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PRISCILA MARIA PINTO FERRAZ CABAU A MOTIVAÇÃO ACADÊMICA DE ADOLESCENTES: UM ESTUDO DE METAS DE REALIZAÇÃO E ATRIBUIÇÕES DE CAUSALIDADE Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Psicologia da Universidade Federal de São Carlos, como parte dos requisitos para conclusão do curso de Bacharelado em Psicologia. São Carlos 2004

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PRISCILA MARIA PINTO FERRAZ CABAU

A MOTIVAÇÃO ACADÊMICA DE

ADOLESCENTES: UM ESTUDO DE METAS DE

REALIZAÇÃO E ATRIBUIÇÕES DE

CAUSALIDADE

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Psicologia da Universidade Federal de São Carlos, como parte dos requisitos para conclusão do curso de Bacharelado em Psicologia.

São Carlos 2004

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS

HUMANAS DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

A MOTIVAÇÃO ACADÊMICA DE

ADOLESCENTES: UM ESTUDO DE METAS DE

REALIZAÇÃO E ATRIBUIÇÕES DE

CAUSALIDADE

.

Orientadora: Tânia Maria Santana de Rose Orientanda: Priscila Maria Pinto Ferraz Cabau

RA: 215732

São Carlos, 2004

Essa pesquisa é dedicada à todas as pessoas que me ajudaram, me apoiaram e tiveram paciência comigo e de alguma forma contribuíram para a realização desse estudo.

AGRADECIMENTOS

À professora Tânia Maria Santana de Rose pela orientação segura com que me guiou no

desenvolvimento deste trabalho.

Aos professores que colaboram no auxílio de assessoria técnica prestada quando foram

planejados os programas para tratamento e análise dos dados.

Aos meus pais que me ofereceram condições para que tudo pudesse ser realizado da melhor

maneira possível e me deram, além de apoio financeiro, um apoio afetivo-emocional

.

A toda minha família pelo apoio prestado durante todo o tempo de realização da pesquisa.

E, finalmente, a todos meus amigos e colegas pelo apoio e incentivo constantes.

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS ..............................................................................................i

RESUMO...............................................................................................................................ii

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................1

1.1 Aspectos da motivação: metas de realização e atribuições.............................................. 2

2. OBJETIVOS..................................................................................................9

3. MÉTODO.......................................................................................................................10

3.1 Sujeitos............................................................................................................................10

3.2 Instrumentos....................................................................................................................10

3.3 Aspectos éticos................................................................................................................12

3.4 Local................................................................................................................................13

3.5 Procedimentos de Coletas de Dados...............................................................................13

4. TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS..................................................................14

5. RESULTADOS.................................................................................................................16

5.1 Resultados referentes aos tipos de Meta de Realização..................................................16

5.2 Resultados referentes às atribuições de causalidade.......................................................21

5.3. Resultados das correlações entre os tipos de Meta de Realização a as atribuições de

causalidade ...........................................................................................................................31

6. DISCUSSÃO.....................................................................................................................35

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................38

8.ANEXOS..........................................................................................................................40

8.1 Anexo A: carta de apresentação.....................................................................................41

8.2 Anexo B: termo de consentimento livre e esclarecido...................................................42

8.3 Anexo C: Escala de Avaliação de Metas de Realização.................................................43

8.4 Anexo D: Escala Sydney de Atribuição (S.A.S).............................................................44

LISTA DE ABREVIATURAS

MAPREN – Meta Aprender MPEVIT – Meta Performance Evitação MPAPR – Meta Performance Aproximação MA – Meta Aprender MPE – Meta Performance Evitação MPA – Meta Performance Aproximação Matsucha – Matemática sucesso habilidade Matsuces – Matemática sucesso esforço Matsucce– Matemática sucesso causas externas Matfraha– Matemática fracasso habilidade Matfraes– Matemática fracasso esforço Matfrace– Matemática fracasso causas externas Portsucha– Português sucesso habilidade Portsuces– Português sucesso esforço Portsucce– Português sucesso causas externas Portfraha– Português fracasso habilidade Portfraes– Português fracasso esforço Portfrace– Português fracasso causas externas

RESUMO

CABAU, Priscila M.P.F. A motivação escolar de adolescentes: Um estudo de Metas de Realização e Atribuições de Causalidade, 2004. Monografia (Bacharel em Psicologia).

Curso de Graduação em Psicologia, Universidade Federal de São Carlos.

Os estudos de motivação do aluno têm dado especial destaque ao papel dos componentes cognitivos da motivação, como metas, crenças, atribuições e auto-percepções. As metas exprimem as razões das escolhas do indivíduo. As metas de realização têm sido particularmente estudadas quando se trata de motivação dos alunos em sala de aula. Os alunos com orientação à meta aprender entendem que sucesso nas realizações escolares consiste na melhora em conhecimentos e habilidades, em progredir, dominar sempre mais os conteúdos, com inovação e criatividade. Os alunos com orientação à meta performance aproximação, medem cautelosamente as chances de que com o enfrentamento de desafios terá comprovações de que é inteligente e estão preocupados em mostrar-se mais capaz que os outros alunos. Os alunos com orientação à meta performance evitação preocupam-se mais em mostrar-se não incapaz, evitar o fracasso. Outro componente cognitivo da motivação é a atribuição de causalidade. As atribuições de causalidade são crenças pessoais que dizem respeito à interpretação que o aluno faz sobre as causas de um determinado evento. As principais atribuições dos alunos são à habilidade, ao esforço e à causas externas. Os estudos têm investigado as relações entre os construtos motivacionais. Os objetivos do presente estudo foram identificar os tipos de metas de realização e as atribuições utilizadas para explicar o sucesso e fracasso acadêmico em Português e Matemática utilizados por um grupo de adolescentes; verificar as relações entre as metas de realização e as atribuições apresentadas pelos alunos. A hipótese era a de que alunos que adotassem a meta aprender atribuiriam o sucesso e fracasso ao esforço e alunos que adotassem a meta performance atribuiriam o sucesso e fracasso à capacidade e à causas externas. A amostra compreendeu 120 sujeitos, com média de idade de 14 anos e meio, de ambos os sexos da sétima e oitava série do Ensino Fundamental de uma escola pública de São Carlos. Foram aplicados os seguintes instrumentos: a Escala de Avaliação de Metas de Realização de Midgley (1988) e uma adaptação da Escala de Sidney de Atribuição (SAS) para alunos de sétima e oitava séries. Os principais resultados encontrados foram: a maioria dos sujeitos (cerca de 63%), adotam uma única meta, sendo que desses, 24% adotam a Meta Aprender, 24% a Meta Performance Evitação e 15% a Meta Performance Aproximação. As maiores médias foram encontradas para a atribuição do sucesso ao esforço, tanto em Português (24,2), como em Matemática (23,5). Para o fracasso verificou-se que os valores dos escores das três atribuições foram mais próximas do que os de sucesso. No entanto, observa-se que os valores mais baixos foram para a atribuição à falta de habilidade tanto para o fracasso em Português (13,3) como para o fracasso em Matemática (14,7) De acordo com os dados obtidos, as maiores correlações são encontradas entre o sucesso atribuído ao esforço e a meta aprender, tanto em português quanto em matemática e correlações negativas são encontradas entre todas as atribuições (habilidade, esforço e causas externas) do fracasso e a meta aprender, tanto em matemática como em português. O presente estudo fornece subsídios metodológicos para estudos futuros, além de ser uma base para comparações com populações brasileiras. Assim, faz-se necessários mais estudos com maior número de sujeitos e validação de instrumentos para o nosso país.

