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A morte não é o FIM

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A morte não é o FIM

Assis AzevedoJoão Maria (espírito)

4ª ediçãoMatão, SP

2017

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A MORTE NÃO É O FIM

Capa e projeto gráfico: Equipe O ClarimRevisão: Lúcia Helena Lahoz Morelli

Todos os direitos reservados© Casa Editora O Clarim (Propriedade do Centro Espírita O Clarim)Rua Rui Barbosa, 1070 — Centro — Caixa Postal 09CEP 15.990-903 — Matão-SP, BrasilFone: (16) 3382-1066CNPJ: 52.313.780/0001-23Inscrição Estadual: 441.002.767.116www.oclarim.com.br | [email protected]/casaeditoraoclarim

FICHA CATALOGRÁFICA

Assis Azevedo, pelo espírito João MariaA morte não é o fim1ª edição: maio/2006 - 10.000 exemplares4ª edição: outubro/2017 - 25.001 a 31.000 exemplaresMatão/SP: Casa Editora O Clarim384 páginas – 14 x 21 cm

ISBN – 978-85-7357-166-0 CDD – 133.9

Índice para catálogo sistemático:

133.9 Espiritismo133.901FilosofiaeTeoria133.91 Mediunidade133.92 Fenômenos Físicos133.93 Fenômenos Psíquicos

Impresso no BrasilPresita en Brazilo

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Sumário

7 Capítulo IO passeio

23 Capítulo IIO desespero

39 Capítulo IIIImortalidade do espírito

55 Capítulo IVVida após vida

71 Capítulo VColônia Espiritual Luz Eterna

87 Capítulo VISocorro espiritual

103 Capítulo VIIEmergência

119 Capítulo VIIIUnidos pela dor

135 Capítulo IXO despertar

151 Capítulo XO resgate de Roberto

167 Capítulo XIO V Anexo

181 Capítulo XIIUm caso para estudo

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197 Capítulo XIIIA transferência

213 Capítulo XIVA volta de Albertinho

237 Capítulo XVRecordações

253 Capítulo XVIIntuição de mulher

269 Capítulo XVIITomaz e Joel

283 Capítulo XVIIILutando por uma existência

297 Capítulo XIXLígia

311 Capítulo XXRoberto, Paulinho e Joel

329 Capítulo XXIElucidações sobre a reencarnação

345 Capítulo XXIIO sonho

363 Capítulo XXIIINovas existências

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Capítulo I

O passeio

O carro rodava em alta velocidade, atravessando as ruas da grande cidade, passando em sinais fechados, ziguezaguean-do entre os demais automóveis que trafegavam àquela hora,

fazendo ultrapassagens arriscadas e proibidas. O veículo, tipo ca-minhonete, último modelo, sempre pedia mais e mais aceleração, pois seu motor era muito potente.

O motorista era um rapaz magro, moreno, cabelos desgre-nhados, altura mediana, com óculos escuros, vestido com uma bermuda de surfista e uma camiseta que deixava à vista várias ta-tuagens nos braços, pernas, costa e peito. Ele carregava no lado esquerdo da boca um cigarro.

Os passageiros davam gritos de alegria quando Joel fazia ma-nobras arriscadas ou ultrapassagens na avenida em alta velocidade.

– Vamos, colega, bota essa geringonça para andar! – gri-tava um.

– Não posso acreditar que o grande Joel está perdendo suas qualidades de grande motorista – provocava outro.

– Passa essa garrafa para cá, cara! – pedia outro.– Calma, amigo! Deixe-me tomar a minha, enquanto ainda

tem – dizia outro.

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Os passageiros da caminhonete compunham-se de quatro jo-vens, três rapazes com idade variando entre 17 e 20 anos, e uma bela moça, morena, alta, com 18 anos, namorada de Joel.

– Vamos mais rápido, Joel! As meninas só vão esperar até as 10 horas!

– Calma, Rosa Maria! Ainda está cedo – respondeu o na-morado.

Roberto, um rapaz loiro, de cabelos compridos, cheio de ta-tuagens, nu da cintura para cima, com algumas correntes de prata e ouro penduradas ao pescoço, levou uma garrafa à boca tomando um gole da bebida. Rindo, pediu ao amigo:

– Passa para cá esse negócio! Vou dar um “tapa”, para ficar mais esperto!

