópolis, Paranaguá, Pelotas, Porto Alegre, Praia Grande, São Paulo, São

Sebastião, São Vicente (SP); • Tanto a Seleção Portuguesa de Futebol quanto a Seleção Brasileira de Futebol ou o Clube de Futebol "Os Belenenses" possuem a imagem estilizada da Cruz

da Ordem de Cristo nos seus símbolos (exemplo (Seleção do Brasil)).

Ver também • Ordem dos Templários

• Ordens militares • Ordens honoríficas de Portugal: Ordem Militar de

Cristo • Ordens honoríficas do Brasil: Imperial Ordem de Nosso

Senhor Jesus Cristo • Banda das Três Ordens

As características únicas da Cruz da Ordem de Cristo foram Ligações externas

hipoteticamente bem estudadas por Manuel Luciano da Silva, Médico. [1]

O mais importante estudo em língua portuguesa sobre a Ordem de Cristo Ordens Militares e as é a dissertação de doutoramento em História de Fernanda Olival, em "As Ordens Militares e o Estado Moderno - Honra, Mercê e Venalidade

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em Portugal (1641-1789)", Estar Editora, Lisboa, 2001, patrocinada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e pela Presidência da República - Chancelaria das Ordens

Honoríficas, que pode ser encontrada na Biblioteca Nacional de Lisboa ou, entre outras, na Biblioteca Geral

da Universidade de Coimbra

1. ↑ Referências

1,0 1,1 Enciclopédia dos Lugares Mágicos de Portugal, volume 11, página 79

2. ↑ Enciclopédia dos Lugares Mágicos de Portugal, volume 11, página 81

ACENDENDO AS VELAS

Pobres Cavaleiros de Cristo (os templários; não mudaram nem o nome depois, só tiraram o “pobres”).

(as velas das caravelas tinham a Cruz Templária; e, coisa que eu não sabia, até Pedro Álvares

Cabral era templário)

Cruz dos Cavaleiros de Cristo

Velas das caravelas.

A HISTÓRIA DE DOM HENRIQUE

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Henrique de Borgonha, conde de Portucale

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

D. Henrique da Borgonha, Conde de Portugal.

Bandeira de D. Henrique, mais tarde a primeira bandeira do

Reino de Portugal

D. Henrique de Borgonha (1066 — Astorga, 24 de Abril de 1112) foi conde de Portucale desde 1093 até à sua morte.

Em Portugal é conhecido, geralmente, por Conde D. Henrique. Apesar de nunca ter tido o título de Rei, é tratado por D. Henrique I de Portugal, por alguns

historiadores, que o consideram o primeiro Chefe de Estado Português.

Pertencia à família ducal da Borgonha, sendo filho de Henrique, herdeiro do duque Roberto I com Beatriz ou

Sibila de Barcelona, e irmão dos também duques Odo I e Hugo I.

Sendo um filho mais novo, D. Henrique tinha poucas possibilidades de alcançar fortuna e títulos por herança, tendo por isso aderido à Reconquista da Península Ibérica. Ajudou o rei Afonso VI de Leão e Castela a conquistar o

Reino da Galiza, que compreendia aproximadamente a moderna Galiza e o norte de Portugal, recebendo como recompensa pelos seus serviços casamento com a filha ilegítima do

monarca, Teresa de Leão. Alguns anos mais tarde, em 1096, D. Henrique recebeu de

Afonso VI o Condado Portucalense, território até ao momento dependente do reino de Galiza, que passava a lhe

prestar vassalagem directa. O rei de Leão e Castela pretenderia assim limitar o poder do conde Raimundo de

Borgonha, casado com Urraca de Leão e Castela: ao colocar um território seu vassalo entre a Galiza e os reinos dos mouros, limitava as possibilidades de Raimundo conquistar

terras e riquezas.

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Henrique morreu a 24 de Abril de 1112, tendo sido sepultado na Sé de Braga. Tinha tido vários filhos com Teresa, mas só o mais novo sobreviveu à infância: D. Afonso Henriques, que sucedeu ao pai e se tornou no

segundo conde de Portucale em 1112. No entanto, o jovem D. Afonso Henriques pretendia ser mais do que conde; em 1128 rebelou-se contra a sua mãe, que

pretendia manter-se no governo do condado, e eventualmente uma reunião de Portucale com o reino de Galiza. Por isso,

em 1139 Afonso reafirmou-se independente de Leão e proclamou-se 1.º Rei de Portugal, recebendo o

reconhecimento oficial de Leão e Castela em 1143, e a do papado em 1179.

Do seu casamento com

Descendência

Teresa de Leão nasceram: • Afonso Henriques (1108)

• Urraca Henriques (nasceu ca. 1095), casou-se com D. Bermudo Peres de Trava

• Sancha Henriques (ca.1097-1163), casou-se com D. Sancho Nunes de Celanova e com D. Fernão Mendes,

senhor de Bragança • Teresa Henriques (nasceu ca. 1098)

• Henrique (ca.1106-1110) • Afonso Henriques (1109-1185), primeiro rei de Portugal, casado com Mafalda, condessa de Sabóia

1312: Dissolução da Ordem dos Templários

A DISSOLUÇÃO DOS TEMPLÁRIOS

No dia 22 de março de 1312, o papa Clemente V dissolveu a Ordem dos Templários, alegando degeneração e heresia. A

ordem havia sido criada em Jerusalém, em 1118, para proteger os peregrinos, mas acabou virando uma das mais poderosas e misteriosas organizações da Idade Média. Tesouros afundados, atos heróicos, ritos religiosos

secretos e uma forte crença comum: este o material de que são feitos os mitos. A Ordem dos Cavaleiros do Templo era uma das mais poderosas e enigmáticas sociedades secretas

da Idade Média. Fundado em torno de 1119, em Jerusalém, por cruzados franceses, o grupo nasceu para proteger peregrinos

cristãos que empreendiam a longa e perigosa jornada até a Terra Santa. Séculos mais tarde, o tema dos templários foi

enfocado por Umberto Eco em seu livro O Pêndulo de Foucault.

Com rituais de iniciação, voto de pobreza e uma dedicação espartana, os templários se tornaram monges-guerreiros,

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detentores de profundo conhecimento esotérico e donos de enorme fortuna.

No ano 1139, uma bula papal determinou que os cavaleiros não estariam subordinados a nenhum outro poder a não ser o do papa. Jovens nobres de todo o mundo cristão seguiram o

ditado e doaram seus bens à organização.

Pouco tempo depois, o papa Clemente 5º ordenou a todas as dinastias na Europa a prisão de templários e o confisco de

seus bens. No dia 22 de março de 1312, o Santo Padre decretou o fim da Ordem dos Cavaleiros do Templo e, dois anos mais tarde, 500 membros foram

Aumento da influência

Aos poucos, passaram a influenciar os centros do poder político e financeiro em toda a Europa e na Terra Santa. Os cheques, por exemplo, são uma invenção dos templários. Também foram responsáveis por outros importantes inventos e descobertas na medicina, na navegação e na construção de

estradas. Em 1307, às vésperas de a ordem completar 200 anos, o rei

da França, Felipe, o Belo – que tinha dívidas com os templários –, começou a perseguir a organização. Os bens foram confiscados e os membros, presos. Sob tortura, foram

obrigados a confessar a prática de obscenidades, homossexualismo e a negação de símbolos cristãos.

queimados vivos em Paris, entre eles, seu último grão-mestre, Jacques de

Molay.

Pedro Álvares Cabral

Alguns templários sobreviventes foram acolhidos pelo rei de Portugal, dom Dinis. Em 1317, ele obteve permissão de Roma para fundar a Ordem dos Cavaleiros de Cristo, que

manteve a estrutura e os símbolos dos templários. A maioria dos grandes viajantes portugueses, entre eles Pedro Álvares Cabral, pertencia à Ordem de Cristo e suas armadas singravam os mares com a Cruz de Copta, o símbolo

dos templários, impressa nas velas. Ao desembarcar no Brasil, vestindo o manto da Ordem de Cristo, Cabral estava, de certa forma, concretizando uma antiga profecia dos Cavaleiros do Templo. Grande padrinho das navegações lusitanas, infante dom Henrique foi, não por acaso, o administrador da Ordem dos Cavaleiros de

Cristo.

A Ordem do Templo e o Ideal Templário

As Ordens Militares sempre tiveram vez na história da humanidade pela grandeza dos momentos em que viveram, pelos feitos e conquistas, pelo temor e inveja que causavam, pela opulência de seus membros e, as vezes, pela extravagância que os

caracterizava. Dentre as Ordem Militares mais famosas, a dos Cavaleiros Templários, dissolvida

pelo papa Clemente V, há quase sete séculos, se destaca por uma história repleta de façanhas, lugares e épocas tão incomuns quanto exóticas. Dela fizeram parte os mais variados tipos de personagens, dotados, ora dos mais elevados anseios espirituais ora dos mais recônditos e inconfessáveis níveis a que o homem pode chegar. E mesmo o

cruel fim imputado à Ordem, em especial ao seu último líder, Jacques de Molay,

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hoje em dia assumiu aquele caráter que transformou a própria Ordem, como um todo, em mártir e em mito.

A história do Templo, que muitas vezes, pelo próprio espírito da época em que ocorreu, assume cores românticas, traz a todos uma imensa variação de sentimentos em uma espécie de glória nostálgica que, por mais agradável que pareça, as vezes enevoa sua compreensão. Que seja dito que a Ordem dos Cavaleiros Templários,

entretanto, foi muito mais que puramente uma lenda: ela é um fenômeno histórico. Assim, rapidamente, vamos passar a vista sobre esta magnífica história.

Quando Hughes de Payens, em 1118, junto a outros oito Cavaleiros, fundou a Ordem dos Cavaleiros Templários, ou, simplesmente, os Templários, provavelmente não tinha a mínima idéia das dimensões, da riqueza e poder que ela acumularia nos

seguintes duzentos anos de sua história. Mas por que a Ordem dos Cavaleiros Templários foi formulada?

Ao final do século XI, teve início a Primeira Cruzada. A Cristandade então encontrava-se tumultuada e dividida; a Europa, enfrentando

uma espécie de estagnação sócio-econômica e cultural, era solo propício para guerras e disputas internas que só colaboravam com o tenso clima que dela se

apossara. O novo Sumo Pontífice a ocupar o Trono de São Pedro, Urbano II, eleito papa em 1088, revelou-se, muito além daquelas qualidades e funções cabíveis ao suposto

representante de Deus na terra, um notável político e excelente articulador. Um dos sonhos da Igreja da época, e também de Urbano II, era retomar a cidade de Jerusalém, cuja posse estava nas mãos dos "infiéis" do islão havia mais de quatro séculos, desde o ano 638 d.C., quando fora tomada pelo exército muçulmano. Os

tesouros ali encerrados, além do histórico valor para o cristianismo da própria cidade em si, sendo o sonho de todo a alta hierarquia do clero, poder "unificar" cristãos

ocidentais e orientais sob o jugo único do pontificado Papal, eram motivos mais que suficientes para justificar uma empreitada a terra santa, fosse qual fosse o preço a ser

pago. A habilidade política do Papa Urbano II conquistou a submissão espiritual de praticamente todos os cristãos ocidentais, fazendo com que parte da Europa

entendesse que havia uma necessidade premente e divina de se recuperar aquilo que, por direito, pertencia aos cristãos. E desta forma foi articulada a Primeira Cruzada, cujo divino objetivo era "devolver a Deus o que era de Deus". Estava iniciada a era

das guerras santas. E assim Jerusalém viria a cair sob domínio cristão ocidental.

Poucos anos após a queda de Jerusalém, em 1118, alguns Cavaleiros se reuniam para prestar um nobre serviço ao reino cristão.

As peregrinações, naquela época, eram costumeiras entre os europeus, principalmente entre os cristãos, sendo uma atividade abençoada e encorajada pela

Igreja e pelo Papa. Um dos caminhos de maior importância, senão o mais importante, era justamente aquele que conduzia os peregrinos à Terra Santa e a

Jerusalém. Esse caminho, contudo, não era seguro, deixando os que nele se aventurassem a toda sorte de bandidismo, assaltos, etc, e mesmo à morte.

Nove Cavaleiros então, liderados por Hughes de Payens, todos veteranos da Primeira Cruzada, estabeleciam a Ordem dos Cavaleiros de Cristo, tomando o

tríplice voto de Castidade, Pobreza e Obediência, dedicando suas vidas, dali até a morte, à proteção dos peregrinos e à garantia do Reino de Cristo.

O então novo Rei de Jerusalém, Balduíno II, que sucedera seu primo Balduíno I, logo viu na atitude dos nobres e valorosos cavaleiros algo de grande valor e

importância. A título de reconhecimento e confiança, cedeu-lhes terras e construções

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para que lhes servissem de acomodação e base. As terras eram situadas no local onde supostamente havido sido construído o famoso Templo de Salomão. Não

tardou e os Pobres Cavaleiros de Jesus Cristo passaram a se denominar de Cavaleiros do Templo de Salomão, ou simplesmente de Cavaleiros Templários.

E assim nascia a Ordem do Templo. De forma rápida a Ordem ia crescendo, tanto política quanto economicamente.

Estavam diretamente sob a autoridade papal, e, portanto, sem responsabilidade para com qualquer Rei ou nação.

Passaram a possuir terras, castelos e muito dinheiro. Tamanha se tornara a sua força que mesmo Reis e Príncipes passariam a confiar toda fortuna que possuíam à sua

guarda. Muito da riqueza Templária advém disto, pois boa parte dos bens conferidos à guarda Templária, quer por um motivo ou outro, jamais retornaria às mãos de seu

dono original. Mas o início do século XIV encontraria uma Europa bem distinta daquela de

duzentos anos antes. As derrotas do exército cristão, no oriente, impunham um definitivo cessar da era das grandes cruzadas. Não mais haveria terras santas a serem

defendidas e a idéia de Ordens Militares logo tomaria ares de anomalia, visto não mais haver necessidade de sua principal função: a proteção dos peregrinos.

Nessa época, Felipe IV, reinava na França. Cognominado o Belo, Felipe IV, implacavelmente coerente em seus atos, realçando os aspectos sacerdotais de um

monarca, transformara-se em uma espécie de semideus, conduzindo seu reinado com mão de ferro.

Felipe, como parte de um maquiavélico plano, tentara fazer parte da Ordem do Templo. Mas, para sua ira, seu pedido de ingresso lhe fora negado.

A história, repleta de exemplos de Reis dominados pela Igreja e por Papas, teve em Felipe, o Belo, justamente o oposto. E a lenda a nos conta como ocorreu o secreto

encontro entre Felipe e um certo inexpressivo arcebispo, nas ruínas de um mosteiro em plena floresta. Felipe então propunha fazer o arcebispo papa, em troca de seis

favores, dos quais um, só lhe seria revelado após a eleição. O quadro clérico da época destacava-se, não pela presumida divina representação

terrena de Deus, atribuída a Santa Igreja Católica, mas pelas fortes disputas internas por posições de destaque político dentro do corpo eclesiástico. Felipe, bem

consciente deste fato, acertara em cheio na sua escolha. Assim, sob sua influência, um sujeito fraco e ganancioso, o Arcebispo Beltrão de Got, subia ao Trono de São

Pedro como Papa Clemente V, em novembro de 1305. O favor oculto devido a Felipe por Clemente V, era a dissolução da Ordem dos

Templários: só um papa poderia fazê-lo, pois os Templários não estavam submissos a mais ninguém, e Clemente V seria o instrumento de Felipe, o Belo.

Felipe, no intuito de elaborar um plano de ação contra os Templários, fez-se infiltrar na Ordem através de vários agentes. O fim da Ordem do Templo estava

desencadeado. Em 13 de outubro de 1307, Jacques de Molay e cerca de cinco mil Templários, quase todos aqueles existentes na França, foram encarcerados pelos

homens do Rei Felipe, o Belo. As acusações mostravam heresias as mais diversas, a maioria destas sendo bem

comuns aos cotidianos processos movidos pela Santa Inquisição: negação do Cristo, blasfêmia contra Deus, homossexualismo, idolatria, conluio com os infiéis do islã,

etc. O processo de inquisição contra os Templários continuou por anos. Seu ápice

ocorreu em 18 de março de 1314, quando o último líder dos Templários, Jacques de Molay e um outro irmão da Ordem, foram arrastados à morte na fogueira da Santa

Inquisição.

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A lenda nos diz que, em meio as chamas, pouco antes de morrer, ouviu-se a forte voz de Jacques de Molay, o último Grão Mestre Templário, amaldiçoando o papa, o Rei e sua família: que se os Templários tivessem sido injustamente condenados, que

o papa Clemente fosse convocado em quarenta dias, e o Rei Felipe dentro de no máximo um ano, para o julgamento final de Deus.

Se isso é ou não verdade, não se pode afirmar. Contudo, Clemente morreu trinta e três dias depois e o Rei Felipe, o Belo, o seguiu em pouco mais de seis meses.

Aceite-se ou não esta Lenda do último Grão-Mestre da Ordem do Templo, as mortes permanecerão, assim como permanecerá o próprio mito que cercou os Cavaleiros

Templários. Por Carlos Raposo (26/08/02)

HISTÓRIA DE PORTUGAL

A HISTÓRIA DE PORTUGAL

Dono, no seu apogeu, de um imenso império colonial que incluía o Brasil, o país passa atualmente por um rápido processo de modernização em conseqüência de seu ingresso

na União Européia... A Lusitânia, como a região era conhecida pelos romanos, é conquistada por Júlio César e Augusto no século I a.C. Os visigodos dominam o território do século V até a chegada

dos mouros, em 711. O surgimento de Portugal como nação independente está vinculado às lutas travadas na península Ibérica pela

expulsão dos muçulmanos. Antecipando-se aos demais países europeus, Portugal já é uma nação centralizada

politicamente em torno de um único monarca no século XII. Portugal surge como país na luta pela reconquista cristã da península Ibérica: Fernando de Castela toma Coimbra em 1064; seu filho Afonso VI faz de Henrique de Borgonha

conde de Coimbra. O filho de Henrique intitula-se rei Afonso I (primeiro rei de Portugal), em 1139, e conquista Lisboa com o auxílio de

cruzados estrangeiros, em 1147. Assume o trono pelas armas e inaugura a dinastia dos Borgonha, reconhecida pelo papa em 1179. A soberania consolida-se com a expulsão dos mouros, em 1249.

Templários

Braço armado da Igreja, a Ordem dos Templários enriquece

com os saques realizados no Oriente Médio durante as cruzadas, nos séculos XII e XIII.

Com hierarquia própria, homens armados e muito dinheiro, transforma-se em um poder paralelo dentro da Igreja. Dissolvida pelo papa, os integrantes da ordem são

perseguidos por toda a Europa... Então, Portugal acolhe os templários e suas fortunas durante o reinado de dom Diniz, de 1279 a 1325. Assim, eles fundam a Ordem de Cristo... Em 1385, sobe ao trono dom João I, iniciador da dinastia

dos Avis. Os castelhanos invadem Portugal, mas são derrotados na Batalha de Aljubarrota.

Dinastia de Avis

Na época das grandes navegações e descobrimentos, reina em Portugal a Casa de Avis, dinastia fundada por dom João I, o Mestre de Avis, em 1385, após uma crise sucessória no

reino.

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Ele conquista a Coroa pelas armas, apoiado pela pequena nobreza, camponeses, comerciantes, armadores e ricos

representantes dos ofícios urbanos. Todos têm um interesse em comum: a expansão comercial e marítima...

Dom Henrique, o navegador, funda a Escola de Sagres, origem dos descobrimentos e conquistas que formariam o

império colonial português... A busca de uma nova rota para o Oriente exige o

aperfeiçoamento das técnicas de navegação até então conhecidas. Portugal faz isso sob a direção de dom

Henrique, filho do rei dom João I. Dom Henrique, era membro da Ordem de Cristo e

administrador de seus recursos, usa essa riqueza para financiar o projeto ultramarino...

O infante reúne no promontório de Sagres, no Algarve, os maiores especialistas em navegação, cartografia,

astronomia, geografia e construção naval. Forma, assim, o mais completo e inovador centro de estudos náuticos da

época. O Primeiro Selo Comemorativo foi emitido em 1894 (Scott: 97, SG: 314), com valor facial de 5 réis (laranja), ele marca os 500 Anos de Nascimento do Príncipe Henrique – o

navegador (1394-1894).

Grandes navegações

Portugal é pioneiro na expansão marítima européia... Os

especialistas de Sagres aperfeiçoam instrumentos de navegação, como a bússola, o astrolábio, o quadrante, a

balestilha e o sextante. Desenvolvem a cartografia moderna e são os primeiros a

calcular com precisão a circunferência da Terra em léguas, numa época em que poucos acreditavam que o planeta fosse

redondo. A tomada de Ceuta, no norte da África, em 1415, marca o início da expansão portuguesa rumo à África e à Ásia. Em menos de um século, Portugal domina as rotas comerciais do

Atlântico sul, da África e da Ásia. Sua presença é tão marcante nesses mercados que, do século XVI ao XVIII, o português é usado nos portos como língua

franca – aquela que permite o entendimento entre marinheiros de diferentes nacionalidades.

Em 1419, os portugueses chegam ao Arquipélago da Madeira e, em 1431, desembarcam no Arquipélago dos Açores. Os

lusitanos avançam para além do cabo Bojador... Em 1436, atingem o Rio Douro e começam a conquista da

Guiné. Ali se apropriam da Mina, centro aurífero explorado pelos reinos nativos em associação aos comerciantes mouros, a maior fonte de ouro de toda a história de

Portugal. Em 1441, os portugueses chegam ao cabo Branco. Em 1444,

atingem a ilha de Arguim, onde instalam a primeira feitoria em território africano, e iniciam a

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comercialização de escravos, marfim e ouro. Em 1445, atingem as ilhas de Cabo Verde, navegam pelos

rios Senegal e Gâmbia e avançam até Serra Leoa. De 1470 a 1475, exploram a costa de Serra Leoa até o cabo Santa

Catarina. Em 1482, chegam à a desembocadura do rio Congo, à São Jorge da Mina e avançam até o rio Zaire, o trecho mais

difícil da costa ocidental africana. No reino, em 1496, o rei dom Manuel obriga os judeus, cerca de 15% da população portuguesa, a se converter ao

catolicismo... Em 1487, Bartolomeu Dias atinge o cabo das Tormentas, no extremo sul do continente – que passa a ser chamado de

Cabo da Boa Esperança – e atinge o Índico. Conquista, assim, o trecho mais difícil do caminho para as

Índias (também outros para as costas orientais do continente africano), para bem mais tarde formar a Índia

Portuguesa. Entretanto, Bartolomeu Dias não chega às Índias. Morre quando seu navio naufraga justamente ao cruzar o cabo da

Boa Esperança, que conquistara 12 anos antes. Disputas entre Portugal e Espanha

Boa parcela dos cosmógrafos europeus do século XV não acredita na viabilidade do projeto de atingir as Índias

contornando a África. Supõem que o oceano Atlântico é um grande mediterrâneo e que a África se prolongaria ao sul, sem passagens para o

oceano Índico... Quando Bartolomeu Dias conquista o cabo da Boa Esperança, em 1488, e atinge o Índico, prova a correção do projeto

português. A Espanha aposta no projeto de Colombo: atingir as Índias navegando para o ocidente. Quando ele descobre a América,

em 1492, imagina ter alcançado o Oriente... São os portugueses, no entanto, que realizam o grande

feito: Vasco da Gama chega a Calicute, na Índia, em 1498, coroando quase um século de investimentos.

Em 1497, ao partir da praia de Restelo, Vasco da Gama torna-se o primeiro europeu a viajar para a Índia por mar,

onde aporta em 1498! Entre 1505 e 1515, caravelas lusas exploram o litoral

leste da África, aportando em Sena, Moçambique, Zanzibar, Pemba e outros pontos.

Paralelamente, em 1500, Pedro Álvares Cabral chega ao Brasil. Em 1578, o rei dom Sebastião I morre na Batalha de Alcácer Quibir, na tentativa de conquistar o Marrocos...

Em 1580, a Espanha apossa-se do trono português e dá início a 60 anos de domínio espanhol... Portugal perde

colônias do Extremo Oriente para a Holanda, a qual também ocupa parte do Brasil...

A independência portuguesa é recuperada em 1640, quando João de Bragança se torna rei...

Página sobre Monarcas e Presidentes do Brasil

Em 1807, D. Maria I, Rainha de Portugal, seu filho, o Príncipe-Regente D. João, sua nora, a Princesa Carlota Joaquina, toda família real e cerca de 15 mil pessoas

iniciam a viagem para a colônia brasileira... D. João deixa instruções para que as tropas francesas

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sejam bem recebidas em Portugal... Antes mesmo das naus portuguesas terem desaparecido no horizonte, as tropas francesas de Napoleão Bonaparte, comandadas pelo general

Junot, ocupam Lisboa... Em 1814, Napoleão começa a perder seu poder na França... Então, as tropas francesas são finalmente vencidas em

Portugal pelas tropas anglo-lusitanas... No ano seguinte, Napoleão é derrotado em Waterloo.

Em 1820, a Revolução do Porto obriga o rei dom João VI a voltar à Lisboa. No ano seguinte, Napoleão morre no exílio, na ilha de Santa Helena. Em 1822, o príncipe

herdeiro Dom Pedro I proclama a independência do Brasil e passa a ser seu imperador...

Salazarismo

Em 1910, uma rebelião derruba o rei Manuel II e a República é proclamada. Os republicanos adotam leis

liberais e anticlericais. Após longo período de instabilidade, um golpe de Estado estabelece, em 1926, uma ditadura militar. António de

Oliveira Salazar torna-se primeiro-ministro, em 1932. Seu regime é inspirado no fascismo italiano, ficaria conhecido

como salazarismo. A Constituição de 1933 institui o Estado Novo, no qual apenas um partido, a União Nacional, é autorizado a

funcionar. 1936/37 – Primeiro selo aéreo do país (Scott: C1, SG:

891), com valor facial de 1,50 escudos (azul), ele mostra o “escudete” com 5 besantes ou chamados dinheiros. Alguém sabe me dizer por que este selo aéreo foi emitido com um

escudete “voando”?

Abaixo o primeiro selo “OFICIAL”, emitido em 1938 (Scott: O1, SG: O900), com valor facial de 40c (marrom), ele

mostra a frase... a máxima de Portugal, afinal, é “TUDO PELA NAÇÃO” ou “O BEM DA NAÇÃO”?

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Portugal permanece neutro na II Guerra Mundial e é admitido na ONU em 1955. A recusa em conceder

independência às colônias africanas estimula movimentos guerrilheiros de libertação em Angola, Moçambique e Guiné-

Bissau... A partir de 1961, Portugal fortalece sua presença militar na África. Em 1968, Salazar sofre um derrame cerebral e é substituído por Marcelo Caetano, ex-ministro das Colônias,

que permite partidos de oposição.

Revolução dos Cravos

A decadência econômica e o desgaste com a guerra colonial provocam descontentamento nas Forças Armadas. Em

25/04/1974 eclode a Revolução dos Cravos: oficiais de média patente rebelam-se e derrubam o governo de Caetano,

que foge para o Brasil. O general António de Spínola assume a Presidência. A

população festeja o fim da ditadura distribuindo cravos - a flor nacional - aos soldados rebeldes. Os partidos políticos, inclusive o comunista, são legalizados e é

extinta a Pide, polícia política do salazarismo. O novo regime mergulha Portugal em uma agitação

revolucionária. Spínola renuncia em setembro de 1974. O governo passa a ser dominado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), fortemente influenciado pelo Partido

Comunista. Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné-Bissau obtêm a

independência. Em março de 1975, após fracassada tentativa de golpe de Spínola, o governo é dominado por um

triunvirato formado pelos generais Costa Gomes, Otelo Saraiva de Carvalho e Vasco Gonçalves. Inicia-se a

estatização de indústrias e bancos, seguida de ocupações de terras...

Ocupação européia

Mário Soares é eleito presidente da República em 1986. No mesmo ano, Portugal é admitido como membro da Comunidade

Econômica Européia, atual União Européia. Em 1987, o PSD conquista 50,2% dos votos e Cavaco Silva

forma um governo conservador. Em 1989, o Parlamento retira da Constituição a irreversibilidade das nacionalizações e

da reforma agrária. Em 1991, Mário Soares é reeleito presidente com 70,4% dos

votos, mas o PSD mantém a maioria parlamentar. Em janeiro de 1996, vence as eleições presidenciais Jorge Sampaio, do Partido Socialista, com 53,8% dos votos, em

uma campanha voltada para questões sociais. Ainda em janeiro, trabalhadores e empresários assinam um pacto com o governo para elevar o salário mínimo e reduzir

a jornada de 44 horas semanais de trabalho – a mais elevada da UE - para 42 horas em 1996 e 40 horas em 1997. O objetivo maior é conter o desemprego, acentuado pelos cortes de Orçamento exigidos pelos padrões da UE. Em fevereiro de 1997, a Assembléia rejeita por 1 voto o projeto de legalização do aborto em Portugal, um dos

únicos países europeus onde a prática ainda é proibida... A HISTÓRIA DOS TEMPLÁRIOS

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Ordem dos Templários

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Igreja Católica

História Organização[Esconder]

Igrejas particulares locais Igrejas particulares sui juris (23):

de Rito Latino • Orientais (22)

Hierarquia[Esconder] Papa Bento XVI

Colégio dos Cardeais Patriarcas • Primazes • Arcebispos • Bispos

Presbíteros Diáconos

Teologia e Doutrina[Esconder] Tradição • Bíblia e o seu cânon • Catecismo Sucessão apostólica • Concílios Ecuménicos SS Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) Doutrina • Teologia • Apologética • Credo Infabilidade e Primazia papais • Igreja Dez Mandamentos • Sermão da Montanha Corpus Mysticum • Transubstanciação

Dogmas • Graça • Salvação • Reino de Deus Sacramentos • Pecado original • Virtudes Virgem Maria • Santos • Doutores da Igreja

Doutrina Social

Liturgia e Culto[Esconder] Liturgia • Culto cristão • Ano litúrgico Missa • Eucaristia • Liturgia das Horas Ritos litúrgicos latinos e orientais

Outros tópicos[Esconder] Cristianismo • Catolicismo • Controvérsias

Santa Sé • Vaticano • Ecumenismo Evangelização • Espiritualidade • Catequese Ordens e congregações religiosas • Orações Símbolos cristãos • Arquitectura cristã

Música popular • Canto gregoriano • Arte cristã

Portal sobre o Cristianismo A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de

Salomão (em latim "Pauperes commilitones Christi Templique Solomonici"), vulgarmente conhecida como Ordem dos Templários ou Ordem do Templo (em francês "Ordre du

Temple" ou "Les Templiers"), foi uma das mais famosas das Ordens Militares de Cavalaria[1]. A organização existiu por cerca de dois séculos na Idade Média, fundada no rescaldo da Primeira Cruzada de 1096, com o propósito original de

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assegurar a segurança dos muitos cristãos que voltaram a fazer a peregrinação a Jerusalém após a sua conquista. Oficialmente aprovada pela Igreja Católica em torno de

1129[2], a Ordem tornou-se uma das favoritas da caridade em toda a cristandade, e cresceu rapidamente quer em membros

quer em poder. Os cavaleiros templários, em seus característicos mantos brancos com a cruz vermelha,

estavam entre as mais qualificadas unidades de combate nas Cruzadas[3]. Os membros não-combatentes da Ordem geriam uma

vasta infra-estrutura económica em toda Cristandade, inovando em técnicas financeiras que constituíam o embrião

de um sistema bancário[4], [5] e erguendo muitas fortificações por toda a Europa e a Terra Santa.

O sucesso dos Templários esteve estreitamente vinculado ao das Cruzadas. Quando a Terra Santa foi perdida, o apoio à Ordem reduziu-se. Rumores acerca da cerimónia de iniciação

secreta dos Templários criaram desconfianças, e o rei Filipe IV de França, profundamente endividado com a Ordem,

começou a pressionar o Papa Clemente V a tomar medidas contra eles. Em 1307, muitos dos membros da Ordem em França foram detidos, torturados até darem falsas

confissões, e então, serem queimados em estacas[6]. Em 1312, o Papa Clemente, sob contínua pressão do rei Filipe,

dissolveu a Ordem. O súbito desaparecimento da maior parte da infra-estrutura europeia da Ordem deu origem a especulações e lendas, que têm mantido o nome dos

Templários vivo até aos nossos dias.

História

Insígnia da Ordem: dois cavaleiros montados no mesmo

cavalo.

A Ordem foi fundada por Hugo de Payens após a Primeira Cruzada, em 1119, com a finalidade de defender a Terra Santa dos ataques dos maometanos, mantendo os reinos cristãos que as Cruzadas haviam fundado no Oriente. Os seus membros faziam voto de pobreza e seu símbolo passou a ser um cavalo montado por dois cavaleiros. Em decorrência do local de sua sede (junto ao local onde existira o Templo de Salomão, em Jerusalém) do voto de

pobreza e da fé em Cristo surgiu o nome "Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão".

A regra dessa ordem religiosa de monges guerreiros (militar) foi escrita por São Bernardo. A sua divisa foi extraída do Livro dos Salmos: "Non nobis, Domine, non

nobis, sed nomini Tuo da gloriam" (Sl 115,1) que significa "Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Vosso nome dai a

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glória". O seu crescimento vertiginoso, ao mesmo tempo que ganhava

grande prestígio na Europa, deveu-se ao grande fervor religioso e à sua incrível força militar. Os Papas

guardaram a ordem acolhendo-a sob sua imediata proteção, excluindo qualquer intervenção de qualquer outra

jurisdição fosse ela secular ou episcopal. Não foram menos importantes também os benefícios temporais que tal ordem

recebeu dos soberanos da Europa. O poder da Ordem tornou-se tão grande que, em 1139 que o papa Inocêncio II emitiu um documento declarando que os

templários não deviam obediência a nenhum poder secular ou eclesiástico, apenas ao próprio papa. Segundo vários autores, havia um outro motivo para essa liberdade: os templários protegiam o segredo da genealogia de famílias com descendência direta de Jesus Cristo. Tal linhagem

divina seria da suposta união de Jesus com Maria Madalena, cujo filho seria São Tiago.[7]

Um contemporâneo (Jacques de Vitry) descreve os Templários como "leões de guerra e cordeiros no lar; rudes cavaleiros no campo de batalha, monges piedosos na capela; temidos pelos inimigos de Cristo, a suavidade para com Seus

amigos". Levando uma forma de vida austera não tinham medo de

morrer para defender os cristãos que iam em peregrinação a Terra Santa. Como exército nunca foram muito numerosos

aproximadamente não passavam de 400 cavaleiros em Jerusalém no auge da ordem, mesmo assim foram conhecidos

como o terror dos maometanos. Quando presos rechaçavam com desprezo a liberdade oferecida a preço de apostatarem

(negação da Fé cristã).

Crescimento da ordem e a perda de sua missão

Com o passar do tempo a ordem ficou riquíssima e muito poderosa: receberam várias doações de terras na Europa,

ganharam enorme poder político, militar e econômico, o que acabou permitindo estabelecer uma rede de grande

influência no continente. Também começaram a ser admitidas na ordem, devido à

necessidade de contingente, pessoas que não atendiam aos critérios que eram levados em conta no início. Logo, o

fervor cristão, a vida austera e a vontade de defender os cristãos da morte deixaram de ser as motivações principais

dos cavaleiros templários.

A riqueza da ordem atrai o Estado e a igreja Católica

Templários sendo queimados pela Santa Inquisição.

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Felipe IV pensou em apropriar-se dos bens dos Templários, e por isso havia posto em andamento uma estratégia de descrédito, acusando-os de heresia. A perseguição aos

templários começou em 1307, quando o rei da França, acusou os templários de heresia e imoralidade.

No dia 13 de Outubro de 1307 (sexta-feira) o rei obrigou o comparecimento de todos os templários da França. Os

templários foram encarcerados em masmorras e submetidos a torturas para se declararem culpados de heresia, no

pergaminho redigido após a investigação dos interrogatórios, no castelo de Chinon, no qual Felipe IV da França (Felipe, o Belo) havia prendido ilicitamente o

último grão-mestre do Templo e alguns altos dignitários da Ordem.

O Pergaminho de Chinon atesta que o Papa Clemente V absolveu os templários, das acusações de heresia,

evidenciando, assim, que a queda histórica da Ordem deu-se por causa da perda de sua missão e de razões de

oportunismo político. Da perda de sua missão o que caracterizou não mais uma vida austera como no inicio da ordem se aproveitou o Rei Felipe IV, o Belo, para se apoderar dos bens da Ordem, acusando-a de ter se corrompido. Ele encarcerou os Superiores dos Templários, e, depois de um processo iníquo, os fez queimar vivos, pois obtivera deles

confissões sob tortura, que eram consideradas nulas pelas leis da Igreja e da Inquisição Concílio de Concílio de Vienne (França) em 1311 e Concílio regional de Narbona

(França) em 1243.

A Sentença do Papa Clemente V a Ordem

Rei Filipe IV da França - O Belo

A ata de Chinon declara que os Templários não dissolvidos, mas absolvidos, suscitou a reação da monarquia francesa,

tanto que obrigou Clemente V à ambígua discussão sancionada em 1312, durante o Concílio de Vienne, com a bula «Vox in Excelso», na qual declarava que o processo

não havia comprovado a acusação de heresia. Ao declarar que o processo não tinha comprovado a acusação de heresia, Clemente V suspendeu a Ordem dos Templários mediante uma sentença não definitiva, sem dissolvê-la,

para impedir um cisma com a França, reintegrando os altos dignitários Templários e sua riqueza na comunhão da

Igreja. O Pergaminho de Chinon declara que o Papa Clemente V absolveu os templários, das acusações de heresia,

mostrando assim, que o Pontífice não considerou a ordem como sendo herege (conforme se especulava). E que deu a

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absolvição ao último grã-mestre dos Templários, Jacques de Molay, e aos cavaleiros da Ordem. O Pontífice ainda

permitiu a eles "receber os sacramentos cristãos e serem acompanhados por um capelão" até os últimos momentos de

sua vida quando foram executados pela Inquisição Católica com uma morte exemplar.

A destruição da Ordem do Templo propiciou ao Rei francês não apenas os tesouros imensos da Ordem (que estabelecera o início do

Considerações finais

sistema bancário), mas também a eliminação do exército da Igreja, o que o tornava senhor rei absoluto,

na França. Nos demais países a riqueza da ordem ficou com a Igreja

Católica. Antes de ser queimado vivo em 1314, Jacques de Molay teria

intimado o Rei Felipe O Belo e o Papa Clemente V a comparecer ao julgamento de Deus a partir da pira. E que

Felipe O Belo e seus descentes teriam algum revés letal. O rei Felipe veio a falecer no mesmo ano de 1314, assim como

o Papa Clemente V. Nos catorze anos seguintes, os três filhos do rei, que seriam seus sucessores no trono,

faleceram, encerrando a linhagem direta de 300 anos dos reis Capetianos (Capet), levando muitos a crer que a

dinastia fora amaldiçoada - daí o nome "Os Reis Malditos" (Les Rois Maudits). De Molay teria desafiado o rei e o

Papa a encontrá-lo novamente diante do julgamento de Deus antes que o atual ano terminasse - apesar de esta frase

não constar em relatos modernos da execução de Jacques de Molay. Felipe o Belo e Clemente V de fato morreram ainda

no ano de 1314. Esta série de eventos formam a base de Les Rois Maudits (Os Reis Malditos), uma série de livros

históricos de Maurice Druon. Ironicamente, o Rei Luis XVI era um descendente de Felipe O Belo e sua neta Rainha

Joana II de Navarre. Quando a cabeça do rei Luis XVI caiu na cesta da

guilhotina, um homem não identificado se aproximara. Mergulhou a mão no sangue do monarca, sacudindo-a no ar e

gritara: "Jacques de Molay, fostes vingado!"

O fato de nunca ter havido uma oportunidade de acesso aos documentos originais dos julgamentos contra os templários motivou o surgimento de muitos livros e filmes, com grande

repercussão pública, porém, sem nenhum embasamento histórico. Por este mesmo motivo, muitas sociedades

secretas, como a

A Ordem do Templo e a historiografia

Maçonaria, se proclamam "herdeiras" dos templários.

A obra, publicada pela Biblioteca Vaticana: “Processus contra templários”, restaura a verdade histórica sobre Os Cavaleiros da Ordem do Templo, conhecidos como templários, cuja existência e posterior desaparecimento foram motivo

de numerosas especulações e lendas. Os Pergaminho de Chinon são relativos ao processo contra

os templários, realizados sob o pontificado do Papa Clemente V, cujos originais são conservados no Arquivo Secreto do Vaticano. O principal valor da publicação

reside na perfeita reprodução dos documentos originais do

43

citado processo e nos textos críticos que acompanham o volume; explicam como e por que o pontífice Clemente V

absolveu os Templários da acusação de heresia e suspendeu a Ordem sem dissolvê-la, reintegrando os altos dignitários

Templários e a própria Ordem na comunhão da Igreja.

Mestres

Jacques de Molay - O último Grão-Mestre da Ordem, morreu

queimado 1. Hugo de Payens (Huguens de Payns) (1118-1136)

2. Hugue, conde de Champagne 3. Rossal de Clairvaux 4. Geoffro de Bissor 5. André de Condemare

6. Archambaud de Saint-amande 7. Philippe de Milly (Philippus de Neapoli/de Nablus)

(1169-1171) 8. Odo de St Amand|Odo (Eudes) de St Amand ou Odon de

Saint-Chamand (1171-1179) 9. Arnaud de Toroge (Arnaldus de Turre Rubea/de Torroja)

(1179-1184) 10. Gérard de Ridefort (1185-1189)

11. Robert de Sablé (Robertus de Sabloloi) (1191-1193)

12. Gilbert Horal (Gilbertus Erail/Herail/Arayl/Horal/Roral) (1193-1200)

13. Phillipe de Plessis / Plaissie`/ Plesse` /Plessiez (1201-1208)

14. Guillaume de Chartres ou Willemus de Carnoto (1209-1219)

15. Pedro de Montaigu|Pierre (Pedro) de Montaigu (Petrus de Monteacuto) (1219-1230)

16. Armand de Périgord (Hermannus Petragoricensis) ou Hermann de Pierre-Grosse (???-1244)

17. Richard de Bures (1245-1247) 18. Guillaume de Sonnac (Guillelmus de Sonayo) (1247-

1250) 19. Renaud de Vichiers (Rainaldus de Vicherio) (1250-

1256) 20. Thomas Bérard (1256-1273)

21. Guillaume de Beaujeu (Guillelmus de Belloico) (1273-1291)

22. Thibaud Gaudin (Thiband Ggandin) (1291-1292) 23. Jacques de Molay (1292-1314)

A destruição do arquivo central dos Templários (que estava

Ligações Entre Templários e Maçonaria

44

na Ilha de Chipre) em 1571 pelos otomanos[carece de fontes?]

Uma das versões faz ligação entre os Templários e uma das mais influentes e famosas sociedades secretas, a

, tornou-se o principal motivo da pequena quantidade de

informações disponíveis e da quantida enorme de lendas e versões sobre sua história.

Maçonaria. Historiadores acreditam na separação dos Templários quando

a perseguição na França foi declarada. Um dos lugares prováveis para refúgio teria sido a Escócia. Onde apenas 2

Templários haviam sido presos e ambos eram ingleses. Embora os cavaleiros estivessem em território seguro, sempre havia o medo de serem descobertos e considerados novamente como traidores. Por isso teriam se valido de seus conhecimentos da arquitetura sagrada e assumiram um novo disfarce para fazerem parte da maçonaria (texto do livro Sociedades Secretas - Templários, editora Universo

dos Livros). E o fato de várias catedrais e construções góticas

apresentarem uma variedade de figuras místicas gravadas nas paredes nos templos maçons que lembram símbolos usados

pelos Templários.

Castelos

Mapa dos Reinos e fortificações templárias na Terra Santa.

Planta do Santuário da Rocha (onde outrora se encontrava o Templo de Salomão), com algumas de suas linhas de

construção que podem ter servido de inspiração para os templos da Ordem.

Na Terra Santa

45

• Castelo de Gaston - Principado de Antioquia • Chastel Blanc - Condado de Trípoli

• Castelo de Tortosa - Condado de Trípoli • Castelo de Sidon - Reino Latino de Jerusalém

• Castelo de Beaufort - Reino Latino de Jerusalém • Castelo de Gaza - Reino Latino de Jerusalém • Castelo de Safed - Reino Latino de Jerusalém • Castelo Peregrino - Reino Latino de Jerusalém • Castelo Hernault - Reino Latino de Jerusalém

• Chastelet du Gué-Jacob - Reino Latino de Jerusalém

Na península Ibérica

Na Espanha

• Castelo da Lúa - • Castelo de Ascó - 1173

• Castelo de Barberà - 1143 • Castelo de Castellote -

• Castelo de Chalamera - 1143 • Castelo de Granyena - 1131

• Castelo de Gardeny - • Castelo de Monreal del Campo -

• Castelo de Montesa - • Castelo de Monzón - 1143

• Castelo de Peñíscola - 1294 • Castelo de Ponferrada - 1178

• Castelo de Sória - 1128 • Castelo de Xivert - 1169

Em Portugal

• Castelo de Soure (1128)

• Castelo de Celorico da Beira • Castelo de Ranhados

• Castelo de Longroiva (1145) • Castelo de Cera (1159) • Castelo de Tomar (1160) • Castelo de Torres Novas • Castelo de Seda (1160)

• Castelo de Pombal (c. 1160) • Castelo de Mogadouro (1165)

• Castelo de Belmonte • Castelo de Sabugal • Castelo de Sortelha • Castelo de Penamacor

• Castelo de Monsanto (1165) • Castelo de Salvaterra do Extremo

• Castelo de Segura • Castelo de Rosmaninhal (1165) • Castelo de Penas Róias (1166) • Castelo de Almourol (1171) • Castelo do Zêzere (1174)

• Castelo de Idanha-a-Nova (1187) • Castelo de Idanha-a-Velha (1197) • Castelo de Penamacor (c. 1199)

• Castelo de Alpalhão

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• Castelo de Castelo Novo • Castelo de Ródão • Castelo de Belver

• Castelo de Castro Marim • Castelo de Castelo Branco (1214)

• Castelo de Vila do Touro (c. 1220) • Castelo de Nisa (1296)

• Castelo de Amieira do Tejo • Castelo de Penha Garcia (1303)

• Torre de Quintela • Torre de Dornes

Em Portugal

Igreja do Castelo dos Templários de Tomar. A sua planta circular evoca a Igreja dos Templários em Jerusalém.

Castelo de Almourol junto ao rio Tejo, fundado pelo mestre

Gualdim Pais.

Os Templários entraram em Portugal ainda no tempo de D. Teresa, que lhes doou a povoação de Fonte Arcada,

Penafiel, em 1126. Um ano depois, a viúva do conde D. Henrique entregou-lhes o Castelo de Soure sob compromisso de colaborarem na conquista de terras aos mouros. Em 1145 receberam o Castelo de Longroiva e dois anos decorridos ajudaram D. Afonso Henriques na conquista de Santarém e ficaram responsáveis pelo território entre o Mondego e o

Tejo, a montante de Santarém. Os Templários Portugueses a partir de 1160 ficaram

sediados na cidade de Tomar. Através da Bula Regnans in Coelis (12 de agosto de 1308) o Papa Clemente V dá

conhecimento aos monarcas cristãos do processo movido contra os Templárops, e pela Bula Callidi serpentis vigil

(dezembro de 1310) decretou a prisão dos mesmos. Em Portugal, a partir de 1310 o rei D. Dinis buscou evitar a

transferência dos bens da ordem extinta para os Hospitalários. Posteriormente, a 15 de março de 1319, pela

Bula Ad ae exquibus o Papa João XXII instituiu a Ordo Militiae Jesu Christo (Ordem da Milícia de Jesus Cristo) à qual foram atribuídos os bens da extinta ordem no país.

47

Após uma curta passagem por Castro Marim, a nova Ordem viria a sediar-se também em Tomar.

Mestres Portugueses

1. Afonso Henriques, Irmão Templário (13.03.1129)

2. Guillaume Ricardo (1127 - 1139) 3. Hugues Martins (1139)

4. Hugues de Montoire (1143) 5. Pedro Arnaldo (1155 - 1158) 6. Gualdim Pais (1158 - 1195)

7. Lopo Fernandes 8. Fernando Dias (1202)

9. Gomes Ramires (1210 - 1212) 10. Pierre Alvares de Alvito (1212 - 1221)

11. Pedro Anes (1223 - 1224) 12. Martin Sanchez (1224 - 1229)

13. Estevão Belmonte (1229 - 1237) 14. Guillaume Fouque ou Fulco (1237 - 1242)

15. Martim Martins (1242 - 1248) 16. Pedro Gomes (1248 - 1251) 17. Paio Gomes (1251 - 1253) 18. Martim Nunes (1253 - 1265)

19. Gonçalo Martins (1268 - 1271) 20. Beltrão de Valverde (1273 - 1277)

21. João Escritor (1280 - 1283) 22. João Fernandes (1283 - 1288)

23. Afonso Pais-Gomes (1289 - 1290) 24. Lourenço Martins (1291 - 1295) 25. Vasco Fernandes (1295 - 1306)

Notas

1. ↑ Malcolm Barber, The New Knighthood: A History of the Order of the Temple. Cambridge University Press,

1994. ISBN 0-521-42041-5. 2. ↑ Por influência de Bernardo de Claraval, no Concílio

de Troyes. 3. ↑ The History Channel. Decoding the Past: The Templar

Code, 7 Nov. 2005, vídeo documentário escrito por Marcy Marzuni.

4. ↑ Martin, p. 47. 5. ↑ Nicholson, p. 4

6. ↑ Malcolm Barber, The Trial of the Templars. Cambridge University Press, 1978. ISBN 0-521-45727-0. 7. ↑ Editora Abril S.A., Vida Simples: Quem eram os

templários? - http://vidasimples.abril.com.br/100respostas/conteudo

_258575.shtml.

• Processos contra Templários

Bibliografia

• • DEMURGER, Alain. Os Cavaleiros de Cristo: templários,

teutônicos, hospitalários e outras ordens militares na Idade Média (sécs. XI-XVI). Rio de Janeiro: Jorge

Zahar Editor, 2002. 348p. ISBN 8571106789 • DEMURGER, Alain. Os Templários - uma cavalaria cristã

48

na Idade Média. São Paulo: Difel, 2007. 687p. ISBN 8574320765

• LOUÇÃO, Paulo Alexandre. Os Templários na Formação de Portugal (8ª ed.). Edições Ésquilo, 2003.

• RUNCIMAN, Steven. História das Cruzadas (v. 1: A 1a. Cruzada e a Fundação do Reino de Jerusalém). São

Paulo: Imago, 2002. 340p. ISBN 8531208165 • TELMO, António. O Mistério de Portugal na História e

n'Os Lusíadas. Edições Ésquilo. A HISTÓRIA DOS BANQUEIROS

Os primeiros banqueiros da Europa

(com tanto dinheiro eles nunca se interessaram por contá-la)

09/01/2009

Os serviços bancários europeus provavelmente foram inventados em Genova, na Itália, ainda no século XII,

incentivados pelo renascimento do comércio no Mediterrâneo. Esta, pelo menos, é a convincente

versão apresentada em um site dedicado à história do Banco de San Giorgio.

O site foi lançado oficialmente no fim de 2008 com a conclusão de um estudo de 25 anos sobre os primórdios da história econômica de Genova, feito a partir dos volumosos

e cuidadosamente preservados arquivos públicos da província.

A maior descoberta são documentos do século XII descrevendo práticas financeiras que são comuns hoje em dia. O primeiro registro de emissão de um título público data de janeiro de 1150. Os empréstimos eram tomados sob outros nomes para driblar as leis da Igreja sobre usura.

A monetarização da economia

O crescimento urbano e comercial proporcional a afluência e o câmbio (troca) de moedas, que readquiriram função

importante nas atividades comerciais. Nessa nova situação, destacou-se o mercador que lidava especificamente com as

moedas: o cambista ou banqueiro. Banqueiros

49

Por meio da cobrança de taxas, esses mercadores cambiavam todo tipo de moeda, faziam empréstimos e

emitiam títulos de valores, ou seja, certificados que garantiam a um comerciante a propriedade de

determinada quantia de moedas, que ficavam sob guarda e proteção do banqueiro.