INTRODUÇÃO

No contexto histórico atual a educação é uma área muito discutida pelos

governantes uma vez que ela é tida como a responsável por um futuro melhor para o nosso

país. A educação de crianças e jovens no Brasil é uma área deficitária que deixa muito a

desejar e que precisa de reformas urgentes.

A falta de motivação dos alunos é um dos vários aspectos relacionados ao

problema da educação. Ela é muito apontada pelos educadores, como sendo um problema

real, de proporções preocupantes pela sua freqüência e, sobretudo, pelas suas

conseqüências.

Alunos desmotivados estudam muito pouco ou nada e, conseqüentemente,

aprendem muito pouco, além disso eles desistem mais fácil e escolhem as tarefas menos

desafiadoras. Aí se configura uma situação educacional que impede a formação de

indivíduos mais competentes para exercerem a cidadania e realizarem-se como pessoas,

além de se capacitarem a aprender pela vida toda. Portanto, sem aprendizagem na escola,

que depende de motivação, praticamente não há futuro para ninguém (Bzuneck, 2001a).

A motivação no contexto escolar foi progressivamente estudada na história

da Psicologia, por diversas abordagens e sob diversos aspectos diferentes.

Num primeiro momento, a etimologia da palavra nos dá uma idéia geral do

que é a motivação: vem do verbo latino movere, cujo tempo supino motum e o substantivo

motivum, do latim tardio, deram origem ao nosso termo semanticamente aproximado, que é

motivo. Portanto, genericamente, a motivação, ou o motivo, é aquilo que move uma pessoa

ou que a põe em ação ou a faz mudar o curso. (Bzuneck, 2001a).

Segundo Stipek (1996), a motivação tem sido entendida como um conjunto

de fatores psicológicos que levam a uma escolha, instigam, fazem iniciar um

comportamento direcionado a um objetivo, como o de prestar atenção ou fazer o dever de

casa. Além disso, e não menos importante, asseguram a sua persistência, dado que

emergem no percurso não apenas obstáculos e fracassos como outros motivos concorrentes

que tentam a pessoa a interromper o curso de ação.

Ela focalizou quatro tópicos motivacionais que considera como os mais

relevantes para o contexto escolar. Esses tópicos representam constructos, ou variáveis

psicológicas, ou grupos de variáveis, que se constituem em linhas de pesquisa e, em certos

casos, em teorias propriamente ditas. São eles: reforçamento positivo, cognições

(expectativas de controle, crenças de auto-eficácia, atribuições causais), valores

(especialmente contemplados na motivação intrínseca) e metas de realização.

Assim como Stipek, as teorias sobre motivação do aluno têm dado especial

destaque aos componentes cognitivos da motivação, como metas, crenças, atribuições,

percepções, ressaltando-se entre elas as percepções de competência e as crenças de auto-

eficácia, portanto, variáveis ligadas ao self. Os componentes afetivos, por sua vez, formam

parte integrante da motivação do aluno na teoria das atribuições de causalidade de Weiner.

(Bzuneck, 2001a).

Aspectos da motivação: metas de realização e atribuições de causalidade

As metas de realização vêm sendo amplamente estudadas bem como as suas

relações com os demais construtos motivacionais. As metas exprimem as razões das

escolhas do indivíduo.

Entre as metas, destacam-se as metas de realização, que são particularmente

estudadas quando se trata de motivação dos alunos em sala de aula, tendo-se desenvolvido

uma teoria específica que leva esse nome.

A moderna Teoria de Metas trabalha com o conceito de motivação para

realização, que contempla a relação entre motivação e metas, essas que por sua vez, afetam

os modos pelos quais as pessoas abordam as tarefas, ou seja, seu comportamento de

realização (Bzuneck, 2001b).

As cognições que compõem essas metas possuem uma estabilidade apenas

relativa. Elas podem ser influenciadas por características de cada situação, ou seja, pela

estruturação psicológica da sala de aula bem como por formas específicas de ação docente

que alimentam, alternativamente, a orientação dos alunos para uma ou outra meta de

realização (Midgley, 1988).

Portanto, essa teoria tem se desenvolvido dentro de uma abordagem sócio-

cognitiva, por acolher tanto elementos originários do cognitivismo como por considerar

relevantes as influências de natureza sócio-ambiental em seu desenvolvimento, manutenção

ou mudança (Midgley,1998; Bzuneck, 2001b).

A Teoria de Metas é, no momento, considerada predominante nas pesquisas

que focalizam metas e suas influências na motivação de alunos ( Elliot e Harackiewicz,

1996; Pintrich e Schunk, 1996, citado por Bzuneck, 2001b) e de acordo com ela a

motivação do aluno difere conforme a orientação da meta.

Os pesquisadores da área de motivação têm estudado duas metas de

realização em particular, a meta aprender e a meta performance (Midley, 1998, Stipek,

1996).

Trata-se de duas metas qualitativamente diferentes entre si, sendo cada uma

delas um mediador cognitivo bem definido o que fornece uma explicação específica dos

comportamentos de realização, que tipicamente se verificam nas situações de aprendizagem

escolar, ou seja, cada uma delas representa um propósito definido ou razão peculiar para o

aluno aplicar esforço numa determinada tarefa (Midley,1998).

Os alunos com orientação à meta aprender entendem que sucesso nas

realizações escolares consiste na melhora em conhecimentos e habilidades, em progredir,

dominar sempre mais os conteúdos, com inovação e criatividade. Além disso, tais alunos

têm a convicção ou crença de que os resultados positivos nas tarefas derivam maximamente

de esforço, que é um fator interno e sob seu controle. Por isso, enfrentamos desafios

acadêmicos que, por seu grau de exigência, são vistos como capazes de faze-los crescer

intelectualmente. Utilizam estratégias cognitivas e metacognitivas de aprendizagem que

conduzam a esse resultado e o êxito constatado após o esforço dá origem a sentimentos de

orgulho e realização. Por outro lado, erros e fracassos eventuais são considerados

informativos e até inerentes ao processo de aprendizagem, propiciando a adoção de novas

estratégias com as quais de possa dar conta dos desafios (Midley, 1998, Stipek, 1996).

Um aluno voltado à meta aprender assemelha-se muito a um aluno com

motivação intrínseca (Bzuneck, 2001b). A motivação intrínseca refere-se à escolha e

realização de determinada atividade por sua própria causa, por esta ser interessante, atraente

ou, de alguma forma, geradora de satisfação enquanto a motivação extrínseca tem sido

definida como a motivação para trabalhar em resposta a algo externo à tarefa ou atividade,

como para a obtenção de recompensas materiais ou sociais, de reconhecimento, objetivando

atender aos comandos ou pressões de outras pessoas ou para demonstrar competências ou

habilidades (Guimarães, 2001).

Já os alunos com orientação à meta performance, mede cautelosamente as

chances de que com o enfrentamento de desafios terá comprovações de que é inteligente.

