A luta da burguesia contra o Anarquismo

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    qualquer palavra, ela adquire significado no usosocial, atravs do emprego que delas fazem os seres

    humanos, enquanto sujeitos histricos. Nunca demais lembrar determinados fatos, pois s vezes obvio no seno uma cortina de fumaa que dificultaa visualizao de imagens complexas. O anarquismo,enquanto conceito, teve pelo menos duas grandesdefinies. A definio burguesa, criada nas cortese centros empresariais, assim como no corao doEstado. E outra definio, criada no seio doproletariado e das camadas populares, que equivaliaa uma identidade social que articulava idias, valorese prticas, ou seja, uma ideologia. Pierre-Joseph

    Proudhon, foi quem primeiro reivindicou para si ouso da designao anarquista de forma positivada.Inverteu assim a tradio burguesa e aristocrtica queempregava o termo com a conotao de desordem ecaos, normalmente aplicadas para (des)qualificar osdistrbios sociais (o mesmo uso que se faz hoje..).Assim, o anarquismo enquanto ideologia demovimentos populares, enquanto fenmeno histriconasce de uma luta no plano do discurso, comoquestionamento do discurso burgus earistocrticoou melhor, como sua negao. Esta luta

    permaneceria, s que iria adquirir outros contornos.No final do sculo XIX, uma onda repressivaassolaria a Europa, e os anarquistas, como estavamna linha de frente dos movimentos das classestrabalhadoras, foram alvo de campanhas militares eideolgicas. A crise do movimento operrio, em umcontexto de assassinatos e massacres, levou arespostas de militantes anarquistas que apelaram abombas e a liquidao fsica de burgueses. Os casosmais conhecidos so Emily Henry e Ravachol.Mas ao mesmo tempo houve um fenmeno paraleloa este e que acabaria por influenciar osacontecimentos: uma tentativa burguesa de sereapropriar do conceito de anarquismo, que tinhapassado para as mos das classes trabalhadoras epopulares. Este fenmeno aconteceu de duasmaneiras: no campo das artes e da literatura, aondese fazia a apologia dos atos violentos individuaisdos anarquistas, e na imprensa da poca. Luigi Fabri,no seu livro Influencias Burguesas sobre oAnarquismo, fala de como escritores e artistasburgueses, que no plano poltico eram na maioriadas vezes reacionrios e nacionalistas, enalteciam nas

    suas novelas e romances o anarquismo, ou melhor, oconceito burgus de anarquismo, identificando estecom o ato violento, herico e individual. Um

    Introduo

    A luta da burguesia contra o anarquismo, assim comoa luta do anarquismo contra a burguesia, assumiu eassume, inmeras formas. Neste texto nspretendemos apenas indicar duas formas que, ao secombinarem, quiseram ser uma p de cal sobre oanarquismo. Foram os meios encontrados parasepulta-lo. Mas para infelicidade da burguesia e doreformismo, no foram suficientes. O anarquismo,atravs da militncia revolucionria, resiste, e hoje,mais que nunca, tende a avanar.Queremos falar aqui de duas formas de represso/

    combate ao anarquismo, que esto intimamenterelacionadas entre si, mas que muitos pordesconhecimento, ou por convenincia, separam: aviolncia fsica e a violncia simblica, ou a polciae a literatura (seja os romances/novelas, textuais ouvisuais da era da televiso), seja a literatura cientfica.Muitos gostam de falar do papel da polcia nasupresso do anarquismo. Sim, ela foi fundamental,no somente no combate ao anarquismo, mas emrelao a todas as manifestaes das camadaspopulares (movimentos negros, indgenas, de pobres

    urbanos). Falar mal da polcia no to difcil, afinal muito fcil se insurgir contra o carrasco. Mas muitosse esquecem que a polcia trabalhava para o mesmoMecenas que os artistas e cientistas. E estescumpriram um papel no menor no combate aoanarquismo. sobre isso que falaremos. Como anarrativa, o discurso materializado em romances,novelas, e teses cientficas - podem ser parte de umamquina de guerra burguesa, que opera com totalautonomia ttica, e por isso mesmo, pode fazerparecer que no uma arma.

