A LITERATURA NO ENSINO MÉDIO E A PRESENÇA DA ARTE...
Transcript of A LITERATURA NO ENSINO MÉDIO E A PRESENÇA DA ARTE...
[Digite texto]
Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 1
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
A LITERATURA NO ENSINO MÉDIO E A PRESENÇA DA ARTE LITERÁRIA NO ENEM
Tatiana Albino Rodrigues1 Daniela Maria Segabinazi2
RESUMO
O presente trabalho pretende resgatar a história do ensino da Literatura, usando como suporte os documentos oficiais da educação. Além disso, busca analisar a presença da Literatura no ensino médio e a forma como está sendo inserida no Exame Nacional do Ensino Médio. O trabalho é resultado da monografia do curso de Letras e tem como objetivos: situar o momento de evolução da história da Literatura no Ensino Médio; mostrar a importância de discutir as orientações curriculares do ensino médio; resgatar os estudos das diretrizes curriculares fazendo paralelo ao exame nacional do ensino médio; e, por fim evidenciar os objetivos propostos pelo exame nacional do ensino médio em relação a Literatura. A partir desses objetivos, serão apresentados os resultados finais da pesquisa, ou seja, a análise de questões do ENEM, que envolvam a Literatura, verificando a presença de competência e habilidades referentes à Literatura. Para análise foram utilizadas como base a Matriz de Referência do ENEM. Ainda, como base teórica foram utilizados as seguintes referências bibliográficas: R. Cosson (2006), R. Zilberman (1998), T. Todorov (2009), W. Cereja (2005).
Palavras-chave: Ensino Literatura. Documentos Oficiais. ENEM.
INTRODUÇÃO
A principal função da Literatura é de proporcionar prazer e de
apresentar/representar a realidade ao leitor. Entretanto, também é através da
1 Graduada em Letras Português (UFPB). E-mail: [email protected]
2 Graduada, Mestra e Doutora em Letras. E-mail: [email protected]
[Digite texto]
Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 2
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
linguagem literária, que é proporcionado aos leitores o encontro entre os diversos
fatores de cultura como a transmissão de informações e comportamentos; e, além
disso, causar sensações, emoções, e rejeições, atuando na educação e formação do
homem como ser social, promovendo deste modo a aquisição do conhecimento e
possibilitando o reconhecimento a realidade em que vive representada no mundo
ficcional, ajudando o homem a entender tanto seus conflitos como os que a sociedade
lhe impõe.
Correlacionando o dito com a intenção na realização do ENEM, podemos
afirmar que o Exame promove o encontro entre os diversos fatores da nossa cultura,
ocasionando a transmissão de informações e múltiplos comportamentos, assim como
as Diretrizes Curriculares Nacionais que também mencionam a questão do
desenvolvimento da formação enquanto ser social.
Por sua vez o ENEM também colabora para o desenvolvimento das
competências e habilidades na área em questão, que pretende cobrar do aluno seu
posicionamento nos critérios de analise e interpretação, bem como colocar em prática
as habilidades de estabelecer, relacionar e reconhecer os textos literários, conforme
sugerido pelos documentos oficiais do MEC. Contudo, o exame ainda precisa ganhar
mais atenção já que pretende substituir todo e qualquer processo de seleção no
ingresso para universidades e faculdades de todo país.
DESENVOLVIMENTO
A imagem que vem sendo construída a respeito do que é Literatura vem
despertando a curiosidade de investigação de muitos pesquisadores. O estudante de
hoje, vê no estudo da leitura e do conhecimento de Literatura, coisas totalmente sem
prazer; que estão atreladas apenas ao universo das obrigações escolares. Nesse
sentido, podemos perceber que os alunos estão cada vez mais despreparados para ler,
e este despreparo não é apenas diante de um texto literário, é diante de qualquer
[Digite texto]
Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 3
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
gênero textual. Por isso muitos alunos concluem o ensino médio sem adquirir hábitos
regulares de leitura, sejam de textos literários ou não literários.