Desse modo, o comerciante ficava seguro contra

possíveis assaltos e poderia realizar seus negócios apenas trocando esses certificados com outros

banqueiros ou comerciantes. Os principais banqueiros do período, logicamente, concentraram-se nas cidades

mais ricas: Gênova e Veneza. Toda essa nova situação econômica não era mais compatível com o feudalismo, que acabaria sendo superado após uma grave crise do sistema. Assim, é possível perceber que,

lentamente, o próprio sistema feudal criava novos elementos que o desestruturam por dentro."1

Fontes:

MORAES, José Geraldo. Caminho das Civilizações. São Paulo, Atual.1994

As moedas na Idade Média: o tempo dos castelos

A partir do séc. III d.C., o império romano começou a ser invadido por povos vindos do Norte e Centro da Europa. Os romanos chamavam-lhe Bárbaros porque não falavam latim. Estes povos foram fazendo conquistas e formaram-se vários

reinos. A organização romana desapareceu com a queda do império. Os novos reinos encontraram as suas formas próprias de

viver e diminuíram muito os contactos comerciais. Cada povo consumia aquilo que produzia e voltou-se a fazer

a troca directa. As moedas romanas de prata e ouro utilizavam-se agora para fabricar jóias, sempre apreciadas

pelas classes mais ricas.

Desenho de moeda romana em jóia

Os reis, os grandes senhores da nobreza e os bispos

cunhavam as suas moedas mas guardavam-nas em vez de as pôr a circular, pois a moeda tornou-se um objecto precioso.

A moeda e o desenvolvimento do comércio na Europa

Nos séculos XII/XIII desenvolveu-se bastante o comércio, não só dentro de cada país - comércio interno - mas também

entre países diferentes - comércio externo. Passou a haver feiras regulares (semanais, mensais e

anuais). Os comerciantes deslocavam-se com produtos para vender e voltou a sentir-se a necessidade de usar moeda

não só para facilitar os negócios mas também para pagar as portagens, que eram obrigatórias em certas regiões, e os

50

impostos devidos ao rei, aos senhores da terra ou ao concelho. Como cada país tinha as suas próprias moedas, surgiu a necessidade de trocar moedas de um país por

moedas de outro país, ou seja, de fazer câmbios, surgindo assim, uma nova profissão - cambista. Os cambistas

emprestavam também dinheiro a quem pedia cobrando depois os respectivos juros.

Efeitos do comércio

O desenvolvimento do comércio contribuiu muito para o

enriquecimento dos países em vários aspectos. Os agricultores e os artesãos tentavam produzir mais e melhor porque da venda resultavam bons lucros. Isto era benéfico para a agricultura e para o fabrico de objectos.

As pessoas que se dedicavam ao comércio tinham que aprender a ler, a escrever e a fazer contas, senão

enganavam-se nas contas e arruinavam-se rapidamente. O comércio funcionou como estímulo para a instrução. Foi e

continua a ser factor de progresso.

O nascimento dos Bancos

A profissão de cambista deu origem aos Bancos. Na segunda metade do séc. XII os banqueiros, das cidades italianas mais prósperas, passaram a ter representantes noutras cidades da Europa. Aceitavam que os clientes

depositassem uma certa quantidade de moedas num lugar e levantassem o valor equivalente noutro lugar, através da

utilização de um documento chamado carta de câmbio. Estas operações beneficiam as duas partes: os clientes

escusavam de correr o risco de viajar com grandes quantias e os banqueiros ganhavam prestígio e atraíam clientes,

sobretudo entre as pessoas mais ricas. Assim, os banqueiros iam enriquecendo porque cobravam um preço pelo serviço prestado e porque ficavam com mais dinheiro para

emprestar a quem pedisse, cobrando juros. A partir de certa altura, os banqueiros perceberam que valia a pena dar parte desse rendimento aos clientes

porque atraíam mais depósitos. Os serviços prestados pelos banqueiros, aos seus clientes,

são os seguintes: - fazer câmbios (troca de moedas de um país por moedas de

outro país); - fazer empréstimos (emprestar dinheiro aos clientes

cobrando um juro); - receber depósitos (guardar o dinheiro dos clientes

oferecendo-lhes a possibilidade de o levantarem noutro sítio e oferecendo-lhes também um juro sobre o dinheiro

depositado).

Os reis, os príncipes e os papas também pediam dinheiro emprestado

Na Idade Média não era muito bem aceite que os grandes senhores pedissem dinheiro emprestado aos banqueiros. A partir dos sécs. XIII/XIV os reis e os próprios papas começaram a pedir empréstimos para poderem resolver os

mais variados problemas. Nesta época a riqueza do chefe de Estado confundia-se com a riqueza do país. Isto quer dizer

que se por exemplo o rei de Portugal pedisse dinheiro

51

emprestado a um banqueiro italiano, era Portugal que ficava a dever essa quantia, mais os juros combinados.

À dívida de um país chama-se dívida pública.

Alguns reis, embora lutando por vezes com grandes dificuldades, lá foram cumprindo as suas obrigações e

pagando o que deviam. Mas outros serviam-se da sua força política para pedirem quantias fabulosas e depois não

cumpriam os pagamentos, a ponto de arruinarem os banqueiros.

Mas de uma maneira geral a actividade dos banqueiros continuou próspera e os negócios foram aumentando não só

dentro de cada país como entre países diferentes.

Uma associação de cidades: a liga Hanseática A ideia de que "a ideia faz a força" surgiu muito cedo. Já

no séc. XII houve comerciantes do Norte da Europa que resolveram associar-se para terem mais segurança nos seus negócios. Formaram a Liga dos Comerciantes do Báltico. Esta associação teve tanto êxito que cada vez havia mais comerciantes a quererem aderir, e a partir de certa altura deixou de agrupar indivíduos e passou a agrupar cidades. Em 1358, passou a chamar-se Liga Hanseática Teutónica,

agrupava 77 cidades e a sede era na Alemanha. As vantagens de pertencer à Liga Hanseática eram várias: Os navios protegiam-se uns aos outros e lutavam contra a concorrência dos que fossem sócios. Na compra e venda de produtos davam preferência às cidades associadas e quase

todas se equiparam de modo a terem portos bem apetrechados, armazéns disponíveis para as mercadorias e

residências para comerciantes e marinheiros que necessitassem de apoio. Estabeleceram um regulamento geral para a navegação, para as trocas comerciais, para os pesos e medidas que deviam ser utilizados e também para a moeda.

Naturalmente, as várias cidades que pertenciam à Liga Hanseática tinham as suas moedas próprias. Mas a certa altura, para facilitar as trocas e evitar o trabalho e a despesa dos câmbios, resolveram cunhar uma moeda igual em

várias cidades: o Witten de prata.

Witten de prata

Este primeiro tipo de União Monetária resultou portanto de

uma necessidade dos comerciantes.

União de reinos, união de moeda

Ao longo da Idade Média as fronteiras da Europa foram-se modificando. Houve povos que dominaram outros povos, zonas que se tornaram independentes, territórios que se uniram e

passaram a ser governados pelo mesmo rei. A Península Ibérica é um bom exemplo. A HISTÓRIA DOS JESUÍTAS

52

Companhia de Jesus

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Brasão da Companhia de Jesus

A Companhia de Jesus (em

.

latim: Societas Iesu, S. J.), cujos membros são conhecidos como jesuítas, é uma ordem religiosa fundada em 1534 por um grupo de estudantes da

Universidade de Paris, liderados pelo basco Íñigo López de Loyola, conhecido posteriormente como Inácio de Loyola. É hoje conhecida principalmente por seu trabalho missionário

e educacional.

Fundação

Igreja Católica

História OrganizaçãoIgrejas particulares locais Igrejas particulares sui juris (23):

de Rito Latino • Orientais (22)

Hierarquia Papa Bento XVI

Colégio dos Cardeais Patriarcas • Primazes • Arcebispos • Bispos

Presbíteros Diáconos

Teologia e Doutrina Tradição • Bíblia e o seu cânon • Catecismo Sucessão apostólica • Concílios Ecuménicos SS Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) Doutrina • Teologia • Apologética • Credo Infabilidade e Primazia papais • Igreja

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Dez Mandamentos • Sermão da Montanha Corpus Mysticum • Transubstanciação

Dogmas • Graça • Salvação • Reino de Deus Sacramentos • Pecado original • Virtudes

Virgem Maria • Santos • Doutores da Igreja Doutrina Social

Liturgia e Culto Liturgia • Culto cristão • Ano litúrgico Missa • Eucaristia • Liturgia das Horas Ritos litúrgicos latinos e orientais

Outros tópicos Cristianismo • Catolicismo • Controvérsias

Santa Sé • Vaticano • Ecumenismo Evangelização • Espiritualidade • Catequese Ordens e congregações religiosas • Orações Símbolos cristãos • Arquitectura cristã

Música popular • Canto gregoriano • Arte cristã

Portal sobre o Cristianismo Em 15 de Agosto de 1534, Inácio e seis outros estudantes (Pedro Fabro, Francisco Xavier, Alfonso Salmeron, Diego

Laynez, e Nicolau Bobedilla - espanhóis, e Simão Rodrigues - um português) encontraram-se na Igreja de Santa Maria,

Montmartre e fundaram a Companhia de Jesus - para "desenvolver trabalho de acompanhamento hospitalar e missionário em Jerusalém, ou para ir aonde o papa nos

enviar, sem questionar".

Santo Inácio de Loyola

Em 1537 viajaram até Itália em busca de aprovação papal da

sua nova ordem. O Papa Paulo III concedeu-lhes a recomendação e autorizou que fossem ordenados padres, o

que sucedeu em Veneza, pelo bispo de Arbe, em 24 de Junho. Devotaram-se inicialmente a pregar e em obras de caridade em Itália. A guerra reatada entre o imperador, Veneza, o papa e os Turcos (Seljuk), tornava qualquer viagem até

Jerusalém pouco aconselhável.

54

Regimini militantis Ecclesiae

Na companhia de Faber e Lainez, Inácio viajou até Roma em Outubro de 1538, pedir ao papa a aprovação da ordem. A

congregação de cardeais deu parecer positivo à constituição apresentada, e em 27 de Setembro de 1540, Paulo III confirmou a ordem através da Bula "Regimini

militantis Ecclesiae", que integra a "Fórmula do Instituto" onde está contida a legislação substancial da

Ordem, cujo número de membros foi limitado a 60. A limitação foi porém posteriormente abolida pela bula

Injunctum nobis de 14 de Março de 1543. Inácio de Loyola foi escolhido para servir como primeiro superior geral.

Ele enviou os seus companheiros e missionários para vários países europeus, com o fim de criar escolas, liceus e

seminários. Inácio de Loyola escreveu as constituições jesuítas, adoptadas em 1554, que deram origem a uma organização rigidamente disciplinada, enfatizando a absoluta auto-

abnegação e a obediência ao Papa e os superiores hierárquicos (perinde ac cadaver, disciplinado como um cadáver, nas palavras de Inácio). O seu grande princípio tornou-se o lema dos jesuítas: "Ad maiorem Dei gloriam"

("à maior glória de Deus")

Os jesuítas foram fundados no seguimento da reforma Católica (também chamada

Obra inicial

Contra-Reforma), um movimento reacionário à Reforma Protestante, cujas doutrinas se tornavam cada vez mais conhecidas através da Europa, em parte graças à recente invenção da imprensa. Os Jesuítas pregaram a obediência total às escrituras e à doutrina da

igreja, tendo Inácio de Loyola declarado: "Acredito que o branco que eu vejo é negro, se a hierarquia da igreja assim o tiver determinado"

Uma das principais ferramentas dos Jesuítas era o retiro espiritual de Inácio. Neste, várias pessoas reúnem-se sob

a orientação de um padre durante uma semana ou mais, permanecendo em silêncio enquanto atendendo a palestras e submetendo-se a exercícios espirituais para se tornarem pessoas melhores. Por exemplo, houve uma conferência e meditações acerca das nossas mortes iminentes, entre

outras. Também pregaram que as decorações e a ostentação em geral

nas cerimónias do catolicismo (desprezadas pelos Luteranos) deviam ser acentuadas e abundantemente

financiadas. Os jesuítas conseguíram obter grande influência na

sociedade nos períodos iniciais da idade moderna (séculos

55

XVI e XVII) porque os padres jesuítas foram por muitas vezes os educadores e confessores dos reis dessa altura. (Ver D. Sebastião de Portugal, por exemplo). Os jesuítas foram uma força líder da Contra-Reforma, em parte devido à sua estrutura relativamente livre (sem os requerimentos da vida entre a comunidade nem do ofício sagrado), o que lhes permitiu uma certa flexibilidade operacional. Em cidades

alemãs, por exemplo, os jesuítas tiveram um papel batalhador, contribuindo para a repressão de quaisquer

revoltas inspiradas pela doutrina de Martinho Lutero. Ver Munique ou Bona por exemplo, cidades que apesar de

iniciais simpatias por Lutero, permaneceram um bastião católico, em grande parte pelo empenho de jesuítas.

Em

Expansão

Portugal - o caráter de milícia era evidente, acabando a Companhia por se tornar a arma mais poderosa da Contra-Reforma. D. João III, aconselhado por André de Gouveia, solicitou a Loiola o envio de irmãos para a evangelização do Oriente, tendo chegado a Portugal, ainda em 1540, o basco Francisco Xavier (depois São Francisco Xavier) e o português Simão Rodrigues. Este permaneceu no reino e aquele partiu para o Oriente em missão evangélica,

chegando ao Ceilão e às Molucas em 1548, tocando a China em 1552. As missões iniciais ao Japão obtiveram como

resultado a concessão aos jesuítas do enclave feudal em Nagasaki em 1580. No entanto, o receio em relação a

crescente influência da ordem, fez com que este privilégio fosse abolido no ano de 1587.

Dois jesuítas missionários, Gruber e D'Orville, chegaram a Lassa, no Tibete, em 1661. Na China do século XVIII, os

jesuítas estiveram envolvidos na chamada questão dos ritos chineses.

Os jesuítas penetraram no Congo (1547), no Marrocos (1548), na Etiópia (1555).

Simão Rodrigues, enquanto isso, criara a primeira casa em Portugal em 1542, concretamente o Colégio de Santo Antão o

Velho, em Lisboa, logo se seguindo outros em Coimbra (1542), Évora (1551) e de novo Lisboa (1553). Em 1555 foi-lhes entregue o Colégio das Artes em Coimbra e em 1559 a Universidade de Évora. Depressa muitos poderosos passaram

a querer jesuítas como confessores.

Desde

Na América do Sul

1549 chegara ao Brasil (Bahia) o primeiro grupo de seis missionários liderados por Manuel da Nóbrega,

trazidos pelo governador-geral Tomé de Sousa. Certamente a maior obra jesuítica em terras brasileira consistiu na

fundação de São Paulo de Piratininga e seu famoso colégio, ponto de nascimento da expansão territorial e colonização

do interior do país. As missões jesuítas na América Latina foram controversas na Europa, especialmente em Espanha e em Portugal, onde eram vistas como interferência com a acção dos reinos governantes. Os jesuítas opuseram-se várias vezes à escravidão indígena. Eles fundaram uma série de

aldeamentos missionários, chamados Missões ou Misiones no

56

sul do Brasil, ou ainda reducciones, no Paraguai, que eram organizados de acordo com o ideal católico, mais tarde

destruídos por espanhóis, e principalmente portugueses, à cata de escravos.

Segundo o historiador Manuel Maurício de Almeida, desde o fim do século XVI houve expansão hispano-jesuítica a

partir de Asunción (Assunção) no atual Paraguai, em três frentes pioneiras: 1 - rumo ao sul do Mato Grosso. Fundada

a vila de Santiago de Jerez, que seria o centro da Província de Nueva Vizcaya, havia missões que aldeavam os

representantes das comunidades primitivas do Itatim. Projeto com apoio do Estado e da Igreja, para assegurar o controle do vale do rio Paraguai e articular as missões do Itatim com as de Mojos e Chiquitos, de modo a assegurar proteção ao altiplano mineiro na atual Bolívia. 2 - em trechos do atual território do Estado do Rio Grande do

Sul, no Brasil, aldeias do Tape, Uruguai e Sierra. 3 - do Paraná, onde se fundou na Provincia del Guairá e a Villa

Real del Espiritu Santo. As missões na América do Sul eram unidades de produção autosuficientes, com relação de produção do tipo feudal. Cada família cultivava em regime de posse individual e coletiva porções de terra. A retribuição era sempre representada por produtos, realizados coletivamente (tupambaé, "parte de Deus") ou nas terras de posse familiar (abambaé,"parte das pessoas"). O que era

reservado à reprodução do sistema econômico, ou comércio, constituía tabambaé ou "parte da aldeia". Havia um cabido rudimentar, presidido por um corregedor indígena eleito pela comunidade. A ideologia religiosa era católica.

Com a ocupação dos portos negreiros na África, São Jorge de Mina, São Tomé e São Paulo de Luanda, pelos holandeses, o apresamento de índios se expandiu na segunda metade do século XVII para muito além das vizinhanças do planalto de Piratininga, força de trabalho escrava mais lucrativa -

principalmente Guaiará. Autoridades espanholas favoreceram mesmo, na vigência da União Ibérica, a destruição das

missões. Em 30 de julho de 1609, uma lei de Filipe III declarou livres todos os índios. Sob influência da Companhia de Jesus, a escravidão era proibida mas se mantinha sobre

eles a jurisdição dos jesuítas. Houve reclamações tamanhas, por se ter desordenado a economia da colônia, principalmente do Rio de Janeiro e de São Paulo, que a Coroa retrocedeu, por lei de 10 de janeiro de 1611 ao

regime anterior, os escravos sendo prisioneiros de guerra justa. Foi sempre a principal causa dos conflitos entre o povo e os jesuítas. A ficção legal era a do resgate, o troco de índios das tribos que os houvessem tomado em guerra para salvá-los da morte e convertê-los - um eufemismo. A ação dos jesuítas resultava em simples

transferência da escravidão em favor da Companhia, que os tratava porém com grande humanidade.

Os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549 e começaram sua catequese erguendo um colégio em Salvador da Bahia,

fundando a Província Brasileira da Companhia de Jesus. Cinquenta anos mais tarde já tinham colégios pelo litoral,

Atuação no Brasil

57

de Santa Catarina ao Ceará. Quando o marquês de Pombal os expulsou em 1760, eram 670 por todo o país, distribuídos

em aldeias, missões, colégios e conventos.

As Cortes iluministas da Europa opuseram-se aos ensinamentos e influência da Companhia de Jesus, tendo sido Portugal, por iniciativa do

Expulsão e extinção

Marquês de Pombal o primeiro país de onde foram expulsos em 1759 acusados pelo Ministro de estarem envolvidos na tentativa de regicídio

do ano anterior. Luis XV de França também expulsou a Companhia em 1763 do país seguido em 1767 por Carlos III de Espanha através da

Pragmática Sanção. Estas cortes juntaram-se na pressão sobre o Papado para

suprimir a Companhia, o que veio a acontecer em 1773, pelo Papa Clemente XIV através da Bula Dominus ac Redemptor. Em Portugal e nas Cortes Borbónicas muitos Jesuítas foram presos ou mesmo condenados a suplícios como é o caso do Pe. Gabriel malagrida enquanto que outros ingressaram no

clero secular ou em outras ordens. O Superior Geral da Companhia, Lorenzo Ricci, juntamente com o seu Conselho Geral foram feitos prisioneiros no

Castelo Sant'Angelo (Roma) sem julgamento prévio. Muitos monarcas europeus, no entanto, não observaram a Dominus ac Redemptor como é o caso da Rússia (onde a liderança da igreja ortodoxa recusou reconhecer a

autoridade papal), Polónia, Prúsia e Inglaterra. A Czarina Catarina, a Grande da Rússia viu na ocasião a oportunidade de atrair os membros da Companhia, gente de grande cultura e estudos, ao seu país, o que muito veio a beneficiar a

cultura Russa. Na altura da supressão havia 5 assistências, 39

províncias, 669 colégios, 237 casas de formação, 335 residências missionárias, 273 missões e 22589 membros.

Depois de suprimida pelo Papa Restauração da Companhia

Clemente XIV em Julho de 1773, a Companhia de Jesus manteve-se na Rússia. Nessa

altura milhões de Católicos, incluindo numerosos Jesuítas, viviam nas províncias Polacas da Rússia. Aí a Companhia manteve intensa actividade religiosa, de ensino e de

missionação. Deste modo, o Papa Pio VI vem a autorizar formalmente a existência da Companhia de Jesus na Polónia e Rússia, o que leva os Jesuítas a elegerem Stanislaus Czerniewicz como seu superior em 1782. Finalmente, cabe ao Papa Pio VII a restauração da Companhia de Jesus em 1814 pela

encíclica Sollicitudo omnium ecclesiarum. O Superior Geral Thaddeus Brzozowski, que havia sido eleito em 1805,

adquiriu então jurisdição universal. Durante o século XIX e XX a Companhia de Jesus voltou a crescer enormemente até aos anos 50 do século XX, quando atingiu o pico. Desde aí, seguindo a quebra de vocações na Igreja Católica, o número de Jesuítas também tem vindo a

decrescer.

Hoje em dia os Jesuítas formam a maior ordem religiosa da Os Jesuítas hoje

Igreja Católica. Conta com 19.216 membros espalhados por

58

112 países e 6 continentes. A Companhia caracteriza-se pela sua forte ligação ao ensino, com numerosos

estabelecimentos de ensino, incluindo ensino superior. Sob a direcção do Superior Geral Pedro Arrupe, a Companhia de Jesus privilegiou a defesa dos direitos humanos o que

levou alguns dos seus membros a serem rotulados como subversivos e perseguidos. Tal foi o caso de 6 Jesuítas

mortos pelo exército Salvadorenho a 16 de Novembro de 1989 no campus universitárioda Universidade da América Central,

em San Salvador. A 19de Janeiro de 2008, Adolfo Nicolás foi eleito para

suceder a Peter Hans Kolvenbach como 30º Superior Geral da Companhia de Jesus, o que foi logo reconhecido pelo Papa

Bento XVI.

Nove padres jesuítas foram formalmente reconhecidos como heróis do

Jesuítas e o Holocausto

Holocausto pelo Yad Vashem, a autoridade israelita em favor da memória dos Mártires e Heróis do

Holocausto, por levarem a cabo todos os esforços possíveis para salvar e dar asilo a judeus durante a Segunda Grande

Guerra Mundial. [1]

Os jesuítas estão presentes, desde a primeira hora, nos novos mundos que se abrem à actividade missionária da

época.

Jesuítas célebres

São Francisco Xavier percorre a Índia, Indonésia, Japão e chega às portas da China; João Nunes Barreto e

Andrés de Oviedo empreendem a fracassada missão da Etiópia; Padre Manuel da Nóbrega, o Beato José de Anchieta e muitos outros ajudam a fundar as primeiras cidades do Brasil: (Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro) com exceção

de São Vicente que lhes é anterior.

Acima das inevitáveis ambiguidades, as missões dos jesuítas impressionam pelo espírito de inculturação (adaptação à cultura do povo a quem se dirigem). As

Reduções do

Outras considerações

Paraguai e a adoção dos ritos malabares e chineses são os exemplos mais significativos.

A actividade educativa tornou-se logo a principal tarefa dos jesuítas. A gratuidade do ensino da antiga Companhia favoreceu a expansão dos seus Colégios. Em 1556, à morte de Santo Inácio, eram já 46. No final do século XVI, o

número de Colégios elevou-se a 372. A experiência pedagógica dos jesuítas sintetizou-se num conjunto de

normas e estratégias, chamado a "Ratio Studiorum" (Ordem dos Estudos), que visa à formação integral do homem

cristão, de acordo com a fé e a cultura daquele tempo. Os primeiros jesuítas participaram activamente da Reforma Católica e do esforço de renovação teológica da Igreja Católica, frente à Reforma Protestante. No Concílio de Trento, destacaram-se dois companheiros de Santo Inácio (Laínez e Salmerón). Desejando levar a fé a todos os

campos do saber, os jesuítas dedicaram-se às mais diversas ciências e artes: Matemática, Física, Astronomia... Entre

os nomes de crateras da Lua há mais de 30 nomes de jesuítas. No campo do Direito, Suarez e seus discípulos desenvolveram a doutrina da origem popular do poder. Na

59

Arquitetura, destacaram-se muitos irmãos jesuítas, combinando o estilo barroco da época com um estilo mais

funcional.

• 1 - TEIXEIRA ( Drº. António José ) - DOCUMENTOS / PARA A / HISTORIA DOS JESUITAS / EM PORTUGAL / COLLIGIDOS PELO LENTE DE MATHEMATICA / … / COIMBRA / IMPRENSA DA UNIVERSIDADE / 1899. O autor nasceu em Coimbra a

Bibliografia

25 de Junho de 1830, vindo a morrer no Luso a 19 de Agosto de 1900. Neste trabalho estão compilados documentos sobre acção da Companhia à frente da Universidade de Coimbra. • 2 "Global capitalism, liberation theology, and the social sciences: An analysis of the contradictions of

modernity at the turn of the millennium" Editors: Müller, Andreas, Tausch, Arno; Zulehner, Paul Michael and Wickens, Henry. Nova Science Publishers (Commack, N.Y.), 1999,(ISBN 1560726792), especialmente: Ch. 2 Judaism, Christianity and Islam: An Introductory Approach to their Real or

Supposed Specificities by a Non-Theologian (Samir Amin) 29; Ch. 3 Economics and Theology, Reflections on the Market, Globalization and the Kingdom of God (Jung Mo

Sung) 47; Ch. 4 Saint Francis and Capitalist Modernity. A View from the South (Alberto da Silva Moreira) 61; Ch. 5

Feminism in the Country of Liberation Theology: Peru (Krystyna Tausch) 79; Ch. 6 Ethical, Biblical and

Theological Aspects of Foreign Debt (Andreas Müller) 91; Ch. 7 Raul Prebisch's Contribution to a Humane World

(Steffen Flechsig) 103; Ch. 9 Development in the Light of Recent Debates about Development Theory (S. Mansoob

Murshed) 153; Ch. 11 Towards a Theology of the Democratization of Europe (Severin Renoldner) 187; Ch. 12 The Race to the Bottom (Robert J. Ross) 199 ; and Ch. 13 New Departures. On the Social Positioning of the Christian Churches Before and After Communism in Central and Eastern

Europe (Paul M. Zulehner) 215 • 3 - LEITE, Pe. Serafim. História da Companhia de

Jesus no Brasil. 10 vols.: Lisboa/Rio de Janeiro, Livraria Portugália/Civilização Brasileira, 1938-1950.

Bispos jesuítas

• Ferdinand Verbiest, jesuíta e matemático francês

Referências 1. ↑ Hiatt Holocaust Collection

Ver também

• António Vieira

• Missões • CAMTIL - Associação de Campos de Férias apoiados pela

Companhia de Jesus • Campinácios - Campos de Férias dos colégios da

Companhia de Jesus • Gambozinos - Movimento de voluntariado da Companhia

de Jesus A HISTÓRIA DOS MAÇONS

60

Maçonaria Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Símbolos maçônicos

A maçonaria é uma associação de carácter universal, cujos membros cultivam a filantropia,

justiça social, aclassismo, humanidade, os princípios da liberdade, democracia e igualdade, aperfeiçoamento intelectual e fraternidade, é assim uma associação iniciática, filosófica,

filantrópica e educativa. Os maçons estruturam-se e reúnem-se em células autónomas, designadas por oficinas, ateliers ou (como são mais conhecidas e correctamente designadas) Lojas, "todas iguais em direitos e honras, e independentes entre si".

Sendo uma associação iniciática utiliza diversos símbolos, de entre estes alguns são conhecidos. Cada Loja Maçónica é composta pelo Venerável

Mestre (ou Presidente), que preside e orienta as sessões, pelo Primeiro Vigilante, que conduz os trabalhos e trata da organização e disciplina em geral e pelo Segundo Vigilante, que instrui os

aprendizes. O Orador, que sumariza os trabalhos e reúne as conclusões é coadjuvado pelo Secretário, que redige as actas e trata da sua conservação e é responsável pelas relações administrativas entre a loja e a obediência e junto com o Venerável Mestre

encontram-se a Oriente conjuntamente com o Venerável Mestre. O Mestre de Cerimônias, que introduz os irmãos na loja e conduz aos seus lugares os visitantes, e ajuda o Experto nas

cerimônias de iniciação, o Tesoureiro, que recebe as quotizações e outros fundos da loja e vela pela sua organização financeira e por fim o Guarda do Templo (que nalguns Ritos e lojas é só externo

noutros é externo e interno e ainda noutros ambos são ocupados por irmãos diferentes) e que vela pela entrada do Templo são outros oficiais

igualmente importantes. Os cargos do Venerável Mestre ao Secretário são chamados as luzes da

oficina.

61

Origens

Indumentária utilizada pelos franco-maçons em suas

lojas A maçonaria universal utiliza o sistema de graus para transmitir os seus ensinamentos, cujo acesso é obtido por meio de uma Iniciação a cada grau e

os ensinamentos são transmitidos através de representações e símbolos.

O nome "maçonaria" provém do francês maçonnerie ou do inglês masonry que significa "construção". Esta construção é feita pelos maçons nas suas Lojas (Lodges), alguns autores dizem que a palavra é mais antiga e teria origem na expressão copta Phree Messen (Franco-maçon), cujo significado é

"filhos da luz". Na Idade Média havia dois tipos de pedreiros; o rough mason (pedreiro bruto) que trabalhava com a

pedra sem lhe extrair forma ou polimento e o Freemason (pedreiro livre) que detinha o segredo

de polir a pedra bruta. A maçonaria simbólica compreende três graus;

• Aprendiz • Companheiro

• Mestre

Colunas maçónicas

A maçonaria, como a conhecemos hoje, segundo o Dicionário da Maçonaria, de Joaquim Gervásio de Figueiredo, no verbete Franco-maçonaria, "foi fundada em 24 de junho de 1717, em Londres". O

termo maçon, segundo o mesmo Dicionário, provém do inglês mason e do francês maçon, que quer dizer

62

'pedreiro', e do alemão metz, 'cortador de pedra'. A origem da maçonaria está ligada às lendas de

Ísis e Osíris, Egito; ao culto a Mitra, vindo até a Ordem dos Templários e a Fraternidade Rosa Cruz. Em 1723, O Rev. Anglicano James Anderson publicou as Constituições da Maçonaria, sendo até hoje documentos universalmente aceites como base de

todas as lojas maçônicas.

De entre os principais, praticados no

Ritos Os ritos compostos por procedimentos

ritualísticos, são métodos utilizados para transmitir os ensinamentos e organizar as

cerimónias maçônicas. Brasil,

destacam-se: • Rito Escocês Antigo e Aceito;

• Rito de York; • Rito Schröder; • Rito Moderno;

• Rito Brasileiro; • Rito Adonhiramita;

• Rito Escocês Retificado. • Rito Memphis Misraim.

Já em Portugal, os principais utilizados são: • Rito Escocês Antigo e Aceito;

• Rito de York; • Rito Moderno;

• Rito Escocês Retificado; No mundo existiram mais de duzentos ritos, pouco mais de cinquenta são praticados actualmente, porém os mais utilizados são o Rito de York, o Rito Escocês Antigo e Aceito e o Rito Moderno (também chamado de Rito Francês ou Moderno na

Europa), juntos estes três ritos detém como seus praticantes mais de 99% dos maçons operativos, outro tipo de Ritos maçônicos menos comuns destacam-se pela abordagem mais esotérica e espiritualista como é por exemplo o rito denominado por Rito de Memphis-Misraim.

Graus A maçonaria é composta por Graus Simbólicos e Filosóficos, variando o seu nome e o âmbito de

Rito para Rito. A constituição dos três primeiros graus é

obrigatória e está prevista nos landmarks da Ordem, são a saber, Aprendiz, Companheiro e

Mestre. O trabalho realizado nos graus ditos "superiores" ou filosóficos é optativo e de caráter filosófico. Existem diversos sistemas de graus superiores, como o de 33 graus do Rito Escocês Antigo e

63

Aceito, o de 13 graus do Rito de York e do Adoniramita, o de 7 graus do Rito Moderno e do

Rito Escocês Rectificado.

A Maçonaria Simbólica (aquela que reúne os três primeiros graus) se divide em

Obediências

Obediências Maçônicas designadas de Grande Loja, Grande

Oriente ou Ordem, que são unidades administrativas diferentes, que agrupam diversas Lojas, mas que

propagam os mesmos ideais. Além da Maçonaria Simbólica, e conforme o rito

praticado, existem os Altos Graus, que se subordinam a outras entidades, assim e por

exemplo, os Altos Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito estão sob a égide tutelar de um Supremo

Conselho, geralmente um por país, sendo comum que os Supremos Conselhos mantenham relações de reconhecimento entre si, bem como celebrem

tratados com os corpos da maçonaria simbólica. A Regularidade maçónica

Constituição de Anderson - 1723

A Maçonaria Universal, regular ou tradicional, é a que professa pela via sagrada, independentemente

do seu credo religioso, trabalha na sua Loja sob a invocação do Grande Arquitecto do Universo, sobre os livros sagrados, o esquadro e o compasso. A necessária presença de mais do que um livro sagrado no altar de juramento, reflecte

exactamente o espírito tolerante da maçonaria Universal e regular.

A simbologia representada pelo esquadro e no compasso representando no seu interior o acrónimo "G" de Grande Arquitecto do Universo representa exactamente a regularidade e a crença no Grande

Arquitecto do Universo. São os regulamentos consagrados na Constituição de Anderson, considerados o fundamento e pilar da maçonaria moderna que obrigam à crença em Deus.

Consequentemente, o não cumprimento deste critério fica desde logo designada a actividade maçónica

como irregular. Para ser membro da maçonaria não basta a

autoproclamação, por isso é necessário um convite formal e é obrigatório que o indivíduo seja

iniciado por outros maçons. Mantém o seu estatuto desde que cumpra com os seus juramentos e

obrigações, sejam elas esotéricas ou simbólicas e

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esteja integrado numa Loja, regular, numa Grande Loja ou num Grande Oriente, devidamente consagrados, segundo as terminologias

tradicionais, ditadas pelos Landmarks da Constituição de Anderson [1]

No Brasil

Gravura por John Pine

A Origem da maçonaria brasileira remonta o princípio do Século XIX, sendo a primeira Loja fundada em 1802 pelo botânico Manoel Arruda Câmara, com o nome de Areópago de Itambé.

Os critérios para a atribuição da regularidade maçónica institucionalmente são a filiação e reconhecimento quer pela Grande Loja Unida da

Inglaterra quer por um Grande Oriente ou Grandes Lojas que trabalhem na crença em Deus e obedeçam

aos critérios estabelecidos nos Landmarks.[2] • GOB - Grande Oriente do Brasil[3]

• GLMERJ - Grande Loja do Estado do Rio de Janeiro - Vinculada à

;

CMSB [3]; • GLESP - Grande Loja Maçônica de São Paulo -

Vinculada à CMSB [3]; • GLMEMS - Grande Loja Maçônica do Estado de

Mato Grosso do Sul - Vinculada à CMSB [3]; Existem também Obediências Maçônicas que não necessitam ou professam a crença no Grande

Arquitecto do Universo, não seguem a directiva adoptada pela Constituição de Anderson e os princípios que orientam a Maçonaria Regular optando por não querer obter o reconhecimento

internacional da GLUI ou por não se enquadrarem no espírito dos mesmos ou por terem outros critérios maçónicos de reconhecimento. Esta "irregularidade" não significa de todo que estas Obediências não desempenhem um sério trabalho de filantropia, de

engrandecimento do ser humano, e da própria sociedade em que se inserem. As mesmas inserem-se

nas seguintes Organizações inter-maçônicas:

Loja maçônica em Avaré, no interior do estado de

São Paulo.

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• Grande Loja Unida do Paraná; • Grande Loja Maçonica Mista do Brasil;

• Grande Loja Arquitetos de Aquário – GLADA. • Ordem Maçônica Mista Internacional "Le Droit

Humain" - Presente através da sua Federação Brasileira.

Obediências Maçônicas históricas e exclusivamente masculinas do Brasil (por antiguidade histórica):

• CMSB - Confederação da Maçonaria Simbólica Brasileira. - Reúne uma Grande Loja em cada estado brasileiro. É uma dissidência nos

quadros do GOB em 1966; • Confederação Maçônica do Brasil - COMAB.- Tem

relações fraternais com o Grande Oriente Lusitano e congrega Grandes Orientes

Estaduais. Surgiu com a dissidência em 1973, do GOB.

Em Portugal

Trabalho em Loja

Por antiguidade histórica:

• Grande Oriente Lusitano (CLIPSAS); • Federação Portuguesa da Ordem Maçónica Mista

Internacional "Le Droit Humain" - O Direito Humano;

• Grande Loja Regular de Portugal; • Grande Loja Legal de Portugal;

• Casa Real dos Pedreiros Livres da Lusitânia; • Grande Loja Feminina de Portugal: Pertence ao

CLIMAF - Centro de Ligação Internacional das Maçonarias Femininas que congrega apenas e só

Obediências Maçônicas femininas; • Grande Loja Tradicional de Portugal;

• Grande Loja Nacional Portuguesa; • Grande Loja Maçónica Mista Portuguesa: Corpo

português do Grande Oriente Ibérico. Controvérsias sobre a Maçonaria

Seita A Maçonaria não diverge de nenhuma ideologia dominante, pois os seus membros são de várias

ideologias, nem é herética, pois não faz escolhas contrárias ou diferente de um credo ou sistema religioso que pressuponha um sistema doutrinal

organizado, ortodoxo, aliás deixa aos seus membros

66

a liberdade de culto exterior e interna para além de que não promove qualquer "deturpação" de sistemas filosóficos instituídos, ideologias políticas, paradigmas científicos, movimentos

artísticos, ou outros como até os influenciou nos últimos séculos. Muito antes de haver democracia nas sociedades já na Maçonaria se elegiam nas Lojas os seus Mestres oficiais e as Obediências Maçônicas os seus órgãos de gestão interna. Ao pedir-se a admissão a qualquer Obediência Maçônica é costume dizer-se ao candidato que

procure não sair antes de ter completado os três anos, pois é considerado o tempo mínimo para conhecer o essencial de qualquer Obediência

Maçônica, isso é pedido porque existem substânciais diferenças entre a Maçonaria e uma

seita, a saber: • Para uma seita entra-se com muita facilidade e

é muito difícil de se sair, na maçonaria é precisamente ao contrário;

• Na maçonaria e ao contrário do que é usual em seitas, não há Gurus, até se costumam dizer a todos até aos não iniciados, que a maçonaria é

o Mestre de cada um de nós; • O único dogma aceite é que se deve sempre

obedecer à própria consciência. Laicismo e ateísmo

A Maçonaria é de facto e na sua esmagadora generalidade (pois poderá haver Obediências Maçônicas que não o promovem) constituída por Obediências Maçônicas laicas, e o termo laico

muitas vezes é confundido erroneamente com o termo ateu, existem provavelmente mais maçons crentes do que ateus (estes serão uma minoria) mas os ateus

são tal como os agnósticos tolerados e aceites nas Obediências Maçônicas de espírito liberal e adogmático. Uma organização laica é uma

organização que promove o laicismo, é referido que esta visão filosofica não deve ser confundida com o ateísmo de Estado porque e bem não o promove, aliás os valores primaciais do laicismo são a liberdade de consciência, a igualdade entre

cidadãos em matéria religiosa, e a origem humana e democraticamente estabelecida das leis do Estado,

por isso Constituições de muitos países são promotoras do Laicismo e o Estado nestas declara-se Laico. A maçonaria deste modo ao ser Laica

promove deste modo apenas e só uma sociedade mais tolerante e não um ou outro ponto de vista

religioso, o que seria o caso se defendesse o ateísmo, pois este é apenas mais um ponto de vista

67

religioso, que não é partilhado por uma grande maioria de maçons.

Segredo e Reuniões reservadas Quem é filiado a uma loja maçónica fez um

juramento solene de não revelar os conhecimentos adquiridos senão para outro iniciado. Isso

propiciou críticas, de que não se podia contar por ser algo impróprio. Mas o segredo é o de todo o iniciado, ou seja, um segredo de experimentação

própria, nas várias iniciações a que é submetido e na aprendizagem do prosseguimento do seu caminho

que é pessoal e intransmissível, esse é o verdadeiro segredo maçónico, o resto são interpretações febris ou mais ou menos

mistificadas dos detractores da maçonaria no seu conjunto. Porque é que os não iniciados não podem

assistir as reuniões? Muitas associações não permitem que não associados participem de seus encontros, não só os maçons. As Obediências

Maçônicas são associações legalizadas nos países onde actuam, se permitido.

Satanismo Diversas personalidades, relevantes na história da

humanidade, foram ou são maçons, ainda que as opiniões sobre algumas dessas pessoas sejam divergentes, como: Augusto Pinochet, Marechal Carmona, Salvador Allende e Norton de Matos. Muitos, ainda hoje, acreditam piamente que os

maçons ao serem iniciados entregam a sua alma ao Diabo, assinando com seu próprio sangue um termo de compromisso. Boatos assim foram espalhados por inimigos da maçonaria mas não encontram respaldo

nos fatos. Bibliografia

• BOUCHER, Jules. La Symbolique maçonnique, Editeur Dervy, 1990,

Geral

ISBN 2850765104; • BESOUCHET, Lídia. José Maria Paranhos: Visconde do Rio Branco: ensaio histórico-

biográfico/ Tradução de Vera Mourão - Rio de Janeiro:Nova Fronteira;[Brasília]: INL, 1985; • PIGEARD, Alain e outros. Os Franco-Mações,

2003 (1.ª Ed.), Editora Pregaminho, ISBN 972-711-429-6 (Traduzido da edição original: Les Francs-

Maçons, Éditions Tallandier, Paris, 1998). Em Portugal

• ARNAUT, António. Introdução à Maçonaria, 2000, Coimbra Editora, ISBN 9789723214161.

• CARVALHO, António Carlos. Para a história da maçonaria em Portugal (1913-1935): alguns

subsídios recolhidos por António Carlos Carvalho.

68

Lisboa, Editorial Veja, 1976. • DIAS, Graça Silva; DIAS, J. S. da Silva. Os primórdios da maçonaria em Portugal. Lisboa, Instituto Nacional de Investigação Científica,

1980, 2 volumes, 4 tomos. • MARQUES, A. H. de Oliveira. A maçonaria em

Portugal. Lisboa, Gradiva, 1998. ISBN 978-972-662-644-2.

• MARQUES, A. H. de Oliveira. Dicionário de maçonaria portuguesa. Lisboa, Editorial Delta, 2

vols., 1986 • MARQUES, A. H. de Oliveira (apresentação, introdução e anotações). Figurinos maçónicos oitocentistas: um «guia» de 1841-42. Lisboa,

Editorial Estampa, 1983. • MARQUES, A. H. de Oliveira; DIAS, João José

Alves. História da maçonaria em Portugal: o Volume I: Das origens ao triunfo. Lisboa, Editorial Presença, 1990. ISBN 978-972-23-1226-4. o Volume II, Política e maçonaria: 1820-

1869, 1.ª parte. Lisboa, Editorial Presença, 1996. ISBN 978-972-23-2124-2.

o Volume III, Política e maçonaria: 1820-1869, 2.ª parte. Lisboa, Editorial Presença, 1997.

ISBN 978-972-23-2163-1. • MATOS, Jorge de. O pensamento maçónico de Fernando Pessoa. Lisboa, Hugin, 2.ª ed., 1977.

Prefácio de José Manuel Anes. ISBN 978-972-8310-28-8.

Referências 1. ↑ http://www.maconaria.net/landmarks.shtml 2. ↑ http://www.maconaria.net/landmarks.shtml

3. ↑ 3,0 3,1 3,2 3,3 Obediências no Brasil reconhecidas pela Grande Loja Unida da

Inglaterra:http://www.ugle.org.uk/provinces/olodges/samerica.htm Ver também

• Graus maçônicos • Ordem DeMolay • Filhas de Jó

• Ordem Internacional do Arco-Íris para Meninas • Estrela do Oriente

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A GLOBALIZAÇÃO DOS BANQUEIROS

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Globalização Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A globalização é um dos processos de aprofundamento da integração econômica,

social, cultural, política, com o barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países do mundo no final do século XX e início do século XXI. É um fenômeno gerado pela necessidade da dinâmica do capitalismo de formar uma aldeia global que

permita maiores mercados para os países centrais (ditos desenvolvidos) cujos mercados internos já estão saturados. O processo de Globalização diz respeito à forma como os

países interagem e aproximam pessoas, ou seja, interliga o mundo, levando em consideração aspectos econômicos, sociais, culturais e políticos. Com isso, gerando a fase da expansão capitalista, onde é possível realizar transações financeiras, expandir seu negócio até então restrito ao seu mercado de atuação para mercados distantes e emergentes, sem necessariamente um investimento alto de capital financeiro, pois a comunicação no mundo globalizado permite tal expansão, porém, obtêm-se como

conseqüência o aumento acirrado da concorrência.

A globalização é um fenômeno capitalista e complexo que começou na época dos História

Descobrimentos e que se desenvolveu a partir da Revolução Industrial. Mas o seu conteúdo passou despercebido por muito tempo, e hoje muitos economistas analisam a globalização como resultado do pós Segunda Guerra Mundial, ou como resultado da

Revolução Tecnológica. Sua origem pode ser traçada do período mercantilista iniciado aproximadamente no

século XV e durando até o século XVIII, com a queda dos custos de transporte marítimo, e aumento da complexidade das relações políticas européias durante o

período. Este período viu grande aumento no fluxo de força de trabalho entre os países e continentes, particularmente nas novas colônias européias.

Já em meio à Segunda Guerra Mundial surgiu, em 1941, um dos primeiros sintomas da globalização das comunicações: o pacote cultural-ideológico dos Estados Unidos incluia várias edições diárias de O Repórter Esso , uma síntese noticiosa de cinco

minutos rigidamente cronometrados, a primeira de caráter global, transmitido em 14 países do continente americano por 59 estações de rádio, constituindo-se na mais ampla

rede radiofônica mundial [1]. É tido como início da globalização moderna o fim da Segunda Guerra mundial, e a

vontade de impedir que uma mostruosidade como ela ocorresse novamente no futuro, sendo que as nações vitoriosas da guerra e as devastadas potências do eixo chegaram a

conclusão que era de suma importância para o futuro da humanidade a criação de mecanismos diplomáticos e comerciais para aproximar cada vez mais as nações uma

das outras. Deste consenso nasceu as Nações Unidas, e começou a surgir o conceito de bloco econômico pouco após isso com a fundação da Comunidade Européia do Carvão

e do Aço - CECA. A necessidade de expandir seus mercados levou as nações a aos poucos começarem a

se abrir para produtos de outros países, marcando o crescimento da ideologia econômica do liberalismo.

Atualmente os grandes beneficiários da globalização são os grandes países emergentes, especialmente o BRIC, com grandes economias de exportação, grande mercado interno

e cada vez maior presença mundial[2]. Antes do BRIC, outros países fizeram uso da globalização e economias voltadas a exportação para obter rápido crescimento e chegar ao primeiro mundo, como os tigres asiáticos na década de 1980 e Japão na década de

1970[3]. Enquanto Paul Singer vê a expansão comercial e marítima européia como um caminho

pelo qual o capitalismo se desenvolveu assim como a globalização, Maria da

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Conceição Tavares aposta o seu surgimento na acentuação do mercado financeiro, com o surgimento de novos produtos financeiros.

Impacto

A característica mais notável da globalização é a presença de marcas mundiais A globalização afeta todas as áreas da sociedade, principalmente comunicação, comércio internacional e liberdade de movimentação, com diferente intensidade

dependendo do nível de desenvolvimento e integração das nações ao redor do planeta.

A globalização das comunicações tem sua face mais visível na Comunicação

internet, a rede mundial de computadores, possível graças a acordos e protocolos entre diferentes entidades

privadas da área de telecomunicações e governos no mundo. Isto permitiu um fluxo de troca de idéias e informações sem critérios na história da humanidade. Se antes uma

pessoa estava limitada a imprensa local, agora ela mesma pode se tornar parte da imprensa e observar as tendências do mundo inteiro, tendo apenas como fator de

limitação a barreira lingüística. Outra característica da globalização das comunicações é o aumento da universalização

do acesso a meios de comunicação, graças ao barateamento dos aparelhos, principalmente celulares e os de infraestrutura para as operadoras, com aumento da cobertura e incremento geral da qualidade graças a inovação tecnológica. Hoje uma

inovação criada no Japão pode aparecer no mercado português ou brasileiro em poucos dias e virar sucesso de mercado. Um exemplo da universalização do acesso a

informação pode ser o próprio Brasil, hoje com 42 milhões de telefones instalados [4], e um aumento ainda maior de número de telefone celular em relação a década de 80,

ultrapassando a barreira de 100 milhões de aparelhos em 2002. Redes de televisão e imprensa multimédia em geral também sofreram um grande

impacto da globalização. Um país com imprensa livre hoje em dia pode ter acesso, alguma vezes por televisão por assinatura ou satélite, a emissoras do mundo inteiro,

desde NHK do Japão até Cartoon Network americana. Pode-se dizer que este incremento no acesso à comunicação em massa acionado pela

globalização tem impactado até mesmo nas estruturas de poder estabelecidas, com forte conotação a democracia, ajudando pessoas antes alienadas a um pequeno grupo de

radiodifusão de informação a terem acesso a informação de todo o mundo, mostrando a elas como o mundo é e se comporta[5]

Mas infelizmente este mesmo livre fluxo de informações é tido como uma ameaça para determinados governos ou entidades religiosas com poderes na sociedade, que tem

gasto enorme quantidade de recursos para limitar o tipo de informação que seus cidadãos tem acesso.

Na China, onde a internet tem registrado crescimento espetacular, já contando com 136 milhões de usuários [6] graças à evolução, iniciada em 1978, de uma economia

centralmente planejada para uma nova economia socialista de mercado [7] , é outro exemplo de nação notória por tentar limitar a visualização de certos conteúdos

considerados "sensíveis" pelo governo, como do Protesto na Praça Tiananmem em 1989, além disso em torno de 923 sites de noticias ao redor do mundo estão

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bloqueados, incluindo CNN e BBC, sites de governos como Taiwan também são proibidos o acesso e sites de defesa da independência do Tibete. O número de pessoas presas na China por "ação subversiva" por ter publicado conteúdos críticos ao governo é estimado em mais de 40 ao ano. A própria Wikipédia já sofreu diversos bloqueios por

parte do governo chinês[8]. No Irã, Arábia Saudita e outros países islâmicos com grande influência da religião nas

esferas governamentais, a internet sofre uma enorme pressão do estado, que tenta implementar diversas vezes barreiras e dificuldades para o acesso a rede mundial,

como bloqueio de sites de redes de relacionamentos sociais como Orkut e MySpace, bloqueio de sites de noticias como CNN e BBC. Acesso a conteúdo erótico também é

proibido. Qualidade de vida

Londres, a cidade mais globalizada do planeta.

O acesso instantâneo de tecnologias, principalmente novos medicamentos, novos equipamentos cirúrgicos e técnicas, aumento na produção de alimentos e barateamento no custo dos mesmos, tem causado nas últimas décadas um aumento generalizado da longevidade dos países emergentes e desenvolvidos. De 1981 a 2001, o número de pessoas vivendo com menos de US$1 por dia caiu de 1,5 bilhão de pessoas para 1,1

bilhão, sendo a maior queda da pobreza registrada exatamente nos países mais liberais e abertos a globalização[9].

Na China, após a flexibilização de sua economia comunista centralmente planejada para uma nova economia socialista de mercado [7], e uma relativa abertura de alguns de

seus mercados, a porcentagem de pessoas vivendo com menos de US$2 caiu 50,1%, contra um aumento de 2,2% na África sub-saariana. Na América Latina, houve redução

de 22% das pessoas vivendo em pobreza extrema de 1981 até 2002[10]. Embora alguns estudos sugiram que atualmente a distribuição de renda ou está estável ou está melhorando, sendo que as nações com maior melhora são as que possuem alta

liberdade econômica pelo Índice de Liberdade Econômica[11], outros estudos mais recentes da ONU indicam que "a 'globalização' e 'liberalização', como motores do

crescimento econômico e o desenvolvimento dos países, não reduziram as desigualdades e a pobreza nas últimas décadas" [12].

Para o prêmio nobel em economia Stiglitz, a globalização, que poderia ser uma força propulsora de desenvolvimento e da redução das desigualdades internacionais, está

sendo corrompida por um comportamento hipócrita que não contribui para a construção de uma ordem econômica mais justa e para um mundo com menos

conflitos. Esta é, em síntese, a tese defendida em seu livro A globalização e seus malefícios: a promessa não-cumprida de benefícios globais [13]. Críticos argumentam que a globalização fracassou em alguns países, exatamente por motivos opostos aos

defendidos por Stiglitz: Porque foi refreada por uma influência indesejada dos governos nas taxas de juros e na reforma tributária [1].

