A Literatura Brasileira à Luz Do Pós-colonialismo - 07:09:2014 - Ilustríssima - Folha de S.paulo

7
PUBLICIDADE PUBLICIDADE PUBLICIDADE DOMINGO, 7 DE SETEMBRO DE 2014 21:01 Login Assine a Folha Atendimento Versão Impressa PUBLICIDADE Opinião Opinião Política Política Mundo Mundo Economia Economia Cotidiano Cotidiano Esporte Esporte Cultura Cultura F5 F5 Tec Tec Classificados Classificados Blogs Blogs Seções Seções Últimas notícias Internacional é derrotado em casa pelo Figueirense e cai para terceiro Site buscar PUBLICIDADE A literatura brasileira à luz do pós-colonialismo SILVIANO SANTIAGO ilustração ALBERTO BARAYA 07/09/2014 02h42 RESUMO O conceito de "formação", como proposto por Antonio Candido, alçado a paradigma acadêmico, isolou a literatura brasileira da revisão pós-colonialista. Crítico defende que o estudo das letras nacionais não mais se dê sob a perspectiva de seu desenvolvimento, mas do ponto de vista de sua inserção no panorama internacional. Os dois volumes da "Formação da Literatura Brasileira", notável obra historiográfica de Antonio Candido, eram o principal companheiro de trabalho de todo jovem que, em fins da década de 1950 e durante as décadas seguintes, iniciava os estudos universitários em história da literatura nacional. Passado mais de meio século, torna-se indispensável invocar o dom do livro ao estudante e a afeição do aluno ao livro e ao seu autor. Uma palavra, ou melhor, um conceito os fascinava e atava definitivamente os três -formação. O metódico saber literário que o aluno recebe na faculdade de letras é parte capital na sua ampla formação universitária e se confunde, na teoria e na prática da leitura em casa ou na sala de aula, com o saber que o pesquisador lhe doa sob a forma de livro em que analisa e interpreta a nossa iniciação literária. Alberto Baraya Acima e abaixo, "Orquídea Amarela em Estrutura de Exibição Pré-Colombiana", da série "Herbário de Plantas Artificiais - Expedição Berlim" (2014) Pela escrita da "Formação da Literatura Brasileira" e pela sua leitura, pesquisador, aluno e a própria literatura escrita por brasileiros desde meados do século 18 significam estar em vias de chegar à plenitude de suas respectivas e variadas vidas. Tanto as figuras humanas quanto as letras envolvidas por eles ainda eram verdes, por isso trabalhavam em uníssono a favor das respectivas formações. O aprendizado escolar do estudante se espelha no trabalho original de pesquisa do universitário que, por sua vez, se espelha no próprio objeto de estudo -a literatura brasileira no processo de sua afirmação como necessariamente adjetiva no interior de um conjunto bem mais vasto e fascinante. Unidos, os três vivem o lento, sofrido e gradativo processo da sua formação. Vivem o lento, sofrido e gradativo processo de interiorização de um saber que lhes é exterior, embora cada um e os três saibam que, sem a apreensão Sobre ruínas silenciosas, de Julián Fuks fragmentos amorosos, por Noemi Jaffe A construção da 'obra total' de Ariano Suassuna + LIDAS + COMENTADAS + ENVIADAS ÚLTIMAS 1 A literatura brasileira à luz do pós-colonialismo 2 Em Nashville, a capital do vinil, nostalgia dá lucro 3 Anatomia da formação 4 Relações perigosas 5 Os tuk-tuks vão a Alfama Incompreendido nos anos 1960, 'A Tortura do Medo' ganha versão restaurada Professor de Oxford vê a história como a luta constante entre três grupos Com arquivos da KGB e correspondências, autor recria últimos anos de Trótski A Primeira Guerra no Cinema (DVD) PUBLICIDADE Vídeos Relatos PUBLICIDADE PUBLICIDADE EM ILUSTRÍSSIMA Monteiro Lobato: Conta Outra Vez Caixa reúne oito livros, cada um ilustrado por um artista diferente De R$ 149,90 Por R$ 74,00 Comprar PUBLICIDADE PUBLICIDADE PUBLICIDADE Assine 0800 703 3000 SAC Bate-papo E-mail BOL Notícias Esporte Entretenimento Mulher Rádio TV UOL Shopping 21.1°C 21.1°C SÃO PAULO SÃO PAULO ilustríssima leia também envie sua notícia siga a folha + livraria 207 Recomendar Recomendar Tweetar Tweetar 11 6 Mais opções COMPARTILHE A literatura brasileira à luz do pós-colonialismo - 07/09/2014 -... http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2014/09/1511606-a-... 1 de 7 07/09/14 21:07

Transcript of A Literatura Brasileira à Luz Do Pós-colonialismo - 07:09:2014 - Ilustríssima - Folha de S.paulo