Por exemplo: muitas vezes levar Machado de Assis para as aulas de Literatura
apesar de ser caracteristicamente um discurso didático sobre o literário, quase sempre
o texto literário é pouco trabalhado e vivenciado pelos alunos, e, com isso, os alunos
não se sentem capazes de mostrar suas competências para analisar e interpretar
textos literários, por isso trabalhar textos de Machado de Assis e outros autores torna-
se enfadonho e chato. Estes resultados nos fazem refletir que o ensino de leitura e a
abordagem do texto literário não tem sido objetivo central das aulas de Literatura, já
que na maioria das vezes as aulas ainda são marcadas pelo ensino das escolas
literárias, características e autores pertencentes ao cânone literário.
De acordo com CEREJA (2005) é preciso reaver a prática escolar e redefinir o
papel do ensino de Literatura na disciplina Língua Portuguesa, pois o ensino de
Literatura no ensino médio não tem alcançado os objetivos essenciais a que foram
propostos nas últimas orientações curriculares nacionais do ensino médio (OCNEM,
2006), e nas discussões geradas em obras de pesquisadores como Regina Zilberman
(2009) e Marisa Lajolo (1982). No entanto, sabemos que existe a necessidade de
formar leitores competentes de textos literários e não literários, e consolidar os
hábitos de leitura para formação de leitores críticos.
Na obra A Literatura em Perigo, de TODOROV (2009), há um convite à reflexão
sobre o que está acontecendo com a Literatura. É importante ressaltar que o perigo
mencionado pelo autor não está na falta de bons poetas ou de obras, mas na forma de
como a Literatura tem sido ofertada aos nossos jovens. O estudante termina não
entrando em contato com a Literatura através dos textos literários e sim através de
alguma forma de crítica, de teoria ou de história literária. Neste caso a Literatura passa
a ser mediada apenas como forma disciplinar e institucional, sendo vista apenas como
matéria escolar ao invés de tê-la como agente de conhecimento sobre o mundo. O
autor reforça que Literatura é algo além do que disciplina escolar; é um modo de
[Digite texto]
Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 4
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
extensão para alargar conhecimentos que nos permite possibilidades e interações
sociais, tornando-nos pessoas mais críticas.
Ainda mencionando TODOROV (2009), o escritor faz menção ao profissional,
pois o professor é um dos responsáveis pelo sucesso do curso de Literatura; o êxito do
trabalho com a Literatura na escola depende não apenas do contato do aluno com o
livro, mas também, do estímulo do professor que pode interagir de várias formas em
meio ao livro, podendo inserir as extensões de pesquisas, seminários, debates, teatros,
vídeo, músicas, produção de textos, produção de projetos.
As aulas de Literatura na maioria das vezes, quando acontece, são ministradas
no método exigente da memorização de uma quantidade grande de informações
literárias, decorando as escolas, períodos, autores e dados biográficos. Tudo isso se
transforma em um insistente confronto do aluno com as obras literárias, que pertence
a uma realidade totalmente diferente e que acaba transformando a obra literária em
um mero objeto de estudo, por isso que os alunos rechaçam as aulas de Literatura,
pois eles veem a disciplina como trabalho/matéria disciplinar inútil.
Os documentos oficiais sugerem orientações de abordagem, conteúdos e
metodologias para o ensino de Literatura, privilegiando o contato direto do aluno com
as obras literárias de diferentes gêneros e épocas, destacando a prática da leitura de
obras para a formação de um leitor crítico, capaz de discutir diferentes questões sobre
o texto lido. Desse modo, o fato de ter a leitura como foco principal das aulas,
transforma significativamente o ensino de Literatura, ainda atrelado a historiografia.