Os efeitos no mercado de trabalho da globalização são evidentes, com a criação da modalidade de

Efeitos na indústria e serviços

outsourcing de empregos para países com mão-de-obra mais baratas para execução de serviços que não é necessário alta qualificação, com a produção

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distribuída entre vários países, seja para criação de um único produto, onde cada empresa cria uma parte, seja para criação do mesmo produto em vários países para

redução de custos e ganhar vantagem competitivas no acesso de mercados regionais. O ponto mais evidente é o que o colunista David Brooks definiu como "Era Cognitiva", onde a capacidade de uma pessoa em processar informações ficou mais importante que

sua capacidade de trabalhar como operário em uma empresa graças a automação, também conhecida como Era da Informação, uma transição da exausta era industrial

para a era pós-industrial[14]. Nicholas A. Ashford, acadêmico do MIT, conclui que a globalização aumenta o ritmo

das mudanças disruptivas nos meios de produção, tendendo a um aumento de tecnologias limpas e sustentáveis, apesar que isto irá requerer uma mudança de atitude por parte dos governos se este quiser continuar relevante mundialmente, com aumento da qualidade da educação, agir como evangelista do uso de novas tecnologias e investir

em pesquisa e desenvolvimento de ciências revolucionárias ou novas como nanotecnologia ou fusão nuclear. O acadêmico, nota porém, que a globalização por si

só não traz estes benefícios sem um governo pró-ativo nestes questões, exemplificando o cada vez mais globalizado mercados EUA, com aumento das disparidades de salários cada vez maior, e os Países Baixos, integrante da UE, que se foca no comércio dentro

da própria UE em vez de mundialmente, e as disparidades estão em redução[15].

A rigor, as

Teorias da Globalização A globalização, por ser um fenômeno espontâneo decorrente da evolução do mercado

capitalista não direcionado por uma única entidade ou pessoa, possui várias linhas teóricas que tentam explicar sua origem e seu impacto no mundo atual.

sociedades do mundo estão em processo de globalização desde o início da História, acelerado pela época dos Descobrimentos. Mas o processo histórico a que se denomina Globalização é bem mais recente, datando (dependendo da conceituação e da interpretação) do colapso do bloco socialista e o conseqüente fim da Guerra Fria (entre 1989 e 1991), do refluxo capitalista com a estagnação econômica da URSS (a

partir de 1975) ou ainda do próprio fim da Segunda Guerra Mundial. No geral a globalização é vista por alguns cientistas políticos como o movimento sob o qual se constrói o processo de ampliação da hegemonia econômica, política e cultural

ocidental sobre as demais nações. Ou ainda que a globalização é a reinvenção do processo expansionista americano no período pós guerra-fria (esta reinvenção tardaria

quase 10 anos para ganhar forma) com a imposição (forçosa ou não) dos modelos políticos (democracia), ideológico (liberalismo, hedonismo e individualismo) e

econômico (abertura de mercados e livre competição). Vale ressaltar que este projeto não é uma criação exclusiva do estado norte-americano e que tampouco atende exclusivamente aos interesses deste mas também é um projeto das empresas, em especial das grandes empresas transnacionais, e governos do mundo

inteiro. Neste ponta surge a interelação entre a Globalização e o Consenso de Washington.

O pensador Antonio Negri

italiano Antonio Negri defende, em seu livro "Império", que a nova realidade sócio-política do mundo é definida por uma forma de organização diferente

da hierarquia vertical ou das estruturas de poder "arborizadas" (ou seja, partindo de um tronco único para diversas ramificações ou galhos cada vez menores). Para Negri, esta nova dominação (que ele batiza de "Império") é constituída por redes assimétricas, e as

relações de poder se dão mais por via cultural e econômica do que uso coercitivo de força. Negri entende que entidades organizadas como redes (tais como corporações,

ONGs e até grupos terroristas) têm mais poder e mobilidade (portanto, mais chances de sobrevivência no novo ambiente) do que instituições paradigmáticas da modernidade

(como o Estado, partidos e empresas tradicionais).

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Em seu artigo “Benjamin Barber

Jihad vs. McWorld”, Benjamin Barber expõe sua visão dualista para a organização geopolítica global num futuro próximo. Os dois caminhos que ele enxerga

— não apenas como possíveis, mas também prováveis — são o do McMundo e o da Jihad. Mesmo que se utilizando de um termo específico da religião islâmica (cujo

significado, segundo ele, é genericamente “luta”, geralmente a “luta da alma contra o mal”, e por extensão “guerra santa”), Barber não vê como exclusivamente muçulmana a tendência antiglobalização e pró-tribalista, ou pró-comunitária. Ele classifica nesta

corrente inúmeros movimentos de luta contra a ação globalizante, inclusive ocidentais, como os zapatistas e outras guerrilhas latino-americanas.

Está claro que a democracia, como regime de governo particular do modo de produção da sociedade industrial, não se aplica mais à realidade contemporânea. Nem se aplicará

tampouco a quaisquer dos futuros econômicos pretendidos pelas duas tendências apontadas por Barber: ou o pré-industrialismo tribalista ou o pós-industrialismo

globalizado. Os modos de produção de ambos exigem outros tipos de organização política cujas demandas o sistema democrático não é capaz de atender.

Para Conversi, os acadêmicos ainda não chegaram a um acordo sobre o real significado do termo globalização, para o qual ainda não há uma definição coerente e universal: alguns autores se concentram nos aspectos econômicos, outros nos efeitos políticos e

legislativos, e assim por diante. Para Conversi, a 'globalização cultural' é, possivelmente, sua forma mais visível e efetiva enquanto "ela caminha na sua

trajetória letal de destruição global, removendo todas as seguranças e barreiras tradicionais em seu caminho. É também a forma de globalização que pode ser mais

facilmente identificada com uma dominação pelos

Daniele Conversi

Estados Unidos. Conversi vê uma correlação entre a globalização cultural e seu conceito gêmeo de 'segurança cultural',

tal como desenvolvido por Jean Tardiff, e outros [16] Conversi propõe a análise da 'globalização cultural' em três linhas principais: a primeira se concentra nos efeitos políticos da alterações sócio-culturais, que se

identificam com a 'ínsegurança social'. A segunda, paradoxalmente chamada de 'falha de comunicação' [16], tem como seu argumento principal o fato de que a 'ordem

mundial' atual tem uma estrutura vertical, na realidade piramidal, onde os diversos grupos sociais têm cada vez menos oportunidades de se intercomunicar, ou interagir de

maneira relevante e consoante suas tradições; de acordo com essa teoria não estaria havendo uma 'globalização' propriamente dita, mas, ao contrário, estariam sendo

construídas ligações-ponte, e estaria ocorrendo uma erosão do entendimento, sob a fachada de uma homogenização global causando o colapso da comunicação interétnica

e internacional, em consequência direta de uma 'americanização' superficial [16]. A terceira linha de análise se concentra numa forma mais real e concreta de globalização: a importância crescente da diáspora na política internacional e no nascimento do que se

chamou de 'nacionalismo de e-mail" - uma expressão criada por Benedict Anderson (1992).[17] "A expansão da Internet propiciou a criação de redes etnopolíticas que só

podem ser limitadas pelas fronteiras nacionais às custas de violações de direitos humanos" [16].

O cientista político Samuel P. Huntington

Samuel P. Huntington, ideólogo do neoconservadorismo norte-americano, enxerga a globalização como processo de expansão da cultura ocidental e do sistema capitalista sobre os demais modos de vida e de produção do mundo, que

conduziria inevitavelmente a um "choque de civilizações".

Apesar das contradições há um certo consenso a respeito das características da globalização que envolve o aumento dos riscos globais de transações financeiras, perda

Antiglobalização

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de parte da soberania dos Estados com a ênfase das organizações supra-governamentais, aumento do volume e velocidade como os recursos vêm sendo

transacionados pelo mundo, através do desenvolvimento tecnológico etc. Além das discussões que envolvem a definição do conceito, há controvérsias em

relação aos resultados da globalização [18]. Tanto podemos encontrar pessoas que se posicionam a favor como contra (movimentos antiglobalização).

A globalização é um fenômeno moderno que surgiu com a evolução dos novos meios de comunicação cada vez mais rápidos e mais eficazes. Há, no entanto, aspectos tanto

positivos quanto negativos na globalização. No que concerne aos aspectos negativos há a referir a facilidade com que tudo circula não havendo grande controle como se pode

facilmente depreender pelos atentados de 11 de Setembro nos Estados Unidos da América. Esta globalização serve para os mais fracos se equipararem aos mais fortes

pois tudo se consegue adquirir através desta grande autoestrada informacional do mundo que é a Internet. Outro dos aspectos negativos é a grande instabilidade econômica que se cria no mundo, pois qualquer fenômeno que acontece num

determinado país atinge rapidamente outros países criando-se contágios que tal como as epidemias se alastram a todos os pontos do globo como se de um único ponto se

tratasse. Os países cada vez estão mais dependentes uns dos outros e já não há possibilidade de se isolarem ou remeterem-se no seu ninho pois ninguém é imune a

estes contágios positivos ou negativos. Como aspectos positivos, temos sem sombra de dúvida, a facilidade com que as inovações se propagam entre países e continentes, o acesso fácil e rápido à informação e aos bens. Com a ressalva de que para as classes menos favorecidas economicamente, especialmente nos países em desenvolvimento

[19], esse acesso não é "fácil" (porque seu custo é elevado) e não será rápido. Referências

1. ↑ O Repórter Esso e a Globalização 2. ↑ G8: a desatualizada elite econômica do planeta

3. ↑ Globalisation and the Asia-Pacific Revival. 4. ↑ Universalização da telefônica

5. ↑ A comunicação de massa como condição para a democracia 6. ↑ China pode ultrapassar EUA em usuários de internet

7. ↑ 7,0 7,1 Economic system, fonte: China.org.cn 8. ↑ Internet na China

9. ↑ How Have the Worlds Poorest Fared Since the Early 1980s 10. ↑ Indices de pobreza do Banco Mundial

11. ↑ Global Inequality Fades as the Global Economy Grows 12. ↑ Globalização não reduz desigualdade e pobreza no mundo, diz ONU.

Agência Efe. In: Mundo, Folha online, 10/02/2007 às 08h50 13. ↑ PRADO, Luiz Carlos Delorme. A política econômica deles, e a nossa.... uma

resenha de A globalização e seus malefícios: a promessa não-cumprida de benefícios globais. Rio de Janeiro: Revista de Economia Contemporânea,

vol.11 no.3, Sept./Dec. 2007 14. ↑ The Cognitive Age

15. ↑ Sustainable Development and Globalization: New Challenges and Opportunities for Work Organization

16. ↑ 16,0 16,1 16,2 16,3 CONVERSI, Daniele. Americanization and the planetary spread of ethnic conflict : The globalization trap. in Planet Agora, dezembro

2003 - janeiro 2004 17. ↑ ANDERSON, Benedict 1992 Long-Distance Nationalism: World Capitalism

and the Rise of Identity Politics. 18. ↑ STIGLITZ, Joseph E. The pact with the devil. Beppe Grillo's Friends

interview

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19. ↑ GARDELS, Nathan.Globalização produz países ricos com pessoas pobres: Para Stiglitz, a receita para fazer esse processo funcionar é usar o

chamado "modelo escandinavo" . Economia & Negócios, O Estado de S. Paulo, 27/09/2006

"Parece absurdo pensar nisso, mas a temperatura de seu corpo, nesse exato momento, é preservada por uma roupa produzida graças ao trabalho de

milhares de pessoas em várias partes do mundo.

Por qualquer ângulo que se olhe, percebemos que cada indivíduo vive hoje numa sociedade mundial. As pessoas se alimentam, se vestem, moram, são

transportadas, se comunicam, se divertem, por meio de bens e serviços mundiais, utilizando mercadorias produzidas pelo capitalismo mundial,

globalizado.

Suponhamos que você vá com seus amigos comer um cheeseburger e tomar Coca-Cola no McDonald's. Em seguida, assista a um filme de Steven Spielber

e volte para casa num carro Ford ou num ônibus Mercedes. Ao chegar, o telefone toca. Você atende num aparelho fabricado pela Siemmens e ouve

um amigo lembrando-o de um videoclipe que começou há instantes na televisão: Michael Jackson em seu último lançamento. Você corre e liga o aparelho da marca Mitsubishi. Ao terminar o clipe, decide ouvir um CD do

grupo Simply Red gravado pela BMG Ariola Discos, de propriedade da Warner, em seu equipamento Philips.

Veja quantas empresas transnacionais estiveram presentes nesse curto

programa de algumas horas. Na verdade, não há atividades que escapem dos efeitos da globalização do capitalismo. Nem mesmo os esportes. Nem a seleção canarinho dispensa o patrocínio da Coca-Cola, símbolo estridente do

processo de globalização do capital.

A influência política da globalização chega ao ponto de entidades de direitos humanos dos Estados Unidos tomarem conhecimento da chacina de meninos

de rua, ocorrida em 1993 em frente à igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, antes mesmo do próprio governo brasileiro."

Não existe uma definição que seja aceita por todos, mas é basicamente Globalização

um processo ainda em curso de integração de economias e mercados

nacionais. No entanto, ela compreende mais do que o fluxo monetário e de mercadoria; implica a interdependência dos países e das pessoas, além da uniformização de padrões e está ocorrendo em todo o mundo, também no

espaço social e cultural. É chamada de "terceira revolução tecnológica" (processamento, difusão e transmissão de informações) e acredita-se que a

globalização define uma nova era da história humana.

As navegações e o processo colonialista constituíram momentos que permitiram à humanidade acelerar os contatos de troca de informações, de técnicas, de cultura e principalmente expandir o capitalismo e interligar os

mercados mundiais. Pode-se dizer que a multiplicação dos espaços de lucro (domínio de mercados, locais de investimento e fontes de matérias-primas)

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conduziu o mundo à globalização.

Apesar de ser um processo antigo, apenas na década de 90 a globalização se impôs como um fenômeno de dimensão realmente planetária, a partir dos Estados Unidos e da Inglaterra e de quando a tecnologia de informática se

associou à de telecomunicações. Globalização, ontem e hoje

Introdução A expressão "globalização" tem sido utilizada mais recentemente num sentido marcadamente ideológico, no qual assiste-se no mundo inteiro a um processo de integração econômica sob a égide do neoliberalismo, caraterizado pelo predomínio dos interesses financeiros, pela desregulamentação dos mercados, pelas privatizações das empresas estatais, e pelo abandono do estado de bem-estar social. Esta é uma das razões dos críticos acusarem-na, a globalização, de ser responsável pela intensificação da exclusão social (com o aumento do número de pobres e de desempregados) e de provocar crises econômicas sucessivas, arruinando milhares de poupadores e de pequenos empreendimentos. No texto que se segue não trataremos deste fenômeno no sentido ideológico mas sim no seu significado histórico. Demonstramos que o processo de globalização ( aqui entendido como integração e interdependência econômica) deita suas raizes há muito tempo atrás, no mínimo há 5 séculos, passando desde então por etapas diversas. Aqui o termo é empregado para fins específicos de uma síntese histórica, bem distante das manipulações ideológicas que possam ele sofrer. Portanto, para nós, ele tem um significado mais profundo e não apenas propagandístico.

As Economias-Mundo antes das Descobertas Antes de ter início a primeira fase da globalização, os Continentes encontravam-se separados por intransponíveis extensões acidentadas de terra e de águas, de oceanos e mares, que faziam com que a maioria dos povos e das culturas soubessem da existência uma das outras apenas por meio de lendas, com a do Preste João, ou imprecisos e imaginários relatos de viajantes, como o de Marco Polo. Cada povo viva isolado dos demais, cada cultura era auto-suficiente. Nascia, vivia e morria no mesmo lugar, sem tomar conhecimento da existência dos outros. Até o século 15 identificamos 5 economias-mundo (é uma expressão de Fernand Braudel), totalmente autonomas, espalhadas pela Terra e que viviam separadas entre elas. A primeira delas, a da Europa, era composta pelas cidades italianas de Gênova, Veneza, Milão e Florença, que mantinham laços comerciais e financeiros com o Mediterrâneo e o Levante onde possuiam importantes feitorias e bairros comerciais. Bem mais ao norte, na França setentrional, vamos encontrar outra área comercial significativa na região de Flandres, formada pelas cidades de Lille, Bruges e Antuérpia, vocacionadas para os negócios com o Mar do Norte. No Mar Báltico entrava-se a Liga de Hansa, uma cooperativa de mais de 200 cidades mercantes lideradas por Lübeck e Hamburgo, que mantinham um eixo comercial que ia de Novgorod, na Rússia, até Londres na Inglaterra. No sudeste europeu, por então, agoniza o comércio bizantino (que atuava no mar Egeu e no mar Negro), pressionado pela expansão dos turcos que terminaram por ocupar a grande cidade em 1453, enquanto que a Rússia via-se limitada pelos Canatos Mongóis que ocupavam boa parte do leste do país. Outra economia-mundo era formada pela China e regiões tributárias como a península coreana, a Indochina e a Malásia, e que só se ligava com a Ásia Central e o Ocidente através da rota da seda. O seu maior dinamismo econômico encontrava-se nas cidades do sul como Cantão e do leste como Xangai, grande portos que faziam a função de vasos comunicantes com os arquipélagos do Mar da China. A Índia, por sua vez, graças a sua posição geográfica, traficava num raio econômico mais amplo. No noroeste, pelo Oceano Índico e pelo Mar Vermelho, estabelecia relações com mercadores árabes que tinham feitorias em Bombaim e outros portos da Índia ocidental, enquanto que comerciantes malaios eram acolhidos do outro lado, em Calcutá. Seu imenso mercado de especiarias e tecidos finos era afamado, mas só pouca coisa chegava ao Ocidente graças ao comércio com o Levante. Foi a celebração das suas riquezas que mais atraiu a cobiça dos aventureiros europeus como o lusitano Vasco da Gama.

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Subdividida pelo deserto do Saara numa África árabe ao Norte, que ocupa uma faixa de terra a beira do Mediterrâneo e Vale do rio Nilo, com relações comerciais mais ou menos intensas com os portos europeus e, ao Sul, numa outra África, a África negra, isolada do mundo pelo deserto e pela floresta tropical, formava um outro planeta econômico totalmente a parte, voltado para si mesmo. Por último, mas desconhecida das demais, encontrava-se aquela formada pelas civilizações pré-colombianas, a Azteca no México, a dos Maias no Yucatan e no istmo, e a Inca no Peru , organizadas ao redor do cultivo do milho e na elaboração de tecidos, sendo elas auto-suficientes e sem interligações entre si, nem terrestres nem oceânicas. Durante milhares de anos elas desconheceram-se e nem imaginavam que algum dia poderiam estabelecer relações significativas. Se é certo que em suas bordas haviam escambo ou comércio, eles eram insignificantes. Portanto, numa longa perspectiva, pode-se dizer que a internacionalização do comércio e a aproximação das culturas é um fenômeno recentíssimo, datando dos últimos cinco séculos, apenas 10% do tempo da história até agora conhecida.

A primeira fase da Globalização (1450-1850) “Por mares nunca dantes navegados/.....Em perigos e guerra esforçados, mais do que prometia a força humana/ E entre gente remota edificaram/ Novo reino, que tanto sublimaram” - Luís de Camões - Os Lusíadas, Canto I, 1572. Há, como em quase tudo que diz respeito à história, grande controvérsia em estabelecer-se uma periodização para estes cinco séculos de integração econômica e cultural, que chamamos de globalização, iniciados pela descoberta de uma rota marítima para as Índias e pelas terras do Novo Mundo. Frédéric Mauro, por exemplo, prefere separá-lo em dois momentos, um que vai de 1492 até 1792 (data quando, segundo ele, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial fazem com que a Europa, que liderou o processo inicial da globalização, voltou-se para resolver suas disputas e rivalidades), só retomando a expansão depois de 1870, quando amadureceram as novas técnicas de transporte e navegação como a estrada-de-ferro e o navio à vapor. No critério por nós adotado, consideramos que o processo de globalização ou de economia-mundo capitalista como preferiu Immanuel Wallerstein, nunca se interrompeu. Se ocorreram momentos de menor intensidade, de contração, ela nunca chegou a cessar totalmente. De certo modo até as grandes guerras mundiais de 1914-18 e de 1939-45, e antes delas a Guerra dos 7 anos (de 1756-1763), provocaram a intensificação da globalização quando adotaram-se macro-estratégias militares para acossar os adversários, num mundo quase inteiramente transformado em campo de batalha. Basta recordar que soldados europeus, nas duas maiores guerras do século 20, lutavam entre si no Oriente Médio e na África, enquanto que tropas colônias desembarcavam na Europa e marchavam para os campos de batalha nas planícies francesas enquanto que as marinhas européias, americanas e japonesas se engalfinhavam em quase todos os mares do mundo. Assim sendo, nos definimos pelas seguintes etapas: primeira fase da globalização, ou primeira globalização, dominada pela expansão mercantilista (de 1450 a 1850) da economia-mundo européia, a segunda fase, ou segunda globalização, que vai de 1850 a 1950 caracterizada pelo expansionismo industrial-imperialista e colonialista e, por última, a globalização propriamente dita, ou globalização recente, acelerada a partir do colapso da URSS e a queda do muro de Berlim, de 1989 até o presente.

Períodos da Globalização Data Período Caracterização 1450-1850 Primeira fase Expansionismo mercantilista 1850-1950 Segunda fase Industrial-imperialista-colonialista pós-1989 Globalização recente Cibernética-tecnológica-associativa

A primeira globalização, resultado da procura de uma rota marítima para as Índias, assegurou o estabelecimento das primeiras feitorias comerciais européias na Índia, China e Japão, e, principalmente, abriu aos conquistadores europeus as terras do Novo Mundo. Feitos estes que Adam Smith, em sua visão eurocêntrica, considerou os maiores em toda a

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história da humanidade. Enquanto as especiarias eram embarcadas para os portos de Lisboa e de Sevilha, de Roterdã e Londres, milhares de imigrantes iberos, ingleses e holandeses, e, um bem menor número de franceses, atravessaram o Atlântico para vir ocupar a América. Aqui formaram colônias de exploração, no sul da América do Norte, no Caribe e no Brasil, baseadas geralmente num só produto (açúcar, tabaco, café, minério, etc..) utilizando-se de mão de obra escrava vinda da África ou mesmo indígena; ou colônias de povoamento, estabelecidas majoritariamente na América do Norte, baseadas na média propriedade de exploração familiar. Para atender as primeiras, as colônias de exploração, é que o brutal tráfico negreiro tornou-se rotina, fazendo com que 11 milhões de africanos (40% deles destinados ao Brasil) fossem transportados pelo Atlântico para labutar nas lavouras e nas minas. Igualmente não deve-se omitir que ela promoveu uma espantosa expropriação das terras indígenas e no sufocamento ou destruição da sua cultura. Em quase toda a América ocorreu uma catástrofe demográfica, devido aos maus tratos que a população nativa sofreu e as doenças e epidemias que os devastram, devido ao contato com os colonizadores europeus. Nesta primeira fase estrutura-se um sólido comércio triangular entre a Europa (fornecedora de manufaturas) África (que vende seus escravos) e América (que exporta produtos coloniais). A imensa expansão deste mercado favorece os artesãos e os industriais emergentes da Europa que passam a contar com consumidores num raio bem mais vasto do que aquele abrigado nas suas cidades, enquanto que a importação de produtos coloniais faz ampliar as relações inter-européias. Exemplo disso ocorre com o açúcar cuja produção é confiada aos senhores de engenho brasileiros, mas que é transportado pelos lusos para os portos holandeses, onde lá se encarregam do seu refino e distribuição. Os principais portos europeus, americanos e africanos desta primeira globalização encontram-se em Lisboa, Sevilha, Cádiz, Londres, Liverpool, Bristol, Roterdã, Amsterdã, Le Havre, Toulouse, Salvador, Rio de Janeiro, Lima, Buenos Aires, Vera Cruz, Porto Belo, Havana, São Domingo, Lagos, Benin, Guiné, Luanda e Cidade do Cabo. Politicamente, a primeira fase da globalização se fez quase toda ela sob a égide das monarquias absolutistas que concentram enorme poder e mobilizam os recursos econômicos, militares e burocráticos, para manterem e expandirem seus impérios coloniais. Os principais desafios que enfrentam advinham das rivalidades entre elas, seja pelas disputas dinásticas-territoriais ou pela posse de novas colônias no além mar, sem esquecer-se do enorme estragos que os corsários e piratas faziam, especialmente nos séculos 16 e 17, contra os navios carregados de ouro e prata e produtos coloniais. A doutrina econômica desta primeira fase foi o mercantilismo, adotado pela maioria das monarquias européias para estimular o desenvolvimento da economia dos reinos. Ele compreendia numa complexa legislação que recorria a medidas protecionistas, incentivos fiscais e doação de monopólios, para promover a prosperidade geral. A produção e distribuição do comércio internacional era feita por mercadores privados e por grandes companhias comerciais (as Cias. inglesas e holandesas das Índias Orientais e Ocidentais) e, em geral, eram controladas localmente por corporações de ofício. Todo o universo econômico destinava-se a um só fim, entesourar, acumular riqueza. O poder de um reino era aferido pela quantidade de metal precioso (ouro, prata e jóias preciosas) existente nos cofres reais. Para assegurar seu aumento o estado exercia um sério controle das importações e do comércio com as colônias, sobre as quais exerciam o oligopólio bilateral. (*)Esta política levou a que cada reino europeu terminasse por se transformar num império comercial, tendo colônias e feitorias espalhadas pelo mundo todo ( os principais impérios coloniais foram o inglês, o espanhol, o português, o holandês e o francês). Um dos símbolos desta época, a bolsa de valores de Amberes, consciente do que representava, tinha como justo lema a frase latina “Ad usum mercatorum cujusque gentis ac linguae”, que ela servia aos mercadores de todas as línguas da terra. (*) o oligopólio bilateral é uma expressão que serve para descrever a situação de subordinação em que as colônias se encontravam perante as metrópoles. Além de estarem impedidas de negociarem com outros países, elas eram obrigadas a adquirir suas necessidades apenas com negociantes e mercadores metropolitanos bem como somente vender a eles o que produziam, desta forma a metrópole ganhava ao vender e ao comprar.

A segunda fase da Globalização (1850-1950) "Por meio de sua exploração do mercado mundial ,a burguesia deu um caráter cosmopolita

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à produção e ao consumo em todos os países...As velhas indústrias nacionais foram destruídas ou estão-se destruindo-se dia a dia....Em lugar das antigas necessidades satisfeitas pela produção nacional, encontramos novas necessidades que querem para a sua satisfação os produtos das regiões mais longínquas e dos climas os mais diversos. Em lugar do antigo isolamento local...desenvolvem-se, em todas as direções, um intercâmbio e uma interdependência universais.." - Karl Marx - Manifesto Comunista, 1848 Os principais acontecimentos que marcam a transição da primeira fase da globalização para a segunda dão-se nos campos da técnica e da política. A partir do século 18, a Inglaterra industrializa-se aceleradamente e, depois dela, a França, a Bélgica, a Alemanha e a Itália. A máquina à vapor é introduzida nos transportes terrestres (estradas-de-ferro) e marítimos (barcos à vapor) Conseqüentemente esta nova época será regida pelos interesses da indústria e das finanças, sua associada e, por vezes amplamenente dominante, e não mais das motivações dinásticas-mercantís. Será a grande burguesia industrial e bancária, e não mais os administradores das corporações mercantis e os funcionários reais quem liderará o processo. Esta interpenetração dos bancos com a indústria, com tendências ao monopólio ou ao oligopólio, fez com que o economista austríaco Rudolf Hilferding a denominasse de “O Capital Financeiro” (Das Finanz kapital, titulo da sua obra publicado em 1910), considerando-a um fenômeno novo da economia-politica moderna. Lenin definiu-a como a etapa final do capitalismo, a etapa do imperialismo. Luta ele - o capital financeiro - pela ampliação dos mercados e pela obtenção de novas e diversas fontes de matérias primas. A doutrina econômica em que se baseia é a do capitalismo laissez-faire, um liberalismo radical inspirado nos fisiocratas franceses e apoiado pelos economistas ingleses Adam Smith e David Ricardo que advogavam a superação do Mercantilismo com suas políticas arcaicas. Defendem o livre-cambismo na relações externas, mas em defesa das suas indústrias internas continuam em geral protecionistas, como é o caso da política Hamiltoniana nos Estados Unidos e a da Alemanha Imperial e a do Japão(*). A escravidão que havia sido o grande esteio da primeira globalização, tornou-se um impedimento ao progresso do consumo e, somada à crescente indignação que ela provoca, termina por ser abolida, primeiro em 1789 e definitivamente em 1848 ( no Brasil ela ainda irá sobreviver até 1888). Este segundo momento - segundo a orientação do que Hobson chamou de “a politica de uma minoria sem escrúpulos” -, irá se caracterizar pela ocupação territorial de certas partes da África e da Ásia, além de estimular o povoamento das terras semi-desocupadas da Austrália e da Nova Zelândia. No campo da política a revolução americana de 1776 e a francesa de 1789, irão liberar enorme energia fazendo com que a busca da realização pessoal termine por promover uma grande ascensão social das massas. Logo depois, como resultado das Guerras Napoleônicas e da generalizada abolição da servidão e outros impedimentos feudais, milhões de europeus ( calcula-se em 60 milhões num século) abandonam seus lares nacionais e emigram em massa para os Estados Unidos, Canadá, e para a América do Sul (Brasil, Argentina, Chile e Uruguai). A posse de novas colônias torna-se um ornamento na política das potências ( só a Grã-Bretanha possui mais de 50, ocupando inclusive áreas antieconômicas). O cobiçado mercado chinês finalmente é aberto pelo Tratado de Nanquim de 1842 e o Japão também é forçado a abandonar a política de isolamento da época Tokugawa ao assinar um tratado com os americanos em 1853-4. Cada uma das potências européias rivaliza-se com as demais na luta pela hegemonia do mundo, ou como disse John Strachey: “lançaram-se unanimemente, numa rivalidade feroz...para anexar o resto do mundo”. O resultado é um acirramento da corrida imperialista e da política belicista que levará os europeus à duas guerras mundiais, a de 1914-18 e a de 1939-45. Entrementes outros aspectos técnicos ajudam a globalização: o trem e o barco à vapor encurtam as distâncias, o telégrafo e , em seguida, o telefone, aproximam os continentes e os interesses ainda mais. E, principalmente depois do vôo transatlântico de Charles Lindbergh em 1927, a aviação passa a ser mais um elemento que permite o mundo tornar-se menor. Nestes cem anos da segunda fase da globalização (1850-1950) os antigos impérios dinásticos desabaram (o dos Bourbons em 1789 e, definitivamente, em 1830, o dos Habsburgos e dos Hohenzollers em 1914, o dos Romanov em 1917) Das diversas potências

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que existiam em 1914 (O Império britânico, o francês, o alemão, o austro-húngaro, o italiano, o russo e o turco otomano) só restam depois da 2ª Guerra, as superpotências: os Estados Unidos e a União Soviética. Feridas pelas guerras as metrópoles deram para desabar, obrigando-se a aceitar a libertação dos povos coloniais que formaram novas nações. Mesmo assim, umas independentes e outras neocolonizadas, continuaram ligadas ao sistema internacional. Somam-se, no pós-1945, os países do Terceiro Mundo recém independente (a Índia é a primeira a obtê-la em 1947) às nações latino-americanas que conseguiram sua autonomia política entre 1810-25, ainda no final da primeira fase da globalização. No entanto nem a descolonização nem as revoluções comunistas, a da Rússia de 1917 e a da China de 1949, servirão de entrave para que a mais longo prazo o processo de globalização seja retomado. (*) Os países industrializados defendem o livre-cambismo ( o preço melhor vence) quando se sentem fortes, como foi o caso da Inglaterra nos séculos 18 e 19 e hoje é a posição dominante dos E.U.A. Mas para aqueles que precisam criar sua própria indústria ou proteger a que está ainda se afirmando, precisam recorrer à política protecionista com suas elevadas barreiras alfandegárias para evitar sua quebra.

A Globalização recente (pós-1989) “O conceito do direito mundial de cidadania não os protege (os povos) contra a agressão e a guerra, mas a mútua convivência e proveito os aproxima e une. O espirito comercial, incompatível com a guerra, se apodera tarde ou cedo dos povos. De todos os poderes subordinados à força do Estado, é o poder do dinheiro que inspira mais confiança e por isto os Estados se vêm obrigados - não certamente por motivos morais- a fomentar a paz...” - I.Kant - A paz perpétua, 1795 No decorrer do século 20 três grandes projetos de liderança da globalização conflitaram-se entre si: o comunista, inaugurado com a Revolução bolchevique de 1917 e reforçado pela revolução maoista na China em 1949; o da contra-revolução nazi-fascista que, em grande parte, foi uma poderosa reação direitista ao projeto comunista, surgido nos anos de 1919, na Itália e na Alemanha, extendendo-se ao Japão, que foi esmagado no final da 2ª Guerra Mundial, em 1945; e, finalmente, o projeto liberal-capitalista liderado pelos países anglo-saxãos, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos. Num primeiro momento ocorreu a aliança entre o liberalismo e o comunismo (em 1941-45) para a auto-defesa e, depois, a destruição do nazi-fascismo. Num segundo momento os vencedores, os EUA e a URSS, se desentenderam gerando a guerra fria (1947-1989), onde o liberalismo norte-americano rivalizou-se com o comunismo soviético numa guerra ideológica mundial e numa competição armamentista e tecnológica que quase levou a humanidade a uma catástrofe (a crise dos mísseis de 1962). Com a política da glasnost, adotada por Mikhail Gorbachov na URSS desde 1986, a guerra fria encerrou-se e os Estados Unidos proclamaram-se vencedores. O momento símbolo disto foi a derrubada do Muro de Berlim ocorrida em novembro de 1989, acompanhada da retirada das tropas soviéticas da Alemanha reunificada e seguida da dissolução da URSS em 1991. A China comunista, por sua vez, que desde os anos 70 adotara as reformas visando sua modernização, abriu-se em várias zonas especiais para a implantação de indústrias multinacionais. A política de Deng Xiaoping de conciliar o investimento capitalista com o monopólio do poder do partido comunista, esvaziou o regime do seu conteúdo ideológico anterior. Desde então só restou hegemônica no moderno sistema mundial a economia-mundo capitalista, não havendo nenhuma outra barreira a antepor-se à globalização. Chegamos desta forma a situação presente onde sobreviveu uma só superpotência mundial: os Estados Unidos. É a única que tem condições operacionais de realizar intervenções militares em qualquer canto do planeta (Kuwait em 1991, Haiti em 1994, Somália em 1996, Bosnia em 1997, etc..). Enquanto na segunda fase da globalização vivia-se na esfera da libra esterlina, agora é a era do dólar, enquanto que o idioma inglês tornou-se a língua universal por excelência. Pode-se até afirmar que a globalização recente nada mais é do que a americanização do mundo.

Desequilibrios e perspectivas da globalização O processo produtivo mundial é formado por um conjunto de umas 400-450 grandes corporações (a maioria delas produtora de automóveis e ligada ao petróleo e às comunicações) que têm seus investimentos espalhados pelos 5 continentes. A nacionalidade delas é majoritariamente americana, japonesa, alemã, inglesa, francesa, suíça, italiana e holandesa. Portanto, pode-se afirmar sem erro que os países que assumiram o controle da

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primeira fase da globalização (a de 1450-1850), apesar da descolonização e dos desgastes das duas guerras mundiais, ainda continuam obtendo os frutos do que conquistaram no passado. A razão disso é que detêm o monopólio da tecnologia e seus orçamentos, estatais e privados, dedicam imensas verbas para a ciência pura e aplicada. Politicamente a globalização recente caracteriza-se pela crescente adoção de regimes democráticos. Um levantamento indicou que 112 países integrantes da ONU, entre 182, podem ser apontados como seguidores (ainda que com várias restrições) de práticas democráticas, ou pelo menos, não são tiranias ou ditaduras. A título de exemplo lembramos que na América do Sul, na década dos 70, somente a Venezuela e a Colômbia mantinham regimes civis eleitos. Todos os demais países eram dominados por militares ( personalistas como no Chile, ou corporativos como no Brasil e Argentina). Enquanto que agora , nos finais dos noventa, não temos nenhuma ditadura na América do Sul. Neste processo de universalização da democracia as barreiras discriminatórias ruíram uma a uma (fim da exclusão motivada por sexo, raça, religião ou ideologia), acompanhado por uma sempre ascendente padronização cultural e de consumo. A ONU que deveria ser o embrião de um governo mundial foi tolhida e paralisada pelos interesses e vetos das superpotências durante a guerra fria. Em conseqüência dessa debilidade, formou-se uma espécie de estado-maior informal composto pelos dirigentes do G-7 (os EUA, a GB, a Alemanha, a França, o Canadá, a Itália e o Japão), por vezes alargado para dez ou vinte e cinco, cujos encontros freqüentes têm mais efeitos sobre a política e a economia do mundo em geral do que as assembléias da ONU. Enquanto que no passado os instrumentos da integração foram a caravela, o galeão, o barco à vela, o barco a vapor e o trem, seguidos do telégrafo e do telefone, a globalização recente se faz pelos satélites e pelos computadores ligados na Internet. Se antes ela martirizou africanos e indígenas e explorou a classe operária fabril, hoje utiliza-se do satélite, do robô e da informática, abandonando a antiga dependência do braço em favor do cérebro, elevando o padrão de vida para patamares de saúde, educação e cultura até então desconhecidos pela humanidade. O domínio da tecnologia por um seleto grupo de países ricos, porém, abriu um fosso com os demais, talvez o mais profundo em toda a história conhecida. Roma, quando império universal, era superior aos outros povos apenas na arte militar, na engenharia e no direito. Hoje os países-núcleos da globalização (os integrantes do G-7), distam, em qualquer campo do conhecimento, anos-luz dos países do Terceiro Mundo (*). Ninguém tem a resposta nem a solução para atenuar este abismo entre os ricos do Norte e os pobres do Sul que só se ampliou. No entanto, é bom que se reconheça que tais diferenças não resultam de um novo processo de espoliação como os praticados anteriormente pelo colonialismo e pelo imperialismo, pois não implicaram numa dominação política, havendo, bem ao contrário, uma aproximação e busca de intercâmbio e cooperação. (*) Quanto à exportação de produtos da vanguarda tecnológica (microeletrônica, computadores, aeroespaciais, equipamento de telecomunicações, máquinas e robôs, equipamento científico de precisão, medicina e biologia e químicos orgânicos), Os EUA são responsáveis por 20,7%; a Alemanha por 13,3%; o Japão por 12,6%; o Reino Unido por 6,2%, e a França por 3,0% , etc..logo apenas estes 5 países detêm 55,8% da exportação mundial delas. Imagina-se que a Globalização, seguindo o seu curso natural, irá enfraquecer cada vez mais os estados-nacionais surgidos há cinco séculos atrás, ou dar-lhes novas formas e funções, fazendo com que novas instituições supranacionais gradativamente os substituam. Com a formação dos mercados regionais ou intercontinentais (Nafta, Unidade Européia, Comunidade Econômica Independente [a ex-URSS], o Mercosul e o Japão com os tigres asiáticos), e com a conseqüente interdependência entre eles, assentam-se as bases para os futuros governos transnacionais que, provavelmente, servirão como unidades federativas de uma administração mundial a ser constituída. É bem provável que ao findar o século 21, talvez até antes, a humanidade conhecerá por fim um governo universal, atingindo-se assim o sonho dos filósofos estóicos do homem cosmopolita, aquele que se sentirá em casa em qualquer parte da Terra.

Bibliografia

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AS RIQUEZAS DOS TEMPLÁRIOS OS TEMPLÁRIOS

Em seu período áureo, foi constituída de vários graus. A sua seção mais importante foi a dos Cavaleiros, por sua feição militar. Em sua recepção, juravam observar os três

preceitos de pobreza, castidade e obediência, tal qual os membros das demais Ordens da Igreja. Em geral descendentes de alta estirpe, os Cavaleiros tinham direito a três

cavalos, a um escudeiro e duas tendas. Aceitavam-se também homens casados, mas sob a condição de legarem à Ordem metade de suas propriedades, e não se admitiam

mulheres. Depois vinha um corpo de Clérigos, incluindo Bispos, Padres e Diáconos, sujeitos aos mesmos votos dos Cavaleiros, e que por especial dispensação não rendiam obediência a nenhum superior eclesiástico ou civil, a não ser o Grão-Mestre do Templo

e ao Papa. Instituiu-se que as confissões dos irmãos da Ordem deviam ser ouvidas somente por clérigos especiais, e assim permaneciam invioláveis os seus segredos.

Também havia duas classes de Irmãos Servidores, os criados e os artífices. A hierarquia administrativa da Ordem era formada pelo Grão-Mestre, o Senescal do

Templo, o Marechal como autoridade suprema em assuntos militares, e os

Artigo do jornal Harmonia DeMolay Também chamada dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, esta Ordem foi fundada em 12 de junho de 1118 em Jerusalém por Hugo de Payens,

Cavaleiro de Burgúndia, e Godofredo de Saint Omer. Balduíno II, rei de Jerusalém, alojou ambos e a mais sete aderentes seus, perto do

Templo de Salomão, originando-se daí a denominação de Templários. Durante nove anos, seus membros dedicaram-se somente a trabalhos sobre o plano metafísico, sem participar nos combates e na política. Seria infantil, para alguns, crer que a Ordem do Templo surgiu para defender Jerusalém, ou para guardar o Santo Sepulcro, ou para

proteger os peregrinos. Os historiadores mesmo não acreditam nessa versão, mas são obrigados a se contentarem com as conjecturas, pois não puderam descobrir nenhum

documento sobre a Missão Esotérica da Ordem. São Bernardo de Clairvaux, fundador da Ordem Cirtecense, foi o patrono dos

Templários. Ele enviou uma carta a Hugo de Payens pedindo a cooperação da Ordem para reabilitar os "ladrões e sacrílegos, assassinos, perjúrios e adúlteros", porém que

estivessem dispostos a se alistar nas fileiras das Cruzadas pela liberação da Terra Santa. Alentado assim por um dos mais influentes de sua época, Hugo de Payens partiu em direção do Concílio de Troyes, na França, para assegurar o reconhecimento de sua

Ordem na Europa. Ali sob o patrocínio e proteção de S. Bernardo apresentou a regra da irmandade, que seguia até certo ponto a Regra da Ordem Cirtecense. Mas a carta

constitutiva da Ordem, que a estabeleceu definitivamente, só lhe foi outorgada em 1163 pelo Papa Alexandre III.

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Comendadores sob cuja direção estavam as Províncias. A influência dos Templários cresceu rapidamente. Combateram valentemente em

várias Cruzadas, e a mercê dos bens tomados de seus inimigos vencidos, ou doados à Ordem, chegaram a ser grandes financeiros e banqueiros internacionais, cujas riquezas tiveram o seu apogeu em meados do século treze. Os reis da Europa depositavam seus

tesouros e riquezas nas arcas dos Templários e, no que não era incomum ocorrer, pediam até mesmo empréstimos a Ordem.

Seu papel preponderante na Igreja se pode avaliar pelo fato de os membros da Ordem serem convocados para participar dos Grandes Concílios da Igreja, tal como o de

Latrão em 1215 e o de Lyon em 1274. Assim, não há dúvida que essa Ordem foi um dos repositórios da Sabedoria Oculta na Europa, durante os séculos doze e treze, porém

seus segredos eram transmitidos tão-só a alguns de seus membros selecionados. Em sua seção religiosa, as cerimônias de recepção eram executadas sob estrito sigilo, e daí,

naturalmente, a razão de lhe haverem os leigos atribuído as mais horríveis práticas e histórias infundadas.

Depois da tomada de Jerusalém pêlos Sarracenos (Muçulmanos que, inclusive, nos períodos de trégua, negociavam com os Templários, pois acreditavam ser prudente ter

algum dinheiro invertido com os cristãos para o caso de que os avatares da guerra pudessem terminar em alguma espécie de pacto com os europeus ) em 1291, adveio a queda do Reino Latino; o quartel-general da Ordem foi transferido da Cidade Santa

para Chipre, e Paris passou à categoria de seu principal centro na Europa. Por certo que esta derrota das Cruzadas, em que o túmulo de Cristo caiu nas mãos dos "infiéis", abalou a posição dos Templários, como das demais ordens militares, mas ninguém

poderia prever o seu fim brusco e trágico. Conservando-se ainda poderosamente rica, credora do Papa e da corte da França, suas posses passaram a ser avidamente

cobiçadas. Felipe IV, o Belo, necessitava prementemente de dinheiro e depois de haver confiscado os haveres dos banqueiros lombardos e judeus e tê-los expulso do país,

volveu suas gulosas vistas para os Templários. Como o Papa Clemente V devia sua posição em Avinhão às intrigas do rei, foi fácil a sua aquiescência. Essa macabra tarefa foi muito ajudada pelo ex-cavaleiro Esquieu de

Floyran, o qual, pessoalmente interessado na desmoralização da Ordem, contra ela levantou as mais duvidosas acusações. Essas acusações foram sofregamente aceitas por

Felipe IV, que, numa sexta-feira, 13 de outubro de 1307, mandou prender todos os Templários da França e o seu Grão-Mestre, Jacques DeMolay, os quais, submetidos à

Inquisição, foram por esta acusados de hereges. Por meio de inomináveis torturas físicas, infligidas a ferro e fogo, foram arrancadas desses infelizes as mais,

contraditórias confissões. O Papa, desejoso de aniquilar a Ordem, convocou um concílio em Viena, em 1311, com esse fim, mas os Bispos se recusaram a condená-la à

revelia; conseqüentemente, o Papa convocou um consistório privado em 22 de novembro de 1312, e aboliu a Ordem, conquanto admitindo a falta de provas das

acusações. As riquezas da Ordem foram confiscadas em benefício da Ordem de São João, mas é certo que a grossa parcela francesa foi adjudicada aos cofres do rei da França, Felipe, o Belo. A tragédia atingiu seu ponto culminante em 14 de março de

1314, quando o Grão-Mestre do Templo, Jacques DeMolay, e Godofredo de Charney, preceptor da Normandia, foram publicamente queimados no pelourinho diante da

catedral de Notre Dame, ante a turba, como hereges impenitentes. Diz-se que o Grão-Mestre, ao ser envolto e devorado pela pira, ele voltou a cabeça em

direção ao local onde se encontrava o rei e imprecou: "Papa Clemente, cavaleiro Guilherme de Nogaret, Rei Felipe... Convoco-os ao Tribunal dos Céus antes que

termine o ano, para recebam vosso justo castigo. Malditos... Malditos... Malditos... Sereis malditos até treze gerações...". E de fato, antes de decorridos doze meses, ambos

os intimados estavam mortos.

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Em Portugal, o rei D.Dinis não aceita as acusações, funda a Ordem de Cristo para qual passam alguns Templários. Na Inglaterra, o rei Eduardo II, que não concordara com as

ações de seu sogro Felipe, ordena uma investigação cujo resultado proclama a inocência da Ordem. Na Inglaterra, Escócia e Irlanda os Templários distribuíram-se entre a Ordem dos Hospitalários, monastérios e abadias. Na Espanha, o Concílio de Salamanca, declara unanimemente que os acusados são inocentes. Na Alemanha e

Itália a maioria dos cavaleiros restou em liberdade. No entanto, a destruição da Ordem não acarretou a supressão completa de seus

ensinamentos mais profundos. A sua mística permaneceu viva através dos seis séculos e meio as fogueiras de Notre Dame, palpita indubitavelmente no corpo e no espírito da

Maçonaria e da Ordem DeMolay. Artigo retirado do Jornal "Harmonia DeMolay"

Jornal Informativo editado pelo Capítulo Harmonia Itajaiense. Capítulo 3

S E G U N D A - F E I R A , J A N E I R O 3 0 , 2 0 0 6 OS PRIMÓRDIOS DO MERCANTILISMO

O mercantilismo Chama-se mercantilismo ao conjunto de ideias e práticas económicas que

floresceram, na Europa, entre 1450 e 1750. Uma tríplice transformação, de ordem intelectual, política e geográfica, assinala, na aurora desse período, o

início dos tempos modernos. É a época do Renascimento. O pensamento laiciza-se. Esta evolução, que se

inicia no século XIV, na Itália, com Petrarca, que Renan denominou, com justeza, o primeiro homem moderno, prossegue com Erasmo, o grande

humanista desde o fim do século XV, e a partir dos primórdios do século XVI espalha-se pelo mundo, com Rabelais. À curiosidade intelectual se junta uma

vontade de criar em todos os domínios. A este espírito da Renascença convém associar o trazido pelo movimento da “Reforma”. Não a de Lutero, que permanece medieval e estática, mas a de

João Calvino, dos calvinistas, e dos puritanos anglo-saxões, que exalta o individualismo e a actividade económica. O dogma calvinista da predestinação

concilia-se com o êxito material do indivíduo, estimulando a sua actividade económica, condenando a sua ociosidade, apelando para a sua consciência

profissional, justificando os seus sucessos nos negócios e, portanto, a busca do lucro. Estas características do espírito da Reforma levam a aproximá-la do

espírito “capitalista”. No século XVI assiste-se ao surgimento do Estado Moderno. A centralização

monárquica vai tomando o lugar dos pequenos núcleos feudais. A Idade Média teve, sem dúvida, o seu sistema de Estado. Mas, pelo facto de não passarem de aglomerações feudais, não possuíam uma verdadeira política nacional. Foi

a suplantação desta forma de Estado que fez surgir a ideia de economia nacional no sentido moderno da expressão, ou seja, a concepção de Estado

que coordena todas as diferentes forças activas da nação. O comércio, principalmente, transforma-se em negócio público. A noção de “balança

comercial” suplanta a de “balança de contratos”. O fim do século XV marca o início da era das grandes descobertas e com ela o fenómeno mais importante deste período. O afluxo de metais preciosos, a que dá origem, vai determinar duas consequências essenciais para o pensamento

económico:

- o desenvolvimento de ideias interessantes sobre a moeda;

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- a possibilidade de elaboração da concepção metalista, base dos sistemas mercantilistas.

1. As ideias económicas e monetárias

1. 1. As ideias referentes à moeda Verifica-se, no século XVI, na Europa, um considerável afluxo de metais preciosos. Nessa mesma época, os preços experimentaram uma rápida e considerável alta, que transforma e desequilibra as condições da vida económica e social. Os trabalhadores, principalmente, são seriamente

atingidos pelo fenómeno. A sobrevivência das ideias medievais do “justo preço” e “justo salário” cristaliza a taxa dos salários, a despeito da elevação do custo de vida, em nível imutável. O descontentamento generaliza-se e a

opinião pública inquieta-se. Era opinião de todos quantos nessa época se interessavam pela vida económica terem as mutações monetárias parte na

elevação do nível dos preços. De Malestroit, num relatório apresentado ao Rei Carlos IX em 1566 afirma que não houve realmente elevação do preço; a alta seria apenas aparente, ocasionada pela redução do valor das moedas. Contra

esta tese vai insurgir-se Jean Bodin. Com o auxílio das estatísticas, Bodin demonstra ser a elevação dos preços superior à redução havida no valor das moedas e a verdadeira causa do fenómeno residia no enorme aumento do

stock monetário de metais. A abundância de metais preciosos não constitui apenas o fundamento dessa

controvérsia sobre a moeda, mas é, ainda, a determinante de uma concepção central do mercantilismo: a ideia metalista.

1. 2. A ideia metalista

Esta ideia foi deduzida pela seguinte observação: a prosperidade dos países parece estar na razão directa da quantidade de metais preciosos que

possuem. Daí nasce a convicção – predominante nos séculos XVI e XVII – de serem riqueza e quantidade de metal precioso, possuídas por um país,

expressão de um só e mesmo fenómeno. Os mercantilistas não vêem o ouro e a prata como “a única riqueza”, mas os consideram como “o mais perfeito

instrumento de aquisição da riqueza”. No entanto, foram muitos os mercantilistas que confundiram a riqueza com o dinheiro. Até aos primórdios do século XVII, principalmente, era muito comum essa confusão em autores

espanhóis, italianos e ingleses. Em resumo, três são os principais fundamentos da ideia metalista. Um,

decorrente do facto de se associar à ideia de moeda – riqueza; outro, que consiste no carácter de durabilidade da riqueza metálica, e o último, enfim, oriundo da necessidade de dinheiro para a guerra. O mercantilismo exprimiu-

se através de um grande número de sistemas, dos quais se destacam três formas: espanhola, francesa e inglesa.