  • PUBLICIDADE PUBLICIDADE PUBLICIDADE

    DOMINGO, 7 DE SETEMBRO DE 2014 21:01

    Login

    Assine a Folha

    Atendimento

    Verso Impressa

    PUBLICIDADE

    OpinioOpinio PolticaPoltica MundoMundo EconomiaEconomia CotidianoCotidiano EsporteEsporte CulturaCultura F5F5 TecTec ClassificadosClassificados BlogsBlogs SeesSees

    ltimas notcias Internacional derrotado em casa pelo Figueirense e cai para terceiro Site buscar

    PUBLICIDADE

    A literatura brasileira luz dops-colonialismoSILVIANO SANTIAGOilustrao ALBERTO BARAYA

    07/09/2014 02h42

    RESUMO O conceito de "formao", como propostopor Antonio Candido, alado a paradigma acadmico,isolou a literatura brasileira da revisops-colonialista. Crtico defende que o estudo dasletras nacionais no mais se d sob a perspectiva deseu desenvolvimento, mas do ponto de vista de suainsero no panorama internacional.

    Os dois volumes da "Formao da Literatura Brasileira", notvel obrahistoriogrfica de Antonio Candido, eram o principal companheiro detrabalho de todo jovem que, em fins da dcada de 1950 e durante as dcadasseguintes, iniciava os estudos universitrios em histria da literaturanacional.

    Passado mais de meio sculo, torna-se indispensvel invocar o dom do livroao estudante e a afeio do aluno ao livro e ao seu autor. Uma palavra, oumelhor, um conceito os fascinava e atava definitivamente os trs -formao.

    O metdico saber literrio que o aluno recebe na faculdade de letras partecapital na sua ampla formao universitria e se confunde, na teoria e naprtica da leitura em casa ou na sala de aula, com o saber que o pesquisadorlhe doa sob a forma de livro em que analisa e interpreta a nossa iniciaoliterria.

    Alberto Baraya

    Acima e abaixo, "Orqudea Amarela em Estrutura de Exibio Pr-Colombiana", da srie "Herbrio dePlantas Artificiais - Expedio Berlim" (2014)

    Pela escrita da "Formao da Literatura Brasileira" e pela sua leitura,pesquisador, aluno e a prpria literatura escrita por brasileiros desde meadosdo sculo 18 significam estar em vias de chegar plenitude de suasrespectivas e variadas vidas. Tanto as figuras humanas quanto as letrasenvolvidas por eles ainda eram verdes, por isso trabalhavam em unssono afavor das respectivas formaes.

    O aprendizado escolar do estudante se espelha no trabalho original depesquisa do universitrio que, por sua vez, se espelha no prprio objeto deestudo -a literatura brasileira no processo de sua afirmao comonecessariamente adjetiva no interior de um conjunto bem mais vasto efascinante.

    Unidos, os trs vivem o lento, sofrido e gradativo processo da sua formao.Vivem o lento, sofrido e gradativo processo de interiorizao de um saber quelhes exterior, embora cada um e os trs saibam que, sem a apreenso

    Sobre runas silenciosas, de Julin Fuks

    fragmentos amorosos, por Noemi Jaffe

    A construo da 'obra total' de ArianoSuassuna

    + LIDAS + COMENTADAS + ENVIADAS LTIMAS

    1A literatura brasileira luz dops-colonialismo

    2Em Nashville, a capital do vinil, nostalgiad lucro

    3Anatomia da formao

    4Relaes perigosas

    5Os tuk-tuks vo a Alfama

    Incompreendido nos anos 1960, 'ATortura do Medo' ganha versorestaurada

    Professor de Oxford v a histria como aluta constante entre trs grupos

    Com arquivos da KGB ecorrespondncias, autor recria ltimosanos de Trtski

    A Primeira Guerra noCinema (DVD)

    PUBLICIDADE

    Fotos Vdeos Relatos

    PUBLICIDADE

    PUBLICIDADE

    EM ILUSTRSSIMA

    Monteiro Lobato:

    Conta Outra Vez

    Caixa rene oito

    livros, cada um

    ilustrado por um

    artista diferente

    De R$ 149,90

    Por R$ 74,00

    Comprar

    PUBLICIDADE

    PUBLICIDADE

    PUBLICIDADE

    Assine 0800 703 3000 SAC Bate-papo E-mail BOL Notcias Esporte Entretenimento Mulher Rdio TV UOL Shopping

    21.1C21.1C SO PAULOSO PAULO

    ilustrssima

    leia tambm

    envie sua notcia

    siga a folha

    + livraria

    207RecomendarRecomendar TweetarTweetar 11 6 Mais opes

    COMPARTILHE

    A literatura brasileira luz do ps-colonialismo - 07/09/2014 -... http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2014/09/1511606-a-...

    1 de 7 07/09/14 21:07

  • histrica e crtica daquele saber estranho, daquele saber intruso, noconseguiriam elaborar o alicerce indispensvel para a grandeza plena dasrespectivas personalidades.

