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PÁGINA 1 de 12 O Fórum da Terceira Mesa – Líderes Caminhando Juntos por Todd Poulter Eu percebo que, em nossos dias, Deus está colocando as peças em seus devidos lugares para liberar o potencial coletivo dos líderes de missões mais jovens e mais velhos por todo o mundo. Tendo em conta os conflitos, as crises e a complexidade que cada vez mais caracterizam o nosso mundo, precisaremos tanto dos líderes jovens quanto dos mais velhos para discernirmos juntos como Deus tem trabalhado e o que Ele está dizendo, e para nos envolvermos juntos em iniciativas sábias e corajosas como resposta. Os líderes mais velhos estão lá. E os líderes mais jovens estão lá. O que falta é ao mesmo tempo simples e complexo: ajudar estes dois grupos de líderes a se encontrarem e se tornarem profundamente conectados. Isto quer dizer criar comunidades interculturais e intergeracionais onde líderes mais jovens e mais velhos se unam como amigos espirituais, sirvam juntos como colegas competentes, e se arrisquem juntos no futuro como direcionadores sábios e corajosos para seus colegas na jornada missionária. introdução a este número Todo este número de A Jornada é voltado a um evento que aconteceu meses atrás… e no qual a maioria de vocês não estava presente. Frequentemente as pessoas resumem um evento dizendo “você tinha que ter ido”, querendo dizer que você não pode realmente entender o que aconteceu se não tiver ido. Apesar de isto às vezes ser verdade, não é muito animador! Porém, desta vez, em lugar de dizer “você tinha que ter ido”, eu gostaria de dizer “você vai estar lá!”, porque este evento representa o nosso futuro, e você vai estar lá! Uma comunidade da Aliança incluindo homens e mulheres multiculturais, multilíngues, e de múltiplas gerações, vindos de diferentes contextos e com diferentes histórias — isto já é uma realidade. E só tende a melhorar. Estamos vendo um novo ambiente de confiança, de relacionamentos aprofundados, de unidade, vulnerabilidade e criatividade. Procure isto em sua esfera de influência. Planeje isto caso não possa vê-lo. Cultive isto onde já percebe os primeiros sinais. Alimente este ambiente e aprecie este presente que Deus nos deu. Participar deste evento superou em muito todos os muitos livros que li ou as oficinas sobre liderança global e culturas das quais participei. Considere por exemplo a experiência de troca de presentes. Um dos presentes foi tempo. Frequentemente há discussões, piadas e tensão entre várias culturas com relação ao uso do tempo. Mas quando o tempo se torna um presente oferecido e as pessoas começam a explorar como “chegar na hora” e “estar atrasado” são expressões de respeito para relacionamentos em diferentes contextos, subitamente passa a existir uma base em comum. E esta base em comum cria espaço para a graça. Conforme lerá nos artigos dos participantes, o exemplo de Jesus somado à oração e à amizade criaram a mistura perfeita para nos dar um vislumbre do que pode vir a ser. É o Reino que vem e está vindo. E você estará lá! — Susan Van Wynen, Editora neste número O Fórum da Terceira Mesa – Líderes Caminhando Juntos 1 Algumas Observações Sobre o Fórum da Terceira Mesa 6 Jesus é o Modelo para os Líderes na Missão de Deus 7 Investindo em Outros 8 Reflexões sobre o Fórum da Terceira Mesa 9 Liderança em um Contexto Global 10 Amizade. De Verdade? 11 Clique no título para ir ao artigo O local de realização do Fórum da Terceira Mesa foi Istanbul— devido à sua localização real e simbólica, onde o oriente encontra o ocidente no Estreito de Bósforo (acima). A Jornada Uma Publicação da Aliança Global Wycliffe OUTUBRO DE 2015 A Jornada é produzida para ajudar a promover a comunidade da Aliança Global Wycliffe conforme ela participa dos movimentos de tradução da Bíblia e da missão de Deus. CONTINUA NA PRÓXIMA PÁGINA

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O Fórum da Terceira Mesa – Líderes Caminhando Juntos por Todd Poulter

Eu percebo que, em nossos dias, Deus está colocando as peças em seus devidos lugares para liberar o potencial coletivo dos líderes de missões mais jovens e mais velhos por todo o mundo. Tendo em conta os conflitos, as crises e a complexidade que cada vez mais caracterizam o nosso mundo, precisaremos tanto dos líderes jovens quanto dos mais velhos para discernirmos juntos como Deus tem trabalhado e o que Ele está dizendo, e para nos envolvermos juntos em iniciativas sábias e corajosas como resposta.

Os líderes mais velhos estão lá. E os líderes mais jovens estão lá. O que falta é ao mesmo tempo simples e complexo: ajudar estes dois grupos de líderes a se encontrarem e se tornarem profundamente conectados. Isto quer dizer criar comunidades interculturais e intergeracionais onde líderes mais jovens e mais velhos se unam como amigos espirituais, sirvam juntos como colegas competentes, e se arrisquem juntos no futuro como direcionadores sábios e corajosos para seus colegas na jornada missionária.

introdução a este númeroTodo este número de A Jornada é voltado a um evento que aconteceu meses atrás… e no qual a maioria de vocês não estava presente. Frequentemente as pessoas resumem um evento dizendo “você tinha que ter ido”, querendo dizer que você não pode realmente entender o que aconteceu se não tiver ido. Apesar de isto às vezes ser verdade, não é muito animador! Porém, desta vez, em lugar de dizer “você tinha que ter ido”, eu gostaria de dizer “você vai estar lá!”, porque este evento representa o nosso futuro, e você vai estar lá!