2. Os sistemas mercantilistas

2. 1. A forma espanhola ou bulionista

A primeira – e também a mais rudimentar – forma de mercantilismo coincide com a descoberta e exploração das minas de ouro da América, e tem

nascimento no país que recebe este metal precioso: a Espanha. Os principais representantes bulionistas são Ortiz, Botéro, entre outros. Para se conseguir

acumular o máximo de ouro e prata, dois são os processos preconizados e

86

empregues:

- impedir que o metal precioso saia do país, através de medidas intervencionistas em diversos campos. Atraem-se também as moedas

estrangeiras para o interior do país, mediante a adopção de uma política de taxa de juros elevada; depois, a fim de impedir a saída do metal, falsificam-

se as moedas; - a balança de contratos.

Os mercantilistas compreendem a importância das trocas entre nações, mas,

em contraposição, perceberam também que esse comércio acarreta um deslocamento dos stocks metálicos. Por isso, impõem medidas de controlo: os

navios espanhóis que vão vender mercadorias no exterior, devem, obrigatoriamente, trazer para a Espanha o valor da sua carga em ouro. Por outro lado, os navios estrangeiros, que desembarcam os produtos dos seus países de origem na Espanha, devem, necessariamente, levar, ao partir, o

valor da sua carga em produtos espanhóis. Estes processos esbarravam na dificuldade de fiscalizar os contratos

continuadamente, e a sua aplicação só seria possível por parte de um pequeno número de países. É assim que a balança de contratos vai dar lugar à balança de comércio e, com ela, o alargamento da concepção mercantilista: admite-

se a entrada e saída de ouro, desde que se assegure uma balança de comércio favorável.

2. 2. A forma francesa ou colbertismo

Com o mesmo objectivo de aumentar os stocks monetários, a França vai orientar a sua acção para o fomento da indústria, uma vez que não pode

recorrer às fontes directas de metais preciosos. A indústria é preferida, por um lado, em virtude da sua produção ser mais certa e regular, e, por outro,

pelo facto dos produtos fabricados para a exportação terem um valor específico maior. O esforço em prol do desenvolvimento industrial é

acompanhado de numerosas medidas intervencionistas: o Estado outorga monopólio de produção e regulamenta a indústria de modo estrito; há

interdição do trabalho livre. A mão-de-obra representa, na produção, a parte mais importante do preço de custo dos produtos. Por conseguinte, é fixado o

salário máximo, a fim de colocar os produtos nacionais em condições vantajosas no mercado internacional. A taxa de juros é também fixada pelo

Estado. Associado à importância crescente da indústria está também a noção de

populacionismo, já que é favorável a produção. A intervenção do Estado vai também influir no sector do consumo: para aumentar o volume das exportações de objectos de luxo limita-se o seu consumo interno.

2. 3. A forma inglesa ou comercialista

Num período de grandes descobertas, o mercantilismo inglês vai sofrer a

influência desse facto. Foi perante as potencialidades comerciais dos Descobrimentos que os comerciantes solicitaram a abolição da proibição da saída de metais precioso do país. O argumento é simples: as Índias Orientais fornecem aos compradores preciosas especiarias, as quais são revendidas ais

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estrangeiros a um preço muito elevado. Ora, os indígenas não querem vender contra pagamento em outros produtos, mas, sim, em metal precioso. A

exportação desse metal permitiria, portanto, ao comerciante inglês, auferir lucros que se traduziriam, no fim de contas, em importação do metal

precioso, com vantagem para o país. Na concepção mercantilista, é a nação – e não o indivíduo – o comerciante. Cabe-lhe, pois, envidar todos os esforços para conseguir uma balança de

comércio exterior saldada mediante a entrada de metal. No entanto, como se exige que a balança seja favorável, todo um sistema de regulamentações é

elaborado: o Estado regulamenta a produção, fiscaliza as exportações e controla as vendas no exterior. Essa regulamentação é tanto mais rigorosa quando, na verdade, à preocupação metalista se vai juntar a preocupação

política: é assim que a fiscalização das exportações visará também impedir a saída de produtos e matérias-primas que possam ser úteis à defesa do país ou

à condução da guerra.

3. Razões para o fracasso do mercantilismo

A principal falha reside no facto dos mercantilistas atribuírem, na sua concepção de riqueza, demasiado valor ao metal precioso. Outra falha foi

terem considerado a produção apenas em função da prosperidade do Estado, sem jamais examinar a relação existente entre aquela e o bem-estar individual. Por isso, focalizaram a sua acção na intervenção, em que

organizam um vasto sistema de economia dirigida, cujos excessos vão travar os mecanismos económicos.

Falharam também na concepção de mercado internacional que, por estar directamente ligada à preocupação metalista, constitui um dos aspectos mais criticáveis do sistema. Trata-se de uma concepção “unilateral” e, portanto,

não susceptível de aplicação geral. Há, no entanto, alguns méritos no mercantilismo que apraz registar: - no campo intelectual elaboraram, com vigor, a noção de “economia

nacional”, baseada na unidade e na solidariedade nacional. - no campo dos factos, criam, aplicam e desenvolvem a economia nacional tal

como a conceberam. O grande mérito do mercantilismo reside na sua função histórica de ter

concorrido para que vencesse a nossa civilização a decisiva etapa de transição da economia regional para a economia nacional. Nos sistemas mercantilistas

do século XVI até ao século XVIII, a principal personagem da actividade económica é o “comerciante”, sobretudo o exportador e aventureiro. É ele

quem negoceia, empresta, organiza sociedades e expedições. É com o comerciante que a economia interna se desenvolve. É também dele que

depende o progresso das manufacturas. Esta actividade económica que se desenvolve em redor do comerciante imprime a característica essencial do

“regime capitalista” da época, mas ao lado dela subsistem actividades corporativas e artesanais.

A influência do mercantilismo faz-se sentir, directamente, durante três séculos. Posteriormente, após quase um século de hibernação, vai exercer-se de novo sobre o pensamento e sobre os factos económicos. E, no século XX, a partir da guerra de 1914 até à actualidade, a economia dirigida será revivida

nas suas concepções fundamentais em grande número de países.

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Mercantilismo Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Quadro de Claude Lorrain que representa um porto de mar francês de 1638,

no momento fundamental do mercantilismo. Mercantilismo é o nome dado a um conjunto de práticas econômicas

desenvolvido na Europa na Idade Moderna, entre o século XV e os finais do século XVIII. O mercantilismo originou um conjunto de medidas econômicas

diversas de acordo com os estados. Caracterizou-se por uma forte ingerência do Estado na economia. Consistiu numa série de medidas tendentes a unificar

o mercado interno e teve como finalidade a formação de fortes Estados-nação.

É possível distinguir três modelos principais: bulionismo ou metalismo, colbertismo ou balança comercial favorável e mercantilismo comercial e

marítimo. Segundo Hunt, o mercantilismo originou-se no período em que a Europa estava

a passar por uma grave escassez de ouro e prata, não tendo, portanto, dinheiro suficiente para atender ao volume crescente do comércio.[1]

As políticas mercantilistas partilhavam a crença de que a riqueza de uma nação residia na acumulação de metais preciosos (ouro e prata), advogando que estes se atrairiam através do incremento das exportações e da restrição

das importações (procura de uma balança comercial favorável). Essa crença é conhecida como bulionismo ou metalismo.

O estado desempenha um papel intervencionista na economia, implantando novas indústrias protegidas pelo aumento dos direitos alfandegários sobre as

importações, (protecionismo), controlando os consumos internos de determinados produtos, melhorando as infra-estruturas e promovendo a colonização de novos territórios (monopólio), entendidos como forma de

garantir o acesso a matérias-primas e o escoamento de produtos manufaturados. A forte regulamentação da economia pelo mercantilismo será

contestada na segunda metade do século XVIII por François Quesnay e pelo movimento dos fisiocratas.

O mercantilismo é um conjunto de idéias econômicas que considera a prosperidade de uma

Introdução

nação ou estado dependente do capital que possa ter. Os pensadores mercantilistas preconizam o desenvolvimento econômico por

meio do enriquecimento das nações graças ao comércio exterior, o que permite encontrar saída aos excedentes da produção. O Estado adquire um

papel primordial no desenvolvimento da riqueza nacional, ao adotar políticas protecionistas, e em particular estabelecendo barreiras tarifárias e medidas

de apóio à exportação. Os princípios do mercantilismo podem ser resumidos como segue:

Metalismo ou bullionismo O capital é representado pelos metais preciosos que o estado tem no

seu poder. Procurava-se com essa crença evitar a saída de metais

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preciosos do país. Mais tarde surgiriam outras escolas como o colbertismo (ou "mercantilismo francês") que se inclina para a

industrialização; e o comercialismo (ou "mercantilismo britânico") que vê no comércio exterior a fonte da riqueza de um país.

Incentivos às manufaturas o governo estimulava o desenvolvimento de manufaturas em seus territórios. Como o produto manufaturado era mais caro do que as

matérias-primas ou gêneros agrícolas, sua exportação era certeza de bons lucros.

Protecionismo alfandegário O governo de uma nação deve aplicar uma política protecionista sobre

a sua economia, favorecendo a exportação e desfavorecendo a importação, sobretudo mediante a imposição de tarifas alfandegárias.

Incentiva-se, portanto, a balança comercial positiva com outras nações. Eram criados impostos e taxas para evitar ao máximo a entrada de

produtos vindos do exterior. Era uma forma de estimular a indústria e manufaturas nacionais e também evitar a saída de moedas para outros

países. Sistema colonial

as colônias européias deveriam fazer comércio apenas com suas metrópoles. Era uma garantia de vender caro e comprar barato,

obtendo ainda produtos não encontrados na Europa. Dentro deste contexto histórico ocorreu o ciclo econômico do açúcar no Brasil

Colonial. Colônias de exploração

a riqueza de um país está diretamente ligada à quantidade de colônias de exploração deste. Internacionalmente, o mercantilismo

indiretamente impulsionou muitas das guerras européias do período, e serviu como causa e fundamento do imperialismo europeu, dado que as

grandes potências da Europa lutavam pelo controlo dos mercados disponíveis no mundo. Sob este aspecto, vale salientar que, nas

expansões marítimas e comerciais das nações, invadir um caminho percorrido constantemente por um, não poderia ser feito por outro, como no caso da procura pelas Índias Ocidentais. Isto perdurou até

que, após o descobrimento da América a Inglaterra decidiu "trilhar" o seu caminho. Portugal e Espanha se mostraram insatisfeitos com o fato,

fazendo o rei inglês dizer a célebre frase: «O sol brilha para todos! E eu desconheço a cláusula do testamento

de Adão que dividiu a terra entre portugueses e espanhóis". Assim, a esquadra inglesa toma seu lugar ao sol.»

Comércio colonial monopolizado pela metrópole as colônias deviam comercializar exclusivamente com suas respectivas

metrópoles [2] Balança comercial favorável

o esforço era para exportar mais do que importar, desta forma entraria mais moedas do que sairia, deixando o país em boa situação financeira.

Soma zero acredita que o volume global de comércio mundial é inalterável. Os

mercantilistas viam o sistema econômico como um jogo de soma zero, onde a ganância de uma das partes supunha a perda da outra

90

Jakob Fugger "o rico", pintado por Albrecht Dürer (1519), logo quando estava a

negociar o empréstimo a Carlos I da Espanha para lhe permitir financiar os quantiosos subornos da sua eleição imperial e tornar-se assim em Carlos V da Alemanha. Os impostos com os quais pensava devolver o crédito provocaram a

Guerra das Comunidades de Castela. Pouco antes, as manobras teológico-financeiras do papado provocaram, também na Alemanha, a Reforma

luterana. Resulta compreensível que na época se entendesse a economia como algo explicável desde um ponto de vista secular, não unicamente religioso, um jogo de soma zero, em que somente se ganha o que perde

outrem, e estreitamente vinculado ao poder político. O mercantilismo enquadra-se na Idade Moderna, com a progressiva autonomia

da economia frente à moral e a religião bem como frente à política. Esta enorme ruptura realizar-se-á por meio de conselheiros dos governantes e pelos comerciantes.[3] Esta nova disciplina chegará a ser uma verdadeira

ciência econômica com a fisiocracia. Entre os muitos autores mercantilistas, há que destacar a Martín de Azpilicueta (1492-1586), Tomás de Mercado

(1525-1575), Jean Bodin (1530–1596), Antoine de Montchrétien (1576–1621), ou William Petty (1623–1687).

O mercantilismo foi a teoria predominante ao longo de toda a Idade Moderna (do século XVI ao XVIII), época que aproximadamente indica o surgimento da idéia do Estado-nação e a formação econômico social conhecida como Antigo

Regime na Europa Ocidental. O mercantilismo como tal não é uma corrente de pensamento. Marca o final da proeminência da ideologia econômica do cristianismo (a crematística),

inspirada em Aristóteles e Platão, que recusava a acumulação de riquezas e os empréstimos com interesse (vinculados ao pecado da usura). Esta nova corrente econômica surge numa época que os reis desejavam possuir o

máximo de ouro possível. As teorias mercantilistas buscavam esse objetivo e desenvolviam uma problemática baseada no enriquecimento. Esta corrente

baseia-se num sistema de análise simplificada dos fluxos econômicos, na que, por exemplo, não se leva em conta o papel que joga o sistema social. Como

agente unificador tendente à criação de um estado nacional soberano, o mercantilismo teve-se contra duas forças: Uma, mais espiritual e jurídica do

que política-econômica, foram os poderes universais: a Igreja e o Sacro Império Romano Germânico, a outra, de caráter predominantemente

econômico foi o particularismo local, com a dificuldade que produz para as comunicações e a sobrevivência da economia natural (em determinadas zonas a renda do estado eram em espécie e não em dinheiro); enquanto a pretensão

mercantilista é que o mercado fechado seja substituído pelo mercado nacional e as mercadorias como medida de valor e meio de câmbio sejam

substituídas pelo ouro. O mercantilismo vê a intervenção do estado como o

91

meio mais eficaz para o desenvolvimento econômico. Outra tendência do mercantilismo era robustecer para o exterior o poder do

Estado, subordinando a atividade econômica para esse objetivo, e interessando-se pela riqueza enquanto sirva de base para ela. O liberalismo considerará à riqueza como preciosa para o indivíduo e, portanto, digna de

ser atingida como fim em si mesmo: se o particular não deve pensar mais que enriquecer-se, é um feito puramente natural e involuntário que a riqueza dos cidadãos contribuía para aumentar a riqueza do estado. Por outro lado, para os mercantilistas, a riqueza privada é simplesmente um meio, e como tal fica

subordinado ao estado e os seus fins de domínio. A confiança no mercantilismo começou a decair em finais do século XVIII, quando as teorias de Adam Smith e de outros economistas clássicos foram

ganhando favor no Império Britânico, e em menor grau no restante da Europa (exceto a Alemanha, em onde a Escola Histórica de Economia foi a mais

importante durante todo o século XIX e começos do XX). Adam Smith, que o critica com dureza na sua obra "A riqueza das nações", qualifica o

mercantilismo como uma "economia ao serviço do Príncipe". Curiosamente, e se bem que tinha sido uma antiga colônia britânica, os

Estados Unidos da América não se aderiram à economia clássica, senão ao regime econômico que foi chamado "escola americana" (uma forma de neo-

mercantilismo) através das políticas de Alexander Hamilton, Henry Clay, Abraham Lincoln e pelo qual mais tarde seriam as práticas econômicas do

Partido Republicano, que pela sua vez refletiram-se nas políticas dos historicistas alemães e economistas como Friedrich List. Isto durou até ao

surgimento do New Deal após a crise de 1929. Atualmente a teoria do mercantilismo é recusada pela maioria dos

economistas, se bem que alguns dos seus elementos sejam ocasionalmente vistos de jeito positivo por alguns, entre os quais cabe citar a Ravi Batra, Pat

Choate, Eammon Fingleton, ou Michael Lind.[4] Doutrina econômica mercantilista

Quase todos os economistas europeus dentre O mercantilismo como conjunto de idéias econômicas

1500 e 1750 são considerados atualmente como mercantilistas. Contudo, estes autores não se consideravam

partícipes de uma única ideologia econômica, senão que o término foi cunhado por Vitor Riquetti, Marquês de Mirabeau em 1763, e popularizado por Adam Smith em 1776. De fato, Adam Smith foi a primeira pessoa em organizar

formalmente muitas das contribuições dos mercantilistas no seu livro A Riqueza das Nações.[5]

O termo Mercantilismo, foi criado pelo economista Adam Smith em 1776, a partir da palavra latina mercari, que significa "gerir um comércio", de

mercadorias ou produtos. De início foi usado só por críticos como Mirabeau e o próprio Smith, mas foi pronto adotada pelos historiadores.

O mercantilismo em si não pode ser considerado como uma teoria unificada de economia. Na realidade não houve escritores mercantilistas que

apresentassem um esquema geral do que seria uma economia ideal, tal qual Adam Smith faria mais adiante para a economia clássica. No seu lugar, o

escritor mercantilista tendia a focar a sua atenção numa área específica da economia.[6] Seria após o período mercantilista que os estudiosos posteriores

integraram as diversas idéias no que chamariam mercantilismo, como por exemplo Eli F. Heckscher[7] que vê nos escritos da época ao mesmo tempo um

sistema de poder político, um sistema de regulamentação da atividade

92

econômica, um sistema protecionista bem como um sistema monetário com a teoria da balança comercial. Contudo, alguns teóricos recusam

completamente a idéia mesma de uma teoria mercantilista, argumentando que dá "uma falsa unidade a feitos díspares".[8] O historiador do pensamento

econômico Mark Blaug faz notar que o mercantilismo foi qualificado posteriormente como "molesta bagagem", "diversão de historiografia", e de

"gigantesco globo teórico".[9] Até certo ponto, a doutrina mercantilista em si mesma fazia impossível a

existência de uma teoria geral econômica. Os mercantilistas viam o sistema econômico como um jogo de soma zero, onde a ganância de uma das partes supunha a perda da outra, ou seguindo a famosa máxima de Jean Bodin "não

há nada que alguém gane que outrem não perda" [10]. Portanto, qualquer sistema de políticas que beneficiassem a um grupo por definição também faria

dano a outro ou outros, e não existia a possibilidade de a economia for empregue para maximizar a riqueza comum, ou o bem comum.[11] Parece que os escritos dos mercantilistas fizeram para justificar a posteriori uma série de práticas, mais do que para avaliar o seu impacto e determinar assim o melhor

jeito de levá-las a termo.[12] O mercantilismo é, portanto, uma doutrina ou política econômica que aparece num período intervencionista e descreve um credo econômico que prevaleceu

à época de nascimento do capitalismo, antes da Revolução Industrial.[13] As primeiras teorias mercantilistas desenvolvidas a princípios do Século XVI

estiveram pontuadas pelo bullionismo (do inglês bullion: ouro em lingotes). A esse respeito, Adam Smith escrevia:

A dupla função que cumpre o Dinheiro, como instrumento de comércio e como medida dos valores, fez com que se

produza de jeito natural essa idéia popular de que o Dinheiro faz a riqueza, ou que a riqueza consiste na

abundância de ouro e prata […]. Razoa-se do mesmo jeito com referência a um país. Um país rico é aquele no que

abunda o dinheiro, e o meio mais simples de enriquecer o seu, é amassar o ouro e a prata […]. Devido ao crescente

sucesso destas idéias, as diferentes nações da Europa dedicaram-se, embora sem sucesso suficiente, a buscar e

acumular ouro e prata de todas as maneiras possíveis. Espanha e Portugal, possuidoras das principais minas que

provêm à Europa desses metais, proibiram a sua exportação ameaçando com graves represálias, ou

submeteram-na a enormes taxas. Esta mesma proibição fez parte da política da maioria das nações da Europa. É

encontrada mesmo onde menos se aguardaria, em algumas antigas atas do parlamento da Escócia, que proíbem, sob fortes penas, transportar ouro e prata fora do reino. A

mesma política pôs-se em prática na França e na Inglaterra

— Adam Smith

[14]

93

Thomas Gresham, comerciante e financeiro inglês

Durante esse período, importantes quantidades de ouro e prata fluíam desde as colônias espanholas do Novo Mundo para a Europa. Para os escritores

bullionistas, como Jean Bodin ou Thomas Gresham, a riqueza e o poder do Estado medem-se pela quantidade de ouro que possuem. Cada nação deve, pois, acrescentar as suas reservas de ouro à custa das demais nações para

fazer crescer o seu poder. A prosperidade de um Estado mede-se, segundo os bullionistas, pela riqueza acumulada pelo governo, sem mencionar a Renda

Nacional. Este interesse para as reservas de ouro e prata é explicado em parte pela importância dessas matérias-primas na época de guerra. Os exércitos, que contavam com muitos mercenários, eram pagos com ouro e exceto os

poucos países europeus que controlavam as minas de ouro e prata, a principal maneira de obter essas matérias-primas era o comércio internacional. Se um Estado exportava mais do que importava, a sua "balança do comércio" (o que

corresponde atualmente à balança comercial) era excedentária, o qual se traduzia numa entrada neta de dinheiro.

Isto levou os mercantilistas a propor como objetivo econômico o ter um excedente comercial. Era estritamente proibida a exportação de ouro. Os

bullionistas também eram partidários de altas taxas de juros para animar os investidores a investir seu dinheiro no país.

No Século XVIII foi desenvolvida uma versão mais elaborada das idéias mercantilistas, que recusava a visão simplista do bullionismo. Esses escritores,

como Thomas Mun, situavam como principal objetivo o crescimento da riqueza nacional, e embora continuavam considerando que o ouro era a

riqueza principal, admitiam que existiam outras fontes de riqueza, como as mercadorias.

(...) não é a grande quantidade de ouro e prata o que constitui a verdadeira riqueza de um Estado, já que no mundo há países muito grandes que contam com abundância de ouro e prata, e que não se encontram mais cômodos, nem são mais felizes […]. A verdadeira riqueza de um Reino consiste na abundância das Mercancias, cujo uso é tão necessário para o sustento da vida

dos homens, que não podem passar delas"[15]

O objetivo de uma balança comercial excedentária continuava a ser perseguido, mas desde esse momento era visto interessante importar

mercadorias da Ásia por meio de ouro para revender logo esses bens no mercado europeu com importantes benefícios.

"E para deixar a coisa ainda mais clara, quando dizemos […] que

100.000 livras exportadas em efetivo podem servir para importar o equivalente aproximado de 500.000 livras esterlinas

em mercadorias das Índias Orientais, há que entender que a

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parte dessa soma que pode chamar-se com propriedade a nossa importação, ao ser consumida no reino, tem um valor de umas

120.000 livras esterlinas anuais. De maneira que o resto, é dizer 380.000 livras, é mercadoria exportada ao estrangeiro sob a

forma do nossos tecidos, o nosso chumbo, o nosso estanho, ou de qualquer outro produto do nosso país, com grande aumento do patrimônio do reino e isso no tesouro, pelo qual podemos

concluir que o comércio das Índias Orientais prove a esse fim."[16]

Esta nova visão recusava a partir desse momento a exportação de matérias-primas, que uma vez transformadas em bens finais constituíam uma

importante fonte de riqueza. Enquanto o bullionismo favorecera a exportação massiva de lã de Grã-Bretanha, a nova geração de mercantilistas apoiava a

proibição total de exportar matérias-primas e propugnava o desenvolvimento de indústrias manufatureiras domésticas. Ao precisar as indústrias importantes

capitais, no Século XVIII houve uma redução das limitações contra a usura. Como muito bem demonstrou William Petty, a taxa de interesse vê-se como

uma compensação pelas moléstias ocasionadas ao prestador ao ficar sem liquidez. Um resultado dessas teorias foi a posta em prática das Navigation

Acts a partir de 1651, que deram aos barcos ingleses a exclusiva nas relações entre Grã-Bretanha e as suas colônias, proibindo aos holandeses o acesso a

certos portos para restringir a expansão dos Países Baixos. As conseqüências em matéria de política interior das teorias mercantilistas

estavam muito mais fragmentadas do que os seus aspetos de política comercial. Enquanto Adam Smith dizia que o mercantilismo apelava a

controles muito estritos da economia, os mercantilistas não concordavam entre si. Alguns propugnavam a criação de monopólios e outras cartas

patentes. Mas outros criticavam o risco de corrupção e de ineficácia de tais sistemas. Muitos mercantilistas também reconheciam que a instauração de

quotas e de controlo dos preços propiciava o mercado negro. Por outro lado, a maior parte dos teóricos mercantilistas estavam de acordo

na opressão econômica dos operários e agricultores que deviam viver com uns renda próximos ao nível de sobrevivência, para maximizar a produção. Uns

maiores renda, tempo de lazer suplementar ou uma melhor educação dessas populações contribuiriam para favorecer a folgança e prejudicariam a

economia.[17] Esses pensadores viam uma duplo vantagem no fato de dispor de abundante mão-de-obra: as indústrias desenvolvidas nessa época precisavam de muita mão-de-obra e, ademais, isso reforçava o potencial militar do país.

Os salários eram mantidos, portanto, a um baixo nível para incitar a trabalhar. As leis de pobres (Poor Laws) em Inglaterra perseguem os

vagamundos e fazem obrigatório o trabalho. O ministro Colbert fará trabalhar a crianças com seis anos nas manufaturas do Estado.

A reflexão sobre a pobreza e o seu papel social na Idade Moderna cobrou importância, sobretudo após a Reforma Protestante e os diferentes papéis que à predestinação e o triunfo pessoal davam a teologia de Lutero, Calvino ou a Contra-reforma. A opinião católica tradicional associava-se ao mantimento do

Antigo Regime, sancionando o lazer dos privilegiados e considerando a condena do trabalho como um castigo divino, enquanto as sociedades onde

triunfou o protestantismo pareciam adequar-se mais aos novos valores burgueses.[18] Tradicionalmente os pobres eram vistos como os mais próximos

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a Deus, e as instituições de caridade não se viam como meios de erradicar a pobreza, senão de paliar os seus efeitos. Porém, entre os católicos também se

inclui a obra de Juan Luis Vives De subventione pauperum. Sive de humanis necessitatibus libri II (Os dois livros da subvenção aos pobres ou da

necessidade humana. Bruxas, 1525), que trata o problema da mendicidade procurando soluções nas instituições públicas, que devem socorrer os

verdadeiros pobres e fazer trabalhar aos que somente são vagos; para isso considerava precisa uma organização da beneficência e uma reforma do

sistema sanitário, de asilo. Seguindo as suas idéias foi organizada a atuação contra a pobreza na cidade de Bruxas.

Em efeito, não se pode falar de uma escola mercantilista, pois, para poder falar de uma escola deve existir uma série de características como a presença

de um mestre que crê um pensamento que seja seguido pelos membros da escola, além de homogeneidade no pensamento. Assim, por exemplo, podemos falar da

Interpretação histórica do mercantilismo

Escola Clássica com Adam Smith como epicentro do pensamento, é dizer , como mestre, e a afinidade entre os diferentes autores da mesma. No caso do pensamento chamado mercantilista não encontramos

nenhum dos atributos necessários para identificá-lo com uma escola de pensamento.

O mercantilismo teve diversas interpretações ao longo do tempo. Desde Adam Smith até o presente sucedem-se explicações do que foram e significaram

todos estes autores chamados mercantilistas. John Maynard Keynes, Gustav Schmoller, William Cunningham e o já mencionado Adam Smith, entre muitos

outros, achegaram a sua perspectiva do mercantilismo. É sinalado particularmente Eli Heckscher que, influenciado pelos três últimos autores mencionados, reúne as interpretações destes para logo acrescentar a sua.

Fala do mercantilismo desde o ponto de vista da sua política protecionista e as suas atitudes monetárias (como já refere Smith), como uma doutrina na construção do estado (recolhido de Schmoller), como um sistema de poder

(propugnado por Cunningham) e acrescenta a sua tese a estas quatro: descreve o mercantilismo como uma concepção social que rompeu com os

moldes tanto morais como religiosos que determinavam o comportamento dos agentes econômicos.

Destaca-se Cantillon entre os autores que acreditam que o mercantilismo é a antecipação da doutrina clássica,. Este autor, entre o pensamento

mercantilista e clássico, aperfeiçoa o conceito de "balança de comércio" em termos de trabalho. Desde esta óptica é levado em conta o aumento do

emprego como término positivo nas ganâncias da balança comercial. Assim, pois, Cantillon, advoga por medidas de estabilidade dos preços e impedir a

sua subida (pela acumulação do dinheiro) e, em conseqüência, a sobrevivência de um nível alto de emprego

O conceito de mercantilismo define-se a partir dos grandes descobrimentos, conseqüência da apertura das rotas comerciais marítimas pelos portugueses entre o

A época mercantilista

século XV e 1500 (data do descobrimento do Brasil) e a consolidada corrente do metal precioso (ouro e prata nomeadamente) levado desde os

territórios novos para a Europa, em particular depois do estabelecimento dos vice-reinos de Nova Espanha e do Peru, pelos castelhanos.

Intimamente ligado à emergência do Estado-nação moderno e baseado na existência do binômio "metrópole – colônias", o mercantilismo assumiu formas

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nacionais, das quais podem citar-se, em ordem cronológica: Portugal, Espanha, Inglaterra, Holanda, França, Dinamarca e Suécia durante os séculos XVI, XVII e XVIII. Nesta época, o mercantilismo evolui de tal maneira que gera

um estudo apropriado e traduz-se como uma atividade econômica, em tal grau que se fala de políticas econômicas e normas econômicas. O

mercantilismo começa a ser conhecido com outras denominações, as mesmas que dão senso ao seu conceito: sistema mercantil, sistema restritivo, sistema

comercial, Colbertismo na França e Cameralismo na Alemanha. Derivado da expansão militar européia e do incipiente desenvolvimento

manufatureiro, como complemento da produção clássica da agricultura, o mercantilismo incrementou notavelmente o comércio internacional. Os

mercantilistas foram os primeiros em identificar a importância monetária e política deste.

O mercantilismo desenvolveu-se numa época na que a economia européia estava em transição do feudalismo ao capitalismo. As monarquias feudais

medievais estavam sendo substituídos pelas novas nações-estado centralizadas, em forma de monarquias absolutas ou (em Inglaterra e Holanda) parlamentares. Os câmbios tecnológicos na navegação e o

crescimento dos núcleos urbanos também contribuíram decisivamente ao rápido acréscimo do comércio internacional.[19] O mercantilismo focava em

como este comércio podia ajudar melhor os estados. Outro câmbio importante foi a introdução da contabilidade moderna e as técnicas de dupla entrada. A nova contabilidade permitia levar um claro seguimento do comércio, contribuindo para a possibilidade de fiscalizar a balança de comércio.[20] E evidentemente, também não se pode ignorar o

impacto do descobrimento da América. Os novos mercados e minas descobertas impulsionaram o comércio exterior a cifras até não concebidas. Isto levou a um grande acréscimo dos preços e a um acréscimo na própria

atividade comercial.[21] Curiosamente, a relação entre a chegada de metais preciosos americanos e a inflação européia do século XVI (um fenômeno a uma

escala até então desconhecida) não foi plenamente estabelecido até as pesquisas de Earl J. Hamilton numa data tão tardia quanto 1934 (O tesouro

americano e a revolução dos preços na Espanha, 1501-1650). Antes do mercantilismo, os estudos econômicos mais importantes realizados

na Europa foram as teorias da Escolástica medieval. O objetivo destes pensadores era encontrar um sistema econômico que fosse compatível com as

doutrinas cristãs com respeito da piedade e a justiça. Eram focados nomeadamente nas questões microeconômicas e os intercâmbios locais entre

indivíduos. O mercantilismo, pela sua vez, estava alinhado com as outras teorias e idéias que estavam substituindo o ponto de vista medieval.

Nesta época foram adotadas também as teorias da Realpolitik impulsionadas por Nicolau Maquiavel e a primazia do interesse nacional nas relações

internacionais. A idéia mercantilista de o comércio ser uma soma zero na qual cada parte fazia o possível para ganhar numa dura competência, integrava-se dentro das teorias filosóficas de Thomas Hobbes. Os jogos de soma zero como

o dilema do prisioneiro podem ser consistentes com um ponto de vista mercantilista. No mencionado dilema os jogadores são premiados por

atraiçoar os seus companheiros/oponentes, embora todo o mundo estivesse melhor se todos cooperassem.

Esse ponto de vista pessimista sobre a natureza humana também encaixa com a mentalidade do puritanismo na sua concepção do mundo, que inspirou parte

97

da legislação mercantilista mais dura, como as Atas de Navegação (Navigation Acts) introduzidas pelo governo de Oliver Cromwell.[22]

O pensamento mercantilista pode ser sintetizado através das nove regras de Von Hornick:

As idéias mercantilistas

[23] 1. Que cada polegada do chão de um país seja utilizada para a

agricultura, a mineração ou as manufaturas. 2. Que todas as primeiras matérias que se encontrem num país sejam

utilizadas nas manufaturas nacionais, porque os bens acabados têm um valor maior que as matérias-primas

3. Que seja fomentada uma população grande e trabalhadora. 4. Que sejam proibidas todas as exportações de ouro e prata e que todo o

dinheiro nacional seja mantido em circulação. 5. Que seja obstaculizado tanto quanto for possível todas as importações

de bens estrangeiros 6. Que onde sejam indispensáveis determinadas importações devam ser

obtidas de primeira mão, em troca de outros bens nacionais, e não de ouro e prata.

7. Que na medida que for possível, as importações sejam limitadas às primeiras matérias que possam acabar-se no país.

8. Que sejam procuradas constantemente as oportunidades para vender o excedente de manufaturas de um país aos estrangeiros, na medida necessária,

em troca de ouro e prata. 9. Que não seja permitida nenhuma importação se os bens que se

importam existissem suficiente e adequadamente no país. Contudo, a política econômica interna que defende o mercantilismo estava

ainda mais fragmentada do que a internacional. Enquanto Adam Smith apresentava um mercantilismo que apoiava o controlo estrito da economia,

muitos mercantilistas não se identificavam com tais idéias. Durante os começos da era moderna estava na ordem do dia o uso das patentes reais e a imposição governamental de monopólios. Alguns mercantilistas apoiavam-nos,

enquanto outros viam a corrupção e ineficiência desses sistemas. Um dos elementos nos quais os mercantilistas estavam de acordo era a

opressão econômica dos trabalhadores. Os assalariados e os granjeiros deviam viver nas "margens de subsistência". O objetivo era maximizar a produção, sem nenhum tipo de atenção sobre o consumo. O fato de as classes mais

baixas terem mais dinheiro, tempo de lazer, ou educação era visto como um problema que degeneraria em poucas ganhas de trabalhar, danando a

economia do país.[24] Por outro lado, os estudiosos não se põem de acordo no motivo pelo qual o mercantilismo foi a ideologia ou teoria econômica dominante durante dois

séculos e meio.[25] Um grupo, representado por Jacob Viner, argumenta que o mercantilismo foi simplesmente um sistema muito direto e que contava com senso comum. Contudo, sustentava-se sobre uma série de falácias lógicas que não podiam ser descobertas pelas pessoas da época, dado que não tinham as ferramentas analíticas necessárias. Outra escola, apoiada por economistas

como Robert B. Ekelund, entende que o mercantilismo não era um erro, mas o melhor sistema possível para aqueles que o desenvolveram. Esta escola

argumenta que as políticas mercantilistas foram desenvolvidas e postas em prática por comerciantes e governos, cujo objetivo era incrementar ao

máximo os benefícios empresariais. Os empresários beneficiavam-se

98

enormemente, e sem que isso lhes supusesse um esforço, pela imposição de monopólios, as proibições às importações e a pobreza dos trabalhadores. Os governos, pela sua vez, beneficiavam-se do cobro das tarifas alfandegárias e

os pagamentos dos mercadores. Se bem que as idéias econômicas mais tardias foram desenvolvidas com freqüência por acadêmicos e filósofos, quase todos

os escritores mercantilistas eram comerciantes ou pessoas com cargos no governo.[26]

• O

O mercantilismo como processo econômico Dentro da doutrina econômica mercantilista emergiram, de maneira natural, três questões fundamentais que gerava esta lucrativa atividade comercial:

monopólio da exportação. • O problema dos câmbios e a sua derivação.

• O problema da balança comercial. Na obra The Circle of Commerce (O círculo do comércio, 1623), Edward Misselden desenvolveu um conceito de balança comercial expressado em

termos de débitos e créditos, apresentando o cálculo da balança comercial para a Inglaterra do dia de Natal de 1621 até o de 1622.

A idéia mercantilista de "balança de comércio multilateral" corresponde à atual noção de "balança de pagamentos" e é composta de cinco contas:

Balança de comércio multilateral

1. Conta corrente (=balança comercial) 1. Mercadorias (A)

2. Invisíveis (fretes, seguros, etc.) (A) 2. Contas de capital

1. A curto prazo (C) 2. A longo prazo (A)

3. Transferências unilaterais (doações, ajuda militar, etc.) (A) 4. Ouro (C)

5. Erros e Omissões

As idéias mercantilistas foram a ideologia econômica dominante em toda Políticas mercantilistas

Europa a princípio da Idade Moderna. Contudo, como conjunto de idéias não sistematizadas, a sua aplicação concretiza diferiu na prática de cada país.

Na França

Ministro francês de finanças e mercantilista, Jean-Baptiste Colbert

Na França, o mercantilismo nasce a princípios do Século XVI, pouco tempo depois do reforço da monarquia. Em 1539, um real decreto proíbe a

importação de mercadorias têxteis de lã provenientes da Espanha e de uma parte de Flandres. O ano seguinte são impostas restrições à exportação de ouro.[27] Multiplicam-se as medidas protecionistas ao longo do século. Jean-

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Baptiste Colbert, ministro de finanças durante 22 anos, foi o principal impulsionador das idéias mercantilistas na França, o que fez com que alguns

falaram de colbertismo para designar o mercantilismo francês. Com Colbert, o governo francês implicou-se muito na economia para acrescentar as

exportações. Colbert eliminou os obstáculos ao comércio ao reduzir as taxas alfandegárias interiores e ao construir uma importante rede de estradas e

canais. As políticas desenvolvidas por Colbert em conjunto resultaram eficazes, e permitiram que a indústria e a economia francesas crescessem

consideravelmente durante esse período, tornando a França numa das maiores potências européias. Não teve tanto sucesso à hora de tornar França numa

grande potência comercial equiparável à Inglaterra e a Holanda.[28] Também é característico do colbertismo empreender uma decidida política de criação de Manufaturas Reais que fabricavam produtos estratégicos ou de luxo

(os Gobelinos, para tapetes e cristais), em ambos os casos consumíveis em primeiro lugar pela demanda da própria monarquia, ao tempo que produziam a emulação do seu consumo tanto dentro como fora do reino. Tal emulação

também se viu na criação de manufaturas similares em outros países europeus, entre os que destacaram as Reales Fábricas espanholas de produtos de luxo [29], de armas[30], e de artigos de grande consumo monopolizadas pelo

estado como regalias: tabaco [31], aguardente, naipes. Na Inglaterra

William Petty

Na Inglaterra, o mercantilismo atinge o seu apogeu durante o período chamado do Long Parliament (1640–1660). As políticas mercantilistas também se aplicaram durante os períodos Tudor e Stuart, especialmente com Robert Walpole como principal partidário. O controlo do governo sobre a economia

doméstica era menor que no restante da Europa, devido à tradição da Common law e o progressivo poder do parlamento.[32]

Os monopólios controlados pelo estado estenderam-se, especialmente antes da guerra civil inglesa, apesar de serem com freqüência questionados. Os

autores mercantilistas ingleses estavam divididos com a respeito da necessidade de controlo da economia interior. O mercantilismo inglês adotou

a forma de controlo do comércio internacional. Foi posto em prática um amplo leque de medidas destinadas a favorecer a exportação e penalizar a importação. Foram instauradas taxas alfandegárias sobre as importações e subvenções à exportação. Foi proibida a exportação de algumas matérias-primas. As Navigation Acts (Atas de Navegação) proibiam aos comerciantes estrangeiros fazer comércio interior em Inglaterra. Inglaterra aumentou o

número de colônias e, uma vez estavam sob controlo, eram instauradas regras para autorizar a produzir apenas matérias-primas e a comerciar unicamente

com Inglaterra. Isto conduziu a progressivas tensões com os habitantes dessas colônias e foi uma das principais causas da Guerra de Independência dos

100

Estados UnidosEstas políticas contribuíram em larga medida a tornar a Inglaterra na maior potência comercial do mundo, e uma potência econômica internacional. No interior, a transformação de terras não cultivadas em terreno agrícola teve um efeito duradouro. Os mercantilistas pensavam que para fazer crescer o poderio de uma nação, todas as terras e recursos deviam ser utilizadas ao

máximo, o que levou a se embarcarem em grandes projetos como a drenagem da região dos fens ("pântanos" da

.

planície de Bedford).[33] Na Espanha

Casa de Contratação, que atualmente cumpre a função de Archivo de Indias,

junto à Catedral de Sevilha. Centro econômico do mundo no século XVI, Sevilha afundou-se numa profunda crise no seguinte, enquanto Londres e

Amsterdam entravam no seu apogeu. A revolução dos preços que afetou a toda Europa desde o século XVI, teve a

sua origem na chegada a Espanha das remessas anuais de metais preciosos que trazia a frota de Índias, com o que a reflexão sobre as suas causas e possíveis soluções produziu o primeiro pensamento econômico digno de tal nome. A isso

era acrescentada a tradição de petições econômicas nas Cortes, tanto as castelhanas quanto as dos reinos da Coroa de Aragão. Castela, desde a Baixa

Idade Média presenciara um confronto entre os interesses vinculados à exportação da lã (a aristocrática Mesta, e a alta burguesia de mercadores de Burgos, as feiras e portos ligados com Flandres) e os vinculados à produção

interna de panos (a baixa burguesia e o patriciado urbano das cidades centrais, como Segóvia e Toledo), que se expressaram nas guerras civis dos Trastâmara e mesmo na Guerra das Comunidades de Castela. Esse modelo

simplificado não oculta a confluência de múltiplos interesses, tanto pessoais como dinásticos, institucionais e estamentais, como os das diferentes partes

do clero, e mesmo a presença de minorias como judeus e conversos e a grande maioria social que é o campesinato.[34] A mesma construção da

monarquia autoritária tem muito para ver com a sua habilidade para arbitrar estes conflitos socioeconômicos e a sua dimensão política.[35] A mesma organização do monopólio do comércio americano, através da Casa de Contratação de Sevilha, conjugado com os empréstimos adiantados por

banqueiros alemães (família Fugger) ou genoveses, e os mecanismos da dívida pública (juros) dão uma amostra do necessário e complicado que era entender

os fenômenos econômicos e agir politicamente sobre eles. Era vital para o funcionamento do complexo aparato militar, burocrático e de Fazenda da

Monarquia Hispânica (veja-se Instituições espanholas do Antigo Regime), no que os impostos (uns do rei, outros do reino, outros dos municípios), as

múltiplas isenções, e os direitos e regalias do monarca formavam um tecido caótico.

101

Martín de Azpilicueta

Os economistas espanhóis dos séculos XVI e XVII[36] eram chamados de arbitristas, por ser chamado de arbítrio a medida que, pela sua mera vontade, podia o rei tomar em benefício do reino, e que esses autores solicitavam. Seu papel foi infra-valorado pela mesma historiografia econômica espanhola nos seus primeiros estudiosos, como é o caso de Manuel Colmeiro.[37] Já na sua

própria época eram ridicularizados por propor medidas extravagantes, como o fez Quevedo, que em várias ocasiões descreve bem-intencionados arbitristas ("arcigogolantes") causando toda classe de catástrofes; um de eles está tão

concentrado em escrever as suas teorias que não se dá conta de que se tirou a sim mesmo um olho com a caneta.[38]

Zenón de Somodevilla, marquês da Ensenada.

Durante a crise econômica da Espanha no Século XVII (de fato foi a principal afetada pela geral crise do século XVII) puseram-se em prática muitas

políticas econômicas com certa incoerência, incluindo alterações monetárias e fiscais que mais que remediar, contribuíram para o seu aprofundamento. O estado ruinoso de finais desse século, durante o reinado de Carlos II, porém

presenciou uma reativação da economia nas zonas periféricas (exceto Andaluzia). Após a Guerra de Sucessão Espanhola (1700-1714), implicou um indubitável sucesso econômico a adoção, pelos governos de Filipe V, de uma

série de medidas mercantilistas de inspiração colbertista importadas da França (ministros Jean Orry e Michael-Jean Amelot).

No século XVIII, a herança do arbitrismo mudou para o chamado projectismo ilustrado com maior elevação intelectual. No reinado de Fernando VI as

medidas associadas ao Cadastro de Ensenada, muito ambiciosas, não foram aplicadas com decisão. O mesmo ocorreu com as do Marquês de Esquilache

com Carlos III (decreto de abolição da taxa do trigo e livre comércio de grão, 1765), que foi apartado após o motim que leva o seu nome (1766). O final do século XVIII é o da ascensão de políticos com idéias econômicas mais próximas

à fisiocracia e o liberalismo econômico (Campomanes e Jovellanos), destacando-se o projeto de lei agrária e a liberalização do comércio

americano; que também não conseguiram um desenvolvimento eficaz, já na crise do Antigo Regime.

102

Em Portugal

As demais nações também adotaram as teses mercantilistas em diferente grau. Os

Outros países

Países Baixos, que se tornaram no centro financeiro da Europa graças à sua muito desenvolvida atividade comercial, estavam pouco interessados em

restringir o comércio e somente na última hora adotaram algumas políticas mercantilistas.

O mercantilismo desenvolveu-se em Europa Central e em Escandinávia após a Guerra dos Trinta Anos (1618–1648), quando Cristina da Suécia e Cristiano IV

da Dinamarca passaram a preconizá-lo. Os imperadores Habsburgo interessaram pelas idéias mercantilistas, mas a extensão e a relativa

descentralização deste Império fazia difícil a adoção de tais medidas. Alguns estados do Império adotaram as teses mercantilistas, especialmente Prússia, que teve sob o mandato de Frederico II a economia mais rígida da Europa. Com esta base doutrinal, a Alemanha ia gestar uma escola chamada dos

"cameralistas" que teria influência até o Século XIX. Rússia sob Pedro o Grande tratou de pôr em prática o mercantilismo sem

muito sucesso devido à ausência de uma classe significativa de comerciantes ou de uma base industrial.

A batalha de Scheveningen, 10 de Agosto de 1653 por Jan Abrahamsz

Beerstraaten, por volta de 1654, representa a batalha final da Primeira Guerra Anglo-Holandesa

As idéias mercantilistas também alimentaram os períodos de conflito armado nos séculos XVII e XVIII. Ao ser a idéia dominante que o stock de riqueza é

algo fez, o único jeito de aumentar a riqueza de um país era em detrimento de outro. Muitas guerras, entre as quais é preciso contar as guerras anglo-holandesas, franco-holandesa, e franco-inglesa foram ocasionadas pelas doutrinas que preconizavam o nacionalismo econômico. O mercantilismo

contribuiu também para o desenvolvimento do imperialismo, já que todas as nações tratavam de apoderar-se de territórios para ficar com matérias-

primas. Ao longo deste período o poder das nações européias estendeu-se por todo o planeta. À custa da economia interior, esta expansão criou monopólios, quer as britânicas Companhia das Índias quer a Companhia da Baía de Hudson,

quer a francesa Companhia das Índias Orientais. Estas companhias privilegiadas tinham precedentes desde o século XIV nas

cidades italianas de Pisa, Gênova, Florença e Veneza; a Hansa é omitida por responder a outra categoria funcional. Em Inglaterra surgirão algumas a partir de guildas medievais preexistentes, como as diferentes Company of Merchant Adventurers (séculos XV e XVI). Foi na Holanda independente da Monarquia

Católica que apareceram as primeiras dignas do nome de companhias privilegiadas: a VOC (1602) e a WIC (1621). Outras nações tiveram companhias privilegiadas, notavelmente as nórdicas (Dinamarca, Suécia...). Na Espanha, apesar de contar com precedentes medievais, como os Consulados do Mar

aragoneses ou as instituições similares castelhanas, a figura é de incorporação mais tardia: no século XVIII o monopólio do porto de Cádiz (sucessor do de

103

Sevilha), já muito castigado pelas conseqüências comerciais do Tratado de Utrecht, foi admitindo a presença de alguma companhia similar, como a

Compañía Guipuzcoana de Caracas (1728).

Um bom número de estudiosos assinalou já alguns erros importantes nas teorias mercantilistas bem antes que Adam Smith desenvolvesse uma

ideologia que o pudesse substituir completamente. Houve críticos como

Críticas

Dudley North, John Locke ou David Hume que atacaram os fundamentos do mercantilismo, e ao longo do século XVIII foi perdendo o favor que tivera. Os

mercantilistas eram incapazes de entender noções como a da vantagem competitiva (embora esta idéia apenas chegasse a ser entendida com David

Ricardo em 1817) e os benefícios do comércio. Por exemplo, Portugal era um produtor muito mais eficiente de vinho do que Inglaterra, enquanto na

Inglaterra era relativamente mais barata a produção têxtil. Pelo tanto, se Portugal se especializava em vinho e a Inglaterra em têxteis, ambos os estados sairiam beneficiados se comerciavam. Nas teorias econômicas

modernas, o comércio não se entende como uma soma zero entre competidores, pois que ambas as partes podem ser beneficiadas, pelo qual se trata mais de um jogo de soma positiva. Mediante a imposição das restrições à

importação, ambas as nações terminam sendo mais pobres que se não existissem travas ao comércio.

Grande parte de "A Riqueza das Nações" de Adam Smith é um ataque ao

mercantilismo. David Hume, pela sua vez, apontou a impossibilidade do grande objetivo mercantilista de conseguir uma balança comercial positiva constante. À

medida que os metais preciosos entravam num país, a oferta incrementar-se-ia e o valor desses bens nesse estado começaria a reduzir-se com referência a outros bens de consumo. Pelo contrário, no estado que exportasse os metais preciosos, o valor começaria a crescer. Chegaria um momento no que não

compensasse exportar bens do país com altos preços ao outro país, que agora teria níveis de preços menores, e a balança comercial terminaria revertendo

por si mesma. Os mercantilistas não entenderam este problema, e argumentaram durante muito tempo que um acréscimo na quantidade de

dinheiro simplesmente significava que todo o mundo era mais rico.[39] Outro dos objetivos principais à hora de criticar as teorias do mercantilismo

foi a importância que dada aos metais preciosos, mesmo quando alguns mercantilistas começaram a tirar a importância do ouro e a prata. Adam

Smith apontou que os metais preciosos eram exatamente iguais que qualquer outro bem de consumo, e que não havia razão alguma para lhe dar um

tratamento especial. O ouro não era mais do que um metal de cor amarela que era valioso simplesmente por não ser abundante.

104

A primeira escola que recusou completamente o mercantilismo foi a da Fisiocracia, na França. Contudo, as suas teorias também apresentavam uma série de importantes problemas, e a substituição do mercantilismo não se

produziu até que Adam Smith publicou a sua famosa obra "Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações" em 1776. Este livro

amostra as bases do que atualmente se conhece como a economia clássica. Smith dedica uma parte considerável do livro a rebater os argumentos dos mercantilistas, se bem que estes são com freqüência versões simplistas ou

exageradas dos seus pensamentos.[40] Os acadêmicos também estão divididos à hora de estabelecer uma causa para o final do mercantilismo. Aqueles que crêem que a teoria era simplesmente um erro deduzem que a sua substituição era inevitável desde o momento em

que as idéias de Smith, muito mais exatas, foram expostas ao público. Aqueles que opinam que o mercantilismo era uma procura de formas de

enriquecimento para uma parte da sociedade entendem que somente terminou quando se produziram importantes câmbios na sociedade, e

nomeadamente no sistema de poderes. No Reino Unido o mercantilismo foi desaparecendo a partir de que o Parlamento açambarcou o poder que o

monarca tinha para estabelecer monopólios. Se bem que os ricos capitalistas que controlavam a Casa dos Comuns se beneficiavam desses monopólios, o

Parlamento via difícil levá-los a cabo por causa do grande custo que supunha tomar essas decisões coletivas.[41]

Os regulamentos mercantilistas foram eliminados pouco a pouco ao longo do século XVIII no Reino Unido, e durante o século XIX o governo britânico adotou

abertamente o livre comércio e as teorias econômicas de Smith do laissez faire. No continente o processo foi algo diferente. Na França as prerrogativas econômicas da monarquia absoluta foram mantidas até a Revolução Francesa,

sendo então que terminou o mercantilismo. Na Alemanha o mercantilismo continuou sendo uma importante ideologia até começos do século XX.[42]

Legado Idéias mercantilistas sobreviventes

Alexander Hamilton preside os bilhetes de 10 dólares USA

Pode afirmar-se que as críticas de Adam Smith ao mercantilismo foram aceites no Império Britânico, mas recusadas nos Estados Unidos por figuras tão

importantes quanto Alexander Hamilton, Friedrich List, Henry Clay, Henry C. Carey e Abraham Lincoln. No século XX, a maioria de economistas de ambos os lados do Atlântico chegaram a aceitar que em algumas áreas as teorias mercantilistas eram corretas. O mais importante foi o economista John Maynard Keynes, que explicitamente apoiou algumas das suas teorias.