    Como se esculpidos na cabea dum alfinete, esse aluno, aquele livro e seuautor podem ser hoje vistos de maneira emblemtica como corresponsveispela produo intelectual do sculo 20 brasileiro, inaugurada no ano de 1900pelas memrias de Joaquim Nabuco, "Minha Formao". Nesse ttulo ovocbulo -ento definitivamente conceito- tambm tinha ganhado direito decidadania em lngua portuguesa e carreava o significado da sua importnciano processo de amadurecimento pessoal e cultural do indivduo e do cidadobrasileiro na passagem do sculo 19 para o 20. A boa formao era ento -eat hoje, infelizmente-uma ddiva da famlia ou do Estado aos privilegiados.

    No correr do sculo 20, o conceito de formao se torna mais e mais elsticopor nossas terras. Em 1942, o historiador Caio Prado Jr. investigava a"Formao do Brasil Contemporneo", enquanto o economista Celso Furtado,nos anos 1950, a "Formao Econmica do Brasil". E um dos provveisdiscpulos de Antonio Candido, Paulo Eduardo Arantes, de perfil semelhanteao do universitrio j mencionado, informava os estudiosos sobre -e o cito- "aformao da filosofia uspiana (uma experincia dos anos 1960)". Arantesaproveitou o adjetivo "uspiano" para lanar sua irnica defesa da boaformao: "[...] afinal um pastiche programado em incio de carreira bemmelhor do que uma vida inteira de pastiches inconscientes". T. S. Eliot sereferia a esse fenmeno quando, nos anos 1920, estabeleceu a clebredistino entre "talento individual" e "tradio".

    No fcil represar neste curto depoimento a abrangncia semntica de"formao" no nosso sculo 20. Mas, caso se recorra ao conceito de"episteme" como definido na histria das ideias por Michel Foucault, pode-seconsider-lo nico e elstico na sua rentabilidade discursiva. E intenso namultiplicidade de vises histricas e de verses identitrias do brasileiro e danao brasileira, a que ele deu curso.

    Ao se elevar condio de paradigma, "formao" funda e estrutura, nosculo 20 brasileiro, os mltiplos saberes confessionais, artsticos e cientficosque compartilham certas caractersticas gerais ou formas do nosso ser e estarem processo de desenvolvimento.

    De posse desse paradigma, o analista deve destrinar menos os discursosacabados e publicados sobre o brasileiro ou a sociedade brasileira, deresponsabilidade de X ou de Y, e dedicar-se mais ao conhecimento dascondies materiais e lingusticas da produo de um feixe exemplar denarrativas afins e complementares.

    JOGOS

    Dentro do paradigma, o vocbulo se empresta a inevitveis jogos semnticos.No sentido que lhe empresta Antonio Candido, o do processo soberano emoderno de construo do Brasil literrio, "formao" reativa uma redediscursiva de carga histrica que arrebata o adolescente interessado pelaliteratura (nacional) no perodo de sua "formao", agora tomada no sentidoque lhe empresta Nabuco, o do amadurecimento pessoal e cultural do cidadobrasileiro, aqui ou no estrangeiro.

    No interior do paradigma, a ideia de formao comporta, pois, vrios ediferentes galhos semnticos, embora guarde sua origem nica germnica:"Bildung".

    "Bildung" tem indiscutvel conotao pedaggica e designa a formao,qualquer exemplo de formao, como lento e longo processo de interiorizaodo saber. instrumento pedaggico contemporneo da prpria data queCandido designa para o comeo da literatura brasileira -a segunda metade dosculo 18, quando vm luz os poemas de Cludio Manoel da Costa naprovncia das Gerais.

    Por uma dessas coincidncias extraordinrias, a data do sculo privilegiadoo 18 coincide com a idade em que o estudante brasileiro prestanormalmente o vestibular para a faculdade eleita. A data do sculo e a idadedo aluno -no que se refere s respectivas formaes- so coincidentes, emborano sejam gratuitas. Na Europa, o conceito de formao cunhado peloidealismo alemo e se torna pea importante no surgimento do iderioiluminista. Confunde-se com a "paideia" dos gregos e o "humanitas" doslatinos. Os trs traduzem a indispensvel busca pela excelncia humana parachegar idade madura letrada, tanto no plano individual quanto no planocomunitrio e coletivo.

    Se cerceado pelas categorias de estilo de poca e transposto para a produoliterria descrita por Antonio Candido, "Bildung" passa a qualificar nossodesejo literrio de independncia e de liberdade sob o jugo do poder colonialda cultura portuguesa, nosso desejo de autonomia poltica e literria.