As Orientações Curriculares deixam claro que não se deve abandonar a riqueza
de nossa tradição literária, é preciso ter mais exigência nas leituras entre os alunos e
professores para discutir e debater inquietações advindas das leituras, isso fará com
que haja mais possibilidades para um convívio democrático, integrador da reflexão e
que possa formar ou consolidar bons leitores da Literatura.
Alguns livros didáticos já vêm incorporando o discurso das orientações oficiais,
trazendo ilustrações e citações para articular um trabalho intertextual com outras
disciplinas, como as artes plásticas, o cinema, a música e a história. Todavia, os livros
[Digite texto]
Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 5
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
didáticos, no Brasil, ainda, em sua grande maioria, vêm se mostrando através de vias
fragmentadas dos estilos de épocas e reproduzem historicamente uma lista de autores
e obras de diferentes momentos da história da Literatura brasileira e portuguesa.
Diante dos documentos oficiais, as Orientações Curriculares Nacionais (2006) e
o Referencial da Paraíba (2006) são centralizados os mesmos objetivos, que podemos
elencar entre a importância e valorização da literatura em nossa vida, a formação de
leitores críticos e professores preparados para administrar responsabilidades em
função do ensino de Literatura.
Através desses documentos e remetendo os objetivos propostos pela Matriz do
ENEM, podemos afirmar que a intenção é de formar e ter um leitor competente, capaz
de ler as entrelinhas, identificando, a partir do que está escrito, elementos implícitos,
estabelecendo relações entre texto e seus conhecimentos prévios ou entre o texto e
outros textos já lidos. Aprofundando mais, o que queremos dizer é que não basta o
aluno saber ler o que lhe está posto, é necessário que ele compreenda essa leitura e
dela possa extrair significado e experiência para a sua vida.
Percebemos como a Literatura e história e contexto estão associadas aos
princípios do ensino da Literatura, e que não podem ser colocadas em sala de aula
apenas como uma contextualização histórica, delimitando os principais e mais
importantes autores e obras. A intenção do autor é afinar o caminho do professor para
uma leitura de maneira explicita abrangendo as diversas formas de contextualizações,
tanto teórica, estilística, crítica quanto histórica e temática.
No livro Letramento Literário: teoria e prática (2007) de COSSON; o autor
remete a contextualização, atenta que não podemos reduzir à Literatura a história. A
contextualização deve ser compreendida no âmbito do aprofundamento da leitura por
meio dos contextos que própria obra carrega consigo, assim torna-se ilimitado o
número de contextos a serem explorados na leitura.
Dessa forma, compreendemos que o ENEM, neste momento, tem sido o
principal protagonista na composição curricular das escolas e, por isso, precisa ser
considerado nas discussões sobre o ensino de Literatura. Acreditamos que mais uma
[Digite texto]
Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 6
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
vez, estamos atrelados a um “exame de admissão” para o ensino superior, que pauta
conteúdos e metodologias a serem apresentados e ensinados ao aluno do ensino
médio. Concluindo, substituímos a lista de títulos de obras literárias para o vestibular
por um modelo de questões e conteúdos que confundem ou integram o trabalho de
língua e Literatura no ensino médio, mas, que sobretudo, nos leva a perguntar: onde
está a Literatura? Como ela se apresenta no ENEM?
São através desses questionamentos que levantamos a referida pesquisa.
Pretende-se encarar a realidade do ensino de Literatura na escola, enxergar de
maneira geral como está sendo coordenadas as aulas de Literatura. Além disso,
buscamos entender porque os documentos oficiais estão disponíveis a todos os
educadores e escolas de todo país, contudo não vem sendo usados como esperado
pelos órgãos responsáveis da educação.
Atualmente, a história do ensino de Literatura ocupa lugar de destaque no
meio acadêmico, e vem despertando inúmeras pesquisas que abrange área, e é nesse
sentido de reflexão sobre o papel e o lugar da Literatura nos dias atuais, no que se
refere ao ENEM, que estamos fazendo este percurso no ensino brasileiro. A partir de
agora apresentaremos uma análise sobre a prova do ano de 2013 do ENEM, que
pretende observar as inovações e/ou contradições em seu projeto no que se refere à
Literatura. .