Uma comunidade da Aliança incluindo homens e mulheres multiculturais, multilíngues, e de múltiplas gerações, vindos de diferentes contextos e com diferentes histórias — isto já é uma realidade. E só tende a melhorar.

Estamos vendo um novo ambiente de confiança, de relacionamentos aprofundados, de unidade, vulnerabilidade e criatividade. Procure isto em sua esfera de influência. Planeje isto caso não possa vê-lo. Cultive isto onde já percebe os primeiros sinais. Alimente este ambiente e aprecie este presente que Deus nos deu.

Participar deste evento superou em muito todos os muitos livros que li ou as oficinas sobre liderança global e culturas das quais participei. Considere por exemplo a experiência de troca de presentes. Um dos presentes foi tempo. Frequentemente há discussões, piadas e tensão entre várias culturas com relação ao uso do tempo. Mas quando o tempo se torna um presente oferecido e as pessoas começam a explorar como “chegar na hora” e “estar atrasado” são expressões de respeito para relacionamentos em diferentes contextos, subitamente passa a existir uma base em comum. E esta base em comum cria espaço para a graça.

Conforme lerá nos artigos dos participantes, o exemplo de Jesus somado à oração e à amizade criaram a mistura perfeita para nos dar um vislumbre do que pode vir a ser. É o Reino que vem e está vindo. E você estará lá!

— Susan Van Wynen, Editora

neste númeroO Fórum da Terceira Mesa – Líderes Caminhando Juntos 1

Algumas Observações Sobre o Fórum da Terceira Mesa 6

Jesus é o Modelo para os Líderes na Missão de Deus 7

Investindo em Outros 8

Reflexões sobre o Fórum da Terceira Mesa 9

Liderança em um Contexto Global 10

Amizade. De Verdade? 11

Clique no título para ir ao artigo

O local de realização do Fórum da Terceira Mesa foi Istanbul— devido à sua localização real e simbólica, onde o oriente encontra o ocidente no Estreito de Bósforo (acima).

A Jornada Uma Publicação da Aliança Global WycliffeOUTUBRO DE 2015

A Jornada é produzida para ajudar a promover a

comunidade da Aliança Global Wycliffe conforme ela participa dos movimentos de tradução da

Bíblia e da missão de Deus.

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Então por onde começamos a nos unir a Deus no que Ele está fazendo? Em nível global, a Aliança promoveu duas consultas com o tema “Líderes Caminhando Juntos”.A primeira delas aconteceu no Centro de Conferências Cristão Internacional (Christian International Conference Center), operado pela organização Tradução da Bíblia e Alfabetização (Bible Translation and Literacy), no Quênia, entre 14 e 18 de outubro de 2013, e a segunda foi realizada perto de Istanbul, na Turquia, entre 27 de abril e 1º de maio de 2015. Enfocaremos aqui o último encontro, “O Fórum da Terceira Mesa: Líderes Caminhando Juntos” (“The Third Table Forum: Leaders Journeying Together”).

Vinte e cindo líderes mais jovens e mais velhos se reuniram vindos de toda a Aliança, homens e mulheres de cada uma das quatro Áreas da Aliança. Os Diretores de Área desempenharam papel central na seleção de participantes para que se obtivesse o equilíbrio desejado entre homens/mulheres, mais velhos/mais jovens, e norte/sul globais. Os líderes vieram da Austrália, Benin, Brasil, Colômbia, Inglaterra, Etiópia, Alemanha, Jamaica, Quênia, Noruega, Papua Nova Guiné, Filipinas, África do Sul, Singapura, Eslováquia, Trinidad & Tobago, e dos Estados Unidos. O líder mais jovem tinha 23 anos, e o mais velho era eu (tive o privilégio de celebrar meu 63º aniversário naquela semana). Um membro da Junta Diretiva da Aliança, Decio de Carvalho, Diretor Executivo do COMIBAM, e Peter Tarantal, Diretor Associado da Operação Mobilização, também participaram. Kirk Franklin, Susan Van Wynen, minha esposa Karla e eu representamos a Equipe de Liderança Global da Aliança.

A equipe de facilitadores foi selecionada dentre os próprios participantes: 1 da Ásia, 2 da América Latina, 1 da África, 2 da Europa, e eu (que sou dos Estados Unidos).

Por que nos reunimos em Istanbul? Escolhemos a cidade por conta de sua localização real e também simbólica, onde o oriente encontra o ocidente no Estreito de Bósforo, em harmonia com o tema de nossa Terceira Mesa (ver a barra lateral, página 3). Para nos ajudar a entender a significância deste simbolismo, um perito local explicou a história da região antes de fazermos um passeio de barco noturno pelo Bósforo.

Qual foi o nosso objetivo em reunir estes vinte e cinco líderes? Nós queríamos criar um ambiente de comunidade seguro, mas ainda assim desafiador. Um lugar onde os participantes pudessem interagir uns com os outros transversalmente, indo além de gerações e culturas – interagindo com relação a questões relevantes para seu desenvolvimento como líderes da Aliança.

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“…precisaremos tanto dos líderes jovens quanto dos mais velhos para discernirmos juntos como Deus tem trabalhado e o que Ele está dizendo…”

Preparo Prévio

A criação desta comunidade na verdade começou quatro meses antes do evento. Nós nos dividimos em quatro grupos chamados de “Observando Jesus”, e designamos um evangelho para cada um dos grupos. A partir de dezembro de 2014 os membros dos grupos leram todo o evangelho que lhes foi designado, enfocando um tema específico para aquele mês. O processo foi repetido em janeiro, fevereiro e março, usando um tema diferente a cada mês sucessivo. Quando nos reunimos em abril, já estávamos “observando Jesus” juntos e compartilhando nossas ideias.