    Ele nomeia o trabalho indispensvel dos cidados privilegiados e letradospara que o adjetivo "nacional" aposto literatura -ou nao e sua histria,economia, etc.- possa se afirmar como autntico e se manter estvel e rentvelno conjunto das naes modernas do Ocidente. Como o prprio autor afirma,sua obra maior relata "a histria dos brasileiros no seu desejo de ter umaliteratura". Fala sobre o esprito do Ocidente procura de uma nova moradanesta nossa parte do mundo.

    TRILHOS

    Trens de ferro -e bondes- descarrilam. Os sistemas de pensamento e asmetodologias de leitura tambm e, ainda, os paradigmas do saber. s vezes, odescarrilamento vem da falta de manuteno das condies timas defuncionamento dos trilhos. No o caso do paradigma "formao" tal como oconfiguramos rapidamente com a ajuda de Foucault, ou do sistema literrioproposto por Candido. Grandes intelectuais brasileiros, alguns j citados,atestam a favor da sua boa manuteno.

    s vezes, a avaria que leva ao descarrilamento do sistema literrio nacional

    Vrios

    Por: R$ 69,90

    Comprar

    Violncia

    Slavoj Zizek

    De: R$ 36,00

    Por: R$ 31,90

    Comprar

    24/7 - CapitalismoTardio e os Fins doSono

    Jonathan Crary

    De: R$ 29,90

    Por: R$ 25,90

    Comprar

    Pagu: Vida-Obra

    Augusto de Campos (Org.)

    De: R$ 59,50

    Por: R$ 49,90

    Comprar

    Alabardas, Alabardas

    Jos Saramago

    De: R$ 27,50

    Por: R$ 23,90

    Comprar

    OK

    DODGE

    Potncia e desempenho. Isso Dodge!

    Vale Suio

    O mais belo resort dasmontanhas! Aproveite!

    CVC

    Os melhores destinos vocencontra aqui.

    Vigorito

    Onix 0km a partir de R$31.890! Vem!

    Citron

    Citron C4 Lounge com TaxaZero

    Cmera Digital

    Sony a partir de 10X R$ 31,90.

    Gps

    A partir de apenas R$ 169.Aproveite!

    Netbooks

    A partir de 12X R$ 63. Confira!

    Home Theater

    A partir de R$ 169 em at 12x

    CMA Series 4

    O melhor sistema para investirna Bolsa!

    Compare preos:

    Fogo

    De diversas marcas a partir de R$ 358,20

    Notebook

    Windows 8, LED, Intel" Core a partir deR$ 799,00

    Home Theater | Tnis | Mais...

    A literatura brasileira luz do ps-colonialismo - 07/09/2014 -... http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2014/09/1511606-a-...

    2 de 7 07/09/14 21:07

  • to imprevista quanto uma tempestade.

    Logo aps a Segunda Grande Guerra Mundial, o Primeiro Mundo atravessauma fase de grande euforia econmica e social e, de repente, questionadonas razes pelo drama poltico das diversas naes colonizadas do continenteafricano, de que foi exemplo maior a Guerra da Independncia Argelina(1954-1962). As colnias lutam a ferro e fogo contra o poder metropolitano.Buscam a independncia das potncias colonizadoras europeias, conquistadapelos brasileiros ainda no sculo 19.

    Alberto Baraya

    Aparentemente, diz o famoso e chocante provrbio portugus, o cu nada temcom as calas. frica colonial, de um lado, e Brasil moderno, modernista, dooutro. Mas sistema algum est isento de descarrilamento imprevisto naagenda e no calendrio. Em outras palavras, sistemas influentes depensamento no so autoimunes, embora este ou aquele paradigma, este ouaquele sistema tenha sido apetrechado em favor da prpria imunidade. ocaso do sistema literrio proposto por Candido.

    Ao cortar ao meio a histria cultural brasileira pelo conceito disciplinar dearte literria no Ocidente, o historiador injeta no corpus da produo culturalno Brasil, de 1500 ao presente, a vacina que nomeou "manifestaesliterrias". Com isso, imuniza o sistema competentemente estetizado,preservando-o do descarrilamento pela frica colonial. Libera o estudioso dasletras do potencial semntico oferecido pelos quase dois sculos e meio devida em terras brasileiras do vrus colonial lusitano.

    OCEANO

    Informe-se que, em 1959, ano em que se publica "Formao da LiteraturaBrasileira", o moambicano Rui Knopfli estreia na poesia com o livro "O Pasdos Outros". Vivendo na costa leste da frica colonial, banhada pelo Oceanondico, o futuro grande poeta se beneficia, no entanto, do portugus literriomestio, do portugus atlntico descolonizado que os modernistas ManuelBandeira ("Evocao do Recife") e Carlos Drummond ("Considerao doPoema"), entre outros, lhe oferecem em colees de poemas que chegam denavio ptria colonial.

    Pelo vis combativo e cosmopolita, os versos dos j cannicos modernistasbrasileiros desestabilizam a pachorrenta e pouco potica identidade nacionalda colnia moambicana e levam Knopfli, como observa Lus Sousa Rebelo, "aescrever uma poesia sem os exotismos gratos ao gosto do leitormetropolitano". Leia-se o belssimo, sofrido e corajoso poema "Terra deManuel Bandeira".

