A Montagem Paralela Como Elemen - Armando Pilla

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A Montagem Paralela como Elemento da Linguagem Cinematográfica 1  Armando Pilla 2  Cynthia Boos de Quadros 3  Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, SC RESUMO A montagem é uma técnica que transformou o cinema, possibilitando a criação de uma linguagem própria, e tornando-o mais dinâmico. Despertando, assim, um maior interesse do  público pelo novo modelo de arte. A montagem paralela é uma das maneiras de montar um filme, onde duas, ou mais, histórias distintas se desenvolvem separadamente e convergem para um mesmo fim. Como referência de estudo o longa metragem “21 Gramas”, dirigido por Alejandro González-Iñárrituserviu, serviu de base para a análise deste tipo de montagem. Uma das etapas da  pesquisa analisou os diferentes núcleos que se desenvolvem e se cruzam durante o decorrer do filme. Buscando avaliar a relação existente entre eles. Foi foco desta análise buscar os momentos existentes na narrativa, podendo-se avaliar a duração e o ritmo que são determinados para cada uma deles. Palavras-chave: Linguagem. Cinema. Linguagem cinematográfica. Montagem. Montagem Paralela. INTRODUÇÃO Apesar de ser recente, o cinema sofreu uma grande evolução tecnológica e conceitual desde o seu surgimento. Neste sentido, Bilharinho (1997) considera que a história do cinema  pode ser dividida em dois períodos, o cinema mudo e o sonoro. O primeiro tem como principal característica o descobrimento de uma nova técnica de reprodução, que é vista como um espetáculo. Num segundo momento surge a idéia de uma nova arte uma nova linguagem. Neste momento, percebe-se a possibilidade de registrar e representar dramaticamente a vida cotidiana de uma determinada sociedade. A linguagem do cinema não se restringe apenas à narrativa da estória, mas também ao visual. A linguagem visual do cinema é composta por todos os elementos que compõem as cenas, e também pela escolha da seqüência destas cenas. Essa escolha da seqüência das cenas feita por 1  Trabalho apresentado no DT 04 – Comunicação Audiovisual do XI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul e realizado de 17 a 19 de maio de 2010. 2  Mestre em Ciências da Linguagem e Professor do Curso de Comunic ação Social da Universidade Regional de Blumenau. E- mail: [email protected] 3  Mestre em Ciências da Linguagem e Professora do Curso de Comuni cação Social da Universidade Regional de Blumenau. E- mail: [email protected]

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A Montagem Paralela como Elemento da Linguagem Cinematograacutefica1

Armando Pilla2 Cynthia Boos de Quadros3

Universidade Regional de Blumenau Blumenau SC

RESUMOA montagem eacute uma teacutecnica que transformou o cinema possibilitando a criaccedilatildeo de umalinguagem proacutepria e tornando-o mais dinacircmico Despertando assim um maior interesse do puacuteblico pelo novo modelo de arte A montagem paralela eacute uma das maneiras de montar um filmeonde duas ou mais histoacuterias distintas se desenvolvem separadamente e convergem para um

mesmo fim Como referecircncia de estudo o longa metragem ldquo21 Gramasrdquo dirigido por AlejandroGonzaacutelez-Intildeaacuterrituserviu serviu de base para a anaacutelise deste tipo de montagem Uma das etapas da pesquisa analisou os diferentes nuacutecleos que se desenvolvem e se cruzam durante o decorrer dofilme Buscando avaliar a relaccedilatildeo existente entre eles Foi foco desta anaacutelise buscar os momentosexistentes na narrativa podendo-se avaliar a duraccedilatildeo e o ritmo que satildeo determinados para cadauma deles

Palavras-chave Linguagem Cinema Linguagem cinematograacutefica Montagem MontagemParalela

INTRODUCcedilAtildeO

Apesar de ser recente o cinema sofreu uma grande evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e conceitual

desde o seu surgimento Neste sentido Bilharinho (1997) considera que a histoacuteria do cinema

pode ser dividida em dois periacuteodos o cinema mudo e o sonoro O primeiro tem como principal

caracteriacutestica o descobrimento de uma nova teacutecnica de reproduccedilatildeo que eacute vista como um

espetaacuteculo Num segundo momento surge a ideacuteia de uma nova arte uma nova linguagem Neste

momento percebe-se a possibilidade de registrar e representar dramaticamente a vida cotidiana

de uma determinada sociedade

A linguagem do cinema natildeo se restringe apenas agrave narrativa da estoacuteria mas tambeacutem ao

visual A linguagem visual do cinema eacute composta por todos os elementos que compotildeem as cenas

e tambeacutem pela escolha da sequumlecircncia destas cenas Essa escolha da sequumlecircncia das cenas feita por

1 Trabalho apresentado no DT 04 ndash Comunicaccedilatildeo Audiovisual do XI Congresso de Ciecircncias da Comunicaccedilatildeo na Regiatildeo Sul erealizado de 17 a 19 de maio de 20102 Mestre em Ciecircncias da Linguagem e Professor do Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade Regional de Blumenau E-mail apillahotmailcom3 Mestre em Ciecircncias da Linguagem e Professora do Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade Regional de Blumenau E-mail cynthiafurbbr

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um diretor eacute chamada de montagem Eisenstein cineasta e um dos principais teoacutericos da

montagem cinematograacutefica nos mostra que com a seleccedilatildeo de cenas para uma sequumlecircncia foidescoberta uma propriedade muito importante para a linguagem cinematograacutefica

Ao brincar com pedaccedilos de filme descobriram uma propriedade do brinquedo que osdeixou atocircnitos por muitos anos Esta propriedade consiste no fato de dois pedaccedilos defilme de qualquer tipo colocados juntos inevitavelmente criam um novo conceito umanova qualidade que surge da justaposiccedilatildeo Esta natildeo eacute de modo algum umacaracteriacutestica peculiar cinema mas um fenocircmeno encontrado sempre que lidamos com a justaposiccedilatildeo de dois fatos dois fenocircmenos dois objetos Estamos acostumados a fazerquase que automaticamente uma siacutentese dedutiva definida e oacutebvia quando quaisquerobjetos isolados satildeo colocados agrave nossa frente lado a lado (EISENSTEIN 1990 p 14)

Para Eisenstein a montagem eacute muito mais do que uma simples sequumlecircncia de cenas Eacute o

surgimento de um novo conceito na mente do espectador a partir do conflito de duas cenas

aparentemente distintas Por exemplo se exibirmos um close-up de uma matildeo com uma arma de

fogo e em seguida exibir a imagem de uma pessoa assustada o espectador iraacute projetar em sua

mente que a arma esta sendo apontada para a pessoa assustada Esse novo conceito que surge a

partir do espectador eacute chamado por Eisenstein de ldquoimagemrdquo Eacute esta imagem que para Eisenstein eacute

o fundamento da montagem

Isto eacute montagem Sim isto eacute o que fazemos exatamente no cinema ao combinar planosdescritivos simples em seu significado neutros em seu conteuacutedo de modo a formaremcontextos e seacuteries intelectuais (EISENSTEIN 1990 p 52)

Segundo Leone (1987 p 49) ldquoa montagem afeta diretamente as capacidades emocionais

do espectador e de outro interfere tambeacutem diretamente na significaccedilatildeo do discurso pois torna

relativos os possiacuteveis sentidos absolutos que tem os planos isoladamenterdquo Ou seja a imagem

gerada na mente de cada espectador pode ser diferente Se usarmos o exemplo citadoanteriormente o espectador poderia imaginar que a arma esta sendo apontada para a pessoa

assustada ou que a pessoa assustada esta diante da cena de um crime prestes a acontecer

A montagem oferece ao espectador uma participaccedilatildeo emotiva no filme Leone (1987)

acredita que os planos cinematograacuteficos detecircm o sentido real do mundo O montador pode dirigir

e controlar as emoccedilotildees do espectador reorganizando e realidade descrita pelos planos e fazendo

com que o espectador seja envolvido pelo filme relacionando-se com ele de maneira passiva

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Sob este enfoque a revoluccedilatildeo da montagem estaacute determinando novos horizontes na

transmissatildeo de mensagens e este potencial merece ser observado investigado e analisado natildeo agraverevelia da tecnologia mas principalmente por meio dela entendendo-a como instrumento de

articulaccedilatildeo e difusatildeo do pensamento criacutetico e reflexivo

Por isso importa analisar como a montagem estaacute sendo utilizada na produccedilatildeo de filmes de

longa metragem e quais satildeo as intencionalidades encobertas na seleccedilatildeo montagem e ediccedilatildeo

destas imagens Coletar registrar e interpretar informaccedilotildees relativas a este universo de produccedilatildeo

cinematograacutefica representa tambeacutem a tentativa de oferecer uma modesta contribuiccedilatildeo aos estudos

que vecircm sendo desenvolvidos nesta aacuterea

Portanto A abordagem da linguagem cinematograacutefica limitando-se agrave montagem seraacute

vista pela oacutetica da anaacutelise do filme 21 Gramas que conta com uma montagem atemporal Neste

sentido Leone (1987 p 44) define este tipo de montagem como ldquoorganizaccedilatildeo temporal a

paroxismosrdquo onde nunca sabemos se estamos na representaccedilatildeo presente ou na representaccedilatildeo

passada Sendo do interesse de pessoas que buscam saber sobre as teacutecnicas do cinema de pessoas

que tem o costume de assistir filmes com uma visatildeo mais critica e acadecircmicos que procuram

bibliografia para trabalhos relacionados a cinema Cabe entatildeo fazermos a seguinte pergunta O

filme 21 gramas apresenta na linguagem de sua montagem uma organizaccedilatildeo temporal

METODOLOGIA

Optou-se por desenvolver uma pesquisa do tipo descritiva com meacutetodo quantitativo cujos

resultados satildeo interpretados natildeo somente sob o ponto de vista da matemaacutetica mas tambeacutem com

uma visatildeo mais ampla sob o ponto de vista de recursos e teacutecnicas de montagem como

componentes de mensagens e principalmente como elementos de uma linguagem criada para

sustentar a significaccedilatildeo e a retoacuterica da narrativa em questatildeo Uma pesquisa exploratoacuteria comuma ampla revisatildeo da literatura sobre o tema para ajudou a reunir pressupostos cientiacuteficos que

ofereccedilam contextualizaccedilatildeo e consistecircncia ao estudo

Para anaacutelise dos dados categorizou-se o tema em trecircs grupos de informaccedilotildees 1) os

cruzamentos das diversas histoacuterias relatadas no filme 2) a montagem das histoacuterias 3) as

maneiras como as histoacuterias satildeo montadas

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A terceira e uacuteltima fase da pesquisa envolve uma leitura dos resultados quantitativos na

perspectiva da linguagem visual sob condiccedilotildees determinadas por muacuteltiplos fatores queinfluenciam todo o processo de produccedilatildeo e manifestaccedilatildeo de mensagens

Considerou-se como universo deste estudo o filme 21 gramas do diretor Alejandro

Gonzaacutelez-Intildeaacuterritu

Para composiccedilatildeo da amostra optou-se pelo processo de amostragem do tipo natildeo-

probabiliacutestico por julgamento

Linguagem Visual

De maneira simples Munari (1997) explica a comunicaccedilatildeo visual Segundo o autor

ldquopraticamente tudo que os nossos olhos vecircem eacute comunicaccedilatildeo visualrdquo (MUNARI 1997 p 65)

Munari chama o conjunto de elementos que tornam visiacutevel a mensagem de ldquosuporte visualrdquo que

satildeo ldquoTodas aquelas partes que devem ser consideradas e aprofundadas para poderem ser

utilizadas com a maacutexima coerecircncia em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeordquo O autor acredita tambeacutem que todas

as mensagens que passam atraveacutes dos nossos olhos podem ser divididas em dois tipos de

comunicaccedilatildeo a casual ou a intencional A primeira pode ser livremente interpretada por quem a

recebe seja ela uma mensagem cientifica ou esteacutetica ou de outro tipo Jaacute a comunicaccedilatildeointencional deve ser recebida na totalidade do significado pretendido pela intenccedilatildeo do emissor

Ou seja haacute mensagens que satildeo livres na sua interpretaccedilatildeo e mensagens que satildeo interpretadas

conforme o emissor deseja

Sobre linguagem visual Bretzke (1998) eacute um pouco mais especiacutefico limitando a

comunicaccedilatildeo visual tambeacutem conhecida como comunicaccedilatildeo ldquonatildeo verbalrdquo agrave transmissatildeo de

informaccedilatildeo traveacutes do corpo como um todo havendo locuccedilatildeo verbal ou natildeo Compreende todas as

informaccedilotildees que o corpo transmite durante um processo de comunicaccedilatildeo Bretzke (1998) amplia

a noccedilatildeo de comunicaccedilatildeo ao niacutevel da percepccedilatildeo do individuo emocional ou sentimental Assim

sendo toda vez que o individuo percebe uma emoccedilatildeo ou um sentimento seu corpo o comunica

Enquadramento

Aumont (1994) reforccedila que o importante neste ponto eacute observar que reagimos diante da

imagem fiacutelmica como diante da representaccedilatildeo muito realista de um espaccedilo imaginaacuterio que

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aparentemente estamos vendo Mais precisamente como a imagem eacute limitada em sua extensatildeo

pelo quadro parece que estamos captando apenas uma porccedilatildeo de espaccedilo imaginaacuterio que estaacutecontida dentro do quadro que o autor chamaraacute de campo Portanto campo eacute tudo aquilo que estaacute

visiacutevel dentro do espaccedilo imaginaacuterio que Aumont (1994) designa como nome de espaccedilo fiacutelmico

ou cena fiacutelmica Dentro deste espaccedilo fiacutelmico podemos identificar o plano este termo eacute usado

quando queremos nos referir agrave presenccedila mais ou menos destacada da figura humana dentro do

quadro

Composiccedilatildeo

Outra caracteriacutestica da imagem ou sinal cinematograacutefico eacute a composiccedilatildeo Pereira (1980 p

37) comenta que ldquocompor eacute relacionar linhas luzes sombras cores e massas nas trecircs dimensotildees

(altura largura e profundidade) dentro deste enquadramento ou planordquo A composiccedilatildeo guiaraacute a

visatildeo do espectador

Natildeo haacute pois ponto ideal de visualizaccedilatildeo dentro do quadro cinematograacutefico adistribuiccedilatildeo e relacionamento de linhas luzes cores e massa eacute que ldquochamaraacute a atenccedilatildeordquodo espectador para este ou aquele ponto do enquadramento (PEREIRA 1980 p 41)

A composiccedilatildeo portanto aleacutem de ser um artifiacutecio atraveacutes do qual se daacute alguma informaccedilatildeo

eacute mais ainda um instrumento expressivo Natildeo apenas mostra coisas mas coisas carregadas de

intenccedilotildees significados Podemos compor um quadro de diversas maneiras Pereira (1980) divide

a aacuterea da composiccedilatildeo em composiccedilatildeo linear composiccedilatildeo por luz composiccedilatildeo de cores

composiccedilatildeo de massas composiccedilatildeo em profundidade composiccedilatildeo por angulaccedilatildeo do quadro e

enquadramento dentro do enquadramento Geralmente um dos tipos de composiccedilatildeo predomina noquadro mas eacute comum encontrarmos estilos de composiccedilotildees diferentes no mesmo quadro

Movimento

O movimento estaacute presente na imagem cinematograacutefica Segundo Pereira (1980 p 51)

ldquohaacute trecircs tipos de movimento imaginal cinematograacutefico um dentro do enquadramento outro por

deslocaccedilatildeo de enquadramento e um terceiro provocado pela conjunccedilatildeo de imagens eacute a

montagemrdquo O movimento dentro do enquadramento diz respeito ao modo como eacute exibida a

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accedilatildeo Podemos exibir a accedilatildeo na mesma velocidade em que ela foi filmada desta forma o mesmo

tempo que uma accedilatildeo demorou para ser realizada ela seraacute exibida Ou entatildeo podemos produziruma alteraccedilatildeo da reproduccedilatildeo plaacutestica do movimento dando um efeito de ldquoretardamentordquo ou

ldquoaceleraccedilatildeordquo do movimento A filmagem quadro a quadro eacute considerada segundo Pereira (1980)

uma forma de movimento dentro do enquadramento Desta forma Pereira (1980 p 53) afirma

que

Com a cacircmera fixada a um tripeacute fotografa-se quadro a quadro um objeto inanimadoem varias posiccedilotildees e lugares diferentes Na projeccedilatildeo ele pareceraacute ter vida proacutepriadeslocando-se de caacute para laacute numa velocidade que dependeraacute do numero de fotos batidas

de cada posiccedilatildeo estaacutetica do objeto quanto menor o numero destas maior a ldquoanimaccedilatildeordquoe vice-versa (PEREIRA 1980 p 54)

Montagem

A linguagem cinematograacutefica surge com o objetivo de transformar o cinema em arte

tornar o cinema em uma forma de expressatildeo e comunicaccedilatildeo onde se possa atraveacutes dele transmitir

ideacuteias e conceitos

A montagem tem o dever de organizar a relaccedilatildeo entre todos os outros elementos da

linguagem cinematograacutefica Como explica Mouratildeo (1998 p 9) que ldquoa montagem surge como

necessidade ideoloacutegica diante da situaccedilatildeo que se impotildeem de se organizar esses coacutedigos para

transformaacute-los em um meio de expressatildeo cinematograacutefica fazendo com que se possa passar da

esfera da simples accedilatildeo como ocorria no inicio do cinema agrave esfera das ideacuteiasrdquo Eisenstein (1990)

relata que a montagem consiste no fato de dois pedaccedilos de filme de qualquer tipo colocados

juntos inevitavelmente criam um novo conceito uma nova qualidade que surge da justaposiccedilatildeo

O autor diz que ldquoa justaposiccedilatildeo de dois planos isolados atraveacutes de sua uniatildeo natildeo parece a simples

soma de um plano mais outro plano ndash mas o produto Parece um produto porque em toda

justaposiccedilatildeo deste tipo o resultado eacute qualitativamente diferente de cada elemento considerado

isoladamenterdquo (EISENSTEIN 1990 p16)

A montagem consiste na uniatildeo de dois fotogramas pertencentes a planos diferentes edeterminados pelo corte que tem como resultado um novo produto visual que se traduzde um lado por um processo de representaccedilatildeo que quer passar despercebido e de outro por um processo de representaccedilatildeo que contrariamente ao anterior quer se fazerdescaradamente perceptiacutevel (PILLA 2005 p 62)

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Montagem Paralela

Apoacutes definir montagem em seu sentido mais amplo pode-se falar da montagem

paralela Para falar de montagem paralela temos que falar de D W Griffith que segundo

Dancyger (2003) eacute o pai da montagem cinematograacutefica A contribuiccedilatildeo de Griffith para o

cinema segundo o autor abrange toda uma gama de procedimentos a variaccedilatildeo de planos para criar

impacto incluindo o grande plano geral o close-up inserts e o travelling a montagem paralela e as

variaccedilotildees de ritmo

Deleuze (apud AUGUSTO 2004) aponta trecircs formas de montagem ou de alternacircnciariacutetmicas criadas por Griffith A primeira delas diz respeito a alternacircncia das partes

diferenciadas ou seja de planos com sentidos opostos ldquoO organismo eacute primeiramente uma

unidade no diverso isto eacute um conjunto de partes diferenciadas haacute os ricos e os pobres a

cidade e o campo o Norte e o Sul os interiores e os exteriores etcrdquo (DELEUZE apud

AUGUSTO 2004 p 57)

FICHA TEacuteCNICA

O Filme 21 gramas possui a seguinte ficha teacutecnica

a) Tiacutetulo Original 21 Grams

b) Gecircnero Drama

c) Tempo de Duraccedilatildeo 125 minutos

d) Nuacutemero de cenas 117

e) Direccedilatildeo Alejandro Gonzaacutelez-Intildeaacuterritu

f)

Elenco Sean Penn (Paul)Benicio Del Toro (Jack) Naomi Watts (Christina)

Categorias

O filme foi dividido de acordo com o conteuacutedo das mensagens antes do acidente apoacutes o

acidente e apoacutes o encontro dos trecircs nuacutecleos

Montagem das Categorias

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A sequumlecircncia como foram apresentadas as categorias seria uma forma linear de

desenvolver a narrativa Aumont (1994) explica que narrar eacute simplesmente relatar um evento realou imaginaacuterio Mas acrescenta que isso implica pelo menos duas coisas em primeiro lugar que

o desenvolvimento da histoacuteria esteja agrave disposiccedilatildeo daquele que a conta em segundo lugar que a

histoacuteria siga um desenvolvimento organizado ao mesmo tempo pelo narrador e pelos modelos

aos quais se adapta Machado (apud AUGUSTO 2004) acrescenta que antes do

desenvolvimento da montagem a imagem cinematograacutefica era uma superfiacutecie ampla carregada de

detalhes que o olho do espectador tinha que percorrer aleatoriamente O olhar ainda natildeo era dirigido

para os pontos que interessavam ao desenvolvimento da intriga natildeo havia ainda estrateacutegias de

ordenamento E a montagem surgiu justamente para corrigir esse problema gerando a possibilidade de

linearizaccedilatildeo da narrativa no cinema

Pilla (2005 p 65) ainda diz que ldquoa montagem eacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme em

certas condiccedilotildees de ordem e duraccedilatildeo Consiste na sucessatildeo das tomadas ou planos dentro de uma

sequumlecircncia de forma a dar-lhes unidade interpretativardquo Ou seja a montagem seraacute responsaacutevel

pela junccedilatildeo e ordenaccedilatildeo de diversos planos

No filme 21 gramas com base nos pressupostos de Pilla e Eisenstein encontramos nosmomentos antecedentes ao acidente no acidente e nos momentos posteriores ao acidente a

junccedilatildeo dos fotogramas pertencentes a planos diferentes formando um processo de representaccedilatildeo

intencional e perceptiacutevel sugerindo continuidade formando desta forma o Todo

Figura 1 ndash Montagem linear do filme 21 gramas

Como se pode visualizar na Figura 1 a representaccedilatildeo linear da narrativa da histoacuteria como

sugere Aumont (1994) o momento que antecede o acidente ocupa cerca de 17 do tempo inicial

do filme tendo como funccedilatildeo fazer a apresentaccedilatildeo dos trecircs nuacutecleos da histoacuteria O acidente seria

um marco de virada da histoacuteria sendo responsaacutevel por 1 do tempo do filme A etapa seguinte

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que corresponde agrave momentos posteriores ao acidente representando a parte mais volumosa do

filme (cerca de 64 do todo) espaccedilo destinado ao desenvolvimento das histoacuterias Um uacuteltimoestaacutegio seria uma segunda virada da narrativa momento onde os trecircs nuacutecleos se fundem

tornando apenas um Este momento eacute caracterizado por ocupar 174 do total do filme volume

que se assemelha ao tempo do momento inicial do filme onde os nuacutecleos seguem caminhos

totalmente distintos

Ainda sobre a montagem retomemos Augusto (2004) quando fala da montagem sob o

ponto de vista da desordem atraveacutes de uma ordem articulatoacuteria regida por uma perturbaccedilatildeo

pragmaacutetica Eacute assim que o diretor consegue com montagem transmitir uma ideacuteia atraveacutes da

imagem

A montagem manteacutem as histoacuterias paralelas produzindo simultaneamente as trecircs accedilotildees

pela retomada alternada mas por outro lado atinge uma caracteriacutestica natildeo linear conforme

Jakobson referendado por Carvalho quando se refere ao resultado final de uma produccedilatildeo fiacutelmica

Pode-se identificar na montagem deste filme que o diretor opta por trocar o ordenamento

das cenas como por exemplo quando eacute exibida a cena do atropelamento esta cena eacute trabalhada

posteriormente em forma de flash-back pois no contexto da narrativa jaacute estaacute explicito o ocorridoO diretor deixa claro o acidente natildeo pela cena do atropelamento propriamente dito (cena 71) mas

no momento em que Jack chega em casa e diz agrave esposa que atropelou um homem e duas meninas

(cena 31) Este momento ocorre entre os vinte e trinta primeiros minutos do filme Se

colocaacutessemos as cenas de forma linear a cena que registra o acidente aconteceria no mesmo

periacuteodo Desta forma o tempo da cena eacute trocado poreacutem a ideacuteia da narrativa segue da mesma

forma Isto tambeacutem ocorre na segunda virada da narrativa quando Paul e Cristina decidem

procurar Jack

Ritmo das Categorias

Os trecircs momentos que dividem o filme mostraram uma variaccedilatildeo de ritmo Variaccedilatildeo que

para Dancyger (2003) corresponde agrave variaccedilatildeo das respostas emocionais de um espectador Desta

forma o diretor pode guiar o sentido das emoccedilotildees do espectador nas diferentes situaccedilotildees que a

narrativa dispotildee Sob o ponto de vista de Leone (1987) o corte poderaacute reforccedilar ou atenuar

determinadas relaccedilotildees dependendo das necessidades surgidas na narrativa O autor afirma que o

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corte proporciona a mudanccedila da posiccedilatildeo da cacircmera no interior de uma mesma cena extraindo os

efeitos dramaacuteticos do acircngulo de visatildeo com o objetivo de acompanhar os personagens Por isso quePilla (2005) considera que o corte eacute o baacutesico da linguagem cinematograacutefica permitindo a

montagem e estaacute mais relacionado com o tempo que com o espaccedilo

Dancyger (2003) afirma que natildeo eacute possiacutevel fornecer definiccedilotildees especificas sobre a

duraccedilatildeo dos planos ideal para uma determinada sequumlecircncia

Quadro 1 ndash Ritmo das categorias

No primeiro momento do filme que antecede o acidente as cenas apresentam 187 cortes

sendo que os quadros das cenas apresentam um tempo meacutedio de 78 segundos Nuacutemero que se

aproxima da duraccedilatildeo meacutedia dos planos do filme como um todo que eacute 8 segundos Um ritmo

meacutedio que para Dancyger (2003) permite ao espectador uma maior absorccedilatildeo de informaccedilotildees

Pois nesta primeira etapa do filme eacute apresentado ao espectador os nuacutecleos narrativos que o

filme trabalharaacute

Tempo da Narrativa Destinado aos Nuacutecleos

O filme 21 gramas trabalha bastante a questatildeo do tempo Sobre tempo Augusto (2004)

diz que com o desenvolvimento da montagem o cinema permitiu em primeiro lugar ampliar a

noccedilatildeo de tempo sintetizado na imagem mutaacutevel e depois voltar agrave siacutentese do tempo na imagem

fixa

Deleuse (apud AUGUSTO 2004) busca definir as maneiras de montagem

desenvolvidas por Griffith no inicio da histoacuteria do cinema Uma maneira destacada por

Deleuze (apud AUGUSTO 2004) eacute a das accedilotildees convergentes que convergem para o

mesmo fim fazendo alternarem-se os momentos de duas ou mais situaccedilotildees que vatildeo se

Ritmo das categorias

Categorias nordm de cortesMeacutedia de tempopor quadro (seg)

Antes do acidente 187 78Apoacutes acidente 738 96Apoacutes encontro dos nuacutecleos 348 56

Outros 6 124

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encontrar Ou seja a montagem paralela Forma de montagem que segundo Pilla (2005 p

68) ldquoocorre quando duas ou mais sequumlecircncias satildeo abordadas ao mesmo tempo intercalando ascenas pertencentes a cada uma alternadamente a fim de fazer surgir uma significaccedilatildeo de seu

confronto Eacute empregada quando se quer fazer um paralelo uma aproximaccedilatildeo simboacutelica entre as

cenas como por exemplo a aproximaccedilatildeo temporalrdquo Segundo Aumont (2002) esse projeto

narrativo gera um esquema de inteligibilidade de denotaccedilatildeo pois os espectadores sabem que a

alternacircncia de imagens sobre a tela eacute capaz de significar que na temporalidade literal da ficccedilatildeo

os acontecimentos apresentados satildeo simultacircneos

Essa forma de montagem se desenvolve no filme 21 Gramas Pela necessidade de projetar

trecircs episoacutedios contemporacircneos na narrativa do filme fazendo com que dois deles se fundam num

primeiro momento e posteriormente os trecircs se encontrem para fechar a histoacuteria Como pode ser

representado no Quadro 6

Nuacutecleos PersonagensA CristinaB PaulC JackD Cristina e Paul

E Cristina Paul e JackQuadro 2 ndash Nuacutecleos do filme 21 gramas

PARTICIPACcedilAtildeO DOS NUacuteCLEOS

Nuacutecleos Nordmde cenasDuraccedilatildeo

(SEG)Porcentagem das

cenas do filmeA 19 883 162B 21 1365 179

C 29 1761 248D 22 1961 188E 22 1085 188

outros 4 107 34TOTAL 117 1000Quadro 3 ndash Participaccedilatildeo dos nuacutecleos