O modelo de avaliação do exame incentiva o raciocínio para as questões que
medem o conhecimento dos alunos por meio do foco interdisciplinar, mantendo a
ideia sobre questões contextualizadas que exigem do aluno a aplicação prática do
conhecimento, deixando para trás a simples memorização de informações.
Este modelo tem pretensão de sair do caráter informacional para uma proposta
educacional, que busca uma mudança de atitudes visando uma articulação nos
conteúdos com as áreas de conhecimento, tornando-se algo com significado para que
o aluno possa desenvolver suas habilidades e competências específicas. Nesse sentido,
as escolas vêm buscando formar leitores críticos, que se mostram mais preocupados
[Digite texto]
Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 7
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
com o que o texto narra, descreve ou relata se tornando um leitor mais exigente, que
almeja compreender os modos de enunciação.
O ENEM proporciona a remissão das orientações e diretrizes curriculares. A
prova pretende avaliar a desenvoltura do aluno através das suas competências e
habilidades, exigindo mais do seu raciocínio e conhecimento prático. Assim, dentro do
ENEM, a Literatura é considerada mais uma linguagem necessária para o
desenvolvimento da habilidade leitora, que se volta para a leitura do texto e as
relações com o contexto.
Importante lembrar que o exame ENEM não dá indicações de leitura, e fica a
pergunta: que clássicos ou textos ler? Os textos que surgem nas provas são escolhidos
de acordo com as habilidades e competências que se quer testar. No exame, o foco
está no leitor, o que está em destaque é a competência leitora. ENEM foi criado para
avaliar o desempenho do estudante ao fim do ensino médio, e de acordo com a
proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais a Literatura está inserida na prova de
Linguagens, Códigos e Tecnologias, as questões têm intuito de avaliar as
competências. A competência visa analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos
das linguagens, que relacione textos e contextos, função e organização, que devem
estar de acordo com as condições de produção e recepção.
Ao longo do que vem sendo discorrido, podemos perceber que a cada ano o
exame vem ganhando espaço para o acesso aos cursos superiores, e mais uma vez
podemos constatar que a escola e o professor são mediadores para se alcançar as
propostas colocadas pelos documentos oficiais, pois, como já estamos vivenciando não
estamos trabalhando em cima de indicações para as leituras literárias como os
anteriores modelos de processo de seleção.
Sabendo que estamos encarando um novo modelo de avaliação, a partir de
então, faremos uma análise sobre o exame do ENEM e de algumas questões da prova
do ano de 2013, analisaremos o material de prova do segundo dia de aplicação, cor
amarela qual se refere ao 5º caderno de questões. A prova de Linguagens, Códigos e
Tecnologias é composta por 45 questões voltadas para as tecnologias, em que
[Digite texto]
Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 8
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
percebemos a presença de diversos gêneros textuais (a carta, soneto, artigo, poema,
música, narrativa, linguagem visual, charge, piada, quadrinho e outros) e de maneira
contextualizada a menção de textos literários.