    Quando me torno bolsista do governo francs em 1961 e parto em viagem deestudos a Paris, o vrus colonial lusitano passa a me afetar no cotidianoeuropeu tomado pelos plsticos explosivos ("plastic") dos argelinos e resolvotrat-lo com afeto (afinal ele parte indireta da minha formao) ecriticamente. Vale dizer, o afeto evita que eu me imunize com a vacina.

    Com o corpo tomado por virose ps-colonial, deliro. Instrudo pelosintelectuais e escritores africanos e pela Frana, apaixono-me pela poesia deAim Csaire. Leio as revistas "Temps Modernes" e "Prsence Africaine".

    Ao final do ano escolar de 1961-62, ocorre um segundo descarrilamento naformao do jovem latino-americano, que me retira s pressas de Paris e meleva a interromper a redao da tese de doutorado sobre Andr Gide.Concorro ao posto de professor na Universidade do Novo Mxico, nos EstadosUnidos da Amrica. Passo de doutorando em literatura francesa moderna naSorbonne a professor das literaturas brasileira e portuguesa em antigoterritrio indgena norte-americano, cujo centro ultramoderno a cidade deAlbuquerque.

    O vrus colonial lusitano inerente minha atividade docente. Na sala de aulae diante dos alunos, ele convive lado a lado com a vacina brasileira injetadapor Candido no corpus da nossa histria cultural. Em 1963, por exemplo,exercito-me a comparar o "Canto 9" de "Os Lusadas" com famoso poema de"Claro Enigma" e ouso falar de tradio no modernismo. Escrevo sobre o"tpos" da "mquina do mundo" em Cames e Drummond. Em poema querecebo pelo correio (hoje na "Poesia Completa"), intitulado "A/Grade/Cimento", o itabirano acusa a leitura do ensaio. Pelo prefixo "a", rejeita tantoa "grade" de leitura quanto o "cimento" que solda Cammond & Drummes,para retomar o ttulo do poema e o verso irnico inicial.

    IMPULSO

    Tendo por impulso as consequncias funestas do duplo descarrilamento, falosobre o perodo que vai de 1962, ano em que chego a Albuquerque, a 1972,ano em que inicio o movimento de regresso ao Brasil universitrio.

    A literatura brasileira luz do ps-colonialismo - 07/09/2014 -... http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2014/09/1511606-a-...

    3 de 7 07/09/14 21:07

  • Inicialmente, o perodo de dez anos se informa pelo abandono gradativo doconceito de literatura (no sentido de "belles lettres") e o desejo de legitimaoda abrangente noo de cultura (posteriormente, ela se tornar maissubstantiva na elaborao da disciplina estudos culturais).

    Ao desconstruir o conceito disciplinar de literatura, devidamente afianadopela periodizao por estilo de poca e adotado pelas faculdades de letras, aatitude indisciplinada e corrosiva do jovem professor apelava para a busca doconhecimento de outra e anterior formao, a dos discursos culturaisidentitrios do Brasil, de que as "belles lettres" seriam apenas a parte sublimee nobre.

    Por outro lado, a abordagem sociolgica da produo discursiva colonizadoracomeava a ratear nas naes africanas e asiticas recm-descolonizadas. Asnarrativas de ntida origem europeia tinham de ser contrabalanadas pelostextos dos falantes nativos, que desconheciam a escrita fontica. A produocultural das naes independentes magnetizada pela oralidade, assim comoser a fala dos subalternos latino-americanos -por exemplo, RigobertaMench, indgena guatemalteca.

    No meu caso, a etnologia -ento sendo desbravada pelo extraordinriotrabalho de Claude Lvi-Strauss em "Tristes Trpicos" (1955)- conduzia abordagem multicultural no exame do vrus colonial e se impunha comoferramenta auxiliar. Graas a ela, entenderia melhor os vrios processos dealteridade articulados pela relao cultural entre metrpole e colnia, ou seja,pela sobreposio etnia indgena dos valores culturais da etnia europeia.

    Sem ser mero silncio, o outro brasileiro no seria -embora estivesse sendodado pela tradio eurocntrica- o mesmo europeu. Duplicata. Por essafrmula simplificada, fui levado a questionar o conceito de identidade e aconjurar, enfatizando-a, a noo de diferena, de que Jacques Derrida ser ogrande terico a partir de 1967.

    O mesmo europeu modelava e instrua o outro brasileiro, na maioria dasvezes de maneira cruel e sanguinria, como atestavam os bons estudos sobreaculturao. Se havia histria dever-se-ia escrev-la a contrapelo da f e doimprio (como poetava Cames), ou seja, do ponto de vista dos vencidos.