Tem notória preferência pelas estratégias de aprendizagem que apenas garantam um

processamento de superfície. Caso lhe ocorra algum fracasso, atribui esse evento à falta de

capacidade e apresenta emoções negativas, como vergonha, raiva etc. Em última instância,

diante de certos desafios, considera mais prudente evitar o esforço, que será considerado

uma espécie de faca de dois gumes, pois se ele poderá conduzir a bons resultados, o

fracasso eventual sinalizaria falta de capacidade. Mostrar-se capaz ou pelo menos não

incapaz é a grande preocupação do aluno caracterizado pela meta performance (Midley,

1998, Stipek, 1996).

Outras descobertas, porém, puseram em dúvida esse quadro negativista

relativo a meta performance. Muitas pesquisas revelaram que, em alguns casos, a

orientação à meta performance trouxe benefícios à motivação e apareceu associada a bons

resultados acadêmicos. Com isso, Elliot e seus colaboradores citados por Bzuneck (2001b)

propuseram que sejam tratados de modo independente os dois componentes da meta

performance: o de aproximação (busca aparecer como inteligente, ou de ser o primeiro ou

de figurar entre os melhores) e o de evitação (de aparecer como incapaz ou de estar entre os

mais fracos da classe).

Por conseguinte, no lugar de apenas duas grandes metas de realização, tem

sido reconhecidas três metas principais: a meta aprender, a meta performance-aproximação

e a meta performance-evitação.

Essas metas principais têm sido relacionadas com outro constructo

importante da motivação, já citado, que também vem sendo amplamente estudado: a

atribuição de causalidade.

As atribuições de causalidade são crenças pessoais que dizem respeito à

interpretação que o aluno faz sobre as causas de um determinado evento (Martini &

Boruchovitch, 2001).

Martini e Boruchovitch indicam que Weiner (1985) pesquisou as relações

entre as atribuições de causalidade e o sucesso e fracasso em tarefas acadêmicas e verificou

que pessoas tendem a explicar suas experiências acadêmicas com as seguintes causas:

inteligência/capacidade, esforço, dificuldade da tarefa, sorte, influência do professor,

influência de outras pessoa, temperamento e cansaço.

Ele estabeleceu um esquema básico de classificação das causas, baseadas em

suas propriedades básicas, que se denominam dimensões da causalidade: Localização,

Controlabilidade e Estabilidade. Assim, a causa pode ser interna ou externa ao sujeito

(Localização), controlável ou não controlável (Controlabilidade) e interpretada pelo sujeito

como estável ou não estável (Estabilidade).

Para Weiner, mais importante do que a causa específica na determinação do

comportamento são as dimensões da causalidade, pois são elas que exercem a influência

sobre a motivação à realização, sobre as expectativas de sucesso e fracasso futuros e sobre

as reações emocionais do aluno. Além disso, uma mesma causa pode ser interpretada de

maneira diferente por diversas pessoas.

Os estudos sobre implicações motivacionais derivadas de diferentes

atribuições feitas pelos alunos indicam que há uma melhor disposição para a aprendizagem

entre aqueles que atribuem o sucesso ou o fracasso na aprendizagem a causas internas,

variáveis e controláveis; com o esforço pessoal buscam níveis mais elevados e, ao mesmo

tempo, ajustados à execução, mostram uma confiança razoável nas próprias possibilidades

de realizar com sucesso as condutas necessárias para a obtenção desses níveis de execução

(Martini e Boruchovitch, 2001). O aluno que acredita que acredita que obteve sucesso

devido a seu próprio esforço, se esforçará novamente em situações futuras e o aluno que

acredita que o obteve fracasso devido a sua falta de esforço, se esforçará em uma situação

futura para obter sucesso.

Ao contrário, são especialmente desfavoráveis para a aprendizagem padrões

atribucionais, nos quais os sucessos são explicados por causas externas, percebidas como

variáveis e não controláveis, por exemplo, a sorte – e os fracassos por causas internas,

percebidas como estáveis e não controláveis – por exemplo a falta de habilidade sobre um

domínio ou conteúdo particular, entendido como algo fixo e não modificado (Coll, 2000).

O aluno que acredita que obteve sucesso devido à sorte, não se esforçará em situações

futuras e o aluno que acredita que obteve fracasso devido à falta de habilidade também não

se esforçará em situações futuras.

Martini e Boruchovitch mostram também que Weiner (1980) salienta que a

atribuição de um fracasso a uma causa estável, interna e incontrolável como a falta de

capacidade, tem o efeito nefasto de levar o aluno à desesperança, à resignação e ao

desalento; a valorização do esforço, ao contrário, o instiga a atribuir seus fracassos à sua

falte de esforço (uma causa instável, interna e controlável), capaz de incentiva-lo a uma

maior dedicação e provável superação de suas limitações.

Com isso, as pessoas envolvidas no processo ensino-aprendizagem devem

dedicar atenção especial às atribuições causais dos alunos frente a suas expectativas de

sucesso e fracasso. É importante que o professor os ajude a fazer atribuições conducentes a

emoções e comportamentos favoráveis ao fortalecimento de sua auto-estima, à continuação

de seus êxitos e à superação de seus fracassos (Rodrigues, 1984).

Portanto, a atribuição mais adaptada é a atribuição ao esforço. A relação

entre as metas de realização e as atribuições consiste na hipótese e a de alunos que adotam

a meta aprender (que é a meta considerada como mais adaptada) atribuam mais seu sucesso

e seu fracasso ao esforço do que à outras causas como habilidade e causas externas.

No estudo de Ames e Archer (1988), os estudantes identificados como os

que utilizam a meta performance atribuíram mais seus fracassos a baixa capacidade -uma

atribuição indesejada uma vez que acreditando que não podem mudar sua própria

capacidade, eles não vêem razão para aumentar seu esforço em atividades futuras. Em

contraste, estudantes identificados como os que utilizam a meta aprender atribuíram seu

sucesso ao seu alto esforço e às suas estratégias de aprendizagem efetivas.

A literatura brasileira sobre motivação acadêmica ainda é escassa. É

evidente a necessidade de se investigar como os alunos vivenciam o processo educacional a

fim de enfrentar o problema de falta de motivação que aparece principalmente na

adolescência.

Considerando ser a cultura uma variável importante no estudo do processo

de interação humana, é fundamental que se verifique a universalidade ou não das teorias e

dos achados empíricos oriundos de culturas diferentes da nossa.

Dessa forma, esse estudo visa contribuir tanto na questão teórica da

motivação como pela possibilidade de realização de estudos mais aplicados, com a

finalidade de servir como estrutura para futuras pesquisas nessa área e base para as

mudanças na motivação de estudantes nas escolas.

É reduzido em nosso meio estudos relacionados a questão motivacional em

adolescentes. Há a necessidade de identificar as metas utilizadas e as atribuições de

causalidade que são usadas por eles e verificar se os achados da literatura da relação entre

as metas e as atribuições de causalidade são encontrados em adolescentes brasileiros.

OBJETIVOS

Os objetivos do presente estudo foram:

� identificar os tipos de metas de realização utilizadas por um grupo de

adolescentes.

� identificar as atribuições utilizadas para explicar o sucesso e fracasso

acadêmico em Português e Matemática.

� verificar as relações entre os diferentes tipos de metas de realização e

as atribuições de causalidade.

A hipótese era a de que alunos que adotassem a meta aprender atribuiriam o

sucesso e fracasso ao esforço e alunos que adotassem a meta performance atribuiriam o

sucesso e fracasso à capacidade e à causas externas.