Durante o evento identificamos vários elementos necessários para construir uma comunidade, incluindo:

› intencionalidade › amizade › diversidade

Um objetivo chave de reunir vinte e cinco líderes foi permitir a interação de uns com os outros, entre gerações e culturas — sobre questões relevantes para seu desenvolvimento como líderes na Aliança. Acima, Simon Wan faz uma apresentação em uma das sessões.

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› vulnerabildade › prática reflexiva › aprendizagem compartilhada, e › participação, e então inserimos estes temas nas

várias sessões.

Nós respondemos à pergunta “Como Deus nos moldou como líderes?” contando as histórias de pessoas e experiências significativas em nosso desenvolvimento, muitas das quais foram bastante tocantes. Por toda a semana cada indivíduo ou casal teve a oportunidade de compartilhar o que sentiram que Deus estava lhes falando sobre ser um líder e liderar a Sua missão, e então o grupo orou por eles. Esses breves momentos vieram a figurar entre as coisas mais significantes de toda a semana.

Destaques das Sessões

Kirk Franklin nos direcionou a refletir sobre a Jornada, a Comunidade, a Amizade e as Comunidades de Liderança da Aliança em contextos Globais-Locais. Para alguns líderes, esta foi sua primeira exposição a tais temas. Para outros pode ter sido sua segunda ou terceira vez lidando com estes tópicos, mas cada exposição aprofundou sua compreensão e apreciação destas questões.

Dávid Cardenas e Angelika Marsch fizeram um trabalho maravilhosamente criativo para envolver os participantes nas reflexões bíblicas, tendo como base os quatro temas mensais do período “Observando Jesus”:

1. Quem é Ele? A pessoa e o caráter de Jesus.

2. O que é importante para Ele? O propósito e as prioridades de Jesus.

3. Como Ele lidera? Como Ele exerce poder e autoridade?

4. Como Ele desenvolve e capacita líderes?

No primeiro dia os grupos escreveram canções e salmos; no outro dia fizeram peças de teatro curtas. O ponto alto da semana foi um cômico programa de TV com Dávid e Angelika como apresentadores. Cada grupo identificou um personagem bíblico que havia sido impactado pessoalmente por Jesus, o qual então era convidado a participar de um debate no “programa de TV”. Não ficou claro o quanto de conhecimento bíblico novo foi gerado pelos debates, mas todos se divertiram muito.

Peter Tarantal compartilhou sobre a história da Operação Mobilização, e como seu próprio desenvolvimento como líder foi moldado por suas experiências. Ele também descreveu o que a OM está buscando realizar para se tornar um movimento cujos sistemas e valores apoiem

O que é a Terceira Mesa?Imagine as crenças, valores e práticas característicos do norte e do oeste globais como os elementos básicos de uma Primeira Mesa, e aqueles do sul e do leste globais como os elementos básicos de uma Segunda Mesa. A necessidade de uma “Terceira Mesa”1 surge do desejo da parte daqueles que são membros da Primeira e da Segunda Mesas de se relacionarem uns com os outros com maior proximidade e profundidade. O objetivo é criar uma nova mesa (ou pense nisto como um ambiente de encontro—seja físico ou virtual), cuja cultura, crenças, valores e práticas são informados pela Palavra de Deus, e foram negociados ou aceitos de comum acordo por aqueles da Primeira e da Segunda Mesas.

Uma mesa assim não é nem a mesa do sul e do leste globais nem do norte e do oeste globais, mas é verdadeiramente uma Terceira Mesa na qual todos estão em um relativo pé de igualdade—apesar de haver um pouco de incerteza. A participação em uma terceira mesa deste tipo requer que cada pessoa se apegue frouxamente àquilo que lhe parece “certo”. Aqueles que vêm para a mesa precisam se sentir seguros o suficiente para participar, desconfortáveis o suficiente para se abrirem demais, e desorientados o suficiente para se sentirem incertos se as coisas terminarão ou não da forma como desejam.

A criação destas terceiras mesas tem implicações que vão além das relações norte/sul globais, por exemplo os relacionamentos entre líderes de missões sênior e líderes de missões mais jovens. As diferenças em status e em função entre estes líderes (relacionadas com seus respectivos níveis de autoridade e poder) frequentemente têm dificultado ou impossibilitado

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Karla e Todd Poulter celebram o aniversário de Todd no evento. O compartilhamento das celebrações e da comida — neste caso, um bolo de aniversário — não são meras ações a serem encaixadas nos minutos antes de um intervalo. São realmente parte da reunião como “terceira mesa”. Na verdade, são presentes.

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líderes de todos os lugares do mundo servindo em suas equipes de liderança regionais e globais. “Precisamos treinar as pessoas para que possam se sentar na mesma mesa [com aqueles mais proficientes em nossas culturas organizacionais] e se sentir confortáveis”.

Criando uma Terceira Mesa

A sessão de Peter preparou o terreno para a sessão seguinte, onde nos dispusemos a criar coletivamente uma Terceira Mesa, construída sobre a base de juntar o melhor daquilo com que o norte e o oeste globais, o sul e o leste globais têm para contribuir. Este momento foi muito especial e significativo para nós, ao ponto de um indivíduo se referir a ele como um momento profético. O que realmente aconteceu?

Nós nos dividimos em dois grupos: aqueles do sul e do leste globais, e aqueles do norte e do oeste globais. Nossa primeira tarefa foi identificar atitudes e comportamentos característicos de nossas regiões com relação a coisas como liderança e tomada de decisões, amizade e comunidade, uso do tempo, uso do dinheiro, confiança e prestação de contas, etc. Então agrupamos estas características em conjuntos de itens semelhantes.