    Este texto visa assim ser uma modesta contribuioqueles que querem conhecer o anarquismo, queprecisam ter idia de que o discurso tambm umcampo onde se trava a luta de classes. Por isso, o usoque se faz hoje da memria e da narrativa pode serto repressivo quanto o foram em seu contexto, spolcias polticas e os servios secretos, empregadospara liquidar os militantes anarquistas.

    Os conceitos antagnicos e a luta de

    classificaes... as razes polticas de uma

    crtica terica

    Anarquismo, uma palavra que carrega em si seusignificado? No nosso entendimento no. Como

    FAIFA I

    Fe d e r a o A n a r q u i st a I n s u r r e i oFe d e r a o A n a r q u i st a I n s u r r e i o

    A luta da burguesia contra o anarquismo:violncia e discurso, polcia e literatura

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    exemplo disso a novela de Emile Zola, Germinal,depois transformada em filme, onde o personagemdo dinamiteiro descrito com sutil simpatia, sendoo esteretipo do anarquista na viso romntica daburguesia do sculo XIX. Enquanto isso Malatesta,e os remanescentes da Aliana (organizaorevolucionria anarquista) e da Internacional seespalhavam pelo mundo, ajudando na construo dediversas Centrais Sindicais no final do sculo XIX eincio do sculo XX. No conceito burgus, aexaltao do indivduo; no conceito popular eproletrio, a nfase sobre o sujeito coletivo (ooperrio, o campons, por exemplo). Este, no seriasequer reconhecido pela literatura.Os artistas e escritores produziam um discursoromntico apologtico do anarquismo, mas no doconceito proletrio-popular, mas sim do conceitoburgus, que reduzia anarquismo a violncia.

    Simultaneamente, os jornais de grande circulao dapoca tambm produziam um discurso sobre oanarquismo, s que identificando anarquismo ecriminalidade. Assim, qualquer ato de roubo,assassinato ou deliquncia era atribudo aanarquistas.O que interessante que este discurso acabou tendoefeito sobre muitos indivduos, que comearam aidenfiticar o anarquismo com o conceito burgus, elogo se produziu uma tenso dentro do movimentoanarquista. Criminosos comearam a se dizer

    anarquistas, e burgueses jovens comearam a procuraros anarquistas para poderem praticar atos hericosindividuais, e alguns indivduos que participavamdas fileiras anarquistas comearam a ser atrados paratal campo.Mas o que Fabri mostra que apesar desse efeitosocial, os indivduos que por esse conceitoenveredavam, logo deixavam o anarquismo para seratrados para as fileiras da burguesia, donacionalismo ou mesmo da mera criminalidade. Aofensiva discursiva produziu efeitos sobre o

    movimento anarquista, sobre as pessoas concretasque no seu meio circulavam, mas o conceito populare proletrio se manteve diferenciado e intacto, e vivo,pois o sindicalismo revolucionrio e a militncia dasorganizaes anarquistas permaneceria umaconstante. Ainda no final do sculo XIX, ganhariafora na Europa, sia e Amricas. A luta discursivada burguesia contra o anarquismo conseguiu atingiro movimento anarquista de sua poca, debilitando-odo ponto de vista da composio, mas no abalouseus alicerces ideolgicos.O que dissemos pode ser mais fcil de ser visualizadose consideramos a nossa prpria histria recente. Nosromances de Rubem Fonseca e Nelson Rodriguesh vrios personagens comunistas, descritos quase

    sempre de maneira ambgua, exaltando suasqualidades morais e desqualificando sua propostapoltica. Isso fazia de R. Fonseca e N. Rodriguescomunistas? No, sabido que ambos eramreacionrios .... Hoje, qualquer ato de violnciano campo atribudo aos sem-terra pela mdiaburguesa. Ser sem-terra quase a mesma coisa queser bandido. Mas no difcil aceitar que uma coisa fazer parte do movimento social, outra serbandido. Atravs da mdia fala a UDR, assim comoatravs dos romances do sculo XIX falavam aburguesia e a corte.Aqui esto as razes polticas para uma crtica terica.A luta em torno da categoria anarquismo semprefoi encarniada; a burguesia a definia pejorativamentecomo crime, ou romanticamente como um ato hericoviolento, individual. O proletariado e o povo, e asorganizaes que elas criaram, definiam o anarquismo