– Cuidado, Roberto, para não “apagar” logo. Ainda temos três dias pela frente – chamou-lhe a atenção um amigo de feições simpáticas, também loiro, altura média e corpo “sarado”, como se referem os jovens à nova moda de cultuar o corpo.

– Não se preocupe, Albertinho. Sou duro na queda.Albertinho, garoto de 17 anos, era o mais educado, e, embora

estivesse meio eufórico por causa da bebida que já ingerira, ainda se mantinha controlado.

O carro enveredou por ruas estreitas e desembocou nova-mente numa bela avenida, chegando a desenvolver quase 180 qui-lômetros por hora.

– Vá mais devagar, Joel! Já estamos chegando na casa das me-ninas – pediu Rosa Maria.

– Deixa comigo, amor.De repente o rapaz fez uma curva fechada e entrou numa ala-

meda, estacionando o veículo em frente a uma bela mansão.

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Joel pulou do carro, correu para as duas moças que estavam de pé, cumprimentou-as e perguntou:

– Vocês estão prontas?– Vocês é que estão atrasados! – disse uma delas.As moças tinham entre 15 e 17 anos, ambas loiras, bonitas e

apresentando aspectos alegres, próprios dos jovens.Rosa abraçou as amigas e depois disse:– Entrem logo no carro! Temos que viajar umas duas horas

até chegar à casa de praia.– Diana vai se sentar ao meu lado – disse Albertinho, referin-

do-se à sua mais nova namorada.Roberto, que estava sempre rindo, olhou para a outra moça

e disse:– Bem, Clarice, só lhe resta ir ao meu lado.– Ainda bem, cara, que me restou o lugar que eu estava

desejando.Roberto riu e disse:– Então, entre! Vamos, Joel, bota essa carroça para andar!Após colocarem as bagagens no porta-malas, Joel acelerou

o carro e partiu em direção à rodovia que os levaria à praia, que ficava a 150 quilômetros dali.

O automóvel deslizava no asfalto, sempre ultrapassando os veículos que trafegavam naquela perigosa rodovia estadual a uma velocidade alucinante.

Os passageiros começaram a cantar e a falar alto. Já haviam bebido muito e o barulho do carro e do vento fazia com que eles aumentassem as vozes para se fazerem ouvir.

– Cuidado, Joel, vá mais devagar – pediu Rosa Maria.– Deixe comigo! Quem está comigo está com Deus!

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– É isso aí, Joel! Bota essa carroça pra voar! – disse, às garga-lhadas, Roberto.

Após uma hora e alguns minutos, o carro entrou numa pe-quena cidade ensolarada do litoral, onde se podiam observar vá-rios carros chegando para passar o feriadão. Joel dirigiu mais um pouco e entrou na garagem de um casarão típico de praia. Saiu do carro e gritou:

– Pessoal, vamos descer e aproveitar a vida!Rosa Maria também gritou:– Coloquem a bagagem pra dentro e vamos dividir as tarefas!Albertinho fitou a moça e disse:– É isso aí, irmã! Bote moral na galera!– Tome cuidado com sua vida, Albertinho – alertou Rosa Maria.Joel abraçou a moça e disse:– A Rosa precisa tomar alguma coisa forte para deixar essa

seriedade.– Você sabe muito bem que não bebo nem uso nada que em-

bote os meus sentidos.Roberto começou a rir alto, enquanto abraçava e beijava Cla-

rice. Ele falou brincando:– Vamos respeitar minha irmãzinha! Quase que ela não acei-

ta vir com a gente.Rosa Maria era irmã de Roberto, ambos filhos de um casal de

médicos famosos.– Ela só veio porque a mamãe insistiu muito – falou o irmão.Joel, que estava meio tonto de beber a todo instante, disse:– Não sei que graça tem aquela religião, para enfeitiçar tanto

a Rosa.– Joel, vamos preparar alguma coisa para almoçar e deixe de

falar daquilo que você desconhece, certo?

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– Ok!Após arrumarem de qualquer jeito a bagagem na casa, alguns

correram para o mar. Rosa Maria ficou limpando a cozinha e ten-tando fazer alguma coisa para comerem.