A próxima tarefa, mais desafiadora, foi nos perguntarmos: “Quais destes conjuntos de características gostaríamos de oferecer como presentes para os outros na Aliança para nos fazer uma comunidade forte e saudável?”. Quaisquer itens que não cumprissem este critério deveriam ser deixados de lado.

Uma Troca de Presentes

Então cada grupo escreveu as descrições de seus “presentes” em pedaços separados de cartolina impressos para parecerem caixas de presente. E aí veio a parte interessante – a troca de presentes. Cada grupo leu um dos seus presentes e o ofereceu ao outro grupo. O grupo que recebeu o presente então discutiu entre si: “Estamos prontos para aceitar este presente? Queremos mais esclarecimentos? Ou queremos devolve-lo e pedir que o outro grupo o mude e depois o ofereça de novo?”. Este processo resultou em muito debate. Os grupos usaram todas estas três opções, dependendo do presente.

Alguns presentes foram devolvidos, modificados, e então aceitos da segunda vez. Cada vez que um presente era aceito, ele era postado em um quadro na parede intitulado “Terceira Mesa”. Quando o tempo acabou, o grupo votou unanimemente a favor de estender a duração até a hora do jantar para que pudéssemos terminar o exercício.

Dois exemplos da troca de presentes:

5. A Segunda Mesa ofereceu à Primeira Mesa o presente de uma comunidade amigável e aberta à aproximação, permitindo input colaborativo, e valorizando os direitos inclusivos e não os exclusivos. A Segunda Mesa ficou positivamente espantada quando a Primeira Mesa aceitou o presente de bom grado, reconhecendo sua necessidade de direcionamento para alcançar comunidade em um contexto global.

6. A Primeira Mesa presenteou a Segunda Mesa com o presente de lidar com conflitos com amor, respeito, e fazê-lo de modo imediato, querendo dizer sem evitar ou ignorar os conflitos, e dando espaço para múltiplas maneiras de lidar com eles. A Segunda Mesa aceitou o presente graciosamente.

“…o futuro não será construído com base em líderes individuais, mas em relacionamentos desenvolvidos entre líderes mais jovens e mais velhos”.

que sentem na mesma mesa juntos como colegas de confiança, assim como acontece com aqueles do norte e do sul do globo. Uma terceira mesa abre possibilidades para diálogo e ação conjunta.

No capítulo dois de sua carta aos Efésios, Paulo descreve a iniciativa de Deus de criar uma terceira mesa assim para os gentios e os judeus, unindo-os no Seu corpo. “O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz” (Efésios 2:15). Esta imagem do que Jesus fez em Seu corpo é uma das garantias de Deus de que Ele está comprometido a remover as barreiras de hostilidade e medo, as quais abrirão caminho para que muitas “mesas” assim sejam criadas.

Algumas características da Terceira Mesa:

1. Ela na verdade é uma terceira cultura na qual ninguém se sente em casa.2

2. Ela é diferente da mesa dos historicamente mais poderosos. A mesa mais poderosa é frequentemente o domínio dos líderes homens e mais velhos do norte e do oeste globais, que frequentemente têm convidado líderes mais jovens do sul e do leste globais para se unirem à sua mesa para lhes dar direcionamento, ou recursos, ou “empoderá-los”.

3. É diferente da mesa dos historicamente menos poderosos. A mesa menos poderosa é frequentemente o domínio de líderes mulheres, mais jovens ou do sul e do leste globais, que têm frequentemente convidado líderes mais velhos ou do norte e oeste globais para se unirem à sua mesa na esperança de conseguir sua atenção, ou de atrair sua ajuda ou recursos.

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4. Não é para covardes. Ela requer um compromisso para criar e participar de uma cultura verdadeiramente compartilhada.3 E requer intencionalidade e perseverança que não são necessárias para nós em nossas culturas de origem.

5. É planejada para ser mutuamente acolhedora sob uma perspectiva de compartilhamento de poder. Todos os participantes têm oportunidades iguais de participar e influenciar o processo e seus resultados: mais jovens/mais velhos, sul e leste globais/norte e oeste globais, e líderes mulheres/homens e as comunidades missionárias que representam.

6. Irá nos mudar na medida em que estivermos dispostos a entrar nela como aprendizes. Não podemos simultaneamente nos apegar às crenças, valores e práticas de nossa Mesa de origem e entrar naqueles de uma Terceira Mesa. O que se exige daqueles que se envolvem na cultura de uma Terceira Mesa é análogo ao que o líder ministerial sul-africano Jacques van Bommel observou sobre as exigências do trabalho em parceria: “Demora mais, custa mais, e resulta em algo diferente do que você esperava. E você é mudado no processo”.

A interação neste território desconhecido e desconfortável tem o potencial de provocar diálogos, aprendizado e relacionamentos mais profundos do que acontece frequentemente quando um único grupo age como anfitrião e controla o processo e os resultados. E há potencial para significativo crescimento individual e coletivo em fé, e para a mudança de perspectivas e de prática.

1. A terminologia “terceira mesa” vem originalmente de Peter Tarantal, ex-diretor da Operação Mobilização (OM) para o sul e leste da África, e agora Diretor Internacional Associado da OM.2. Uma analogia pode ser feita entre tais Terceiras Mesas e o que são chamadas de “crianças de terceira cultura”. Para estas crianças, sua primeira cultura é a cultura de origem dos seus pais, sua segunda cultura é aquela cultura diferente onde sua família reside, e sua terceira cultura é uma mistura dessas duas culturas, que é única para cada criança. 3. Esta Terceira Mesa não pode simplesmente ser uma versão modificada da Primeira Mesa ou da Segunda Mesa para a qual aqueles da outra mesa são convidados. Por exemplo, o enfoque não é dizer: “nosso planejamento ocidental precisa ser informado pelas perspectivas do sul global”, mas sim perguntar: “Como seria para nós se visualizássemos o futuro juntos e descobríssemos juntos como vamos caminhar rumo a este futuro?”.