    Em minhas anotaes e na sala de aula, abandono gradativamente o objetolivro e me adentro analiticamente pela sua fragmentao em texto, cujaprtica de leitura me fora inculcada por formao francesa. Refiro-me famosa "explication de texte". A explicao de texto serve para retirar o objeto-qualquer texto do perodo colonial brasileiro- da leitura feita pelos notveishistoriadores e eruditos luso-brasileiros.

    Como me valer do bom aprendizado terico e ler textos -sem prejulg-los- queescapam totalmente aos princpios estticos determinados pelos formalistasrussos da qualidade literria? Antes de ser uma disciplina de estudos, aliteratura me fornecia tanto uma metodologia de leitura quanto alicerava osprimeiros passos no que viria a ser definido como teoria ps-colonial eestudos culturais.

    Jogava e, munido das fichas de jogador, fiz uma aposta. Catava metforas notexto da poca colonial e, a partir delas, apreendia o modo como cada umaservia para montar e revelar, na superfcie meramente descritiva do texto, asmanobras eficientes do colonizador, embora enrustidas a olho nu e aindacercadas de mistrio nas primeiras narrativas historiogrficas queiluminavam o Brasil.

    Aparentemente inocente, a metfora carreava carga semntica inexplorada eexplosiva e, por isso, requeria a descodificao por parte do leitor ps-colonialbrasileiro. Este entregava o texto historiogrfico sua visitao literria eetnogrfica, ao mesmo tempo em que abria sua historicidade no maisprofundo da dilatao da f e do imprio pelos marinheiros lusitanos. Oestudo de cada metfora mostrava a organizao de um padro lingusticoambguo que estava na base dos textos identitrios, escritos por estrangeiro e,depois, por brasileiro, que se tornariam cannicos com o correr dos sculos.

    COBAIA

    Minha primeira cobaia foi a "Carta de Pero Vaz de Caminha", que lamos naedio em portugus arcaico e moderno dos Nossos Clssicos, evitando comcuidado a poderosa edio de Jaime Corteso. Intua que, pelo privilgioconcedido a certa(s) metfora(s), o texto da carta abria uma fascinantedescendncia na histria da cultura e da literatura brasileira, cujostataranetos no modernismo brasileiro so "Macunama" (Mrio de Andrade) e"Poesia Pau-Brasil" (Oswald de Andrade).

    A primeira metfora privilegiada, dada, alis, como "principal" pelo prpriotexto, foi "semen" em latim, semente em portugus, e sua descodificao podeser feita a partir do sintagma de origem bblica: "Semen est verbum Dei" (Asemente a palavra de Deus).

    No momento em que o rei de Portugal toma posse da carta como legtimodestinatrio, tambm toma posse da terra e dos seres humanos por eladescritos pela primeira vez. A carta cria para a histria o acontecimento dadescoberta do Brasil por pas europeu. Os cinco sculos de uma sociedade, suaorganizao social, poltica e econmica esto l.

    Paralelamente metfora "semente", levantei outra, que servia paracaracterizar o indgena desconhecido dos portugueses. Ainda na lngua latina,os jesutas diro que ele era "tanquam tabula rasa" (como tbua rasa). J ameu bom auxiliar era o ento desconhecido livro de Mecenas Dourado, "AConverso do Gentio" (1950), encontrado na biblioteca da Universidade doNovo Mxico.

    O simulacro analtico da carta de Caminha associa a metfora da semente metfora da tbua rasa para oferecer ao leitor o relato histrico na suaverdade colonial: a palavra de Deus se imprimiria com toda a facilidade napgina em branco da mente indgena.

    A literatura brasileira luz do ps-colonialismo - 07/09/2014 -... http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2014/09/1511606-a-...

    4 de 7 07/09/14 21:07

  • Tal como recomposto hermeneuticamente pelas metforas de alto podercolonizador, o modo de pensar, de observar e de escrever de Vaz de Caminhapredetermina o encontro imprevisvel entre duas etnias que se desconheciammutuamente. No havia possibilidade de conflito sanguinrio. Os bonsvalores ocidentais seriam naturalmente escritos na mente virgem eacolhedora dos indgenas.

    Ainda no excepcional 1959, Srgio Buarque de Holanda publica o esplndido"Viso do Paraso". Por sua leitura eu acertava (como se acertam ponteiros derelgio) minha proposta: "Como nos primeiros dias da Criao, tudo aqui eradom de Deus, no era obra do arador, do ceifador ou do moleiro".

    De acordo com o simulacro analtico que ento esboo, a descendnciacolonial de Caminha passa -em movimento de repetio e de diferena- pelopadre Antnio Vieira e o "Sermo da Sexagsima" (1655). Inspirada pelaparbola bblica do semeador (Mateus, 13, Marcos, 4) e com apoio nas pernasdas duas metforas que caminham de maneira otimista pela escrita deCaminha, a fala na Capela Real de Lisboa tem do seu contedo tomadopelos descarrilamentos ocorridos durante o primeiro perodo deevangelizao no Brasil.