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Figura 2 ndash Desenvolvimento dos nuacutecleos do filme

Desta forma pode-se dividir a narrativa do filme 21 Gramas em cinco nuacutecleos O nuacutecleo(A) seria responsaacutevel pelos episoacutedios que dizem respeito agrave personagem Cristina tanto os

momentos antecedentes ao acidente quanto os posteriores ao mesmo Este nuacutecleo eacute representado

por dezenove cenas correspondendo a 162 do total de cenas do filme

O nuacutecleo (B) desenvolve a trama de Paul esse nuacutecleo se limita ateacute o momento em que

Paul se encontra com Cristina O nuacutecleo B possui vinte e uma cenas ocupando 179 do filme

Paralelamente a esses dois nuacutecleos desenvolve-se a histoacuteria de Jack que seraacute representado pelo

nuacutecleo (C)

O nuacutecleo C se manteraacute independente ateacute o momento final do filme onde os trecircs episoacutedios

se fundem gerando um acerto de contas Por esse motivo ele eacute responsaacutevel por representar um

nuacutemero maior de cenas vinte e nove cenas Chegando aos 248 do total de cenas que o filme

apresenta

Outro nuacutecleo se forma no momento em que Paul encontra Cristina Esse nuacutecleo seraacute

nomeado como nuacutecleo (D) que estaraacute presente em vinte e duas cenas do filme Representando

188 do longa-metragem

O uacuteltimo momento do filme eacute caracterizado pela junccedilatildeo das trecircs narrativas Esse momentoseraacute nomeado por nuacutecleo (E) que encaminharaacute o filme para o seu fechamento Este nuacutecleo eacute

responsaacutevel por 188 do total do filme estando presente em vinte e duas cenas do filme um

outro iacutendice identificado eacute responsaacutevel por cenas neutras e pela cena onde eacute apresentado ao

espectador o acidente fato que faz com que a trama se desenvolva Este momento eacute representado

em quatro cenas do filme sendo responsaacutevel por 34 da totalidade do longa-metragem

Como se pode perceber haacute uma representaccedilatildeo dos espaccedilos destinados a cada nuacutecleo

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Entende-se que a montagem proporcionaraacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme atraveacutes

da junccedilatildeo de dois pedaccedilos de filme distintos Possibilitado desta forma a manipulaccedilatildeo do tempo

e do movimento e consequumlentemente o estado emocional do espectador Pode-se afirmar que o

filme 21 gramas utiliza-se do artifiacutecio da montagem sugerindo continuidade formando desta

forma o Todo Aleacutem da utilizaccedilatildeo da montagem paralela e natildeo linear para prender a atenccedilatildeo e o

interesse do espectador

A anaacutelise proporcionou tambeacutem a identificaccedilatildeo de uma variaccedilatildeo de ritmo entre os trecircsmomentos do filme Mostrando que a variaccedilatildeo do ritmo guia o sentido das emoccedilotildees do

espectador atendendo agraves diferentes necessidades da narrativa O primeiro momento do filme

onde satildeo apresentados os nuacutecleos apresentou um ritmo de 78 seg por quadro da cena

Possibilitando ao espectador uma maior capacidade de captar informaccedilotildees O segundo

momento posterior ao acidente apresentou o ritmo mais lento do filme com uma meacutedia de 96

seg por quadro Isso porque esse momento eacute onde os conflitos satildeo gerados e desenvolvidos

necessitado assim de um maior tempo para que haja uma melhor compreensatildeo do espectador Jaacute

o terceiro momento do filme onde os trecircs personagens se unem apresentou o ritmo mais

acelerado do filme com uma meacutedia 56 seg por quadro Isso ocorre pela necessidade de tensatildeo

intensidade que esta parte da narrativa exige

Uma caracteriacutestica bem acentuada com relaccedilatildeo agrave forma ficou bem definida quando o

longa metragem foi dividido em cinco nuacutecleos nuacutecleo A da personagem Cristina nuacutecleo B de

Paul nuacutecleo C do Personagem Jack nuacutecleo D onde os personagens Cristina e Paul se juntam e

o nuacutecleo E momento onde os trecircs personagens se encontram A separaccedilatildeo destes nuacutecleos

proporcionou uma anaacutelise do espaccedilo disposto para cada um dos personagens principais Sendoidentificado uma semelhanccedila de duraccedilatildeo dos nuacutecleos dispostos O espaccedilo disposto para cada um

dos personagens eacute de cerca de 25 do todo Demonstrando assim natildeo haver preferecircncia ou

destaque para qualquer um dos trecircs personagens envolvidos na trama O momento em que estes

trecircs personagens se unem eacute representado por 188 da totalidade do filme

Diante deste quadro conclui-se que a evoluccedilatildeo da narrativa deu-se atraveacutes do processo de

montagem o que representa uma nova revoluccedilatildeo no universo de significaccedilatildeo das imagens de

composiccedilatildeo de mensagens e de construccedilatildeo de discursos

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A anaacutelise evidenciou achados importantes mas muitas outras informaccedilotildees ainda estatildeo por

desvendar Aspectos da linguagem como movimentos de cacircmera e acircngulos de enquadramentonatildeo tratados no presente estudo representam elementos importantes na montagem paralela e

constituem interessantes temas para abordagem em futuras investigaccedilotildees

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um diretor eacute chamada de montagem Eisenstein cineasta e um dos principais teoacutericos da

montagem cinematograacutefica nos mostra que com a seleccedilatildeo de cenas para uma sequumlecircncia foidescoberta uma propriedade muito importante para a linguagem cinematograacutefica

Ao brincar com pedaccedilos de filme descobriram uma propriedade do brinquedo que osdeixou atocircnitos por muitos anos Esta propriedade consiste no fato de dois pedaccedilos defilme de qualquer tipo colocados juntos inevitavelmente criam um novo conceito umanova qualidade que surge da justaposiccedilatildeo Esta natildeo eacute de modo algum umacaracteriacutestica peculiar cinema mas um fenocircmeno encontrado sempre que lidamos com a justaposiccedilatildeo de dois fatos dois fenocircmenos dois objetos Estamos acostumados a fazerquase que automaticamente uma siacutentese dedutiva definida e oacutebvia quando quaisquerobjetos isolados satildeo colocados agrave nossa frente lado a lado (EISENSTEIN 1990 p 14)

Para Eisenstein a montagem eacute muito mais do que uma simples sequumlecircncia de cenas Eacute o

surgimento de um novo conceito na mente do espectador a partir do conflito de duas cenas

aparentemente distintas Por exemplo se exibirmos um close-up de uma matildeo com uma arma de

fogo e em seguida exibir a imagem de uma pessoa assustada o espectador iraacute projetar em sua

mente que a arma esta sendo apontada para a pessoa assustada Esse novo conceito que surge a

partir do espectador eacute chamado por Eisenstein de ldquoimagemrdquo Eacute esta imagem que para Eisenstein eacute

o fundamento da montagem

Isto eacute montagem Sim isto eacute o que fazemos exatamente no cinema ao combinar planosdescritivos simples em seu significado neutros em seu conteuacutedo de modo a formaremcontextos e seacuteries intelectuais (EISENSTEIN 1990 p 52)

Segundo Leone (1987 p 49) ldquoa montagem afeta diretamente as capacidades emocionais

do espectador e de outro interfere tambeacutem diretamente na significaccedilatildeo do discurso pois torna

relativos os possiacuteveis sentidos absolutos que tem os planos isoladamenterdquo Ou seja a imagem

gerada na mente de cada espectador pode ser diferente Se usarmos o exemplo citadoanteriormente o espectador poderia imaginar que a arma esta sendo apontada para a pessoa

assustada ou que a pessoa assustada esta diante da cena de um crime prestes a acontecer

A montagem oferece ao espectador uma participaccedilatildeo emotiva no filme Leone (1987)

acredita que os planos cinematograacuteficos detecircm o sentido real do mundo O montador pode dirigir

e controlar as emoccedilotildees do espectador reorganizando e realidade descrita pelos planos e fazendo

com que o espectador seja envolvido pelo filme relacionando-se com ele de maneira passiva

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Sob este enfoque a revoluccedilatildeo da montagem estaacute determinando novos horizontes na

transmissatildeo de mensagens e este potencial merece ser observado investigado e analisado natildeo agraverevelia da tecnologia mas principalmente por meio dela entendendo-a como instrumento de

articulaccedilatildeo e difusatildeo do pensamento criacutetico e reflexivo

Por isso importa analisar como a montagem estaacute sendo utilizada na produccedilatildeo de filmes de

longa metragem e quais satildeo as intencionalidades encobertas na seleccedilatildeo montagem e ediccedilatildeo

destas imagens Coletar registrar e interpretar informaccedilotildees relativas a este universo de produccedilatildeo

cinematograacutefica representa tambeacutem a tentativa de oferecer uma modesta contribuiccedilatildeo aos estudos

que vecircm sendo desenvolvidos nesta aacuterea

Portanto A abordagem da linguagem cinematograacutefica limitando-se agrave montagem seraacute

vista pela oacutetica da anaacutelise do filme 21 Gramas que conta com uma montagem atemporal Neste

sentido Leone (1987 p 44) define este tipo de montagem como ldquoorganizaccedilatildeo temporal a

paroxismosrdquo onde nunca sabemos se estamos na representaccedilatildeo presente ou na representaccedilatildeo

passada Sendo do interesse de pessoas que buscam saber sobre as teacutecnicas do cinema de pessoas

que tem o costume de assistir filmes com uma visatildeo mais critica e acadecircmicos que procuram

bibliografia para trabalhos relacionados a cinema Cabe entatildeo fazermos a seguinte pergunta O

filme 21 gramas apresenta na linguagem de sua montagem uma organizaccedilatildeo temporal

METODOLOGIA

Optou-se por desenvolver uma pesquisa do tipo descritiva com meacutetodo quantitativo cujos

resultados satildeo interpretados natildeo somente sob o ponto de vista da matemaacutetica mas tambeacutem com

uma visatildeo mais ampla sob o ponto de vista de recursos e teacutecnicas de montagem como

componentes de mensagens e principalmente como elementos de uma linguagem criada para

sustentar a significaccedilatildeo e a retoacuterica da narrativa em questatildeo Uma pesquisa exploratoacuteria comuma ampla revisatildeo da literatura sobre o tema para ajudou a reunir pressupostos cientiacuteficos que

ofereccedilam contextualizaccedilatildeo e consistecircncia ao estudo

Para anaacutelise dos dados categorizou-se o tema em trecircs grupos de informaccedilotildees 1) os

cruzamentos das diversas histoacuterias relatadas no filme 2) a montagem das histoacuterias 3) as

maneiras como as histoacuterias satildeo montadas

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A terceira e uacuteltima fase da pesquisa envolve uma leitura dos resultados quantitativos na

perspectiva da linguagem visual sob condiccedilotildees determinadas por muacuteltiplos fatores queinfluenciam todo o processo de produccedilatildeo e manifestaccedilatildeo de mensagens

Considerou-se como universo deste estudo o filme 21 gramas do diretor Alejandro

Gonzaacutelez-Intildeaacuterritu

Para composiccedilatildeo da amostra optou-se pelo processo de amostragem do tipo natildeo-

probabiliacutestico por julgamento

Linguagem Visual

De maneira simples Munari (1997) explica a comunicaccedilatildeo visual Segundo o autor

ldquopraticamente tudo que os nossos olhos vecircem eacute comunicaccedilatildeo visualrdquo (MUNARI 1997 p 65)

Munari chama o conjunto de elementos que tornam visiacutevel a mensagem de ldquosuporte visualrdquo que

satildeo ldquoTodas aquelas partes que devem ser consideradas e aprofundadas para poderem ser

utilizadas com a maacutexima coerecircncia em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeordquo O autor acredita tambeacutem que todas

as mensagens que passam atraveacutes dos nossos olhos podem ser divididas em dois tipos de

comunicaccedilatildeo a casual ou a intencional A primeira pode ser livremente interpretada por quem a

recebe seja ela uma mensagem cientifica ou esteacutetica ou de outro tipo Jaacute a comunicaccedilatildeointencional deve ser recebida na totalidade do significado pretendido pela intenccedilatildeo do emissor

Ou seja haacute mensagens que satildeo livres na sua interpretaccedilatildeo e mensagens que satildeo interpretadas

conforme o emissor deseja

Sobre linguagem visual Bretzke (1998) eacute um pouco mais especiacutefico limitando a

comunicaccedilatildeo visual tambeacutem conhecida como comunicaccedilatildeo ldquonatildeo verbalrdquo agrave transmissatildeo de

informaccedilatildeo traveacutes do corpo como um todo havendo locuccedilatildeo verbal ou natildeo Compreende todas as

informaccedilotildees que o corpo transmite durante um processo de comunicaccedilatildeo Bretzke (1998) amplia

a noccedilatildeo de comunicaccedilatildeo ao niacutevel da percepccedilatildeo do individuo emocional ou sentimental Assim

sendo toda vez que o individuo percebe uma emoccedilatildeo ou um sentimento seu corpo o comunica

Enquadramento

Aumont (1994) reforccedila que o importante neste ponto eacute observar que reagimos diante da

imagem fiacutelmica como diante da representaccedilatildeo muito realista de um espaccedilo imaginaacuterio que

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aparentemente estamos vendo Mais precisamente como a imagem eacute limitada em sua extensatildeo

pelo quadro parece que estamos captando apenas uma porccedilatildeo de espaccedilo imaginaacuterio que estaacutecontida dentro do quadro que o autor chamaraacute de campo Portanto campo eacute tudo aquilo que estaacute

visiacutevel dentro do espaccedilo imaginaacuterio que Aumont (1994) designa como nome de espaccedilo fiacutelmico

ou cena fiacutelmica Dentro deste espaccedilo fiacutelmico podemos identificar o plano este termo eacute usado

quando queremos nos referir agrave presenccedila mais ou menos destacada da figura humana dentro do

quadro

Composiccedilatildeo

Outra caracteriacutestica da imagem ou sinal cinematograacutefico eacute a composiccedilatildeo Pereira (1980 p

37) comenta que ldquocompor eacute relacionar linhas luzes sombras cores e massas nas trecircs dimensotildees

(altura largura e profundidade) dentro deste enquadramento ou planordquo A composiccedilatildeo guiaraacute a

visatildeo do espectador

Natildeo haacute pois ponto ideal de visualizaccedilatildeo dentro do quadro cinematograacutefico adistribuiccedilatildeo e relacionamento de linhas luzes cores e massa eacute que ldquochamaraacute a atenccedilatildeordquodo espectador para este ou aquele ponto do enquadramento (PEREIRA 1980 p 41)

A composiccedilatildeo portanto aleacutem de ser um artifiacutecio atraveacutes do qual se daacute alguma informaccedilatildeo

eacute mais ainda um instrumento expressivo Natildeo apenas mostra coisas mas coisas carregadas de

intenccedilotildees significados Podemos compor um quadro de diversas maneiras Pereira (1980) divide

a aacuterea da composiccedilatildeo em composiccedilatildeo linear composiccedilatildeo por luz composiccedilatildeo de cores

composiccedilatildeo de massas composiccedilatildeo em profundidade composiccedilatildeo por angulaccedilatildeo do quadro e

enquadramento dentro do enquadramento Geralmente um dos tipos de composiccedilatildeo predomina noquadro mas eacute comum encontrarmos estilos de composiccedilotildees diferentes no mesmo quadro

Movimento

O movimento estaacute presente na imagem cinematograacutefica Segundo Pereira (1980 p 51)

ldquohaacute trecircs tipos de movimento imaginal cinematograacutefico um dentro do enquadramento outro por

deslocaccedilatildeo de enquadramento e um terceiro provocado pela conjunccedilatildeo de imagens eacute a

montagemrdquo O movimento dentro do enquadramento diz respeito ao modo como eacute exibida a

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accedilatildeo Podemos exibir a accedilatildeo na mesma velocidade em que ela foi filmada desta forma o mesmo

tempo que uma accedilatildeo demorou para ser realizada ela seraacute exibida Ou entatildeo podemos produziruma alteraccedilatildeo da reproduccedilatildeo plaacutestica do movimento dando um efeito de ldquoretardamentordquo ou

ldquoaceleraccedilatildeordquo do movimento A filmagem quadro a quadro eacute considerada segundo Pereira (1980)

uma forma de movimento dentro do enquadramento Desta forma Pereira (1980 p 53) afirma

que

Com a cacircmera fixada a um tripeacute fotografa-se quadro a quadro um objeto inanimadoem varias posiccedilotildees e lugares diferentes Na projeccedilatildeo ele pareceraacute ter vida proacutepriadeslocando-se de caacute para laacute numa velocidade que dependeraacute do numero de fotos batidas

de cada posiccedilatildeo estaacutetica do objeto quanto menor o numero destas maior a ldquoanimaccedilatildeordquoe vice-versa (PEREIRA 1980 p 54)

Montagem

A linguagem cinematograacutefica surge com o objetivo de transformar o cinema em arte

tornar o cinema em uma forma de expressatildeo e comunicaccedilatildeo onde se possa atraveacutes dele transmitir

ideacuteias e conceitos

A montagem tem o dever de organizar a relaccedilatildeo entre todos os outros elementos da

linguagem cinematograacutefica Como explica Mouratildeo (1998 p 9) que ldquoa montagem surge como

necessidade ideoloacutegica diante da situaccedilatildeo que se impotildeem de se organizar esses coacutedigos para

transformaacute-los em um meio de expressatildeo cinematograacutefica fazendo com que se possa passar da

esfera da simples accedilatildeo como ocorria no inicio do cinema agrave esfera das ideacuteiasrdquo Eisenstein (1990)

relata que a montagem consiste no fato de dois pedaccedilos de filme de qualquer tipo colocados

juntos inevitavelmente criam um novo conceito uma nova qualidade que surge da justaposiccedilatildeo

O autor diz que ldquoa justaposiccedilatildeo de dois planos isolados atraveacutes de sua uniatildeo natildeo parece a simples

soma de um plano mais outro plano ndash mas o produto Parece um produto porque em toda

justaposiccedilatildeo deste tipo o resultado eacute qualitativamente diferente de cada elemento considerado

isoladamenterdquo (EISENSTEIN 1990 p16)

A montagem consiste na uniatildeo de dois fotogramas pertencentes a planos diferentes edeterminados pelo corte que tem como resultado um novo produto visual que se traduzde um lado por um processo de representaccedilatildeo que quer passar despercebido e de outro por um processo de representaccedilatildeo que contrariamente ao anterior quer se fazerdescaradamente perceptiacutevel (PILLA 2005 p 62)

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Montagem Paralela

Apoacutes definir montagem em seu sentido mais amplo pode-se falar da montagem

paralela Para falar de montagem paralela temos que falar de D W Griffith que segundo

Dancyger (2003) eacute o pai da montagem cinematograacutefica A contribuiccedilatildeo de Griffith para o

cinema segundo o autor abrange toda uma gama de procedimentos a variaccedilatildeo de planos para criar

impacto incluindo o grande plano geral o close-up inserts e o travelling a montagem paralela e as

variaccedilotildees de ritmo

Deleuze (apud AUGUSTO 2004) aponta trecircs formas de montagem ou de alternacircnciariacutetmicas criadas por Griffith A primeira delas diz respeito a alternacircncia das partes

diferenciadas ou seja de planos com sentidos opostos ldquoO organismo eacute primeiramente uma

unidade no diverso isto eacute um conjunto de partes diferenciadas haacute os ricos e os pobres a

cidade e o campo o Norte e o Sul os interiores e os exteriores etcrdquo (DELEUZE apud

AUGUSTO 2004 p 57)

FICHA TEacuteCNICA

O Filme 21 gramas possui a seguinte ficha teacutecnica

a) Tiacutetulo Original 21 Grams

b) Gecircnero Drama

c) Tempo de Duraccedilatildeo 125 minutos

d) Nuacutemero de cenas 117

e) Direccedilatildeo Alejandro Gonzaacutelez-Intildeaacuterritu

f)

Elenco Sean Penn (Paul)Benicio Del Toro (Jack) Naomi Watts (Christina)

Categorias

O filme foi dividido de acordo com o conteuacutedo das mensagens antes do acidente apoacutes o

acidente e apoacutes o encontro dos trecircs nuacutecleos

Montagem das Categorias

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A sequumlecircncia como foram apresentadas as categorias seria uma forma linear de

desenvolver a narrativa Aumont (1994) explica que narrar eacute simplesmente relatar um evento realou imaginaacuterio Mas acrescenta que isso implica pelo menos duas coisas em primeiro lugar que

o desenvolvimento da histoacuteria esteja agrave disposiccedilatildeo daquele que a conta em segundo lugar que a

histoacuteria siga um desenvolvimento organizado ao mesmo tempo pelo narrador e pelos modelos

aos quais se adapta Machado (apud AUGUSTO 2004) acrescenta que antes do

desenvolvimento da montagem a imagem cinematograacutefica era uma superfiacutecie ampla carregada de

detalhes que o olho do espectador tinha que percorrer aleatoriamente O olhar ainda natildeo era dirigido

para os pontos que interessavam ao desenvolvimento da intriga natildeo havia ainda estrateacutegias de

ordenamento E a montagem surgiu justamente para corrigir esse problema gerando a possibilidade de

linearizaccedilatildeo da narrativa no cinema

Pilla (2005 p 65) ainda diz que ldquoa montagem eacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme em

certas condiccedilotildees de ordem e duraccedilatildeo Consiste na sucessatildeo das tomadas ou planos dentro de uma

sequumlecircncia de forma a dar-lhes unidade interpretativardquo Ou seja a montagem seraacute responsaacutevel

pela junccedilatildeo e ordenaccedilatildeo de diversos planos

No filme 21 gramas com base nos pressupostos de Pilla e Eisenstein encontramos nosmomentos antecedentes ao acidente no acidente e nos momentos posteriores ao acidente a

junccedilatildeo dos fotogramas pertencentes a planos diferentes formando um processo de representaccedilatildeo

intencional e perceptiacutevel sugerindo continuidade formando desta forma o Todo

Figura 1 ndash Montagem linear do filme 21 gramas

Como se pode visualizar na Figura 1 a representaccedilatildeo linear da narrativa da histoacuteria como

sugere Aumont (1994) o momento que antecede o acidente ocupa cerca de 17 do tempo inicial

do filme tendo como funccedilatildeo fazer a apresentaccedilatildeo dos trecircs nuacutecleos da histoacuteria O acidente seria

um marco de virada da histoacuteria sendo responsaacutevel por 1 do tempo do filme A etapa seguinte

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que corresponde agrave momentos posteriores ao acidente representando a parte mais volumosa do

filme (cerca de 64 do todo) espaccedilo destinado ao desenvolvimento das histoacuterias Um uacuteltimoestaacutegio seria uma segunda virada da narrativa momento onde os trecircs nuacutecleos se fundem

tornando apenas um Este momento eacute caracterizado por ocupar 174 do total do filme volume

que se assemelha ao tempo do momento inicial do filme onde os nuacutecleos seguem caminhos

totalmente distintos

Ainda sobre a montagem retomemos Augusto (2004) quando fala da montagem sob o

ponto de vista da desordem atraveacutes de uma ordem articulatoacuteria regida por uma perturbaccedilatildeo

pragmaacutetica Eacute assim que o diretor consegue com montagem transmitir uma ideacuteia atraveacutes da

imagem

A montagem manteacutem as histoacuterias paralelas produzindo simultaneamente as trecircs accedilotildees

pela retomada alternada mas por outro lado atinge uma caracteriacutestica natildeo linear conforme

Jakobson referendado por Carvalho quando se refere ao resultado final de uma produccedilatildeo fiacutelmica

Pode-se identificar na montagem deste filme que o diretor opta por trocar o ordenamento

das cenas como por exemplo quando eacute exibida a cena do atropelamento esta cena eacute trabalhada

posteriormente em forma de flash-back pois no contexto da narrativa jaacute estaacute explicito o ocorridoO diretor deixa claro o acidente natildeo pela cena do atropelamento propriamente dito (cena 71) mas

no momento em que Jack chega em casa e diz agrave esposa que atropelou um homem e duas meninas

(cena 31) Este momento ocorre entre os vinte e trinta primeiros minutos do filme Se

colocaacutessemos as cenas de forma linear a cena que registra o acidente aconteceria no mesmo

periacuteodo Desta forma o tempo da cena eacute trocado poreacutem a ideacuteia da narrativa segue da mesma

forma Isto tambeacutem ocorre na segunda virada da narrativa quando Paul e Cristina decidem

procurar Jack

Ritmo das Categorias

Os trecircs momentos que dividem o filme mostraram uma variaccedilatildeo de ritmo Variaccedilatildeo que

para Dancyger (2003) corresponde agrave variaccedilatildeo das respostas emocionais de um espectador Desta

forma o diretor pode guiar o sentido das emoccedilotildees do espectador nas diferentes situaccedilotildees que a

narrativa dispotildee Sob o ponto de vista de Leone (1987) o corte poderaacute reforccedilar ou atenuar

determinadas relaccedilotildees dependendo das necessidades surgidas na narrativa O autor afirma que o

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corte proporciona a mudanccedila da posiccedilatildeo da cacircmera no interior de uma mesma cena extraindo os

efeitos dramaacuteticos do acircngulo de visatildeo com o objetivo de acompanhar os personagens Por isso quePilla (2005) considera que o corte eacute o baacutesico da linguagem cinematograacutefica permitindo a

montagem e estaacute mais relacionado com o tempo que com o espaccedilo

Dancyger (2003) afirma que natildeo eacute possiacutevel fornecer definiccedilotildees especificas sobre a

duraccedilatildeo dos planos ideal para uma determinada sequumlecircncia

Quadro 1 ndash Ritmo das categorias

No primeiro momento do filme que antecede o acidente as cenas apresentam 187 cortes

sendo que os quadros das cenas apresentam um tempo meacutedio de 78 segundos Nuacutemero que se

aproxima da duraccedilatildeo meacutedia dos planos do filme como um todo que eacute 8 segundos Um ritmo

meacutedio que para Dancyger (2003) permite ao espectador uma maior absorccedilatildeo de informaccedilotildees

Pois nesta primeira etapa do filme eacute apresentado ao espectador os nuacutecleos narrativos que o

filme trabalharaacute

Tempo da Narrativa Destinado aos Nuacutecleos

O filme 21 gramas trabalha bastante a questatildeo do tempo Sobre tempo Augusto (2004)

diz que com o desenvolvimento da montagem o cinema permitiu em primeiro lugar ampliar a

noccedilatildeo de tempo sintetizado na imagem mutaacutevel e depois voltar agrave siacutentese do tempo na imagem

fixa

Deleuse (apud AUGUSTO 2004) busca definir as maneiras de montagem

desenvolvidas por Griffith no inicio da histoacuteria do cinema Uma maneira destacada por

Deleuze (apud AUGUSTO 2004) eacute a das accedilotildees convergentes que convergem para o

mesmo fim fazendo alternarem-se os momentos de duas ou mais situaccedilotildees que vatildeo se

Ritmo das categorias

Categorias nordm de cortesMeacutedia de tempopor quadro (seg)

Antes do acidente 187 78Apoacutes acidente 738 96Apoacutes encontro dos nuacutecleos 348 56

Outros 6 124

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encontrar Ou seja a montagem paralela Forma de montagem que segundo Pilla (2005 p