Apesar de havermos terminado com uma lista de presentes na parede, o que me pareceu ainda mais importante do que o “produto final” foi a interação e a aprendizagem que aconteceram –primeiro em mesas separadas, e depois juntas, enquanto as duas mesas procuravam criar algo novo a partir do melhor que elas tinham respectivamente a oferecer. Todos ganharam prática sobre quando se expressar ou se calar sobre sua perspectiva para o bem do grupo. Ficou óbvio o quanto cada mesa se sentiu valorizada quando a outra mesa aceitou os seus presentes, com ou sem perguntas! Ambas as mesas apreciaram a confirmação de que tinham coisas a oferecer para a Terceira Mesa. E ambas apreciaram ser ouvidas cuidadosamente e respeitadas pelos seus colegas. Como disse um participante emocionado no fechamento da sessão, “Esta é a primeira vez que estive em um encontro com americanos onde pudemos negociar. Eles normalmente só nos dizem – ‘É assim que vai ser’”.

Construindo Mais Comunidades de Terceira Mesa, e Potenciais Discussões Futuras

Um dos nossos objetivos para este encontro foi moldar e praticar a qualidade de comunidade que desejamos ver reproduzida por toda a Aliança – entre líderes mais velhos e mais jovens, bem como entre organizações, e em níveis nacional e regional. Nossa esperança é que cada um de nós que participamos deste evento possa dar seguimento a este processo em duas áreas.Primeiramente, compartilhando o que aprendemos com nossos colegas de trabalho e parceiros em nossos contextos de origem. E, segundo, continuando a considerar quais presentes cada um de nós pode trazer – como gerações mais jovens e mais velhas de homens e mulheres do norte, do sul, do leste e do oeste do globo – para construir comunidades de Terceira Mesa vibrantes na Aliança, cujos membros possam servir juntos e se arriscar corajosamente no futuro.

Estou animado para explorar áreas adicionais juntamente com grupos interculturais e intergeracionais similares. Por exemplo:

› Como Deus pretende que o poder e a autoridade sejam exercidos em Sua missão?

› Onde estão as brechas mais significantes entre valores culturais e valores bíblicos na maneira como realmente praticamos a liderança em nossos vários contextos?

› O que podemos fazer para fortalecer as relações intergeracionais entre líderes mais jovens e mais velhos, bem como as relações inter-regionais?

Discussões como estas irão requerer a participação ativa de líderes mais jovens e mais velhos. Os líderes mais jovens são especialmente aptos para identificar “questões indiscutíveis” e áreas onde as coisas não estão funcionando como deveriam — onde ninguém está disposto a discuti-las. E os líderes mais velhos têm a autoridade de criar espaço para se falar sobre tais questões quando elas são levantadas. Creio fortemente que o futuro não será construído com base em líderes individuais, mas em relacionamentos desenvolvidos entre líderes mais jovens e mais velhos.

Isto é um território desafiador para todos nós na Aliança, o que nos traz à mente um de meus provérbios africanos favoritos: Criamos nosso caminho ao andar por ele.

Todd Poulter serve como Consultor Global para

Desenvolvimento de Liderança da Aliança.

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Algumas Observações Sobre o Fórum da Terceira Mesa por Shanna Elliot-Mohammed

Para compreender realmente a minha experiência no Fórum da Terceira Mesa, é necessário ter algumas informações contextuais. Nasci e cresci em Trinidad & Tobago, e tive o privilégio de ser parte de uma sociedade multicultural ou cosmopolita. Viajei para a América do Sul e do Norte em várias iniciativas relacionadas a missões, e isto me deu um vislumbre de outras culturas. Sendo de descendência mista, posso escolher enxergar a vida como “não pertencente a nenhuma” cultura ou “sendo parte de todas”… Eu escolho a segunda opção. Além disso, como uma criança da década de 1980, parece-me tão incrível estar viva junto com o crescimento da comunicação via internet, e estar conectada com uma comunidade inerentemente global.

O Fórum da Terceira Mesa pareceu uma simulação ao vivo do que está acontecendo por todo o mundo, mas com um aspecto especial extra – uma crença comum em Jesus e o desejo de torná-lo conhecido. Esta crença básica por si só criou uma atmosfera de unidade, comunidade e amizade, que vieram na verdade a ser temas de várias sessões. Nós recebemos informações sobre a história da Wycliffe Bible Translators – agora a Aliança – e ouvimos que a Wycliffe surgiu originalmente da amizade entre seu fundador, William “Tio Cam” Townsend e Francisco Díaz, um homem cakchiquel que ele conheceu na Guatemala.

Debatemos a compreensão da necessidade de unidade e comunidade, e o fato de o Deus Trino ser um exemplo de comunidade/unidade para nós. Fomos lembrados que a essência da comunidade reverbera na seguinte declaração: “O amor é altruísta”.

Mais de vinte líderes de muitas nacionalidades diferentes se reuniram — o que criou uma mistura de culturas,

idades e gêneros. Foi fascinante ver uma variedade tão grande de pessoas. Realmente me senti como parte do Corpo de Cristo. O que mais chamou a atenção foi que nossas similaridades e diferenças, forças e fraquezas, lutas e conquistas todas transcendem os aspectos culturais, de idade e de gênero, e nos definem e às vezes até nos separam.

