A lebre e a onça - Diálogos Assessoria · A lebre e a onça Eliana Gagliardi e Heloisa Amaral Em...
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A lebre e a onça
Eliana Gagliardi e Heloisa Amaral
Em uma floresta distante moravam muitos bichos.
Dona Onça, a mais poderosa entre eles, gostava de
botar medo nos outros animais. Quanto mais medo eles
tinham, mais feliz ela ficava. E eles, realmente, tinham
pavor de virar comida de onça!
Assustados, os animais da floresta faziam de tudo para
escapar da Dona Onça. Uns subiam bem alto nas árvores,
outros se escondiam em pequenas tocas cavadas no chão,
outros faziam de conta que não eram bichos, que eram
folhas secas... Cada um tinha seu jeito esperto de enganar
a inimiga.
Havia uma situação, porém, que deixava todos a-pa-
vo-ra-dos! É que nessa floresta havia apenas uma fonte de
água. Todos tinham que beber dela. E Dona Onça
aproveitava a hora em que iam matar a sede para tentar
caçá-los. Era um corre-corre que só vendo! Era bicho
fugindo pra todo lado!
Acontece que o prato preferido da Dona Onça era
carne de lebre. E, na floresta, havia uma lebre muito ágil e
esperta, chamada Catimba.
Catimba sempre conseguia escapar de sua
perseguidora. Dona Onça, cansada de correr atrás de seu
almoço predileto, fez um plano.
“Quem sabe”, pensou ela, “se eu fingir que estou
morta, pego essa Catimba!” E assim ela fez. Se esticou
toda na beira da água e ficou ali, feito um cadáver de onça.
Catimba veio vindo para tomar água e avistou a
malvada. Então, falou bem alto para todos os animais
ouvirem:
- Minha avó quando morreu, espirrou três vezes.
Espirrar três vezes é o verdadeiro sinal da morte!
Dona Onça, então, para provar que estava morta
mesmo, espirrou três vezes. Catimba e os outros animais
fugiram, rindo da onça, dando muitas gargalhadas.
Vendo que fora enganada, a onça ficou furiosa e, a
partir desse dia, vigiava a fonte dia e noite, andando com
seu passo macio de gato prá lá e pra cá. Qualquer bicho
desavisado servia, mas ela queria mesmo era caçar a
Catimba.
A lebre, sentindo-se vigiada, não se atrevia a beber
água. Passou três dias sem coragem de ir até a fonte. No
terceiro dia, a sede era tanta que ela resolveu arriscar. Ou
morria de sede, ou morria de ataque de onça.
Mas, esperta que era, Catimba arrumou um disfarce.
Havia uma casa de abelhas abandonada ali por perto, e
estava cheia de mel. Catimba se lambuzou de mel, depois
rolou em cima de folhas secas e ficou toda coberta. Não
dava para ver nenhum pelo de lebre por baixo das folhas.
Assim disfarçada, Catimba foi chegando à fonte, pé
ante pé, bem devagarzinho.
Ao ver aquele bicho estranho, Dona Onça bradou:
- Quem és tu, bicho estranho?
A lebre respondeu:
-Sou o bicho folharal.
Reparando que a onça estava desconfiada, Catimba
apressou-se e começou a beber água em grandes goles,
querendo matar a sede rapidamente para fugir. Enquanto
bebia, as folhas que cobriam seu pelo foram aos poucos se
descolando.
Dona Onça, muito raivosa, percebeu que a Catimba
levara vantagem de novo. Bebia água bem debaixo do seu
focinho!
- Que folharal, que nada! Você é a lebre espertalhona!
E, de um salto, pulou sobre a lebre e quase, quase a
agarrou...
A Catimba, porém, foi mais rápida e fugiu pelo meio da
vegetação da floresta perdendo as últimas folhas pelo meio
do caminho.