Adam Smith recusara a ênfase que até então os mercantilistas puseram na quantidade de dinheiro argumentando que os bens, a população e as

instituições eram as causas reais de prosperidade. Keynes argumentou que a

105

quantidade de dinheiro em circulação, a balança comercial e os tipos de interesse tinham uma grande importância na economia. Este ponto de vista

foi logo a base do monetarismo, cujos defensores atualmente recusam muitas das teorias econômicas keynesianas, mas que se desenvolveu e é atualmente uma das escolas econômicas mais importantes. Keynes também fez notar que o enfoque nos metais preciosos também era razoável na época na que se deu

(começos da era moderna). Numa época anterior ao papel moeda, um acréscimo dos metais preciosos e das reservas do estado era a única forma de

incrementar a quantidade de dinheiro em circulação. Adam Smith, por outro lado, também recusou a ênfase do mercantilismo para a produção, argumentando que a única forma de fazer crescer à economia era

através do consumo (que, pela sua vez, impulsionava a produção de bens). Keynes, porém, defendeu que a produção era tão importante quanto o

consumo.

John Maynard Keynes

Keynes e outros economistas do período também retomaram a importância que tinha a balança de pagamentos, e visto que desde a década dos anos 30 todas as nações controlaram as entradas e saídas de capital, a maioria dos economistas está de acordo em que uma balança de pagamentos positiva é

melhor que uma negativa para a economia de um país. Keynes também retomou a idéia de que o intervencionismo governamental é uma necessidade

econômica. Contudo, se bem que as teorias econômicas de Keynes tiveram um grande impacto, não tiveram tanto sucesso os seus esforços de reabilitar a palavra mercantilismo, que atualmente segue a ter conotações negativas e é usado

para atacar uma série de políticas protecionistas.[43] Por outro lado, as similaridades entre o keynesianismo e as idéias dos seus sucessores com o mercantilismo às vezes fizeram que os seus detratores as categorizassem

como neomercantilismo. Por outro lado, alguns sistemas econômicos modernos copiam algumas das políticas mercantilistas. Por exemplo, o sistema do Japão ocasionalmente

também é qualificado de neo-mercantilista.[44] Uma área do uso da informação, Smith foi rebatido antes mesmo do que

Keynes. Os mercantilistas, que eram geralmente mercadores ou funcionários públicos do governo, tinham em suas mãos uma grande quantidade de dados de primeira mão sobre o comércio, e usavam-nos consideravelmente nas suas

pesquisas e escritos. William Petty, um mercantilista importante, é com freqüência considerado o primeiro economista em usar uma análise empírica para estudar a economia. Smith recusava este sistema por entender que o

método dedutivo era o método correto para descobrir as verdades econômicas. Atualmente, porém, a maioria das escolas econômicas aceitam que ambos os métodos são importantes (se bem que a escola austríaca supõe

uma notável exceção).

106

Friedrich List

Em instâncias específicas, as políticas mercantilistas protecionistas também tiveram um impacto positivo no estado que as pôs em prática. O mesmo Adam

Smith (sem importar a contradição em que incorria ao patrocinar o livre comércio para as demais e não para a sua própria nação) elogiou as Atas de Navegação inglesas por terem servido para expandir enormemente a frota mercante britânica, e por ter um papel central em tornar o Reino Unido na

superpotência naval e econômica que foi desde então.[45] Alguns economistas argumentaram que o protecionismo era bom para indústrias em

desenvolvimento, e que se bem que causa alguns danos a curto prazo, pode ser benéfico a longo (teoria das "indústrias infantis" do alemão Friedrich List). Em qualquer caso, A Riqueza das Nações teve um profundo impacto no final

do mercantilismo e a adoção posterior da política de livre mercado. Para 1860, a Inglaterra já eliminara os últimos vestígios do mercantilismo (por exemplo, as protecionistas leis do grão ou corn laws). As regulamentações

industriais, os monopólios e as tarifas alfandegárias foram retiradas. Convertida em "a oficina do mundo", com uma indústria e uma frota mercante

com a que ninguém podia competir, Inglaterra converteu-se na grande defensora e propagandista da política de livre mercado, justo no momento em

que mais a beneficiava, e o continuou a ser até a Primeira Guerra Mundial, quando a segunda revolução industrial trouxe competidores sérios.

A posteridade do mercantilismo foi sem dúvida maior na prática política que na teoria econômica. Se o pensamento econômico do

Herança política

Século XIX é dominado pelas escolas clássica e neoclássica, mais bem favoráveis ao livre-comércio, a

prática política esteve influenciada durante muito tempo por idéias mercantilistas. Como faz ver o historiador Paul Bairoch, apesar de "os homens deixarem de razoar em termos de nível de desenvolvimento a conseguir em maior ou menor tempo passando a fazê-lo em termos de apropriação de uma

parte maior de riqueza", em 1815 e em 1913, o mundo ocidental é "um oceano de protecionismo rodeando alguns ilhotes liberais".[46]

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, assiste-se a uma liberalização contínua do comércio mundial sob o impulso das grandes instituições de livre-comércio como a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional (FMI). Contudo alguns economistas como

Paul Krugman opinam que estas instituições estão guiadas por um "mercantilismo ilustrado", que não tenta favorecer os princípios do livre-

comércio, senão favorecer as concessões comerciais mutuamente vantajosas.[47] Outros economistas radicais e pensadores chegam a afirmar que

essas organizações, com a escusa do livre-comércio, impõem a forma de comércio internacional que desejam as grandes potências econômicas que os

controlam.[48]

107

Manifestação para a manutenção do protecionismo à agricultura no Japão. Os

protestos antiglobalização incluem habitualmente a defesa de posições similares ao mercantilismo.

Segundo Daniel Cohen, os recentes insucessos das negociações no seio da OMC resultam reveladores desse "mercantilismo ilustrado". Se as negociações das anteriores etapas chegaram a ter sucesso, foi graças a comprometimentos, a concessões recíprocas e eqüitativas. Os países ricos aceitavam, por exemplo,

liberalizar o setor têxtil em troca de vantagens em matéria de serviços financeiros concedidos pelos países emergentes. Por outro lado, após a cimeira de Cancún em 2003, as negociações entre países ricos e pobres

mudaram de natureza. Os debates focalizam-se no tema agrícola no que as oportunidades de um intercâmbio mutuamente benéfico apareceram

impossíveis. Longe de ser um "jogo de soma positiva", o comércio internacional aparece como um "jogo de soma zero", o desafio da cimeira

passou a ser: "nossos agricultores ou os vossos", como se as ganâncias de uma nação significassem perdas para outra.[49]

O término neo-mercantilismo serve para designar, quase sempre de jeito pejorativo, as políticas contemporâneas que lembram as dos mercantilistas do

Século XVIII. Consistem quase sempre em medidas protecionistas ou em políticas comerciais agressivas nas quais o Estado se implica para fomentar a

competitividade das empresas nacionais. No contexto da globalização, o neo-mercantilismo baseia-se no conceito de "competência mundial", vindo a ser uma "guerra econômica" entre os países. Diz-se que a proteção às empresas nacionais e o apóio à sua competitividade nos mercados mundiais é proveitosa para a economia nacional. Assim algumas grandes potências são acusadas de neo-mercantilistas quando apóiam à sua

indústria nacional por meio de subvenções ou de encargos estatais, ao mesmo tempo em que impõem quantidades, taxas ou normas à importação, para

proteger o seu mercado interior. O conflito Boeing-Airbus, unido às subvenções atribuídas a cada uma das suas empresas por parte dos governos norte-americano (em forma de encargos) e europeus, pode ser visto como

exemplo de neo-mercantilismo. O conceito de "guerra comercial" alimenta as campanhas políticas das grandes potências econômicas: é preciso "fazer Europa para chegar ao peso" dizia um cartaz do Partido Socialista Francês que apresentava a Europa frente de um lutador de sumo japonês e um obeso norte-americano durante a campanha

eleitoral para o referendum sobre o Tratado de Maastricht em 1992. Segundo alguns, essas políticas servem de contrapeso para os efeitos supostamente negativos da globalização econômica sobre a justiça social, enquanto os

economistas do livre-comércio opinam que favorecem interesses particulares de algumas indústrias e prejudicando ao interesse geral. Contudo, o conceito

de preferência comunitária não é uma realidade jurídica, nem sequeira econômica. Se foi sancionado pelo Tribunal de Justiça da União Européia a 13 de Março de 1968 em matéria de política agrária comum (em função de um

direito de alfândega sobre os produtos procedentes de países terceiros),

108

pronto topou-se com os objetivos do GATT. Atualmente é mantida uma tarifa exterior comum, que provoca com freqüência duras discussões entre os países

membros da União Européia e a Organização Mundial do Comércio. Notas e referências

1. ↑ HUNT, E. K. História do pensamento econômico; tradução de José Ricardo Brandão Azevedo. 7a. edição - Rio de Janeiro : Campus, 1989, p. 44

(ISBN 85-7001-421-X). 2. ↑ Como exemplo: os habitantes do atual Haiti (a colônia) forneciam de

açúcar, café e algodão apenas para a França (a metrópole) e comprar somente dos franceses os tecidos e outros manufaturados que necessitassem.

3. ↑ Antoine de Montchrétien é conselheiro do príncipe, Jean Bodin e Charles de Montesquieu são magistrados, Jean-Baptiste Colbert e Jacques

Necker ministros de finanças, Thomas Mun e Josiah Child dirigentes da Companhia Inglesa das Índias Orientais, William Petty um homem de negócios,

John Law e Richard Cantillon financeiros. (Etner 2005, p.3012) 4. ↑

o Lind, Michael: "Durante o século XIX a escola predominante de economia política americana foi o sistema americano de desenvolvimento de nacionalismo econômico(...) O padroeiro da escola era Alexander Majorie, cujo Informe sobre Manufaturas (1791) tinha feito um chamamento para o ativismo do governo federal para patrocinar um desenvolvimento das infra-estruturas e uma industrialização protegida por tarifas alfandegárias que

afastassem os produtos manufaturados britânicos (...) A escola americana, criada no século XIX por economistas como Henry Carey (assessor do

presidente Lincoln), inspiravam o "sistema americano" de Henry Clay e as políticas protecionistas de substituição de importações até bem entrado o

século XX."(de "Hamilton's Republic" Part III "The American School of National Economy" pg. 229-230 Ed. Free Press, Simon & Schuster (USA), 1997 - ISBN 0-

684-83160-0) o Richardson, Heather Cox: "Por volta de 1865 os republicanos

desenvolveram uma série de altas tarifas alfandegárias que refletiam as teorias econômicas de Carey e Wayland e estavam desenhadas para fortalecer e beneficiar todas as partes da economia americana, incrementando o nível

de vida de todos. Como concluiu um republicano (...) O Congresso deve adaptar a sua legislação para ajudar todos os ramos da indústria, fazer que as pessoas prosperem, e permitir-lhes pagar os impostos (...) para as despesas ordinárias de governo" (cfr. "The Greatest Nation of the Earth" Capítulo 4 :

"Directing the Legislation of the Country to the Improvement of the Country: Tariff and Tax Legislation" pg. 136-137 published 1997 by the President and

Fellows of Harvard College in the USA - ISBN 0-674-36213-6) o Boritt, Gabor S: "Lincoln, portanto, teve o prazer de tornar em lei

grande parte do programa que levara a cabo durante a melhor parte da sua vida política. E isto, como o historiador Leornard P. Curry há escrito, implicou

uma "pegada/rasto para a América moderna" e "O homem que Lincoln escolheu para a posição de Secretário do Tesouro, Salmon P. Chase, foi um

ex-democrata, mas da variedade moderada de economistas, um a quem Joseph Dorfman pôde mesmo descrever como 'um bom Hamiltoniano, e um

progressista ocidental do selo de Lincoln em tudo, desde um selo até ao banco nacional.'" (de "Lincoln and the Economics of the American Dream" Capítulo

14: "The Whig in the White House" pp. 196-197 publicado em 1994 por Memphis State University Press - ISBN 0-87870-043-9; ISBN 0-252-06445-3)

109

5. ↑ Jürg Niehans. A History of Economic Theory pg. 6 6. ↑ Harry Landreth and David C. Colander History of Economic Thought.

pg. 44 7. ↑ Eli F. Heckscher, Mercantilism, trad. inglesa 1935, vol. I, p. 19

8. ↑ Robert B. Ekelund and Robert D. Tollison. Mercantilism as a Rent-Seeking Society. pg. 9

9. ↑ Mark Blaug, 4ª edição, p. 11. 10. ↑ Em Os Seis livros da República 11. ↑ Landreth and Colander. pg. 48

12. ↑ David S. Landes The Unbound Prometheus. pg. 31 13. ↑ Ekelund e Hébert, Historia de la Teoría Económica y de su método, p.

43, ed. MacGrawHill 14. ↑ Riqueza das Nações, Livro IV, capítulo I

15. ↑ Vauban, Projet de Dime royale, 1707, pp. 77-78 16. ↑ Thomas Mun, A Discourse of Trade from England unto the East-Indies,

1621 17. ↑ Robert B. Ekelund e Robert F. Hébert, A History of Economic Theory

and Method p. 46. 18. ↑ É muito conhecida a tese de Max Weber: La ética protestante y el

espíritu del capitalismo, Alianza Editorial, Madrid, 2001. 19. ↑ Landreth and Colander. pg. 43

20. ↑ Charles Wilson. Mercantilism. pg. 10 21. ↑ John Kenneth Galbraith. "A Critical History." pg. 33-34

22. ↑ Landreth and Colander. pg. 53 23. ↑ Idéias citadas por Ekelund e Hebert, op. Cit. Pág. 44

24. ↑ Robert B. Ekelund and Robert F. Hébert. A History of Economic Theory and Method. pg. 46

25. ↑ Ekelund and Hébert. pg. 61 26. ↑ Niehans. pg. 19

27. ↑ Hermann Kellenbenz, The Rise of the European Economy, p. 29 28. ↑ E.N. Williams, The Ancien Regime in Europe, p. 177-83.

29. ↑ Porcelana del Buen Retiro, Cristal de la Granja, Real Fábrica de Tapices

30. ↑ Real Fábrica de Artillería de A Cavada 31. ↑ A Real Fábrica de Tabacos de Sevilha e a de Madrid

32. ↑ E. Damsgaard Hansen. European Economic History. p. 65 33. ↑ Wilson p. 15.

34. ↑ Madrazo Madrazo, Santos (1969) Las dos Españas. Burguesía y nobleza, los orígenes del precapitalismo español Editorial ZYX.

35. ↑ Anderson, Perry (1979) El estado absolutista, Madrid, Siglo XXI. 36. ↑ Tomás de Mercado, Sancho de Moncada e Martín de Azpilicueta,

teólogos vinculados à Escola de Salamanca; Luis Ortiz, contador de fazenda, Martín González de Cellorigo, advogado na Chancelaria de Valladolid, Pedro Fernández de Navarrete, militar e governador de Guipúzcoa, Luis Val de la

Cerda, que propõe em 1600 a criação dos Montes de Piedad com o apóio das Cortes...)

37. ↑ Colmeiro, Manuel: (1883) História de la Economía Política en España; (1880) Biblioteca de los economistas españoles de los siglos XVI, XVII y XVIII.

38. ↑ Chopis-Fontes, Roger (1991) O personagem do arbitrista segundo Cervantes e Quevedo Cincinnati Romance Review 10, pp. 111-122. Consultável

em internet há um estudo de Mercedes Blanco Del infierno al Parnaso.

110

Escepticismo y sátira política en Quevedo y Trajano Boccalini [1] 39. ↑ Ekelund and Hébert. pg. 43

40. ↑ Niehans. pg. 19 41. ↑ Ekelund and Tollison

42. ↑ Wilson pg. 6 43. ↑ Wilson pg. 3

44. ↑ Robert S. Walters and David H. Blake. The Politics of Global Economic Relations.

45. ↑ Hansen pg. 64 46. ↑ Paul Bairoch, Mythes et paradoxes de l'histoire économique, La

Découverte, 1994 47. ↑ P. R. Krugman, "Does the New Trade Theory Require a New Trade

Policy ?", The World Economy, vol 15, n° 4, Julho 1992, pp. 423 – 441, pp. 429 – 431.

48. ↑ Noam Chomsky fala sobre a OMC. Freedom, 1992. 49. ↑ Daniel Cohen, « L'OMC est morte », le Monde, 9 de Outubro 2003

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Fontes

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Station: Texas A&M University Press, 1981. (em inglês) • Robert B. EKELUND e Robert F. HÉBERT. A History of Economic Theory

and Method. New York: McGraw-Hill, 1997. (em inglês) • François ETNER, Mercantilisme, Encyclopédie thématique Universalis,

2005 (em francês) • Eli F. HECKSCHER Mercantilism. tradução de Mendel Shapiro. London:

Allen & Unwin. 1935. (em inglês)"Notes on Mercantilism, the Usury Laws, Stamped Money and the Theories of Under-Consumption." General Theory of

Employment, Interest and Money. (em inglês) • Harry LANDRETH e David C. COLANDER. History of Economic Thought.

Boston: Houghton Mifflin, 2002. (em inglês) • NIEHANS, Jürg. A History of Economic Theory: Classic Contributions,

1720-1980. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1990. (em inglês) • Jean-Pierre POITIER, Histoire de la pensée économique [2] (em

francês) • Gianni VAGGI e Peter GROENEWEGEN. A Concise History of Economic Thought: From Mercantilism to Monetarism. New York: Palgrave Macmillan,

2003. (em inglês) • Charles WILSON. Mercantilism. London: Historical Association, 1966

(em inglês)

• Rothbard, Murray N. Outras leituras Economic Thought Before Adam Smith. An

Austrian Perspective on the History of Economic Thought. Volume I • Rothbard, Murray N. Classical Economics. An Austrian Perspective on

the History of Economic Thought. Volume II ESCOLA DE SÁBIOS

111

Escola de Sagres Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Rosa dos ventos da fortaleza de Sagres, no Algarve, Portugal.

A Escola de Sagres constitui um dos grandes mitos da história portuguesa, resultante de deficientes interpretações de crónicas antigas. Com base no pressuposto de que o infante D. Henrique convidou um cartógrafo catalão

para se colocar ao seu serviço, muitos consideraram (a partir logo do século XVI, com Damião de Góis), que teria havido uma Escola Náutica em Sagres, fundada pelo Infante D. Henrique, por volta de 1417, no Algarve. A escola, centro da arte náutica, teria assim formado grandes descobridores, como

Vasco da Gama e Cristóvão Colombo. Após o seu regresso de Ceuta, o Infante D. Henrique fixa-se em Sagres, na Vila do Infante, rodeia-se de mestres nas

artes e ciências ligadas à navegação e cria uma Tercena Naval a que é comum chamar-se a Escola de Sagres. De facto, o que se criou não foi uma

escola no moderno conceito da palavra, mas um local de reunião de mareantes e cientistas onde, aproveitando a ciência dos doutores e a prática

de hábeis marinheiros, se desenvolveram novos métodos de navegar, desenharam cartas e adaptaram navios.

De acordo com os cronistas da época, largavam todos os anos dois ou três navios para as descobertas. O primeiro a mencionar a existência de uma

escola foi o historiador inglês Samuel Purchas no século XVII, embora já antes Damião de Góis aludisse à ideia de uma Escola patrocinada pelo Infante. O

mito foi depois consolidado por historiadores portugueses e ingleses.

E surgem logo os primeiros resultados:

Primeiros resultados

Gonçalves Zarco atinge Porto Santo (1419) e a Ilha da Madeira (1420), Diogo de Silves a ilha açoreana de Santa Maria (1427) e só em 1434 Gil Eanes ultrapassa o cabo Bojador (ponto mais ocidental da África). Isso representa doze anos para avançar as duzentas

milhas que separam o cabo Não do cabo Bojador. A passagem do Bojador, o célebre Mar Tenebroso dos geógrafos árabes, seria temida pelos navegadores portugueses pela dificuldade do regresso, pois a rota inversa era contrária aos ventos dominantes, pelo que só era possível fazê-lo, navegando à vela, fazendo a volta pelo largo, mas para isso foram

necessários os novos conhecimentos científicos que os portugueses

112

desenvolveram no segundo quartel do século XV. O navio empregue na exploração da costa africana era a caravela, usada primitivamente na faina

da pesca e caracterizada pela sua robustez e pouco calado; com uma tonelagem que variou das 50 às 160 toneladas e armando 1, 2 ou 3 mastros

com velas latinas triangulares, bolinava satisfatoriamente para a época. A Escola de Sagres nunca foi uma entidade de fato. Suas origens remontam à Ordem dos Templários. Com a perseguição e massacre promovido contra seus

membros, nos séculos XIII e XIV os remanescentes foram acolhidos por Portugal e fundaram os "cavaleiros de ordem de Cristo", da qual faz parte D. Henrique, filho do Rei português. Sob a sua bandeira obtinham proteção os judeus, árabes e outros intelectuais perseguidos pela inquisição européia,

sendo que entre estes encontravam-se cartógrafos e navegadores de renome.

No início do

Era dos Descobrimentos

século XV a técnica da navegação em quase nada diferia da usada na antiguidade; navegava-se quase sempre à vista de costa utilizando

remos ou ventos de feição e ao piloto cabia escolher a rota pelo conhecimento prático que tinha dos locais demandados, dos mares, das correntes e dos fundos navegáveis. Embora já se utilizassem a agulha de

marear e a ampulheta, os instrumentos náuticos, as cartas e as observações astronómicas estavam longe de prestar quaisquer serviços, apenas no Oceano Índico os navegadores árabes utilizavam o Kamal para, na prática, manterem

o navio sobre determinada latitude. E como o vento constituía a principal força motriz dos navios, era fundamental o conhecimento das áreas de ventos

favoráveis. Os descobrimentos portugueses do início do século XV não se limitarem à

exploração científica e comercial do litoral africano; houve também viagens para o mar largo em busca de informações meteorológicas e oceanográficas que permitissem o regresso dos navios da costa africana por zonas de ventos mais favoráveis. Foi nestes trajectos que se descobriram os arquipélagos da Madeira e dos Açores, o Mar dos Sargaços ou Mar da Baga, e a volta da Mina

ou seja, a rota oceânica de regresso de África. O conhecimento do regime de ventos e correntes do Atlântico Norte e a determinação da latitude por

observações astronómicas a bordo, permitiu nova singradura no regresso de África, cruzando o Atlântico Central até à latitude dos Açores, onde os ventos de Oeste facilitavam o rumo directo para Lisboa, possibilitando assim que os

portugueses se aventurassem cada vez para mais longe da costa. Diogo Cão e Bartolomeu Dias são dois marcos desta época: o primeiro atinge a Foz do Zaire em 1482 e o segundo dobra o Cabo da Boa Esperança em 1487.

Como corolário destas viagens de exploração, Vasco da Gama descobre o caminho marítimo para a Índia em 1497/1499.

113

Cronologia dos descobrimentos portugueses Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

1419 - João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira descobrem a Ilha de Porto Santo, na Madeira.

• 1420 - Os mesmos navegadores, com Bartolomeu Perestrelo, descobrem a Ilha da Madeira, que é de imediato colonizada.

1427 - Diogo de Silves descobre as ilhas açorianas ocidentais e centrais, que seriam colonizadas em 1431 por Gonçalo Velho Cabral.

• 1434 - Gil Eanes dobra o Cabo Bojador, dissipando o terror que este promontório inspirava.

1435 - Gil Eanes e Afonso Gonçalves Baldaia descobrem Angra de Ruivos e este último chega ao Rio de Ouro, no Saara Ocidental.

• 1441 - Nuno Tristão chega ao Cabo Branco com Gonçalo Afonso. • 1443 - Nuno Tristão entra no golfo de Arguim (Mauritânia). • 1444 - Dinis Dias descobre o Cabo Verde e a ilha de Palma.

• 1445 - Álvaro Fernandes passa além do cabo Cabo Verde e chega ao Cabo dos Mastros.

• 1446 - Álvaro Fernandes chega ao norte da Guiné-Bissau. • 1452 - Diogo de Teive descobre as ilhas Flores e Corvo nos Açores.

• 1456 - 1460 - Alvise Cadamosto e Diogo Gomes descobrem as primeiras ilhas do arquipélago de Cabo Verde.

• 1461 - Diogo Gomes e António Noli mais ilhas de Cabo Verde. • 1461 - Diogo Afonso descobre as ilhas ocidentais do arquipélago de Cabo Verde.

1470 - João de Santarém e Pêro Escobar descobrem as ilhas de São Tomé e Príncipe. 1471 - João de Santarém e Pêro Escobar cruzam o Equador e descobrem o Hemisfério

Sul, iniciando a navegação guiada pelo Cruzeiro do Sul. Vão do golfo da Guiné à foz do Níger. • 1472 - João Vaz Corte-Real e Álvaro Martins Homem atingem a Terra Nova.

• 1482 - 1486 - Diogo Cão chegou ao estuário do rio Zaire (Congo) onde deixou um Padrão de pedra, substituindo as habituais cruzes de madeira; avançou 150Km a montante

até às cataratas de Lelala. • 1485 - Diogo Cão chegou ao Cabo da Cruz, na actual Namíbia.

1487 - Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã partem de Lisboa, viajando por terra em busca do reino do Preste João, na Etiópia.

1488 - Bartolomeu Dias dobra o Cabo das Tormentas, futuro cabo da Boa Esperança, coroando 50 anos de esforço e numerosas expedições, entrando pela primeira vez no Oceano

Índico. • 1489 - 1492- São feitas várias expedições ao Atlântico Sul para mapear os ventos. 1494 - Portugal e Espanha assinam o Tratado de Tordesilhas, dividindo o mundo por

descobrir entre si. • 1495 - Viagem de João Fernandes Lavrador e Pedro Barcelos à Gronelândia. Nesta

viagem avistam a terra a que dão o nome Labrador (lavrador). 1497 - 1499 - Vasco da Gama comanda a primeira frota a contornar África e chegar a

Calecute na Índia, e regressa. 1498 - Duarte Pacheco Pereira explorou o Atlântico Sul (e terá alcançado a foz do rio

Amazonas e a ilha do Marajó no que terá sido uma expedição secreta.) 1500 - A frota comandada por Pedro Álvares Cabral chega ao Brasil, aportando em

Porto Seguro. • 1500 - 1501 - Gaspar Corte Real atinge a Terra Nova, que nomeia Terras de Corte

Real (Canadá). 1502 - Miguel Corte-Real parte para a Nova Inglaterra em busca do seu irmão Gaspar.

João da Nova descobre a Ilha de Ascenção. Fernão de Noronha descobre as ilhas que mantêm o seu nome, Fernando Noronha, em Pernambuco.

• 1503 - De regresso do Oriente Estevão da Gama descobre a Ilha de Santa Helena. • 1506 - Tristão da Cunha descobre a Ilha de Tristão da Cunha no Atlântico Sul.

Navegadores portugueses aportam em Madagáscar. 1509 - Diogo Lopes Sequeira atravessa o golfo de Bengala e chega a Malaca (Malásia),

com ele viaja Fernão de Magalhães, que viria a fazer a primeira viagem de circum-navegação ao globo, ao serviço de Espanha em 1519-22.

• 1512 - António de Abreu chega à ilha de Timor. • 1511 - Francisco Serrão atinge as Molucas (Indonésia).

114

1513 - Primeiro navio comercial aporta na China, sob o comando de Jorge Álvares e Rafael Perestrello.

• 1517 - Primeiros contactos oficiais com a China. Fernão Pires de Andrade e Tomé Pires são enviados de D. Manuel I para estabelecer relações oficiais entre o Império

Português e a Dinastia Ming, no reinado do imperador Zhengde. • 1522 - (A Austrália terá sido descoberta por Cristovão de Mendonça e Gomes de

Sequeira, em 1525 - descoberta que aguarda reconhecimento). 1542 - Fernão Mendes Pinto, Diogo Zeimoto e Cristovão Borralho chegam ao Japão. [1]

Capítulo 5 A PRESENÇA DOS JUDEUS EM PORTUGAL

A comunidade judaica em Portugal Artigos de Maria Calado, Vice-presidente do CNC, publicado no DN, em Agosto de 2006

O CNC editou a obra Judeus e Árabes na Península Ibérica (Inglês / Francês / Português).Vários autores, 1993. (Esgotado)

(depois de expulsos Portugal definhou)

No século xv, Portugal tornou-se o mais importante centro da cultura sefardita. Acolheu,

temporariamente, os grandes sábios judeus da época, entre os quais Isaac Aboab, o líder espiritual

da comunidade judaica da Península Ibérica, Salomão Ibn Verga, autor de Schébet Yehudah (A

Vara de Judá, crónica em que narra a vida dos judeus na península), e Abraão Saba, exegeta,

pregador e cabalista. Guedelha Palaçano, que foi rabi-mor no tempo do

rei D. Afonso V, ocupou uma posição privilegiada no panorama político e cultural português do século XV, familiarizando-se com os textos clássicos e os

valores do humanismo quatrocentista. Escreveu em Lisboa um tratado sobre a Providência Divina, mas a maior parte do seu trabalho foi desenvolvida após a

saída do país, em 1483, acusado de participar na conjura para depor o rei D. João II.

Viveu alguns anos na Corte de Castela e em 1492 instalou-se em Itália, onde permaneceu até à morte,

em 1508. Os filhos de Isaac Abravanel, todos nascidos em Lisboa, foram homens cultos e

respeitados pelo seu saber. O mais famoso deles, Judá Abravanel, conhecido como Leão Hebreu, deixou uma importante obra literária e filosófica. Ainda no domínio da cultura literária, destacaram-se Eliezar Toledano, Samuel Gacon, Samuel d'Ortas e Abraão d'Ortas, nomes ligados aos primórdios da Imprensa em Portugal.

A Samuel Gacon se deve a edição do primeiro incunábulo português, uma impressão do

Pentateuco, feita na sua oficina em Faro, em 1487. A oficina de Eliezer Toledano funcionou em Lisboa, produzindo, entre 1489 e 1492, pelo

menos oito obras conhecidas em hebraico. Do mesmo modo, em Leiria, a oficina familiar de Samuel d'Ortas e seus filhos também

executava trabalhos de impressão. Foi daquele prelo que saiu a primeira edição do Almanach Perpetuum de Zacuto, em 1496.

115

Abraão Zacuto foi o autor de um novo e melhorado Astrolábio, que ensinou os navegantes portugueses a

utilizar, e também de melhoradas tábuas astronómicas que ajudaram a orientação das caravelas portuguesas no alto-

mar, através de cálculos a partir de observações com o Astrolábio. As suas contribuições permitiriam as

descobertas do Brasil e da Índia. Ainda em Espanha, escreveu e publicou um tratado

notável de astronomia em hebreu, com o título Ha-jibbur Ha-gadol. Publicou na tipografia de Leiria de Abraão de

Ortas em 1496 a obra Almanach Perpetuum, que viria a ser traduzida em Latim e Castelhano. Neste livro viriam as tábuas astronómicas para os anos de 1497 a 1500, que

foram utilizadas, juntamente com o seu astrolábio melhorado de metal, por Vasco da Gama e Pedro Álvares

Cabral nas suas viagens.

No campo artístico ficou a dever-se aos judeus o aperfeiçoamento da iluminura. Algumas escolas de copistas instaladas em Lisboa e nas principais cidades formaram grandes artistas que ilustraram algumas das obras de temática judaica e outros manuscritos

importantes da época. Entre os copistas mais importantes encontramos Samuel de Medina, Eleazar Gagosh e

Samuel Musa Filho.

116

Perush Ha-Berakoth Ve-Ha-Tefillot, um incunábulo hebraico impresso em Portugal. Oficina de David

Abudrahan em Lisboa, 1489. Note-se a excelente qualidade dos tipos.

O Sul Compreendendo um vasto território que se estende entre o Norte e o Sul do rio Tejo, esta

região apresenta uma grande quantidade e diversidade de tradições judaicas. O Ribatejo é por vocação um espaço de confluência e de cruzamento de rotas comerciais.

Nas suas vilas e cidades, com destaque para Santarém, fixaram-se judeus, dando dimensão urbana a um território marcadamente agrícola.

Escassamente povoado e afastado dos centros do poder político e religioso, com uma extensa frente raiana, o Alentejo sempre abrigou uma grande população judaica do País,

ali instalada desde o período da ocupação muçulmana. Quase todas as cidades e vilas possuíam as suas judiarias. A maior localizava-se,

naturalmente, em Évora, grande centro urbano do Alentejo interior e local de residência temporária da Corte na Idade Média.

Mas também Castelo de Vide, Crato, Portalegre, Borba, Vila Viçosa, Arronches, Vidigueira, Estremoz, Monsaraz, Moura, Beja, Serpa e Mértola tinham comunas de judeus, instaladas

em bairros próprios e quase sempre ligadas ao comércio entre Portugal e os reinos peninsulares. 1. Santarém

No coração da lezíria e com uma localização privilegiada no Centro do País, esta cidade foi desde sempre um próspero centro agrícola e comercial onde afluíram judeus.

A comunidade era numerosa e próspera já no período muçulmano e, em 1147, pela conquista da cidade aos mouros por D. Afonso Henriques (1139-1185), passa a integrar o

reino de Portugal. A Judiaria de Santarém constituía uma das sete comarcas definidas por D. Dinis (1279-1325) e reconfirmadas por D. João I (1385-1433). Localizava-se junto da Rua Direita e das portas

da cidade, dinamizando o comércio local e a feira. Os judeus de Santarém dedicavam-se às actividades artesanais e intelectuais. Depois da

expulsão, em 1497, muitos mantiveram-se como cristãos-novos e cripto-judeus. Um percurso pelo centro histórico evoca-nos hoje os lugares e as vivências da próspera

comunidade judaica de Santarém durante a Idade Média. 2. Castelo de Vide

Muito próximo da fronteira com Castela, esta vila alentejana foi um dos locais privilegiados de acolhimento das várias migrações de judeus. Estes eram provenientes dos reinos

vizinhos, nomeadamente de Castela e entraram pelo porto seco de Marvão durante os séculos XIV e XV.

Apesar de referências antigas a um pequeno núcleo de habitantes judeus, foi no século XIV que a judiaria se consolidou e teve uma expressão regional. Depois de 1496,

permaneceram em Castelo de Vide muitas famílias de judeus convertidos ao cristianismo. Aqui nasceu Garcia da Orta, filho de cristãos novos e autor de Colóquio dos Simples e

Drogas da Índia, uma das mais importantes obras da ciência médica e botânica do século XVI.

A Judiaria de Castelo de Vide ocupava uma zona junto da porta principal do Castelo, entre o mercado e a Fonte da Vila. Estendia-se pelas ruas medievais da Fonte, do Mercado, do Arçario, do Mestre Jorge e da Judiaria e ainda pelas actuais Rua dos Serralheiros e Rua

Nova. Como conjunto arquitectónico e urbanístico, esta judiaria é a que se encontra mais bem preservada em todo o País. O núcleo da sinagoga e os edifícios envolventes são muito

significativos e traduzem a organização espacial da comuna judaica na Idade Média. Vários portais e janelas góticas, alguns com elementos simbólicos da época, testemunham a antiguidade e a qualidade deste património edificado no centro histórico de Castelo de

117

Vide. A antiga Sinagoga localiza-se na esquina da Rua da Judiaria com a Rua da Fonte. Como em Tomar, trata-se de uma habitação adaptada. O edifício, hoje restaurado e valorizado como património arquitectónico e área museológica, apresenta no piso térreo o espaço de culto,

onde se julga ter sido o tabernáculo aberto numa das paredes da casa. Num compartimento separado, como era habitual, ficava o espaço destinado a acolher as mulheres e noutro anexo ficava a escola, com entrada por uma porta ogival similar às duas

que dão acesso à entrada da Sinagoga na Rua da Judiaria. Outros edifícios, na mesma rua, terão pertencido ao conjunto onde se instalaram os

diversos serviços cívicos e religiosos dos judeus locais. Após a expulsão, este edifício sofreu várias alterações e apenas nos anos 70 deste século foi redescoberto o tabernáculo e

restaurada a sua traça primitiva. Os estudos arqueológicos que se fizeram na altura do restauro permitiram encontrar no

piso interior três silos para guardar cereais, escavados em granito, na base do edifício. Castelo de Vide é hoje um dos centros turísticos mais visitados por judeus de todo o

mundo. 3. Évora

Nesta antiga cidade alentejana que muitas vezes acolheu a Corte, existiu uma das maiores judiarias do País. No século XIV, as autoridades judaicas entraram em negociações com a

Câmara Municipal para que o seu espaço urbano fosse ampliado, de modo a abrigar convenientemente o grande número de habitantes que a comuna então possuía.

Embora o tecido urbano de Évora seja ainda medieval, a localização e extensão da judiaria é hoje imprecisa. Ficava entre as portas do Alconchel e do Reimondo (entre a Rua do

Tinhoso e a Rua dos Mercadores, seguindo algumas travessas até à Rua do Reimondo), abrigando no seu interior duas sinagogas, a midrash, os banhos, o hospital e uma gafaria.

Na área da antiga judiaria encontram-se vários portais góticos que pertenceram a casas de habitantes da comunidade, que se dedicavam ao comércio e a actividades artísticas e

intelectuais. Faz parte do acervo do Museu Regional de Évora uma pedra tumular com inscrições em

hebraico, datada de cerca de 1378, por Samuel Schwartz. Foi encontrada em Beja no final do século XVIII e em 1868 transferida para este museu.

Na Biblioteca Pública de Évora, na secção de incunábulos, pode também apreciar-se um dos raros exemplares da edição de 1496 do Almanaqch Perpetuum do sábio Abraão Zacuto.

4. Monsaraz Em Monsaraz, uma das vilas medievais portuguesas mais bem preservadas, existiu uma

judiaria dentro das muralhas nas imediações da Rua Direita. Este centro histórico, que no passado acolheu muitos judeus e "marranos" vindos de Espanha, apresenta hoje um

conjunto muito uniforme de ruas e edifícios da época.

A expulsão (David Landes) O historiador David Landes viu na expulsão das comunidades judaicas da Península Ibérica no século XVI um factor prejudicial para as sociedades e economias ibéricas,

anunciando o declínio de Portugal e Espanha no concerto da nações, então no auge da sua influência. Em A riqueza e pobreza das nações, relata Landes:

"Quando os portugueses conquistaram o Atlântico Sul, eles estavam na linha da frente das técnicas de navegação. A abertura para a aprendizagem com sábios estrangeiros,

muitos deles judeus, tinha trazido conhecimento que se traduzia directamente na aplicação prática, e quando em 1492 os espanhóis decidiram obrigar os seus judeus a

adoptar o Cristianismo ou a sair, muitos encontraram refúgio em Portugal, então com uma política mais relaxada face ao Judaísmo.

Mas em 1497, pressão da Igreja e de Espanha levou a coroa portuguesa a abandonar esta tolerância. Cerca de 70.000 judeus foram forçados a um baptismo meramente

formal.

118

Em 1506, Lisboa viu o seu primeiro pogroma, que matou dois mil judeus "convertidos" (a Espanha já vinha fazendo o mesmo desde há duzentos anos). A partir daí a vida

intelectual e científica de Portugal desceu a um abismo de intolerância, fanatismo e pureza de sangue. O declínio foi gradual.

A Inquisição portuguesa foi instalada apenas na década de 1540 e queimou o seu primeiro herético em 1543; mas só se tornou cruelmente amedrontante a partir de 1580,

após a união das coroas portuguesa e espanhola sob a pessoa de Filipe II de Espanha. Entretanto, os cripto-judeus, incluíndo Abraão Zacuto e outros astrónomos, acharam a

vida em Portugal suficientemente perigosa para saírem em grandes números. ... Os cientistas, matemáticos e físicos cripto-judeus do passado tinham saído. Nenhuma outra minoria dissidente apareceu para tomar o lugar deles... se os ganhos da troca de mercadorias são importantes, esses ganhos são ainda pequenos comparados com os

ganhos da troca de idéias". Jorge Martins, autor da obra Portugal e os Judeus:

A desestruturação mental que o baptismo forçado e a acção inquisitorial operaram na sociedade portuguesa, obliterou o convívio inter-religioso e intercultural que se estava a construir ainda antes da fundação da nacionalidade e se aprofundou durante os séculos

XII a XV.

Capítulo 6 A EVOLUÇÃO DAS NAUS PORTUGUESA

Barcas, caravelas e naus

S (Portugal foi amplamente injustiçado pela posteridad; há muito a dês-cobrir e muito

a mostrar)

Os navios portugueses N

Barca

ão se conhecem desenhos ou pinturas da época que revelem os modelos de navios utilizadas nas viagens marítimas portuguesas. O que se sabe foi reconstruído a partir de testemunhos escritos, nomeadamente livros de instruções de construção naval. A arqueologia submarina tem recuperado algumas embarcações antigas, mas não se teve ainda a sorte de encontrar restos dos tempos das descobertas. Os modelos exibidos no museu foram laboriosamente construídos e representam o que se sabe sobre os navios

utilizados na altura.

Na evolução da arquitectura naval conseguida pelos portugueses, um dos primeiros modelos é o da

barca. A barca foi o navio com que Gil Eanes dobrou o Bojador, essa proeminência do continente

africano que apenas se conseguiu vencer à décima terceira tentativa. É uma embarcação robusta, de

casco forte e chato, capaz de aguentar embates em rochas e passar por águas pouco profundas.

Por que chamar uma vela quadrada de "redonda"? A barca estava certamente munida da chamada vela redonda, um pano

aproximadamente quadrangular, em forma de pendão de igreja, que aproveitava ao máximo a força dos ventos. A vela inchava, um pouco como um balão, derivando talvez daí a sua designação de «redonda». A barca era um navio pouco manobrável e não muito veloz. Na altura, o importante era que

119

aguentasse os embates oceânicos e que pudesse explorar cuidadosamente a rota africana. As barcas avançavam lentamente, explorando o caminho.

Imagina-se que, na proximidade da costa ou perante o receio de baixios, seguisse à proa um marinheiro, de prumo na mão, medindo a profundidade e precavendo o perigo. Uma vela redonda, no entanto, não permite que o navio seja facilmente manobrado, exigindo atenção constante e grande esforço no leme. A esta vela principal acrescentou-se depois uma vela menor, pela proa,

a que se deu o nome de artimão e que ajudava a governar o navio.

Contato entre os povos Passado o Bojador*, foi ultrapassado um marco simbólico que se receava intransponível e que se pensava conduzir a mares povoados por perigos

insuperáveis e a regiões desertas e inabitáveis (veja poema de Pessoa, ao lado). Os geógrafos clássicos imaginavam que as regiões tropicais eram tão

quentes que nenhum ser vivo aí podia sobreviver, pelo que os feitos dos marinheiros portugueses foram não só decisivos para a abertura das rotas e

o contacto entre os povos, como para a nova cultura do Renascimento. Caravela

Passado o Bojador, percebeu-se também que seria possível ultrapassar o cabo pelo mar largo, evitando os perigos das rochas que espreitavam a navegação costeira e voltando a alcançar a costa mais a sul. Para essas

manobras oceânicas, tal como para a exploração da costa a sul do Bojador, era necessário um navio mais veloz e mais manobrável. A barca foi substituída pela caravela, navio emblemático dos Descobrimentos.

Vela "a la trina” A caravela estava munida de velas triangulares, as chamadas velas latinas,

Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

120

utilizadas no Mediterrâneo desde o século VIII. Por serem triangulares, eram ditas «a la trina», o que originou a designação de «latina». Essas velas

estavam sustentadas por vergas suspensas em diagonal nos mastros, em vez de se apresentarem

horizontais, como acontecia nas barcas e, mais tarde, nas naus e galeões. O resultado era uma

maior capacidade de manobra. Além disso, a inclinação da vela latina permitia navegar contra o

vento, efectuando um ziguezague a que os marinheiros chamam bolinar. Foi com a caravela (em primeiro plano, no desenho ao lado) que os exploradores portugueses dobraram o sul de

África e viram pela primeira vez o Índico. A imponência da Nau

Terminada essa fase de exploração, era necessário construir navios mais robustos, que pudessem transportar mais tripulantes e mais soldados, que

tivessem porte para fazer face a inimigos e que pudessem transportar grandes quantidades de mantimentos, munições e mercadorias. Foi assim que nasceu a nau (desenho ao lado) , habitualmente com três mastros, com velas redondas nos de vante e uma triangular no de ré, procurando obter das duas primeiras a grande força do vento e da latina a capacidade de manobra. Foi

com naus que Vasco da Gama viajou até à Índia.

Fonte: Instituto Camões

Fenicios, Gregos e Cartagineses

Romanos e Visigodos

121

Árabes

1249 Conquista por D. Afonso III

122

Vauban XV a XVII

XVIII a XIX

123

A Chagada do Comboio

1990

124

Sintese

Capítulo 7

125

NA ROTA DOS CANHÕES - MANUEL BOCARRO - O GRANDE FUNDIDOR Parte 13ª

Em Abril de 1646 Siqueira de Sousa embarca a bordo do Galeão S. João Pérola, escoltado pelo Santo André. Em 24 de Julho chegaram a Macau e a 10 de Agosto tomam rumo ao Japão. Porém um violento tufão a cerca de trinta léguas de Nagásak, obrigou-os a regressar a Macau. No ano seguinte a 8 de Julho as duas embarcações fazem-se ao mar com destino ao Japão onde

aportam sem problemas na viagem.

No mesmo dia da chegada tentou, a missão diplomática, fazer os primeiros contactos com as autoridades japonesas, mas não teria sido uma recepção

agradável, oferecida a Siqueira de Sousa. O embaixador de Portugal enfrenta uma série de dificuldades; alguns vexames à mistura e resolve voltar a Macau a 4 de Setembro e a sua missão gorada de refazer o reatamento das relações comerciais com o Japão.Em Fevereiro ou Março os dois navios regressam a

Goa, onde teriam aportado nesse ano. A 19 de Janeiro de 1649 os dois galeões tomaram o rumo a Lisboa, onde o Santo André nunca chegariam, devido ao mau tempo, foi arrastado até à costa da galiza e os espanhois

tomaram conta dele apresando-o.

Segundo N. Valdez dos Santos, não se encontraram documentos se os dois navios tivessem carregado de Macau para Goa peças de artilharia, mas em Maio de 1645, o galeão S.Pedro o Grande e a caravela Nossa Senhora da

126

Oliveira e Santo António, mas só este navio, embora fosse "embarcação piquena" carregou dez peças de artilharia, possivelmente de ferro pois, segundo o que escreveu o vice-rei D. Francisco de Mascarenhas "António

Fialho...trazendo lhe a bordo artelharia e balas de V. Mag.de as não quis receber per ocupar o galião antes cõ carga de particulares, e de alguns que

sem licença se vierão meter nelle" e, no entanto havia em Goa tanta esperança e necessidade que o galeão S.Pedro trouxesse de Macau o maior

número possível dos canhões fundidos por Manuel Tavares Bocarro.

De toda a documentação consultada só se referenciou o envio, de Macau para

Goa, entre 1640 e 1645, de uma dezena de canhões, transportados na pequena caravela Nossa Senhora da Oliveira e Santo António. Foi possível que, a bordo dos galeões, tivessem sido enviadas mais peças de artilharia, até para servirem de lastro, mas, certamente que teriam sido em número

relativamente reduzido porquanto o transporte de passageiro e suas bagagens deveria ter a prioridade e preenchendo o espaço dos porões. Aventa-se a hipótese que os dez canhões transportados na caravela Nossa Senhora da

Oliveira e Santo António tivessem sido, em Goa, transbordados para o galeão Sacramento que iria partir para o Reino. O galeão Sacramento que está, intimamente, ligado às peças de artilharia fundidas pelo Manuel Tavares

Bocarro e começa aqui a história da grandeza que viria a reverter em tragédia e um dos maiores naufrágios, com perda de vidas, que viria sofrer o

galeão Sacramento na sua última viagem de Goa para o Reino.

No ano de 1635, quando Ruy Dias da Cunha, capitão-mor de Baçaim, fez um

contrato com o vice-rei da Índia pelo qual se comprometia, em nome da cidade de sua capitania, a construir dois galeões de alto bordo. O mais

pequeno destes navios teria ficado concluído, no tocante às obras do casco, em meados de 1639, tendo sido lançado à água ainda nesse ano. Em 9 de Fevereiro de 1640, depois de ter sido aperfeiçoado e forrado seguiu para

Goa, com uma equipagem escolhida entre os melhores marinheiros, a reboque de fustas, levando a seu bordo "toda a madeira necessaria para ali

se acabarem de todo".

127

Em Março o casco deste navio fundeou em Surrate e, no mês seguinte,

rumou Goa, onde chegou nos primeiros dias de Outubro, três dias antes da esquadra holandesa, sob o comando de Domicus Bouwem, iniciar o quinto bloqueio naval àquela cidade. "O galeão Sacramento - escreveu em 2 de

Agosto de 1641 o vice-rei Telo de Menezes, mencionando, pela primeira vez, o nome do navio - do contrato de Ruy Dias da Cunha está no Rio de Panelim, e posto que faz muita agoa, contudo procuro torna lo fazendo aforrar por vir sem esta obra porq o que tenho tambem metido muitos officiaes e confio em Nosso Sñor, que tambem possa navegar o verão que vem, ambos estes galiões

são formozissimos, e ficando acabados serão os melhores q se virão neste estado, e ainda neste Reino" Que causa teriam levado o casco do galeão

Sacramento a "fazer água" e a necessitar de "fabrico" pouco tempo depois de ter sido lançado à água?

Seria má construção, má calafetagem, abandono do casco em seco, sob

ardente Sol indiano, ou, então, qualquer acidente de viagem de Baçaim para Goa, em que foi rebocado por simples barcos a remos? O conde de Aveiras,

em parte, responde a estas perguntas e ao iniciar que "acabou o galeão Sacramento tão falto de obras e em tal estado q no mesmo rio onde estava

se hia a pique ao fundo cõ a muita agoa q fazia e por se não perder de todo, e cõ melhoria de settenta mil x.os que nesta embarcassão tinhã metido da

faz.ª de V. Mag.de o mandei forrar, e fazer todas as mais obras de que necessitava cõ q ficou perfeissoado, e muito capaz de navegar..."

Seguidamente o conde de Aveiras escreveu ao rei informando-o que "convê S.r q V. Mag.de cô a mesma brevidade nos socorros, fazendo o sempre em todas as monosoins, e nesta prim.ra cõ oito ou dez galeoins de forsa, ao menos, muito bastidos de gent de mar e guerra, artelharia, e dr.º p.ª

sustento, assy da gente q nelles vier como para tripular dous muito gr.des e muito fermozos, hu de 80 pessoas e outro de 75 q fiz acabar depois que aqui cheguei, buscando p.ª isso dr.º prestados". De Lisboa não enviaram gente de

mar e guerra para garnecer os novos galeões.

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Os galeões ancorados na Ribeira de Panelim era deveras prejudicial devido ao

"damno que o bicho fazia nos galeons, pouco tempo depois o Sacramento mecessitava de urgentes reparações. De novo, em Novembro de 1643, voltou o conde de Aveiras a informar o Rei que o galeão Sacram.to q aqui há mais, feito em Baçaim, sahirá m.to bom, mas não está capaz de hir per ora p.ª a

barra p.e nelle aver emtrado o guzano q hé em demasia neste rio, trato de o forrar, e cõ isso se fará delle o q V.Mage.de manda, se puder partir e a barra estiver desimpedida..." Havia a ideia de tornar o galeão Sacramento num dos mais fortes navios da época, dotando-o com as mais aperfeiçoadas técnicas e

requesitos.

propositadamente, com vistas a atemorizar os holandeses, fez espalhar o

boato que o Sacramento

seria o navio mais poderoso que, então, sulcara os mares do Oriente.

Estas novidades fizeram com que os holandeses se alertassem, levando-os a desenvolver uma intensa campanha de espionagem à volta daquele navio, porém as informações que obtiveram, nem sempre seriam correctas, Umas indicavam que o galeão era muito bonito, de linhas finas, bem acabado,

sendo do agrado geral e que, quando completamente artilhado, com 80 peças de bronze - que, conforme se dizia, tinham sido propositadamente fundidas - teria um poder de fogo verdadeiramente destruidor. Outras, porém frisavam que, para marcantes e técnicos navais, aquele galeão não era mais que "um sarilho de navio" ronceiro e difícil manobra. A título de curiosidade indica-se

129

que, por estranho que pareça, as melhores informações que os holandeses obtiveram sobre o galeão Sacramento foram fornecidas directamente pelas

autoridades portuguesas, quando enviado do governador de Batávia foi a Goa tratar das tréguas. Então o conde de Aveiras fez questão em lhe mostrar, em

pormenor, o seu "fermoso galeão"! Não há nenhuma gravura do galeão Sacramento e só há a opinião do vice-rei Telo de Menezes que se tratava "do

melhor navio jamais visto na Índia".