Não sei ao certo quanto tempo foi gasto no planejamento deste fórum; parece ter sido muito, considerando o nível de organização e a atenção aos detalhes. Por exemplo: como participantes, fomos designados a um dentre quatro grupos. Cada grupo foi designado para estudar um dos evangelhos. Então, quatro meses antes do evento solicitou-se que lêssemos aquele evangelho completo uma vez por mês, observando diferentes qualidades de Jesus a cada vez. Estudar o estilo de liderança de Jesus provou ser um método infalível de aprendizagem. Manuais são maravilhosos, mas realmente mergulhar na Palavra de Deus e entender que Ele é o exemplo para nós como líderes deixou pouco ou nenhum espaço para divergências. Ainda assim, o que pode ter sido o elemento mais poderoso deste evento é a oração. Cada um de nós tinha uma equipe de pessoas orando por nós em nossos locais de origem, e oramos consistentemente e especificamente durante todo o nosso tempo juntos!

Algumas coisas específicas que aprendi ou das quais fui lembrada:

› A “grande divisão” (primeira mesa, segunda mesa) é bem mais presente do que eu havia percebido, mas há força em nossas diferenças, especialmente quando trabalhamos juntos e apreciamos uns aos outros. Minha perspectiva tem sido que, enquanto algumas características nos definem, elas não devem nos

limitar. Através da avaliação identificamos e então desenvolvemos nossos pontos fortes e reconhecemos nossos pontos fracos.

› Língua e percepção são essenciais para a comunicação. Vocês podem falar a mesma língua, mas a interpretação (às vezes baseada na percepção) pode variar. É muito importante ser claro no que está tentando comunicar e dedicar tempo para entender completamente o que outra pessoa pode estar tentando comunicar a você.

› Fé requer ação!

› A Igreja é o corpo de Cristo, composto de várias partes – com diferentes funções, mas todas com um propósito! Nós precisamos “ser” a igreja e não só “fazer” a igreja.

Quase todos com os quais tenho contato regularmente estão conscientes do desejo da Aliança de realizar uma mudança adotando o “Pensar da Terceira Mesa”. Eu compartilho isto tanto quanto possível nos níveis oficial,

social e relacional. Espero sinceramente que este movimento possa crescer!

Shanna Elliot-Mohammed, Operações – Wycliffe

do Caribe, Equipe de Trinidad & Tobago

A arte de ouvir. Acima, Shanna Elliot-Mohammed recebe a atenção de seus colegas em uma das sessões.

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Jesus é o Modelo para os Líderes na Missão de Deuspor David Cárdenas

Será que Jesus é um modelo de liderança a ser seguido pelos líderes da Aliança Global Wycliffe? Quais são os valores e práticas que os líderes da missão devem considerar?

Na América Latina, a medida do sucesso de um líder cristão normalmente se baseia no número de resultados no ministério, no número de seguidores, na qualidade de seu carisma e no seu grau de posição e poder. Infelizmente, estas medidas se infiltraram no trabalho em missões. Os líderes de hoje lutam contra estas tendências enquanto buscam mostrar liderança sem perder de vista seu verdadeiro caráter, e precisam se sobressair para que a missão de Deus avance.

O que é necessário para que as pessoas se importem com os líderes e os ajudem a sobreviver? Isto é um desafio hoje e já o era no tempo de Jesus, quando os líderes lutavam contra as mesmas tendências nocivas. É por isso que o exemplo e a mensagem de Jesus como modelo para os líderes cristãos são tão relevantes hoje quanto em qualquer ponto da história.

Com esta preocupação, antes e durante o Fórum da Terceira Mesa promovido pela Aliança eu e os outros participantes investimos tempo para nos aproximarmos dos quatro evangelhos e dialogar sobre “Jesus como um líder na missão de Deus”. Consideraram-se questões como as seguintes:

› Como entendemos a pessoa e o caráter de Jesus como líder na missão de Deus?

› Como os propósitos e as prioridades de Jesus eram revelados?

› Como Jesus exercia seu poder e autoridade? › Como Jesus desenvolvia líderes para a missão de Deus?

Durante o evento tive o privilégio de trabalhar com Angelika Marsch na condução e facilitação de reflexões sobre estas questões, e fizemos isto usando bastante criatividade e apelando para músicas, teatros, um “programa de TV”, e grupos de reflexão.

O que descobrimos ou redescobrimos? Jesus vivia a missão de Deus em comunidade. Sua autoridade e poder eram manifestados em Sua intervenção no mundo natural e sobrenatural. Jesus refletia um caráter equilibrado — vivia entre o ser e o fazer. Ele evitava a tentação do ativismo em meio da constante demanda daqueles ao Seu redor. Jesus manifestava, através da Sua mensagem e de Suas ações, a construção de pontes de reconciliação e de restauração entre o homem e Deus. Jesus também sabia como lidar com a tentação da fama.

Jesus compartilhava o Seu poder e a Sua autoridade com os discípulos e com outros para liderar no Seu Reino. Ele demonstrava uma vida de humildade, dependência financeira do Pai, uma vida de oração, um coração de servo, uma vida de fé, amor e misericórdia pelos marginalizados da sociedade. Ele confrontava os sistemas injustos. Jesus mostrou alegria na missão de Deus apesar da perseguição e da morte.

Jesus investia a maior parte do Seu tempo naqueles que não tinham um lugar no sistema religioso e social daquela época. Em Seus propósitos e prioridades, Jesus estabelecia laços com os pobres e marginalizados, abalando os pilares dos sistemas religiosos. Sua prática missionária incomodava profundamente os homens

poderosos. Ele levava as pessoas a se definirem com os valores fundamentais da vida humana: justiça, fraternidade, verdade, amor, misericórdia, generosidade e honestidade.