68) ldquoocorre quando duas ou mais sequumlecircncias satildeo abordadas ao mesmo tempo intercalando ascenas pertencentes a cada uma alternadamente a fim de fazer surgir uma significaccedilatildeo de seu

confronto Eacute empregada quando se quer fazer um paralelo uma aproximaccedilatildeo simboacutelica entre as

cenas como por exemplo a aproximaccedilatildeo temporalrdquo Segundo Aumont (2002) esse projeto

narrativo gera um esquema de inteligibilidade de denotaccedilatildeo pois os espectadores sabem que a

alternacircncia de imagens sobre a tela eacute capaz de significar que na temporalidade literal da ficccedilatildeo

os acontecimentos apresentados satildeo simultacircneos

Essa forma de montagem se desenvolve no filme 21 Gramas Pela necessidade de projetar

trecircs episoacutedios contemporacircneos na narrativa do filme fazendo com que dois deles se fundam num

primeiro momento e posteriormente os trecircs se encontrem para fechar a histoacuteria Como pode ser

representado no Quadro 6

Nuacutecleos PersonagensA CristinaB PaulC JackD Cristina e Paul

E Cristina Paul e JackQuadro 2 ndash Nuacutecleos do filme 21 gramas

PARTICIPACcedilAtildeO DOS NUacuteCLEOS

Nuacutecleos Nordmde cenasDuraccedilatildeo

(SEG)Porcentagem das

cenas do filmeA 19 883 162B 21 1365 179

C 29 1761 248D 22 1961 188E 22 1085 188

outros 4 107 34TOTAL 117 1000Quadro 3 ndash Participaccedilatildeo dos nuacutecleos

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Figura 2 ndash Desenvolvimento dos nuacutecleos do filme

Desta forma pode-se dividir a narrativa do filme 21 Gramas em cinco nuacutecleos O nuacutecleo(A) seria responsaacutevel pelos episoacutedios que dizem respeito agrave personagem Cristina tanto os

momentos antecedentes ao acidente quanto os posteriores ao mesmo Este nuacutecleo eacute representado

por dezenove cenas correspondendo a 162 do total de cenas do filme

O nuacutecleo (B) desenvolve a trama de Paul esse nuacutecleo se limita ateacute o momento em que

Paul se encontra com Cristina O nuacutecleo B possui vinte e uma cenas ocupando 179 do filme

Paralelamente a esses dois nuacutecleos desenvolve-se a histoacuteria de Jack que seraacute representado pelo

nuacutecleo (C)

O nuacutecleo C se manteraacute independente ateacute o momento final do filme onde os trecircs episoacutedios

se fundem gerando um acerto de contas Por esse motivo ele eacute responsaacutevel por representar um

nuacutemero maior de cenas vinte e nove cenas Chegando aos 248 do total de cenas que o filme

apresenta

Outro nuacutecleo se forma no momento em que Paul encontra Cristina Esse nuacutecleo seraacute

nomeado como nuacutecleo (D) que estaraacute presente em vinte e duas cenas do filme Representando

188 do longa-metragem

O uacuteltimo momento do filme eacute caracterizado pela junccedilatildeo das trecircs narrativas Esse momentoseraacute nomeado por nuacutecleo (E) que encaminharaacute o filme para o seu fechamento Este nuacutecleo eacute

responsaacutevel por 188 do total do filme estando presente em vinte e duas cenas do filme um

outro iacutendice identificado eacute responsaacutevel por cenas neutras e pela cena onde eacute apresentado ao

espectador o acidente fato que faz com que a trama se desenvolva Este momento eacute representado

em quatro cenas do filme sendo responsaacutevel por 34 da totalidade do longa-metragem

Como se pode perceber haacute uma representaccedilatildeo dos espaccedilos destinados a cada nuacutecleo

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Entende-se que a montagem proporcionaraacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme atraveacutes

da junccedilatildeo de dois pedaccedilos de filme distintos Possibilitado desta forma a manipulaccedilatildeo do tempo

e do movimento e consequumlentemente o estado emocional do espectador Pode-se afirmar que o

filme 21 gramas utiliza-se do artifiacutecio da montagem sugerindo continuidade formando desta

forma o Todo Aleacutem da utilizaccedilatildeo da montagem paralela e natildeo linear para prender a atenccedilatildeo e o

interesse do espectador

A anaacutelise proporcionou tambeacutem a identificaccedilatildeo de uma variaccedilatildeo de ritmo entre os trecircsmomentos do filme Mostrando que a variaccedilatildeo do ritmo guia o sentido das emoccedilotildees do

espectador atendendo agraves diferentes necessidades da narrativa O primeiro momento do filme

onde satildeo apresentados os nuacutecleos apresentou um ritmo de 78 seg por quadro da cena

Possibilitando ao espectador uma maior capacidade de captar informaccedilotildees O segundo

momento posterior ao acidente apresentou o ritmo mais lento do filme com uma meacutedia de 96

seg por quadro Isso porque esse momento eacute onde os conflitos satildeo gerados e desenvolvidos

necessitado assim de um maior tempo para que haja uma melhor compreensatildeo do espectador Jaacute

o terceiro momento do filme onde os trecircs personagens se unem apresentou o ritmo mais

acelerado do filme com uma meacutedia 56 seg por quadro Isso ocorre pela necessidade de tensatildeo

intensidade que esta parte da narrativa exige

Uma caracteriacutestica bem acentuada com relaccedilatildeo agrave forma ficou bem definida quando o

longa metragem foi dividido em cinco nuacutecleos nuacutecleo A da personagem Cristina nuacutecleo B de

Paul nuacutecleo C do Personagem Jack nuacutecleo D onde os personagens Cristina e Paul se juntam e

o nuacutecleo E momento onde os trecircs personagens se encontram A separaccedilatildeo destes nuacutecleos

proporcionou uma anaacutelise do espaccedilo disposto para cada um dos personagens principais Sendoidentificado uma semelhanccedila de duraccedilatildeo dos nuacutecleos dispostos O espaccedilo disposto para cada um

dos personagens eacute de cerca de 25 do todo Demonstrando assim natildeo haver preferecircncia ou

destaque para qualquer um dos trecircs personagens envolvidos na trama O momento em que estes

trecircs personagens se unem eacute representado por 188 da totalidade do filme

Diante deste quadro conclui-se que a evoluccedilatildeo da narrativa deu-se atraveacutes do processo de

montagem o que representa uma nova revoluccedilatildeo no universo de significaccedilatildeo das imagens de

composiccedilatildeo de mensagens e de construccedilatildeo de discursos

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A anaacutelise evidenciou achados importantes mas muitas outras informaccedilotildees ainda estatildeo por

desvendar Aspectos da linguagem como movimentos de cacircmera e acircngulos de enquadramentonatildeo tratados no presente estudo representam elementos importantes na montagem paralela e

constituem interessantes temas para abordagem em futuras investigaccedilotildees

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Sob este enfoque a revoluccedilatildeo da montagem estaacute determinando novos horizontes na

transmissatildeo de mensagens e este potencial merece ser observado investigado e analisado natildeo agraverevelia da tecnologia mas principalmente por meio dela entendendo-a como instrumento de

articulaccedilatildeo e difusatildeo do pensamento criacutetico e reflexivo

Por isso importa analisar como a montagem estaacute sendo utilizada na produccedilatildeo de filmes de

longa metragem e quais satildeo as intencionalidades encobertas na seleccedilatildeo montagem e ediccedilatildeo

destas imagens Coletar registrar e interpretar informaccedilotildees relativas a este universo de produccedilatildeo

cinematograacutefica representa tambeacutem a tentativa de oferecer uma modesta contribuiccedilatildeo aos estudos

que vecircm sendo desenvolvidos nesta aacuterea

Portanto A abordagem da linguagem cinematograacutefica limitando-se agrave montagem seraacute

vista pela oacutetica da anaacutelise do filme 21 Gramas que conta com uma montagem atemporal Neste

sentido Leone (1987 p 44) define este tipo de montagem como ldquoorganizaccedilatildeo temporal a

paroxismosrdquo onde nunca sabemos se estamos na representaccedilatildeo presente ou na representaccedilatildeo

passada Sendo do interesse de pessoas que buscam saber sobre as teacutecnicas do cinema de pessoas

que tem o costume de assistir filmes com uma visatildeo mais critica e acadecircmicos que procuram

bibliografia para trabalhos relacionados a cinema Cabe entatildeo fazermos a seguinte pergunta O

filme 21 gramas apresenta na linguagem de sua montagem uma organizaccedilatildeo temporal

METODOLOGIA

Optou-se por desenvolver uma pesquisa do tipo descritiva com meacutetodo quantitativo cujos

resultados satildeo interpretados natildeo somente sob o ponto de vista da matemaacutetica mas tambeacutem com

uma visatildeo mais ampla sob o ponto de vista de recursos e teacutecnicas de montagem como

componentes de mensagens e principalmente como elementos de uma linguagem criada para

sustentar a significaccedilatildeo e a retoacuterica da narrativa em questatildeo Uma pesquisa exploratoacuteria comuma ampla revisatildeo da literatura sobre o tema para ajudou a reunir pressupostos cientiacuteficos que

ofereccedilam contextualizaccedilatildeo e consistecircncia ao estudo

Para anaacutelise dos dados categorizou-se o tema em trecircs grupos de informaccedilotildees 1) os

cruzamentos das diversas histoacuterias relatadas no filme 2) a montagem das histoacuterias 3) as

maneiras como as histoacuterias satildeo montadas

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A terceira e uacuteltima fase da pesquisa envolve uma leitura dos resultados quantitativos na

perspectiva da linguagem visual sob condiccedilotildees determinadas por muacuteltiplos fatores queinfluenciam todo o processo de produccedilatildeo e manifestaccedilatildeo de mensagens

Considerou-se como universo deste estudo o filme 21 gramas do diretor Alejandro

Gonzaacutelez-Intildeaacuterritu

Para composiccedilatildeo da amostra optou-se pelo processo de amostragem do tipo natildeo-

probabiliacutestico por julgamento

Linguagem Visual

De maneira simples Munari (1997) explica a comunicaccedilatildeo visual Segundo o autor

ldquopraticamente tudo que os nossos olhos vecircem eacute comunicaccedilatildeo visualrdquo (MUNARI 1997 p 65)

Munari chama o conjunto de elementos que tornam visiacutevel a mensagem de ldquosuporte visualrdquo que

satildeo ldquoTodas aquelas partes que devem ser consideradas e aprofundadas para poderem ser

utilizadas com a maacutexima coerecircncia em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeordquo O autor acredita tambeacutem que todas

as mensagens que passam atraveacutes dos nossos olhos podem ser divididas em dois tipos de

comunicaccedilatildeo a casual ou a intencional A primeira pode ser livremente interpretada por quem a

recebe seja ela uma mensagem cientifica ou esteacutetica ou de outro tipo Jaacute a comunicaccedilatildeointencional deve ser recebida na totalidade do significado pretendido pela intenccedilatildeo do emissor

Ou seja haacute mensagens que satildeo livres na sua interpretaccedilatildeo e mensagens que satildeo interpretadas

conforme o emissor deseja

Sobre linguagem visual Bretzke (1998) eacute um pouco mais especiacutefico limitando a

comunicaccedilatildeo visual tambeacutem conhecida como comunicaccedilatildeo ldquonatildeo verbalrdquo agrave transmissatildeo de

informaccedilatildeo traveacutes do corpo como um todo havendo locuccedilatildeo verbal ou natildeo Compreende todas as

informaccedilotildees que o corpo transmite durante um processo de comunicaccedilatildeo Bretzke (1998) amplia

a noccedilatildeo de comunicaccedilatildeo ao niacutevel da percepccedilatildeo do individuo emocional ou sentimental Assim

sendo toda vez que o individuo percebe uma emoccedilatildeo ou um sentimento seu corpo o comunica

Enquadramento

Aumont (1994) reforccedila que o importante neste ponto eacute observar que reagimos diante da

imagem fiacutelmica como diante da representaccedilatildeo muito realista de um espaccedilo imaginaacuterio que

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aparentemente estamos vendo Mais precisamente como a imagem eacute limitada em sua extensatildeo

pelo quadro parece que estamos captando apenas uma porccedilatildeo de espaccedilo imaginaacuterio que estaacutecontida dentro do quadro que o autor chamaraacute de campo Portanto campo eacute tudo aquilo que estaacute

visiacutevel dentro do espaccedilo imaginaacuterio que Aumont (1994) designa como nome de espaccedilo fiacutelmico

ou cena fiacutelmica Dentro deste espaccedilo fiacutelmico podemos identificar o plano este termo eacute usado

quando queremos nos referir agrave presenccedila mais ou menos destacada da figura humana dentro do

quadro

Composiccedilatildeo

Outra caracteriacutestica da imagem ou sinal cinematograacutefico eacute a composiccedilatildeo Pereira (1980 p

37) comenta que ldquocompor eacute relacionar linhas luzes sombras cores e massas nas trecircs dimensotildees

(altura largura e profundidade) dentro deste enquadramento ou planordquo A composiccedilatildeo guiaraacute a

visatildeo do espectador

Natildeo haacute pois ponto ideal de visualizaccedilatildeo dentro do quadro cinematograacutefico adistribuiccedilatildeo e relacionamento de linhas luzes cores e massa eacute que ldquochamaraacute a atenccedilatildeordquodo espectador para este ou aquele ponto do enquadramento (PEREIRA 1980 p 41)

A composiccedilatildeo portanto aleacutem de ser um artifiacutecio atraveacutes do qual se daacute alguma informaccedilatildeo

eacute mais ainda um instrumento expressivo Natildeo apenas mostra coisas mas coisas carregadas de

intenccedilotildees significados Podemos compor um quadro de diversas maneiras Pereira (1980) divide

a aacuterea da composiccedilatildeo em composiccedilatildeo linear composiccedilatildeo por luz composiccedilatildeo de cores

composiccedilatildeo de massas composiccedilatildeo em profundidade composiccedilatildeo por angulaccedilatildeo do quadro e

enquadramento dentro do enquadramento Geralmente um dos tipos de composiccedilatildeo predomina noquadro mas eacute comum encontrarmos estilos de composiccedilotildees diferentes no mesmo quadro

Movimento

O movimento estaacute presente na imagem cinematograacutefica Segundo Pereira (1980 p 51)

ldquohaacute trecircs tipos de movimento imaginal cinematograacutefico um dentro do enquadramento outro por

deslocaccedilatildeo de enquadramento e um terceiro provocado pela conjunccedilatildeo de imagens eacute a

montagemrdquo O movimento dentro do enquadramento diz respeito ao modo como eacute exibida a

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accedilatildeo Podemos exibir a accedilatildeo na mesma velocidade em que ela foi filmada desta forma o mesmo

tempo que uma accedilatildeo demorou para ser realizada ela seraacute exibida Ou entatildeo podemos produziruma alteraccedilatildeo da reproduccedilatildeo plaacutestica do movimento dando um efeito de ldquoretardamentordquo ou

ldquoaceleraccedilatildeordquo do movimento A filmagem quadro a quadro eacute considerada segundo Pereira (1980)

uma forma de movimento dentro do enquadramento Desta forma Pereira (1980 p 53) afirma

que

Com a cacircmera fixada a um tripeacute fotografa-se quadro a quadro um objeto inanimadoem varias posiccedilotildees e lugares diferentes Na projeccedilatildeo ele pareceraacute ter vida proacutepriadeslocando-se de caacute para laacute numa velocidade que dependeraacute do numero de fotos batidas

de cada posiccedilatildeo estaacutetica do objeto quanto menor o numero destas maior a ldquoanimaccedilatildeordquoe vice-versa (PEREIRA 1980 p 54)

Montagem

A linguagem cinematograacutefica surge com o objetivo de transformar o cinema em arte

tornar o cinema em uma forma de expressatildeo e comunicaccedilatildeo onde se possa atraveacutes dele transmitir

ideacuteias e conceitos

A montagem tem o dever de organizar a relaccedilatildeo entre todos os outros elementos da

linguagem cinematograacutefica Como explica Mouratildeo (1998 p 9) que ldquoa montagem surge como

necessidade ideoloacutegica diante da situaccedilatildeo que se impotildeem de se organizar esses coacutedigos para

transformaacute-los em um meio de expressatildeo cinematograacutefica fazendo com que se possa passar da

esfera da simples accedilatildeo como ocorria no inicio do cinema agrave esfera das ideacuteiasrdquo Eisenstein (1990)

relata que a montagem consiste no fato de dois pedaccedilos de filme de qualquer tipo colocados

juntos inevitavelmente criam um novo conceito uma nova qualidade que surge da justaposiccedilatildeo

O autor diz que ldquoa justaposiccedilatildeo de dois planos isolados atraveacutes de sua uniatildeo natildeo parece a simples

soma de um plano mais outro plano ndash mas o produto Parece um produto porque em toda

justaposiccedilatildeo deste tipo o resultado eacute qualitativamente diferente de cada elemento considerado

isoladamenterdquo (EISENSTEIN 1990 p16)

A montagem consiste na uniatildeo de dois fotogramas pertencentes a planos diferentes edeterminados pelo corte que tem como resultado um novo produto visual que se traduzde um lado por um processo de representaccedilatildeo que quer passar despercebido e de outro por um processo de representaccedilatildeo que contrariamente ao anterior quer se fazerdescaradamente perceptiacutevel (PILLA 2005 p 62)

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Montagem Paralela

Apoacutes definir montagem em seu sentido mais amplo pode-se falar da montagem

paralela Para falar de montagem paralela temos que falar de D W Griffith que segundo

Dancyger (2003) eacute o pai da montagem cinematograacutefica A contribuiccedilatildeo de Griffith para o

cinema segundo o autor abrange toda uma gama de procedimentos a variaccedilatildeo de planos para criar

impacto incluindo o grande plano geral o close-up inserts e o travelling a montagem paralela e as

variaccedilotildees de ritmo

Deleuze (apud AUGUSTO 2004) aponta trecircs formas de montagem ou de alternacircnciariacutetmicas criadas por Griffith A primeira delas diz respeito a alternacircncia das partes

diferenciadas ou seja de planos com sentidos opostos ldquoO organismo eacute primeiramente uma

unidade no diverso isto eacute um conjunto de partes diferenciadas haacute os ricos e os pobres a

cidade e o campo o Norte e o Sul os interiores e os exteriores etcrdquo (DELEUZE apud

AUGUSTO 2004 p 57)

FICHA TEacuteCNICA

O Filme 21 gramas possui a seguinte ficha teacutecnica

a) Tiacutetulo Original 21 Grams

b) Gecircnero Drama

c) Tempo de Duraccedilatildeo 125 minutos

d) Nuacutemero de cenas 117

e) Direccedilatildeo Alejandro Gonzaacutelez-Intildeaacuterritu

f)

Elenco Sean Penn (Paul)Benicio Del Toro (Jack) Naomi Watts (Christina)

Categorias

O filme foi dividido de acordo com o conteuacutedo das mensagens antes do acidente apoacutes o

acidente e apoacutes o encontro dos trecircs nuacutecleos

Montagem das Categorias

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A sequumlecircncia como foram apresentadas as categorias seria uma forma linear de

desenvolver a narrativa Aumont (1994) explica que narrar eacute simplesmente relatar um evento realou imaginaacuterio Mas acrescenta que isso implica pelo menos duas coisas em primeiro lugar que

o desenvolvimento da histoacuteria esteja agrave disposiccedilatildeo daquele que a conta em segundo lugar que a

histoacuteria siga um desenvolvimento organizado ao mesmo tempo pelo narrador e pelos modelos

aos quais se adapta Machado (apud AUGUSTO 2004) acrescenta que antes do

desenvolvimento da montagem a imagem cinematograacutefica era uma superfiacutecie ampla carregada de

detalhes que o olho do espectador tinha que percorrer aleatoriamente O olhar ainda natildeo era dirigido

para os pontos que interessavam ao desenvolvimento da intriga natildeo havia ainda estrateacutegias de

ordenamento E a montagem surgiu justamente para corrigir esse problema gerando a possibilidade de

linearizaccedilatildeo da narrativa no cinema

Pilla (2005 p 65) ainda diz que ldquoa montagem eacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme em

certas condiccedilotildees de ordem e duraccedilatildeo Consiste na sucessatildeo das tomadas ou planos dentro de uma

sequumlecircncia de forma a dar-lhes unidade interpretativardquo Ou seja a montagem seraacute responsaacutevel

pela junccedilatildeo e ordenaccedilatildeo de diversos planos

No filme 21 gramas com base nos pressupostos de Pilla e Eisenstein encontramos nosmomentos antecedentes ao acidente no acidente e nos momentos posteriores ao acidente a

junccedilatildeo dos fotogramas pertencentes a planos diferentes formando um processo de representaccedilatildeo

intencional e perceptiacutevel sugerindo continuidade formando desta forma o Todo

Figura 1 ndash Montagem linear do filme 21 gramas

Como se pode visualizar na Figura 1 a representaccedilatildeo linear da narrativa da histoacuteria como

sugere Aumont (1994) o momento que antecede o acidente ocupa cerca de 17 do tempo inicial

do filme tendo como funccedilatildeo fazer a apresentaccedilatildeo dos trecircs nuacutecleos da histoacuteria O acidente seria

um marco de virada da histoacuteria sendo responsaacutevel por 1 do tempo do filme A etapa seguinte

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que corresponde agrave momentos posteriores ao acidente representando a parte mais volumosa do

filme (cerca de 64 do todo) espaccedilo destinado ao desenvolvimento das histoacuterias Um uacuteltimoestaacutegio seria uma segunda virada da narrativa momento onde os trecircs nuacutecleos se fundem

tornando apenas um Este momento eacute caracterizado por ocupar 174 do total do filme volume

que se assemelha ao tempo do momento inicial do filme onde os nuacutecleos seguem caminhos

totalmente distintos

Ainda sobre a montagem retomemos Augusto (2004) quando fala da montagem sob o

ponto de vista da desordem atraveacutes de uma ordem articulatoacuteria regida por uma perturbaccedilatildeo

pragmaacutetica Eacute assim que o diretor consegue com montagem transmitir uma ideacuteia atraveacutes da

imagem

A montagem manteacutem as histoacuterias paralelas produzindo simultaneamente as trecircs accedilotildees

pela retomada alternada mas por outro lado atinge uma caracteriacutestica natildeo linear conforme

Jakobson referendado por Carvalho quando se refere ao resultado final de uma produccedilatildeo fiacutelmica

Pode-se identificar na montagem deste filme que o diretor opta por trocar o ordenamento

das cenas como por exemplo quando eacute exibida a cena do atropelamento esta cena eacute trabalhada

posteriormente em forma de flash-back pois no contexto da narrativa jaacute estaacute explicito o ocorridoO diretor deixa claro o acidente natildeo pela cena do atropelamento propriamente dito (cena 71) mas

no momento em que Jack chega em casa e diz agrave esposa que atropelou um homem e duas meninas

(cena 31) Este momento ocorre entre os vinte e trinta primeiros minutos do filme Se

colocaacutessemos as cenas de forma linear a cena que registra o acidente aconteceria no mesmo

periacuteodo Desta forma o tempo da cena eacute trocado poreacutem a ideacuteia da narrativa segue da mesma

forma Isto tambeacutem ocorre na segunda virada da narrativa quando Paul e Cristina decidem

procurar Jack

Ritmo das Categorias

Os trecircs momentos que dividem o filme mostraram uma variaccedilatildeo de ritmo Variaccedilatildeo que

para Dancyger (2003) corresponde agrave variaccedilatildeo das respostas emocionais de um espectador Desta

forma o diretor pode guiar o sentido das emoccedilotildees do espectador nas diferentes situaccedilotildees que a

narrativa dispotildee Sob o ponto de vista de Leone (1987) o corte poderaacute reforccedilar ou atenuar

determinadas relaccedilotildees dependendo das necessidades surgidas na narrativa O autor afirma que o

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corte proporciona a mudanccedila da posiccedilatildeo da cacircmera no interior de uma mesma cena extraindo os

efeitos dramaacuteticos do acircngulo de visatildeo com o objetivo de acompanhar os personagens Por isso quePilla (2005) considera que o corte eacute o baacutesico da linguagem cinematograacutefica permitindo a

montagem e estaacute mais relacionado com o tempo que com o espaccedilo

Dancyger (2003) afirma que natildeo eacute possiacutevel fornecer definiccedilotildees especificas sobre a

duraccedilatildeo dos planos ideal para uma determinada sequumlecircncia

Quadro 1 ndash Ritmo das categorias

No primeiro momento do filme que antecede o acidente as cenas apresentam 187 cortes

sendo que os quadros das cenas apresentam um tempo meacutedio de 78 segundos Nuacutemero que se

aproxima da duraccedilatildeo meacutedia dos planos do filme como um todo que eacute 8 segundos Um ritmo

meacutedio que para Dancyger (2003) permite ao espectador uma maior absorccedilatildeo de informaccedilotildees

Pois nesta primeira etapa do filme eacute apresentado ao espectador os nuacutecleos narrativos que o

filme trabalharaacute

Tempo da Narrativa Destinado aos Nuacutecleos

O filme 21 gramas trabalha bastante a questatildeo do tempo Sobre tempo Augusto (2004)

diz que com o desenvolvimento da montagem o cinema permitiu em primeiro lugar ampliar a

noccedilatildeo de tempo sintetizado na imagem mutaacutevel e depois voltar agrave siacutentese do tempo na imagem

fixa

Deleuse (apud AUGUSTO 2004) busca definir as maneiras de montagem

desenvolvidas por Griffith no inicio da histoacuteria do cinema Uma maneira destacada por

Deleuze (apud AUGUSTO 2004) eacute a das accedilotildees convergentes que convergem para o

mesmo fim fazendo alternarem-se os momentos de duas ou mais situaccedilotildees que vatildeo se

Ritmo das categorias

Categorias nordm de cortesMeacutedia de tempopor quadro (seg)

Antes do acidente 187 78Apoacutes acidente 738 96Apoacutes encontro dos nuacutecleos 348 56

Outros 6 124

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encontrar Ou seja a montagem paralela Forma de montagem que segundo Pilla (2005 p

68) ldquoocorre quando duas ou mais sequumlecircncias satildeo abordadas ao mesmo tempo intercalando ascenas pertencentes a cada uma alternadamente a fim de fazer surgir uma significaccedilatildeo de seu

confronto Eacute empregada quando se quer fazer um paralelo uma aproximaccedilatildeo simboacutelica entre as

cenas como por exemplo a aproximaccedilatildeo temporalrdquo Segundo Aumont (2002) esse projeto

narrativo gera um esquema de inteligibilidade de denotaccedilatildeo pois os espectadores sabem que a

alternacircncia de imagens sobre a tela eacute capaz de significar que na temporalidade literal da ficccedilatildeo

os acontecimentos apresentados satildeo simultacircneos

Essa forma de montagem se desenvolve no filme 21 Gramas Pela necessidade de projetar

trecircs episoacutedios contemporacircneos na narrativa do filme fazendo com que dois deles se fundam num

primeiro momento e posteriormente os trecircs se encontrem para fechar a histoacuteria Como pode ser

representado no Quadro 6

Nuacutecleos PersonagensA CristinaB PaulC JackD Cristina e Paul

E Cristina Paul e JackQuadro 2 ndash Nuacutecleos do filme 21 gramas

PARTICIPACcedilAtildeO DOS NUacuteCLEOS

Nuacutecleos Nordmde cenasDuraccedilatildeo

(SEG)Porcentagem das

cenas do filmeA 19 883 162B 21 1365 179

C 29 1761 248D 22 1961 188E 22 1085 188

outros 4 107 34TOTAL 117 1000Quadro 3 ndash Participaccedilatildeo dos nuacutecleos

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Figura 2 ndash Desenvolvimento dos nuacutecleos do filme

Desta forma pode-se dividir a narrativa do filme 21 Gramas em cinco nuacutecleos O nuacutecleo(A) seria responsaacutevel pelos episoacutedios que dizem respeito agrave personagem Cristina tanto os

momentos antecedentes ao acidente quanto os posteriores ao mesmo Este nuacutecleo eacute representado

por dezenove cenas correspondendo a 162 do total de cenas do filme

O nuacutecleo (B) desenvolve a trama de Paul esse nuacutecleo se limita ateacute o momento em que