    como uma ideologia de luta, socialista (anti-capitalista) e revolucionria libertria (anti-estatal).E por traz da luta discursiva, esto milhares demortos, o sangue generoso de camponeses, operrios,homens e mulheres, jovens e idosos, que viam noanarquismo a forma de mudar sua vida para melhor.Isso tem de ser lembrado, e por ns reverenciado.A represso da polcia se combinava com a repressodiscursiva, da literatura dos romances e jornais, muitomais sutil e ambgua, mas no menos destrutiva.

    Recusando o autoritarismo intelectual... ou osfundamentos tericos de uma crtica poltica

    O anarquismo pode ser conhecido de diversasmaneiras, seja atravs dos indivduos e grupos queatribuem a si mesmo a designao de anarquistas,seja atravs do estudo da histria, ou seja do discurso,materializado principalmente em jornais, livros eimagens de vdeo e fotogrficas. Como vimos, existiuuma luta discursiva em torno da definio do queera anarquismo. Existe ento pelo menos dois

    conceitos de anarquismo. Logo, os indivduos queatribuem a si mesmo a designao de anarquista,podem estar reivindicando ou o conceito burgus,ou o conceito proletrio e popular. Assim como, asfontes que se utiliza para a escrever a histria, podemestar expressando o conceito burgus ou o popular.E aqui podemos colocar fundamentos tericos paranossa crtica poltica.Todos sabem, ou deveriam saber, que a cincia, assimcomo a literatura, no algo neutro em relao aopoder e a dinmica social. Podemos dizer que a

    cincia uma forma de poder, que sempreacompanhou a conquista e a violncia (o racismocientfico a expresso mais bizarra deste fato).Sendo assim, as modalidades de discurso

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    [cientfico,literrio] que hoje falam sobre oanarquismo, podem ser tambm formas de repressoao anarquismo, dependendo da abordagem tericaque empreguem.Autoritarismo intelectual, de certa maneira, quandose fala de cincia, esta expresso quase redundante.A maior parte das vertentes modernas das cinciashumanas (estruturalismo, funcionalismo, ps-modernismo e etc.) normalmente combinam aarrogncia intelectual com um apoliticismo grosseiro,materializado na viso esttica e totalizadora dahistria e da sociedade, quase sempre consideradacomo expresso de foras supra-humanas (a cultura,as foras produtivas, a conscincia coletiva ou apsique individual). De comum, a supresso doconflito. A desconsiderao da polifonia (no este termo que hoje se gosta de empregar?), e docarter dissonante das vozes e de suas relaes.

    Nas universidades brasileiras, o predomnio domarxismo mais mecanicista (do estilo NelsonWerneck Sodr) tendeu a se apropriar do conceitoburgus de anarquismo (como o marxismo semprefez, com raras excees) ou ento o introduzindo numesquema evolucionista da histria, ao lado doscamponeses, indgenas e negros, numa suposta fasepr-poltica. Hoje isso pode parecer piada, j queao olharmos a biografia de Sodr, sabemos que elefoi militar de alta patente, que no viu problema emtrabalhar dentro do DIP (departamento de imprensa

    e propaganda) de Getlio Vargas, expressando o quetinha de mais atrasado em termos de formulaoterica, mesmo para sua poca. Assim, no caso doBrasil, ainda aparece o conceito marxista deanarquismo, tomado diretamente da literaturaburguesa, plenamente enraizado nas instituiesacadmicas.Consideramos que do ponto de vista terico, no sepode ocultar este conflito, as mltiplas posies dosautores que falam sobre anarquismo, e sua inserono cenrio poltico e social. Isto ser determinante