Quando Ele usava Seu poder e Sua autoridade, não era para aumentar Seu próprio status — mas sim para servir, ajudar, curar, libertar, alimentar, ressuscitar mortos, ensinar, confrontar, restaurar a dignidade, perdoar e reconciliar. Como resultado, as pessoas sabiam que Jesus era o Filho de Deus.

Jesus sabia que tinha que desenvolver relacionamentos antes de qualquer coisa acontecer. Ele encontrava as pessoas em locais como casamentos, festas, pescarias, reuniões de negócios e festividades comunitárias. Elas podiam ver Seu poder e ouvir Seus ensinamentos. Quando o relacionamento passava a existir, Jesus caminhava com as pessoas e lhes pedia para “virem após mim”. Jesus demonstrava como a liderança deveria ser. Seus comportamentos, atitudes e relacionamentos eram observados por Seus seguidores enquanto o seguiam. Mai tarde estes seguidores se tornaram líderes de outros, e foram líderes que emulavam as virtudes, ensinamentos, comportamento e estilo de vida de Cristo.

Após encontrar Jesus e ter a experiência de olhar para a Sua liderança e discutir este modelo com os outros participantes do Fórum da Terceira Mesa, hoje me considero uma pessoa mais informada, desafiada a continuar fazendo de Jesus o meu modelo de liderança na missão de Deus — não só com relação à Aliança, mas em todas as áreas da minha vida.

Jesus já é o seu líder na missão? Ele é o líder mais maravilhoso que já conheci.

David Cárdenas, da Colômbia, serve no COMIBAM

Internacional, e atua como Facilitador de

Parcerias para a Área das Américas da Aliança

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Investindo em Outrospor Carole Avande Houndjo

Sou grata ao Senhor, e ao Diretor da Aliança na Área da África, Mundara Muturi, por investirem em mim e me darem a oportunidade de me envolver no Fórum da Terceira Mesa. Eu gostaria de compartilhar brevemente sobre as seguintes áreas do evento que foram os pontos altos para mim:

1. Reflexão Bíblica

Vários meses antes do Fórum da Terceira Mesa todos nós começamos a refletir sobre um dos evangelhos. Eu estava no grupo que analisou o evangelho de Lucas. Este estudo de Lucas me ajudou a descobrir o estilo de liderança do Senhor Jesus, que é caracterizado por humildade, serviço, amor e bondade. Jesus também desafiou expectativas culturais e religiosas.

Como líder, resolvi imitar o estilo de liderança de Jesus mostrando amor, bondade e flexibilidade em meu trabalho diário. Minha oração também é para que eu continue a servir na Sua missão com humildade e excelência.

Ter uma hora a cada dia reservada para nosso tempo de reflexão fez uma verdadeira diferença ou teve um/causou um grande impacto.

2. A Jornada da Aliança

Este tópico, apresentado pelo Diretor Executivo da Aliança, Kirk Franklin, foi útil porque me ajudou a entender profundamente a transformação que a Aliança e as suas várias organizações passaram. A participação integral de Kirk neste evento foi muito animadora para

mim, pois descobri como ele é humilde. Sua humildade e sua mente aberta me desafiaram em meu desejo de ser moldada pelo Senhor para ser Sua serva fiel.

3. Períodos de Oração

Foi a primeira vez que experimentei momentos de oração tão maravilhosos em um encontro, onde pudemos orar por cada participante após o compartilhamento de suas alegrias e desafios na missão de Deus. Nós realmente sentimos a presença de Deus, e foi um privilégio ouvir a maneira como Ele tem direcionado os seus servos em outros lugares do mundo.

4. Amizade

Este evento juntou pessoas de diferentes continentes e gerações. Foi uma grande oportunidade para

compartilhar com pessoas da minha geração e de outras gerações. Eu aprendi muito sobre cada pessoa, e nossas discussões me deram inspiração e ideias que já comecei a implementar em meu local de origem, o Benin.

Eu gostaria de destacar o fato de que este foi o primeiro encontro do qual participei em um contexto cristão com um equilíbrio entre gêneros.

Agora que estou de volta ao trabalho em minha função, meu compromisso é continuar a reforçar o ambiente de amizade na Wycliffe do Benin, e a investir em outros para ajudá-los a se tornarem líderes mais semelhantes a Cristo.

Carole Avande Houndjo serve como Gerente de

Programas de Tradução da Bíblia junto à Wycliffe

do Benin

O desafio e a alegria: criar comunidades interculturais e intergeracionais onde líderes mais jovens e mais velhos se unam como amigos espirituais, sirvam juntos como colegas competentes, e se arrisquem juntos no futuro como direcionadores sábios e corajosos para seus colegas na jornada missionária.

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Reflexões sobre o Fórum da Terceira Mesa por Ann Kuy

A amizade é uma prática fácil em um playground. Ninguém precisa ensinar aos pequeninos como fazer amigos. O jardim de infância foi muito divertido com meus amigos! Mas eu notei que quanto mais velha ficava, mais eu perdia o que agora é visto como uma “habilidade” para a vida.

A amizade se tornou um conceito, uma ideia, uma ficção fruto de minha imaginação conforme terminei meus estudos, fui trabalhar, construí uma família e aí por diante. Era uma palavra cujo significado eu não precisava pesquisar. Parecia tão fácil que seu significado real acabou se perdendo. Na verdade, se tornou somente uma palavra —especialmente nesta era de mídias sociais.