Após algumas horas, a turma voltou gritando e rindo, uns já bêbados e outros “chapados”, tendo estes usado algum tipo de entorpecente.

Roberto começou a cantar e a tocar seu violão, sendo acom-panhado pelos demais.

Joel quase não se aguentava em pé e ria por qualquer motivo. Ele chegou perto de Rosa e beijou-a, tentando fazer-lhe uma carí-cia mais ousada e sendo imediatamente rechaçado por ela.

– Não, Joel! Você sabe muito bem que não sou disso!– Acho que vou procurar outra menina para “ficar”! Você é

metida a santa!– Quando você estiver bem, vamos conversar.– Deixa, cara! Você sabe muito bem que ela é espírita e não

aceita certas coisas – disse Albertinho.Joel era filho de pais separados. O pai era empresário e quase

não o via. A mãe era psicóloga e, no momento, estava namorando um homem do qual ele não gostava.

Roberto continuava cantando, acompanhado pelas garotas Diana e Clarice.

Albertinho estava fumando um “baseado”. Quando olhou para o lado, viu Rosa observando-o. Ela pediu carinhosamente ao rapaz:

– Meu amigo, não faça isso. Fico triste quando o vejo nesse estado, pois sei que você tem um coração muito bom.

– Cara, não sei mais o que fazer desta vida.– Aquela garota não merece você – e fez um gesto com o

queixo em direção a Diana.

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– Você é muito pura, Rosinha. Acho que não mereço ser seu amigo.

– Levante-se e venha comer alguma coisa.– Depois...Rosa Maria começou a chorar. Ela amava aquele rapaz e não

gostava de vê-lo naquela situação. Ela só namorava Joel porque sabia que Albertinho era apaixonado pela bela Diana.

Roberto, alegre e meio bêbado, chamou a irmã:– Rosa, venha aqui!A irmã aproximou-se e perguntou:– O que houve, Roberto?– Tome pelo menos um pouco de vinho para descontrair.– Obrigado, meu irmão. A alegria não está fora, mas sim den-

tro de nós. Estou muito bem assim. Mas não tenho nada contra vocês... Divirtam-se e não liguem para mim.

Roberto começou a rir.Rosa foi para dentro da casa, pegou um livro e leu um trecho,

pensando: “Meu Deus, perdoe meus amigos! Eles são pessoas ino-centes e boas”. Nesse momento ela ouviu alguém falar ao seu íntimo:

– Minha irmãzinha, prepare-se! Chegou a hora!Rosa ficou pensativa: “O que é isso? Será que estou sendo avi-

sada de alguma coisa?”. A jovem se sentiu muito triste, mas logo sacudiu a cabeça e disse em voz alta:

– Estou pensando besteira! Por isso é que o seu Antônio João, presidente do meu centro, diz que devemos tomar muito cuidado com determinadas manifestações mediúnicas.

Rosa Maria pertencia à mocidade do centro espírita que fre-quentava. Além de ser evangelizadora, a jovem era médium e ex-celente trabalhadora, sendo considerada por todos que a conhe-ciam uma pessoa amiga e bastante simpática.

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Os pais de Rosa, é claro, tinham verdadeira adoração por ela e sonhavam com o dia em que ela se formaria em medicina. A jovem havia passado no vestibular naquele ano e seus pais faziam questão que ela se divertisse um pouco naquele feriado.

– Está ficando maluca, mana?Rosa voltou-se e viu Roberto com os olhos vermelhos, falan-

do com dificuldade. Ela abraçou o irmão, beijou-lhe a face e disse:– Roberto, tome cuidado. Estou muito angustiada, acho que

prevendo alguma coisa ruim.– Bobagem, minha irmã!Ambos ficaram calados. Roberto sentou-se numa cadeira,

colocou a cabeça entre as mãos e começou a chorar. Rosa ficou aflita e com pena dele. Aproximou-se, então, do irmão e abraçou--o, perguntando:

– O que houve, Roberto?– Será que o papai gosta de mim?– Claro que gosta! Como você pode duvidar disso?– Eu amo meu pai, mas ele nunca me deu atenção.– Deixe de bobagem! O papai é um homem muito ocupado,

talvez apenas lhe falte tempo para conversar.– Rosa, então por que ele vive conversando com você?– Impressão sua.Roberto ficou em silêncio. Depois disse:– Acho que eu seria muito feliz se um dia ele me desse um

pouco de atenção.Rosa Maria ficou calada, pensando: “Realmente, eu nunca vi

o papai conversando com o Roberto, embora a mamãe se desdo-bre em dar atenção a ele”.