Paul se encontra com Cristina O nuacutecleo B possui vinte e uma cenas ocupando 179 do filme

Paralelamente a esses dois nuacutecleos desenvolve-se a histoacuteria de Jack que seraacute representado pelo

nuacutecleo (C)

O nuacutecleo C se manteraacute independente ateacute o momento final do filme onde os trecircs episoacutedios

se fundem gerando um acerto de contas Por esse motivo ele eacute responsaacutevel por representar um

nuacutemero maior de cenas vinte e nove cenas Chegando aos 248 do total de cenas que o filme

apresenta

Outro nuacutecleo se forma no momento em que Paul encontra Cristina Esse nuacutecleo seraacute

nomeado como nuacutecleo (D) que estaraacute presente em vinte e duas cenas do filme Representando

188 do longa-metragem

O uacuteltimo momento do filme eacute caracterizado pela junccedilatildeo das trecircs narrativas Esse momentoseraacute nomeado por nuacutecleo (E) que encaminharaacute o filme para o seu fechamento Este nuacutecleo eacute

responsaacutevel por 188 do total do filme estando presente em vinte e duas cenas do filme um

outro iacutendice identificado eacute responsaacutevel por cenas neutras e pela cena onde eacute apresentado ao

espectador o acidente fato que faz com que a trama se desenvolva Este momento eacute representado

em quatro cenas do filme sendo responsaacutevel por 34 da totalidade do longa-metragem

Como se pode perceber haacute uma representaccedilatildeo dos espaccedilos destinados a cada nuacutecleo

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Entende-se que a montagem proporcionaraacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme atraveacutes

da junccedilatildeo de dois pedaccedilos de filme distintos Possibilitado desta forma a manipulaccedilatildeo do tempo

e do movimento e consequumlentemente o estado emocional do espectador Pode-se afirmar que o

filme 21 gramas utiliza-se do artifiacutecio da montagem sugerindo continuidade formando desta

forma o Todo Aleacutem da utilizaccedilatildeo da montagem paralela e natildeo linear para prender a atenccedilatildeo e o

interesse do espectador

A anaacutelise proporcionou tambeacutem a identificaccedilatildeo de uma variaccedilatildeo de ritmo entre os trecircsmomentos do filme Mostrando que a variaccedilatildeo do ritmo guia o sentido das emoccedilotildees do

espectador atendendo agraves diferentes necessidades da narrativa O primeiro momento do filme

onde satildeo apresentados os nuacutecleos apresentou um ritmo de 78 seg por quadro da cena

Possibilitando ao espectador uma maior capacidade de captar informaccedilotildees O segundo

momento posterior ao acidente apresentou o ritmo mais lento do filme com uma meacutedia de 96

seg por quadro Isso porque esse momento eacute onde os conflitos satildeo gerados e desenvolvidos

necessitado assim de um maior tempo para que haja uma melhor compreensatildeo do espectador Jaacute

o terceiro momento do filme onde os trecircs personagens se unem apresentou o ritmo mais

acelerado do filme com uma meacutedia 56 seg por quadro Isso ocorre pela necessidade de tensatildeo

intensidade que esta parte da narrativa exige

Uma caracteriacutestica bem acentuada com relaccedilatildeo agrave forma ficou bem definida quando o

longa metragem foi dividido em cinco nuacutecleos nuacutecleo A da personagem Cristina nuacutecleo B de

Paul nuacutecleo C do Personagem Jack nuacutecleo D onde os personagens Cristina e Paul se juntam e

o nuacutecleo E momento onde os trecircs personagens se encontram A separaccedilatildeo destes nuacutecleos

proporcionou uma anaacutelise do espaccedilo disposto para cada um dos personagens principais Sendoidentificado uma semelhanccedila de duraccedilatildeo dos nuacutecleos dispostos O espaccedilo disposto para cada um

dos personagens eacute de cerca de 25 do todo Demonstrando assim natildeo haver preferecircncia ou

destaque para qualquer um dos trecircs personagens envolvidos na trama O momento em que estes

trecircs personagens se unem eacute representado por 188 da totalidade do filme

Diante deste quadro conclui-se que a evoluccedilatildeo da narrativa deu-se atraveacutes do processo de

montagem o que representa uma nova revoluccedilatildeo no universo de significaccedilatildeo das imagens de

composiccedilatildeo de mensagens e de construccedilatildeo de discursos

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A anaacutelise evidenciou achados importantes mas muitas outras informaccedilotildees ainda estatildeo por

desvendar Aspectos da linguagem como movimentos de cacircmera e acircngulos de enquadramentonatildeo tratados no presente estudo representam elementos importantes na montagem paralela e

constituem interessantes temas para abordagem em futuras investigaccedilotildees

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A terceira e uacuteltima fase da pesquisa envolve uma leitura dos resultados quantitativos na

perspectiva da linguagem visual sob condiccedilotildees determinadas por muacuteltiplos fatores queinfluenciam todo o processo de produccedilatildeo e manifestaccedilatildeo de mensagens

Considerou-se como universo deste estudo o filme 21 gramas do diretor Alejandro

Gonzaacutelez-Intildeaacuterritu

Para composiccedilatildeo da amostra optou-se pelo processo de amostragem do tipo natildeo-

probabiliacutestico por julgamento

Linguagem Visual

De maneira simples Munari (1997) explica a comunicaccedilatildeo visual Segundo o autor

ldquopraticamente tudo que os nossos olhos vecircem eacute comunicaccedilatildeo visualrdquo (MUNARI 1997 p 65)

Munari chama o conjunto de elementos que tornam visiacutevel a mensagem de ldquosuporte visualrdquo que

satildeo ldquoTodas aquelas partes que devem ser consideradas e aprofundadas para poderem ser

utilizadas com a maacutexima coerecircncia em relaccedilatildeo agrave informaccedilatildeordquo O autor acredita tambeacutem que todas

as mensagens que passam atraveacutes dos nossos olhos podem ser divididas em dois tipos de

comunicaccedilatildeo a casual ou a intencional A primeira pode ser livremente interpretada por quem a

recebe seja ela uma mensagem cientifica ou esteacutetica ou de outro tipo Jaacute a comunicaccedilatildeointencional deve ser recebida na totalidade do significado pretendido pela intenccedilatildeo do emissor

Ou seja haacute mensagens que satildeo livres na sua interpretaccedilatildeo e mensagens que satildeo interpretadas

conforme o emissor deseja

Sobre linguagem visual Bretzke (1998) eacute um pouco mais especiacutefico limitando a

comunicaccedilatildeo visual tambeacutem conhecida como comunicaccedilatildeo ldquonatildeo verbalrdquo agrave transmissatildeo de

informaccedilatildeo traveacutes do corpo como um todo havendo locuccedilatildeo verbal ou natildeo Compreende todas as

informaccedilotildees que o corpo transmite durante um processo de comunicaccedilatildeo Bretzke (1998) amplia

a noccedilatildeo de comunicaccedilatildeo ao niacutevel da percepccedilatildeo do individuo emocional ou sentimental Assim

sendo toda vez que o individuo percebe uma emoccedilatildeo ou um sentimento seu corpo o comunica

Enquadramento

Aumont (1994) reforccedila que o importante neste ponto eacute observar que reagimos diante da

imagem fiacutelmica como diante da representaccedilatildeo muito realista de um espaccedilo imaginaacuterio que

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aparentemente estamos vendo Mais precisamente como a imagem eacute limitada em sua extensatildeo

pelo quadro parece que estamos captando apenas uma porccedilatildeo de espaccedilo imaginaacuterio que estaacutecontida dentro do quadro que o autor chamaraacute de campo Portanto campo eacute tudo aquilo que estaacute

visiacutevel dentro do espaccedilo imaginaacuterio que Aumont (1994) designa como nome de espaccedilo fiacutelmico

ou cena fiacutelmica Dentro deste espaccedilo fiacutelmico podemos identificar o plano este termo eacute usado

quando queremos nos referir agrave presenccedila mais ou menos destacada da figura humana dentro do

quadro

Composiccedilatildeo

Outra caracteriacutestica da imagem ou sinal cinematograacutefico eacute a composiccedilatildeo Pereira (1980 p

37) comenta que ldquocompor eacute relacionar linhas luzes sombras cores e massas nas trecircs dimensotildees

(altura largura e profundidade) dentro deste enquadramento ou planordquo A composiccedilatildeo guiaraacute a

visatildeo do espectador

Natildeo haacute pois ponto ideal de visualizaccedilatildeo dentro do quadro cinematograacutefico adistribuiccedilatildeo e relacionamento de linhas luzes cores e massa eacute que ldquochamaraacute a atenccedilatildeordquodo espectador para este ou aquele ponto do enquadramento (PEREIRA 1980 p 41)

A composiccedilatildeo portanto aleacutem de ser um artifiacutecio atraveacutes do qual se daacute alguma informaccedilatildeo

eacute mais ainda um instrumento expressivo Natildeo apenas mostra coisas mas coisas carregadas de

intenccedilotildees significados Podemos compor um quadro de diversas maneiras Pereira (1980) divide

a aacuterea da composiccedilatildeo em composiccedilatildeo linear composiccedilatildeo por luz composiccedilatildeo de cores

composiccedilatildeo de massas composiccedilatildeo em profundidade composiccedilatildeo por angulaccedilatildeo do quadro e

enquadramento dentro do enquadramento Geralmente um dos tipos de composiccedilatildeo predomina noquadro mas eacute comum encontrarmos estilos de composiccedilotildees diferentes no mesmo quadro

Movimento

O movimento estaacute presente na imagem cinematograacutefica Segundo Pereira (1980 p 51)

ldquohaacute trecircs tipos de movimento imaginal cinematograacutefico um dentro do enquadramento outro por

deslocaccedilatildeo de enquadramento e um terceiro provocado pela conjunccedilatildeo de imagens eacute a

montagemrdquo O movimento dentro do enquadramento diz respeito ao modo como eacute exibida a

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accedilatildeo Podemos exibir a accedilatildeo na mesma velocidade em que ela foi filmada desta forma o mesmo

tempo que uma accedilatildeo demorou para ser realizada ela seraacute exibida Ou entatildeo podemos produziruma alteraccedilatildeo da reproduccedilatildeo plaacutestica do movimento dando um efeito de ldquoretardamentordquo ou

ldquoaceleraccedilatildeordquo do movimento A filmagem quadro a quadro eacute considerada segundo Pereira (1980)

uma forma de movimento dentro do enquadramento Desta forma Pereira (1980 p 53) afirma

que

Com a cacircmera fixada a um tripeacute fotografa-se quadro a quadro um objeto inanimadoem varias posiccedilotildees e lugares diferentes Na projeccedilatildeo ele pareceraacute ter vida proacutepriadeslocando-se de caacute para laacute numa velocidade que dependeraacute do numero de fotos batidas

de cada posiccedilatildeo estaacutetica do objeto quanto menor o numero destas maior a ldquoanimaccedilatildeordquoe vice-versa (PEREIRA 1980 p 54)

Montagem

A linguagem cinematograacutefica surge com o objetivo de transformar o cinema em arte

tornar o cinema em uma forma de expressatildeo e comunicaccedilatildeo onde se possa atraveacutes dele transmitir

ideacuteias e conceitos

A montagem tem o dever de organizar a relaccedilatildeo entre todos os outros elementos da

linguagem cinematograacutefica Como explica Mouratildeo (1998 p 9) que ldquoa montagem surge como

necessidade ideoloacutegica diante da situaccedilatildeo que se impotildeem de se organizar esses coacutedigos para

transformaacute-los em um meio de expressatildeo cinematograacutefica fazendo com que se possa passar da

esfera da simples accedilatildeo como ocorria no inicio do cinema agrave esfera das ideacuteiasrdquo Eisenstein (1990)

relata que a montagem consiste no fato de dois pedaccedilos de filme de qualquer tipo colocados

juntos inevitavelmente criam um novo conceito uma nova qualidade que surge da justaposiccedilatildeo

O autor diz que ldquoa justaposiccedilatildeo de dois planos isolados atraveacutes de sua uniatildeo natildeo parece a simples

soma de um plano mais outro plano ndash mas o produto Parece um produto porque em toda

justaposiccedilatildeo deste tipo o resultado eacute qualitativamente diferente de cada elemento considerado

isoladamenterdquo (EISENSTEIN 1990 p16)

A montagem consiste na uniatildeo de dois fotogramas pertencentes a planos diferentes edeterminados pelo corte que tem como resultado um novo produto visual que se traduzde um lado por um processo de representaccedilatildeo que quer passar despercebido e de outro por um processo de representaccedilatildeo que contrariamente ao anterior quer se fazerdescaradamente perceptiacutevel (PILLA 2005 p 62)

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Montagem Paralela

Apoacutes definir montagem em seu sentido mais amplo pode-se falar da montagem

paralela Para falar de montagem paralela temos que falar de D W Griffith que segundo

Dancyger (2003) eacute o pai da montagem cinematograacutefica A contribuiccedilatildeo de Griffith para o

cinema segundo o autor abrange toda uma gama de procedimentos a variaccedilatildeo de planos para criar

impacto incluindo o grande plano geral o close-up inserts e o travelling a montagem paralela e as

variaccedilotildees de ritmo

Deleuze (apud AUGUSTO 2004) aponta trecircs formas de montagem ou de alternacircnciariacutetmicas criadas por Griffith A primeira delas diz respeito a alternacircncia das partes

diferenciadas ou seja de planos com sentidos opostos ldquoO organismo eacute primeiramente uma

unidade no diverso isto eacute um conjunto de partes diferenciadas haacute os ricos e os pobres a

cidade e o campo o Norte e o Sul os interiores e os exteriores etcrdquo (DELEUZE apud

AUGUSTO 2004 p 57)

FICHA TEacuteCNICA

O Filme 21 gramas possui a seguinte ficha teacutecnica

a) Tiacutetulo Original 21 Grams

b) Gecircnero Drama

c) Tempo de Duraccedilatildeo 125 minutos

d) Nuacutemero de cenas 117

e) Direccedilatildeo Alejandro Gonzaacutelez-Intildeaacuterritu

f)

Elenco Sean Penn (Paul)Benicio Del Toro (Jack) Naomi Watts (Christina)

Categorias

O filme foi dividido de acordo com o conteuacutedo das mensagens antes do acidente apoacutes o

acidente e apoacutes o encontro dos trecircs nuacutecleos

Montagem das Categorias

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A sequumlecircncia como foram apresentadas as categorias seria uma forma linear de

desenvolver a narrativa Aumont (1994) explica que narrar eacute simplesmente relatar um evento realou imaginaacuterio Mas acrescenta que isso implica pelo menos duas coisas em primeiro lugar que

o desenvolvimento da histoacuteria esteja agrave disposiccedilatildeo daquele que a conta em segundo lugar que a

histoacuteria siga um desenvolvimento organizado ao mesmo tempo pelo narrador e pelos modelos

aos quais se adapta Machado (apud AUGUSTO 2004) acrescenta que antes do

desenvolvimento da montagem a imagem cinematograacutefica era uma superfiacutecie ampla carregada de

detalhes que o olho do espectador tinha que percorrer aleatoriamente O olhar ainda natildeo era dirigido

para os pontos que interessavam ao desenvolvimento da intriga natildeo havia ainda estrateacutegias de

ordenamento E a montagem surgiu justamente para corrigir esse problema gerando a possibilidade de

linearizaccedilatildeo da narrativa no cinema

Pilla (2005 p 65) ainda diz que ldquoa montagem eacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme em

certas condiccedilotildees de ordem e duraccedilatildeo Consiste na sucessatildeo das tomadas ou planos dentro de uma

sequumlecircncia de forma a dar-lhes unidade interpretativardquo Ou seja a montagem seraacute responsaacutevel

pela junccedilatildeo e ordenaccedilatildeo de diversos planos

No filme 21 gramas com base nos pressupostos de Pilla e Eisenstein encontramos nosmomentos antecedentes ao acidente no acidente e nos momentos posteriores ao acidente a

junccedilatildeo dos fotogramas pertencentes a planos diferentes formando um processo de representaccedilatildeo

intencional e perceptiacutevel sugerindo continuidade formando desta forma o Todo

Figura 1 ndash Montagem linear do filme 21 gramas

Como se pode visualizar na Figura 1 a representaccedilatildeo linear da narrativa da histoacuteria como

sugere Aumont (1994) o momento que antecede o acidente ocupa cerca de 17 do tempo inicial

do filme tendo como funccedilatildeo fazer a apresentaccedilatildeo dos trecircs nuacutecleos da histoacuteria O acidente seria

um marco de virada da histoacuteria sendo responsaacutevel por 1 do tempo do filme A etapa seguinte

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que corresponde agrave momentos posteriores ao acidente representando a parte mais volumosa do

filme (cerca de 64 do todo) espaccedilo destinado ao desenvolvimento das histoacuterias Um uacuteltimoestaacutegio seria uma segunda virada da narrativa momento onde os trecircs nuacutecleos se fundem

tornando apenas um Este momento eacute caracterizado por ocupar 174 do total do filme volume

que se assemelha ao tempo do momento inicial do filme onde os nuacutecleos seguem caminhos

totalmente distintos

Ainda sobre a montagem retomemos Augusto (2004) quando fala da montagem sob o

ponto de vista da desordem atraveacutes de uma ordem articulatoacuteria regida por uma perturbaccedilatildeo

pragmaacutetica Eacute assim que o diretor consegue com montagem transmitir uma ideacuteia atraveacutes da

imagem

A montagem manteacutem as histoacuterias paralelas produzindo simultaneamente as trecircs accedilotildees

pela retomada alternada mas por outro lado atinge uma caracteriacutestica natildeo linear conforme

Jakobson referendado por Carvalho quando se refere ao resultado final de uma produccedilatildeo fiacutelmica

Pode-se identificar na montagem deste filme que o diretor opta por trocar o ordenamento

das cenas como por exemplo quando eacute exibida a cena do atropelamento esta cena eacute trabalhada

posteriormente em forma de flash-back pois no contexto da narrativa jaacute estaacute explicito o ocorridoO diretor deixa claro o acidente natildeo pela cena do atropelamento propriamente dito (cena 71) mas

no momento em que Jack chega em casa e diz agrave esposa que atropelou um homem e duas meninas

(cena 31) Este momento ocorre entre os vinte e trinta primeiros minutos do filme Se

colocaacutessemos as cenas de forma linear a cena que registra o acidente aconteceria no mesmo

periacuteodo Desta forma o tempo da cena eacute trocado poreacutem a ideacuteia da narrativa segue da mesma

forma Isto tambeacutem ocorre na segunda virada da narrativa quando Paul e Cristina decidem

procurar Jack

Ritmo das Categorias

Os trecircs momentos que dividem o filme mostraram uma variaccedilatildeo de ritmo Variaccedilatildeo que

para Dancyger (2003) corresponde agrave variaccedilatildeo das respostas emocionais de um espectador Desta

forma o diretor pode guiar o sentido das emoccedilotildees do espectador nas diferentes situaccedilotildees que a

narrativa dispotildee Sob o ponto de vista de Leone (1987) o corte poderaacute reforccedilar ou atenuar

determinadas relaccedilotildees dependendo das necessidades surgidas na narrativa O autor afirma que o

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corte proporciona a mudanccedila da posiccedilatildeo da cacircmera no interior de uma mesma cena extraindo os

efeitos dramaacuteticos do acircngulo de visatildeo com o objetivo de acompanhar os personagens Por isso quePilla (2005) considera que o corte eacute o baacutesico da linguagem cinematograacutefica permitindo a

montagem e estaacute mais relacionado com o tempo que com o espaccedilo

Dancyger (2003) afirma que natildeo eacute possiacutevel fornecer definiccedilotildees especificas sobre a

duraccedilatildeo dos planos ideal para uma determinada sequumlecircncia

Quadro 1 ndash Ritmo das categorias

No primeiro momento do filme que antecede o acidente as cenas apresentam 187 cortes

sendo que os quadros das cenas apresentam um tempo meacutedio de 78 segundos Nuacutemero que se

aproxima da duraccedilatildeo meacutedia dos planos do filme como um todo que eacute 8 segundos Um ritmo

meacutedio que para Dancyger (2003) permite ao espectador uma maior absorccedilatildeo de informaccedilotildees

Pois nesta primeira etapa do filme eacute apresentado ao espectador os nuacutecleos narrativos que o

filme trabalharaacute

Tempo da Narrativa Destinado aos Nuacutecleos

O filme 21 gramas trabalha bastante a questatildeo do tempo Sobre tempo Augusto (2004)

diz que com o desenvolvimento da montagem o cinema permitiu em primeiro lugar ampliar a

noccedilatildeo de tempo sintetizado na imagem mutaacutevel e depois voltar agrave siacutentese do tempo na imagem

fixa

Deleuse (apud AUGUSTO 2004) busca definir as maneiras de montagem

desenvolvidas por Griffith no inicio da histoacuteria do cinema Uma maneira destacada por

Deleuze (apud AUGUSTO 2004) eacute a das accedilotildees convergentes que convergem para o

mesmo fim fazendo alternarem-se os momentos de duas ou mais situaccedilotildees que vatildeo se

Ritmo das categorias

Categorias nordm de cortesMeacutedia de tempopor quadro (seg)

Antes do acidente 187 78Apoacutes acidente 738 96Apoacutes encontro dos nuacutecleos 348 56

Outros 6 124

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encontrar Ou seja a montagem paralela Forma de montagem que segundo Pilla (2005 p

68) ldquoocorre quando duas ou mais sequumlecircncias satildeo abordadas ao mesmo tempo intercalando ascenas pertencentes a cada uma alternadamente a fim de fazer surgir uma significaccedilatildeo de seu

confronto Eacute empregada quando se quer fazer um paralelo uma aproximaccedilatildeo simboacutelica entre as

cenas como por exemplo a aproximaccedilatildeo temporalrdquo Segundo Aumont (2002) esse projeto

narrativo gera um esquema de inteligibilidade de denotaccedilatildeo pois os espectadores sabem que a

alternacircncia de imagens sobre a tela eacute capaz de significar que na temporalidade literal da ficccedilatildeo

os acontecimentos apresentados satildeo simultacircneos

Essa forma de montagem se desenvolve no filme 21 Gramas Pela necessidade de projetar

trecircs episoacutedios contemporacircneos na narrativa do filme fazendo com que dois deles se fundam num

primeiro momento e posteriormente os trecircs se encontrem para fechar a histoacuteria Como pode ser

representado no Quadro 6

Nuacutecleos PersonagensA CristinaB PaulC JackD Cristina e Paul

E Cristina Paul e JackQuadro 2 ndash Nuacutecleos do filme 21 gramas

PARTICIPACcedilAtildeO DOS NUacuteCLEOS

Nuacutecleos Nordmde cenasDuraccedilatildeo

(SEG)Porcentagem das

cenas do filmeA 19 883 162B 21 1365 179

C 29 1761 248D 22 1961 188E 22 1085 188

outros 4 107 34TOTAL 117 1000Quadro 3 ndash Participaccedilatildeo dos nuacutecleos

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Figura 2 ndash Desenvolvimento dos nuacutecleos do filme

Desta forma pode-se dividir a narrativa do filme 21 Gramas em cinco nuacutecleos O nuacutecleo(A) seria responsaacutevel pelos episoacutedios que dizem respeito agrave personagem Cristina tanto os

momentos antecedentes ao acidente quanto os posteriores ao mesmo Este nuacutecleo eacute representado

por dezenove cenas correspondendo a 162 do total de cenas do filme

O nuacutecleo (B) desenvolve a trama de Paul esse nuacutecleo se limita ateacute o momento em que

Paul se encontra com Cristina O nuacutecleo B possui vinte e uma cenas ocupando 179 do filme

Paralelamente a esses dois nuacutecleos desenvolve-se a histoacuteria de Jack que seraacute representado pelo

nuacutecleo (C)

O nuacutecleo C se manteraacute independente ateacute o momento final do filme onde os trecircs episoacutedios

se fundem gerando um acerto de contas Por esse motivo ele eacute responsaacutevel por representar um

nuacutemero maior de cenas vinte e nove cenas Chegando aos 248 do total de cenas que o filme

apresenta

Outro nuacutecleo se forma no momento em que Paul encontra Cristina Esse nuacutecleo seraacute

nomeado como nuacutecleo (D) que estaraacute presente em vinte e duas cenas do filme Representando

188 do longa-metragem

O uacuteltimo momento do filme eacute caracterizado pela junccedilatildeo das trecircs narrativas Esse momentoseraacute nomeado por nuacutecleo (E) que encaminharaacute o filme para o seu fechamento Este nuacutecleo eacute

responsaacutevel por 188 do total do filme estando presente em vinte e duas cenas do filme um

outro iacutendice identificado eacute responsaacutevel por cenas neutras e pela cena onde eacute apresentado ao

espectador o acidente fato que faz com que a trama se desenvolva Este momento eacute representado

em quatro cenas do filme sendo responsaacutevel por 34 da totalidade do longa-metragem

Como se pode perceber haacute uma representaccedilatildeo dos espaccedilos destinados a cada nuacutecleo

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Entende-se que a montagem proporcionaraacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme atraveacutes

da junccedilatildeo de dois pedaccedilos de filme distintos Possibilitado desta forma a manipulaccedilatildeo do tempo

e do movimento e consequumlentemente o estado emocional do espectador Pode-se afirmar que o

filme 21 gramas utiliza-se do artifiacutecio da montagem sugerindo continuidade formando desta

forma o Todo Aleacutem da utilizaccedilatildeo da montagem paralela e natildeo linear para prender a atenccedilatildeo e o

interesse do espectador

A anaacutelise proporcionou tambeacutem a identificaccedilatildeo de uma variaccedilatildeo de ritmo entre os trecircsmomentos do filme Mostrando que a variaccedilatildeo do ritmo guia o sentido das emoccedilotildees do

espectador atendendo agraves diferentes necessidades da narrativa O primeiro momento do filme

onde satildeo apresentados os nuacutecleos apresentou um ritmo de 78 seg por quadro da cena

Possibilitando ao espectador uma maior capacidade de captar informaccedilotildees O segundo

momento posterior ao acidente apresentou o ritmo mais lento do filme com uma meacutedia de 96

seg por quadro Isso porque esse momento eacute onde os conflitos satildeo gerados e desenvolvidos

necessitado assim de um maior tempo para que haja uma melhor compreensatildeo do espectador Jaacute

o terceiro momento do filme onde os trecircs personagens se unem apresentou o ritmo mais

acelerado do filme com uma meacutedia 56 seg por quadro Isso ocorre pela necessidade de tensatildeo

intensidade que esta parte da narrativa exige

Uma caracteriacutestica bem acentuada com relaccedilatildeo agrave forma ficou bem definida quando o

longa metragem foi dividido em cinco nuacutecleos nuacutecleo A da personagem Cristina nuacutecleo B de

Paul nuacutecleo C do Personagem Jack nuacutecleo D onde os personagens Cristina e Paul se juntam e

o nuacutecleo E momento onde os trecircs personagens se encontram A separaccedilatildeo destes nuacutecleos

proporcionou uma anaacutelise do espaccedilo disposto para cada um dos personagens principais Sendoidentificado uma semelhanccedila de duraccedilatildeo dos nuacutecleos dispostos O espaccedilo disposto para cada um

dos personagens eacute de cerca de 25 do todo Demonstrando assim natildeo haver preferecircncia ou

destaque para qualquer um dos trecircs personagens envolvidos na trama O momento em que estes

trecircs personagens se unem eacute representado por 188 da totalidade do filme

Diante deste quadro conclui-se que a evoluccedilatildeo da narrativa deu-se atraveacutes do processo de

montagem o que representa uma nova revoluccedilatildeo no universo de significaccedilatildeo das imagens de

composiccedilatildeo de mensagens e de construccedilatildeo de discursos

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A anaacutelise evidenciou achados importantes mas muitas outras informaccedilotildees ainda estatildeo por

desvendar Aspectos da linguagem como movimentos de cacircmera e acircngulos de enquadramentonatildeo tratados no presente estudo representam elementos importantes na montagem paralela e

constituem interessantes temas para abordagem em futuras investigaccedilotildees

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aparentemente estamos vendo Mais precisamente como a imagem eacute limitada em sua extensatildeo

pelo quadro parece que estamos captando apenas uma porccedilatildeo de espaccedilo imaginaacuterio que estaacutecontida dentro do quadro que o autor chamaraacute de campo Portanto campo eacute tudo aquilo que estaacute

visiacutevel dentro do espaccedilo imaginaacuterio que Aumont (1994) designa como nome de espaccedilo fiacutelmico

ou cena fiacutelmica Dentro deste espaccedilo fiacutelmico podemos identificar o plano este termo eacute usado

quando queremos nos referir agrave presenccedila mais ou menos destacada da figura humana dentro do

quadro

Composiccedilatildeo

Outra caracteriacutestica da imagem ou sinal cinematograacutefico eacute a composiccedilatildeo Pereira (1980 p