Ao nos reportarmos especificamente a Literatura, podemos constatar a
presença de alguns textos literários ao longo do exame. Entre os textos literários
encontramos a inclusão de um fragmento da Carta de Pero Vaz Caminha; a exposição
da ilustração de Candido Portinari; a inserção do soneto Mal Secreto de Raimundo
Correia; as poesias: Olá! Negro de Jorge de Lima, A diva de Adélia Prado, e Brasilidade
em construção de Oswaldo de Andrade; por fim as narrativas: A hora da estrela, de
Clarice Lispector e Memória Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
[Digite texto]
Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 9
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
A questão de nº 97 apresenta um fragmento da Carta de Pero Vaz Caminha, e a
ilustração da tela de Candido Portinari, são obras distantes do tempo. Estas formas de
linguagens verbal e não verbal, são bastantes diferentes em sua composição, contudo
não exige do aluno um conhecimento prévio sobre leitura literária histórica, assim, o
aluno que tiver uma boa competência leitora pode identificar a resposta, de que a
carta representa um testemunho histórico-político, que mostra o momento do inicio
da colonização brasileira. A carta representa o olhar do colonizador sobre a gente da
terra, e a tela destaca a inquietação dos nativos. Deste modo, as representações
constituem referenciais fundamentais para o patrimônio cultural, assim a questão
exige do aluno o poder de análise e interpretação, qual deverá reconhecer e avaliar a
presença de valores sociais, humanos e culturais.
A questão nº 99 apresenta o soneto Mal secreto de Raimundo Correia, o soneto
se apresenta através da medida de uma reflexão sobre a forma de como as emoções
do indivíduo são julgadas em sociedade, pois em diversas situações para o individuo
ser aceito, ele deve a agir de forma diferente. Através do soneto, pretende-se que o
aluno esboce suas habilidades e competências através da questão de cunho social, que
exige do candidato o poder de análise, interpretação e que também deverá buscar a
relação do texto com os contextos no mundo social.
[Digite texto]
Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 10
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
A questão nº 105 apresenta um fragmento da poesia Olá! Negro de Jorge de
Lima, o estudante não precisa ter conhecimento sobre características que marquem o
gênero textual. A poesia marca o conflito de gerações e de grupos étnicos como
contexto social que aponta para a preservação da memória ancestral e resistência
negra a apatia cultural dos brancos. Desse modo, a questão traduz a perda de
identidade cultural, aponta para uma idéia de resistência e reforça o tédio da raça
branca. Assim a questão exige do aluno poder de análise e interpretação, pois é
preciso relacionar o texto literário e o momento de sua produção, conhecer e
reconhecer os valores sociais que pertencem ao patrimônio literário cultural.
A questão nº 110 é apresentada mais uma poesia A diva de Adélia Prado, em
que o aluno não precisa saber sobre o texto literário pelo literário. A poesia
surpreende o leitor pelo seu efeito poético, despertando os diferentes gêneros
textuais que desempenham múltiplas funções sociais. O texto apresenta um exercício
[Digite texto]
Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 11
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
da prática teatral pela personagem Maria, que vive a fantasia de uma atriz de sucesso,
apresentando uma dimensão entre o real e o imaginário. A questão exige do candidato
o poder de análise e interpretação, ampliando suas competências, reconhecendo os
valores sociais que pertencem ao patrimônio literário.
[Digite texto]
Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 12
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
Dando continuidade, a questão número 111 coloca um fragmento da narrativa
A hora da estrela, de Clarice Lispector, em que o candidato precisaria além de
conhecer a escritora, conhecer a tipologia textual. Vejamos: Dando continuidade, essa
questão podemos perceber apresentação de um fragmento da narrativa A hora da
estrela de Clarice Lispector. A autora demonstra peculiaridade através de um sujeito
que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso, em que o
narrador promove a reflexão por meio da metalinguagem que busca respostas em suas
próprias perguntas. Exige do candidato saber quem foi a autora, colocando em prática
seu poder de análise e interpretação, permitindo relacionar o texto com contexto
histórico e social, reconhecendo a presença dos valores sociais e humanos associados
ao patrimônio literário e cultural.
Na sequência, encontramos na questão de número 122 mais um fragmento do
gênero narrativo; conforme podemos ver a seguir: Prosseguindo, esta questão é o
[Digite texto]
Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 13
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
momento de inserção do fragmento de Capítulo LIV – A pêndula - de Memórias
póstumas de Brás Cubas (1992) de Machado de Assis, o discente precisaria conhecer o
movimento romântico, pois no trecho Brás Cubas revive o beijo com Virgília fazendo
uma metáfora ao relógio que representava a materialização do tempo que
redirecionava o comportamento idealista de Brás Cubas.