Roberto passou a mão no rosto, enxugando as lágrimas, e le-vantou-se, dizendo:

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– Mana, esqueça isso e vamos aproveitar o nosso feriado.Enquanto Roberto deixava a sala, Rosa ficou pensando, quan-

do ouviu uma voz:– Minha filha, vocês vão voltar.Ela pensou: “Acho que vou para o meu quarto fazer uma pre-

ce. Estou meio perturbada”.O feriadão foi passando. Durante aqueles dias, naquela pe-

quena cidade do litoral, muita bebida foi consumida e rolaram muita droga e muito sexo. Aqueles jovens não conheciam outra coisa a não ser o lado que a vida apresenta com insistência, princi-palmente através da mídia.

Rosa sempre conversava com Joel e tentava mostrar o lado certo da vida, porém o rapaz estava completamente confuso e em conflito com o que a vida apresentava. Ele sempre contra-argu-mentava:

– Rosa, vamos aproveitar a vida enquanto somos jovens!– Aproveitar a vida não é isso que você pensa.– Os meus pais me ensinaram, através dos exemplos que vi,

que não devemos perder tempo com essas asneiras que você cha-ma de religião. O que interessa é gozar o que a vida nos dá, o resto não vale a pena.

Rosa ficou em silêncio. Ela pensava: “Ele tem razão. Foi cria-do num ambiente em que sempre viu o lado fácil da vida e não poderia pensar diferente”.

Na última noite que passariam naquele lugar, eles foram con-vidados a participar de uma “festinha” numa casa muito grande, na qual havia duas piscinas – propriedade de um grande empresá-rio conhecido na cidade deles.

Chegando ao local, ficaram logo à vontade entre os vários adolescentes e alguns adultos que estavam presentes.

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Uma moça muito bonita e bronzeada veio recebê-los.– Sejam bem-vindos! Fiquem à vontade, pois a casa é de vo-

cês. Meu nome é Marta.A “galera do Joel”: assim era conhecido pela rapaziada o pes-

soal que acompanhava aquele jovem simpático, que topava qual-quer parada. Ele identificou-se e a partir daquele momento já fazia parte da turma que entraria no “embalo”.

Rosa Maria tomava refrigerante e não estava se sentindo bem. Ela acompanhara a turma somente para atender ao pedido do namorado.

A garota começou a observar que aqueles jovens estavam ingerindo muita bebida alcoólica e se drogando, enquanto, num som de alta potência, tocava um rock pesado que lhes atiçava os sentidos inferiores.

Eram quase duas horas da madrugada, quando se ouviu um grito:

– Pessoal!!! Tem alguém passando mal!Todos correram e viram na margem da piscina um rapaz dei-

tado no chão, enquanto outro tentava reanimá-lo fazendo respira-ção boca a boca; o jovem tivera um princípio de parada cardíaca, decorrente do elevado consumo de bebidas e drogas.

Rosa, que também correra a fim de tentar ajudar, surpreen-deu-se ao constatar que se tratava de Albertinho. Ela começou a chorar e a fazer mentalmente uma prece: “Meu Deus, não deixe que essa criatura morra! Ele é tão jovem e não sabe o que está fa-zendo!”. Depois se acercou mais dele e ajudou a reanimá-lo.

Albertinho já estava melhor e procurou repousar numa ca-deira de praia.

Rosa Maria estava bastante preocupada. A “festa” havia se transformado numa orgia; podiam-se observar algumas pessoas

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caídas, outras falando coisas sem nexo e o sexo sendo praticado como algo absolutamente natural. A droga corria de mão em mão; enfim, aqueles filhos de Deus estavam totalmente dominados pe-las forças do mal.

A moça pensava: “Meu Deus, por que essas criaturas estão tão perturbadas a ponto de esquecerem o Senhor?”. Caminhou, então, ao encontro dos companheiros e sugeriu que todos fossem embora dali.