MÉTODO

Sujeitos

A amostra compreendeu 120 sujeitos de ambos os sexos, sendo 60 do sexo

masculino e 60 do sexo feminino. Desses, 67 alunos freqüentavam a sétima série e 53 a

oitava série do Ensino Fundamental de uma escola pública de São Carlos.

A idade dos sujeitos variou de 12 a 16 anos, sendo que a média foi de 14,16

anos.

Instrumentos

Foi utilizada uma escala de avaliação de metas (que distingue: meta

aprender, meta performance aproximação e meta performance evitação) adaptada da Goal

Orientation Scale (Escala de Meta Orientação) desenvolvida por Midgley, Kaplan,

Middleton, Maehr, Urdan, Anderman, Anderman, e Roeser, (1998). A escala era composta

por 18 itens, sendo 6 itens para cada meta. Para cada item das escalas havia 6 opções de

resposta: falso, muitas vezes falso, às vezes falso às vezes verdade, muitas vezes verdade e

verdade.(Anexo C).

Os itens referentes à meta aprender implicam que a meta utilizada é

melhorar conhecimentos e habilidades, progredir, dominar sempre mais os conteúdos, com

inovação e criatividade, aprender algumas novidades, entender sua tarefa, ou aprender o

máximo possível. Esses itens implicam que haja interesse e envolvimento nas tarefas.

Os itens referentes à meta performance-aproximação implicam que a meta é

impressionar os outros e agradar o professor:

Os itens referentes à meta performance-evitação implicam que a meta é

evitar o fracasso ou parecer incapaz ou estar entre os mais fracos da sala.

Os dados referentes às atribuições de causalidade foram coletados através da

Escala de Sidney de Atribuição (Attribuitional Scale –SAS, Marsh,1984), devidamente

adaptada para a avaliação das atribuições acadêmicas de adolescentes. (Anexo D).

A adaptação foi necessária, pois a versão original do SAS era destinada à

avaliação de crianças nas primeiras séries do Ensino Fundamental. Portanto, foram criadas

15 novas situações relativas ao fracasso e ao sucesso nas áreas de Português (leitura,

interpretação e redação) e Matemática que correspondessem à situações típicas vivenciadas

por alunos de sétima e oitava séries. Portanto, usou-se a estrutura do SAS e elaborou-se um

conteúdo novo.

O SAS avalia as medidas de atribuições dos estudantes para situações de

sucesso e fracasso dos alunos nas áreas de português e matemática.

O aluno atribui um valor nas situações de fracasso e nas situações de sucesso

acadêmico a três causas: habilidade, esforço ou causas externas. Para cada uma das causas,

o aluno responde a uma escala de cinco pontos (Falso; Maioria Falso; Às vezes falso; Às

vezes verdadeiro; Maioria Verdadeiro e Verdadeiro).

Cada item consistia em uma situação em que o aluno obtinha sucesso ou

fracasso em Português ou Matemática. Logo abaixo vinham três alternativas cada uma

correspondendo à uma causa (habilidade, esforço ou causas externas) e o aluno apontava na

escala de 5 pontos o quanto aquela causa era verdadeira para ele. Por exemplo:

1. Suponha que sua professora escolheu você representar sua classe no concurso de Redação da escola. Seria provável porque

a) Você é bom em redação......................................................... b) Você estudou bastante Português...................................... c) A professora cometeu um erro.............................................

O SAS possibilita pontuações específicas para 12 escalas compostas por seis

itens (total de 72 itens) derivados das combinações de três fatores: área acadêmica

(Matemática e Português), resultados (sucesso e fracasso) e percepção da causa (habilidade,

esforço ou causas externas). Para cada escala é obtido um escore resultante da soma dos

escores obtidos em cada um dos seis itens que compõem a respectiva escala.

Também foi realizado um teste piloto com 20 alunos, em uma sala de sétima

série, com a finalidade de verificar se havia alguma dúvida sobre a compreensão dos

instrumentos. Após o teste, algumas modificações foram feitas, baseada nas dúvidas

surgidas.

Aspectos éticos

Inicialmente, foi obtida a permissão da direção da escola e das professoras

responsáveis pelas salas de sétima e oitava séries para que fosse realizada a pesquisa.

Os alunos receberam uma carta informando os objetivos da pesquisa (Anexo

A) e assinaram um consentimento informado (Anexo B) antes de preencherem os

instrumentos.

Os alunos foram esclarecidos quanto ao fato de que seus nomes não seriam

revelados no relatório de pesquisa e que suas respostas só seriam conhecidas pela

pesquisadora e pela orientadora da pesquisa. Foram informados de que os instrumentos não

consistiam em provas, não havendo, portanto, respostas certas e erradas. Além disso, foi

explicado que eles poderiam parar de responder ao instrumento caso sentissem qualquer

tipo de desconforto e que os dados seriam analisados como um todo.

Local

Os dados foram coletados nas dependências da escola freqüentada pelos

sujeitos em seu horário de aula normal.

Procedimento de coleta de dados

Os dados foram coletados em dois dias seguidos. Além do instrumento de

Avaliação de Metas de Realização e do SAS, foram aplicados mais três instrumentos que

fizeram parte de outras pesquisas. As instruções para o preenchimento de cada instrumento

foram lidas em voz alta pelas bolsistas e foi solicitado aos alunos que esclarecessem

quaisquer dúvidas com as aplicadoras. O SAS e a Avaliação de Metas de Realização foram

aplicados no mesmo dia. Cada aplicação levou cerca de 50 minutos.

Tratamento e análise dos dados

Os escores totais das atribuições obtidos no SAS foram calculados através

da soma dos escores dos seis itens derivados das combinações de três fatores: área

acadêmica (Matemática ou Português), resultados (sucesso ou fracasso) e percepção da

causa (habilidade, esforço ou causas externas) de cada escala que compunha o instrumento

(Português Sucesso Habilidade, Português Sucesso Esforço, Português Sucesso Causas

Externas, Português Fracasso Habilidade, Português Fracasso Esforço, Português Fracasso

Causas Externas, Matemática Sucesso Habilidade, Matemática Sucesso Esforço,

Matemática Sucesso Causas Externas, Matemática Fracasso Habilidade, Matemática

Fracasso Esforço e Matemática Fracasso Causas Externas). A pontuação de cada item podia

ser 1 (falso), 2 (maioria falso), 3 (às vezes falso, às vezes verdadeiro), 4 (maioria

verdadeiro) e 5 (verdadeiro), portanto a pontuação mínima em cada escala é 6 e a máxima

30.

Os escores das três metas de realização foram calculados através da soma

dos escores dos seis itens referentes cada uma das metas. A pontuação de cada item podia

ser 1 (falso), 2 (muitas vezes falso), 3 (às vezes falso, às vezes verdade), 4 (muitas verdade)

e 5 (verdade), portanto a pontuação mínima em cada meta é 6 e a máxima 30.

Primeiramente foi feita uma análise descritiva dos escores do grupo (médias,

desvios padrões, valores máximos e mínimos, variâncias, Skewness e Kurtosis). Depois, foi

feita a distribuição das freqüências do escores obtidos pelos sujeitos para os 3 tipos de

metas e para as 12 escalas que compõem o SAS.

A seguir foi feita uma classificação dos sujeitos segundo os tipos de metas

adotadas (Meta Aprender, Meta Performance Aproximação, Meta Performance Evitação,

ou ainda, tipos misto – que adotasse 2 tipos de metas simultaneamente). Para fazer essa

classificação calculou-se a média de cada uma das metas somada a um desvio padrão e os

sujeitos que ficaram acima dessa faixa foram considerados como adotando a meta

correspondente em sua vida acadêmica.