Mas informações e curtos depoimentos documentais e pelo recurso ao "Livro das Traças de Carpintaria" de Manuel Fernandes e no "Livro Náutico", Quando

um navio de carreira da Índia partia de Lisboa, o seu apresto era cuidadosamente preparado. Todos os mantimentos - matatolagem ou victualhas - como assim se dizia - necessários à longa viagem, eram

acondicionados - avictualhados - nos respectivos porões; a água doce ou aguada, contida em pipas de carvalho, ficava num paiol próprio; os

apetrechos náuticos armazenavam-se em paióis, a artilharia alojava-se nas suas baterias e, até o lastro - muitas vezes constituído por pedras

aparelhada, pronta para ser utilizada nas construções de fortalezas e igrejas - era estivada no fundo dos porões com cuidados especiais.

Mas, nas viagens de retorno, ao deixarem Goa, as naus vinham abarrotar em especiarias e outros produtos orientais que enchiam os porões e espalhavam-se por todos os recantos dos navios, chegando-se, algumas vezes, ao exagero de se suspenderem caixas, fardos e atados fora das bordas ou no painel de popa. O lastro era substituído, em grandes partes, por pipas de água doce,

pelos canhões e, por vezes, até pela própria pimenta e mantimentos. A defesa dos navios era confiada, somente, a três ou quatro pesados canhões, montados no convés, na crença que o seu aspecto e poder destruidor fossem

suficientes para afugentar ou afundar qualquer barco atacante.

130

Além disso também se confiava que o tempo de aproximação dos navios inimigos permitiria põr em bateria as peças que estavam nos porões. Porém,

na prática, nem sempre era possível e visível e, daí, a razão dos vários insucessos das pesadas naus da Índia, quando eram atacadas pelos ligeiros

galeões holandeses. Quando, em 1646, o galeão Sacramento se aprontou para a sua viagem até Lisboa, certamente que não foi excepção. teria carregado os habituais 7000 a 8000 quintais de especiarias - ou sejam, entre 350 a 400 toneladas métricas - consentidas pelo "Regimento do Tratado das Drogas",

mais meia centena de pesados canhões de ferro, e de bronze, fora a bagagem de passageiros e tripulantes, esta constituida, essencialmente, por pedras

preciosas, pérolas, seda e pimenta.

A artilharia normal de um galeão variava entre as 50 a 75 peças mas, para as

grandes viagens, esse número era muito reduzido. Em várias relações de dotações de artilharia e munições das naus da carreira da Índia, as bocas de

fogo andavam, em média, entre as 20 e as 30, os pelouros, normalmente osilavam pelos mil e a pólvora não ia além de 10 a 25 quintais. CONTINUA..... Achamos e por bem inserirmos as imagens das duas primeiras armadas para

Índia.Canhões e naus estiverem sempre de mãos dadas. A primeira sob o comando de Vasco da Gama e que viria a descobrir o "Caminho Marítimo para

a Índia". Vasco da Gama o Capitão- Mor, saiu do Tejo a 8 de Julho de 147, com quatro naus e uma tripulação de 160 homens.

Vasco da Gama, na S. Gabriel;Paulo Gama (seu irmão) na S. Rafael; Nicolau Coelho na Bérrio - Gonçalo Nunes em uma nau com mantimentos. Sucessos

desta armada: A gente da nau de Gonçalo Nunes, e os mantimentos que levava, depois de ter passado o Cabo da Boa Esperança, avante da aguada de

S.Brás, se repartiram pelas outras da Companhia, e ela despejada lhe puseram o fogo. A nau de Paulo Gama, tornando para Portugal, varou em os baixos entre Quiloa e Mombaça, os quais chamam de S. Rafael, por respeito

da nau que assim, se chamava, e a gente se reaortiu pelas duas da companhia.

131

A nau de Nicolau Coelho, tornou a salvamento a Lisboa a 10 de Julho de

1499, e Vasco da Gama a 20 de Agosto do mesmo ano, havendo gastado na viagem 26 meses na viagem. Segunda armada: partiu Pedro Ãlvares Cabral

para a Índia, em 9 de Março, por capitão de treze velas - naus,navios, caravelas, das quais com temporal rijo que lhe deu na travessia do Brasil, para o Cabo da Boa Esperança, se perderam quatro: e de todas estes eram

capitães: Luis Pires - arribou a Portugal - Gaspar Lemos, de Santa Cruz, terra do Brasil, tornou a Portugal com a nova do descobrimento do dela; Pero

Dias, com a tormenta foi ter a Mogadaxo, junto ao Cabo de Guardafui, e à tornada se encontrou com Pedro Álvares Cabral no Cabo Verde; Vasco

Ataíde, perdido na tormenta, com Pedro Álvares Cabral, Nicolau Coelho e Nuno Leitão; Simão Miranda: abalroou na tormenta com Pedro Alvares Cabral e milagrosamente se salvaram; Aires Gomes da Silva, perdido na tormenta; Simão de Pina, perdido na tormenta. Sancho de Tovar, em

tõrnada para Portugal se perdeu com o vento rijo travessão em um baixo perto da costa de Melinde, e depois de toda a gente ser salva lhe puseram

fogo, Bartolomeu Dias, perdido na tormenta. Como se pode verificar a armada de Pedro Álvares Cabral, que viria a ser descoberto o Brasil nenhuma

das naus conseguiu chegar à Índia. José Martins

P.S. Fontes: "Manuel Bocarro o Grande Fundidor" de N.Valdez dos Santos - "Memórias das Armadas" - Edições Mar-Oceano - Macau 1990 . Organização

Introdução e Notas de João C. reis Posted by Jose Martins at 5:29 PM 5 comments Links to this post

Monday, July 28, 2008 NA ROTA DOS CANHÕES - MANUEL BOCARRO - O GRANDE FUNDIDOR

Parte 12ª

A 4 de Março de 1643, seguiu de Macau para Lisboa uma carta em que dava

conta ao Rei D. João IV as misérias passadas em Macau durante a subjugação de Portugal à coroa de Castela era assim, parte, do conteúdo: " He este clima

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per natureza de grandes diçensões e q provoca a desunião e em particular entre as cabeças do governo". Porém parece que havia constantes atritos

entre os moradores e os governantes, incluindo o Rei e o vice-rei da Índia isto devido a uma velha questão que vinha dos anos de 1624 de quando o conde de Vidigueira nomeara D. Francisco de Mascarenhas para capitão geral de

Macau que lhe outorgara um Regimento que limitava consideravelmente as transações comerciais daquela praça e especialmente com Manila. Macau, encravado na China, constitui uma pequena península com cerca de uns,

pouco mais, de 4 quilómetros, era e como foi por séculos um porto franco e aberto à vivência de todo o género de pessoas e traficantes. Por tal os

habitantes reagiram e não aceitaram o imposto pelo Regimento transmitido por D. Francisco da Gama, sob as ordens do conde da Vidigueira.

Correu por lá que o próprio Filipe II de Espanha não teria, completamente,

acordado com o texto daquela imposição do Regimento e teria recomendado ao vice-rei da Índia que no que se referia ao comércio com Manila que fossem

concedidas mais facilidades.

Nos habitantes de Macau nasceu a ideia de tornarem a península

independente de Goa e fazerem do território um empório comercial e de maior identidade no Oriente. Ora todas as ordens emanadas em Macau, pelo governador, tinham a chancela do vice-rei da Índia, cujas estas o governador de Macau, a quem lhe devia toda a obediência não poderia contrariar de que viriam acontecer alguns distúrbios e, por algumas vezes, atingirem aspectos de gravidade. Entretanto o descontentamento não atingia só os moradores

mas igualmente os representantes da Igreja. Entre os religioso havia disputas isto porque Filipe I de Espanha chegou a recomendar ao vice-rei da Índia para que não autorizasse o estabelecimento de duas congregações em Macau que

eram os padres Jesuitas da Companhia de Jesus e a dos Capuchos. O monarca desejava no território, apenas, os Jesuitas, que os considerava senhores,

espiritualmente, absolutos de Macau e que fossem eliminados os Capuchos. A Restauração da monarquia portuguesa veio incutir mais ânimo na gentes de

Macau para que no futuro não estivesse Macau dependente de Goa. Foi criado uma linha política de pensamento económico com os objectivos de aproximar

Portugal do Oriente com as praças comerciais da China e do Japão. Macau continuava a depender cada vez mais das autoridades sínicas e isto contribuia para a caída da autoridade portuguesa e a morte lenta do porto franco. Por cada alteração que ia surgindo, havia longos sussurros e ajuntamentos de

133

grupos de pessoas nas ruas, discutindo e criticando as imposições que contribuiam para um descontentamento generalizado. Só em 1627 aparece

designado, verbalmente, o nome de Manuel Tavares Bocarro de quando houve um levantamento da população contra o capitão geral D. Filipe de

Mascarenhas. Foi elaborada uma lista a que lhe fora dado o nome de "Relação de Protesto" com mais de um cento de assinaturas onde continha os nomes de

mais 100 proeminentes figuras da vida macaense. Porém, embora, Manuel Bocarro estivesse do lado dos protestantes não inseriu a sua assinatura na

lista "Relação de Protesto": " Manoel Tavares Bocarro Mestre da fundição real não se assinou; e tem precedido em tudo muy honradamente",, como assim teria informado o administrador Manuel Ramos em 2 de Agosto de 1637, ou seja 10 anos depois. Entende-se aqui que o fundidor com negócios ligados à coroa não pretende ser envolvido em protestos e entrar em controvérsias

com o capitão geral de Macau.

Mais tarde Bocarro iria relatar que ele e mais oito pessoas que não incluiram

os nomes na lista "Relação de Protesto" tiveram um mau encontro com os opositores, ficaram retidos pelos "matarê" e conta que apesar dos perigos que correra "o não obrigou nada a largar o serv.º de V.Mag.de (nem) as grandes promessas q faziam por assenar nos motins" . O fundidor parece que sempre se tenha alheado a motins, aos protestos e agitações políticas. Mas não está fora a hipótese que dava uma cravo e outra na ferrura, aparentando estar fora de conflitos e escreveria mais tarde: "imenço trabalho e gramdicimas

despezas da minha fazenda descubri esta fundição de ferros" e acrescentava: "assim em tanta deminuiSão vay minha fazenda quanto pretendo se poupe a de Sua Mag.de, despendendo da minha o que per razão se devia despender da Sua Real Fazenda". De qualquer maneira e mau grado que houvesse: " as difficuldades todas q são muitas e muy grandes". Ora Manuel Bocarro pelo

que depois escreve mais à frente tinha investido muito capital na sua fundição e continuava a trabalhar "no duro" para conseguir as mercês que jamais lhe sairiam do pensamento: "a poder de dinheiro (que) fico pondo muito da minha casa... (sem) esperar ganhos e reganhos" e na mira da

recompensa: "honras e merces".

Depois da Restauração e entronizado D.Joáo IV e aclamado em Macau com

toda a legitimidade de Rei de Portugal, o monarca procurou acalmar os

134

ânimos da população e concede-lhes regalias e privilégios e decretou acções disciplinares que incluiam a expulsão dos piores elementos e um castigo

aplicado ao capitão geral por ter "esbombardeado a dita cidade com grande risco de se perderem os moradores dellas". O Conselho Ultramarino toma

conta do problema da nomeação de um novo capitão geral para Macau, cuja a escolha antes era da competência do vice-rei da Índia. A escolha dos

homens bons de Macau, viria a recair em D.Brás da Costa que de imediato escreveu ao Rei a agradecer a honraria com fora distinguido. Brás da Costa

logo se viria arrepender e procurou de todas as formas não partir de Goa para Macau e assumir o posto. E volta a escrever ao Rei e faz-lhe uma descrição das condições de então em Macau: "mizervel estado da cidade de Macau...

sem comércio careçendo até do comer ordinários". Exigiu um sem número de providências que sem as quais não seguiria para Macau. Mesmo com todas as exigências solicitadas ao Rei e atendidas por este, o Brás da Costa recusaria-se mais uma vez de partir para Macau. O Rei perante tal falta de palavra e desobediência acabou por emitir uma ordem para que fosse preso, mas tal

facto não viria acontecer porque o Brás da Costa fugiu.

Parece que D.Brás da Costa teria tido razões para não aceitar o cargo de

capitão geral e no vários relatórios que escreveu que constituem o "Livro das Monções n.57", constituem um dos mais válidos documentos que dão conta da vida de Macau em meados do século XXII. Os seus pontos de vista chegam a ser impressionantes e dramáticas as referências das condições de vida dos

habitantes: "a não poder haver nella trato de comércio". Só esporádicamente: "commercio com o Tartaro e com Manilla por via do Maccara". Mais adiante quando o comércio atingiu alguma melhoria foi

abruptamente interrompido, a que se fica a dever à guerra civil na China, seguindo-se a terrível fome e a peste. Os moradores de Macau encontram-se numa situação desesperante e em 1648 escrevem ao Rei de Portugal dando-

lhe conta: "a fome era tanta que mais vai servir a ElRey da China". E mencionava, ainda, que: "ahera hum espectaculo ver os mortos que todos os dias amanhecião pellas ruas, e adros das igrejas, donde botavão alguns por não terem com q.e os amortalhar". Muitos macaenses fogem para Manila e

dão-se como vassalos do Rei de Espanha. D.João IV toma medidas para tentar resolver a situação em Macau, entre uma delas foi o de enviar uma

embaixada ao Japão, chefiada por Gonçalo Siqueira de Souza, cujo o objectivo seria o reatamento das relações comerciais com aquele país e

Macau.

Em 29 de Janeiro de 1644 a embaixada largou de Goa a bordo dos navios

135

S.André e S. António de Aveiro mas, a viagem, por não ter partido na época própria, está assim na estação da monção, foi tormentosa a navegação e perdeu dezenas de passageiros e tripulantes. Com dificuldades o navio S.

André conseguiu arribar em Macau, em fins de Maio de 1645, mas o S.António de Aveiro não consegui chegar a Macau e regressa ao porto de partida Goa

em 25 de Março de 1646. Em Macau levantaram-se várias questões no tocante em cima das ordens que teria recebido em Goa e como deveria actual,

diplomaticamente, no Japão.

Em Macau, estas não estão conforme aos interesses e desejos dos macaenses e Siqueira de Souza foi pressionado a regressar a Goa e que voltasse a Macau, depois, com novas directivas mais adequadas à situação que, então, se vivia com o Japão.Assim e para que Siqueira de Sousa (que deveria ter perfil de diplomata de agradar a Deus e aos Diabos), não criasse atritos ou até os macaenses não lhe permitirem partir para o Japao e dar cumprimento à missão diplomática que o Rei de Portugal o tinha incumbido, optou por

regressar a Goa. Em 20 de Dezembro de 1645, regressa a Goa o embaixador Siqueira de Sousa e toma lugar a bordo do navio S.André, apoiado pelos navios, logísticos, Nossa Senhora da Conceição, S. Pedro, S. Tomé, Santa Cruz, Santo António e mais um pequeno barco que não ficou registado na

frota. Foi a maior frota que partiu de Macau com destino a Goa, transportando a bordo cerca de 3.000 pessoas, das quais 750 eram mulheres.

Macau fica praticamente despovoado, fugindo os seus moradores à morte, pela fome, que os aguardava. Todos os navios chegaram às águas de Mandovi em 20 de Fevereiro de 1646. Compreende-se que a viagem foi bem planeada,

antes da chegada da monção, e a frota navegou em águas bonançosas e as velas receberam bons ventos.

CONTINUA José Martins

P.S. O nosso trabalho vai continuar. Quando nos embrenhamos em contar a história dos portugueses no Oriente, entra em nós um fascínio dificil de

controlar. Achamo-nos um homem dessa época e encontramo-nos entre os tantos que tanto deram a Portugal e ao Mundo da época quinhentista. Não

faziamos conta que a história de vida de Manuel Tavares Bocarro se alongasse em tantas partes. Projectadas uma meia dúsia, mais ou menos. O

nosso objectivo, de princípio estava vocacionado (continua) para descrevermos a importância, dos canhões e das armas, de Portugal no Reino do Sião, para que a soberania deste reino fosse conservada. Nós sabemos que

os canhões de Manuel Tavares Bocarro contribuiram para isso. Nas nossas andanças, de peregrino, temos fortes razões de afirmarmos que os canhões de Manuel Tavares Bocarro foram importantes na defesa da identidade do

reino do Sião, desde 1511 ( era de Ayuthaya), 1767 (era de Banguecoque) até aos dias que correm. Quem escreve por gosto não cansa e não nos dá o tédio quando estamos a escrever sobre histórias de portugueses, humildes como

136

eu, da era quinhentistas. O nosso guião continua a ser a obra de páginas amarelecidas de N.Valdez dos Santos, editada em 1981, que bem merece ser

divulgado o excelente trabalho que produziu em cima da vida e obra de Manuel Tavares Bocarro o Grande Fundidor. Não o conhecemos, não sabemos

se ainda anda por este mundo de lobos e cordeiros. Imagens: Parte retiradas da obra : "História das Fortificações Portuguesas no

Mundo" Publicações ALFA Posted by Jose Martins at 7:27 PM 0 comments Links to this post

Sunday, July 27, 2008 NA ROTA DOS CANHÕES - MANUEL BOCARRO - O GRANDE FUNDIDOR

Parte 11ª Pequena Introdução

Na continuação do nosso trabalho em cima do tema os "Canhões de Portugal", que não tem sido nada fácil, dado que temos de procurar muita informação e

graças à internet nos é possível e facilita. Não somos especialistas nesta matéria e até noutras que nos temos debruçado há vários anos.

Consideramo-nos um "jeitoso" e animado pela epopeia dos portugueses, quinhentistas, na Ásia. Sabemos que a história desses feitos se vai perdendo,

entre a juventude, nos tempos que correm.

É pena e triste os cidadãos de um país percam o interesse pelo que seus antepassados teriam sido há mais de cinco séculos. As gentes foram se desviando, com o correr do tempo, para outras áreas e uma delas é o

futebol, as telenovelas, os assuntos "corriqueiros" que dia a dia vão entrando nas casas dos portugueses, através dos canais televisivos, que não instruem, mas em vez disso, vão embrutecendo e paralizam os cérebros. Ainda não vai há muito, tempo, assistimos a um concurso, levado a cabo pela RTPi, cujas

perguntas(história,geografia,língua e cultura), aos concorrentes, eram feitas por uma comunicadora, bonita e de uma mediocridade incrível.

As perguntas dirigidas aos concorrentes era daquelas que qualquer aluno da

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terceira classe, na escola do meu tempo, responderia logo de pronto. Naquele concurso de seis pessoas, algumas adultos, com dificuldade e muitas perguntas erradas lá foram respondendo. Algo segue mal no nosso país onde se dá importância à cultura de "polichinelo", aos telefones móveis, aos jogos

electrónicos, às sapatilhas de borracha e às roupas de marcas inventadas.

Levar um povo a assimilar a cultura e instruí-lo não é tarefa de meses mas leva muitos anos e, em Portugal, este ensinamento está irremediavelmente perdido. O ponteiro de ardósia, a pena, cujo bico era molhado no tinteiro, substituído, depois, pela plástica esferiográfica e há uns anos chegaram as

teclas dos computadores que milagrosamente nos dá acesso a muita informação histórica e outras de utilidade para a sociedade. Não há bela sem

"senão" e a juventude em vez de procurar história, ou outras matérias que lhes sirva no futuro para uma vida melhor, buscam nos websites: Hi5,

Zorpia, MSN e outros mais que circulam na internet que são o retrógado e a infelicidade do destino que têm pela frente. Não estamos a procurar de

indireitar o mundo, mas apenas a lamentar que as novas tecnologias inventadas tem o seu lado excelente, contribuiram para a melhoria de vida

do Homem, e por outro uma hecatombe para os devaneios, da juventude que são eles o futuro de um novo Portugal.

Mas vamos à continuação do nosso trabalho.A correspondência oficial e outra particular para o Reino seguiu no final do ano de 1641, transportada na nau

de Manuel Liz que entrara e largara o ferro no Tejo seis meses depois. Seguia a petição de Manuel Bocarro para a concessão de honrarias e o almejado hábito de Cristo, havia tanto tempo que o desejava pelos bons serviços

prestados na Índia em Macau em favor de Portugal. Depois da restauração da soberania portuguesa havia mais em que cuidar; muito a fazer e defender o território. Também se deve, o despacho da demora à emperrada buracracia que contaminava os gabinetes da corte, que com toda a demora encobria a

recusa de honrarias e mercês a Manuel Taves Bocarro. Em 29 de Setembro de 1643, depois do processo ser preparado para ser apresentado ao Conselho

Ultramarino a resolução foi negativa. Não há mercês e o hábito de Cristo para o Manuel Bocarro. O fundidor era judeu e as "Merces Geraes de todas as

Partes Ultramarinas", de onde partia a resolução a quem se deveria galardoar as honrarias pelos "bons ofícios" à Pátria portuguesa estavam sujeitas à

deliberação de homens sentados a uma mesa onde deveria estar

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representados, além da nobreza o clero português.

O clero, numa época onde o Tribunal da Santa Inquisição, estava bem activo a julgar, a condenar e a queimar pessoas vivas na fogueira, seria uma ofensa, clerical, de bradar aos céus conceder as vestes de Cristo a Manuel Bocarro, um cristão novo alcunhado por "marrano". Seis dias depois da aclamação de D. João IV, o conde de Aveiras voltou a escrever ao rei informando-o que

ficava:"...depachando aviso p.ª a cid. de Machao na China hu navio lig.ro e como vay jaa fora da monsão dee lge Deos boa viage, e a tenha tambem dao a Ant.º Fialho Fer.ª porq me dá muito em q cuidar aquella cidª cõ vizinhansa de Manilla". Porém, por razões desconhecidas, o navio ligeiro, um pataxo de

boa tonelagem só largou com destino a Macau em Fevereiro de 1642, acompanhado do galeão S. Francisco Xavier. Pensa-se que Manuel Tavares Bocarro deveria ter usado um destes navios, partindo de Goa e regressar a

Macau.

O galeão e o patacho navegaram em águas bonançosas, mas antes uns quinze dias de chegarem a Macau receberam ventos contrários e não há a certeza se a pequena embarcação teria aportado a Macau ou se teria ficado em alguma enseada. O Comandante António Marques Esparteiro, desmente esta versão,

na sua obra "Três Séculos no Mar", refere-se ao galeão S.Francisco Xavier relata: " a galeota da sua conserva conseguiu alcançar Macau". Com esta

informação teria sido provável que Manuel Tavares Bocarro estivesse incluído no número de passageiros do patacho, mesmo com os ventos contrários teria

conseguido a viagem de Goa a Macau. Sensivelmente ao mesmo tempo da chegada de Bocarro a Macau aportou o patacho holandês "Cappela" que

colocou toda a população em alvoroço e em estado de guerra. Deste navio batavo desembarcou, com espanto de todos "Antonio Fialho Ferreira, vestido de trajo olandes". Este inesperado visitante foi logo conduzido à fortaleza de S.Paulo, onde estava reunido o Conselho de Guerra. Fialho Ferreira recusou-

se a prestar qualquer declaração e que o faria de muito boa vontade na Câmara.

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Chegado à "Caza da Camara desta cidade - informou depois o capitão geral D.Sebastião Lobo da Silveira - o dito home declarou que tinhamos por Rey e

Sñor legítimo e verdadeiro dos Reinos e monarquia de Portugal o mag.de catholica delRey Dom João o 4.º e que mandara a elle dereitura a esta

cidade em hua nao engreza em que partio do reino, a qual hua tormenta grande que lhe deu abrira e não pudera tomar outro porto senão Jacatará

donde logo buscara remedio para passar a esta cidade.... O conde da Ericeira, na sua história: "História de Portugal Restaurado" que Fialho

Ferreira chegou a Macau "achou aquêle opulentíssimo povo dividido em parcialidades.

Conformou-lhes ânimos a nova aclamação, celebradas com festas tãos custosas que se pudera duvidar da relação delas, quando se ignorara a

riqueza em que vivem os moradores daquela cidade. Ajustaram fazer a El-Rei um grande donativo de dinheiro, que logo mandaram para Lisboa, e

duzentas peças de artilharia de bronze, com muitas munições, que foram remetendo nas monções que se ofereceram". Em realidade as festas da

aclamação de D.João IV - que duraram três meses seguidos - foram deslumbrantes: "... só salvas de artelharia forão sinco, comessando desta

fort.za em que resido as salvas, e attraz della as mais forças q cada salva se desparavão noventa peças grossas, com que esta terra, e outras ilhas parecia hum novo mundo, não fallo nos montes de mosquetaria, ouve também tres

caminhadas de grande custo, em que entrei na primeira dellas, e a segurança da cidade, e a terceira foi de pee de mais seiscentas pessoas com tochas em

q. entrarão todas as nações admitidas..." escreveu em 28 de Outubro de 1642, o capitão geral de Macau Lobo da Silveira. D. João Marques Moreira, pronotário apostólico de Sua Santidade escreveu a "Relação da magestosa, misteriosa, e notável acclamaçam, que se fez a Magestade d´ElRey Dom Joam, nosso Senhor na Cidade do nome de Deos do grande Imperio das

Chinas" , obra que seria publicada em Lisboa no ano de 1644. O autor do livro conta que: "o capitão geral D.Sebastião Lobo da Silveira o qual mandou

ajuntar o presídio todo no forte de S.Paulo, e descobrir a artelharia desta praça, que a milhor, e mais bem fundida de toda quanta sua magestade tem

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em seus estados, muyta em quantidade fundida por Manoel Tavares Bocarro aqui casado, e morador muy perito & perfeito na arte". D.João Marques Moreira dá conta do que observou e descreve as principais figuras que

participaram na: "encaminhada de grande custo", referindo, numa passagem que se: "seguiam Manoel Tavares Bocarro, com Pero Gomes de Pina, vestidos de encarnado, e prata, com certas roupas largas brancas, de mangas de meyo braço, com o seu capilar ao uso dos nobres da Polonia, barretes guarnecidos de muyta pedraria, com colares de prata e cavallos accubertos com falpiques de argentaria". Ora esta descrição nos dá conta que Manuel Tavares Bocarro era um homem que lhe agradava mostrar a sua opulência de homem rico e,

juntava-se as suas excentridades de burgês.

Alimentava a ambição, obviamente o hábito de Cristo e possuidor de todas

aquelas mordomias e privilégios para se distinguir entre a fidalgaria do Oriente.

Aqui também se fica a saber que o Bocarro em 1644 estava a residir em

Macau. Nos primeiros dias do mês de Março de 1643 fundearam em Goa duas naus holandesas, enviadas pelo governador de Batavia transportando um

enviado holandês para jurar nesta cidade tréguas. escreveu, depois, o vice-rei da Índia que, num desses barcos vinha "Dom Francisco de Castelo Branco,

que como em outra carta tenho dito, foi nomeado pello Capitão Geral da cidade de Macao para vis a esta de Goa, cõ aviso de ficar VMag.de aclamado

e obedecido na dita cidade, e jurado o Principe nosso S.or. N. Valdez dos Santos escreve (autor de "manuel Bocarro o Grande Fundidor):O vice-rei conde Aveiras que já em Dezembro de 1641 tinha solicitado ao rei uma

recompensa para Manuel Bocarro o que fora deferido, tendo sido provido com a fortaleza de Barcelor - ao ter conhecimento das aclamações de Macau com vista a obter para aquele grande fundidor as tão ambicionadas "honras, renova o seu pedido voltado aludir aos seus "muitos serviços... abelidade e suficiencia, e sobretudo pello bem que se ouve na ocasião da aclamação de V.Magestade he merecedor de VMage m.dar f.er honrras e m.os e deferir a

hua consulta q sobre elle se fez e esta nesse Reino pª responder". A renovação do pedido de concessão de "honras" para Manuel tavares Bocarro, feita cerca de um ano depois do rei as ter negado revela, por parte do vice-rei, uma quebra de procedimento burocrático que só podemos explicar pelo

desejo que o conde de Aveiras tinha em obsequiar uma pessoa que lhe merecia grande amizade e consideração. Assim, é licíto supor, que a amizade

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e consideração que o vice-rei da Índia tinha pelo fundidor de artilharia de Macau, tivesse nascido através de contactos pessoais que só poderiam ter

sido estabelecidos em Goa, nos anos de 1640 e 1641. Mas esta pretensão não foi deferida o que aliás sucedeu a uma outra apresentada mais tarde. Não

chegaram até nós as razões das recusas que, possivelmente, se basearam nos então chamados "impedimentos canónicos", ou seja, a presunção que Manuel

Bocarro tinha uma ascendência judaica." CONTINUA... José Martins

P.S. Com a devida vénia parte das fotografias inseridas foram retiradas da obra:"História das Fortificações Portuguesas no Mundo - Publicações ALFA.

Posted by Jose Martins at 6:01 PM 0 comments Links to this post Saturday, July 26, 2008

NA ROTA DOS CANHÕES - MANUEL BOCARRO - O GRANDE FUNDIDOR Parte 10ª

Não era possível, nos escassos dez meses de governo de António Teles de

Menezes, numa altura em que "era muy difficultozo haver novas da China" e o tráfego marítimo quase inexistente fazer-se a encomenda das peças de

artilharia, proceder-se à sua feitura e enviá-las para Goa onde teriam chegado a tempo do ex-governador as ter visto, antes de embarcar numa

pequena caravela que o levou a Lisboa.

O Conde de Aveiras viu e apreciou as peças de Bocarro fundidas em 1640,

porque este, na já muito citada petição afirma que este vice-rei "lhe escreveu outra carta logo que entrou a governar, em q diz o alcanse que deu

aos serviços... e que fundisse o cobre q la tinha em peças de 16, e 20 de calibre e de 25 embocaduras de compri.to ,e as 24 colubrinas na forma em

qu pella mesma carta lhe ordenou, prometendo lhe no fim della de lhe fazer as honras e merces q bem cahissem nos merecimentos do Supp.te "

Os vices-reis da Índia chegados a Goa, desde logo procuravam familiarizarem-se com os "cantos da casa" e, se leva a crer que teria lido a carta que o seu predecessor (se por sorte tivesse deixado o cargo em vida, numa época em

que as "maleitas" e outros males afectavam) lhe teria deixado.

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O Conde de Aveiras visitou os principais serviços, conhecê-los, apresentar-se

às pessoas que a superintendia. Um dos principais departamentos que mereciam especial atenção do vice-rei era o "Arsenal da Ribeira de Goa" que

englobava a construção e reparação de navios da carreira e a fundição de canhões. De prever que o Conde de Aveiras na sua visita ao Arsenal tivesse contactado Manuel Tavares Bocarro e este, orgulhoso, lhe mostrara as 24

colubrinas que o governador Teles de Menezes mandara fundir. Em algumas peças o Bocarro ainda tivera tempo lhe incrustar a insígnia do leão rompante

em louvor ao novo vice-rei.

Abordou ao ilustre visitante, deu-lhe conhecimento do problema que tivera

com a fundição e a têmpera, não conseguida, das peças de ferro . As 24 colubrinas apresentadas ao Conde de Aveiras, ainda não concluídos, os

brocamentos e outros acabamentos onde, evidentemente, não lhe faltaria o polimento, exterior do bronze. Como se poderá analisar nas velhas bocas

expostas em museu são ãutênticos, objectos de elogia à mitologia dos povos onde desde os emblemas que representam os país, aos animais (o caso do

incrustação do leão rampante que representa a força, a coragem e a audácia), as plantas e os animais marinhos; os "arganeis" ao meio do canhão

para levantamento e movimentação, são substituídos pelos golfinhos a sairem da água e depois em posição de mergulho.

Conde de Aveiras, ordenou ao Manuel Bocarro que depois de terminar as 24

peças que acabara de ver, que fundisse outras e utilizasse todo o cobre disponível nos armazéns. Em 13 de Dezembro de 1641, segundo uma carta do vice-rei mandara preparar "hua urca de mais de 350 toneladas" para, durante o mês de Fevereiro de 1641, partiria para Macau numa viagem "per fora dos estreitos a q chamão de Sunda, navegassão noca e q há pouco descubrio".

Porém as naus holandesas bloqueavm a barra de Goa, não permitindo a saida do navio.

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Teve que ser substituída a pesada embarcação por uma fusta que largou em Março de 1641. A fusta, conhecida também por galeota, foi fustigada pelo

mau tempo, abrigou-se num porto de país amigo e conseguiu chegar a Macau depois de 9 meses de viagem, junto ao fim do ano de 1641. A fusta larga

Macau em 2 de Fevereiro de 1642 de regresso a Goa mas devido a temporais (não encontrou pelo caminho os holandeses) que teve de enfrentar e queda-

se a invernar em Solor e, só viria a chegar à enbocadura do rio Mandovi em 15 de Setembro de 1643, demorando, assim, 20 meses a viagem de Macau a Goa. Na fusta seguiram embarcados religiosos e em Solor deram conta que na ilha

havia cobre em abundância e com eles, uma amostra, que entregaram ao Conde de Aveiras, que viria, depois, a comunicar ao Rei, em Lisboa.

O monarca ficou entusiasmado com a nova descoberta, cuja carta só chegaria

a Lisboa no final do ano de 1644. Não há conhecimento se teria sido transportado cobre de Solor para as fundições de Macau ou Goa, assim como

as datas exactas da passagem de Manuel Tavares Bocarro em Goa. A proclamação da independência de 1 de Dezembro de 1640 e o fim da

subjugação de Castela só é conhecia em Goa passado cerca de um ano. O Padre Gabriel Saldanha na sua obra " História de Goa" deixou uma pouco

conhecida informação que se transcreve:

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"Logo que D.João 4 se empossou do trono de Portugal, escreveu ao vice-rei da Índia, que era então o Conde de Aveiras, e ao tribunal da relação duas

cartas, anunciando este facto e ordenando que o fizessem aclamar, anunciando este facto e ordenando que o fizessem aclamar, jurar e obedecer como Rei natural e verdadeiro que era. Em Março de 1641 sairam de Lisboa as primeiras naus da Índia, comandadas por Manoel de Lis e Bartolomeus

Gonçalves trazendo essas ordens. Na altura de Cabo Verde, Manoel Lis pôde adiantar-se e fazendo a aclamação de D. João 4.º em Moçambique, seguiu logo para a Índia; mas, receando encontrar esquadras holandesas, que, por este tempo, infestavam os mares, aproou a Onor, donde enviou para Goa num pequeno barco seu filho André Liz, creança de 9 anos, inteligente e

simpático, com as cartas del-rei, em companhia de Francisco da Silva Souto-Maior.

Desembarcaram os dois emissários em Pangim e, enquanto o menino,

animado de entusiasmo, próprio da sua idade, levantou clamorosos vivas a D. João 4.º , que o povo escutava com espanto e júbilo, Francisco da Silva

apressou-se a ir a por terra comunicar a notícia ao Conde de Aveira em Goa. o intrépido menino foi rio acima acima ter com vice-rei, a quem entregou as cartas que trazia, instando-o a reconhecer logo a independência de Portugal

e a ligitimidade do duque de Bragança. Sorriu-se o vice.rei da gentileza infantil embaixador, cuja sedutora eloquência o moveu a convocar sem

perda de tempo as autoridades principais pessoas da cidade e propôr-lhes em substanciosa e patriótica fala de reconhecimento de D. João 4.º, e

efectivamente, a 11 de Setembro de 1641, realizou-se em Goa a aclamação do novo soberano com grandes demonstrações de rigosijo público. A 20 de

Outubro já fôra D.João 4.º reconhecido em todas as praças do oriente português".

Na primeira carta que o Rei D.João IV enviou ao Conde de Aveiras informava-o da Restauração de Portugal e determinava que avisasse todas "as partes da

Índia... e a China posto q eu o tenho mandado fazer por António Fialho Ferr.ª q foi em dereitura a Machao pola via de Inglaterra". Conde de Aveiras apressou-se a responder, em 17 de Novembro de 1641, manifestando o seu

júbilo e o de todos os portugueses "per tão felice aclamação" Seguidamente indicava, entre outras coisas, que "a China se farão logo (em sendo monsão) os avisos necess.os alem dos q hei

feito por alguas vias cõ a limitassão q permite hua carta q ha de hir por

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mãos pouco seguras, e querera Deus q lhe chegue também o q levou Ant.º Fialho Ferr.ª e muito se ha de estimar la nova da restutição de V. Mag.de a

coroa de Portugal" CONTINUA... José Martins

Fotografias dos canhões da Ilha de Solor de Mark Schellekens e Greg Wiyncoll , publicadas no www.colonialvoyage.com/solor.html que tomamos (com a

devida vénia) a liberdade de inserir nesta peça. Posted by Jose Martins at 5:13 PM 0 comments Links to this post

Thursday, July 24, 2008 NA ROTA DOS CANHÕES - MANUEL BOCARRO - O GRANDE FUNDIDOR

Parte 9.ª

A morte do vice-rei Pedro da Silva, terá sido um golpe rude para Manuel

Bocarro e a perda da esperança de obter as mercês e as almejadas honrarias para o compensar do trabalho árduo que teve na fundição de bocas de fogo em Macau. O novo governador da Índia foi designado segundo as regras de

sucessão e perante o cadáver do falecido vice-rei Pedro da Silva foi empossado António Teles Menezes, homem de mérito, segundo Faria e Sousa:

"com valor e com ambição de honras". Teles Menezes, levava 15 anos de permanência no Oriente e conhecido pela sua perícia militar, porém não tinha vocação para governar. Dentro dele existia o sentido patriótico de

escorraçar os diversos inimigos que por terra e mar atacavam as possessões portuguesas na Ásia de que se iam aproveitando dada a decadência de

Portugal. O novo governador não era, por aí além, um bom administrador dos fundos da Fazenda Real, gerindo como deveria os reduzidos orçamentos;

inserir-se na difícil política e diplomacia oriental e debruçar-se na burocracia do seu executivo.

Manuel Bocarro analisa Teles de Menezes e fica-lhe pelo caminho, a

solicitação ao novo governador, o estudo e cumprimento da promessa que lhe tinha feito Pedro da Silva; o tão ansioso hábito de Cristo e o estatuto de fidalgo da corte portuguesa e o prémio: "acrescentamentos de homras e

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merces do fundidor que assistia na China". Manuel Bocarro terá que usar outra estratégia para conquistar as simpatias de Teles de Menezes, demovê-

lo, para que as promessas falsas de Pedro da Silva fossem mais tarde cumpridas, montando uma nova fundição de canhões em Goa; entregar-se ao máximo a ela e mostrar o seu mérito de artesão a Teles de Menezes. Segundo a hipotética e provável viagem de Macau a Goa, pelo Bocarro, aventa-se que teria chegado ao território no primeiro semestre do ano de 1639 e na estação da monção e as guerras batalhas marítimas estagnadas e as embarcações nas baías ancoradas. Durante as "férias" no período da monção, vivia-se em Goa e em outros portos do oriento alguma ociosidade; o fundidor Bocarro aproveita-o para a construção de fornos para do minério de ferro, abundantemente em

Goa, transformá-lo em coado e despejá-lo nas formas que daqui sairiam peças de fogo em ferro, que bem necessárias seriam para os fortes

portugueses no Ceilão, Golfo Pérsico e Costa do Índico, "onde as aves de rapina", holandesas, não lhes davam paz ou ponta, que fosse, de sossego.

O fundidor teria acendido os fornos no fim de 1639 ou no princípio de 1640 e

entrega-se com todo o seu vigor e arte para fundir bocas de fogo de ferro coado. Manuel Bocarro não teve sucessos, como já tinham acontecido aos

fundidores chineses, vindos de Macau, não acertava na tempera das peças. O fundidor vive amargurado e para ele a espécie de um enxovalho à sua

sabedoria. As várias experiências que haja feito, com o ferro coado feito, todas lhe sairam goradas. Para Bocarro era uma derrota e teria que procurar salvar o seu prestígio e pensa-se que por sua iniciativa ou pelos conselhos de

seu pai, voltou-se para a fundição de artilharia em bronze.

Goa estava para Manuel Bocarro uma mãe madrasta e aquele enorme

prestígio alcançado em Macau estava a diluir-se. O fundidor pretende fugir às críticas e ao escárneo dos seus inimigos pessoais de Goa, facetas de vida e

tradicionais entre os portugueses com estatuto hierarquico na Ásia e Oriente. Mas voltando ao tempo de monção, depois de Bocarro não ter tido sucesso com a têmpera do ferro coado, por ordens de António Teles de Menezes, produz moldes idênticos aos da sua fundição em Macau, onde neles não

faltaria, gravado o escudo de armas daquele território, mas sem o brasão, a Cruz de Santiago. Porém as peças ostentavam, em fitas ou en cártulas, a

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legenda que tinham sido fundidas, por ordem do governador da Índia. António Teles de Menezes, sob a lei da sucessão, pela morte de um vice-rei,

considerava-se um governador interino. A 26 de Março de 1640 saiu de Lisboa um novo vice-rei da Índia, João da Silva Telo de Menezes, Conde de Aveiras, que a nau que o transportava, navega em águas bonançosas e de bom vento, depois de 174 dias lança o ferro em Goa. O novo vice-rei ao desembarcar em

Goa encontra a cidade "num estado mizeravel e difficil".

Porém António Teles de Menezes, não contava com a sua substituição e outro remédio não teria que aceitá-la e desde logo procura cativar as simpatias no

novo vice-rei. Um dos brindes oferecidos ao António de Menezes e com a finalidade de o homenagear pelo alto cargo que tinha sido distinguido, por el-Rei de Portugal, o fundidor Manuel Bocarro vai modificar o molde da marca dos canhões e acrescenta-lhe: "móvel do brasão da família Silva Teles de Menezes, ou seja, um leão rompante, porém com uma variante de pura

fantasia, isto é, sob um "coronel". "A peças de artilharia seriam no futuro fundidas com estes símbolos, mas não deixavam de ter o nome do fundidor:

POR M.el BOCARRO. No Museu Militar de Lisboa encontram-se dois exemplares desta fundição. Uma dessas peças (R.1) é uma magnifica

colubrina de bronse, com 13,5 cm de calibre, 3,64 metros de comprimento e cerca de 3o26 kg de peso. No 1º reforço tem as armas de Macau - sob uma coroa as armas reais portuguesas, ladeadas por dois anjos, segurando o da

esquerda uma Cruz de Cristo e o da direita uma esfera armilar. As "Asas" da peça são tipicamente de formato oriental mas, no fundo da culatra, lembra um trabalho indiano que se completa com um certo mesticismo proveniente

do cascavel, ornamentado com volutas e terminando numa mão de uma mulher a fazer uma figa o que, segundo a mitologia hindú, é o símbolo

mágico para uma boa gravidez. Numa fita lê-se a seguinte legenda: ANT.º TELLES DE MENEZES - GOV.or DA INDIA 1640."

Nesta peça não existe sigla que identifique o nome do fundidor, tudo indica que esta peça a que lhe foi dado o nome "Canhão Milagre", é obra de Manuel

Bocarro. A omissão da assinatura pode considerar-se propositada, o velho Pedro Dias Bocarro pai de Manuel teria, nessa altura, 80 anos de idade e

embora já não fundisse peças na sua oficina, que ali tinha dispendido 50 anos de sua vida a fabricar canhões, o facto teria sido por uma questão e respeito

não ter gravado seu nome. Outra peça existe no Museu Militar de Lisboa

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(R.12) é muito parecida à anterior, mas com certas diferenças; as principais, possuirem, em relevo, o leão rompante e a indicação ter sido fundida "POR M.el TAVARES BOCARRO. Estas duas diferenças aparecem associadas o que

leva a supor que os ornamentos fossem implantados, após a chegada a Goa do vice-rei Telo de Menezes. Há a particularidade destas duas peças é terem o cascavel completamente diferente. Na primeira é em formato de "figa", na

segunda é em "flor de lotus", venerado símbolo da mitologia hindú, que representa o mundo saindo das águas.

O leão rompante coroado era considerado uma honraria ao novo vice-rei da Índia e a inclusão do nome de Manuel Tavares Bocarro, bem se pode levar a entender que o velho mestre da "Real Fundição de Goa", Pedro Bocarro, ter

morrido, o que de prever no final da monção, numa altura em que verificavam muitos óbitos em Goa e os idosos os mais afectados. N.Valdez dos

Santos na sua brilhante investigação inserida no livro "Manuel Bocarro o Grande Fundidor" descreve na pg. 55: " Ao terminar a breve descrição dos

canhões do Bocarro, fundidos em Goa no ano de 1640, e que hoje se encontram no Museu Militar de Lisboa, é lícito perguntar qual a razão

porque ostentam as armas de Macau mas sem o respectivo brasão, ou seja, a Cruz de Santiago. Pode-se responder que isso talvez se deva ao facto de

Manuel Bocarro Tavares Bocarro ter pretendido manter as armas que sempre gravara nos seus canhões e que inegavelmente, eram mais representativos de

Portugal do que armas reais de Castela com um pequeno escudo português sobreposto.

Segundo nos afigura a hipótese da estadia de Bocarro em Goa pode ser

comprovada pelo traslado da petição que constitui a "consulta" anteriormente aludida, em que aquele fundidor pedia "em renumeração dos

seus serviços o abtio de Xp.to com 50 Reis e foro de fidalgo". com efeito neste documento lê-se que "o g.or Ant. Telles logo que entrou a governar... ordenando lhe que logo fundisse todo o cobre q houvesse do Japão em dois géneros de artilharia, sendo hu delles de 18 e 20 calibres, por serem os das guerras e brigas q teve com enemigos porq so elles serão convenientes pª os galeões aos quaes tambem erão neces.as peças colubrinas para as partes que se requeirão nas armadas, fizesse 24 dellas de 12 e 16 sendo as de 12 de 20

L.as e 33 embocaduras, e as mais em canhão, nas quaes o Supp.to levou grande trabalho, como o mesmo G.or no fim da sua carta diz". Por este

período transcrito depreende-se que a fundição das "24 colubrinas e os mais

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canhões devia ter sido feita em Goa, porque não se encontrou qualquer referências que, de meados de 1640 a fins de 1643 tivesse havido

comunicações regulares para Macau onde, aliás, não havia sobre que permitisse a fundição de canhões de tão grande porte em número

relativamente elevado. Ora, segundo segundo as palavras de Bocarro, este concluiu a fundição de artilharia "com grande trabalho, o que o governador

não só reconheceu como também "se satisfez deste serviço". CONTINUA... José Martins

P.S. Os agradecimentos e com a devida vénia foram retiradas as imagens da magnifica obra: "História das Fortificações Portuguesas no mundo". Editada

por Publicações Alfa. Não nos seria possivel prosseguirmos este trabalho sem a ajuda desta e de outras obras publicadas.

Posted by Jose Martins at 5:52 PM 0 comments Links to this post Tuesday, July 22, 2008

NA ROTA DOS CANHÕES - MANUEL BOCARRO - O GRANDE FUNDIDOR Parte 8ª

Os holandeses cobiçam a Índia Portuguesa assim como outras possessões

administradas por Portugal. As navegações de Portugal evitavam encontrarem-se com as holandesas. Em Março de 1638, Filipe III determinara que "não fosse à China nenhum navio mercantil" e que todas "as embarcações

manças e desarmadas passassem a ser artilhadas". Ordem que não viria a evitar a continuação dos holandeses apresar os navios e impedir os contactos entres os territórios portugueses na Ásia. Faziam-lhe frente as armadas de alto mar compostas de galeões fortemente artilhados e bem municiados e com experientes artilheiros, habituados à luta, por vezes atingindo enorme

ferocidade.

As viagens de Macau para Goa, para escaparem aos ataques e à pilhagem dos

holandeses, parte delas são efectuadas em pequenos navios à vela ou movidos a remos, que penosamente navegavam ao longo das costas,

escondendo-se em pequenas e isoladas enseadas, para escaparem aos

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poderoso "inimigo da Europa". O tráfego marítimo entre Macau e Goa voltou intenso, obrigando ao recurso de utilizar navios ingleses, cujo o custo do

frete era feito a troco de pimenta. Os ingleses não eram exigentes no tipo de carga que lhes fosse entregue para deixar em Goa, que poderia ser desde

peças de artilharia ao contrabando de cobre, que chegado da China a Goa "si hia fundindo (em) boa artilharia". Porém este recurso viria a falhar porque os

holandeses o descobriram. Com imensa dor o vice-rei Telo de Menezes informava o rei Filipe III, da grave situação e avisava-o que convinha tanto quanto possível que fosse evitado a extinção de todo, o comércio com a

China pela importância que o mesmo tinha para a coroa portuguesa e para a conservação dos territórios na Índia. Os Livros das Monções relatam muitas

tentativas de navios portugueses pretenderem furar o bloqueio naval holandês para atingirem Goa, Macau e outros portos da Ásia. Falharam muitas

delas, como o afirmou o vice-rei conde de Aveiras que nos mares da Índia havia mais de cem naus holandesas; o valor e a persistência dos marinheiros

e aliados ao espírito de aventura dos portugueses sempre permitiu que alguns navios chegasse ao porto desejado.

No ano de 1639 uma pequena embarcação goesa conseguiu chegar a Macau,

levando os avisos do vice-rei Pedro da Silva e, entre eles, uma carta destinada a Manuel Tavares Bocarro, datada em 15 de Abril de 1639, na qual ordenava ao fundidor que ao serviço de sua majestade o Rei deveria deslocar-

se a Goa. Aventa-se a hipótese que Manuel Bocarro não teria recebido a mensagem com a ordem para partir para Goa. No principio do ano de 1639,

Jerónimo Osório da Fonseca um velho experimentado marinheiro teria largado de Macau num pequeno patacho com o propósito de atingir Goa

navegando pelos estreitos de Sunda e do Bali, rota que antes nunca tinha sido usado. O Osório da Fonseca teria inventado um instrumento que lhe permitia, segundo suas previsões, navegar de leste para oeste, conhecer e traçar nova rota de Macau para Goa e, com isto, despistar as forças navais holandesas.

Manuel Bocarro, não tinha motivo para se desculpar não poder deslocar-se a Goa, cumprir as ordens do vice-rei.

Duzentas peças de artilharia estavam fundidas nas suas oficinas e prontas

para ser expedidas para Goa e o bronze esgotado. Bocarro como anteriormente já foi aqui revelado, receava pela sua vida se embarcasse num barco estrangeiro, a fama que já possuia na arte de fundir

seria, motivo, suficiente, para o assassinarem em mares onde a lei e os

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escrúpulos moravam distantes. No ser de Manuel Bocarro seguia as saudades e o desejo de encontrar o seu velho pai ainda com vida e tudo indica que

teria chegado a Goa antes de Junho de 1639 e a 24, do mesmo mês, assistira ao falecimento do vice-rei Pedro da Silva, vitimado de uma epidemia que grassava em Goa. Durante o ano de 1639 nos registos da saída de barcos

portugueses de Macau para Goa apenas foi encontrada a saída do patacho de Jerónimo da Fonseca, o que bem nos dá a entender que o Bocarro seguiu com

o Fonseca. Porém a veracidade certa da saída de Manuel Bocarro para Goa não está identificada, como exacta, isto porque o mestre fundidor partiu de

Macau como um clandestino. Os historiadores Professor Charles Boxer, Monsenhor Manuel Teixeira e o Almirante Celestino Soares não dão como

certa a saída de Manuel Bocarro de Macau em 1640.

Ficará para sempre uma incógnita se o fundidor embarcou ou não, em 1639 ou 1640, para Goa. Numa carta que o Professor Charles Boxer, enviou a N.

Valdez dos Santos (sua obra que me serve de guião para esta séries de artigos) informava-o:" porém como já lhe disse em Lisboa, é claro que Bocarro ficou em Macau durante os anos 1635-1645, apesar de ter sido

mandado de voltar a Goa, como consta de sua autobiografia redigida em 1643, através de consulta extensa a seu respeito no Arquivo Histórico

Ultramarino, Códice nº 79 do Conselho Ultramarino, de 16-XIi - 1643, fls. 1-5, "Manuel Tavares Bocarro estante em Machao pede em renumeração de

seus serviços o abito de X. do com 30 Reis e o foro de fidalgo". Por outro lado Monsenhor Manuel Teixeira é categórico ao afirmar, em ("Macau e a sua Diocese, 6.º vol. p. 280): que "Manuel Bocarro estava lá (em Macau) em 1640... Isto prova-o pela Relação da aclamação de D.João IV em 1642..."