Joel já não sabia o que estava fazendo ao ser convidado a ir embora, mas pediu, com a voz meio embolada:

– Rosa, vamos ficar mais um pouco?– Não, vamos embora! Já chega por hoje! Além disso, não

esqueça que amanhã você vai dirigir.– Rosa, você é muito careta. Logo agora que a festa está no

auge você quer ir embora – falou Diana, bêbada e quase nua, abra-çada a Roberto.

– Diana, já chega! Vamos embora!Diana se acalmou e, olhando para Roberto, disse:– Tudo bem, garota.Assim, Rosa conseguiu levar os amigos para casa. Alguns

deitaram de qualquer jeito e outros ficaram ao relento – ninguém tinha noção do que estava acontecendo.

O sol começou a mostrar os seus primeiros raios, anunciando um novo dia. Quase ao meio-dia, alguns dos adolescentes levanta-ram-se com dificuldade e tentaram tomar alguma coisa para curar a ressaca.

Rosa Maria gritou para que todos ouvissem:– Na cozinha tem café, suco, queijo e outras coisas, para

quem quiser melhorar da ressaca. Não esqueçam que logo mais, às 16 horas, vamos retornar para casa.

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Albertinho, ainda tonto, disse:– Eu vou ficar por aqui, depois vou embora.Rosa disse imediatamente:– Você vai voltar conosco. Viemos juntos e juntos voltaremos.– Ok, patroa!O pessoal, aos poucos, foi melhorando e começou a fazer

uma faxina na casa, para deixá-la limpa como a haviam encontra-do, sempre comandados por Rosa, que dizia:

– Mesmo a casa sendo dos meus pais, é nosso dever entregá--la como a recebemos.

As horas passaram e todos já estavam preparados para retor-nar às suas casas. Rosa aproximou-se de Joel e perguntou:

– Você está em condições de dirigir?– Claro, amor. Já estou novinho.Roberto aproveitou a conversa e disse:– Caso você não esteja em condições, pode deixar comigo,

pois já estou dirigindo bem.– Acho melhor o Joel dirigir, já que o carro é dele – disse Rosa.Mais ou menos às 16 horas o carro partiu, levando aqueles

jovens de volta às suas residências.Rosa Maria não parava de orar. Seu peito estava apertado

e, quase chorando, ela se perguntava mentalmente: “Meu Jesus, o que está acontecendo comigo? Que sensação estranha!”. Então ouviu alguém dizer:

– Minha filha, o seu tempo terminou. Agora, volte. Essas criaturas que estão com você são de sua inteira responsabilidade.

Rosa meditou e pediu:– Joel, por favor, pare o carro.Joel estranhou a atitude da namorada, mesmo assim procu-

rou um acostamento e estacionou o carro, perguntando:

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– O que houve, Rosa?– Não estou me sentindo bem!– Então, vamos esperar até que você melhore.Após alguns minutos, Rosa, que estava sentada no acosta-

mento fitando o vazio, levantou-se e disse:– Vamos, estou melhor.O carro partiu.Joel falou para Rosa:– Daqui a 20 quilômetros tem um lugar legal. Vamos fazer

um lanche, enquanto você se recupera.– Não se preocupe, Joel.Logo depois, o carro estacionou num lugar onde havia um

bar coberto de palha. Joel saiu do carro e disse:– Pessoal, vamos demorar por aqui uns dez minutos, enquan-

to a Rosa melhora um pouco mais.Rosa Maria se distanciou dos amigos e sentou-se numa pe-

dra que ficava afastada do bar. Começou a pensar: “Por que estou com medo? Será que vai acontecer alguma coisa no caminho?”. De repente ela sentiu um abraço envolvê-la, enquanto alguém falava:

– O que você tem, minha amiga?Ela viu que era Albertinho e respondeu:– Não se preocupe, Alberto.– Estou preocupado com você.– Por quê?– Porque eu a amo como a uma irmã. Será que isso não é

suficiente?Rosa Maria ficou decepcionada. Ela esperava que ele a amas-

se de verdade.– Alberto, nunca vou esquecer você. Se nesta vida houve um

desencontro entre nós, acredito que foi porque assim Deus quis.