    Passa tambm pelo romntico Jos de Alencar e "Iracema" (1865), onde ametfora bblica ganha conotao amorosa e serve a traduzir o processoconturbado, embora pacfico, da posse pelo macho portugus da fmeaindgena. O licor de jurema, oferecido a Martim, escancara o escndalo damiscigenao sem estupro. O smen de Martim fertiliza o corpo virgem deIracema e dele nasce o mestio Moacir, cujo nome em tupi-guarani significa"filho do sofrimento".

    Naquele momento, a descendncia colonial da semente ia at opr-modernista Lima Barreto e o romance "Triste Fim de PolicarpoQuaresma" (1915). Se atar a observao de Srgio Buarque, j citada, aJacques Derrida, direi que Lima Barreto era o primeiro a desconstruir ametfora da semente.

    Nada no Brasil, dizia o romance, seria obra de Deus. O discurso literriodesconstrua a primazia do discurso espiritual sobre o material, primaziaestampada nas muitas narrativas que descrevem o processo da colonizaolusitana/jesutica nos trpicos. Refiro-me segunda parte do romance deLima Barreto, onde se frustra o desejo de Policarpo em cultivar a semente(agrcola) em territrio brasileiro. Anos depois, Mrio de Andrade escreveriaem "Macunama": "Pouca sade e muita sava, os males do Brasil so". Jento o texto da carta motivo de pardia.

    Pouco a pouco, o esquema inicial foi-se enriquecendo e redundou num curto etemeroso ensaio, "A Palavra de Deus", que escrevo no final da dcada de 1960e publico no nmero 3 da revista "Barroco" (abril de 1971), dirigida porAffonso vila. Pouco mais tarde, ele foi tambm testado no primeiro cursoque dou na PUC-RJ como professor visitante. Levava o ttulo de "A semente,ou a impossibilidade de se escrever a origem".

    Associada a "semente", a palavra "origem" um tanto pedante, mas julgava-aimportante para trabalhar a distino entre "origem" (valores ocidentais) e"comeo" (valores brasileiros), que tomei de emprstimo a Joaquim Nabuco.Encaminho os dois conceitos, com a ajuda de Derrida, desconstruo daliteratura comparada.

    A fim de ir at origem, eu tinha de abandonar o campo adjetivo em que aliteratura nacional fora inserida e me adentrar por uma literatura comparadatambm ps-colonial. Para tal, tinha de considerar o modo como encarava evinha lendo o vrus colonial lusitano. Precisava constituir as bases de umadisciplina acadmica que recusaria adotar o centramento europeu -suaesplndida e trgica tradio milenar- como forma de organizar e qualificar aproduo literria nas metrpoles colonizadoras e sua disseminao inferior edesafortunada nas colnias.

    Foi naquela poca que tive a ideia de introduzir nos estudos sobre literaturacomparada a noo de "entre-lugar", espao negocivel de leitura dasliteraturas latino-americanas e das que passaram por processos semelhantesde colonizao, cujo principal intuito era dar o troco pela diferena (pelaoriginalidade), valor sempre neutralizado pela literatura comparadatradicional.

    Redijo em 1972 a palestra "O entre-lugar da literatura latino-americana", logotraduzida e publicada em ingls, que hoje se encontra na coletnea "UmaLiteratura nos Trpicos" (Rocco).

    MILNIO

    Abandono a memria e me reinstalo no novo milnio. Termino por uma notaaparentemente melanclica, mas, na verdade, otimista.

    Dou-me conta do esgotamento dos vrios, diferenciados e notveis "discursosde formao" que constituram o paradigma desenvolvimentista como tarefaprioritria no crescimento da jovem nao brasileira.

    A exausto do paradigma no o aliena. Assinala, antes, que ele est a perder acondio de prioritrio. Novas condies materiais definem o novo milniobrasileiro. Elas passam a exigir outro feixe amplo e crtico de discursos afins ecomplementares, que constituiro novo paradigma -o da "insero" do Brasilno conjunto das naes.

    Tendo sido esclarecido (e no resolvido, obviamente) o modo como o sujeitobrasileiro se automodelou como cidado e acomodou nos trpicos aemancipao de uma sociedade jovem e moderna, delega-se hoje ao Estadonacional democrtico papel e funes internacionais. Cosmopolita, a naoest habilitada a tomar assento no plenrio do planeta. Automodelado, osujeito discursivo -confessional, artstico ou cientfico- pode e deve dar-se aoluxo da crtica e da autocrtica em novo paradigma.

    Nota: Verso mais longa deste texto ser apresentada pelo autor na

    A literatura brasileira luz do ps-colonialismo - 07/09/2014 -... http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2014/09/1511606-a-...