37) comenta que ldquocompor eacute relacionar linhas luzes sombras cores e massas nas trecircs dimensotildees

(altura largura e profundidade) dentro deste enquadramento ou planordquo A composiccedilatildeo guiaraacute a

visatildeo do espectador

Natildeo haacute pois ponto ideal de visualizaccedilatildeo dentro do quadro cinematograacutefico adistribuiccedilatildeo e relacionamento de linhas luzes cores e massa eacute que ldquochamaraacute a atenccedilatildeordquodo espectador para este ou aquele ponto do enquadramento (PEREIRA 1980 p 41)

A composiccedilatildeo portanto aleacutem de ser um artifiacutecio atraveacutes do qual se daacute alguma informaccedilatildeo

eacute mais ainda um instrumento expressivo Natildeo apenas mostra coisas mas coisas carregadas de

intenccedilotildees significados Podemos compor um quadro de diversas maneiras Pereira (1980) divide

a aacuterea da composiccedilatildeo em composiccedilatildeo linear composiccedilatildeo por luz composiccedilatildeo de cores

composiccedilatildeo de massas composiccedilatildeo em profundidade composiccedilatildeo por angulaccedilatildeo do quadro e

enquadramento dentro do enquadramento Geralmente um dos tipos de composiccedilatildeo predomina noquadro mas eacute comum encontrarmos estilos de composiccedilotildees diferentes no mesmo quadro

Movimento

O movimento estaacute presente na imagem cinematograacutefica Segundo Pereira (1980 p 51)

ldquohaacute trecircs tipos de movimento imaginal cinematograacutefico um dentro do enquadramento outro por

deslocaccedilatildeo de enquadramento e um terceiro provocado pela conjunccedilatildeo de imagens eacute a

montagemrdquo O movimento dentro do enquadramento diz respeito ao modo como eacute exibida a

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accedilatildeo Podemos exibir a accedilatildeo na mesma velocidade em que ela foi filmada desta forma o mesmo

tempo que uma accedilatildeo demorou para ser realizada ela seraacute exibida Ou entatildeo podemos produziruma alteraccedilatildeo da reproduccedilatildeo plaacutestica do movimento dando um efeito de ldquoretardamentordquo ou

ldquoaceleraccedilatildeordquo do movimento A filmagem quadro a quadro eacute considerada segundo Pereira (1980)

uma forma de movimento dentro do enquadramento Desta forma Pereira (1980 p 53) afirma

que

Com a cacircmera fixada a um tripeacute fotografa-se quadro a quadro um objeto inanimadoem varias posiccedilotildees e lugares diferentes Na projeccedilatildeo ele pareceraacute ter vida proacutepriadeslocando-se de caacute para laacute numa velocidade que dependeraacute do numero de fotos batidas

de cada posiccedilatildeo estaacutetica do objeto quanto menor o numero destas maior a ldquoanimaccedilatildeordquoe vice-versa (PEREIRA 1980 p 54)

Montagem

A linguagem cinematograacutefica surge com o objetivo de transformar o cinema em arte

tornar o cinema em uma forma de expressatildeo e comunicaccedilatildeo onde se possa atraveacutes dele transmitir

ideacuteias e conceitos

A montagem tem o dever de organizar a relaccedilatildeo entre todos os outros elementos da

linguagem cinematograacutefica Como explica Mouratildeo (1998 p 9) que ldquoa montagem surge como

necessidade ideoloacutegica diante da situaccedilatildeo que se impotildeem de se organizar esses coacutedigos para

transformaacute-los em um meio de expressatildeo cinematograacutefica fazendo com que se possa passar da

esfera da simples accedilatildeo como ocorria no inicio do cinema agrave esfera das ideacuteiasrdquo Eisenstein (1990)

relata que a montagem consiste no fato de dois pedaccedilos de filme de qualquer tipo colocados

juntos inevitavelmente criam um novo conceito uma nova qualidade que surge da justaposiccedilatildeo

O autor diz que ldquoa justaposiccedilatildeo de dois planos isolados atraveacutes de sua uniatildeo natildeo parece a simples

soma de um plano mais outro plano ndash mas o produto Parece um produto porque em toda

justaposiccedilatildeo deste tipo o resultado eacute qualitativamente diferente de cada elemento considerado

isoladamenterdquo (EISENSTEIN 1990 p16)

A montagem consiste na uniatildeo de dois fotogramas pertencentes a planos diferentes edeterminados pelo corte que tem como resultado um novo produto visual que se traduzde um lado por um processo de representaccedilatildeo que quer passar despercebido e de outro por um processo de representaccedilatildeo que contrariamente ao anterior quer se fazerdescaradamente perceptiacutevel (PILLA 2005 p 62)

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Montagem Paralela

Apoacutes definir montagem em seu sentido mais amplo pode-se falar da montagem

paralela Para falar de montagem paralela temos que falar de D W Griffith que segundo

Dancyger (2003) eacute o pai da montagem cinematograacutefica A contribuiccedilatildeo de Griffith para o

cinema segundo o autor abrange toda uma gama de procedimentos a variaccedilatildeo de planos para criar

impacto incluindo o grande plano geral o close-up inserts e o travelling a montagem paralela e as

variaccedilotildees de ritmo

Deleuze (apud AUGUSTO 2004) aponta trecircs formas de montagem ou de alternacircnciariacutetmicas criadas por Griffith A primeira delas diz respeito a alternacircncia das partes

diferenciadas ou seja de planos com sentidos opostos ldquoO organismo eacute primeiramente uma

unidade no diverso isto eacute um conjunto de partes diferenciadas haacute os ricos e os pobres a

cidade e o campo o Norte e o Sul os interiores e os exteriores etcrdquo (DELEUZE apud

AUGUSTO 2004 p 57)

FICHA TEacuteCNICA

O Filme 21 gramas possui a seguinte ficha teacutecnica

a) Tiacutetulo Original 21 Grams

b) Gecircnero Drama

c) Tempo de Duraccedilatildeo 125 minutos

d) Nuacutemero de cenas 117

e) Direccedilatildeo Alejandro Gonzaacutelez-Intildeaacuterritu

f)

Elenco Sean Penn (Paul)Benicio Del Toro (Jack) Naomi Watts (Christina)

Categorias

O filme foi dividido de acordo com o conteuacutedo das mensagens antes do acidente apoacutes o

acidente e apoacutes o encontro dos trecircs nuacutecleos

Montagem das Categorias

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A sequumlecircncia como foram apresentadas as categorias seria uma forma linear de

desenvolver a narrativa Aumont (1994) explica que narrar eacute simplesmente relatar um evento realou imaginaacuterio Mas acrescenta que isso implica pelo menos duas coisas em primeiro lugar que

o desenvolvimento da histoacuteria esteja agrave disposiccedilatildeo daquele que a conta em segundo lugar que a

histoacuteria siga um desenvolvimento organizado ao mesmo tempo pelo narrador e pelos modelos

aos quais se adapta Machado (apud AUGUSTO 2004) acrescenta que antes do

desenvolvimento da montagem a imagem cinematograacutefica era uma superfiacutecie ampla carregada de

detalhes que o olho do espectador tinha que percorrer aleatoriamente O olhar ainda natildeo era dirigido

para os pontos que interessavam ao desenvolvimento da intriga natildeo havia ainda estrateacutegias de

ordenamento E a montagem surgiu justamente para corrigir esse problema gerando a possibilidade de

linearizaccedilatildeo da narrativa no cinema

Pilla (2005 p 65) ainda diz que ldquoa montagem eacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme em

certas condiccedilotildees de ordem e duraccedilatildeo Consiste na sucessatildeo das tomadas ou planos dentro de uma

sequumlecircncia de forma a dar-lhes unidade interpretativardquo Ou seja a montagem seraacute responsaacutevel

pela junccedilatildeo e ordenaccedilatildeo de diversos planos

No filme 21 gramas com base nos pressupostos de Pilla e Eisenstein encontramos nosmomentos antecedentes ao acidente no acidente e nos momentos posteriores ao acidente a

junccedilatildeo dos fotogramas pertencentes a planos diferentes formando um processo de representaccedilatildeo

intencional e perceptiacutevel sugerindo continuidade formando desta forma o Todo

Figura 1 ndash Montagem linear do filme 21 gramas

Como se pode visualizar na Figura 1 a representaccedilatildeo linear da narrativa da histoacuteria como

sugere Aumont (1994) o momento que antecede o acidente ocupa cerca de 17 do tempo inicial

do filme tendo como funccedilatildeo fazer a apresentaccedilatildeo dos trecircs nuacutecleos da histoacuteria O acidente seria

um marco de virada da histoacuteria sendo responsaacutevel por 1 do tempo do filme A etapa seguinte

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que corresponde agrave momentos posteriores ao acidente representando a parte mais volumosa do

filme (cerca de 64 do todo) espaccedilo destinado ao desenvolvimento das histoacuterias Um uacuteltimoestaacutegio seria uma segunda virada da narrativa momento onde os trecircs nuacutecleos se fundem

tornando apenas um Este momento eacute caracterizado por ocupar 174 do total do filme volume

que se assemelha ao tempo do momento inicial do filme onde os nuacutecleos seguem caminhos

totalmente distintos

Ainda sobre a montagem retomemos Augusto (2004) quando fala da montagem sob o

ponto de vista da desordem atraveacutes de uma ordem articulatoacuteria regida por uma perturbaccedilatildeo

pragmaacutetica Eacute assim que o diretor consegue com montagem transmitir uma ideacuteia atraveacutes da

imagem

A montagem manteacutem as histoacuterias paralelas produzindo simultaneamente as trecircs accedilotildees

pela retomada alternada mas por outro lado atinge uma caracteriacutestica natildeo linear conforme

Jakobson referendado por Carvalho quando se refere ao resultado final de uma produccedilatildeo fiacutelmica

Pode-se identificar na montagem deste filme que o diretor opta por trocar o ordenamento

das cenas como por exemplo quando eacute exibida a cena do atropelamento esta cena eacute trabalhada

posteriormente em forma de flash-back pois no contexto da narrativa jaacute estaacute explicito o ocorridoO diretor deixa claro o acidente natildeo pela cena do atropelamento propriamente dito (cena 71) mas

no momento em que Jack chega em casa e diz agrave esposa que atropelou um homem e duas meninas

(cena 31) Este momento ocorre entre os vinte e trinta primeiros minutos do filme Se

colocaacutessemos as cenas de forma linear a cena que registra o acidente aconteceria no mesmo

periacuteodo Desta forma o tempo da cena eacute trocado poreacutem a ideacuteia da narrativa segue da mesma

forma Isto tambeacutem ocorre na segunda virada da narrativa quando Paul e Cristina decidem

procurar Jack

Ritmo das Categorias

Os trecircs momentos que dividem o filme mostraram uma variaccedilatildeo de ritmo Variaccedilatildeo que

para Dancyger (2003) corresponde agrave variaccedilatildeo das respostas emocionais de um espectador Desta

forma o diretor pode guiar o sentido das emoccedilotildees do espectador nas diferentes situaccedilotildees que a

narrativa dispotildee Sob o ponto de vista de Leone (1987) o corte poderaacute reforccedilar ou atenuar

determinadas relaccedilotildees dependendo das necessidades surgidas na narrativa O autor afirma que o

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corte proporciona a mudanccedila da posiccedilatildeo da cacircmera no interior de uma mesma cena extraindo os

efeitos dramaacuteticos do acircngulo de visatildeo com o objetivo de acompanhar os personagens Por isso quePilla (2005) considera que o corte eacute o baacutesico da linguagem cinematograacutefica permitindo a

montagem e estaacute mais relacionado com o tempo que com o espaccedilo

Dancyger (2003) afirma que natildeo eacute possiacutevel fornecer definiccedilotildees especificas sobre a

duraccedilatildeo dos planos ideal para uma determinada sequumlecircncia

Quadro 1 ndash Ritmo das categorias

No primeiro momento do filme que antecede o acidente as cenas apresentam 187 cortes

sendo que os quadros das cenas apresentam um tempo meacutedio de 78 segundos Nuacutemero que se

aproxima da duraccedilatildeo meacutedia dos planos do filme como um todo que eacute 8 segundos Um ritmo

meacutedio que para Dancyger (2003) permite ao espectador uma maior absorccedilatildeo de informaccedilotildees

Pois nesta primeira etapa do filme eacute apresentado ao espectador os nuacutecleos narrativos que o

filme trabalharaacute

Tempo da Narrativa Destinado aos Nuacutecleos

O filme 21 gramas trabalha bastante a questatildeo do tempo Sobre tempo Augusto (2004)

diz que com o desenvolvimento da montagem o cinema permitiu em primeiro lugar ampliar a

noccedilatildeo de tempo sintetizado na imagem mutaacutevel e depois voltar agrave siacutentese do tempo na imagem

fixa

Deleuse (apud AUGUSTO 2004) busca definir as maneiras de montagem

desenvolvidas por Griffith no inicio da histoacuteria do cinema Uma maneira destacada por

Deleuze (apud AUGUSTO 2004) eacute a das accedilotildees convergentes que convergem para o

mesmo fim fazendo alternarem-se os momentos de duas ou mais situaccedilotildees que vatildeo se

Ritmo das categorias

Categorias nordm de cortesMeacutedia de tempopor quadro (seg)

Antes do acidente 187 78Apoacutes acidente 738 96Apoacutes encontro dos nuacutecleos 348 56

Outros 6 124

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encontrar Ou seja a montagem paralela Forma de montagem que segundo Pilla (2005 p

68) ldquoocorre quando duas ou mais sequumlecircncias satildeo abordadas ao mesmo tempo intercalando ascenas pertencentes a cada uma alternadamente a fim de fazer surgir uma significaccedilatildeo de seu

confronto Eacute empregada quando se quer fazer um paralelo uma aproximaccedilatildeo simboacutelica entre as

cenas como por exemplo a aproximaccedilatildeo temporalrdquo Segundo Aumont (2002) esse projeto

narrativo gera um esquema de inteligibilidade de denotaccedilatildeo pois os espectadores sabem que a

alternacircncia de imagens sobre a tela eacute capaz de significar que na temporalidade literal da ficccedilatildeo

os acontecimentos apresentados satildeo simultacircneos

Essa forma de montagem se desenvolve no filme 21 Gramas Pela necessidade de projetar

trecircs episoacutedios contemporacircneos na narrativa do filme fazendo com que dois deles se fundam num

primeiro momento e posteriormente os trecircs se encontrem para fechar a histoacuteria Como pode ser

representado no Quadro 6

Nuacutecleos PersonagensA CristinaB PaulC JackD Cristina e Paul

E Cristina Paul e JackQuadro 2 ndash Nuacutecleos do filme 21 gramas

PARTICIPACcedilAtildeO DOS NUacuteCLEOS

Nuacutecleos Nordmde cenasDuraccedilatildeo

(SEG)Porcentagem das

cenas do filmeA 19 883 162B 21 1365 179

C 29 1761 248D 22 1961 188E 22 1085 188

outros 4 107 34TOTAL 117 1000Quadro 3 ndash Participaccedilatildeo dos nuacutecleos

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Figura 2 ndash Desenvolvimento dos nuacutecleos do filme

Desta forma pode-se dividir a narrativa do filme 21 Gramas em cinco nuacutecleos O nuacutecleo(A) seria responsaacutevel pelos episoacutedios que dizem respeito agrave personagem Cristina tanto os

momentos antecedentes ao acidente quanto os posteriores ao mesmo Este nuacutecleo eacute representado

por dezenove cenas correspondendo a 162 do total de cenas do filme

O nuacutecleo (B) desenvolve a trama de Paul esse nuacutecleo se limita ateacute o momento em que

Paul se encontra com Cristina O nuacutecleo B possui vinte e uma cenas ocupando 179 do filme

Paralelamente a esses dois nuacutecleos desenvolve-se a histoacuteria de Jack que seraacute representado pelo

nuacutecleo (C)

O nuacutecleo C se manteraacute independente ateacute o momento final do filme onde os trecircs episoacutedios

se fundem gerando um acerto de contas Por esse motivo ele eacute responsaacutevel por representar um

nuacutemero maior de cenas vinte e nove cenas Chegando aos 248 do total de cenas que o filme

apresenta

Outro nuacutecleo se forma no momento em que Paul encontra Cristina Esse nuacutecleo seraacute

nomeado como nuacutecleo (D) que estaraacute presente em vinte e duas cenas do filme Representando

188 do longa-metragem

O uacuteltimo momento do filme eacute caracterizado pela junccedilatildeo das trecircs narrativas Esse momentoseraacute nomeado por nuacutecleo (E) que encaminharaacute o filme para o seu fechamento Este nuacutecleo eacute

responsaacutevel por 188 do total do filme estando presente em vinte e duas cenas do filme um

outro iacutendice identificado eacute responsaacutevel por cenas neutras e pela cena onde eacute apresentado ao

espectador o acidente fato que faz com que a trama se desenvolva Este momento eacute representado

em quatro cenas do filme sendo responsaacutevel por 34 da totalidade do longa-metragem

Como se pode perceber haacute uma representaccedilatildeo dos espaccedilos destinados a cada nuacutecleo

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Entende-se que a montagem proporcionaraacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme atraveacutes

da junccedilatildeo de dois pedaccedilos de filme distintos Possibilitado desta forma a manipulaccedilatildeo do tempo

e do movimento e consequumlentemente o estado emocional do espectador Pode-se afirmar que o

filme 21 gramas utiliza-se do artifiacutecio da montagem sugerindo continuidade formando desta

forma o Todo Aleacutem da utilizaccedilatildeo da montagem paralela e natildeo linear para prender a atenccedilatildeo e o

interesse do espectador

A anaacutelise proporcionou tambeacutem a identificaccedilatildeo de uma variaccedilatildeo de ritmo entre os trecircsmomentos do filme Mostrando que a variaccedilatildeo do ritmo guia o sentido das emoccedilotildees do

espectador atendendo agraves diferentes necessidades da narrativa O primeiro momento do filme

onde satildeo apresentados os nuacutecleos apresentou um ritmo de 78 seg por quadro da cena

Possibilitando ao espectador uma maior capacidade de captar informaccedilotildees O segundo

momento posterior ao acidente apresentou o ritmo mais lento do filme com uma meacutedia de 96

seg por quadro Isso porque esse momento eacute onde os conflitos satildeo gerados e desenvolvidos

necessitado assim de um maior tempo para que haja uma melhor compreensatildeo do espectador Jaacute

o terceiro momento do filme onde os trecircs personagens se unem apresentou o ritmo mais

acelerado do filme com uma meacutedia 56 seg por quadro Isso ocorre pela necessidade de tensatildeo

intensidade que esta parte da narrativa exige

Uma caracteriacutestica bem acentuada com relaccedilatildeo agrave forma ficou bem definida quando o

longa metragem foi dividido em cinco nuacutecleos nuacutecleo A da personagem Cristina nuacutecleo B de

Paul nuacutecleo C do Personagem Jack nuacutecleo D onde os personagens Cristina e Paul se juntam e

o nuacutecleo E momento onde os trecircs personagens se encontram A separaccedilatildeo destes nuacutecleos

proporcionou uma anaacutelise do espaccedilo disposto para cada um dos personagens principais Sendoidentificado uma semelhanccedila de duraccedilatildeo dos nuacutecleos dispostos O espaccedilo disposto para cada um

dos personagens eacute de cerca de 25 do todo Demonstrando assim natildeo haver preferecircncia ou

destaque para qualquer um dos trecircs personagens envolvidos na trama O momento em que estes

trecircs personagens se unem eacute representado por 188 da totalidade do filme

Diante deste quadro conclui-se que a evoluccedilatildeo da narrativa deu-se atraveacutes do processo de

montagem o que representa uma nova revoluccedilatildeo no universo de significaccedilatildeo das imagens de

composiccedilatildeo de mensagens e de construccedilatildeo de discursos

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A anaacutelise evidenciou achados importantes mas muitas outras informaccedilotildees ainda estatildeo por

desvendar Aspectos da linguagem como movimentos de cacircmera e acircngulos de enquadramentonatildeo tratados no presente estudo representam elementos importantes na montagem paralela e

constituem interessantes temas para abordagem em futuras investigaccedilotildees

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accedilatildeo Podemos exibir a accedilatildeo na mesma velocidade em que ela foi filmada desta forma o mesmo

tempo que uma accedilatildeo demorou para ser realizada ela seraacute exibida Ou entatildeo podemos produziruma alteraccedilatildeo da reproduccedilatildeo plaacutestica do movimento dando um efeito de ldquoretardamentordquo ou

ldquoaceleraccedilatildeordquo do movimento A filmagem quadro a quadro eacute considerada segundo Pereira (1980)

uma forma de movimento dentro do enquadramento Desta forma Pereira (1980 p 53) afirma

que

Com a cacircmera fixada a um tripeacute fotografa-se quadro a quadro um objeto inanimadoem varias posiccedilotildees e lugares diferentes Na projeccedilatildeo ele pareceraacute ter vida proacutepriadeslocando-se de caacute para laacute numa velocidade que dependeraacute do numero de fotos batidas

de cada posiccedilatildeo estaacutetica do objeto quanto menor o numero destas maior a ldquoanimaccedilatildeordquoe vice-versa (PEREIRA 1980 p 54)

Montagem

A linguagem cinematograacutefica surge com o objetivo de transformar o cinema em arte

tornar o cinema em uma forma de expressatildeo e comunicaccedilatildeo onde se possa atraveacutes dele transmitir

ideacuteias e conceitos

A montagem tem o dever de organizar a relaccedilatildeo entre todos os outros elementos da

linguagem cinematograacutefica Como explica Mouratildeo (1998 p 9) que ldquoa montagem surge como

necessidade ideoloacutegica diante da situaccedilatildeo que se impotildeem de se organizar esses coacutedigos para

transformaacute-los em um meio de expressatildeo cinematograacutefica fazendo com que se possa passar da

esfera da simples accedilatildeo como ocorria no inicio do cinema agrave esfera das ideacuteiasrdquo Eisenstein (1990)

relata que a montagem consiste no fato de dois pedaccedilos de filme de qualquer tipo colocados

juntos inevitavelmente criam um novo conceito uma nova qualidade que surge da justaposiccedilatildeo

O autor diz que ldquoa justaposiccedilatildeo de dois planos isolados atraveacutes de sua uniatildeo natildeo parece a simples

soma de um plano mais outro plano ndash mas o produto Parece um produto porque em toda

justaposiccedilatildeo deste tipo o resultado eacute qualitativamente diferente de cada elemento considerado

isoladamenterdquo (EISENSTEIN 1990 p16)

A montagem consiste na uniatildeo de dois fotogramas pertencentes a planos diferentes edeterminados pelo corte que tem como resultado um novo produto visual que se traduzde um lado por um processo de representaccedilatildeo que quer passar despercebido e de outro por um processo de representaccedilatildeo que contrariamente ao anterior quer se fazerdescaradamente perceptiacutevel (PILLA 2005 p 62)

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Montagem Paralela

Apoacutes definir montagem em seu sentido mais amplo pode-se falar da montagem

paralela Para falar de montagem paralela temos que falar de D W Griffith que segundo

Dancyger (2003) eacute o pai da montagem cinematograacutefica A contribuiccedilatildeo de Griffith para o

cinema segundo o autor abrange toda uma gama de procedimentos a variaccedilatildeo de planos para criar

impacto incluindo o grande plano geral o close-up inserts e o travelling a montagem paralela e as

variaccedilotildees de ritmo

Deleuze (apud AUGUSTO 2004) aponta trecircs formas de montagem ou de alternacircnciariacutetmicas criadas por Griffith A primeira delas diz respeito a alternacircncia das partes

diferenciadas ou seja de planos com sentidos opostos ldquoO organismo eacute primeiramente uma

unidade no diverso isto eacute um conjunto de partes diferenciadas haacute os ricos e os pobres a

cidade e o campo o Norte e o Sul os interiores e os exteriores etcrdquo (DELEUZE apud

AUGUSTO 2004 p 57)

FICHA TEacuteCNICA

O Filme 21 gramas possui a seguinte ficha teacutecnica

a) Tiacutetulo Original 21 Grams

b) Gecircnero Drama

c) Tempo de Duraccedilatildeo 125 minutos

d) Nuacutemero de cenas 117

e) Direccedilatildeo Alejandro Gonzaacutelez-Intildeaacuterritu

f)

Elenco Sean Penn (Paul)Benicio Del Toro (Jack) Naomi Watts (Christina)

Categorias

O filme foi dividido de acordo com o conteuacutedo das mensagens antes do acidente apoacutes o

acidente e apoacutes o encontro dos trecircs nuacutecleos

Montagem das Categorias

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A sequumlecircncia como foram apresentadas as categorias seria uma forma linear de

desenvolver a narrativa Aumont (1994) explica que narrar eacute simplesmente relatar um evento realou imaginaacuterio Mas acrescenta que isso implica pelo menos duas coisas em primeiro lugar que

o desenvolvimento da histoacuteria esteja agrave disposiccedilatildeo daquele que a conta em segundo lugar que a

histoacuteria siga um desenvolvimento organizado ao mesmo tempo pelo narrador e pelos modelos

aos quais se adapta Machado (apud AUGUSTO 2004) acrescenta que antes do

desenvolvimento da montagem a imagem cinematograacutefica era uma superfiacutecie ampla carregada de

detalhes que o olho do espectador tinha que percorrer aleatoriamente O olhar ainda natildeo era dirigido

para os pontos que interessavam ao desenvolvimento da intriga natildeo havia ainda estrateacutegias de

ordenamento E a montagem surgiu justamente para corrigir esse problema gerando a possibilidade de

linearizaccedilatildeo da narrativa no cinema

Pilla (2005 p 65) ainda diz que ldquoa montagem eacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme em

certas condiccedilotildees de ordem e duraccedilatildeo Consiste na sucessatildeo das tomadas ou planos dentro de uma

sequumlecircncia de forma a dar-lhes unidade interpretativardquo Ou seja a montagem seraacute responsaacutevel

pela junccedilatildeo e ordenaccedilatildeo de diversos planos

No filme 21 gramas com base nos pressupostos de Pilla e Eisenstein encontramos nosmomentos antecedentes ao acidente no acidente e nos momentos posteriores ao acidente a

junccedilatildeo dos fotogramas pertencentes a planos diferentes formando um processo de representaccedilatildeo

intencional e perceptiacutevel sugerindo continuidade formando desta forma o Todo

Figura 1 ndash Montagem linear do filme 21 gramas

Como se pode visualizar na Figura 1 a representaccedilatildeo linear da narrativa da histoacuteria como

sugere Aumont (1994) o momento que antecede o acidente ocupa cerca de 17 do tempo inicial

do filme tendo como funccedilatildeo fazer a apresentaccedilatildeo dos trecircs nuacutecleos da histoacuteria O acidente seria

um marco de virada da histoacuteria sendo responsaacutevel por 1 do tempo do filme A etapa seguinte