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– Que papo é esse, cara? Será que você está pressentindo algo de ruim?

– Esqueça, amigo. Acho que não estou boa da cabeça.– Estou me sentindo esquisito, como se estivesse com frio.– Talvez seja por causa do porre que você tomou ontem.– Pode ser...Rosa levantou-se e disse:– Vamos indo!Todos entraram no carro e tomaram o caminho de casa. Joel,

a cada momento, aumentava a velocidade da caminhonete, que sempre pedia mais aceleração.

Rosa Maria falou para o namorado:– Vá devagar, Joel. Não precisa correr tanto, pois antes das 18

horas chegaremos em casa.– Deixe comigo! Eu sei o que estou fazendo.A maioria dos passageiros dormia, talvez cansada pelas noi-

tes maldormidas e pelo efeito das bebidas e entorpecentes que ha-viam consumido durante aqueles dias.

O carro sempre fazia ultrapassagens e entrava em curvas pe-rigosas, obedecendo à vontade do motorista, que estava ansioso e com os reflexos diminuídos pelos efeitos da bebida ingerida na noite anterior.

Com o olhar fixo na estrada, Rosa Maria continuava sentindo o mesmo mal-estar, quando viu o carro encostar atrás de um ôni-bus de turistas e observou que Joel tentava ultrapassar o veículo e não conseguia. Ela pegou o braço do rapaz e pediu:

– Joel, pelo amor de Deus, tome cuidado!– Rosa, deixe comigo! Estou tentando ganhar tempo, mas esse

ônibus anda muito devagar e, além disso, na frente dele vai outro ônibus na mesma velocidade. Assim não vamos chegar nunca!

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– Não precisa pressa. Só faça a ultrapassagem com segurança.– Certo, boneca.Joel ficou dirigindo com calma, atrás do ônibus, e quando

apareceu uma reta bem conservada, própria para motoristas im-prudentes desenvolverem altas velocidades, mesmo estando cheia de lombadas perigosas, ele gritou:

– Agora vou mostrar a essas lesmas como se faz!– Cuidado, Joel! – alertou a namorada.O motorista jogou o carro para a esquerda e viu uma fila

de carros vindo em sentido contrário, então voltou rapidamente para trás do ônibus, deixando-os passar. Após alguns minutos ele jogou o carro novamente para a esquerda e como não viu nenhum carro pensou: “É agora ou nunca!”. E imediatamente começou a fazer a ultrapassagem.

Ultrapassou o primeiro ônibus, olhou para a reta, viu que es-tava limpa e pensou: “Passo o outro!”. Assim fez, e logo teve uma ideia: “Vou aproveitar e passar esses carros velhos. Depois fico li-vre”. Se mal pensou, pior o fez, e quando ia terminar de ultrapassar o último carro, apareceu na sua frente, repentinamente, em sen-tido contrário, outra caminhonete na mesma velocidade da dele ou talvez em velocidade até maior. Joel pensou: “Estou perdido!”. Tentou jogar o carro para trás do automóvel que estava à sua fren-te, mas não conseguiu: os motoristas dos carros não lhe deram passagem, pois não havia acostamento suficiente, e nem daria tempo para isso, pois tudo aconteceu numa frações de segundos.

Joel soltou o volante e botou as mãos no rosto.Rosa gritou:– Meu Deus!A turma acordou e gritou. Os gritos se confundiram com um

barulho que ninguém sabia distinguir. O carro de Joel pegou na

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lateral da outra caminhonete, que vinha na contramão, a uma ve-locidade acima de 150 quilômetros por hora, após as tentativas de brecar para dominar o veículo.

Ambos se chocaram e se desgovernaram, caindo num peque-no barranco.

Silêncio.Os motoristas dos carros que trafegavam naquela hora para-

ram e correram para tentar salvar alguém. Eles comentavam, ao olhar o estado em que tinham ficado os dois veículos:

– Pelo estado dos carros, ninguém conseguiu sobreviver!– Os automóveis estão acabados!– Vamos ligar para a polícia rodoviária!Uma das pessoas que estavam averiguando de perto os car-

ros acidentados com a esperança de salvar alguém disse catego-ricamente:

– Acho que estão todos mortos.