    na prpria construo discursiva do anarquismo, sejamaterializado este discurso num romance ou numatese acadmica (ou em comentrios feitos dentrodelas). Quando se fala de anarquismo, se fala de umaluta, entre burguesia e camadas populares, peladefinio de um conceito no plano do discurso.Teoricamente, uma metodologia que desconsidereesta multiplicidade de vozes em nome de umaunidade do anarquismo tende, na melhor dashipteses, para a falsificao, na pior, para acampanha difamatria, na intermediria, para tentarconciliar todos os conceitos, como se mantivessemuma relao de continuidade, uma unidadeintrnsecaPode ser encontrado um paralelo desta postura terica

    no cientificismo colonialista europeu, que paramanter a unidade do que entendiam ser uma nao(eles viam uma imagem degenerada de si mesmos emtudo que era diferente deles), que reunia diferentesetnias africanas num mesmo Estado e territrio, afinaleram todos negros. Ou seja, o autoritarismo quese esconde atrs deste discurso bondoso da unidade muito grande, pois usa traos muito superficiaisque ele mesmo determina para classificar os sujeitosconcretos e desconsidera/suprime os discursos einteresses destes ltimos (etnias no conflito colonial,anarquistas no conflito social), e como o botnicoque classifica borboletas, quer reunir coisas queso muito diferentes (porque assim se concebem efazem no plano da prtica social1 ), em torno dacategoria genrica que ele mesmo construiu em seulaboratrio. o poder do cientista suprimindo asvozes dissonantes da sociedade em uma unidade.

    uma das formas mais sutis do anti-anarquismo, quese concretiza neste tipo de abordagem terica emetodolgica. preciso ento explicitar a metodologia e a teoriaque orienta o trabalho com as fontes, porquedependendo delas, se pode simplismente ocultar alutade classes no palno do discurso, eerigir o conceitoburgus (mesmo o positivo, romantizado) no conceitonico de anarquismo. E isto j uma forma derepresso.

    Porque no conciliar? ... ou o que faz doanarquismo, anarquismo.

    A resposta para esta pergunta simples. Primeiro,por uma questo poltica. Para ns anarquismo lutae organizao, uma ideologia popular e proletria.Segundo, por uma questo terica; se hoje toda umaparte das cincias humanas caminha para umareflexo crtica sobre o seu papel nas relaes dedominao, no se pode aceitar que algum queestude ou se identifique no anarquismo fique usando

    o conceito no sentido genrico. preciso que cadaum deixe claro seu posicionamento frente aosdiferentes conceitos de anarquismo, e ao fazer isso,estar marcando uma posio. No se podedesconsiderar este fato, acreditando que oanarquismo de A Plebe o mesmo que o daspginas dos jornais Burgueses do incio do sculo,ou que Jos Oiticica pode ser colocado ao lado deRoberto Freire, empresrio da Somaterapia, porquetudo seria anarquismo.O conceito de anarquismo de Jos Oiticica est

    materializado na sua experincia de vida e naspginas do jornal Ao Direta, que foi redigidoat sua morte, nos anos cinqenta. O anarquismoreivindicado por Roberto Freire o do conceito

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    burgus e marxista - que entendia o anarquismo comoum grande laissez-faire - basta ver a trajetria deFreire. Ele rompe com a Ao Popular (grupo catlicocom influencia leninista) reivindicando oanarquismo, no o conceito proletrio e popular,mas sim o conceito caricatural usado pelo PCB dapoca, que nada tinha a ver com a histria doanarquismo brasileiro. A surge uma grandefalsificao histrica. Posicionado nos lugares deautoridade e visibilidade propiciados pela suapsicanlise, Freire constri um discurso burgus doanarquismo que vai ser comercializado como oanarquismo, com grande fora, depois dos anos 60.Mas a figura de Freire grotesca. Como anarquistaele um timo psicanalista, e como psicanalista um pssimo anarquista (ou excelente empresrio).Para ns apenas um burgus. Criticar e evidenciarisso suprimir a liberdade? No. realiza-la. Pois

    quem est suprimido no discurso burgus apolifonia da experincia e da luta, as vozes de EdgarLeunroth, Jos Oiticica e Domingos Passos e toda ahistria dos annimos proletrios que fizeram doanarquismo, anarquismo. .Lutar contra a autoridade do discurso burgus umadas formas da luta de classes. O mesmo acontecequando lutamos contra a propriedade privada; osburgueses reclamam da liberdade e do direito depropriedade, que os anarquistas nunca respeitarame nunca iro respeitar. Sempre quiseram suprimir. E