Pode de facto tornar-se certas as afirmações de Monsenhor Manuel Teixeira, mas não há provas que o Bocarro estivesse em Macau em 164o. Outros dois historiadores Marques Pereira e Nascimento Moura, tiveram as suas dúvidas

se Manuel Bocarro teria fundido peças de artilharia em Macau.

(nota do autor deste artigo: António Feliciano Marques Pereira, Cônsul-Geral de Portugal em Banguecoque 1875 e acreditado em Malaca e Singapura, foi um proeminente diplomata, com brilhante obra no Antigo Reino do Sião e

Jacinto José do Nascimento Moura, capitão de artilharia, com obras

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relevantes em cima das relações dos portugueses com Sião (que felizmente temos algumas destas obras na nossa biblioteca particular), elogia o cônsul

Marques Pereira nos termos seguintes: "...pessoa de alto valor moral, mental e trabalhador infatigável, cujo o nome está ligado, estreitamente, a Macau, pelos seus relevantes serviços ali prestados, entre os quais avultam, os seus importantes trabalhos de investigação histórica". Marques Pereira, depois

descreve uma boca de fogo que se encontra no Museu Militar de Lisboa afirma: "mas esta peça, como se vê da inscripção, apesar de ser do mesmo

fundidor das que existiam em Macau não foi certamente fundida nesta cidade e a circunstância de ter sido embarcada em Moçambique para Lisboa, destroe a possibilidade de o ter sido". Tavares Bocarro teria ido para a

Índia; e em Goa fundira esse canhão".

O capitão Nascimento Moura, num estudo sobre a "Artilharia de Macau",

publicada na Revista Militar ao referir-se "à colubrina mandada executar por António Telles de Menezes, Governador da Índia, em 1640", conclui que

"parece, pois, que Manuel Bocarro também fundiu artilharia na Índia e que este material foi parar àquela colónia (Moçambique). A morte do vice-rei

Pedro da Silva, teria sido para Bocarro um rude golpe e o ruir das esperanças de possuir, as bem merecidas honras de vestir o hábito de Cristo que lhe havido prometido Pedro da Silva que não mais teria sido que entusiasmar

Manuel Bocarro a fundir as mais que pudesse peças de artilharia. O fundidor não tinha conhecimento que os vice-reis da Índia não tinham, dentro da

hierarquia da coroa portuguesa, poderes para conceder ordens, a não ser, em casos especiais, algumas pensões, impostos pelo alvará do ano de 1612. Em verdade, mais tarde, Manuel Tavares Bocarro, desalentado escrevia: "o que mais se dezeja menos se alcança". E nunca mais receberia, cedo ou tarde o

prémio, merecido, de reconhecimento da sua Pátria pelos sacrifícios do calor dos fornos de fundição e pelos serviços que tinha oferecido à Pátria

portuguesa. O honesto e trabalhador Manuel Bocarro está a ser manipulado pelo Pedro da Silva e este, o vice-rei da Índia, aproveitar-se da produção de

canhões do Bocarro, para depois ele mesmo receber as honrarias e mordomias do Filipe III de Espanha. Manipulações, muito frequentes, em Goa e noutras costas onde Portugal está instalado com feitorias de que os homens "bons" do reino, para ali destacados, se vão aproveitando dos feitos dos seus

compatriotas para depois os chamarem a si. Mas este mal, ainda hoje continua vivo que bem merecia um estudo dos sociólogos, ir em procura,

porque seria a razão que os vícios do passado, permanecem vivos e se mantêm na sociedade portuguesa actual. E para terminar esta parte:

"coloquem-se os galões, no ombro de um cabo "lateiro" as de capitão e, depois, aguarde-se as suas atitudes... ou melhor: não peças a quem pediu ou

sirvas a quem serviu"! CONTINUA.... Jose Martins

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TRANSFERIDO TRANSFERIDA A PEÇA : AICEP: "NUNCA VI UMA CRISE ASSIM EM TRINTA ANOS" PARA O BLOGUE http://maquiavelices.blogspot.com DADO QUE ESTE BLOGUE

ESTÁ VOCACIONADO PARA FACTOS HISTÓRICOS DO PASSADO Posted by Jose Martins at 9:53 AM 0 comments Links to this post

Thursday, July 17, 2008 NA ROTA DOS CANHÕES - MANUEL BOCARRO - O GRANDE FUNDIDOR

Parte 7ª

A carta do Conde de Linhares foi longa e manifestava o desejo de Manuel

Bocarro se deslocasse a Goa a qual pedido o fundidor não poderia recusar e demais a promessa de tão significativa a honraria da concessão do hábito de Cristo. Porém já antes Manuel Bocarro tinha solicitado ao vice-rei Conde de Linhares a autorização para viajar a Goa cuja finalidade seria o de visitar seus pais de avançada idade. O hábito de Cristo não seria, para ele, a um

grande atractivo, dado que para o manter afimava "cô hu bom salário para sostentar estas honrarias". Manuel Bocarro, fundidor, de mãos calejadas não se sentiria confortável vestido de branco do pescoço aos pés com tal farpela.

Havia algo mais, escondido, mesmo com a ordem do Conde de Linhares para seguir para Goa, que se fizesse desculpar-se de não ter embarcado a 30 de

Outubro de 1635 numa nau inglesa, alegando que precisava de concluir o seu grande contrato da fundição de cem bocas de fogo e acrescentava: "o risco de embarcar num navio estrangeiro que o poderiam matar e com ele "se

sepultaria a fundição de ferro". Mas Manuel Bocarro prometia que quando terminada a fundição das cem peças de artilharia de ferro, da qual

encomenda despachava 34 na nau inglesa, se "passaria para Goa", cidade da sua criancice, aonde aprendeu a servir o seu rei e que seria a sua Terra de

Promição, até porque Macau não seria mais que um porto de passagem de sua vida.

"Eu,Senhor, não me aRrependo nunca do que hua vez prometi" . Manuel Bocarro de facto pretendia viajar a Goa e uma das razão seria visitar seus velhos pais, mas não morria de amores de para ali se fixar em definitivo. O

Conde de Linhares sabia, de antemão, os perigos que poderiam acontecer ao

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Manuel Bocarro embarcar num navio estrangeiro, em águas aonde não havia lei e esta a de "rapinagem" e, na carta ao vice-rei, desde que fosse em barco português e, se possível, gozando já da "merçe do foro e do habito... por que

como o tempo da nossa vida seja inserto, e as viagens de mar de tamtos perigos se acaso me faltar a vida amtes de chegar a Goa, morrerei honrado e terão esta glória os meus deSendentes e se mandar me Deos a salvamento,

porey todas as forças p.ª que tenha feito nesta cidade a fundição de ferros".

Nos dá bem a entender que Manuel Bocarro não aceitava como credíveis as palavras do Conde de Linhares e faz-lhe o teste na carta que lhe dirigiu e enviada no navio, juntamente com as 34 bocas de fogo, que lhe agradaria seguir de Macau já nobre honrado e sair em Goa vestido com o hábito de

Cristo. Manuel Bocarro, como já se afirmou, não acreditava na promessa do Conde de Linhares, porque bem sabia que descendia de família de "cristãos

novos" e tal habito concedido ao Bocarro iria causar ciúmes entre a fidalgaria portuguesa, já altamente, significativa na Ìndia Portuguesa e no clero local. Manuel Bocarro continuava afanadamente a fundir bocas de fogo de ferro

coado não tendo, conforme assegurava ao vice-rei, para seu "descanso mais que alguas oras da noites e essas muy limitadas".

A fundição, segundo se aventa, operava as 24 horas dos ponteiros do relógio. Mês e meio depois da nau inglesa partir de Macau para Goa, Manuel Bocarro do ferro coado já tinham saído 22 canhões, onde entre eles se incluiam os de bocas de 14 libras de calibre. Em Fevereiro de 1636 acrescentavam-se mais 45 peças; e em Janeiro de 1638 completava o núnero de 130 e, no próximo

mês de Abril, estaria dentro das nossas previsões previsões, dado ao ritmo de trabalho da oficina de Bocarro que estariam fundidas 200 peças. É

impressionante e para a época, o frenesim que seguia na alma de Manuel Bocarro! Para fundir duzentas bocas de fogo fundidas, requeria uma enorme azafama logista, onde estava o transporte em bruto do ferro da China, por

via marítima e o pessoal que seria necessário para a fazer funcionar, era com isto, um empresário de grande espírito e organizador. Macau, durante a

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permanência de Manuel Bocarro, vivia a época de glória e da que se pode considerar de prata. A "Nau do Trato" navegava de 1555 - 1640, num vai-e-vém entre Macau e Nagazaki (Japão) e daqui "abarrotada" de prata, cujo o

valor, deste metal, os japoneses desconheciam e por lá existia muita abundantemento.

(Para os interessados na história recomendamos "The Great Ship From

Amacon" de C.R. Boxer - Centro de Estudos Históricos Ultramarinos - Lisboa, 1959")

Nos finais do ano de 1638 o vice-rei da Índia tivera conhecimento que Bocarro tinha concluído a fundição de 200 peças e de imediato se apressou depachar: "não há porq. fundir mais peças de ferro e que se venha p.ª Goa". A fundição

de cobre de peças de fogo e de sinos, em Macau, estavam reduzidos ao mínimo. Manuel Tavares Bocarro, não poderia dispensar cuidados nas suas fundições dado que no Oriente grassava uma grande falta de cobre. Este metal chegava da China e difícil a sua aquisição. No Japão era proibida o comércio e sob a pena de morte aos vendedores e compradores. Noutros

países orientais o cobre era possível juntando a moeda local que seria depois refundida e transformada em sinos e canhões. O cobre que se poderia obter

seria em Goa, permutado, o que chegava, de Inglaterra por pimenta. No início do ano de 1638 não havia cobre em Macau e, Manuel Bocarro

escrupuloso como o era, devia à Fazenda Nacional cento e trinta e quatro picos e dezoito cates desse metal, que o administrado da Fazenda comunicou ao vice-rei da Índia. O ferro principiava, igualmente, a escassear, porém essa falta não preocupava Manuel Bocarro a fundição de 200 peças, davam-lhe um certo descanso. As oficinas de Chunambeiro continuavam a fundir, embora,

mais moderadamente. Manuel Bocarro, agora, com as peças fundidas e a redução laboral das suas fundições já não tinha desculpa para travar a sua ida

a Goa e cumprir a ordem do vice-rei. Havia a dificuldade de conseguir um transporte próprio e seguro e, obviamente, em navios portugueses. Em

Dezembro de 1637, o capitão-geral da China, Domingos da Câmara Noronha, solicitou ao vice-rei Pedro da Silva, para que lhe enviasse dois galeões para "poder passar a artilha.ª que está em Machao, e juntam.te levar as faz.das que ouvere de hir", mas, nessa altura, a Índia atravessava uma grave crise. Aos holandeses já não lhes bastava dominar os mares do extremo-oriente, o

ter estabelecido bases nas Ilhas de Sunda e, agora, o principal objectivo seria o de expulsar os portugueses da Índia e conquistar Goa. Suas armadas

bloqueavam as águas de Goa e as naus portuguesas não estavam à altura de lhe travar o poderio naval.

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A dinastia filipina, durante os 57 anos, decorridos, a dominar a administração portuguesa dos territórios altramarinos, tinha revertido num total desastre, quer no prestigío como na perda do poderia naval, na Ásia e Oriente desde

1580 e de quando Portugal perdeu a independência. A fidalgaria portuguesa, muita dela, tanto lhes dava como se lhes desse que Portugal estivesse sob o domínio castelhano... Dentro de suas almas, apenas existia, a ostentação de

graus honoríficos; a opulência "pacotilhada" de parasitas, miseráveis, que tinham traído o Grande Afonso de Albuquerque. Não estariam, de todo, com o Rei de Castela ou com o agente do Rei de Espanha que vivia "nababamente" nos "Paços da Ribeira". Trabalhavam para eles e voltar a Portugal instalando-

se, algures, numa província qualquer de Portugal e ali, como na Índia o fizeram, a viver aquelas grandezas de "ladrões" que o foram na Índia

Portuguesa. Portugal, infelizmente, ainda hoje tem os seus "Capitães da Índia" os parasitas modernos que continuam a ser a cópia fiel daqueles que o

foram na época quinhentista. CONTINUA... José Martins

Posted by Jose Martins at 6:38 PM 0 comments Links to this post Monday, July 14, 2008

NA ROTA DOS CANHÕES - MANUEL BOCARRO - O GRANDE FUNDIDOR Parte 6.ª

Os canhões, primitivos, foram construídos com barras de ferro colocadas ao comprido e poder-se-ia considerar como a formação de um barril através das aduelas. Depois de formarem o círculo eram apertados com aros grossos de ferro. Havia um certo distancionamento entre esses que batido o cinzel com o martelo os aproximava. Em alguns casos o corpo do canhão era revestido

com uma capa de cobre para lhe dar mais resistência e aguentar a pressão da explosão da pólvora. Com o correr do tempo foram surgindo novas técnicas

de produção e em meados do século XIV, surgiram as peças de ferro, quente,

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malhado nas forjas, que nunca funcionaram, com perfeição. Em 1377, na Itália (Erfus) apareceu o primeiro fundidor "teve lugar a fundição das

primeiras peças de ferro fundido", segundo informação do capitão A.Cardoso in: "Fabrico de Bocas de Fogo de Bronze e Projécteis" e, informa ainda, na mesma obra, que o fabrico de artilharia, em metal, seria iniciado no 1547, pelos ingleses já possuidores de altos fornos a fundir ferro e outros metais.

Parece que a Coroa Portuguesa não teria tido grande interesse no canhões, o

que se aventa não corresponder à verdade. Portugal para manter a sua soberania foi através de muitas lutas e grandes batalhas e estas aconteceram

desde a fundação, em 1128, na cidade de Guimarães por D. Afonso Henriques. Enfrenta por um lado os castelhanos e a missão de empurrar os

mouros para o Norte de África. É em Portugal que o fabrico de artilharia, na Europa se desenvolve, pois além de defender, palmo a palmo, o território,

preparava-se para se expandir para os territórios além-mar. D. João I contratou, em Castela, um armeiro: " em 1416, D.João I, mandou vir de

Castela o armeiro João Pires, isentando-o de pagar siza e fintas, além de outros privilégios, o que tudo foi depois confirmado por D. Duarte em 1435 e por D. Afonso V, em 1460, tanto àquele armeiro , como a outro, talvez seu

parente, de nome Afonso Pires, in: Apont. para a hist. do Arsenal do Exército do Gen. J.M. Cordeiro".

Graças ao espírito do Infante D. Henrique, funda a Escola Náutica de Sagres e

em 1416, é descoberta a Ilha de Porto Santo e o início da era dos descobrimentos que iria atingir o auge com a descoberta do caminho para a

Índia pela rota do Cabo da Boa Esperança, por Vasco da Gama em 1498. Teriam, os portugueses, de construir fortes, fortins, baluartes, junto às baías

e ensedas dos territórios ao longo das costas atlântica e do Índico e mais tarde por toda a Ásia e o longínquo Oriente. Nas ameias desses postos, de

defesa, teriam que estar pousadas as peças de fogo para se defenderem da

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intrusão e cobiça de ocupação: dos turcos, dos ingleses e holandeses, os piratas do ocidente. Ora em Portugal desde o reinado de D.João I e já antes fundiram-se canhões. Porém, depois de 125 anos de Portugal ser senhor do

comércio, oriental, agudiza-se a cobiça dos turcos, dos ingleses e holandeses. Portugal está sob a dinastia filipina de Castela. Em 1585 a Espanha declara guerra à Inglaterra e acontece, em 1588, a derrota da "Armada Invencível" pelos ingleses onde pereceu parte das nossas melhores naus e caravelas da

rota da Índia e Brasil. Devido à declaração de guerra dos espanhois aos ingleses, estes atacaram Lisboa em 1585 e 1589. Segue-se o ataque ao

Recife, no Brasil, em 1648, pelos franceses e ingleses. Malaca, a joia da coroa, conquistada pelo Grande Afonso de Albuquerque, em 1511, é cercada

pelos holandeses, pela primeira vez, em 1606 e para sempre perdida, em 1641, pelos holandeses. Segue-se a cobiça de Macau e a perda de Sri Lanka. A

nobreza portuguesa está dividida e lá seguia vivendo ou acomodando-se, conforme seus interesses, à dinastia filipina. Portugal aquele prestígio, a

língua o instrumento de comunicação entre o ocidente e o Oriente; a forma dócil e diplomática de lidar com as populações, grangeado em toda a Ásia e Oriente, por mais de um século começa esfumar-se. No século XVII, entre o

período de 1625 a 1635, o vice-rei D. Francisco da Gama escreveu ao rei sugerindo-lhe que enviasse para Goa: "dous ou tres fundidores de ferro

coado, pª poderem fundir artª de ferro do muyto e barato q lá há" (Como é sabido em Goa existem minas de ferro que ainda hoje é extraído e

exportado. Parece que nos dias de hoje é a segunda riqueza depois do turismo).

O rei aprovou e aplaudiu a ideia do vice-rei, mas informou-o: " off.que saibão fundir art.ª de ferro, e se tem aquy per informação que na China, e Jappão, há off.es que o sabem fazer", determinava que ao capitão geral de Macau lhe fosse dada ordem apara que, nas primeiras "embarcações que vierem para a

India, vos mande algus destes off.es selariados para que possão fazer funição e ensinar a Arte aos off.es que fundem art.ª de bronze".

O conde de Vidigueira, em 1627 escreveu ao rei informando que D.Filipe Lobo, capitão geral de Macau, o tinha avisado que seguiam a caminho de Goa "dous mui bons fundidores" chineses de ferro. Desde há muito havia intenção de fundir canhões de ferro em Goa. Tal objectivo não tinha sido concretizado

dado que se aguardavam ordens do rei. Mas a ideia foi gorada e não funcionou a fundição de canhões pelo sistema de ferro coado. Os dois

fundidores vindos de Macau nunca acertaram na tempera e dar-lhe a robutez necessária, ao ferro, para aguentar o disparo, acabando por despedir os chineses e mandá-los de volta a Macau. Chegaram a pensar, enviar para

Macau "ferro de todas as sortes", para que os fundidores ali acertassem com a

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tempera. A ideia fica pelo caminho. Manuel Tavares Bocarro como mestre de "Fundição Real" por contrato celebrado por D. Francisco de Mascarenhas,

teria que fundir peças em ferro e bronze, todas aquelas que fossem necessárias. Teria aprendido, com os dois chineses, chegados a Macau o

segredo de fundir o ferro coado, escrevendo ao vice-rei que estava já com ele a ciência e arte para produzir artilharia de ferro a preço relativamente

baixo.

O vice-rei comunica ao rei a "boa" notícia e informa-o ter já dado ordens a

Manuel Bocarro para executar: "sem pessas de art.ª de ferro coado". Manuel Bocarro, além de mestre fundidor de bocas de fogo em bronze é igualmente

de ferro coado e, orgulhosamente dá a conhecer ao vice-rei da Índia. As cartas de Macau chegadas a Goa fizeram gerar entusiasmo, mas que o mesmo

não era assim em Lisboa. De facto a Filipe III agradava-lhe a notícia pelo êxito da fundição de ferro em Macau, mas não deixava de se lastimar o alto

preço em que os canhões ficavam depois de fundidos. Dizia o rei que as peças saídas das fundições de Biscaya eram mais baratas e de melhor qualidade.

Ao Conde Linhares não lhe agradou a insinuação de Filipe III e respondeu, energicamente, ao monarca, informando-o que seria de toda conveniência

"favorecer o dito fundidor, para com isso se animar a o levar avantes" , com isto se manterem as fundições de artilharia em Macau. O rei acedeu ao

pedido do Conde de Linhares e a "Fundição Real de Macau" torna-se uma realidade. O conde de Linhares escreveu a Manuel Bocarro, informando-o não

só do agrado real e da anuência para que as fundições continuassem em laboração, como também, como prémio, da sua ciência e trabalho em serviço do rei de Portugal, iria ser recompensado com o hábito de Cristo e com uma

grande mercê mas, para as receber, era indispensável que fosse a Goa. Pensa-se que o conde de Linhares, tendo já certo o funcionamento da

fundição em Macau, pretende que outra de fundição de peças de ferro viesse a operar em Goa. Goa tem muito ferro em bruto e em conta. Assim entende-

160

se que o conde Linhares desejava que o Manuel Tavares Bocarro se deslocasse de Macau a Goa e, quanto ao hábito de Cristo, que lhe prometera, não

passava de uma "tramoia", Ao fundidor o rei, apoiado pelo clérigo da época, jamais poderia distinguir o Manuel Bocarro com tal distinção que lhe daria o foro de fidalgo. Embora Manuel Bocarro mostrasse, largo, contentamento da honraria de vir a ser fidalgo, em público, mas sabia, interiormente, que seria

impossível. A sua família e ele, também, estavam marcados pela Santa Inquisição. Manuel Tavares Bocarro a sua descendência era judaica e assim

considerado um cristão novo apelidado na época por "marrano". Continua

José Martins E-mail: [email protected]

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NA ROTA DOS CANHÕES - MANUEL BOCARRO - O GRANDE FUNDIDOR Parte 5ª

Os quatro canhões referidos na parte anterior (4) têm semelhanças, embora o

de S.Lourenço, segundo o Padre Manuel Teixeira afirme: " no canhão de S. Lourenço estão gravadas as armas de Portugal, ladeadas de dois anjos, segurando um escudo; o anjo da direita leva na cabeça uma cruz, o da

esquerda um astrolábio; logo abaixo está o brazão de armas de Macau (a Cruz de Santiago), rodeada dum círculo que tem a inscrição: "da Cidade de

Nome de Deuz da China"; mais abaixo num cartucho: MANUEL TAVARES BOCARRO A FEZ A 1627".

Assim se pode concluir do Catálogo do Museu da Torre de Londres e de outras descrições dos outros quatro canhões, ladeados por dois anjos e o brazão de Macau. Portugal como é sabido perdeu a soberania em favor de Espanha, em

1580, mas o povo português nunca a aceitou. Em todas as cidades, vilas e aldeias são registados motins populares. Era duro para a sociedade da época de orgulho e de alma patriótica, lusa, aceitar a subjugação a Castela. Numa

pequena aldeia, transmontana, do concelho de Anciães o juramento de fidelidade aos espanhois só viria acontecer a 20 de Janeiro de 1581 e quando nos Açores, Ilha Terceira, só em fins do ano de 1583 a população se renderia

ao domínio castelhano.

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No ano de 1581, Filipe I de Portugal e II de Espanha, presidiu às cortes de Tomar e os portugueses pronunciaram-se, bem claros, para o monarca,

solicitando-lhe: "Portugal nunca se juntasse a Castela, regendo-se pelas suas leis e usos próprios. Pretendiam os portugueses, uma monarquia dualista: "um Rei com duas coroas, mas cada país com o seu governo e com isto suas leis, costumes e tradições". O rei espanhol parece que tudo aceitaria, ou

talvez para não criar descontentamentos e revoltas populares. O heroismo de D. Nuno Álvares Pereira, no reinado de D.João, a 14 de Agosto de 1385 e na

proximidade dos 200 anos, ter derrotado os castelhanos na batalha de Aljubarrota, estava vivo dentro do espírito dos portugueses. Dentro do que

Filipe I, tinha acedido nas cortes de Tomar, nos primeiros 15 anos da dominação filipina, os canhões fundidos ostentavam, gravadas, as armas de

Portugal.

Nos últimos anos do reinado de Filipe I, os canhões portugueses continuam

com as armas gravadas de Portugal. A estas, porém, sobrepunha-se à legenda PHILIPVS REX ESPANIARVOM, como ainda se encontram (???) duas peças no Museu de Angola em Luanda. No reinado de Filipe II de Portugal e III de

Espanha, as bocas de fogo fundidas em Portugal continuavam a manter as armas reais da monarquia portuguesa, mas guarnecidas pelo "Tosão de Oiro" insígnia de uma ordem de cavalaria espanhola, cujo rei era o seu supremo

representante. A partir da década vinte do século XVII, a artilharia portuguesa passa a estar subordinada ao "Capitan General de la Artillaria de España e com isto os canhões a ostentar as armas reais de Espanha às quais

se sobrepunha um escudete com as de Portugal. Pelas destas se podem observar no Museu Militar de Lisboa. Porém digno de realçar que os

fundidores de artilharia em terras de ultramarinas procediam diferente dos da metrópole, no que se referia à gravação nas peças, ignorando as insígnias

espanholas. Pedro Dias Bocarro na sua obra prima o "Canhão de Chaul", fundido 14 anos depois da Espanha, assumir a soberania de Portugal, na

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bolada, moldou as figuras da Virgem Maria, de S.Pedro e S.Paulo.

Outras peças, saídas de suas mãos, moldava as armas da cidade de Goa, ou seja, o escudo real coroado sobre a roda de navalhas de S.Catarina. Manuel

Tavares Bocarro, em Macau, usava o mesmo critério, moldava-as com as armas de Macau, o escudo português sob uma coroa real fechada e ladeada de dois anjos sobrepondo-se à Cruz de Santiago, envolta num círculo com a legenda "Da Cidade de Nome de Deos na China". Os fundidores portugueses que operavam nas terras de além-mar, não aceitavam a dinastia filipina e,

seria, uma forma de protesto e vingança ignorem as insígnias espanholas nas obras que saíam dos seus fornos. Segundo o historiador padre Manuel Teixeira

que viveu, por mais de setenta anos em Macau e uma vida dedicada a escrever livros em cima da história da passagem dos portugueses no Oriente,

na sua obra "Macau e a sua Diocese", vol. VI, p. 274, no Museu do Príncipe Shimadzu, em Kagoshima, Japão, existiu até 1929, um canhão com a seguinte

legenda: "DE ANT SOARES VIVAS M TB.

Peça, embora fundida pelo Manuel Tavares Bocarro, foi uma encomenda do Capitão João Soares Vivas, para armar a sua embarcação. O Vivas era um comerciante localizado no forte da Barra. Mas o brilhante historiador o

Professor Charles Boxer, em carta que dirigiu a N. Valdez dos Santos em 15 de Janeiro de 1980 informava-o:

"Também esclarecer que o canhão em Kagoshima (que eu conheço de visu) não era feito para João Soares Vivas, mas sim para seu irmão António Soares Vivas, que também cursou aqueles mares do Extremo Oriente, comerciando e combatendo. Ele figura como tal na "Carta Geral dos Servidores do estado da Índia em 1635 "feita pelo Viso rei Conde de Linhares, e impresso em Biblos

(Coimbra, 1993) p. 21 da separata. Ele é citado em outras fontes contemporaneas também, como nos Assentos de Conselho do estado da Índia,

I, 1613-1633 (1593, p. 299, aparecendo João Soares Vivas em p. 356 da mesma obra."

N. Valdez dos Santos na sua apreciação à carta recebida do Prof, Charles Boxer informa que ficou perplexo com a informação recebida. Manuel

Tavares Bocarro tinha por obrigação de fundir artilharia só para a "Fazenda Real", como então se dizia que tentou adquirir os direitos de propriedade

sobre a fundição a fim de poder trabalhar a mesma em carácter particular.

163

Assim a sua admiração pelo facto de o Bocarro tivesse fundido uma peça para

o António Soares Vivas, embora uma figura interessante na vida dos macaenses, mas que não lhe parecia tão ilustre que merecesse a honra,

impar na história da nossa fundição, ter o seu nome gravado num canhão que pertencia ao rei de Portugal. O ano de 1631 foi um ano de grande azáfama de

Manuel Tavares Bocarro, numa relação da artilharia em Macau no ano de 1846, eram mencionadas sete peças, de calibres compreendidos entre 12 a 34

cm, fundidas naquele ano. Uma dessas peças ainda se encontravam, nos finais do século passado, no Forte de S. Francisco e, segundo A.F. Marques

Pereira, era de bronze "de calibre 36 e grande comprimento" e tinha a seguinte legenda:"MANUEL TAVARES BOCARRO A FES POR ORDEM DE

FRANCISCO CARVALHO ARANHAS SENDO PROCURADOR D´ESTA CIDADE NO ANO DE 1631".

N.Valdez dos Santos continua: "Esta inscrição, pouco vulgar, não nos parece que seja uma cópia fiel da legenda que estaria gravada na peça. Com efeito

não era hábito indicar-se, em primeiro lugar, o nome do fundidor - que aliás, não está conforme a ortografia da época, pois escrevia-se: "Manoel" - e não

se nos afigura viável que Francisco Carvalho Aranha - e não"Aranhas" - pudesse, como procurador da cidade de Macau dar ordens para que o mestre da real Fundição de Canhões fundisse uma peça de artilharia. Mau grado o

elevado número de canhões de bronze, de rara perfeição técnica e artística, que sairam das oficinas de Bocarro este, até ao início da década de 1630, não

passava de um simples cidadão que nem sequer merecia que o seu nome figurasse nos documentos oficiais sendo designado, quando era necessário,

"como fundidor que assiste na China". Apesar da sua riqueza, que deveria ser uma das maiores de Macau, Bocarro passava despercebido entre as poucas

dezenas de moradores europeus e, só numa das actas da Câmara da Cidade, é referido, mas como simples assistente. É só por alturas de 1635 que

Manuel Tavares Bocarro atinge o auge da sua carreira, através de uma obra que hoje quase se desconhece - a fundição de canhões de ferro. Foram os seus trabalhos no campo da fundição de ferro que tornaram o seu nome

conhecido e que permitiram que figurasse nos documentos oficiais da época como o melhor fundidor português de artilharia.

CONTINUA... José Martins

E-mail: [email protected] P.S. Conteúdos inseridos, graças à obra, que já anteriormento mencionada extraídos do trabalho de N. Valdez dos Santos - Manuel Bocarro o Grande

Fundidor - Lisboa MCMLXXXI. Posted by Jose Martins at 8:14 AM 7 comments Links to this post

Thursday, July 10, 2008 NA ROTA DOS CANHÕES - MANUEL BOCARRO - O GRANDE FUNDIDOR

164

Parte 4ª

N.Valdez dos Santos: "Não vamos descrever, passo a passo, a brilhante defesa

de Macau porquanto isso já foi repetido, inúmeras vezes, destacando-se, pelo seu valor histórico e literário, os estatutos de Marques Pereira,

publicados na revista Ta-Ssi-Yang-Kuo e, principalmente, os do Professor Charles Boxer.

Por isso basta indicar que, os macaenses, após terem rechassado o ataque

holandês, obrigando-os a fugir precipitadamente para os seus navios, abandonando um pesado canhão que tinham desembarcado, mandaram um

aviso ao vice-rei da Índia, pedindo socorros urgentes que incluissem "um cabo de guerras" e 300 soldados com os repectivos "subsídios", além de uma eficaz

ajuda em dinheiro, destinado à fortificação e artilhamento da cidade".

"Com a excepção do número de soldados pedidos, que ficou pelos 100, todos os outros pedidos foram concedidos e acrescentado a Macau, inesperados, privilégios que mais tarde, frei Jesus de Maria, viria a mencionar, na sua obra "Asia Sinica e Japonica": " A Provisão Real ou Alvará concedido a Dom

Francisco Mascarenha primeiro Capitão geral desta cidade hera tão honorifico e tão amplo, que lhe dava poder, mando, jurisdição e alçada

sobre toda a gente de guerra,...Ao mesmo tempo Dom Francisco Mascarenhas expedio o Vice Rey Conde de Vidigueira mais duas Provizoens: uma para que o Capitão Mór das Viagens do Japão não tivesse já mais poder nem manodo

nesta Cidade de Maco; e outra para que se não pudesse em Macao fazer mais artilharia sem ordem do Capitão Geral". Dom Francisco de Mascarenhas é

nomeado Governador de Macau e inícia funções a 17 de Julho de 1623. Saiu de Goa acompanhado dos fundidores Pedro Dias Bocarro e filho Manuel Dias

Bocarro cuja finalidade seria a instalação de uma fundição de bocas de fogos. Situa-se junto à Fortaleza do Bom Parto e no local conhecido por

"Chunambeiro". A denominação do lugar provém pelo facto de ali se fabricar

165

cal de ostras, produto conhecido por "chunambo" ou "chunamo". A fundição está destinada a produzir peças de ferro e bronze. Porém quando os

Bocarros, pai e filho, chegaram a Macau a fundição já operava pelos chineses em termos artesanais e de fraca qualidade. Pedro Dias Bocarro, regressa a

Goa em 1625 e entrega a fundição ao filho Manuel Bocarro.

Existem contraversões quando à veracidade das datas acima indicadas. A versão, dada por Manuel Bocarro, é outra e relata que teria sido expedido

para Macau, em 1625, pelo mando do Conde Vidigueira. Em Macau en controu uma "Caza de fundição" na qual tinham gasto "huma m.tº quantidade de dr.º pella necessidade q della tinhão ser tal e tão grande q obrigou a não reparar no gastar delles". E mais adiante cita que a fundição tinha estado confiada a

"hú espanhol, vindo de Manilla", mas devido a não ter conhecimento, nenhum, da arte, Manuel Bocarro descreve-o "deu m.tª grande perda por

delle se não colher fructo algú dellas". Foi despedido pelo conde de Vidigueira e ordenou a Manuel Bocarro que seguisse para Macau e com ele as

intruções para fundir: "toda a artelharia q. lhe fosse necss. para a sua fortificação como para toda a mais que se houvesse mister para o serviço" .

Nunca Manuel Bocarro mencionou que seu pai Pedro Bocarro o tivesse

acompanahdo de Goa para Macau. No início do ano de 1624, Filipe II enviou uma carta a D. Francisco da Gama, Conde de Vidigueira que tinha tido

conhecimento que na Índia havia "hum fundidor de artilharia bom oficial desta arte, por nome P.º Diaz Bocarro" e, sendo assim ordenava que

ministrasse a arte "a outras pessoas" . As ordens, de Filipe II, eram que se ensinasse outras pessoas, mas que o segredo da arte de fundição não poderia

saír das oficinas e a má sorte, viria acontecer, a um fundidor, local, ter fugido e, mais tarde, apanhado e mandado assassinar pelo Conde de

Vidigueiro. Recomenda a maior produção de artilharia em Goa e não menciona que o

mestre Pedro Bocarro abandonasse Goa e fosse para Macau. Manuel Bocarro chegou a Macau em meados de 1625 e até ao final desse ano trabalhou na

"Caza de Fundição como ajudante. Em 1626 a fundição fica livre da direcção dos "dois castelhanos" e dedica-se, Manuel Bocarro, com todo empenho à

fundição de bocas de fogo de ferro e bronze. Seria o primeiro canhão fundido pelo Manuel Bocarro uma boca de 36 que durante séculos esteve activa na Fortaleza do Monte e passaria à história com o nome "Peça dos Mandarins".

166

O nome teria sido dado, segundo a tradição dos macaenses, sentado na peça,

que o mandarim de Macau Tsó Tang, assumiu as suas funções e, voltando, hábito seus sucessores tomavam posse, no dizer de Vicente Nicolau Mesquita: "d´hua especie de monumento, attenta a veneração e respeito que os chinas

lhe consagrão desde mui tempo - he tbm sobre ella que os mandarins de Macau tomavam posse do seu lugar". No ano de 1627 Manuel Bocarro fundiu vários canhões de grande tamanho que podiam disparar projéctiles de pedra com o peso de 50 libras. Todos os canhões estava dedicados aos santos: S. Afonso, St.ª Ursula, S. Pedro Mártir, S. Gabriel, S. Tiago, S. Lino Papa, S.

Paulo e outros nomes de santidades.

Por muitos anos, defenderam Macau, colocados nas fortalezas e, pensa-se

(sem termos a certeza) que alguns ainda ainda ali se encontram, como peças de artilharia e a lembrar a memória de um passado histórico. As peças de S. Lourenço e de St.º Ildefonso estão exposto na Torre de Londres e os de St.º António e S.Miguel são propriedade do Museu de Woolwich. O relatório de 3

de Março de 1637, designado: "Lista contendo a artilharia existente nas fortalesas, baluartes e dentro da cidade do nome de Deus de Macau, segundo o que existe no dito porto" o Padre José Montanha escreveu, na sua obra "Aparatos para a História do

Bispado de Macau", um capítulo relativo às fortalezas e canhões de Macau. (Consulte-se o Cod. 9448 dos Reservados da Bibl. Nacional que é o 1º Tomo dos Aparatos...", respeitante aos anos de 1557 a 1582, tendo, porém, num

apêndice, com outra letra, várias relações respeitantes a acontecimentos até meandros do Século XVIII.

No inventário do Museu de Djakarta, sob o n.º 27012, é descrita a seguinte peça de artilharia:

"Canhões; outrora o "sagrado canhão" de Dkakarta, .... orígem: provávelmente fundido pelos portugueses, capturado, pelos holandeses aos

portugueses em Malaca (1641).

167

O "Canhão Sagrado" é tradicionalmente considerado de origem portuguesa e já foi objecto de cuidadosos estudos por parte do Dr. M. Neyens e Dr. K.C.

Crucq. Este último autor escreveu: "Finalmente, desejo dizer alguma coisa de

interesse vital com respeito ao Sagrado Canhão de Batávia. No museu militar de Lisboa há um canhão, que se presume ter sido fundido por Manuel

Tavares Bocarro, que tem os cachos da mesma forma que o nosso Sagrado Canhão, o que vem de novo confirmar a orígem portuguesa do canhão de Batávia. É agora altamente provável que este canhão fosse fundido por

Manuel Tavares Bocarro..." O Dr. Crucq apresenta outros argumentos, muito pouco consistentes, para endossar a autoria do "Canhão Sagrado a Manuel

Bocarro e que são, normalmente aceites. O facto de não ter gravadas quaisquer marcas ou siglas, e a data como era norma nas fundições dos

Bocarros, aliado ainda, a ter uma legenda em latin: Ex me ipsa renata sum, que não era usual nos canhões portugueses - só conhecemos em caso, no

terço do canhão H.2, da regência de D. Pedro II, que tem a legenda Vltima Ratio Iustilac -leva-nos a admitir que não se trata de um canhão de Bocarro e a pôr em dúvida a sua orígem portuguesa. Consulte-se o P.e Manuel teixeira,

in. Macau e a sua Diocese, VI, pp.111 a 119 CONTINUA

José Martins P.S. Informações de várias fontes do meu arquivo particular. A matéria em

cima dos canhões e fortes portugueses na Tailândia (com excelente informação já obtida) ainda demorará algum tempo dado que a história do

fundidor, Manuel Tavares Bocarro, ainda irá inserir várias partes. Posted by Jose Martins at 8:22 AM 0 comments Links to this post

Monday, July 07, 2008 NA ROTA DOS CANHÕES - MANUEL BOCARRO - O GRANDE FUNDIDOR

Parte 3ª

Começa aqui o correr da vida do fundidor Manuel Tavares Bocarro.

Filho do de Pedro Dias Bocarro e irmão de Francisco Dias Bocarro. Os dois

filhos de Pedro Dias Bocarro não mostraram, de quando jovens, vocação para a arte do pai. Teria sido pela recomendação do rei que colocasse os "rapazes"

a trabalhar junto ao pai, para que aprendessem a arte de fundição. O rei entende que os dois filhos poderiam auxiliar o pai e numa carta informa:

"algu officio de Justiça ou de minha faz, para que residindo na cidade possa ajudar a seu pay... na fundição de artilharia" O Manuel Bocarro, alistado nas armadas como marinheiro das naus. O rei noutra comunicação referindo-se ao Manuel: "pudera merece muito (pois) não era fraco nem coitado", o que dizia

168

ser um homem robusto e espirituoso. A ordem tinha chegado de Madrid e quando Manuel Bocarro teria uns 18 a 20 anos. Mercê das ordens reais o

jovem outro remédio não terá que juntar-se ao pai, Pedro Dias Bocarro. A carta acrescentava ainda: "assistir (às fundições)... com o dito seu pay em cuja arte e experencia com elle se avia criado", como depois em anos mais tarde Manuel Bocarro viria a escrever. O rei Filipe II de Portugal, em carta régia de 21 de Março de 1617, nomeou D. João Coutinho, conde Redondo,

vice-Rei da Ìndia.

O conde Redondo antes de partir para a Índia foram-lhe entregues, 56

capítulos com instruções que o aconselhava como deveria proceder quando ocupasse o seu alto cargo. Uma dessas instruções recomendava-lhe que

incrementasse a produção de artilharia, dado que Filipe II tinha imperiosa necessidade de expulsar os seus inimigos da Europa. Estes eram os holandeses

e ingleses que a todo custo, pela força e armas, procuravam ocupar as possessões, portuguesas, ultramarinas. Dois anos mais tarde por carta de 8 de

Março de 1619, Filipe II volta à carga recomendando que não fossem ignoradas suas ordens. Mas o conde Redondo já não poderia cumprir as

ordens do rei.... tinha falecido antes de chegar esta carta. Seu lugar de vice-rei é tomado pelo governador Fernão de Albuquerque e coube-lhe a ele informar Madrid que suas instruções tinha sido totalmente cumpridas e

comunicava ao monarca: "32 peças de artilharia grossa e nisso trabalhou muito o mestre fundidor" . Estas peças são obra de Pedro Dias Bocarro e tudo

indica que o filho Manuel Tavares Bocarro o ajudou e, viria, aprender e conhecer todos os segredos da arte de fundir o bronze e transformá-lo em

bocas de fogo. No final do ano de 1622 a população da cidade Goa fica alvoraçada com os "avisos da China". O importante empório comercial de Macau tinha estado sujeito a um forte ataque dos holandeses. Porém os

holandeses são completamente derrotados pela minoria portuguesa. Já nos anos de 1601 e 1603 os holandeses teriam tentado invadir Macau. O princípo do uso de Macau, pelos portugueses, sem haver o conhecimento exacto da

data, teria sido nos anos de 1557, embora outros historiadores aventem que esta altura teria sido de quando os portugueses limparam os piratas da área e

um dos reis da China autorizou que do território fizessem base e que ali construissem uma feitoria. Macau, após pouco tempo depois volta num

importante centro comercial e um ponto priviligeado, não só para o comércio dos portugueses com a China como com o Japão.

169

É aproveitado igualmente pelos missionários de Portugal dissiminarem a

doutrina cristã na China e no Japão. Francisco Xavier, o apóstulo das Índias, viria a conseguir introduzi-la no Japão mas sem sucesso na China e acaba por

falecer na ilha de Sanchuão às portas do grande império. Os holandeses e dado ao progressivo desenvolvimento comercial de Macau, pretendem ocupar

o pequeno território; fazem-lhe três ataques seguidos: 1601, 1603 e 1607, sem sucesso. Filipe II, senhor da coroa portuguesa, para que os holandeses

não voltassem atacar Macau, por carta régia de 18 de Janeiro de 1608, envia para Goa a mensagem: "que se continue a fundição em na cidade de Goa, mandando para isso trazer cobre da China, e dando ordem que parecer necessaria para que venha, obrigando aos que trouxeram mercadorias

da´aquellas partes a trazer tanta quantidade de cobre que baste para pagar em minhas alfandegas, no mesmo cobre, todos os direitos que d´ella deverem taes fazendas". Na mesma altura, Filipe II ordenou que fosse

nomeado um capitão-geral para Macau, o que viria, pouco depois, a revogar, talvez por conselho, dado que a população na altura não o justificaria. Os

ataques dos holandeses aos pontos estratégicos onde os portugueses se haviam colocado, para controlarem o comércio do Japão, China e Malaca

foram por mais de um século, as constantes preocupações dos portugueses.

A corte em Lisboa em face de tal cobiça dos holandeses e ingleses,

recomendou ao vice-rei da Índia para que houvesse todo o cuidado na defesa de Goa como também se deveria fundir artilharia em Macau, "até o tempo dar logar a se poder acudir com outras". A construção de fortificações em

Macau teriam sido iniciadas por volta dos anos de 1612. Recomendava o rei, que todo o dinheiro amealhado na cidade "se empregue em cobre e se traga a

essa cidade de Goa, para se fundir em artilharia". Nos anos de 1615 numa carta, com data de 21 de Fevereiro, o rei, dentro das suas preocupações e

futuras, investidas a Macau pelos holandeses, que se fortificasse Macau e se

170

fizessem "sem irritar o animo dos chinas". Porém a mensagem do rei chegou tardia, isto porque os chineses não tinham visto com bons olhos a construção

da igreja de S.Paulo, em 1602 e outras que se seguiriam depois. Francisco Xavier já não pertencia ao número dos vivos mas a semente deixada em

Macau estava a produzir frutos e o pequeno território iria ser o ponto ideal para o catolicismo se ramificar pelas terras do Oriente. Os chineses quedam-

se alarmados e pensam que os portugueses estavam, com a construção de novas igrejas, a iniciar um "extraordinário" plano de fortificação. Em 1613 e 1614, impuseram aos portugueses de Macau várias condições, e entre elas

uma "não edificar casas novas em sitios novos", o que se pode analisar que os portugueses procuravam os sitios altos, para construir fortes e igreja e com

isto na mira de observarem e de se poderem defender da intrusão do inimigo, que eram, na altura, os holandeses. Os chineses, entretanto, mudam de

opinião, quando previam ataques às populações de piratas e dos holandeses e permitiam então, ao portugueses, de construirem fortificações aonde melhor lhes parecesse. Os holandeses não desarmam e a todo custo de vidas e preço

pretendem chamar a si Macau.

As naus inglesas, em grande número, já sulcavam as águas do Índico e estas, e as dos holandeses, eram um quebra-cabeças para os vice-reis da Índia e os

capitães dos navios portugueses. O filão de ouro, do comércio das especiarias, que os portugueses tinham descoberto na Ásia, se ficou a dever à descoberta do Caminho Marítimo para a Índia, pelo Vasco da Gama em 1498, criou reboliço na Europa. Por alguns anos os ingleses e os holandeses estão quietos, mas pela espionagem e juntando o sistema "corruptivo" de compra de cartas marítimas as oficiais, portugueses, de poucos escrúpulos, foram

conhecedo as rotas das naus portuguesas e os pontos, estratégicos, onde já se tinham fixado. A caida dos mercados das especiarias e pedraria de Veneza,

Génova e Piza e Portugal já ser o senhor do comércio da Europa, do que havia no Oriente, viria alertar e colocar em "polvorosa" os holandeses e os

ingleses para lhes arrebatar o privilégio desse comércio. Todos os meios era usados, por estes dois países rivais e ciumentos a Portugal e um dos quais, em

voga, era o de piratear as naus portuguesas no alto mar e assassinar, sistematicamente, cruelmente as tripulações e passageiros. Macau no dia 22

de Junho de 1662, quinze navios holandeses com milhares de soldados, apoiados com milhares de canhões, estão ancorados, em frente à cidade.

Igualmente, na altura, três naus inglesas estão ali aportadas. Os holandeses pedem aos comandantes ingleses que os auxiliassem na conquista de Macau.

171

Segundo um documento existente no Leal "Senado de Macau "Collecção de varios factos" os holandeses não se ficaram pela resposta em relação à ajuda

"Os Ingleses responderão q´não tinham duvida contanto qu´o saque seria delles". O comandante, da esquadra holandesa, não aceitou a fria condição

da parte dos ingleses. Ao entardecer do dia 23 de Junho, Macau está sob violenta artilharia. Os três barcos inglesas, juntam-se aos holandeses, no bombardeamento, certamente na mira para que depois a cidade tomada entrassem no saque. Mas vamos ao que escreve N.Valdez dos Santos: " Ao raiar da madrugada os holandeses, sob o comando de Kornelis Reyerzoon, desembarcaram 800 homens, numa bem planeada operação militar, que começou com o lançamento de "uma cortina de fumos", conseguindo pela combustão de um barril de pólvora molhada. Seguidamente inciciaram o

ataque à cidade que se encontrava, unicamente, defendida por "80 portugueses capazes de pegarem em armas, além de seus moços ou escravos,

mas ainda assim sem capitão que os guiasse, pois o Governador Carrasco tinha-se retirado para Goa, sem que tivesse sido substituído, e o Capitão-

mor de viagem do Japão também se achava ausente, estando d´este modo o Governo da cidade entregue aos Senado"

CONTINUA.... José Martins

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NA ROTA DOS CANHÕES - MANUEL BOCARRO - O GRANDE FUNDIDOR PARTE 2ª

A evolução da fundição de artilharia de bronze, em quantidades industriais, em Portugal, deveria ter início na década de setenta do século XV.

Entretanto são conhecidas peças fundidas nos primeiros anos deste século, apresentando-se com grande perfeição que não são inferiores às peças

importadas do estrangeiro. Surge em Portugal uma nova era e classes de artesões,na arte de fundição com as suas ofícinas próprias. Em 1572 os

fundidores principiam a ser regidos por um instrumento próprio.

"Hoje, aos comtemplarmos os canhões em exposição no Museu Militar de

Lisboa, no Museu da Marinha ou os que se amontoam em pequenos museus e velhas fortalezas ou, ainda, os que embelezam jardins e lugares públicos, não podemos deixar de manifestar o nosso espanto a uma muito admiração perante a beleza e esmerada técnica com que foram feitos" (N. Valdez dos

Santos - Manuel Bocarro o Grande Fundidor, pag 13) Distinguem-se na época os mestres na arte da fundição: Diogo Garcia, Anes

Fernandes, Pero Figueira e outros nomes. Com o correr do tempo, ficaram no esquecimento. Indústrias famíliares que passam de pais para filhos, onde,

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com especial, destaque para as dos Dias, dos Álvares, dos Anes, dos Gomes e dos Bocarros se firmam nesta arte. Fundem por cerca de um século

"formosas" peças em bronze: o Tigre, o Dragão, o Selvagem e outras mais. A fundição de canhões em Portugal começa a ganhar as suas próprias raízes e está consolidada. Mas, bruscamente, todas as fundições deixam de operar. Era o protesto, dos fundidores; o seu orgulho nacional e das populações se encontrar ferido pela usurpação da coroa portuguesa pelos espanhois. Eles

tinham contribuído, em muito, para as vitórias de Portugal no norte de África, costas do Atlântico do Índico e Ásia.

Portugal atravessava a era de ouro e de abundância. São passados oitenta

anos depois da descoberta do Caminho Marítimo para a Índia, Portugal gozava de prestígio, impar, na Europa, mas a morte de D. Sebastião, na Batalha de Alcácer Kibir, a traição do Cardeal D. Henrique, doar a coroa portuguesa à

espanhola, viria a criar feridas profundas e o desânimo na sociedade portuguesa. O sentimento estende-se aos fundidores, metropolitanos e como

forma de protesto e humilhados com a perda da soberania, em 1580, paralizam as suas fundições. Acontece o primeiro protesto da população de Lisboa que teve lugar em Alcântara e viria a ser abortado o que nos leva a

crer pelas autoridades, portuguesa, já subjugadas à corte de Filipe I. O povo não aceitava estar sob, os destinos, da coroa espanhola, pelo motivo de ver

os seus navios, as armaduras, os canhões e mais apetrechos usados nas guerras, pelos soldados portugueses, levados para Espanha.

Os portugueses construiram as suas naus, fabricaram as armas; fundiram os

seus canhões e reagiram à espoliação, infame de Espanha. Não desejavam, os portugueses, colocarem-se ao lado do invasor continuando a produzir material de guerra já que este viria a ser, depois, usado contra a eles

próprios. O desinteresse está absolutamente generalizado e o patriotismo (enorme) que seguia dentro da alma portugesa não lhes permitia manter as forjas, malhar o ferro, acender os fornos de fundição e produzir bocas de

fogo. Preferiam sofrer a precaridade do viver do que aliaram-se aos espanhois. Entram então em acção os reis espanhois e obriga os fundidores voltar às oficinas. A primeira ordem teria sido 11 anos depois da ocupação,

seguindo-se outras em 1594 e 1604. Anos depois, Filipe II lamentava-se: "que antes em Lisboa, das muitas casas de fundição e de muitos fundidores

173

existentes, só havia cinco e um, só, se encontrava em actividade e com a mínima produção". N.Valdez dos Santos: "Quem hoje contempla, no Museu

Militar de Lisboa, um canhão de Pero Figueira, fundido em 1578, com toda a sua suficiência e habilidade em 1578, cheio de arte e de técnica e, depois, se

se recordar dos dois pequenos canhões que estavam no Museu de Angola, feitos por ordem do rei de Espanha e com a obrigação, jurada aos "santos

evangelhos que bem e verdadeiramente" serviria a fundição, poderá avaliar toda a tragédia dos fundidores portugueses.

A arte, ao aformoseamento e à radiosa esperança do primeiro canhão de

Pero Figueira, opõe-se uma menor perfeição dos segundos onde laconicamente, o fundidor se limitou a gravar, sobe o escudo real português,

suportado por três anjos de asas protectoras, a simples legenda: PHILIPVS REX ESPANIARVM e o seu nome seguido da palavra LVZITANVS, simbolizando

bem o espiríto português perante a ocupação filipina" A resistência, passiva, portuguesa está generalizada e não pretende fundir

canhões que com isto iria aumentar o poderio militar espanhol e a repressão. Esta iria manter-se por vários anos.