A última análise envolveu o cálculo de correlações entre os três tipos de

metas e cada uma das escalas de atribuição.

RESULTADOS

Inicialmente, serão apresentados os resultados referentes às Metas de

Realização. A seguir serão apresentados os resultados referentes às atribuições de

causalidade.

Resultados referentes aos tipos de Meta de Realização

TABELA 1 – Dados descritivos relativos às Metas

Meta Aprender

(média/desvio)

Meta Perf. Aprox.

(média/desvio)

Meta Perf Evit.

(média/desvio)

24 / 4,66 16,8 / 6,10 15,3 / 5,65

A Tabela 1 mostra que o escore médio para a Meta Aprender foi mais alto

(24) do que os valores para as Meta Performance Aproximação e Evitação (16,8 e 15,3

respectivamente). No entanto, mesmo sendo mais baixos, os valores nas Metas

Performance Aproximação e Evitação, também indicam o grau de envolvimento dos alunos

com essas Metas.

Com relação à análise das distribuições dos escores dos sujeitos relativos à

cada meta, em termos de Kurtosis e Skewness é possível estabelecer critérios mais

objetivos para considerar a curva normal, ou normal com deslocamento muito ou pouco

acentuado para a direita ou para a esquerda.

TABELA 2 – Valores dos Kurtosis e skewness referentes às distribuições das metas

Meta Aprender Meta Perf. Aprox. Meta Perf. Evit.

Kurtosis 0,05 -0,84 -0,8

Skewness 0,68 0,03 0,16

MAPREN

30,0 27,5

25,0 22,5

20,0 17,5

15,0 12,5

10,0

MAPREN

Frequency

40

30

20

10

0

Std. Dev = 4,66 Mean = 24,0 N = 120,00

Figura 1: Gráfico de distribuição dos escores da Meta Aprender

Pode-se observar que a curva de distribuição para escore na Meta Aprender

pode ser considerada normal à medida que possui Skewness (–0,68) e Kurtosis (0,05)

baixos (Tabela 2), ou seja, seu deslocamento (tanto horizontal como vertical,

respectivamente) é pouco, se comparado à curva de distribuição normal, levemente

deslocado para a direita (Figura 1).

MP APR

30,0

27,5

25,0

22,5

20,0

17,5

15,0

12,5

10,0

7,5

5,0

MPAPR

Frequency

30

20

10

0

Std. D ev = 6,10

Mean = 16,8

N = 120,00

Figura 2: Gráfico da distribuição dos escores da Meta Performance

Aproximação

A curva de distribuição da Meta Performance Aproximação também pode

ser considerada normal à medida que possui Skewness (0,03) e Kurtosis de (-0,84) baixos

(Tabela 2), ou seja, seu deslocamento (tanto horizontal como vertical, respectivamente) é

pouco, se comparado a curva de distribuição normal, sendo bem centralizada (Figura 2).

MP EVIT

27,5

25,0

22,5

20,0

17,5

15,0

12,5

10,0

7,5

5,0

MPEVIT

Frequency

30

20

10

0

Std. Dev = 5,6 5

Mean = 15,3

N = 120,0 0

Figura 3: Gráfico da distribuição dos escores da Meta Performance Evitação

A curva de distribuição da Meta Performance Evitação novamente pode ser

considerada normal, uma vez que possui Skewness de 0,16, e Kurtosis de -0,80 , que são

considerados baixos (Tabela 2) , ou seja, seu deslocamento (tanto horizontal como vertical,

respectivamente) é pouco, se comparado a curva de distribuição normal também

centralizada (Figura 3)

Dessa maneira pode-se considerar que os escores de todas das metas estão

distribuídos em uma curva normal.

A seguir foi realizada a classificação da meta adotada pelos sujeitos segundo

critérios abaixo descritos.

Para a classificação dos sujeitos na Meta Aprender utilizou-se a soma da

média (24) com um desvio padrão (4,66). Os sujeitos que obtiveram pontuação maior que

essa soma (28,66) ficaram classificados como adotando esta meta.

Para a classificação dos sujeitos na Meta Performance Aproximação

utilizou-se a soma da média (16,8) com um desvio padrão (6,10). Os sujeitos que obtiveram

pontuação maior que essa soma (22,9) ficaram classificados como adotando essa meta.

Para a classificação dos sujeitos na Meta Performance Evitação utilizou-se a

soma da média (15,3) com um desvio padrão (5,65). Os sujeitos que obtiveram pontuação

maior que essa soma (20,95) ficaram classificados como adotando essa meta.

Foram classificados como adotando algum tipo de meta, ou adotando duas

das metas simultaneamente, 53 sujeitos. Destes sujeitos, 13 adotavam Meta Aprender; 13

Meta Performance Evitação; 8 Meta Performance Aproximação; 8 adotavam as duas metas

Performance; 5 utilizavam a Meta Aprender juntamente com a Meta Performance Evitação;

e, por fim, 7 participantes adotavam Meta Aprender juntamente com a Meta Performance

Aproximação.

metas

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

MAMPE

MPA

MPE+MPA

MA+MPE

MA+MPA

nº d

e su

jeito

s

Figura 4: Percentagens de sujeitos que adotam as diferentes metas

Podemos observar que a maioria dos sujeitos (cerca de 63%), adotam uma

única meta, sendo que desses, 24% adotam a Meta Aprender, 24% a Meta Performance

Evitação e 15% a Meta Performance Aproximação (Figura 4).

Aproximadamente 15% dos participantes adotam as 2 Metas Performance

(Evitação e Aproximação). Cerca de 9% dos sujeitos adotam a Meta Aprender e a Meta

Performance Evitação e 13% como adotam a Metas Aprender e a Meta Performance

Aproximação. Portanto os sujeitos que adotam as metas mistas somam aproximadamente

37% (Figura 4).

Resultados referentes às atribuições de causalidade

TABELA 3 – Dados descritivos relativos às atribuições de causalidade

Mat Suc

(média/desvio)

Port Suc

(média/desvio)

Mat Fra

(média/desvio)

Por Fra

(média/desvio)

Habilidade 17,1 / 7,03 21,2 / 5,36 14,7 / 6,07 13,3 / 5,10

Esforço 23,5 / 5,70 24,2 / 5,37 17,3 / 4,93 16,7 / 5,22

Causas Externas 15,9 / 4,30 15,6 / 4,70 15,4 / 4,47 16,0 / 4,06

Pode-se verificar na Tabela 3 que os alunos atribuem sucesso e fracasso às

três causas (habilidade, esforço e causas externas).

As maiores médias foram encontradas para a atribuição do sucesso ao

esforço, tanto em Português (24,2), como em Matemática (23,5). O valor médio da

atribuição do esforço para o sucesso em Matemática é um pouco mais baixo que para o

sucesso em Português (Tabela 3).

Portanto, podemos concluir que o esforço é a atribuição mais indicada pelos

alunos para explicarem o sucesso, tanto em Português, como em Matemática.

Com relação à atribuição de habilidade para o sucesso, observa-se uma

diferença em relação às disciplinas. Os alunos parecem atribuir menos a habilidade como

responsável pelo sucesso em Matemática (17,1) do que pelo sucesso em Português (21,2).