[Digite texto]
Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 14
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
A questão nº 129 retoma o gênero lírico e usa o poema Brasilidade em construção de
Oswald de Andrade para avaliar o candidato, que explora o aspecto visual e vários
fatores socioculturais. O candidato não precisa ter conhecimento sobre a
caracterização do gênero textual, mas precisa remontar à ideia de que a brasilidade
está relacionada ao futebol, e que a identidade nacional está sendo representada
através das anotações em torno dos versos, constituindo assim os possíveis
direcionamentos para uma leitura critica de dados histórico-culturais. Desse modo, a
questão permite o reconhecimento do gênero textual poema, que atenta as
habilidades das relações entre o texto literário e o momento de sua produção,
enfatizando o contexto histórico, social e político, permitindo o reconhecimento os
valores sociais que pertencem ao patrimônio literário.
Para encerrar, questão nº 133 com o poema Lusofonia de Nuno Júdice.
Finalizando análise, esta questão sendo representada pelo poema Lusofonia de Nuno
Júdice, que apresenta texto corrido com caracteres poético. Apesar de apresentar
texto poético a questão analisa a língua, fazendo referência as funções
metalingüísticas, texto o texto como pretexto, que se justifica através da tematização
do fazer artístico, pela discussão do ato de construção da própria obra. Desse modo, a
questão referencia as habilidades das relações entre o texto literário e o momento de
sua produção, permitindo o reconhecimento os valores sociais que pertencem ao
patrimônio literário.
Enfim, as questões analisadas permitem pensarmos na presença da Literatura,
pois se apresentam através de textos que pertencem a nossa cultura literária.
Entretanto, apesar de explorar diversos tipos de textos literários o exame poderia
ampliar mais sobre o desempenho do candidato forçando o desenvolvimento e a
evolução das suas competências e habilidades.
[Digite texto]
Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 15
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
CONCLUSÃO
O ensino de Literatura é algo que precisa ser revisto pela sociedade, por isso o
objetivo da nossa pesquisa foi apresentar e constatar como o ensino de Literatura vem
sendo incorporado e ministrado nas salas de aula do ensino médio. De acordo com
várias pesquisas e autores voltados para a forma de ensino, podemos observar que as
aulas de Literatura ainda continuam sendo levadas às salas de aula como mais uma
disciplina sem grande importância. As aulas de Literatura não passam de um mero
processo de memorização, em que professores e alunos vão seguindo um padrão fora
de adequação para um futuro em sociedade.
Através do estudo podemos afirmar que o ensino de Literatura é muito mais
além do que o processo de memorização de escolas literárias e autores de
importância, a Literatura rompe barreiras seguindo o tempo e transforma pessoas. A
Literatura contribui no processo de formação do leitor ativando a visão crítica e
influencia no exercício de uma postura cidadã.
Para isso utilizamos os documentos oficiais para comprovar as perguntas da
nossa pesquisa, os quais mostram como o ensino de Literatura pode ser inserido no
meio escolar, demonstrando como os professores podem se desvincular do modelo
tradicional de ensino de literatura. Os documentos oficiais, como mencionado durante
a pesquisa, servem para orientar quanto ao modelo do currículo criado pela escola e
como o corpo docente deve apresentar em sala de aula.
Devido a esses padrões tradicionais de ensino de Literatura no Ensino Médio,
nos despertou o interesse em analisar a presença da Literatura no Exame Nacional
para o Ensino Médio. Salientando que o exame ganhou importante espaço na
sociedade brasileira, e que milhares de jovens se empenham para ingressar nas
universidades e faculdades de todo o pais. Observamos também que o objetivo do
exame conforme a matriz do Enem é avaliar a competência e as habilidades dos
candidatos. A prova é elaborada com a perspectiva de analisar as capacidades do
[Digite texto]
Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 16
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
candidato, incentivar o poder de análise, interpretação e aplicação de recursos
expressivos das linguagens.