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que corresponde agrave momentos posteriores ao acidente representando a parte mais volumosa do

filme (cerca de 64 do todo) espaccedilo destinado ao desenvolvimento das histoacuterias Um uacuteltimoestaacutegio seria uma segunda virada da narrativa momento onde os trecircs nuacutecleos se fundem

tornando apenas um Este momento eacute caracterizado por ocupar 174 do total do filme volume

que se assemelha ao tempo do momento inicial do filme onde os nuacutecleos seguem caminhos

totalmente distintos

Ainda sobre a montagem retomemos Augusto (2004) quando fala da montagem sob o

ponto de vista da desordem atraveacutes de uma ordem articulatoacuteria regida por uma perturbaccedilatildeo

pragmaacutetica Eacute assim que o diretor consegue com montagem transmitir uma ideacuteia atraveacutes da

imagem

A montagem manteacutem as histoacuterias paralelas produzindo simultaneamente as trecircs accedilotildees

pela retomada alternada mas por outro lado atinge uma caracteriacutestica natildeo linear conforme

Jakobson referendado por Carvalho quando se refere ao resultado final de uma produccedilatildeo fiacutelmica

Pode-se identificar na montagem deste filme que o diretor opta por trocar o ordenamento

das cenas como por exemplo quando eacute exibida a cena do atropelamento esta cena eacute trabalhada

posteriormente em forma de flash-back pois no contexto da narrativa jaacute estaacute explicito o ocorridoO diretor deixa claro o acidente natildeo pela cena do atropelamento propriamente dito (cena 71) mas

no momento em que Jack chega em casa e diz agrave esposa que atropelou um homem e duas meninas

(cena 31) Este momento ocorre entre os vinte e trinta primeiros minutos do filme Se

colocaacutessemos as cenas de forma linear a cena que registra o acidente aconteceria no mesmo

periacuteodo Desta forma o tempo da cena eacute trocado poreacutem a ideacuteia da narrativa segue da mesma

forma Isto tambeacutem ocorre na segunda virada da narrativa quando Paul e Cristina decidem

procurar Jack

Ritmo das Categorias

Os trecircs momentos que dividem o filme mostraram uma variaccedilatildeo de ritmo Variaccedilatildeo que

para Dancyger (2003) corresponde agrave variaccedilatildeo das respostas emocionais de um espectador Desta

forma o diretor pode guiar o sentido das emoccedilotildees do espectador nas diferentes situaccedilotildees que a

narrativa dispotildee Sob o ponto de vista de Leone (1987) o corte poderaacute reforccedilar ou atenuar

determinadas relaccedilotildees dependendo das necessidades surgidas na narrativa O autor afirma que o

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corte proporciona a mudanccedila da posiccedilatildeo da cacircmera no interior de uma mesma cena extraindo os

efeitos dramaacuteticos do acircngulo de visatildeo com o objetivo de acompanhar os personagens Por isso quePilla (2005) considera que o corte eacute o baacutesico da linguagem cinematograacutefica permitindo a

montagem e estaacute mais relacionado com o tempo que com o espaccedilo

Dancyger (2003) afirma que natildeo eacute possiacutevel fornecer definiccedilotildees especificas sobre a

duraccedilatildeo dos planos ideal para uma determinada sequumlecircncia

Quadro 1 ndash Ritmo das categorias

No primeiro momento do filme que antecede o acidente as cenas apresentam 187 cortes

sendo que os quadros das cenas apresentam um tempo meacutedio de 78 segundos Nuacutemero que se

aproxima da duraccedilatildeo meacutedia dos planos do filme como um todo que eacute 8 segundos Um ritmo

meacutedio que para Dancyger (2003) permite ao espectador uma maior absorccedilatildeo de informaccedilotildees

Pois nesta primeira etapa do filme eacute apresentado ao espectador os nuacutecleos narrativos que o

filme trabalharaacute

Tempo da Narrativa Destinado aos Nuacutecleos

O filme 21 gramas trabalha bastante a questatildeo do tempo Sobre tempo Augusto (2004)

diz que com o desenvolvimento da montagem o cinema permitiu em primeiro lugar ampliar a

noccedilatildeo de tempo sintetizado na imagem mutaacutevel e depois voltar agrave siacutentese do tempo na imagem

fixa

Deleuse (apud AUGUSTO 2004) busca definir as maneiras de montagem

desenvolvidas por Griffith no inicio da histoacuteria do cinema Uma maneira destacada por

Deleuze (apud AUGUSTO 2004) eacute a das accedilotildees convergentes que convergem para o

mesmo fim fazendo alternarem-se os momentos de duas ou mais situaccedilotildees que vatildeo se

Ritmo das categorias

Categorias nordm de cortesMeacutedia de tempopor quadro (seg)

Antes do acidente 187 78Apoacutes acidente 738 96Apoacutes encontro dos nuacutecleos 348 56

Outros 6 124

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encontrar Ou seja a montagem paralela Forma de montagem que segundo Pilla (2005 p

68) ldquoocorre quando duas ou mais sequumlecircncias satildeo abordadas ao mesmo tempo intercalando ascenas pertencentes a cada uma alternadamente a fim de fazer surgir uma significaccedilatildeo de seu

confronto Eacute empregada quando se quer fazer um paralelo uma aproximaccedilatildeo simboacutelica entre as

cenas como por exemplo a aproximaccedilatildeo temporalrdquo Segundo Aumont (2002) esse projeto

narrativo gera um esquema de inteligibilidade de denotaccedilatildeo pois os espectadores sabem que a

alternacircncia de imagens sobre a tela eacute capaz de significar que na temporalidade literal da ficccedilatildeo

os acontecimentos apresentados satildeo simultacircneos

Essa forma de montagem se desenvolve no filme 21 Gramas Pela necessidade de projetar

trecircs episoacutedios contemporacircneos na narrativa do filme fazendo com que dois deles se fundam num

primeiro momento e posteriormente os trecircs se encontrem para fechar a histoacuteria Como pode ser

representado no Quadro 6

Nuacutecleos PersonagensA CristinaB PaulC JackD Cristina e Paul

E Cristina Paul e JackQuadro 2 ndash Nuacutecleos do filme 21 gramas

PARTICIPACcedilAtildeO DOS NUacuteCLEOS

Nuacutecleos Nordmde cenasDuraccedilatildeo

(SEG)Porcentagem das

cenas do filmeA 19 883 162B 21 1365 179

C 29 1761 248D 22 1961 188E 22 1085 188

outros 4 107 34TOTAL 117 1000Quadro 3 ndash Participaccedilatildeo dos nuacutecleos

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Figura 2 ndash Desenvolvimento dos nuacutecleos do filme

Desta forma pode-se dividir a narrativa do filme 21 Gramas em cinco nuacutecleos O nuacutecleo(A) seria responsaacutevel pelos episoacutedios que dizem respeito agrave personagem Cristina tanto os

momentos antecedentes ao acidente quanto os posteriores ao mesmo Este nuacutecleo eacute representado

por dezenove cenas correspondendo a 162 do total de cenas do filme

O nuacutecleo (B) desenvolve a trama de Paul esse nuacutecleo se limita ateacute o momento em que

Paul se encontra com Cristina O nuacutecleo B possui vinte e uma cenas ocupando 179 do filme

Paralelamente a esses dois nuacutecleos desenvolve-se a histoacuteria de Jack que seraacute representado pelo

nuacutecleo (C)

O nuacutecleo C se manteraacute independente ateacute o momento final do filme onde os trecircs episoacutedios

se fundem gerando um acerto de contas Por esse motivo ele eacute responsaacutevel por representar um

nuacutemero maior de cenas vinte e nove cenas Chegando aos 248 do total de cenas que o filme

apresenta

Outro nuacutecleo se forma no momento em que Paul encontra Cristina Esse nuacutecleo seraacute

nomeado como nuacutecleo (D) que estaraacute presente em vinte e duas cenas do filme Representando

188 do longa-metragem

O uacuteltimo momento do filme eacute caracterizado pela junccedilatildeo das trecircs narrativas Esse momentoseraacute nomeado por nuacutecleo (E) que encaminharaacute o filme para o seu fechamento Este nuacutecleo eacute

responsaacutevel por 188 do total do filme estando presente em vinte e duas cenas do filme um

outro iacutendice identificado eacute responsaacutevel por cenas neutras e pela cena onde eacute apresentado ao

espectador o acidente fato que faz com que a trama se desenvolva Este momento eacute representado

em quatro cenas do filme sendo responsaacutevel por 34 da totalidade do longa-metragem

Como se pode perceber haacute uma representaccedilatildeo dos espaccedilos destinados a cada nuacutecleo

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Entende-se que a montagem proporcionaraacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme atraveacutes

da junccedilatildeo de dois pedaccedilos de filme distintos Possibilitado desta forma a manipulaccedilatildeo do tempo

e do movimento e consequumlentemente o estado emocional do espectador Pode-se afirmar que o

filme 21 gramas utiliza-se do artifiacutecio da montagem sugerindo continuidade formando desta

forma o Todo Aleacutem da utilizaccedilatildeo da montagem paralela e natildeo linear para prender a atenccedilatildeo e o

interesse do espectador

A anaacutelise proporcionou tambeacutem a identificaccedilatildeo de uma variaccedilatildeo de ritmo entre os trecircsmomentos do filme Mostrando que a variaccedilatildeo do ritmo guia o sentido das emoccedilotildees do

espectador atendendo agraves diferentes necessidades da narrativa O primeiro momento do filme

onde satildeo apresentados os nuacutecleos apresentou um ritmo de 78 seg por quadro da cena

Possibilitando ao espectador uma maior capacidade de captar informaccedilotildees O segundo

momento posterior ao acidente apresentou o ritmo mais lento do filme com uma meacutedia de 96

seg por quadro Isso porque esse momento eacute onde os conflitos satildeo gerados e desenvolvidos

necessitado assim de um maior tempo para que haja uma melhor compreensatildeo do espectador Jaacute

o terceiro momento do filme onde os trecircs personagens se unem apresentou o ritmo mais

acelerado do filme com uma meacutedia 56 seg por quadro Isso ocorre pela necessidade de tensatildeo

intensidade que esta parte da narrativa exige

Uma caracteriacutestica bem acentuada com relaccedilatildeo agrave forma ficou bem definida quando o

longa metragem foi dividido em cinco nuacutecleos nuacutecleo A da personagem Cristina nuacutecleo B de

Paul nuacutecleo C do Personagem Jack nuacutecleo D onde os personagens Cristina e Paul se juntam e

o nuacutecleo E momento onde os trecircs personagens se encontram A separaccedilatildeo destes nuacutecleos

proporcionou uma anaacutelise do espaccedilo disposto para cada um dos personagens principais Sendoidentificado uma semelhanccedila de duraccedilatildeo dos nuacutecleos dispostos O espaccedilo disposto para cada um

dos personagens eacute de cerca de 25 do todo Demonstrando assim natildeo haver preferecircncia ou

destaque para qualquer um dos trecircs personagens envolvidos na trama O momento em que estes

trecircs personagens se unem eacute representado por 188 da totalidade do filme

Diante deste quadro conclui-se que a evoluccedilatildeo da narrativa deu-se atraveacutes do processo de

montagem o que representa uma nova revoluccedilatildeo no universo de significaccedilatildeo das imagens de

composiccedilatildeo de mensagens e de construccedilatildeo de discursos

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A anaacutelise evidenciou achados importantes mas muitas outras informaccedilotildees ainda estatildeo por

desvendar Aspectos da linguagem como movimentos de cacircmera e acircngulos de enquadramentonatildeo tratados no presente estudo representam elementos importantes na montagem paralela e

constituem interessantes temas para abordagem em futuras investigaccedilotildees

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Montagem Paralela

Apoacutes definir montagem em seu sentido mais amplo pode-se falar da montagem

paralela Para falar de montagem paralela temos que falar de D W Griffith que segundo

Dancyger (2003) eacute o pai da montagem cinematograacutefica A contribuiccedilatildeo de Griffith para o

cinema segundo o autor abrange toda uma gama de procedimentos a variaccedilatildeo de planos para criar

impacto incluindo o grande plano geral o close-up inserts e o travelling a montagem paralela e as

variaccedilotildees de ritmo

Deleuze (apud AUGUSTO 2004) aponta trecircs formas de montagem ou de alternacircnciariacutetmicas criadas por Griffith A primeira delas diz respeito a alternacircncia das partes

diferenciadas ou seja de planos com sentidos opostos ldquoO organismo eacute primeiramente uma

unidade no diverso isto eacute um conjunto de partes diferenciadas haacute os ricos e os pobres a

cidade e o campo o Norte e o Sul os interiores e os exteriores etcrdquo (DELEUZE apud

AUGUSTO 2004 p 57)

FICHA TEacuteCNICA

O Filme 21 gramas possui a seguinte ficha teacutecnica

a) Tiacutetulo Original 21 Grams

b) Gecircnero Drama

c) Tempo de Duraccedilatildeo 125 minutos

d) Nuacutemero de cenas 117

e) Direccedilatildeo Alejandro Gonzaacutelez-Intildeaacuterritu

f)

Elenco Sean Penn (Paul)Benicio Del Toro (Jack) Naomi Watts (Christina)

Categorias

O filme foi dividido de acordo com o conteuacutedo das mensagens antes do acidente apoacutes o

acidente e apoacutes o encontro dos trecircs nuacutecleos

Montagem das Categorias

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A sequumlecircncia como foram apresentadas as categorias seria uma forma linear de

desenvolver a narrativa Aumont (1994) explica que narrar eacute simplesmente relatar um evento realou imaginaacuterio Mas acrescenta que isso implica pelo menos duas coisas em primeiro lugar que

o desenvolvimento da histoacuteria esteja agrave disposiccedilatildeo daquele que a conta em segundo lugar que a

histoacuteria siga um desenvolvimento organizado ao mesmo tempo pelo narrador e pelos modelos

aos quais se adapta Machado (apud AUGUSTO 2004) acrescenta que antes do

desenvolvimento da montagem a imagem cinematograacutefica era uma superfiacutecie ampla carregada de

detalhes que o olho do espectador tinha que percorrer aleatoriamente O olhar ainda natildeo era dirigido

para os pontos que interessavam ao desenvolvimento da intriga natildeo havia ainda estrateacutegias de

ordenamento E a montagem surgiu justamente para corrigir esse problema gerando a possibilidade de

linearizaccedilatildeo da narrativa no cinema

Pilla (2005 p 65) ainda diz que ldquoa montagem eacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme em

certas condiccedilotildees de ordem e duraccedilatildeo Consiste na sucessatildeo das tomadas ou planos dentro de uma

sequumlecircncia de forma a dar-lhes unidade interpretativardquo Ou seja a montagem seraacute responsaacutevel

pela junccedilatildeo e ordenaccedilatildeo de diversos planos

No filme 21 gramas com base nos pressupostos de Pilla e Eisenstein encontramos nosmomentos antecedentes ao acidente no acidente e nos momentos posteriores ao acidente a

junccedilatildeo dos fotogramas pertencentes a planos diferentes formando um processo de representaccedilatildeo

intencional e perceptiacutevel sugerindo continuidade formando desta forma o Todo

Figura 1 ndash Montagem linear do filme 21 gramas

Como se pode visualizar na Figura 1 a representaccedilatildeo linear da narrativa da histoacuteria como

sugere Aumont (1994) o momento que antecede o acidente ocupa cerca de 17 do tempo inicial

do filme tendo como funccedilatildeo fazer a apresentaccedilatildeo dos trecircs nuacutecleos da histoacuteria O acidente seria

um marco de virada da histoacuteria sendo responsaacutevel por 1 do tempo do filme A etapa seguinte

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que corresponde agrave momentos posteriores ao acidente representando a parte mais volumosa do

filme (cerca de 64 do todo) espaccedilo destinado ao desenvolvimento das histoacuterias Um uacuteltimoestaacutegio seria uma segunda virada da narrativa momento onde os trecircs nuacutecleos se fundem

tornando apenas um Este momento eacute caracterizado por ocupar 174 do total do filme volume

que se assemelha ao tempo do momento inicial do filme onde os nuacutecleos seguem caminhos

totalmente distintos

Ainda sobre a montagem retomemos Augusto (2004) quando fala da montagem sob o

ponto de vista da desordem atraveacutes de uma ordem articulatoacuteria regida por uma perturbaccedilatildeo

pragmaacutetica Eacute assim que o diretor consegue com montagem transmitir uma ideacuteia atraveacutes da

imagem

A montagem manteacutem as histoacuterias paralelas produzindo simultaneamente as trecircs accedilotildees

pela retomada alternada mas por outro lado atinge uma caracteriacutestica natildeo linear conforme

Jakobson referendado por Carvalho quando se refere ao resultado final de uma produccedilatildeo fiacutelmica

Pode-se identificar na montagem deste filme que o diretor opta por trocar o ordenamento

das cenas como por exemplo quando eacute exibida a cena do atropelamento esta cena eacute trabalhada

posteriormente em forma de flash-back pois no contexto da narrativa jaacute estaacute explicito o ocorridoO diretor deixa claro o acidente natildeo pela cena do atropelamento propriamente dito (cena 71) mas

no momento em que Jack chega em casa e diz agrave esposa que atropelou um homem e duas meninas

(cena 31) Este momento ocorre entre os vinte e trinta primeiros minutos do filme Se

colocaacutessemos as cenas de forma linear a cena que registra o acidente aconteceria no mesmo

periacuteodo Desta forma o tempo da cena eacute trocado poreacutem a ideacuteia da narrativa segue da mesma

forma Isto tambeacutem ocorre na segunda virada da narrativa quando Paul e Cristina decidem

procurar Jack

Ritmo das Categorias

Os trecircs momentos que dividem o filme mostraram uma variaccedilatildeo de ritmo Variaccedilatildeo que

para Dancyger (2003) corresponde agrave variaccedilatildeo das respostas emocionais de um espectador Desta

forma o diretor pode guiar o sentido das emoccedilotildees do espectador nas diferentes situaccedilotildees que a

narrativa dispotildee Sob o ponto de vista de Leone (1987) o corte poderaacute reforccedilar ou atenuar

determinadas relaccedilotildees dependendo das necessidades surgidas na narrativa O autor afirma que o

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corte proporciona a mudanccedila da posiccedilatildeo da cacircmera no interior de uma mesma cena extraindo os

efeitos dramaacuteticos do acircngulo de visatildeo com o objetivo de acompanhar os personagens Por isso quePilla (2005) considera que o corte eacute o baacutesico da linguagem cinematograacutefica permitindo a

montagem e estaacute mais relacionado com o tempo que com o espaccedilo

Dancyger (2003) afirma que natildeo eacute possiacutevel fornecer definiccedilotildees especificas sobre a

duraccedilatildeo dos planos ideal para uma determinada sequumlecircncia

Quadro 1 ndash Ritmo das categorias

No primeiro momento do filme que antecede o acidente as cenas apresentam 187 cortes

sendo que os quadros das cenas apresentam um tempo meacutedio de 78 segundos Nuacutemero que se

aproxima da duraccedilatildeo meacutedia dos planos do filme como um todo que eacute 8 segundos Um ritmo

meacutedio que para Dancyger (2003) permite ao espectador uma maior absorccedilatildeo de informaccedilotildees

Pois nesta primeira etapa do filme eacute apresentado ao espectador os nuacutecleos narrativos que o

filme trabalharaacute

Tempo da Narrativa Destinado aos Nuacutecleos

O filme 21 gramas trabalha bastante a questatildeo do tempo Sobre tempo Augusto (2004)

diz que com o desenvolvimento da montagem o cinema permitiu em primeiro lugar ampliar a

noccedilatildeo de tempo sintetizado na imagem mutaacutevel e depois voltar agrave siacutentese do tempo na imagem

fixa

Deleuse (apud AUGUSTO 2004) busca definir as maneiras de montagem

desenvolvidas por Griffith no inicio da histoacuteria do cinema Uma maneira destacada por

Deleuze (apud AUGUSTO 2004) eacute a das accedilotildees convergentes que convergem para o

mesmo fim fazendo alternarem-se os momentos de duas ou mais situaccedilotildees que vatildeo se

Ritmo das categorias

Categorias nordm de cortesMeacutedia de tempopor quadro (seg)

Antes do acidente 187 78Apoacutes acidente 738 96Apoacutes encontro dos nuacutecleos 348 56

Outros 6 124

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encontrar Ou seja a montagem paralela Forma de montagem que segundo Pilla (2005 p

68) ldquoocorre quando duas ou mais sequumlecircncias satildeo abordadas ao mesmo tempo intercalando ascenas pertencentes a cada uma alternadamente a fim de fazer surgir uma significaccedilatildeo de seu

confronto Eacute empregada quando se quer fazer um paralelo uma aproximaccedilatildeo simboacutelica entre as

cenas como por exemplo a aproximaccedilatildeo temporalrdquo Segundo Aumont (2002) esse projeto

narrativo gera um esquema de inteligibilidade de denotaccedilatildeo pois os espectadores sabem que a

alternacircncia de imagens sobre a tela eacute capaz de significar que na temporalidade literal da ficccedilatildeo

os acontecimentos apresentados satildeo simultacircneos

Essa forma de montagem se desenvolve no filme 21 Gramas Pela necessidade de projetar

trecircs episoacutedios contemporacircneos na narrativa do filme fazendo com que dois deles se fundam num

primeiro momento e posteriormente os trecircs se encontrem para fechar a histoacuteria Como pode ser

representado no Quadro 6

Nuacutecleos PersonagensA CristinaB PaulC JackD Cristina e Paul

E Cristina Paul e JackQuadro 2 ndash Nuacutecleos do filme 21 gramas

PARTICIPACcedilAtildeO DOS NUacuteCLEOS

Nuacutecleos Nordmde cenasDuraccedilatildeo

(SEG)Porcentagem das

cenas do filmeA 19 883 162B 21 1365 179

C 29 1761 248D 22 1961 188E 22 1085 188

outros 4 107 34TOTAL 117 1000Quadro 3 ndash Participaccedilatildeo dos nuacutecleos

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Figura 2 ndash Desenvolvimento dos nuacutecleos do filme

Desta forma pode-se dividir a narrativa do filme 21 Gramas em cinco nuacutecleos O nuacutecleo(A) seria responsaacutevel pelos episoacutedios que dizem respeito agrave personagem Cristina tanto os

momentos antecedentes ao acidente quanto os posteriores ao mesmo Este nuacutecleo eacute representado

por dezenove cenas correspondendo a 162 do total de cenas do filme

O nuacutecleo (B) desenvolve a trama de Paul esse nuacutecleo se limita ateacute o momento em que

Paul se encontra com Cristina O nuacutecleo B possui vinte e uma cenas ocupando 179 do filme

Paralelamente a esses dois nuacutecleos desenvolve-se a histoacuteria de Jack que seraacute representado pelo

nuacutecleo (C)

O nuacutecleo C se manteraacute independente ateacute o momento final do filme onde os trecircs episoacutedios

se fundem gerando um acerto de contas Por esse motivo ele eacute responsaacutevel por representar um

nuacutemero maior de cenas vinte e nove cenas Chegando aos 248 do total de cenas que o filme

apresenta

Outro nuacutecleo se forma no momento em que Paul encontra Cristina Esse nuacutecleo seraacute

nomeado como nuacutecleo (D) que estaraacute presente em vinte e duas cenas do filme Representando

188 do longa-metragem

O uacuteltimo momento do filme eacute caracterizado pela junccedilatildeo das trecircs narrativas Esse momentoseraacute nomeado por nuacutecleo (E) que encaminharaacute o filme para o seu fechamento Este nuacutecleo eacute

responsaacutevel por 188 do total do filme estando presente em vinte e duas cenas do filme um

outro iacutendice identificado eacute responsaacutevel por cenas neutras e pela cena onde eacute apresentado ao

espectador o acidente fato que faz com que a trama se desenvolva Este momento eacute representado

em quatro cenas do filme sendo responsaacutevel por 34 da totalidade do longa-metragem

Como se pode perceber haacute uma representaccedilatildeo dos espaccedilos destinados a cada nuacutecleo

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Entende-se que a montagem proporcionaraacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme atraveacutes

da junccedilatildeo de dois pedaccedilos de filme distintos Possibilitado desta forma a manipulaccedilatildeo do tempo

e do movimento e consequumlentemente o estado emocional do espectador Pode-se afirmar que o

filme 21 gramas utiliza-se do artifiacutecio da montagem sugerindo continuidade formando desta

forma o Todo Aleacutem da utilizaccedilatildeo da montagem paralela e natildeo linear para prender a atenccedilatildeo e o

interesse do espectador

A anaacutelise proporcionou tambeacutem a identificaccedilatildeo de uma variaccedilatildeo de ritmo entre os trecircsmomentos do filme Mostrando que a variaccedilatildeo do ritmo guia o sentido das emoccedilotildees do

espectador atendendo agraves diferentes necessidades da narrativa O primeiro momento do filme

onde satildeo apresentados os nuacutecleos apresentou um ritmo de 78 seg por quadro da cena

Possibilitando ao espectador uma maior capacidade de captar informaccedilotildees O segundo

momento posterior ao acidente apresentou o ritmo mais lento do filme com uma meacutedia de 96

seg por quadro Isso porque esse momento eacute onde os conflitos satildeo gerados e desenvolvidos

necessitado assim de um maior tempo para que haja uma melhor compreensatildeo do espectador Jaacute

o terceiro momento do filme onde os trecircs personagens se unem apresentou o ritmo mais

acelerado do filme com uma meacutedia 56 seg por quadro Isso ocorre pela necessidade de tensatildeo

intensidade que esta parte da narrativa exige

Uma caracteriacutestica bem acentuada com relaccedilatildeo agrave forma ficou bem definida quando o

longa metragem foi dividido em cinco nuacutecleos nuacutecleo A da personagem Cristina nuacutecleo B de

Paul nuacutecleo C do Personagem Jack nuacutecleo D onde os personagens Cristina e Paul se juntam e

o nuacutecleo E momento onde os trecircs personagens se encontram A separaccedilatildeo destes nuacutecleos

proporcionou uma anaacutelise do espaccedilo disposto para cada um dos personagens principais Sendoidentificado uma semelhanccedila de duraccedilatildeo dos nuacutecleos dispostos O espaccedilo disposto para cada um

dos personagens eacute de cerca de 25 do todo Demonstrando assim natildeo haver preferecircncia ou

destaque para qualquer um dos trecircs personagens envolvidos na trama O momento em que estes

trecircs personagens se unem eacute representado por 188 da totalidade do filme

Diante deste quadro conclui-se que a evoluccedilatildeo da narrativa deu-se atraveacutes do processo de

montagem o que representa uma nova revoluccedilatildeo no universo de significaccedilatildeo das imagens de

composiccedilatildeo de mensagens e de construccedilatildeo de discursos

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A anaacutelise evidenciou achados importantes mas muitas outras informaccedilotildees ainda estatildeo por

desvendar Aspectos da linguagem como movimentos de cacircmera e acircngulos de enquadramentonatildeo tratados no presente estudo representam elementos importantes na montagem paralela e

constituem interessantes temas para abordagem em futuras investigaccedilotildees

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A sequumlecircncia como foram apresentadas as categorias seria uma forma linear de

desenvolver a narrativa Aumont (1994) explica que narrar eacute simplesmente relatar um evento realou imaginaacuterio Mas acrescenta que isso implica pelo menos duas coisas em primeiro lugar que

o desenvolvimento da histoacuteria esteja agrave disposiccedilatildeo daquele que a conta em segundo lugar que a

histoacuteria siga um desenvolvimento organizado ao mesmo tempo pelo narrador e pelos modelos

aos quais se adapta Machado (apud AUGUSTO 2004) acrescenta que antes do

desenvolvimento da montagem a imagem cinematograacutefica era uma superfiacutecie ampla carregada de

detalhes que o olho do espectador tinha que percorrer aleatoriamente O olhar ainda natildeo era dirigido

para os pontos que interessavam ao desenvolvimento da intriga natildeo havia ainda estrateacutegias de

ordenamento E a montagem surgiu justamente para corrigir esse problema gerando a possibilidade de

linearizaccedilatildeo da narrativa no cinema

Pilla (2005 p 65) ainda diz que ldquoa montagem eacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme em

certas condiccedilotildees de ordem e duraccedilatildeo Consiste na sucessatildeo das tomadas ou planos dentro de uma

sequumlecircncia de forma a dar-lhes unidade interpretativardquo Ou seja a montagem seraacute responsaacutevel

pela junccedilatildeo e ordenaccedilatildeo de diversos planos

No filme 21 gramas com base nos pressupostos de Pilla e Eisenstein encontramos nosmomentos antecedentes ao acidente no acidente e nos momentos posteriores ao acidente a

junccedilatildeo dos fotogramas pertencentes a planos diferentes formando um processo de representaccedilatildeo

intencional e perceptiacutevel sugerindo continuidade formando desta forma o Todo