Esta diferença não é verificada em relação a atribuição à habilidade e ao

esforço para o sucesso em Português.

Para o fracasso verificou-se que os valores dos escores das três atribuições

foram mais próximas do que os de sucesso. No entanto, observa-se que os valores mais

baixos foram para a atribuição à falta de habilidade tanto para o fracasso em Português

(13,3) como para o fracasso em Matemática (14,7) .

Portanto, podemos concluir que a habilidade é a atribuição menos indicada

pelos alunos para explicarem o fracasso, tanto em Português, como em Matemática.

Observa-se que os escores médios de esforço para explicar o fracasso (17,3

em Matemática e 16,7 em Português) foram levemente superior aos demais em ambas

disciplinas. Os valores dos escores médios de habilidade e causas externas para explicar o

fracasso foram próximos e levemente inferiores ao esforço ambas disciplinas.

Os escores médios da atribuição à causa externas são próximos, tanto na

situação de fracasso com na de sucesso em ambas disciplinas.

Os escores de atribuição do fracasso à falta de esforço foram os mais altos

em ambas as disciplinas.

Para verificar se havia diferença significativa entre as atribuições em cada

uma das categorias, foi feito o teste ONEWAY ANOVA. O resultado obtido encontra-se na

Tabela 4.

TABELA 4 – Média dos escores brutos das atribuições e diferenças significativas entre as

atribuições para sucesso e fracasso em Matemática e Português

Médias

hab x esf hab x ce esf x ce

Mat Suc 17,1 / 23,5 * 17,1 / 15,9 23,5 / 15,9 *

Port Suc 21,2 / 24,2 * 21,2 / 15,6 * 24,2 / 15,6 *

Mat Fra 14,7 / 15,4 * 14,7 / 15,4 17,3 / 15,4

Port Fra 13,3 / 16,7 * 13,3 / 16,0 * 16,7 / 16,0

* há diferença significativa

Na situação de sucesso em Matemática verifica-se diferença significativa

entre os escores para a atribuição à habilidade e a atribuição ao esforço e os escores da

atribuição ao esforço e à causas externas.

Na situação de sucesso em Português há diferença entre os escores de todas

as atribuições, sendo que todas as médias são distantes entre si.

Em fracasso em Matemática verifica-se diferença significativa entre os

escores para a atribuição à habilidade e ao esforço. Contudo não há diferença significativa,

na mesma situação, entre os escores da atribuição à habilidade e causas externas. Também

não há diferença significativa entre os escores da atribuição ao esforço e à causas externas.

Em fracasso em Português, há diferença significativa entre os escores da

atribuição à habilidade e ao esforço. Entre a atribuição à habilidade e à causas externas

também há diferença significativa. Nessa situação, não há diferença significativa entre a

atribuição ao esforço e à causas externas.

Esse resultado indica que o esforço é a atribuição utilizada para explicar

sucesso e a falta de esforço é a atribuição utilizada para explicar o fracasso em Matemática.

Para a situação de sucesso em Português, observa-se diferenças significativas entre as três

atribuições. Para a situação de fracasso em Português verifica-se diferenças significativas

entre a atribuição à habilidade e as demais.

TABELA 5 – Valores dos Kurtosis e Skewness referentes às distribuições das escalas de

atribuição

Port Suc Port Frac

hab esf c.e. hab esf c.e.

Kurtosis –0,483 0,007 -0,240 0,213 0,273 1,182

Skewness –0,244 –0,829 –0,167 0,565 0,035 0,293

Mat Suc Mat Frac

hab esf c.e. hab esf c.e.

Kurtosis 1,014 0,315 0,014 –0,541 –0,265 -0,117

Skewness 0,056 –0,936 –0,188 0,454 0,270 0,143

Com relação às distribuições de cada atribuição, em cada situação, em cada

disciplina, pela Kurtosis e Skewness é possível estabelecer critérios mais objetivos para

considerar a curva normal, ou normal com deslocamento muito ou pouco acentuado para a

direita ou para a esquerda. Todas as distribuições foram consideradas normais uma vez que

os valores de Skewness e Kurtosis são baixos (Tabela 5).

PORSUCHA

30,0

27,5

25,0

22,5

20,0

17,5

15,0

12,5

10,0

7,5

5,0

PORSUCHA

Fre

quen

cy

30

20

10

0

Std. Dev = 5,36

Mean = 21,2

N = 120,00

Figura 5: Português Sucesso Habilidade

A distribuição na figura 5 pode ser considerada uma distribuição normal,

apesar de estar um pouco deslocado para a direita. Apresenta picos nos escores 20 e 25,

mas está bem distribuído. Apresenta variância de 28,717, skewness –0,244 e kurtosis –

0,483.

PORSUCES

30,0

27,5

25,0

22,5

20,0

17,5

15,0

12,5

10,0

7,5

PORSUCES

Fre

qu

ency

40

30

20

10

0

Std. Dev = 5,37

Mean = 24,2

N = 120,00

Figura 6: Português Sucesso Esforço

A distribuição na figura 6 pode ser considerada normal, mas está bastante

deslocada para a direita, com picos nos escores máximos. Apresenta variância de 28,852,

skewness –0,829 e kurtosis 0,007.

PORSUCCE

27,5

25,0

22,5

20,0

17,5

15,0

12,5

10,0

7,5

5,0

PORSUCCE

Fre

quen

cy

40

30

20

10

0

Std. Dev = 4,70

Mean = 15,6

N = 120,00

Figura 7: Português Sucesso Causas Externas

A distribuição na figura 7 pode ser considerada normal. Está bem

centralizada, porém apresenta um pico no escores 15. Apresenta variância de 22,065,

skewness –0,167 e kurtosis -0,240.

PORFRAHA

30,0

27,5

25,0

22,5

20,0

17,5

15,0

12,5

10,0

7,5

5,0

PORFRAHA

Fre

que

ncy

30

20

10

0

Std. Dev = 5,10

Mean = 13,3

N = 120,00

Figura 8: Português Fracasso Habilidade

A distribuição na figura 8 pode ser considerada normal, mas está bastante

deslocada para a esquerda, com picos nos escores entre 10 e 15. Apresenta variância de

26,037, skewness 0,565 e kurtosis 0,213.

PORFRAES

30,0

27,5

25,0

22,5

20,0

17,5

15,0

12,5

10,0

7,5

5,0

PORFRAES

Fre

que

ncy

30

20

10

0

Std. Dev = 5,22

Mean = 16,7

N = 120,00

Figura 9: Português Fracasso Esforço

A distribuição na figura 9 pode ser considerada normal. Está centralizada

com picos nos escores entre 15 e 20. Apresenta variância de 27,210, skewness 0,035 e

kurtosis 0,273.

PORFRACE

30,0

27,5

25,0

22,5

20,0

17,5

15,0

12,5

10,0

7,5

5,0

PORFRACE

Fre

quen

cy

50

40

30

20

10

0

Std. Dev = 4,06

Mean = 16,0

N = 120,00

Figura 10: Português Fracasso Causas Externas

A distribuição na figura 10 pode ser considerada normal. Está centralizada,

com pico no escore 15. Apresenta variância de 16,454, skewness 0,293 e kurtosis 1,182.