Diante da análise das questões do exame atual, 2013, podemos afirmar que a
prova apresenta questões que fazem menção à Literatura, assim como exige os
objetivos da matriz do Enem, que procura estabelecer relações ente o texto literário,
situando aspectos do contexto histórico, social e político, assim como relaciona
informações sobre concepções artísticas, por fim possibilita o reconhecimento da
presença de valores sociais e humanos atualizáveis e pertencentes no patrimônio
literário nacional.
Não temos como pretensão neste trabalho classificar as questões como certas
ou erradas, temos como objetivo revelar a forma de como as habilidades e
competências tem sido exploradas, e se a Literatura está presente nas questões. Por
isso através das questões expostas e analisadas podemos constatar que o ENEM adere
textos literários em sua prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Perceber a
presença de textos literários através de múltiplos gêneros textuais, e desse modo,
acreditamos que o ENEM desempenha um papel inovador no cenário atual, e dentro
do seu caráter avaliativo proporciona uma avaliação do candidato por meio de
questões que envolvem a Literatura.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Gilsa Elaine Ribeiro. Literatura e Enem: Implicações no Ensino Médio – Artigo Universidade Federal da Paraíba. Departamento Letras Clássicas e Vernáculas, João Pessoa, v8, n,2, jul/dez 2011, 139-153. BORDONI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera Teixeira de. Formação do Leitor. In: ___. Literatura: a formação do leitor: alternativas metodológicas. – 2º ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. _____. Interesses de Leitura e Seleção de Textos. In: ___. Literatura: a formação do leitor: alternativas metodológicas. – 2º ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. _____. Necessidade de Metodologia. In: ___. Literatura: a formação do leitor: alternativas metodológicas. – 2º ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Matriz de Referência para o ENEM; Brasília, 2009.
[Digite texto]
Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 17
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
_____. Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional: Lei nº 9.394/96 – 24 de dez. 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1998. _____. Ministério da Educação e do Desporto. Conselho Nacional de Educação – Câmara de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio: Brasília, 1998. _____. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio: Brasília, 2012. _____. Ministério da Educação. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Brasília, 2006. _____. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Ensino Médio. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília, 1998. _____. Ministério da Educação. Referencial Curricular para o Ensino Médio - Secretaria do Estado da Educação e Cultura da Paraíba, 2006. CEREJA, William Roberto. Ensino de Literatura: uma proposta dialógica para o trabalho com Literatura – São Paulo: Atual, 2005. COSSON, Rildo. Letramento Literário: teoria e prática – São Paulo: Contexto, 2006. FISCHER, Luis Augusto; LUFT, Gabriela; FRIZON, Marcelo; LEITE, Guto; LUCENA, Karina; VIANNA, Carla; WELLER, Daniel. A Literatura no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Nonada Letras em revista. Porto Alegre, ano 15, n. 18, p. 111-126, 2012. MAGNANI, Maria do Rosário Mortatti. Leitura, literatura e escola. In: ___. Literatura e Educação: percorrendo nossa história. – São Paulo: Martins Fontes, 1989 – (Coleção texto e linguagem). PAULINO, Graça; COSSON, Rildo. Leitura Literária: a mediação escolar – Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2004. SEGABINAZI, Daniela Maria. Educação literária e a formação docente: encontros e desencontros do ensino de literatura na escola e na Universidade do século XXI. Tese (Doudorado) Universidade Federal da Paraíba. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes , 2011. TODOROV, Tzvetan. A literatura em perigo; tradução de Caio Meira – 2º ed. – Rio de Janeiro: Difel, 2009. ZILBERMAN, Regina; ROSING, Tania M. K. (Orgs). Escola e leitura: velha crise, novas alternativas – São Paulo: Global, 2009. (Coleção Leitura e Formação.