Figura 1 ndash Montagem linear do filme 21 gramas

Como se pode visualizar na Figura 1 a representaccedilatildeo linear da narrativa da histoacuteria como

sugere Aumont (1994) o momento que antecede o acidente ocupa cerca de 17 do tempo inicial

do filme tendo como funccedilatildeo fazer a apresentaccedilatildeo dos trecircs nuacutecleos da histoacuteria O acidente seria

um marco de virada da histoacuteria sendo responsaacutevel por 1 do tempo do filme A etapa seguinte

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que corresponde agrave momentos posteriores ao acidente representando a parte mais volumosa do

filme (cerca de 64 do todo) espaccedilo destinado ao desenvolvimento das histoacuterias Um uacuteltimoestaacutegio seria uma segunda virada da narrativa momento onde os trecircs nuacutecleos se fundem

tornando apenas um Este momento eacute caracterizado por ocupar 174 do total do filme volume

que se assemelha ao tempo do momento inicial do filme onde os nuacutecleos seguem caminhos

totalmente distintos

Ainda sobre a montagem retomemos Augusto (2004) quando fala da montagem sob o

ponto de vista da desordem atraveacutes de uma ordem articulatoacuteria regida por uma perturbaccedilatildeo

pragmaacutetica Eacute assim que o diretor consegue com montagem transmitir uma ideacuteia atraveacutes da

imagem

A montagem manteacutem as histoacuterias paralelas produzindo simultaneamente as trecircs accedilotildees

pela retomada alternada mas por outro lado atinge uma caracteriacutestica natildeo linear conforme

Jakobson referendado por Carvalho quando se refere ao resultado final de uma produccedilatildeo fiacutelmica

Pode-se identificar na montagem deste filme que o diretor opta por trocar o ordenamento

das cenas como por exemplo quando eacute exibida a cena do atropelamento esta cena eacute trabalhada

posteriormente em forma de flash-back pois no contexto da narrativa jaacute estaacute explicito o ocorridoO diretor deixa claro o acidente natildeo pela cena do atropelamento propriamente dito (cena 71) mas

no momento em que Jack chega em casa e diz agrave esposa que atropelou um homem e duas meninas

(cena 31) Este momento ocorre entre os vinte e trinta primeiros minutos do filme Se

colocaacutessemos as cenas de forma linear a cena que registra o acidente aconteceria no mesmo

periacuteodo Desta forma o tempo da cena eacute trocado poreacutem a ideacuteia da narrativa segue da mesma

forma Isto tambeacutem ocorre na segunda virada da narrativa quando Paul e Cristina decidem

procurar Jack

Ritmo das Categorias

Os trecircs momentos que dividem o filme mostraram uma variaccedilatildeo de ritmo Variaccedilatildeo que

para Dancyger (2003) corresponde agrave variaccedilatildeo das respostas emocionais de um espectador Desta

forma o diretor pode guiar o sentido das emoccedilotildees do espectador nas diferentes situaccedilotildees que a

narrativa dispotildee Sob o ponto de vista de Leone (1987) o corte poderaacute reforccedilar ou atenuar

determinadas relaccedilotildees dependendo das necessidades surgidas na narrativa O autor afirma que o

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corte proporciona a mudanccedila da posiccedilatildeo da cacircmera no interior de uma mesma cena extraindo os

efeitos dramaacuteticos do acircngulo de visatildeo com o objetivo de acompanhar os personagens Por isso quePilla (2005) considera que o corte eacute o baacutesico da linguagem cinematograacutefica permitindo a

montagem e estaacute mais relacionado com o tempo que com o espaccedilo

Dancyger (2003) afirma que natildeo eacute possiacutevel fornecer definiccedilotildees especificas sobre a

duraccedilatildeo dos planos ideal para uma determinada sequumlecircncia

Quadro 1 ndash Ritmo das categorias

No primeiro momento do filme que antecede o acidente as cenas apresentam 187 cortes

sendo que os quadros das cenas apresentam um tempo meacutedio de 78 segundos Nuacutemero que se

aproxima da duraccedilatildeo meacutedia dos planos do filme como um todo que eacute 8 segundos Um ritmo

meacutedio que para Dancyger (2003) permite ao espectador uma maior absorccedilatildeo de informaccedilotildees

Pois nesta primeira etapa do filme eacute apresentado ao espectador os nuacutecleos narrativos que o

filme trabalharaacute

Tempo da Narrativa Destinado aos Nuacutecleos

O filme 21 gramas trabalha bastante a questatildeo do tempo Sobre tempo Augusto (2004)

diz que com o desenvolvimento da montagem o cinema permitiu em primeiro lugar ampliar a

noccedilatildeo de tempo sintetizado na imagem mutaacutevel e depois voltar agrave siacutentese do tempo na imagem

fixa

Deleuse (apud AUGUSTO 2004) busca definir as maneiras de montagem

desenvolvidas por Griffith no inicio da histoacuteria do cinema Uma maneira destacada por

Deleuze (apud AUGUSTO 2004) eacute a das accedilotildees convergentes que convergem para o

mesmo fim fazendo alternarem-se os momentos de duas ou mais situaccedilotildees que vatildeo se

Ritmo das categorias

Categorias nordm de cortesMeacutedia de tempopor quadro (seg)

Antes do acidente 187 78Apoacutes acidente 738 96Apoacutes encontro dos nuacutecleos 348 56

Outros 6 124

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encontrar Ou seja a montagem paralela Forma de montagem que segundo Pilla (2005 p

68) ldquoocorre quando duas ou mais sequumlecircncias satildeo abordadas ao mesmo tempo intercalando ascenas pertencentes a cada uma alternadamente a fim de fazer surgir uma significaccedilatildeo de seu

confronto Eacute empregada quando se quer fazer um paralelo uma aproximaccedilatildeo simboacutelica entre as

cenas como por exemplo a aproximaccedilatildeo temporalrdquo Segundo Aumont (2002) esse projeto

narrativo gera um esquema de inteligibilidade de denotaccedilatildeo pois os espectadores sabem que a

alternacircncia de imagens sobre a tela eacute capaz de significar que na temporalidade literal da ficccedilatildeo

os acontecimentos apresentados satildeo simultacircneos

Essa forma de montagem se desenvolve no filme 21 Gramas Pela necessidade de projetar

trecircs episoacutedios contemporacircneos na narrativa do filme fazendo com que dois deles se fundam num

primeiro momento e posteriormente os trecircs se encontrem para fechar a histoacuteria Como pode ser

representado no Quadro 6

Nuacutecleos PersonagensA CristinaB PaulC JackD Cristina e Paul

E Cristina Paul e JackQuadro 2 ndash Nuacutecleos do filme 21 gramas

PARTICIPACcedilAtildeO DOS NUacuteCLEOS

Nuacutecleos Nordmde cenasDuraccedilatildeo

(SEG)Porcentagem das

cenas do filmeA 19 883 162B 21 1365 179

C 29 1761 248D 22 1961 188E 22 1085 188

outros 4 107 34TOTAL 117 1000Quadro 3 ndash Participaccedilatildeo dos nuacutecleos

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Figura 2 ndash Desenvolvimento dos nuacutecleos do filme

Desta forma pode-se dividir a narrativa do filme 21 Gramas em cinco nuacutecleos O nuacutecleo(A) seria responsaacutevel pelos episoacutedios que dizem respeito agrave personagem Cristina tanto os

momentos antecedentes ao acidente quanto os posteriores ao mesmo Este nuacutecleo eacute representado

por dezenove cenas correspondendo a 162 do total de cenas do filme

O nuacutecleo (B) desenvolve a trama de Paul esse nuacutecleo se limita ateacute o momento em que

Paul se encontra com Cristina O nuacutecleo B possui vinte e uma cenas ocupando 179 do filme

Paralelamente a esses dois nuacutecleos desenvolve-se a histoacuteria de Jack que seraacute representado pelo

nuacutecleo (C)

O nuacutecleo C se manteraacute independente ateacute o momento final do filme onde os trecircs episoacutedios

se fundem gerando um acerto de contas Por esse motivo ele eacute responsaacutevel por representar um

nuacutemero maior de cenas vinte e nove cenas Chegando aos 248 do total de cenas que o filme

apresenta

Outro nuacutecleo se forma no momento em que Paul encontra Cristina Esse nuacutecleo seraacute

nomeado como nuacutecleo (D) que estaraacute presente em vinte e duas cenas do filme Representando

188 do longa-metragem

O uacuteltimo momento do filme eacute caracterizado pela junccedilatildeo das trecircs narrativas Esse momentoseraacute nomeado por nuacutecleo (E) que encaminharaacute o filme para o seu fechamento Este nuacutecleo eacute

responsaacutevel por 188 do total do filme estando presente em vinte e duas cenas do filme um

outro iacutendice identificado eacute responsaacutevel por cenas neutras e pela cena onde eacute apresentado ao

espectador o acidente fato que faz com que a trama se desenvolva Este momento eacute representado

em quatro cenas do filme sendo responsaacutevel por 34 da totalidade do longa-metragem

Como se pode perceber haacute uma representaccedilatildeo dos espaccedilos destinados a cada nuacutecleo

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Entende-se que a montagem proporcionaraacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme atraveacutes

da junccedilatildeo de dois pedaccedilos de filme distintos Possibilitado desta forma a manipulaccedilatildeo do tempo

e do movimento e consequumlentemente o estado emocional do espectador Pode-se afirmar que o

filme 21 gramas utiliza-se do artifiacutecio da montagem sugerindo continuidade formando desta

forma o Todo Aleacutem da utilizaccedilatildeo da montagem paralela e natildeo linear para prender a atenccedilatildeo e o

interesse do espectador

A anaacutelise proporcionou tambeacutem a identificaccedilatildeo de uma variaccedilatildeo de ritmo entre os trecircsmomentos do filme Mostrando que a variaccedilatildeo do ritmo guia o sentido das emoccedilotildees do

espectador atendendo agraves diferentes necessidades da narrativa O primeiro momento do filme

onde satildeo apresentados os nuacutecleos apresentou um ritmo de 78 seg por quadro da cena

Possibilitando ao espectador uma maior capacidade de captar informaccedilotildees O segundo

momento posterior ao acidente apresentou o ritmo mais lento do filme com uma meacutedia de 96

seg por quadro Isso porque esse momento eacute onde os conflitos satildeo gerados e desenvolvidos

necessitado assim de um maior tempo para que haja uma melhor compreensatildeo do espectador Jaacute

o terceiro momento do filme onde os trecircs personagens se unem apresentou o ritmo mais

acelerado do filme com uma meacutedia 56 seg por quadro Isso ocorre pela necessidade de tensatildeo

intensidade que esta parte da narrativa exige

Uma caracteriacutestica bem acentuada com relaccedilatildeo agrave forma ficou bem definida quando o

longa metragem foi dividido em cinco nuacutecleos nuacutecleo A da personagem Cristina nuacutecleo B de

Paul nuacutecleo C do Personagem Jack nuacutecleo D onde os personagens Cristina e Paul se juntam e

o nuacutecleo E momento onde os trecircs personagens se encontram A separaccedilatildeo destes nuacutecleos

proporcionou uma anaacutelise do espaccedilo disposto para cada um dos personagens principais Sendoidentificado uma semelhanccedila de duraccedilatildeo dos nuacutecleos dispostos O espaccedilo disposto para cada um

dos personagens eacute de cerca de 25 do todo Demonstrando assim natildeo haver preferecircncia ou

destaque para qualquer um dos trecircs personagens envolvidos na trama O momento em que estes

trecircs personagens se unem eacute representado por 188 da totalidade do filme

Diante deste quadro conclui-se que a evoluccedilatildeo da narrativa deu-se atraveacutes do processo de

montagem o que representa uma nova revoluccedilatildeo no universo de significaccedilatildeo das imagens de

composiccedilatildeo de mensagens e de construccedilatildeo de discursos

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A anaacutelise evidenciou achados importantes mas muitas outras informaccedilotildees ainda estatildeo por

desvendar Aspectos da linguagem como movimentos de cacircmera e acircngulos de enquadramentonatildeo tratados no presente estudo representam elementos importantes na montagem paralela e

constituem interessantes temas para abordagem em futuras investigaccedilotildees

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que corresponde agrave momentos posteriores ao acidente representando a parte mais volumosa do

filme (cerca de 64 do todo) espaccedilo destinado ao desenvolvimento das histoacuterias Um uacuteltimoestaacutegio seria uma segunda virada da narrativa momento onde os trecircs nuacutecleos se fundem

tornando apenas um Este momento eacute caracterizado por ocupar 174 do total do filme volume

que se assemelha ao tempo do momento inicial do filme onde os nuacutecleos seguem caminhos

totalmente distintos

Ainda sobre a montagem retomemos Augusto (2004) quando fala da montagem sob o

ponto de vista da desordem atraveacutes de uma ordem articulatoacuteria regida por uma perturbaccedilatildeo

pragmaacutetica Eacute assim que o diretor consegue com montagem transmitir uma ideacuteia atraveacutes da

imagem

A montagem manteacutem as histoacuterias paralelas produzindo simultaneamente as trecircs accedilotildees

pela retomada alternada mas por outro lado atinge uma caracteriacutestica natildeo linear conforme

Jakobson referendado por Carvalho quando se refere ao resultado final de uma produccedilatildeo fiacutelmica

Pode-se identificar na montagem deste filme que o diretor opta por trocar o ordenamento

das cenas como por exemplo quando eacute exibida a cena do atropelamento esta cena eacute trabalhada

posteriormente em forma de flash-back pois no contexto da narrativa jaacute estaacute explicito o ocorridoO diretor deixa claro o acidente natildeo pela cena do atropelamento propriamente dito (cena 71) mas

no momento em que Jack chega em casa e diz agrave esposa que atropelou um homem e duas meninas

(cena 31) Este momento ocorre entre os vinte e trinta primeiros minutos do filme Se

colocaacutessemos as cenas de forma linear a cena que registra o acidente aconteceria no mesmo

periacuteodo Desta forma o tempo da cena eacute trocado poreacutem a ideacuteia da narrativa segue da mesma

forma Isto tambeacutem ocorre na segunda virada da narrativa quando Paul e Cristina decidem

procurar Jack

Ritmo das Categorias

Os trecircs momentos que dividem o filme mostraram uma variaccedilatildeo de ritmo Variaccedilatildeo que

para Dancyger (2003) corresponde agrave variaccedilatildeo das respostas emocionais de um espectador Desta

forma o diretor pode guiar o sentido das emoccedilotildees do espectador nas diferentes situaccedilotildees que a

narrativa dispotildee Sob o ponto de vista de Leone (1987) o corte poderaacute reforccedilar ou atenuar

determinadas relaccedilotildees dependendo das necessidades surgidas na narrativa O autor afirma que o

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corte proporciona a mudanccedila da posiccedilatildeo da cacircmera no interior de uma mesma cena extraindo os

efeitos dramaacuteticos do acircngulo de visatildeo com o objetivo de acompanhar os personagens Por isso quePilla (2005) considera que o corte eacute o baacutesico da linguagem cinematograacutefica permitindo a

montagem e estaacute mais relacionado com o tempo que com o espaccedilo

Dancyger (2003) afirma que natildeo eacute possiacutevel fornecer definiccedilotildees especificas sobre a

duraccedilatildeo dos planos ideal para uma determinada sequumlecircncia

Quadro 1 ndash Ritmo das categorias

No primeiro momento do filme que antecede o acidente as cenas apresentam 187 cortes

sendo que os quadros das cenas apresentam um tempo meacutedio de 78 segundos Nuacutemero que se

aproxima da duraccedilatildeo meacutedia dos planos do filme como um todo que eacute 8 segundos Um ritmo

meacutedio que para Dancyger (2003) permite ao espectador uma maior absorccedilatildeo de informaccedilotildees

Pois nesta primeira etapa do filme eacute apresentado ao espectador os nuacutecleos narrativos que o

filme trabalharaacute

Tempo da Narrativa Destinado aos Nuacutecleos

O filme 21 gramas trabalha bastante a questatildeo do tempo Sobre tempo Augusto (2004)

diz que com o desenvolvimento da montagem o cinema permitiu em primeiro lugar ampliar a

noccedilatildeo de tempo sintetizado na imagem mutaacutevel e depois voltar agrave siacutentese do tempo na imagem

fixa

Deleuse (apud AUGUSTO 2004) busca definir as maneiras de montagem

desenvolvidas por Griffith no inicio da histoacuteria do cinema Uma maneira destacada por

Deleuze (apud AUGUSTO 2004) eacute a das accedilotildees convergentes que convergem para o

mesmo fim fazendo alternarem-se os momentos de duas ou mais situaccedilotildees que vatildeo se

Ritmo das categorias

Categorias nordm de cortesMeacutedia de tempopor quadro (seg)

Antes do acidente 187 78Apoacutes acidente 738 96Apoacutes encontro dos nuacutecleos 348 56

Outros 6 124

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encontrar Ou seja a montagem paralela Forma de montagem que segundo Pilla (2005 p

68) ldquoocorre quando duas ou mais sequumlecircncias satildeo abordadas ao mesmo tempo intercalando ascenas pertencentes a cada uma alternadamente a fim de fazer surgir uma significaccedilatildeo de seu

confronto Eacute empregada quando se quer fazer um paralelo uma aproximaccedilatildeo simboacutelica entre as

cenas como por exemplo a aproximaccedilatildeo temporalrdquo Segundo Aumont (2002) esse projeto

narrativo gera um esquema de inteligibilidade de denotaccedilatildeo pois os espectadores sabem que a

alternacircncia de imagens sobre a tela eacute capaz de significar que na temporalidade literal da ficccedilatildeo

os acontecimentos apresentados satildeo simultacircneos

Essa forma de montagem se desenvolve no filme 21 Gramas Pela necessidade de projetar

trecircs episoacutedios contemporacircneos na narrativa do filme fazendo com que dois deles se fundam num

primeiro momento e posteriormente os trecircs se encontrem para fechar a histoacuteria Como pode ser

representado no Quadro 6

Nuacutecleos PersonagensA CristinaB PaulC JackD Cristina e Paul

E Cristina Paul e JackQuadro 2 ndash Nuacutecleos do filme 21 gramas

PARTICIPACcedilAtildeO DOS NUacuteCLEOS

Nuacutecleos Nordmde cenasDuraccedilatildeo

(SEG)Porcentagem das

cenas do filmeA 19 883 162B 21 1365 179

C 29 1761 248D 22 1961 188E 22 1085 188

outros 4 107 34TOTAL 117 1000Quadro 3 ndash Participaccedilatildeo dos nuacutecleos

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Figura 2 ndash Desenvolvimento dos nuacutecleos do filme

Desta forma pode-se dividir a narrativa do filme 21 Gramas em cinco nuacutecleos O nuacutecleo(A) seria responsaacutevel pelos episoacutedios que dizem respeito agrave personagem Cristina tanto os

momentos antecedentes ao acidente quanto os posteriores ao mesmo Este nuacutecleo eacute representado

por dezenove cenas correspondendo a 162 do total de cenas do filme

O nuacutecleo (B) desenvolve a trama de Paul esse nuacutecleo se limita ateacute o momento em que

Paul se encontra com Cristina O nuacutecleo B possui vinte e uma cenas ocupando 179 do filme

Paralelamente a esses dois nuacutecleos desenvolve-se a histoacuteria de Jack que seraacute representado pelo

nuacutecleo (C)

O nuacutecleo C se manteraacute independente ateacute o momento final do filme onde os trecircs episoacutedios

se fundem gerando um acerto de contas Por esse motivo ele eacute responsaacutevel por representar um

nuacutemero maior de cenas vinte e nove cenas Chegando aos 248 do total de cenas que o filme

apresenta

Outro nuacutecleo se forma no momento em que Paul encontra Cristina Esse nuacutecleo seraacute

nomeado como nuacutecleo (D) que estaraacute presente em vinte e duas cenas do filme Representando

188 do longa-metragem

O uacuteltimo momento do filme eacute caracterizado pela junccedilatildeo das trecircs narrativas Esse momentoseraacute nomeado por nuacutecleo (E) que encaminharaacute o filme para o seu fechamento Este nuacutecleo eacute

responsaacutevel por 188 do total do filme estando presente em vinte e duas cenas do filme um

outro iacutendice identificado eacute responsaacutevel por cenas neutras e pela cena onde eacute apresentado ao

espectador o acidente fato que faz com que a trama se desenvolva Este momento eacute representado

em quatro cenas do filme sendo responsaacutevel por 34 da totalidade do longa-metragem

Como se pode perceber haacute uma representaccedilatildeo dos espaccedilos destinados a cada nuacutecleo

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Entende-se que a montagem proporcionaraacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme atraveacutes

da junccedilatildeo de dois pedaccedilos de filme distintos Possibilitado desta forma a manipulaccedilatildeo do tempo

e do movimento e consequumlentemente o estado emocional do espectador Pode-se afirmar que o

filme 21 gramas utiliza-se do artifiacutecio da montagem sugerindo continuidade formando desta

forma o Todo Aleacutem da utilizaccedilatildeo da montagem paralela e natildeo linear para prender a atenccedilatildeo e o

interesse do espectador

A anaacutelise proporcionou tambeacutem a identificaccedilatildeo de uma variaccedilatildeo de ritmo entre os trecircsmomentos do filme Mostrando que a variaccedilatildeo do ritmo guia o sentido das emoccedilotildees do

espectador atendendo agraves diferentes necessidades da narrativa O primeiro momento do filme

onde satildeo apresentados os nuacutecleos apresentou um ritmo de 78 seg por quadro da cena

Possibilitando ao espectador uma maior capacidade de captar informaccedilotildees O segundo

momento posterior ao acidente apresentou o ritmo mais lento do filme com uma meacutedia de 96

seg por quadro Isso porque esse momento eacute onde os conflitos satildeo gerados e desenvolvidos

necessitado assim de um maior tempo para que haja uma melhor compreensatildeo do espectador Jaacute

o terceiro momento do filme onde os trecircs personagens se unem apresentou o ritmo mais

acelerado do filme com uma meacutedia 56 seg por quadro Isso ocorre pela necessidade de tensatildeo

intensidade que esta parte da narrativa exige

Uma caracteriacutestica bem acentuada com relaccedilatildeo agrave forma ficou bem definida quando o

longa metragem foi dividido em cinco nuacutecleos nuacutecleo A da personagem Cristina nuacutecleo B de

Paul nuacutecleo C do Personagem Jack nuacutecleo D onde os personagens Cristina e Paul se juntam e

o nuacutecleo E momento onde os trecircs personagens se encontram A separaccedilatildeo destes nuacutecleos

proporcionou uma anaacutelise do espaccedilo disposto para cada um dos personagens principais Sendoidentificado uma semelhanccedila de duraccedilatildeo dos nuacutecleos dispostos O espaccedilo disposto para cada um

dos personagens eacute de cerca de 25 do todo Demonstrando assim natildeo haver preferecircncia ou

destaque para qualquer um dos trecircs personagens envolvidos na trama O momento em que estes

trecircs personagens se unem eacute representado por 188 da totalidade do filme

Diante deste quadro conclui-se que a evoluccedilatildeo da narrativa deu-se atraveacutes do processo de

montagem o que representa uma nova revoluccedilatildeo no universo de significaccedilatildeo das imagens de

composiccedilatildeo de mensagens e de construccedilatildeo de discursos

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A anaacutelise evidenciou achados importantes mas muitas outras informaccedilotildees ainda estatildeo por

desvendar Aspectos da linguagem como movimentos de cacircmera e acircngulos de enquadramentonatildeo tratados no presente estudo representam elementos importantes na montagem paralela e

constituem interessantes temas para abordagem em futuras investigaccedilotildees

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corte proporciona a mudanccedila da posiccedilatildeo da cacircmera no interior de uma mesma cena extraindo os

efeitos dramaacuteticos do acircngulo de visatildeo com o objetivo de acompanhar os personagens Por isso quePilla (2005) considera que o corte eacute o baacutesico da linguagem cinematograacutefica permitindo a

montagem e estaacute mais relacionado com o tempo que com o espaccedilo

Dancyger (2003) afirma que natildeo eacute possiacutevel fornecer definiccedilotildees especificas sobre a

duraccedilatildeo dos planos ideal para uma determinada sequumlecircncia

Quadro 1 ndash Ritmo das categorias

No primeiro momento do filme que antecede o acidente as cenas apresentam 187 cortes

sendo que os quadros das cenas apresentam um tempo meacutedio de 78 segundos Nuacutemero que se

aproxima da duraccedilatildeo meacutedia dos planos do filme como um todo que eacute 8 segundos Um ritmo

meacutedio que para Dancyger (2003) permite ao espectador uma maior absorccedilatildeo de informaccedilotildees

Pois nesta primeira etapa do filme eacute apresentado ao espectador os nuacutecleos narrativos que o

filme trabalharaacute

Tempo da Narrativa Destinado aos Nuacutecleos

O filme 21 gramas trabalha bastante a questatildeo do tempo Sobre tempo Augusto (2004)

diz que com o desenvolvimento da montagem o cinema permitiu em primeiro lugar ampliar a

noccedilatildeo de tempo sintetizado na imagem mutaacutevel e depois voltar agrave siacutentese do tempo na imagem

fixa

Deleuse (apud AUGUSTO 2004) busca definir as maneiras de montagem

desenvolvidas por Griffith no inicio da histoacuteria do cinema Uma maneira destacada por

Deleuze (apud AUGUSTO 2004) eacute a das accedilotildees convergentes que convergem para o

mesmo fim fazendo alternarem-se os momentos de duas ou mais situaccedilotildees que vatildeo se

Ritmo das categorias

Categorias nordm de cortesMeacutedia de tempopor quadro (seg)

Antes do acidente 187 78Apoacutes acidente 738 96Apoacutes encontro dos nuacutecleos 348 56

Outros 6 124

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encontrar Ou seja a montagem paralela Forma de montagem que segundo Pilla (2005 p

68) ldquoocorre quando duas ou mais sequumlecircncias satildeo abordadas ao mesmo tempo intercalando ascenas pertencentes a cada uma alternadamente a fim de fazer surgir uma significaccedilatildeo de seu

confronto Eacute empregada quando se quer fazer um paralelo uma aproximaccedilatildeo simboacutelica entre as

cenas como por exemplo a aproximaccedilatildeo temporalrdquo Segundo Aumont (2002) esse projeto

narrativo gera um esquema de inteligibilidade de denotaccedilatildeo pois os espectadores sabem que a

alternacircncia de imagens sobre a tela eacute capaz de significar que na temporalidade literal da ficccedilatildeo

os acontecimentos apresentados satildeo simultacircneos

Essa forma de montagem se desenvolve no filme 21 Gramas Pela necessidade de projetar

trecircs episoacutedios contemporacircneos na narrativa do filme fazendo com que dois deles se fundam num

primeiro momento e posteriormente os trecircs se encontrem para fechar a histoacuteria Como pode ser

representado no Quadro 6

Nuacutecleos PersonagensA CristinaB PaulC JackD Cristina e Paul

E Cristina Paul e JackQuadro 2 ndash Nuacutecleos do filme 21 gramas

PARTICIPACcedilAtildeO DOS NUacuteCLEOS

Nuacutecleos Nordmde cenasDuraccedilatildeo

(SEG)Porcentagem das

cenas do filmeA 19 883 162B 21 1365 179

C 29 1761 248D 22 1961 188E 22 1085 188

outros 4 107 34TOTAL 117 1000Quadro 3 ndash Participaccedilatildeo dos nuacutecleos

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Figura 2 ndash Desenvolvimento dos nuacutecleos do filme

Desta forma pode-se dividir a narrativa do filme 21 Gramas em cinco nuacutecleos O nuacutecleo(A) seria responsaacutevel pelos episoacutedios que dizem respeito agrave personagem Cristina tanto os

momentos antecedentes ao acidente quanto os posteriores ao mesmo Este nuacutecleo eacute representado

por dezenove cenas correspondendo a 162 do total de cenas do filme

O nuacutecleo (B) desenvolve a trama de Paul esse nuacutecleo se limita ateacute o momento em que