MATSUCHA

30,0 27,5 25,0

22,5 20,0 17,5 15,0

12,5 10,0 7,5 5,0

MATSUCHA

Frequency

20

10

0 Std. Dev = 7,03 Mean = 17,1 N = 120,00

Figura 11: Matemática Sucesso Habilidade

A distribuição na figura 11 pode ser considerada normal, está bem

distibuída com nos escores altos em toda a curva. Apresenta variância 49,368, skewness

0,056 e kurtosis –1,014.

MATSUCES

32,5

30,0

27,5

25,0

22,5

20,0

17,5

15,0

12,5

10,0

7,5

5,0

MATSUCES

Fre

quen

cy

30

20

10

0

Std. Dev = 5,70

Mean = 23,5

N = 120,00

Figura 12: Matemática Sucesso Esforço

A distribuição na figura 12 pode ser considerada normal, mas está bastante

deslocada para a direita, com picos em escores altos alternados. Apresenta variância de

32,503, skewness –0,936 e kurtosis 0,315.

MATSUCCE

25,0

22,5

20,0

17,5

15,0

12,5

10,0

7,5

5,0

MATSUCCE

Fre

qu

ency

30

20

10

0

Std. Dev = 4,30

Mean = 15,9

N = 120,00

Figura 13: Matemática Sucesso Causas Externas

A distribuição na figura 13 pode ser considerada normal. Está bem

centralizada com picos centrais. Apresenta variância 18,531, skewness –0,188 e kurtosis

0,014.

MATFRAHA

30,0

27,5

25,0

22,5

20,0

17,5

15,0

12,5

10,0

7,5

5,0

MATFRAHA

Fre

qu

ency

30

20

10

0

Std. Dev = 6,07

Mean = 14,7

N = 120,00

Figura 14: Matemática Fracasso Habilidade

A distribuição na figura 14 pode ser considerada normal, mas está um

pouco deslocada para a esquerda, com picos entre os escores 10 e 20. Apresenta variância

de 36,899, skewness 0,454 e kurtosis –0,541.

MATFRAES

30,0

27,5

25,0

22,5

20,0

17,5

15,0

12,5

10,0

7,5

5,0

MATFRAES

Fre

qu

ency

40

30

20

10

0

Std. Dev = 4,93

Mean = 17,3

N = 120,00

Figura 15: Matemática Fracasso Esforço

A distribuição na figura 15 pode ser considerada normal. Está centralizada,

com pico no escore 15. Apresenta variância 24,309, skewness 0,270 e kurtosis –0,265.

MATFRACE

27,5

25,0

22,5

20,0

17,5

15,0

12,5

10,0

7,5

5,0

MATFRACE

Fre

quen

cy

40

30

20

10

0

Std. Dev = 4,47

Mean = 15,4

N = 120,00

Figura 16: Matemática Fracasso Causas Externas

A distribuição na figura 16 pode ser considerada normal. Está centralizada,

com pico no escore 15. Apresenta variância de 19,973, skewness 0,143 e kurtosis -0,117.

Os resultados mostram que a distribuição de Português Sucesso atribuídos à

causas externas (Figura 7), Português Fracasso atribuído ao esforço (Figura 9) e à causas

externas (Figura 10), a matemática Sucesso atribuído à habilidade (Figura 11) e à causas

externas (Figura 13), Matemática Fracasso atribuído ao esforço (Figura 15) e à causa

externas (Figura 16) é uma distribuição centralizada.

A distribuição de Português e Matemática Sucesso atribuído ao esforço

(Figura 6 e Figura 12 respectivamente) está bastante deslocada para a direita. A

distribuição de Português Sucesso à habilidade (Figura.5) está um pouco deslocada para a

direita. A distribuição de Português Fracasso atribuído à habilidade (Figura 8) e a

Matemática Fracasso atribuído à habilidade (Figura 14) está um pouco deslocada para a

esquerda.

Resultados das correlações entre os tipos de Meta de Realização a as atribuições de

causalidade

Num segundo momento, foram feitas também as correlações entre as metas

e as atribuições.

TABELA 6 - Correlações entre Atribuições para sucesso em Matemática e Metas

M. Aprender M. Perf. Aprox. M. Perf. Evit.

Matsucha 0,119 0,014 -0,157

Matsuces 0,464* 0,006 -0,079

Matsucce 0,004 0,022 0,210*

TABELA 7 - Correlações entre Atribuições para sucesso em Português e Metas

M. Aprender M. Perf. Aprox. M. Perf. Evit.

Portsucha 0,356 0,012 -0,185

Portsuces 0,592* -0,045 0,006

Portsucce -0,023 0,020 0,307

Os resultados obtidos demonstram que as maiores correlações positivas das

escalas relacionadas ao sucesso em matemática com as metas são entre o sucesso atribuído

ao esforço e a meta aprender (0,464), entre o sucesso atribuído à causas externas e a meta

performance evitação (0,10), sendo que correlações negativas são encontradas entre o

sucesso atribuído à habilidade e a meta performance evitação e entre o esforço e,

novamente, a meta performance evitação (Tabela 6). Esses dados podem indicar que os

alunos que adotam a Meta Aprender atribuem seu sucesso ao esforço. Os alunos que

adotam a Meta Performance Evitação atribuem seu sucesso à causas externas e não

atribuem ao esforço e à habilidade. Na disciplina de Matemática esse resultado confirma a

tendência apontada pela literatura.

Na Tabela 7 observamos a mesma tendência que na Tabela 6. As correlações

entre as atribuições para o sucesso em Português e Matemática à habilidade e ao esforço e a

Metas Aprender são positivas, assim como as correlações entre as atribuições para o

sucesso em Português e Matemática à habilidade e Meta Performance Aproximação.

Correlações entre as atribuições do sucesso à habilidade e ao esforço e a

Meta Performance Evitação são negativas.

Nas correlações entre as escalas relacionadas ao sucesso em Português e as

metas a maior correlação também é entre o sucesso atribuído ao esforço e a meta aprender

(0,592). As correlações entre o sucesso atribuído à habilidade e a meta aprender e entre o

sucesso atribuído à causas externas e a meta performance evitação também são

relativamente altas. Foram encontradas correlações negativas entre o sucesso atribuído à

causas externas e a meta aprender, o sucesso atribuído ao esforço e a Meta Performance

aproximação e o sucesso atribuído à habilidade e a Meta Performance Evitação.

Esses dados podem indicar que os alunos que adotam a Meta Aprender

atribuem seu sucesso ao esforço também na disciplina de Português e não atribuem à causas

externas. Os alunos que adotam a Meta Performance Evitação não atribuem seu sucesso à

habilidade e os alunos que adotam a Meta Performance Aproximação não atribuem seu

sucesso ao esforço.

TABELA 8 - Correlações entre Atribuições para fracasso em Matemática e Metas

M. Aprender M. Perf. Aprox. M. Perf. Evit.

Matfraha -0,195* 0,063 0,236*

Matfraes -0,155* 0,247* 0,217*

Matfrace -0,027 -0,076 -0,022

TABELA 9 - Correlações entre Atribuições para fracasso em Português e Metas

M. Aprender M. Perf. Aprox. M. Perf. Evit.

Portfraha -0,319* 0,214* 0,255*

Portfraes -0,071 0,030 -0,005

Portfrace -0,056 0,021 0,198

As maiores correlações obtidas entre cada uma das metas e as escalas

relacionadas ao fracasso em Matemática são entre o fracasso atribuído ao esforço e as

metas performance aproximação e evitação e o fracasso atribuído à habilidade e a meta

performance evitação.