    5 de 7 07/09/14 21:07

  • Some Girls (CD)

    The Rolling Stones

    De: R$ 59,90

    Por: R$ 39,90

    ComprarA Tortura do Medo (DVD)

    Michael Powell

    Por: R$ 39,90

    Comprar

    PUBLICIDADE PUBLICIDADE

    Universidade Tres de Febrero, em Buenos Aires, no dia 2/10, em simpsioque o homenageia.

    SILVIANO SANTIAGO, 77, escritor e crtico literrio, autor de "Mil Rosas Roubadas" (Companhia das Letras) e de "OCosmopolitismo do Pobre" (ed. UFMG). Tornou-se na semana passada o primeiro brasileiro agraciado com o PrmioIberoamericano de Letras Jos Donoso.

    ALBERTO BARAYA, 46, artista plstico colombiano, representado no Brasil pela galeria Nara Roesler, participa da coletiva"Beyond the Supersquare", no Bronx Museum of the Arts, em Nova York, em cartaz at 11/1/2015.

    Criador da escala de psicopatia usou choques eltricos em testes

    Leia trecho de 'Cegueira Moral', novo livro de Zygmunt Bauman

    'Adeus, Camaradas!', documentrio sobre ascenso e colapso da URSS, chega ao Brasil

    Historiadora pesquisa a crena de brasileiros no sobrenatural

    Hollywood fez pacto de 'no agresso' com a Alemanha nazista

    comentriosComentar esta reportagem

    Termos e condies

    Anuncie aquiDafiti - AproveiteKit Anel FiveBlu Reby Dourado Por R$ 29,90Dafiti.com.br

    1 Dica p/ Ganhar MsculosAumente sua testosterona todo dia seguindo esta dica estranhawww.ForceEffect.com.br/Noticia/

    Imagens Criativascriatividade em fotografia, mensagens nas imagensbancoeiamgem.com

    UOL Cliques

    FOLHA DE S.PAULOSobre a FolhaExpedienteFale com a FolhaFolha en EspaolFolha in EnglishFolhaleaksFolha ntegraFolha TransparnciaFolha 10E-mail FolhaFale ConoscoOmbudsmanAtendimento ao AssinanteClubeFolhaPubliFolhaBanco de DadosDatafolhaFolhapressTreinamentoTrabalhe na FolhaPublicidadeRegras de acesso ao sitePoltica de Privacidade

    OPINIOEditoriaisBlogsColunistasEx-colunistasTendncias/Debates

    Login

    Assine a Folha

    Atendimento

    Verso Impressa

    POLTICAPoderPoder e PolticaMensalo

    MUNDOMundoBBC BrasilDeutsche WelleFinancial TimesLos HermanosRadio France InternationaleThe GuardianThe New York Times

    ECONOMIAMercadoFolhainvestIndicadoresMPME

    PAINEL DO LEITORPainel do LeitorA Cidade SuaEnvie sua NotciaSemana do LeitorAgenda Folha

    COTIDIANOCotidianoFolha VeroEducaoEscolha a EscolaSimuladosRanking UniversitrioPelo BrasilRibeiro PretoRio de JaneiroRevista sopaulosopaulo hojeLoteriasAeroportosPraiasTrnsitoPas em protesto

    ESPORTEEsporteFolha na CopaPaulista 2014Calendrio esportivoRio 2016Seleo brasileiraTnisTurfeVelocidade

    CINCIACinciaAmbiente

    SADEEquilbrio e Sade

    CULTURAIlustradaGrade de TVMelhor de sopauloModaCartunsComidaBanco de receitasGuiaIlustrssimaSerafina

    TECTecGamesSmartphonesTVsQuadrinhos

    F5F5BichosCelebridadesColunistasEstranho!Eu AmoFactoides#foficesFotosHumanosNascimentosSaiu no NPTelevisoVdeos

    + SEESAcervo FolhaCalendrio 2014Em Cima da HoraEmpreendedor SocialErramosEspeciaisFeeds da FolhaFolha appsFolhinhaFotografiaHorscopoInfogrficosTurismoMinha Histria

    TV FOLHATV Folha

    CLASSIFICADOSEmpregosImveisNegcios e CarreirasVeculos

    REDES SOCIAISFacebookTwitterGoogle +InstagramLinkedInPinterestTumblr

    ACESSO O APLICATIVO PARA TABLETS E SMARTPHONES

    Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. proibida a reproduo do contedo desta pgina em qualquer meio de comunicao,

    207RecomendarRecomendar TweetarTweetar 11 6 Mais opes

    A literatura brasileira luz do ps-colonialismo - 07/09/2014 -... http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2014/09/1511606-a-...

    6 de 7 07/09/14 21:07

  • eletrnico ou impresso, sem autorizao escrita da Folhapress ([email protected]).

    A literatura brasileira luz do ps-colonialismo - 07/09/2014 -... http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2014/09/1511606-a-...

    7 de 7 07/09/14 21:07