Paul se encontra com Cristina O nuacutecleo B possui vinte e uma cenas ocupando 179 do filme

Paralelamente a esses dois nuacutecleos desenvolve-se a histoacuteria de Jack que seraacute representado pelo

nuacutecleo (C)

O nuacutecleo C se manteraacute independente ateacute o momento final do filme onde os trecircs episoacutedios

se fundem gerando um acerto de contas Por esse motivo ele eacute responsaacutevel por representar um

nuacutemero maior de cenas vinte e nove cenas Chegando aos 248 do total de cenas que o filme

apresenta

Outro nuacutecleo se forma no momento em que Paul encontra Cristina Esse nuacutecleo seraacute

nomeado como nuacutecleo (D) que estaraacute presente em vinte e duas cenas do filme Representando

188 do longa-metragem

O uacuteltimo momento do filme eacute caracterizado pela junccedilatildeo das trecircs narrativas Esse momentoseraacute nomeado por nuacutecleo (E) que encaminharaacute o filme para o seu fechamento Este nuacutecleo eacute

responsaacutevel por 188 do total do filme estando presente em vinte e duas cenas do filme um

outro iacutendice identificado eacute responsaacutevel por cenas neutras e pela cena onde eacute apresentado ao

espectador o acidente fato que faz com que a trama se desenvolva Este momento eacute representado

em quatro cenas do filme sendo responsaacutevel por 34 da totalidade do longa-metragem

Como se pode perceber haacute uma representaccedilatildeo dos espaccedilos destinados a cada nuacutecleo

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Entende-se que a montagem proporcionaraacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme atraveacutes

da junccedilatildeo de dois pedaccedilos de filme distintos Possibilitado desta forma a manipulaccedilatildeo do tempo

e do movimento e consequumlentemente o estado emocional do espectador Pode-se afirmar que o

filme 21 gramas utiliza-se do artifiacutecio da montagem sugerindo continuidade formando desta

forma o Todo Aleacutem da utilizaccedilatildeo da montagem paralela e natildeo linear para prender a atenccedilatildeo e o

interesse do espectador

A anaacutelise proporcionou tambeacutem a identificaccedilatildeo de uma variaccedilatildeo de ritmo entre os trecircsmomentos do filme Mostrando que a variaccedilatildeo do ritmo guia o sentido das emoccedilotildees do

espectador atendendo agraves diferentes necessidades da narrativa O primeiro momento do filme

onde satildeo apresentados os nuacutecleos apresentou um ritmo de 78 seg por quadro da cena

Possibilitando ao espectador uma maior capacidade de captar informaccedilotildees O segundo

momento posterior ao acidente apresentou o ritmo mais lento do filme com uma meacutedia de 96

seg por quadro Isso porque esse momento eacute onde os conflitos satildeo gerados e desenvolvidos

necessitado assim de um maior tempo para que haja uma melhor compreensatildeo do espectador Jaacute

o terceiro momento do filme onde os trecircs personagens se unem apresentou o ritmo mais

acelerado do filme com uma meacutedia 56 seg por quadro Isso ocorre pela necessidade de tensatildeo

intensidade que esta parte da narrativa exige

Uma caracteriacutestica bem acentuada com relaccedilatildeo agrave forma ficou bem definida quando o

longa metragem foi dividido em cinco nuacutecleos nuacutecleo A da personagem Cristina nuacutecleo B de

Paul nuacutecleo C do Personagem Jack nuacutecleo D onde os personagens Cristina e Paul se juntam e

o nuacutecleo E momento onde os trecircs personagens se encontram A separaccedilatildeo destes nuacutecleos

proporcionou uma anaacutelise do espaccedilo disposto para cada um dos personagens principais Sendoidentificado uma semelhanccedila de duraccedilatildeo dos nuacutecleos dispostos O espaccedilo disposto para cada um

dos personagens eacute de cerca de 25 do todo Demonstrando assim natildeo haver preferecircncia ou

destaque para qualquer um dos trecircs personagens envolvidos na trama O momento em que estes

trecircs personagens se unem eacute representado por 188 da totalidade do filme

Diante deste quadro conclui-se que a evoluccedilatildeo da narrativa deu-se atraveacutes do processo de

montagem o que representa uma nova revoluccedilatildeo no universo de significaccedilatildeo das imagens de

composiccedilatildeo de mensagens e de construccedilatildeo de discursos

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A anaacutelise evidenciou achados importantes mas muitas outras informaccedilotildees ainda estatildeo por

desvendar Aspectos da linguagem como movimentos de cacircmera e acircngulos de enquadramentonatildeo tratados no presente estudo representam elementos importantes na montagem paralela e

constituem interessantes temas para abordagem em futuras investigaccedilotildees

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encontrar Ou seja a montagem paralela Forma de montagem que segundo Pilla (2005 p

68) ldquoocorre quando duas ou mais sequumlecircncias satildeo abordadas ao mesmo tempo intercalando ascenas pertencentes a cada uma alternadamente a fim de fazer surgir uma significaccedilatildeo de seu

confronto Eacute empregada quando se quer fazer um paralelo uma aproximaccedilatildeo simboacutelica entre as

cenas como por exemplo a aproximaccedilatildeo temporalrdquo Segundo Aumont (2002) esse projeto

narrativo gera um esquema de inteligibilidade de denotaccedilatildeo pois os espectadores sabem que a

alternacircncia de imagens sobre a tela eacute capaz de significar que na temporalidade literal da ficccedilatildeo

os acontecimentos apresentados satildeo simultacircneos

Essa forma de montagem se desenvolve no filme 21 Gramas Pela necessidade de projetar

trecircs episoacutedios contemporacircneos na narrativa do filme fazendo com que dois deles se fundam num

primeiro momento e posteriormente os trecircs se encontrem para fechar a histoacuteria Como pode ser

representado no Quadro 6

Nuacutecleos PersonagensA CristinaB PaulC JackD Cristina e Paul

E Cristina Paul e JackQuadro 2 ndash Nuacutecleos do filme 21 gramas

PARTICIPACcedilAtildeO DOS NUacuteCLEOS

Nuacutecleos Nordmde cenasDuraccedilatildeo

(SEG)Porcentagem das

cenas do filmeA 19 883 162B 21 1365 179

C 29 1761 248D 22 1961 188E 22 1085 188

outros 4 107 34TOTAL 117 1000Quadro 3 ndash Participaccedilatildeo dos nuacutecleos

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Figura 2 ndash Desenvolvimento dos nuacutecleos do filme

Desta forma pode-se dividir a narrativa do filme 21 Gramas em cinco nuacutecleos O nuacutecleo(A) seria responsaacutevel pelos episoacutedios que dizem respeito agrave personagem Cristina tanto os

momentos antecedentes ao acidente quanto os posteriores ao mesmo Este nuacutecleo eacute representado

por dezenove cenas correspondendo a 162 do total de cenas do filme

O nuacutecleo (B) desenvolve a trama de Paul esse nuacutecleo se limita ateacute o momento em que

Paul se encontra com Cristina O nuacutecleo B possui vinte e uma cenas ocupando 179 do filme

Paralelamente a esses dois nuacutecleos desenvolve-se a histoacuteria de Jack que seraacute representado pelo

nuacutecleo (C)

O nuacutecleo C se manteraacute independente ateacute o momento final do filme onde os trecircs episoacutedios

se fundem gerando um acerto de contas Por esse motivo ele eacute responsaacutevel por representar um

nuacutemero maior de cenas vinte e nove cenas Chegando aos 248 do total de cenas que o filme

apresenta

Outro nuacutecleo se forma no momento em que Paul encontra Cristina Esse nuacutecleo seraacute

nomeado como nuacutecleo (D) que estaraacute presente em vinte e duas cenas do filme Representando

188 do longa-metragem

O uacuteltimo momento do filme eacute caracterizado pela junccedilatildeo das trecircs narrativas Esse momentoseraacute nomeado por nuacutecleo (E) que encaminharaacute o filme para o seu fechamento Este nuacutecleo eacute

responsaacutevel por 188 do total do filme estando presente em vinte e duas cenas do filme um

outro iacutendice identificado eacute responsaacutevel por cenas neutras e pela cena onde eacute apresentado ao

espectador o acidente fato que faz com que a trama se desenvolva Este momento eacute representado

em quatro cenas do filme sendo responsaacutevel por 34 da totalidade do longa-metragem

Como se pode perceber haacute uma representaccedilatildeo dos espaccedilos destinados a cada nuacutecleo

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Entende-se que a montagem proporcionaraacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme atraveacutes

da junccedilatildeo de dois pedaccedilos de filme distintos Possibilitado desta forma a manipulaccedilatildeo do tempo

e do movimento e consequumlentemente o estado emocional do espectador Pode-se afirmar que o

filme 21 gramas utiliza-se do artifiacutecio da montagem sugerindo continuidade formando desta

forma o Todo Aleacutem da utilizaccedilatildeo da montagem paralela e natildeo linear para prender a atenccedilatildeo e o

interesse do espectador

A anaacutelise proporcionou tambeacutem a identificaccedilatildeo de uma variaccedilatildeo de ritmo entre os trecircsmomentos do filme Mostrando que a variaccedilatildeo do ritmo guia o sentido das emoccedilotildees do

espectador atendendo agraves diferentes necessidades da narrativa O primeiro momento do filme

onde satildeo apresentados os nuacutecleos apresentou um ritmo de 78 seg por quadro da cena

Possibilitando ao espectador uma maior capacidade de captar informaccedilotildees O segundo

momento posterior ao acidente apresentou o ritmo mais lento do filme com uma meacutedia de 96

seg por quadro Isso porque esse momento eacute onde os conflitos satildeo gerados e desenvolvidos

necessitado assim de um maior tempo para que haja uma melhor compreensatildeo do espectador Jaacute

o terceiro momento do filme onde os trecircs personagens se unem apresentou o ritmo mais

acelerado do filme com uma meacutedia 56 seg por quadro Isso ocorre pela necessidade de tensatildeo

intensidade que esta parte da narrativa exige

Uma caracteriacutestica bem acentuada com relaccedilatildeo agrave forma ficou bem definida quando o

longa metragem foi dividido em cinco nuacutecleos nuacutecleo A da personagem Cristina nuacutecleo B de

Paul nuacutecleo C do Personagem Jack nuacutecleo D onde os personagens Cristina e Paul se juntam e

o nuacutecleo E momento onde os trecircs personagens se encontram A separaccedilatildeo destes nuacutecleos

proporcionou uma anaacutelise do espaccedilo disposto para cada um dos personagens principais Sendoidentificado uma semelhanccedila de duraccedilatildeo dos nuacutecleos dispostos O espaccedilo disposto para cada um

dos personagens eacute de cerca de 25 do todo Demonstrando assim natildeo haver preferecircncia ou

destaque para qualquer um dos trecircs personagens envolvidos na trama O momento em que estes

trecircs personagens se unem eacute representado por 188 da totalidade do filme

Diante deste quadro conclui-se que a evoluccedilatildeo da narrativa deu-se atraveacutes do processo de

montagem o que representa uma nova revoluccedilatildeo no universo de significaccedilatildeo das imagens de

composiccedilatildeo de mensagens e de construccedilatildeo de discursos

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A anaacutelise evidenciou achados importantes mas muitas outras informaccedilotildees ainda estatildeo por

desvendar Aspectos da linguagem como movimentos de cacircmera e acircngulos de enquadramentonatildeo tratados no presente estudo representam elementos importantes na montagem paralela e

constituem interessantes temas para abordagem em futuras investigaccedilotildees

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Figura 2 ndash Desenvolvimento dos nuacutecleos do filme

Desta forma pode-se dividir a narrativa do filme 21 Gramas em cinco nuacutecleos O nuacutecleo(A) seria responsaacutevel pelos episoacutedios que dizem respeito agrave personagem Cristina tanto os

momentos antecedentes ao acidente quanto os posteriores ao mesmo Este nuacutecleo eacute representado

por dezenove cenas correspondendo a 162 do total de cenas do filme

O nuacutecleo (B) desenvolve a trama de Paul esse nuacutecleo se limita ateacute o momento em que

Paul se encontra com Cristina O nuacutecleo B possui vinte e uma cenas ocupando 179 do filme

Paralelamente a esses dois nuacutecleos desenvolve-se a histoacuteria de Jack que seraacute representado pelo

nuacutecleo (C)

O nuacutecleo C se manteraacute independente ateacute o momento final do filme onde os trecircs episoacutedios

se fundem gerando um acerto de contas Por esse motivo ele eacute responsaacutevel por representar um

nuacutemero maior de cenas vinte e nove cenas Chegando aos 248 do total de cenas que o filme

apresenta

Outro nuacutecleo se forma no momento em que Paul encontra Cristina Esse nuacutecleo seraacute

nomeado como nuacutecleo (D) que estaraacute presente em vinte e duas cenas do filme Representando

188 do longa-metragem

O uacuteltimo momento do filme eacute caracterizado pela junccedilatildeo das trecircs narrativas Esse momentoseraacute nomeado por nuacutecleo (E) que encaminharaacute o filme para o seu fechamento Este nuacutecleo eacute

responsaacutevel por 188 do total do filme estando presente em vinte e duas cenas do filme um

outro iacutendice identificado eacute responsaacutevel por cenas neutras e pela cena onde eacute apresentado ao

espectador o acidente fato que faz com que a trama se desenvolva Este momento eacute representado

em quatro cenas do filme sendo responsaacutevel por 34 da totalidade do longa-metragem

Como se pode perceber haacute uma representaccedilatildeo dos espaccedilos destinados a cada nuacutecleo

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Entende-se que a montagem proporcionaraacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme atraveacutes

da junccedilatildeo de dois pedaccedilos de filme distintos Possibilitado desta forma a manipulaccedilatildeo do tempo

e do movimento e consequumlentemente o estado emocional do espectador Pode-se afirmar que o

filme 21 gramas utiliza-se do artifiacutecio da montagem sugerindo continuidade formando desta

forma o Todo Aleacutem da utilizaccedilatildeo da montagem paralela e natildeo linear para prender a atenccedilatildeo e o

interesse do espectador

A anaacutelise proporcionou tambeacutem a identificaccedilatildeo de uma variaccedilatildeo de ritmo entre os trecircsmomentos do filme Mostrando que a variaccedilatildeo do ritmo guia o sentido das emoccedilotildees do

espectador atendendo agraves diferentes necessidades da narrativa O primeiro momento do filme

onde satildeo apresentados os nuacutecleos apresentou um ritmo de 78 seg por quadro da cena

Possibilitando ao espectador uma maior capacidade de captar informaccedilotildees O segundo

momento posterior ao acidente apresentou o ritmo mais lento do filme com uma meacutedia de 96

seg por quadro Isso porque esse momento eacute onde os conflitos satildeo gerados e desenvolvidos

necessitado assim de um maior tempo para que haja uma melhor compreensatildeo do espectador Jaacute

o terceiro momento do filme onde os trecircs personagens se unem apresentou o ritmo mais

acelerado do filme com uma meacutedia 56 seg por quadro Isso ocorre pela necessidade de tensatildeo

intensidade que esta parte da narrativa exige

Uma caracteriacutestica bem acentuada com relaccedilatildeo agrave forma ficou bem definida quando o

longa metragem foi dividido em cinco nuacutecleos nuacutecleo A da personagem Cristina nuacutecleo B de

Paul nuacutecleo C do Personagem Jack nuacutecleo D onde os personagens Cristina e Paul se juntam e

o nuacutecleo E momento onde os trecircs personagens se encontram A separaccedilatildeo destes nuacutecleos

proporcionou uma anaacutelise do espaccedilo disposto para cada um dos personagens principais Sendoidentificado uma semelhanccedila de duraccedilatildeo dos nuacutecleos dispostos O espaccedilo disposto para cada um

dos personagens eacute de cerca de 25 do todo Demonstrando assim natildeo haver preferecircncia ou

destaque para qualquer um dos trecircs personagens envolvidos na trama O momento em que estes

trecircs personagens se unem eacute representado por 188 da totalidade do filme

Diante deste quadro conclui-se que a evoluccedilatildeo da narrativa deu-se atraveacutes do processo de

montagem o que representa uma nova revoluccedilatildeo no universo de significaccedilatildeo das imagens de

composiccedilatildeo de mensagens e de construccedilatildeo de discursos

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A anaacutelise evidenciou achados importantes mas muitas outras informaccedilotildees ainda estatildeo por

desvendar Aspectos da linguagem como movimentos de cacircmera e acircngulos de enquadramentonatildeo tratados no presente estudo representam elementos importantes na montagem paralela e

constituem interessantes temas para abordagem em futuras investigaccedilotildees

Referecircncias

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Entende-se que a montagem proporcionaraacute a organizaccedilatildeo dos planos de um filme atraveacutes

da junccedilatildeo de dois pedaccedilos de filme distintos Possibilitado desta forma a manipulaccedilatildeo do tempo

e do movimento e consequumlentemente o estado emocional do espectador Pode-se afirmar que o

filme 21 gramas utiliza-se do artifiacutecio da montagem sugerindo continuidade formando desta

forma o Todo Aleacutem da utilizaccedilatildeo da montagem paralela e natildeo linear para prender a atenccedilatildeo e o

interesse do espectador

A anaacutelise proporcionou tambeacutem a identificaccedilatildeo de uma variaccedilatildeo de ritmo entre os trecircsmomentos do filme Mostrando que a variaccedilatildeo do ritmo guia o sentido das emoccedilotildees do

espectador atendendo agraves diferentes necessidades da narrativa O primeiro momento do filme

onde satildeo apresentados os nuacutecleos apresentou um ritmo de 78 seg por quadro da cena

Possibilitando ao espectador uma maior capacidade de captar informaccedilotildees O segundo

momento posterior ao acidente apresentou o ritmo mais lento do filme com uma meacutedia de 96

seg por quadro Isso porque esse momento eacute onde os conflitos satildeo gerados e desenvolvidos

necessitado assim de um maior tempo para que haja uma melhor compreensatildeo do espectador Jaacute

o terceiro momento do filme onde os trecircs personagens se unem apresentou o ritmo mais

acelerado do filme com uma meacutedia 56 seg por quadro Isso ocorre pela necessidade de tensatildeo

intensidade que esta parte da narrativa exige

Uma caracteriacutestica bem acentuada com relaccedilatildeo agrave forma ficou bem definida quando o

longa metragem foi dividido em cinco nuacutecleos nuacutecleo A da personagem Cristina nuacutecleo B de

Paul nuacutecleo C do Personagem Jack nuacutecleo D onde os personagens Cristina e Paul se juntam e

o nuacutecleo E momento onde os trecircs personagens se encontram A separaccedilatildeo destes nuacutecleos

proporcionou uma anaacutelise do espaccedilo disposto para cada um dos personagens principais Sendoidentificado uma semelhanccedila de duraccedilatildeo dos nuacutecleos dispostos O espaccedilo disposto para cada um

dos personagens eacute de cerca de 25 do todo Demonstrando assim natildeo haver preferecircncia ou

destaque para qualquer um dos trecircs personagens envolvidos na trama O momento em que estes

trecircs personagens se unem eacute representado por 188 da totalidade do filme

Diante deste quadro conclui-se que a evoluccedilatildeo da narrativa deu-se atraveacutes do processo de

montagem o que representa uma nova revoluccedilatildeo no universo de significaccedilatildeo das imagens de

composiccedilatildeo de mensagens e de construccedilatildeo de discursos

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A anaacutelise evidenciou achados importantes mas muitas outras informaccedilotildees ainda estatildeo por

desvendar Aspectos da linguagem como movimentos de cacircmera e acircngulos de enquadramentonatildeo tratados no presente estudo representam elementos importantes na montagem paralela e

constituem interessantes temas para abordagem em futuras investigaccedilotildees

Referecircncias

AAKER David A KUMAR V DAY George S Pesquisa de marketing Satildeo Paulo Atlas2001

AUGUSTO Maria de Faacutetima A montagem cinematograacutefica e a loacutegica das imagens Satildeo

Paulo Annablume Belo Horizonte Centro Universitaacuterio Fumec Faculdade de CiecircnciasHumanas 2004

AUMONT Jacques A esteacutetica do filme 2ed Campinas (SP) Papirus 2002

BAKHTIN Mikhail M Marxismo e filosofia da linguagem problemas fundamentais domeacutetodo socioloacutegico na ciecircncia da linguagem 9 ed Satildeo Paulo Hucitec 1999

BRETZKE Simone Lemke Comunicaccedilatildeo natildeo verbal Blumenau FURB 1998 32p

CERVO Amado Luiz BERVIAN Pedro Alcino Metodologia cientifica 5ed Satildeo Paulo

Prentice Hall 2002

DANCYGER Ken Teacutecnicas de ediccedilatildeo para cinema e viacutedeo histoacuteria teoria e praacutetica Rio deJaneiro Elsevier 2003

DONDIS Donis A Sintaxe da linguagem visual Satildeo Paulo Martins Fontes 1991

EISENSTEIN Sergei A forma do filme Rio de Janeiro Jorge Zahar 2002

EISENSTEIN Sergei O sentido do filme Rio de Janeiro J Zahar 1990

FRANCHETTO Bruna LEITE Yonne Origens da linguagem Rio de Janeiro Jorge Zahar2004

JOLY Martine Introduccedilatildeo agrave anaacutelise da imagem 6ed Campinas Papirus 2003

LAKATOS Eva Maria MARCONI Marina de Andrade Fundamentos de metodologiacientiacutefica 5 ed Satildeo Paulo Atlas 2003

LEONE Eduardo MOURAtildeO Maria Dora Cinema e montagem Satildeo Paulo Aacutetica 1987

MATTAR Fauze Najib Pesquisa de marketing 3 ed compacta Satildeo Paulo Atlas 2001

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MINAYO Maria Cecilia de Souza O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 5 ed Satildeo Paulo Hucitec Rio de Janeiro Abrasco 1998

MOURAtildeO Maria Dora A obra futura Folha de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 8 fev 1998 CadernoMais p 9

MUNARI Bruno Design e comunicaccedilatildeo visual Satildeo Paulo Martins Fontes c1968

ORICCHIO Luiz Zanin 100 anos de Eisenstein iacutecone das vanguardas O Estado de Satildeo Paulo17 jan 1998 Caderno 2 p 6

PAIVA Vera Lucia M de O e A liacutengua inglesa enquanto signo na cultura brasileira BeloHorizonte UFRJ 1991

PELBART Peter Paacutel O tempo natildeo-reconciliado imagens de tempo em Deleuze Satildeo PauloFAPESP Perspectiva 1998

PEREIRA Paulo Antocircnio Imagens do movimento Petroacutepolis Vozes 1981

PILLA Armando Anaacutelise dos recursos utilizados na ediccedilatildeo de viacutedeos analoacutegicos e digitaisdos trabalhos acadecircmicos de alunos de publicidade e propaganda Dissertaccedilatildeo de MestradoPalhoccedila UNISUL 2005

SAMARA Beatriz Santos BARROS Joseacute Carlos de Pesquisa de marketing conceitos e

metodologia 3ed Satildeo Paulo PearsonPrentice Hall 2002

SANTAELLA Lucia Matrizes da linguagem e pensamento sonora visual verbal aplicaccedilotildeesna hipermiacutedia Satildeo Paulo Iluminuras 2001

SAUSSURE Ferdinand de Curso de linguumliacutestica geral 7 ed Satildeo Paulo Cultrix 1995

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A anaacutelise evidenciou achados importantes mas muitas outras informaccedilotildees ainda estatildeo por

desvendar Aspectos da linguagem como movimentos de cacircmera e acircngulos de enquadramentonatildeo tratados no presente estudo representam elementos importantes na montagem paralela e

constituem interessantes temas para abordagem em futuras investigaccedilotildees

Referecircncias

AAKER David A KUMAR V DAY George S Pesquisa de marketing Satildeo Paulo Atlas2001

AUGUSTO Maria de Faacutetima A montagem cinematograacutefica e a loacutegica das imagens Satildeo

Paulo Annablume Belo Horizonte Centro Universitaacuterio Fumec Faculdade de CiecircnciasHumanas 2004

AUMONT Jacques A esteacutetica do filme 2ed Campinas (SP) Papirus 2002

BAKHTIN Mikhail M Marxismo e filosofia da linguagem problemas fundamentais domeacutetodo socioloacutegico na ciecircncia da linguagem 9 ed Satildeo Paulo Hucitec 1999

BRETZKE Simone Lemke Comunicaccedilatildeo natildeo verbal Blumenau FURB 1998 32p

CERVO Amado Luiz BERVIAN Pedro Alcino Metodologia cientifica 5ed Satildeo Paulo

Prentice Hall 2002

DANCYGER Ken Teacutecnicas de ediccedilatildeo para cinema e viacutedeo histoacuteria teoria e praacutetica Rio deJaneiro Elsevier 2003

DONDIS Donis A Sintaxe da linguagem visual Satildeo Paulo Martins Fontes 1991

EISENSTEIN Sergei A forma do filme Rio de Janeiro Jorge Zahar 2002

EISENSTEIN Sergei O sentido do filme Rio de Janeiro J Zahar 1990

FRANCHETTO Bruna LEITE Yonne Origens da linguagem Rio de Janeiro Jorge Zahar2004

JOLY Martine Introduccedilatildeo agrave anaacutelise da imagem 6ed Campinas Papirus 2003

LAKATOS Eva Maria MARCONI Marina de Andrade Fundamentos de metodologiacientiacutefica 5 ed Satildeo Paulo Atlas 2003

LEONE Eduardo MOURAtildeO Maria Dora Cinema e montagem Satildeo Paulo Aacutetica 1987

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MOURAtildeO Maria Dora A obra futura Folha de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 8 fev 1998 CadernoMais p 9

MUNARI Bruno Design e comunicaccedilatildeo visual Satildeo Paulo Martins Fontes c1968

ORICCHIO Luiz Zanin 100 anos de Eisenstein iacutecone das vanguardas O Estado de Satildeo Paulo17 jan 1998 Caderno 2 p 6

PAIVA Vera Lucia M de O e A liacutengua inglesa enquanto signo na cultura brasileira BeloHorizonte UFRJ 1991

PELBART Peter Paacutel O tempo natildeo-reconciliado imagens de tempo em Deleuze Satildeo PauloFAPESP Perspectiva 1998

PEREIRA Paulo Antocircnio Imagens do movimento Petroacutepolis Vozes 1981

PILLA Armando Anaacutelise dos recursos utilizados na ediccedilatildeo de viacutedeos analoacutegicos e digitaisdos trabalhos acadecircmicos de alunos de publicidade e propaganda Dissertaccedilatildeo de MestradoPalhoccedila UNISUL 2005

SAMARA Beatriz Santos BARROS Joseacute Carlos de Pesquisa de marketing conceitos e

metodologia 3ed Satildeo Paulo PearsonPrentice Hall 2002

SANTAELLA Lucia Matrizes da linguagem e pensamento sonora visual verbal aplicaccedilotildeesna hipermiacutedia Satildeo Paulo Iluminuras 2001

SAUSSURE Ferdinand de Curso de linguumliacutestica geral 7 ed Satildeo Paulo Cultrix 1995

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MUNARI Bruno Design e comunicaccedilatildeo visual Satildeo Paulo Martins Fontes c1968

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PILLA Armando Anaacutelise dos recursos utilizados na ediccedilatildeo de viacutedeos analoacutegicos e digitaisdos trabalhos acadecircmicos de alunos de publicidade e propaganda Dissertaccedilatildeo de MestradoPalhoccedila UNISUL 2005

SAMARA Beatriz Santos BARROS Joseacute Carlos de Pesquisa de marketing conceitos e

metodologia 3ed Satildeo Paulo PearsonPrentice Hall 2002

SANTAELLA Lucia Matrizes da linguagem e pensamento sonora visual verbal aplicaccedilotildeesna hipermiacutedia Satildeo Paulo Iluminuras 2001

SAUSSURE Ferdinand de Curso de linguumliacutestica geral 7 ed Satildeo Paulo Cultrix 1995