Correlações negativas foram encontradas entre as três atribuições

(habilidade, esforço e causas externas) apresentadas para explicar o fracasso e a meta

aprender e também entre o fracasso atribuído à causas externas e as metas performance

aproximação e evitação (Tabela 8).

Esse dados indicam a tendência do aluno que adota as Metas Performance

Aproximação e Evitação à atribuir seu fracasso à falta de esforço e não atribuir à causas

externas e do aluno que adota a Meta Performance Evitação à atribuir seu fracasso à falta

de habilidade.

Na Tabela 9 também observamos a mesma tendência que na Tabela 8. As

correlações entre as atribuições para o fracasso em Português e Matemática à habilidade, ao

esforço e a Metas Performance Aproximação são positivas, assim como as correlações

entre as atribuições para o fracasso em Português e Matemática à falta de habilidade e Meta

Performance Evitação.

As correlações entre as atribuições para o fracasso em Português e

Matemática à habilidade, ao esforço e à causas externas e a Metas Aprender são negativas.

Nas correlações entre as escalas relacionadas ao fracasso em Português e as

metas as correlações mais altas são entre o fracasso atribuído à habilidade e as metas

performance aproximação e evitação, seguidas do fracasso atribuído à causas externas e a

meta performance evitação. Os alunos que adotam as metas performance aproximação e

evitação atribuem mais seu fracasso à falta de habilidade e os alunos que adotam a meta

performance evitação atribuem mais seu fracasso à causas externas.

Correlações negativas foram encontradas entre as três atribuições

(habilidade, esforço e causas externas) e a meta aprender e entre o fracasso atribuído ao

esforço e a meta performance evitação, indicando que os alunos que adotam a meta

performance evitação não atribuem seu fracasso à falta de esforço (Tabela 9).

De acordo com os dados obtidos, as maiores correlações são encontradas

entre o sucesso atribuído ao esforço e a meta aprender, tanto em português quanto em

matemática e correlações negativas são encontradas entre todas as atribuições (habilidade,

esforço e causas externas) do fracasso e a meta aprender, tanto em matemática como em

português.

DISCUSSÃO

Os resultados encontrados apontam que dos sujeitos que foram classificados

como adotando uma única meta (cerca de 63%), 24% adotam a Meta Aprender, 24% a

Meta Performance Evitação e 15% a Meta Performance Aproximação. Verifica-se que a

mesma porcentagem de alunos adotam a meta mais adaptada (Aprender) e a menos

adaptada (Performance Evitação).

De acordo com os resultados de diversos estudos, a Meta Aprender parece

associada a esforço, persistência, processamento de profundidade e a Meta Performance

Aproximação favorece o desempenho em termos de notas, a persistência e ao esforço, mas

com tendência a processamento de superfície. A Meta Performance Evitação aparece

relacionada com baixa persistência, pouco esforço e tendência à ansiedade (Bzuneck,

2001b). Os autores têm sugerido que o melhor padrão auto-regulador das aprendizagens é o

de alunos que adotarem simultaneamente a Meta Aprender e a Meta Performance

Aproximação.

Entre os sujeitos que adotam as metas mistas (aproximadamente 37%), 15%

adotam as 2 Metas Performance (Evitação e Aproximação), ou seja, eles possuem

características que englobam aspectos do dois componentes da Meta Performance: o de

aproximação: busca de aparecer como inteligente, ou de ser o primeiro ou de figurar entre

os melhores e o de evitação: de aparecer como incapaz ou de estar entre os mais fracos da

classe.

Os resultados encontrados referentes às atribuições de causalidade mostram

que as maiores médias encontradas foram as de atribuição para sucesso em ambas as

disciplinas ao esforço, ou seja, o esforço é a atribuição mais indicada pelos alunos para

explicarem o sucesso, tanto em Português, como em Matemática. Esse resultado pode ser

considerado como sendo positivo, o esforço é uma causa interna, instável e controlável.

Nesta visão, o esforço pode ser modulado, tanto para manter ou aumentar o sucesso, como

para evitar futuros fracassos. A atribuição de sucessos a causas externas, instáveis e

incontroláveis – como a sorte - seriam as mais desfavoráveis, por produzirem uma

impressão de falta de controle, tanto para produzir o sucesso como para evitar o fracasso

(Coll , 2000, Martini e Boruchovitch, 2001).

As correlações encontradas confirmam os achados da literatura, uma vez que

a Meta Aprender parece mais correlacionada a atribuição ao esforço nas situações de

sucesso em ambas as disciplinas. No estudo de Ames e Archer (1988) os estudantes

identificados como os que utilizam a meta aprender também atribuíram seu sucesso ao seu

alto esforço e às suas estratégias de aprendizagem efetivas.

A importância de verificar-se como os alunos atribuem causalidade aos

resultados, sejam eles bons ou maus está no fato de que as atribuições possibilitam que o

aluno acredite na recuperação do fracasso, bem como na chance de se manter o sucesso

alcançado e obtê-lo novamente no futuro.

Rodrigues (1984b) afirma que o aluno que atribui o fracasso numa prova à

habilidade tende a experimentar sentimentos de desespero, frustração e desesperança e

fracassos repetidos sob esse enfoque conduzem ao abandono da escola ou perda de

entusiasmo por assuntos acadêmicos .

Conforme as atribuições que os alunos fizerem para seus sucessos e

fracassos, haverá reflexos na auto-estima, autoconceito e expectativas futuras deles. Isto

representa maior ou menor persistência nas atividades, evitação ou procura pelas tarefas

consideradas mais difíceis e forte influência na motivação para realização.

Conclui-se então que as atribuições que os alunos fazem sobre o sucesso ou

fracasso escolar interferem significativamente no seu desempenho, gerando aumento na

motivação e sucesso, ou na evasão e no fracasso.

Para levar o aluno a fazer atribuições adaptadas deve haver um trabalho em

conjunto entre escola, alunos, professores, no sentido de mostrarem aos alunos suas

capacidades, suas habilidades e a possibilidade de superarem suas dificuldades com o

esforço e o suo de suas potencialidades, já que tanto as dificuldades como a capacidade dos

alunos não são necessariamente estáveis e incontroláveis.

Como os estudos nessa área aqui no Brasil são poucos, esse estudo

contribuiu para se verificar em adolescentes brasileiros se os achados da literatura também

se aplicariam aqui. Os resultados obtidos entre o grupo de adolescentes brasileiros

apresentam a mesma tendência verificada na literatura.No entanto, as correlações

apresentaram valores baixos. Estudos posteriores poderiam auxiliar na verificação da

tendência dos resultados observados nesse estudo.

Faz-se necessário portanto, a realização de mais estudos nessa área, que

englobem maior número de sujeitos e que sejam dirigidos a : validar instrumentos e

abranger uma amostra maior.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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sucesso e fracasso escolar por crianças brasileiras. In: BORUCHOVITCH, E. & BZUNECK, J. A. (Orgs.). (pp.149-166). A motivação do aluno: contribuições da psicologia contemporânea. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

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ANEXOS

ANEXO A: CARTA DE APRESENTAÇÃO

ANEXO B: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ANEXO C: ESCALA DE AVALIAÇÃO DE METAS DE REALIZAÇÃO

ANEXO D: ESCALA SYDNEY DE ATRIBUIÇÃO (S.A.S)