Porém os reis de Espanha não desarmam, emitem ordens taxativas, criam medidas de protecção aos fundidores, concedendo-lhes várias regalias e

despacham para Lisboa os seus melhores artistas de fundição de Espanha: João Vautrier, Fernando Ballesteros e Matias Escortim, sem contudo os

mestres espanhois, mesmo com privilégios e o envio de mestres espanhois a fundição de canhões em Lisboa não foi reavivada. De um a um os fundidores

portugueses foram desaparecendo. Arte e a experiência de mais de um século foi-se igualmente. Nas terras que Portugal se foi fixando com fortes e

feitorias a coisa já não se passava como em Lisboa as fundições mantinham-se a laborar e a produzir, em menos escala, bocas de fogo para se

defenderem contra os turcos, holandeses, ingleses.

174

O rei de Espanha não desarma e, também, não está no seu pensamento usar a

violência em obrigar os fundidores e fabricantes da espingardia à força. As cartas de Madrid era um constante para o Terreiro do Paço com os pedido de incrementação de material bélico e âncoras. São decretadas ordens para o

justo pagamento do material fabricado e concedendo regalias aos fundidores. A produção em Goa, como em Lisboa, tinha entrado em decadência. O Mestre

da Fundição Real, Pedro Dias Bocarro, mesmo sob o desânimo ainda fundiu um número de peças superior a um milhar. Uma nova era na arte de fundir

canhões instala-se em Goa e em meados do século XVII e durante a administração do conde de Linhares foram fundidas 106 bocas de fogo, 8

sinos - estes destinados às fortalezas . Dois anos depois do governo de Pedro da Silva, 1636 e 1637, são fundidas 101 peças, mais dois morteiros para a

"Casa da Pólvora". Estão com isto a produzir uma média de 25 canhões que durante ao longo de sessenta anos de trabalho de Pedro Dias Bocarro, fundiu

mais de um milhar de bocas de fogo e dezenas de sinos. CONTINUA...

Nota do autor: Justiça a quem deve ser dada! Não me seria possível levar em frente este, modesto, trabalho se não tivesse reunido informação ao longo de

26 anos.

Guardei tudo desde a recortes de jornais, monografias e o demais que

designava a história de Portugal na Tailândia e da expansão.

175

Mendiguei livros a Macau e graciosamente sempre me esmolaram. Atravessei

a era de ouro do Instituto de Macau que foi de grande sucesso durante a presidência do meu amigo Dr. Jorge Morbey. Outros presidentes se seguiram

continuei a ser contemplado com revistas de cultura e muitos livros. Fui prendado igualmente pela Fundação Oriente e pela mão do presidente Dr.

Carlos Monjardino que pessoalmente viria a conhecer, em Banguecoque, lhe servi de cicerone em Ayuthaya e levei-o ao "Ban Portuguet". Continuei a ser

brindado pelas publicações de grande valor histórico e obras de luxo editadas pela "Comissão Territorial para a Comemoração dos Descobrimentos

Portugueses" do Governo de Macau. Para esta parte (2ª), aqui ficam os meus agradecimentos ao Sr. Francisco Xavier, natural de Diu, pela sua excelente obra: "Vice-Reis e Governadores da Índia Portugesa" - Imprensa Oficial de Macau e patrocinada pelo Governo do General Rocha Vieira. Nos dias que correm, a história de Portugal na Ásia é uma doente, em coma, prestes a

partir para sempre. Bem necessitava que alguma coisa fosse feita para que fosse reavivada.

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Wednesday, July 02, 2008 NA ROTA DOS CANHÕES - MANUEL TAVARES BOCARRO - O GRANDE FUNDIDOR

Parte 1 Manuel Tavares Bocarro o maior artesão, português, na arte de fundição de

bocas de fogo, foi o grande ignorado. Poucos portugueses conhecem a história de sua vida. Manuel Bocarro de descendência judaica, por via disto, o seu nome e sua arte de fundidor foi-lhe sendo negada, ao longo de sua vida,

a divulgação a que isto se ficou a dever à forte influência da igreja, no sistema, governativo, da corte portuguesa. Suas bocas de fogo, não só

equiparam as ameias de fortes em toda Ásia, transportadas para Portugal e outras, para sempre, na base do mar devido aos naufrágios.

176

Temos, há mais de 20 anos, na nossa biblioteca particular a única obra que conhecemos "Manuel Bocarro o Grande Fundidor" de autoria de N. Valdevez - Publicações da Comissão de História Militar- Lisboa MCMLXXXI, que apenas lhe

tinhamos passado uma vista de olhos. Como nos propusemos fazer um pequeno trabalho, sobre os canhões, armas e ameias portuguesas na

Tailândia esta obra é de primordial importância que muito me irá auxiliar.

Entretanto procuramos na Internet e poucas referências encontramos sobre Manuel Tavares Bocarro a não ser algo que eu teria, escrito e feito circular

neste blogue e no nosso website http://www.aquimaria.com/. Manuel Bocarro, sem haver a certeza, o seu bisavô materno, teria sido Estevâo

Bocarro, cujo seu nome aparece na obra "Ásia Portuguesa", de Manuel Faria e Sousa, página 185, XXIV: - "Porque deu uma sentença contra Estêvão Bocarro, e logo a revogou"? Num processo em que teria sido acusado, de culpas, cujo o

arguído, era o Governador da Índia, Lopo Vaz de Sampaio (1526-1529). Pesavam sobre o Lopo Vaz, pesadas culpas: "não autorizar Afonso Mexia

entrasse em Cochim e acabou por o prender; ter aceite um valioso presente do muçulmano Raez Xarafo; não ter feito justiça a dois judeus e entre

outras, graves acusações, incluiam-se actos de corrupção e a venda de uma nau em Ormuz e escondeu, a quem de direito, a transação." O Lopo Vaz, um heroi nos mares da Índia, expediu armadas para muitos lugares, conquistou

Tidore, Mangalore e Bombaim. Os seus feitos levou-o a seguir maus caminhos. O Governador Nuno da Cunha, prendeu-o em Goa e enviou-o, a ferros, para

Lisboa onde acabaria de vir a sofrer as maiores humilhações e torturas.

Em sua defesa, perante o Rei afirmou-lhe: " No processo de culpar-me e

ouvir-me se hão violado as vossas justíssimas leis que até alteração nelas se inovou para perseguir-me e molestar-me" (Ferreira Martins in: Crónica dos

Vice-Reis e Governadores da Índia, p.284, A única carta que se tem

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conhecimento (e que vamos transcrever quando terminarmos este trabalho), escrita por Manuel Tavares Bocarro diz ser "filho de pais e avós honrados e que, entre os da sua geração, não faltavam fidalgos". Seu avô paterno, o

fundidor Francisco Dias, o irmão de João Dias, o tio Baltazar Gomes e António Gomes Feo, todos fundidores de artilharia. Francisco Dias partira para a Índia em meados do século XVI, como carpinteiro das naus. Porém, pouco tempo

depois, seria colocado nas fundições da Ribeira de Goa e em 1560 era já mestre. Viria, segundo se aventa, a casar com uma filha de Estevão Bocarro e

julga-se que o casal teria tido três filhas, Domingas, Helena e Inês e três filhos; Pedro - que talvez fosse o primogénito - Simão e Francisco. Todos são

referidos, em documentação, do século XVI, com o apelido Bocarro. Acontece, porém, que a carta régia de 14 de Abril de 1626 é de acreditar

quando designa que Francisco Dias Bocarro era filho de Pedro Dias Bocarro e, assim, neto de Francisco Dias. Uma carta régia com a data de 1587, enviada

para Goa, informava, o Rei, que dado o Francisco Dias estar enfermo e cansado, dois fundidores seriam despachados de Portugal para Goa com a finalidade de o substituir. Entretanto o governador D. Duarte de Meneses, entendeu, pelo melhor que o lugar do velho fundidor Francisco Dias, fosse

tomado pelo seu filho Pedro Dias Bocarro. A sua nomeação, como mestre da fundição de artilharia do Estado da Índia, teria sido por alturas de 1588.

Cargo depois confirmado pelo Rei Filipe I, em carta régia de 12 de Outubro de 1599. Pedro Dias Bocarro, seria pouco depois da sua nomeação, enviado

para Chaul com a finalidade de restaurar e desenvolver as fundições de artilharia, ali estabelecidas. Um documento datado em 1633, as fundições estariam sob o cargo dos missionários Jesuítas da Companhia de Jesus. O

único canhão, conhecido e fundido por Pedro Dias Bocarro nas fundições de Chaul, tem a data de 1594 e uma peça, portuguesa, das mais bonitas,

naquela época. Ficou conhecido pelo "Canhão de Chaul" e mais tarde, em 1843, foi "pilhado" pelos ingleses em Hyderable, levado para a Inglaterra,

exposto na "Torre de Londres" e exibido como um magnífico troféu de guerra. Depois da fundição do "Canhão de Chaul", Pedro Dias Bocarro voltou para

Goa.

Certamente o seu regresso se deve ao facto de ser casado e não desejar

manter-se afastado da mulher. Aventa-se que o apelido Tavares, genéricamente, pertencia a Belchior de Sousa Tavares, um homem de feitos

e capitão-mor do mar de Ormuz, ou então, segundo Germano Correia, " História da Colonização Portuguesa na Índia" Agência Geral do Ultramar - Lisboa MCMLI, na pag. 467 refere: "FAMÍLIA GOUVEIA TAVARES - Francisco Tavares e D. Merciana de Gouveia eram cônjugues que constituiam este

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nobre casal metropolitano, que, em data incerta, se expatriou para o Oriente", Germano Correio extraiu esta informação do Livro-alardo nº1,fl. 179 - Arsenal de Goa. Manuel Tavares Bocarro o filho primogénito do casal Tavares-Bocarro e neto do velho mestre fundidor, Francisco Dias, será o

continuador de uma família de artesões na arte de fundir bocas de fogo. Em Goa, seu pai, Pedro Dias Bocarro fundiu seis peças de grande cumprimento e corpo grosso, mas não lhe teriam dado grandes lucros. Numa carta, dirigida

ao Rei informáva-o: "com vontade e diligência, acabava por pedir uma mercê, por sua muita pobreza". Ora o Manuel Tavares Bocarro aprende a arte e o segredo de bem fundir canhões ao lado seu pai, Pedro Dias Bocarro, que executava as mais belas peças de artilharia. Uma das magnificas obras foi

uma colubrina em 1595, onde tinha estampada a imagem de Santa Catarina, movimenta-se, entre duas rodas de navalhas. Relatos da época, era dada

como um canhão de rara perfeição.

Seria por isso que a peça de fogo, de grosso calibre, foi conservada por três

séculos e meio. O Governador da Índia (1841) José Joaquim Lopes Lima, para compensar o défice existente no cofre de Goa, ordenou que fosse derretida e cunhada moeda. Outros canhões e sinos fundiu Pedro Bocarro, em Goa, mas depois do "Canhão de Chaul", mais três colubrinas, dos anos de 1622 e 1623, encontram-se no Castelo de S. Jorge, no Brasil e no Museu Militar de Lisboa; três sinos: um na torre da Igreja de Ternate, outro o "Sino da Dignidade", na

Sé Catedral de Goa e ainda mais outro na Igreja de S.Pedro, em Malaca (fundições de 1603,1605 e 1608). Em finais do século XIX, o major Perry da Câmara, num artigo intitulado: "Distrito de Cabo Delgado" (Moçambique), publicado no Bol. da Soc. de Geografia de Lisboa, pag. 77 (1886), havia na

Ilha de Zanzibar, oito peças portuguesas, e duas deveriam ter saído da fundição de Pedro Bocarro. No princípio do século XX, viajantes portugueses

que visitaram aquela ilha, teriam observado, três peças de artilharia com inscrições portuguesas que tinham sido fundidas em ferro, porque se fossem

em bronze, de certo que não estariam por ali abandonadas. Nos anos de 1980, o autor deste artigo, encontrou num forte, em Baticoloa, na parte central/Este de Ceilão (Sri Lanka), diversas bocas de grosso calibre, em

ferro, junto à enbocadura de um rio que defendia a intrusão do inimigo pelo mar. Porém, na altura, ainda não tinha a inclinação e paixão, que hoje temos, no estudo da história da expansão portuguesa na Ásia. Bem pena

temos disso porque teríamos examinado essas peças, numa pequena terra, Baticoloa, onde a passagem dos portugueses estava bem arreigada e até, com o orgulho, passado de várias gerações, entre a população, de os portugueses

terem passado pela ilha, onde várias palavras portuguesas estavam

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adiccionadas à língua local. Continua este trabalho que será longo em artigos seguintes.

Obs. Só é possível levar-se a cabo um trabalho deste, através de muita informação recolhida e até, muitas vezes, temos que recorrer a certos

"plágios", inocentes, que cozinhamos à nossa maneira. Penso que a informação que vou recolhendo, os autores (honra a eles mesmo mortos), já não pertencem ao número dos vivos. O meu objectivo é apenas que os meus fracos relatos, venham a contribuir para avivar a memória dos portugueses, de agora, que os do passado foram Homens de valor na Ásia e Oriente depois de 1498 e de quando Vasco da Gama, chegou à Índia, pela rota do Cabo da Boa Esperança. Pobre Povo, de uma nação, que ignora a história dos seus

Homens. Todas as sociedades com o correr do séculos se vão deteriorando. A portuguesa é um facto! Principiou a decair (somos democrata e respeito pela

liberdade) desde o dia 25 de Abril de 1974. Os grandes impérios também cairam: "os do Incas, dos Índios das Américas, o dos Romanos e o dos Otomanos. Mas o pequenino império, Portugal, que foi enorme será

necessário que não "tombe" a história e por isso aqui estamos... José Martins

Imagens: Extraídas com a devida vénia: "História das Fortificações Portuguesas no Mundo" Edição Publicações ALFA e Vice-Reis e Governadores da Índia Portuguesa - Francisco Xavier Valeriano de Sá - Editado em Macau

"Por ocasião das Comomerações do V Centenário da Chegada à Índia da Armada de Vasco da Gama.

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O Porto é um município português de 41,66 km² de área onde residem cerca de

240.000 habitantes (2008) [1] . A cidade metrópole formada por municípios adjacentes que fomam entre si um único aglomerado urbano conta com cerca de 1.400.000

habitantes. Além disto, é o centro de uma grande área metropolitana com cerca de 2 milhões de habitantes.

A cidade do Porto é conhecida como a Capital do Norte ou a Cidade Invicta. É a cidade que deu o nome a Portugal - desde muito cedo (c. 200 a.C.) que se designava de Portus, vindo mais tarde a tornar-se a capital do Condado Portucalense, ou Portucale

(Reino que deu o nome a Portugal). É ainda uma cidade conhecida mundialmente pelo seu vinho, o seu centro histórico, catalogado como Património Mundial pela UNESCO

e pelo seu famoso clube de futebol (Futebol Clube do Porto). Índice:

1. História 2. Clima

3. Economia 4. Transportes

5. Pontes 6. Cultura

7. Entretenimento 8. Gastronomia

9. Desporto 10. Cidades Geminadas

11. Monumentos e outros pontos de interesse 12. Instituições desportivas, colectividades e associaçõe s

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13. Festas e romarias 14. Freguesias do Porto 15. Portuenses ilustres

16. Galeria de fotos 17. Ver também 18. Referência s

19. Ligações externas Porto

Brasão Bandeira

Ribeira do Porto e ponte D.Luís I

Gentílico Portuense, Tripeiro (informal) Área 41,66 km²

População 240.000 (est.) - (Cidade-Metrópole: 1.750.000) hab. (2008) Densidade populacional 5902 hab./km²

N.º de freguesias 15 Fundação do município

(ou foral) 1123

Região Norte

Sub-região Grande Porto

Distrito Porto

Antiga província Douro Litoral

Orago Nossa Senhora de Vandoma

Feriado municipal 24 de Junho (S. João) Código postal 4___-___ Porto Endereço dos

Paços do Concelho Praça do General

Humberto Delgado 4049-001 Porto

Sítio oficial http://www.cm-porto.pt

Endereço de correio electrónico

[email protected]

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Municípios de Portugal 1. História

Sé do Porto com a Antiga Casa da Câmara ao fundo.

Ver artigo principal: História do Porto Tem origem num povoado pré-romano. Na época romana designava-se Cale ou Portus Cale, sendo a origem do nome de Portugal. No ano de 868, Vímara Peres, fundador da

terra portugalense, teve uma importante contribuição na conquista do território aos Mouros, restaurando assim a cidade de Portucale

Em .

1111, D. Teresa, mãe do futuro primeiro rei de Portugal, concedeu ao bispo D. Hugo o couto do Porto. Das armas da cidade faz parte a imagem de Nossa Senhora. Daí o facto de o Porto ser também conhecido por "cidade da Virgem", epítetos a que

se devem juntar os de "Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta", que lhe foram sendo atribuídos ao longo dos séculos e na sequência de feitos valorosos dos seus

habitantes, e que foram ratificados por decreto de D. Maria II de Portugal. Foi dentro dos seus muros que se efectuou o casamento do rei D. João I com a

princesa inglesa D. Filipa de Lencastre. A cidade orgulha-se de ter sido o berço do infante D. Henrique, o navegador.

Devido aos sacrifícios que fizeram para apoiar a preparação da armada que partiu, em 1415, para a conquista de Ceuta, tendo a população do Porto oferecido aos

expedicionários toda a carne disponível, ficando apenas com as tripas para a alimentação, tendo com elas confeccionado um prato saboroso que hoje é menu

obrigatório em qualquer restaurante. Os naturais do Porto ganharam a alcunha de "tripeiros", uma expressão mais carinhosa que pejorativa. É também esta a razão pela qual o prato tradicional da cidade ainda é, hoje em dia, as "Tripas à moda do Porto".

Existe uma confraria especialmente dedicada a este prato típico . Desempenhou um papel fundamental na defesa dos ideais do liberalismo nas batalhas

do século XIX. Aliás, a coragem com que suportou o cerco das tropas miguelistas durante a guerra civil de 1832-34 e os feitos valerosos cometidos pelos seus habitantes — o famoso Cerco do Porto — valeram-lhe mesmo a atribuição, pela rainha D. Maria

II, do título — único entre as demais cidades de Portugal — de Invicta Cidade do Porto (ainda hoje presente no listel das suas armas), donde o epíteto com que é

frequentemente mencionada por antonomásia - a «Invicta»). Alberga numa das suas muitas igrejas - a da Lapa - o coração de D. Pedro IV de Portugal, que o ofereceu à

população da cidade em homenagem ao contributo dado pelos seus habitantes à causa liberal.

Logótipo Porto 2001

182

Como pontos turísticos, destacam-se a Torre dos Clérigos, da autoria de Nasoni, e a Fundação de Serralves, um museu de arte contemporânea. O Centro Histórico é

Património da Humanidade, classificado pela UNESCO. A Foz é outra zona altamente turística, por muitos considerada a mais bela zona da cidade, onde se pode desfrutar da

beleza do Oceano Atlântico conjugada com um belíssimo e romântico passeio marítimo. Hoje em dia, a cidade do Porto recebe mais de um milhão de turistas por

ano, tendo-se tornado numa das cidades mais visitadas da Europa. Foi capital europeia da cultura em 2001 (Porto 2001) e acolheu vários jogos do Campeonato Europeu de

Futebol de 2004, nomeadamente o jogo de abertura. 2. Clima

O Porto situa-se numa área de clima temperado, com forte influência do clima atlântico, e portanto é mais fresco e chuvoso que as restantes zonas mediterrânicas. No

Inverno, as temperaturas rondam entre os 5 e os 14 graus, podendo ocasionalmente descer até aos 0 graus durante as noites mais rigorosas. Durante esta estação, a chuva e o vento forte são comuns, mas podem ser intercalados com grandes períodos de dias

solarengos. No Verão, as temperaturas rondam entre os 16 e os 27 graus, podendo chegar até aos 40 graus durante as mais intensas ondas de calor, normalmente em

Agosto. Nesta estação, o tempo é normalmente de sol, mas pode ser interrompido com alguns dias nublosos ou de chuva.

3. Economia

Escultura de Ângelo de Sousa na Avenida da Boavista, uma avenida de serviços.

Um cálice do vinho ao qual a cidade emprestou o nome.

As relações económicas do Porto com o vale do Douro estão bem documentadas desde a Idade Média. Nozes, frutos secos e azeite sustentaram um próspero comércio

entre o Porto e a região. Do Porto, estes produtos eram exportados para mercados externos no Velho e no Novo Mundo. No entanto, o grande impulso ao

desenvolvimento das relações comerciais inter-regionais veio da agro-indústria do Vinho do Porto. Esta actividade desenvolveu decididamente a relação de

complementaridade entre o grande centro urbano do litoral e esta região de enorme potencial agrícola, particularmente vocacionada para a produção de vinhos

fortificados de grande qualidade. O desenvolvimento do Porto esteve sempre intimamente ligado com a margem sul do

Douro, Vila Nova de Gaia, até 1834 parte integrante do seu termo, onde se estabeleceram as caves para envelhecimento dos vinhos finos do Alto

Douro.{{portal|Portal= O Porto sempre rivalizou com Lisboa ao nível económico. A abastada classe de

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industriais da região criou, logo em meados do século XIX, a poderosa Associação Industrial Portuense, hoje Associação Empresarial de Portugal. A antiga Bolsa do Porto foi transformada na maior Bolsa de Derivados de Portugal, tendo-se fundido com a Bolsa de Lisboa criando a Bolsa de Valores de Lisboa e Porto. Em 2002, a BVLP acabou por se integrar na Euronext, em conjunto com bolsas da Bélgica,

França, Países Baixos e Reino Unido. O edifício que albergou durante muito tempo a bolsa, o Palácio da Bolsa, sede da Associação Comercial do Porto, é hoje uma das

principais atracções turísticas da cidades. O Porto é sede do Jornal de Notícias, um dos diários de maior tiragem a nível

nacional, e da Porto Editora, um dos maiores empresas editoras do país, conhecida pelos seus dicionários e livros escolares.

No Porto cruzam-se várias estradas e linhas de caminho-de-ferro que também contribuíram para tornar a cidade o principal centro comercial de toda a região nortenha. Apesar da progressiva terciarização do centro, a actividade industrial continua com grande relevância, laborando na sua cintura industrial fábricas de

têxteis, calçado, metalomecânica, cerâmica, móveis, ourivesaria e outras actividades fabris, algumas ainda a nível artesanal.

Sendo a cidade mais importante da altamente industrializada zona do litoral norte de Portugal, muitos das mais importantes grupos económicos do país de diversos sectores

- tais como a Altri, o grupo Amorim, o Banco BPI, a Bial, a EFACEC, a Frulact, a Lactogal, o Millennium bcp, a Porto Editora, a Sonae, a Unicer e a RAR - têm a sua

sede social na cidade do Porto ou na Grande Área Metropolitana do Porto. 4. Transportes

O transporte público na cidade do Porto remota ao ano de 1872, altura em que a Companhia Carril Americano do Porto foi pioneira ao iniciar a sua exploração em

Portugal.

Autocarro dos STCP para o Bolhão, no Castelo do Queijo.

Um ano depois é criada a Companhia Carris de Ferro do Porto. A fusão das duas empresas dará origem à Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) que

toma a actual designação em 1946. A STCP tem a seu cargo a exploração dos autocarros e as linhas de eléctrico que resistiram da época de ouro destes transportes,

estando hoje troços em reabilitação na baixa portuense.

Metro do Porto

A exploração da rede de metropolitano é efectuada pela empresa do na estação da Trindade.

Metro do Porto que ao todo possuiu 68 estações distribuídas por 60,0 km de linhas comerciais em via

dupla, com 8 km da rede enterrada, dispostas pela metrópole do Porto, tornando-se

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assim na maior rede metropolitana de transporte público de massas em Portugal. O Funicular dos Guindais, operado pela Metro do Porto, é um caminho de ferro numa escarpa que liga, de forma rápida, a zona da Batalha à Avenida Gustavo Eiffel, na

Ribeira. A cidade dispõe ainda de uma rede ferroviária suburbana explorada pela CP: linhas de Aveiro, Braga, Guimarães e Penafiel ou Caíde.

O Aeroporto Internacional Francisco Sá Carneiro (OPO), depois de radicalmente reconstruído, depressa se tornou no segundo aeroporto português com maior tráfego aéreo e com zona de influência que se alastra pelo o noroeste da Península Ibérica,

sendo hoje um aeroporto funcional e de arquitectura contemporânea com capacidade para receber até 16 milhões de passageiros por ano, considerado por diversas

entidades internacionais como o melhor da Europa na sua categoria. Outros pontos de destaque são o aumento do Porto de Leixões, situado no concelho

vizinho de Matosinhos, que duplicará a possibilidade de carga, e trará vários cruzeiros de luxo ao Porto, ou mesmo os estudos científicos realizados na cidade que já deram

cartas na história da Ciência Mundial. 5. Pontes

A necessidade de haver uma travessia permanente entre as duas margens do Douro para circulação de pessoas e mercadorias, levou à construção da Ponte das Barcas em

1806, anteriormente a travessia do rio fazia-se com recursos a barcos, jangadas, barcaças ou batelões. A ponte era constituída por 20 barcas ligadas por cabos de aço e

que podia abrir em duas partes para dar passagem ao tráfego fluvial. O aumento do tráfego exigiu a construção de uma ponte permanente o que levou à construção da

Ponte pênsil em 1843, desmantelada anos mais tarde após a abertura da Ponte Luís I em 1886, a ponta mais antiga da cidade que permanece em actividade. Primitivamente servida como ligação rodoviária entre as zonas baixa e alta de Vila Nova de Gaia e do Porto e, de uma forma mais geral, entre o norte e o sul do país, durante largas décadas.

Ponte Maria Pia, em primeiro plano. Por trás, a Ponte de São João que a veio

substituir como ligação ferroviária. A partir da segunda metade do século XX, no entanto, começou a revelar-se

insuficiente para assegurar o trânsito automóvel entre as duas margens, tendo sido substituída por outras pontas e após adaptação passou a ser utilizada pelo Metro do

Porto. A Ponte Maria Pia, construída entre Janeiro de 1876 e 4 de Novembro de 1877 pela

empresa de Gustave Eiffel, foi a primeira ponte ferroviária a unir as duas margens do Douro. Dotada de uma só linha, o que obrigava à passagem de uma composição de

cada vez, a uma velocidade que não podia ultrapassar os 20 km/h e com cargas limitadas, no último quartel do século XX tornou-se evidente que a ponte já não

respondia de forma satisfatória às necessidades. O que levou a que fosse desactivada e substituída pela Ponte de São João em 1991.

185

A Ponte da Arrábida tinha à data da construção o maior arco do mundo em betão armado, e constitui o tramo final da auto-estrada A1 que liga Lisboa ao Porto.

Inicialmente a ponte tinha duas faixas de rodagem com 8 m cada, separadas por uma faixa sobrelevada de 2 m de largura; duas pistas para ciclistas de 1,70 m cada e dois passeios marginais de 1,50 m de largura, também sobrelevados. Mais tarde, foram

acrescentadas uma faixa de rodagem em cada sentido, construídas à custa da eliminação das pistas para ciclistas e da redução do separador central. Apesar da

construção da Ponte do Freixo, mais a montante, a Ponte de Arrábida continua a ser a principal ligação entre a cidade do Porto e a margem sul do Douro.

Das pontes que ligam o Porto a Vila Nova de Gaia, a Ponte do Freixo é a que está mais a montante do rio. Foi construída na tentativa de minimizar os

congestionamentos ao trânsito automóvel vividos nas Pontes da Arrábida e de Dom Luís, particularmente notórios desde finais da década de 1980. Trata-se, na verdade, de duas pontes construídas lado a lado e afastadas 10 cm uma da outra. É uma ponte

rodoviária com oito vias de trânsito (quatro em cada sentido). A Ponte do Infante, baptizada em honra do portuense Infante D. Henrique, é a mais recente que liga Porto e Gaia. Foi construída para substituir o tabuleiro superior da

Ponte Dom Luís, entretanto convertida para uso da "Linha Amarela" (Hospital de São João/D. João II) do Metro do Porto. Foi construída pouco a montante da Ponte de

Dom Luís, em plena zona histórica, ligando o bairro das Fontainhas (Porto) à Serra do Pilar (Vila Nova de Gaia).

6. Cultura

A Casa da Música é considerada a sala musical com melhor qualidade acústica do

mundo.

Pavilhão Rosa Mota nos Jardins do Palácio de Cristal.

Estação de São Bento.

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Barco rabelo no rio Douro.

A cidade do Porto possui diversos espaços culturais de referência na região e a nível nacional. Entre os diversos museus da cidade, destaca-se o Museu de Arte

Contemporânea, um dos museus mais visitados do país, onde obras de arte de vários artistas contemporâneos são, também, expostas, ao lado da flora típica da região norte de Portugal no envolvente Parque de Serralves. A Casa do Infante, datada do século XIII e onde terá nascido o Infante D. Henrique, é actualmente museu medieval da cidade e arquivo distrital. Outras casas museu incluem a Casa-Museu Fernando de Castro, a Casa-Museu Guerra Junqueiro, Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio e a

Casa-Oficina António Carneiro. Inserido no edifício da Alfândega Nova, o Museu de Transportes e Comunicações tem como objectivo mostrar a história dos transportes e meios de comunicação. O Museu do Carro Eléctrico, instalado na antiga central termo eléctrica de Massarelos, dispõe

de uma colecção carros eléctricos e atrelados que circulavam pela cidade. Anualmente, organiza um desfile de carros eléctricos do museu pelas ruas da cidade,

entre Massarelos e o Passeio Alegre. O Museu Nacional de Soares dos Reis, criado em 1833 por D. Pedro IV, inclui grande parte da obra do escultor. No Porto existem diversos museus temáticos, de referir: o

Museu do Vinho do Porto, Museu da Indústria, Museu de História Natural, Museu do Papel Moeda, Gabinete de Numismática, Museu de Arte Sacra, Museu da

Misericórdia, Museu Nacional da Imprensa, Jornais e Artes Gráficas, Centro Português de Fotografia, Museu Romântico da Quinta da Macieirinha, Museu Militar

do Porto, Museu Nacional de Literatura e o Castelo do Queijo, célebre pelo seu miradouro, é onde se realizam várias exposições temporárias. O Porto acolhe ainda as

fundações de António de Almeida, António Cupertino de Miranda, Ilídio Pinho e Guerra Junqueiro e Mesquita Carvalho.

Os auditórios culturais da cidade são na sua grande maioria construções do séculos XIX e XX. A construção mais arrojada e relevante dos últimos anos é a Casa da

Música que é considerada a sala musical com melhor qualidade acústica do mundo[carece de fontes?]</sup>, e é uma obra de arquitectura que foi concebida para o evento Porto Capital da Cultura 2001

(Porto 2001) da autoria de Rem Koolhaas e aclamada internacionalmente. O Teatro Rivoli, o Teatro Nacional São João e o Teatro

Sá da Bandeira são importantes salas de espectáculos, de relevo histórico e arquitectónico, localizados na Baixa do Porto. Na

baixa da cidade localizam-se ainda outros auditórios, como o Coliseu do Porto e o Cine-Teatro Batalha, a mais marcante e

histórica sala de cinema da cidade a que está ligada a expressão local "vai no Batalha!". Outros teatros incluem o Teatro do

Campo Alegre e o Teatro Helena Sá e Costa, este último é palco dos talentos em formação na Escola de Música e Artes do

Espectáculo do Porto. Por último, é de referir 2 grandes projectos de reconversão urbana. O primeiro visa a

reabilitação total das casas degradadas do centro histórico, num mega-projecto avaliado em 3 mil milhões de euros, o segundo consiste na melhoria da qualidade das

águas das praias do Porto, com o objectivo de catalogar todas as suas praias com Bandeira Azul.

187

7. Entretenimento A cidade conta com mais de 10 mil eventos anuais, desde concertos, passando por teatros, exposições ou mesmo festas com disc-jockeys famosos numa das várias

discotecas e bares da cidade (Via Rápida, Estado Novo, La Movida, Bazaar, El Sonero, Act, Mantra, Plano B, Casa do Livro, Vogue, Twins, Pop, Indústria, Trintaeum,

Cerveja Viva, Passos Manuel, Maus Hábitos, Pitch, etc.). Contudo, o maior evento de diversão continua a ser o São João do Porto, de 23 para 24 de Junho, quando milhares de pessoas invadem as ruas da cidade. Neste evento são de destacar as sardinhadas, os manjericos com as respectivas quadras sanjoaninas, o alho-

porro, as marteladas e os bailaricos de freguesia. 8. Gastronomia

Vários pratos da tradicional culinária portuguesa tiveram origem na cidade do Porto. O prato típico por excelência da cidade são as Tripas à moda do Porto, prato histórico e que remonta à altura dos descobrimentos portugueses, e que pode ser encontrado em

muitos dos restaurantes da cidade. O Bacalhau à Gomes de Sá é outro prato típico nascido no Porto e popular em Portugal. A francesinha é, da culinária recente, o prato mais famoso, e consiste numa sanduíche recheada com várias carnes (normalmente

carne de vaca, linguiça, salsicha fresca e mortadela) e coberta com queijo e um molho especial (molho de francesinha).O célebre caldo verde, é também um prato portuense.

A bebida que tem o nome da cidade é o vinho do Porto, é produzido na região vitivinícola do Alto Douro (a mais antiga região demarcada do mundo). O vinho do Porto é exportado internacionalmente a partir das caves que se situam na margem

esquerda do rio Douro, em Vila Nova de Gaia. 9. Desporto

Por influência das famílias inglesas que exploravam o negócio do vinho do Porto, as primeiras partidas de futebol em Portugal realizaram-se na cidade do Porto.

O Porto conta com grandes clubes desportivos, sendo os principais o Futebol Clube do Porto e o Boavista Futebol Clube. Existem ainda numerosos clubes de menor

dimensão, mas com função social de grande relevo. Uma grande perda para a cidade foi o desaparecimento do Sport Comércio e Salgueiros (da zona de Paranhos), que

desapareceu devido a problemas financeiros. O Estádio do Dragão, da autoria do Arq. Manuel Salgado, é a casa do Futebol Clube do

Porto. O estádio já esteve diversas vezes em revistas internacionais de arquitectura, onde fora fortemente elogiado. Outro ponto onde o Porto tem crescido notavelmente é

no turismo e na oferta cultural. A nível individual, a personalidade desportiva mais famosa natural da cidade Porto é a atleta Rosa Mota, vencedora da medalha de ouro da maratona nos Jogos Olímpicos de

Seul e de bronze nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Na cidade organizam-se muitos eventos desportivos das mais variadas modalidades. De referir a Maratona do Porto em atletismo, as já famosas corridas históricas do Circuito da Boavista, as loucas "Red Bull Air Races". Ainda em desportos alternativos a cidade

do Porto destaca-se por acolher várias provas internacionais dos mais variados desportos, como por exemplo hipismo. Neste desporto, em particular, há mesmo uma

candidatura para uma qualificativa da taça do mundo de hipismo no Porto. Ainda em matéria de desporto, há o rumor de que a cidade do Porto se irá candidatar à

organização dos Jogos Olímpicos de 2020. 10. Cidades Geminadas • Belo Horizonte, Brasil • Beira, Moçambique • Bordeaux, França

• Bristol, Reino Unido

188

• Duruelo de la Sierra, Espanha • León, Espanha • Luanda, Angola • Liège, Bélgica

• Macau, R.A.E. da República Popular da China • Mindelo, Cabo Verde

• Nagasaki, Japão • Neves, São Tomé e Príncipe

• Ndola, Zâmbia • Recife, Brasil • Vigo, Espanha

• Xangai, República Popular da China • Barcelona, Espanha

• Paris, França 11. Monumentos e outros pontos de interesse

Ver artigo principal: Monumentos e outros pontos de interesse do Porto

A cidade do Porto inclui o sítio Centro Histórico do Porto, Património Mundial da UNESCO. (lista | critérios | signatários | em perigo)

Os seguintes monumentos fazem parte da história da cidade do Porto:

Avenida dos Aliados

, centro do Porto. Monumentos comemorativos

Monumento a D. Pedro IV • Monumento Almeida Garrett

• Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular Casas e Palácios • Casa do Infante

• Paços do Concelho • Palácio da Bolsa

• Palácio de São João Novo • Palácio do Freixo

• Palácio da Bandeirinha Principais igrejas • Igreja da Lapa

• Sé Catedral do Porto • Igreja de Santo Ildefonso • Igreja Matriz do Bonfim • Igreja de São Francisco • Igreja de São Nicolau

• Igreja de São Bento da Vitória • Igreja de Nossa Senhora da Vitória

• Igreja de Campanhã

189

• Igreja do Carmo • Igreja dos Carmelitas

• Igreja e Torre dos Clérigos • Igreja de Santo António dos Congregados

• Igreja de Santa Clara • Capela das Almas

• Capela de Nossa Senhora dos Anjos • Igreja dos Grilos

• Igreja de Cedofeita • Igreja de São José das Taipas

• Igreja de São Pedro de Miragaia • Igreja de Nossa Senhora da Conceição

• Igreja da Santíssima Trindade • Capela dos Alfaiates • Capela de Fradelos

• Igreja de São João Novo 12. Instituições desportivas, colectividades e associações

Vista externa do Estádio do Dragão, utilizado pelo FC Porto.

• Académico Futebol Clube • Associação Comercial do Porto

• Boavista Futebol Clube • Futebol Clube da Foz • Futebol Clube do Porto

• Ramaldense Futebol Clube • Sporting Clube da Cruz

• Sport Comércio e Salgueiros • NDMALO Núcleo de Defesa do Meio Ambiente de Lordelo do Ouro

• A.P.V.G. Delegação da Área Metropolitana do Porto da Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra

13. Festas e romarias • Festas da Cidade do Porto

• São João do Porto • Queima das Fitas

14. Freguesias do Porto

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Torre dos Clérigos, símbolo da cidade do século XVIII

Praça da Liberdade

• à noite.

Aldoar • Bonfim

• Campanhã • Cedofeita

• Foz do Douro • Lordelo do Ouro

• Massarelos • Miragaia • Nevogilde • Paranhos • Ramalde

• Santo Ildefonso • São Nicolau

• Sé • Vitória

15. Portuenses ilustres • Adolfo Casais Monteiro

• Afonso Pinto de Magalhães • Agostinho da Silva • Agustina Bessa-Luís • Alberto Pimentel • Almeida Garrett • Álvaro Magalhães

• Américo Ferreira dos Santos Silva • Antónia Ferreira • António Barreto • António Carneiro • António Nobre

• António Pinho Vargas • António Pires Veloso

• Armindo Freitas-Magalhães • Aurélio da Paz dos Reis

• Carlos Tê

Rui Veloso canta Porto Sentido, em 2006, no Porto.

• Domingos Alvão

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• Edgar Cardoso • Eduardo Souto de Moura

• Eugénio de Andrade • Fernando Távora • Ferreira Borges

• Francisco Sá Carneiro • Francisco Marques de Sousa Viterbo

• Frederico Lemos • Guilhermina Suggia • Helder Pacheco

• Helena Sá e Costa • Infante D. Henrique • João Vieira Pinto • José Mário Branco • José Pacheco Pereira

• Jorge Nuno Pinto da Costa • Júlio Dinis

• Kaúlza de Arriaga • Luciana Abreu

• Manoel de Oliveira • Manuel Maria

• Manuel Pereira da Silva • Manuel Sobrinho Simões • Manuel Ribeiro da Fonseca

• Mário Cláudio • Marques da Silva

• Miguel Sousa Tavares • Miguel Veiga • Óscar Lopes

• Paulo Pinto de Almeida • Paulo Vallada

• Pedro Abrunhosa • Pedro Burmester

• Pedro Homem de Mello • Pêro Vaz de Caminha

• Ramalho Ortigão • Rosa Mota • Rui Moreira • Rui Rio

• Rui Veloso • Sampaio Bruno • Sérgio Godinho

• Siza Vieira • Soares dos Reis

• Sophia de Mello Breyner Andresen • Tiago Monteiro • Uriel da Costa

• Vasco Graça Moura • Viana de Lima • Vieira Portuense

16. Galeria de fotos

198

17. Ver também • Projecto Grande Porto

• Centro Histórico do Porto • Metro do Porto

• Eléctricos do Porto • Maratona do Porto

18. Referências 1. 01

19. Ligações externas • Câmara Municipal do Porto

• Politécnico do Porto • Universidade do Porto

• STCP - Transportes Públicos • Metro do Porto

• CP - Comboios Urbanos do Porto • A Baixa do Porto - blog de participação pública sobre o Porto e a sua região

• Observação de aves no Parque da Cidade (Porto) • Porto no Wikitravel

Concelhos Portugueses com mais de 100 mil habitantes

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ESCOLA DE SAGRES E OS TEMPLÁRIOS

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Escola de Sagres Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Rosa dos ventos da fortaleza de Sagres, no Algarve, Portugal.

A Escola de Sagres constitui um dos grandes mitos da história portuguesa, resultante de deficientes interpretações de crónicas antigas. Com base no pressuposto de que o infante D. Henrique convidou um cartógrafo catalão

para se colocar ao seu serviço, muitos consideraram (a partir logo do século XVI, com Damião de Góis), que teria havido uma Escola Náutica em Sagres, fundada pelo Infante D. Henrique, por volta de 1417, no Algarve. A escola, centro da arte náutica, teria assim formado grandes descobridores, como

Vasco da Gama e Cristóvão Colombo. Após o seu regresso de Ceuta, o Infante D.

Henrique fixa-se em Sagres, na Vila do Infante, rodeia-se de mestres nas artes e ciências ligadas à navegação e cria uma Tercena Naval a que é

comum chamar-se a Escola de Sagres. De facto, o que se criou não foi uma escola no moderno conceito da palavra, mas um local de reunião de

mareantes e cientistas onde, aproveitando a ciência dos doutores e a prática de hábeis marinheiros, se desenvolveram novos métodos de navegar,

desenharam cartas e adaptaram navios. De acordo com os cronistas da época, largavam todos os anos dois ou três navios para as descobertas. O primeiro a mencionar a existência de uma

escola foi o historiador inglês Samuel Purchas no século XVII, embora já antes Damião de Góis aludisse à ideia de uma Escola patrocinada pelo Infante. O

mito foi depois consolidado por historiadores portugueses e ingleses.

E surgem logo os primeiros resultados:

Primeiros resultados

Gonçalves Zarco atinge Porto Santo (1419) e a Ilha da Madeira (1420), Diogo de Silves a ilha açoreana de Santa Maria (1427) e só em 1434 Gil Eanes ultrapassa o cabo Bojador (ponto mais ocidental da África). Isso representa doze anos para avançar as duzentas

milhas que separam o cabo Não do cabo Bojador. A passagem do Bojador, o célebre Mar Tenebroso dos geógrafos árabes, seria temida pelos navegadores portugueses pela dificuldade do regresso, pois a rota inversa era contrária aos ventos dominantes, pelo que só era possível fazê-lo, navegando à vela, fazendo a volta pelo largo, mas para isso foram

necessários os novos conhecimentos científicos que os portugueses desenvolveram no segundo quartel do século XV. O navio empregue na

exploração da costa africana era a caravela, usada primitivamente na faina da pesca e caracterizada pela sua robustez e pouco calado; com uma

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tonelagem que variou das 50 às 160 toneladas e armando 1, 2 ou 3 mastros com velas latinas triangulares, bolinava satisfatoriamente para a época.

A Escola de Sagres nunca foi uma entidade de fato. Suas origens remontam à Ordem dos Templários. Com a perseguição e massacre promovido contra seus

membros, nos séculos XIII e XIV os remanescentes foram acolhidos por Portugal e fundaram os "cavaleiros de ordem de Cristo", da qual faz parte D. Henrique, filho do Rei português. Sob a sua bandeira obtinham proteção os judeus, árabes e outros intelectuais perseguidos pela inquisição européia,

sendo que entre estes encontravam-se cartógrafos e navegadores de renome.

No início do

Era dos Descobrimentos

século XV a técnica da navegação em quase nada diferia da usada na antiguidade; navegava-se quase sempre à vista de costa utilizando

remos ou ventos de feição e ao piloto cabia escolher a rota pelo conhecimento prático que tinha dos locais demandados, dos mares, das correntes e dos fundos navegáveis. Embora já se utilizassem a agulha de

marear e a ampulheta, os instrumentos náuticos, as cartas e as observações astronómicas estavam longe de prestar quaisquer serviços, apenas no Oceano Índico os navegadores árabes utilizavam o Kamal para, na prática, manterem

o navio sobre determinada latitude. E como o vento constituía a principal força motriz dos navios, era fundamental o conhecimento das áreas de ventos

favoráveis. Os descobrimentos portugueses do início do século XV não se limitarem à

exploração científica e comercial do litoral africano; houve também viagens para o mar largo em busca de informações meteorológicas e oceanográficas que permitissem o regresso dos navios da costa africana por zonas de ventos mais favoráveis. Foi nestes trajectos que se descobriram os arquipélagos da Madeira e dos Açores, o Mar dos Sargaços ou Mar da Baga, e a volta da Mina

ou seja, a rota oceânica de regresso de África. O conhecimento do regime de ventos e correntes do Atlântico Norte e a determinação da latitude por

observações astronómicas a bordo, permitiu nova singradura no regresso de África, cruzando o Atlântico Central até à latitude dos Açores, onde os ventos de Oeste facilitavam o rumo directo para Lisboa, possibilitando assim que os

portugueses se aventurassem cada vez para mais longe da costa. Diogo Cão e Bartolomeu Dias são dois marcos desta época: o primeiro atinge a Foz do Zaire em 1482 e o segundo dobra o Cabo da Boa Esperança em 1487.

Como corolário destas viagens de exploração, Vasco da Gama descobre o caminho marítimo para a Índia em 1497/1499.

A Escola de Sagres

O Infante Dom Henrique, um dos filhos do Rei João I, que participara da conquista de Ceuta, compreende a necessidade de planejar e organizar

mais eficientemente o empreendimento marítimo-mercantil, reuni alguns dos melhores e mais experientes pilotos, astrônomos, matemáticos,

cartógrafos e construtores de navios da época, vindo sobretudo de Gênova e Veneza, ativas cidades comerciais da Itália. E, funda, em 1417 a Escola de Sagres, acontecimento importante, representa a mudança radical e

definitiva do rumo da expansão ultramarina.

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Valendo-se do que lá aprenderam, os portugueses começam a sua expansão marí-tima, o norte da África, é abandonado, de agora em diante,

cada vez mais para o Atlântico, ocupam as ilhas de Açores e Madeira no Atlântico.

Mas o objetivo principal era descer as costas da África, de extensão desconhecida, para tentar chegar às Índias. A segunda tentativa de ultrapassar o cabo Bojador, uma ponta da África que avançava pelo Atlântico, foi vencida pelo medo. Medo de que passando do cabo os brancos se tornassem negros, medo de que o mar fervesse ao calor

tropical, medo de que a neblina espessa engolisse os navios. Os marinheiros temiam o desconhecido. Imaginavam a Terra plana, com

oceanos que poderiam desembocar no nada. Em 1434 Gil Eanes, da equipe de Sagres, volta triunfante, o Bojador e contornado.

A expansão marítimo-comercial portuguesa ao longo do litoral africano, passa a ser mais intensa, Nuno Tristão, explora o Senegal, Serra Leõa, a Costa do Ouro, sempre em busca do marfim, ouro e principalmente dos

escravos negros para as ilhas de Açores e Madeira. Com as invenções que surgiram - o astrolábio para medir a posição das

estrelas, e a bússola, para garantir a orientação - os pilotos portugueses puderam afastar-se do litoral sem o pavor de se perder. Vela ao vento, as naus não param, cruzando o Atlântico: era preciso chegar ao fim da África

e de lá partir para a conquista do mercado das especiarias, tecidos e porcelana da Índia.

Com a invasão da Europa pêlos turcos, e fator decisivo. O que interessa é descobrir um novo caminho para negociar com os homens das Índias, na década de 1470, Lopo Gonçalves cruza a linha do Equador, Diogo Cão

atinge a embocadura do Congo, chamando-o de Rio do Padrão. O reconhecimento da região por esse navegador possibilita mais tarde a

202

viagem de Bartolomeu Dias, que chega a cruzar o Cabo das Tormentas em 1488, mudando-lhe o nome para Cabo da Boa Esperança, numa antevisão

da certeza e confiança de estar no caminho certo para o Oriente. Antes, porém que Portugal possa colher o triunfo esperado, um fato surpreendente vem fazer sombra sobre as esperanças portuguesas.

Cristóvão Colombo, navegador geno-vês contratado por Espanha, chega à ilha de Guanaani, em 1492, descobrindo o continente americano, e

regressa, afirmando ter atingido às Índias. Ofante Dom Henrique, um dos filhos do Rei João I, que participara da conquista de Ceuta, compreende a

necessidade de planejar e organizar mais eficientemente o empreendimento marítimo-mercantil, reuni alguns dos melhores e mais

experientes pilotos, astrônomos, matemáticos, cartógrafos e construtores de navios da época, vindo sobretudo de Gênova e Veneza, ativas cidades

comerciais da Itália. E, funda, em 1417 a Escola de Sagres, acontecimento importante, representa a mudança radical e definitiva do rumo da

expansão ultramarina. Valendo-se do que lá aprenderam, os portugueses começam a sua

expansão marí-tima, o norte da África, é abandonado, de agora em diante, cada vez mais para o Atlântico, ocupam as ilhas de Açores e Madeira no

Atlântico. Mas o objetivo principal era descer as costas da África, de extensão desconhecida, para tentar chegar às Índias. A segunda tentativa de ultrapassar o cabo Bojador, uma ponta da África que avançava pelo Atlântico, foi vencida pelo medo. Medo de que passando do cabo os brancos se tornassem negros, medo de que o mar fervesse ao calor

tropical, medo de que a neblina espessa engolisse os navios. Os marinheiros temiam o desconhecido. Imaginavam a Terra plana, com

oceanos que poderiam desembocar no nada. Em 1434 Gil Eanes, da equipe de Sagres, volta triunfante, o Bojador e contornado.

A expansão marítimo-comercial portuguesa ao longo do litoral africano, passa a ser mais intensa, Nuno Tristão, explora o Senegal, Serra Leõa, a Costa do Ouro, sempre em busca do marfim, ouro e principalmente dos

escravos negros para as ilhas de Açores e Madeira. Com as invenções que surgiram - o astrolábio para medir a posição das

estrelas, e a bússola, para garantir a orientação - os pilotos portugueses puderam afastar-se do litoral sem o pavor de se perder. Vela ao vento, as naus não param, cruzando o Atlântico: era preciso chegar ao fim da África

e de lá partir para a conquista do mercado das especiarias, tecidos e porcelana da Índia.

Com a invasão da Europa pêlos turcos, e fator decisivo. O que interessa é descobrir um novo caminho para negociar com os homens das Índias, na década de 1470, Lopo Gonçalves cruza a linha do Equador, Diogo Cão

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atinge a embocadura do Congo, chamando-o de Rio do Padrão. O reconhecimento da região por esse navegador possibilita mais tarde a

viagem de Bartolomeu Dias, que chega a cruzar o Cabo das Tormentas em 1488, mudando-lhe o nome para Cabo da Boa Esperança, numa antevisão

da certeza e confiança de estar no caminho certo para o Oriente. Antes, porém que Portugal possa colher o triunfo esperado, um fato surpreendente vem fazer sombra sobre as esperanças portuguesas.

Cristóvão Colombo, navegador geno-vês contratado por Espanha, chega à ilha de Guanaani, em 1492, descobrindo o continente americano, e

regressa, afirmando ter atingido às Índias. O Infante Henrique de Sagres e o Projecto Templário

O nome do Infante Dom Henrique ficou indelevelmente associado ao promontório de Sagres, sagrado como o próprio nome indica, desde uma

antiguidade assaz remota. E se é duvidosa a instalação ali de uma escola, onde pilotos e navegadores se submetiam a uma aprendizagem teórica, como pretenderam alguns autores

românticos, existe fundamento para crer que o Infante visitava e permanecia regularmente na região, possuindo nela propriedades e interesses, de resto,

tanto ele, quanto a Ordem de Cristo para quem requerera à Santa Sé todas as principais prerrogativas antes templárias.

No decurso da visita aos mais carismáticos locais onde o Infante Henrique de Sagres e seus escudeiros e cavaleiros estadeavam no aro vicentino, será analisado o modo como se processou a sua adesão ao ideário e projecto

Templários, bem assim como as estratégias que adoptou para lograr concretizá-los.