    isso que faz do anarquismo, anarquismo. bomno esquecer: Socialismo sem liberdade eescravido e brutalidade, Liberdade sem Socialismo

    privilgio, injustia. Dizia Bakunin. Isso faz doanarquismo, anarquismo.Alm do mais, basta escrever uma histria doanarquismo, consultando os jornais operrios e deorganizaes (Aliana, Grupo Anarquista Comunistade Gula-Pol) e neles os textos de Malatesta,Kropotkin, Makhno e Bakunin, para vermos que elessempre marcaram uma fronteira que separasse o

    conceito burgus do conceito proletrio deanarquismo. Por mais que discordassem entre si sobrepontos diversos (Bakunin fez crticas de Proudhon,Malatesta fez de Kropotkin, Makhno de Malatesta,o que confere uma diversidade ampla ao pensamentoanarquista), todos sempre criticaram osindividualistas e recusavam reconhece-losenquanto anarquistas. E no reconheciam. Basta irler seus escritos. Obviamente, os individualistasconsideravam por sua vez Bakunin e Malatesta, porexemplo, falsos anarquistas, e por isso um delesdeu um tiro em Malatesta, na sua visita aos EUA.Isto que respeito liberdade individual e depensamento. Ou seja, no houve sntese doconceito popular com o conceito burgus de

    anarquismo, mas sim luta.Adotar uma tal metodologia, apesar de ser em si umaposio poltica, no faz da pessoa que a tomaanarquista. Talvez faa dele um cientista menosautoritrio, menos arrogante, mais sensvel a captaoda diversidade e imprevisibilidade do real. O que j

    bastante.Deveria ser obvio que estudar o anarquismo no fazde algum anarquista, assim como estudar borboletasno faz do botnico uma borboleta (apesar de muitos,devido a sua autoridade cientfica, quererem falarem nome das borboletas). Infelizmente para alguns,e felizmente para ns, o mesmo no possvel emrelao ao anarquismo, porque os anarquistas,diferentemente das borboletas pelo menos asborboletas que sabemos que existem so capazesde falar por si. E assim como as minorias tnicas e

    os povos colonizados (alguns gostariam de cham-los ainda de primitivos), nos seus movimentos deliberao poltica fizeram a crtica da cincia, nsno nosso permanente movimento de liberao socialno poderamos deixar de fazer o mesmo.Para ns no uma questo de verdade, de dizer quem e quem no anarquista, mas sim de explicitar asrelaes polticas e posies tericas E ao fazer issoficar claro que a luta de conceitos, assim como aluta de classes, permanece. As nossas posies econceito de anarquismo, o que faz de ns anarquistas,esto explicitas. Isto tambm faz, do anarquismo,

    anarquismo. no esprito de contribuir para o debatepblico que este texto foi formulado. Esperamos queele possa ajudar, mesmo que de maneira modesta,aqueles que querem conhecer o anarquismo.

    Nem um passo atrs. !!!Anarquismo Luta !!!

    1 Um exemplo desse autoritarismo intelectual, a formade classificao que faz George Woodcock no livro OsGrandes Escritos Anarquistas. Ele situa Henry D.

    Thoreau e Max Stiner como anarquistas, e mais ainda,como os mais verdadeiros anarquistas, por considerarque a defesa do indivduo o que caracteriza oanarquismo. No importa que Thoreau e Stiner nuncatenham se chamado anarquistas, e o que mais importante,nunca tenham se inserido nos espaos sociais popularesno qual o anarquismo se materializava. No importa o quepensavam e faziam eles, e os anarquistas, sujeitos do seuprprio tempo histrico. Importa o que o cientista/narrador,com o poder da caneta hoje, pensa e faz, e a ele classificaao seu bel prazer. Bom, esta abordagem corresponde aoque existe de mais retrgrado na historiografia, sendodesmontada nos estudos sobre escravido, relaes degnero, movimento operrio, etnicidade e situao colonial.Porque no deveria ser feito o mesmo em relao histriado anarquismo?