“Você vai ser meu amigo?”, foi a pergunta convidativa feita pelo Rev. Samuel Azariah na conferência missionária influente em Edimburgo, Escócia, em 1910. Sua pergunta de tanto tempo atrás é a pergunta mais simples e ainda assim mais profunda no tocante às missões. Foi uma pergunta que deflagrou uma definição renovada em meu próprio coração quando Kirk Franklin apresentou a amizade como tema no Fórum da Terceira Mesa na Turquia, em abril. Por que a pergunta incomodou meu coração? Eu lembrei então do que Jesus disse em João 15:13, “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos”. Foi isso que Ele fez na cruz. E foi assim porque Ele me chama Sua amiga.

Durante cinco dias com meus colegas da Terceira Mesa eu reaprendi a amizade, o real significado da amizade na

Bíblia. Meus colegas se tornaram meus amigos, conforme discutíamos nossas experiências pessoais e ideias, bem como durante nossas reflexões e orações diárias. Eu apreciei a diversidade cultural e a mistura de gerações, e aprendi mais sobre a liderança servil de Jesus através deles. Aprendi como se tivesse vivido a vida toda de novo!

Conforme a palavra amizade se tornava minha nova palavra para a liderança, percebi que minha nova definição é totalmente positiva — criar, construir e confirmar a comunidade sem fronteiras. Indo um pouco mais adiante com um pensamento inesperado, a amizade celebra a cultura através da “vulnerabilidade” e dos “riscos pensados” em vez da luta pelo poder e dominação.

Ao contrário de muitos outros seminários de liderança, observamos Jesus através dos evangelhos como nossa preparação para a semana de reuniões. O livro de Mateus me preparou bem. Fui mais inspirada e tocada

para imitar Jesus, especialmente nas áreas de liderança servil e na construção de amizades fortes.

Deixar o Fórum da Terceira Mesa e os meus novos amigos foi somente algo físico e temporário. Eu sei que Deus enriquecerá o que descobrimos e construímos. Temos mantido contato através do WhatsApp e de outras mídias sociais. Agora, quando me aproximo do meu trabalho, minhas amizades se tornaram uma prática constante de submissão a Deus, de abertura e de prestação de contas. Com relação aos projetos recentes após a viagem, eu me tornei mais flexível e me dispus a acomodar mais ao Espírito Santo e aos presentes que meus amigos de outras culturas trazem para a (terceira) mesa.

Ann Kuy serve como Consultora de Comunicação

junto à Parceria Filipina para a Tradução da Bíblia

(Philippine Partnership for Bible Translation)

Kirk Franklin e Tony Kotauga têm a chance de conversar informalmente.

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Liderança em um Contexto Global por Phil Prior

Eu trabalho para a Wycliffe Bible Translators no Reino Unido. E, apesar de minha função atual ser mais voltada ao Reino Unido, a verdade é que tudo que fazemos tem um impacto global. Seja porque estamos orando por projetos específicos ou provendo o sustento financeiro para eles, ou porque estamos treinando e enviando pessoal para apoiar o trabalho em determinadas localidades, o que fazemos no nosso escritório no Reino Unido pode causar muito impacto nas vidas e no trabalho de pessoas em muitos locais diferentes.

O foco não é tanto a possibilidade de cometermos erros e o impacto destes erros poder causar problemas para outras pessoas (apesar de isto acontecer às vezes), nem o sucesso que traz as suas próprias pressões; o foco é compartilhar algo e reconhecer o valor de cada indivíduo, cultura e organização.

Em abril pude passar uma semana com um grupo de líderes de todo o mundo em um evento promovido pela Aliança Global Wycliffe, o Fórum da Terceira Mesa. Fomos um grupo propriamente global, com representantes do Brasil, Costa Rica, Caribe, Alemanha, Noruega, Singapura, Papua Nova Guiné, Quênia, Benin, Estados Unidos… dá para se ter uma ideia. Além disso, havia uma mistura de idades e de gêneros em diferentes etapas da nossa jornada de liderança.

A coisa mais maravilhosa deste grupo foi como nós nos abrimos uns com os outros. Todos havíamos

sido indicados e convidados para estar ali, então não precisávamos justificar nossas razões para sermos parte do grupo. Talvez este simples fato tenha removido o fardo que normalmente vem com as conferências – a necessidade de impressionar –, apesar de isto parecer estar diminuindo constantemente em nossa cultura. Em vez disso, houve uma abertura e uma honestidade dentro do grupo que eu nunca havia experimentado antes em eventos deste tipo.

Durante os cinco dias nós trabalhamos juntos, comemos juntos, brincamos juntos, oramos juntos (especificamente por cada participante) e celebramos quem somos como pessoas e como participantes da missão global. Foi divertido, emocionante e confirmador – e muito desafiador.

Tudo isto tornou a tarefa de resumir e compartilhar o que foi o evento com outros realmente difícil. Eu sei que foi um dos eventos mais importantes da minha carreira.

› Fui desafiado a entender que não há problema em ser chamado para a liderança, e que devo ir além do meu posicionamento atual, disposto a servir outros, para me equipar para liderar bem.

› Estou animado com a geração atual de líderes missionários dentro da Aliança, a qual tem visão, entusiasmo e desejo de servir. Também estou animado com a bondade, a generosidade e o amor deste grupo.

› Eu vi, provavelmente pela primeira vez, um grupo que realmente trabalhou bem junto. Mesmo quando discordamos, ofendemos um ao outro, ou simplesmente entendemos algo errado, agimos para consertar o erro, e mostramos compreensão e amor ao ouvir e dar aos outros a chance de reparar as coisas. Mostramos compreensão ao ponto de percebemos que simplesmente não vemos as coisas do mesmo modo – que às vezes não há problema em ser diferente.

› Fui lembrado da importância da oração direta, informada. Este foi o primeiro evento do qual participei em que se pediu aos participantes que formassem uma equipe específica de apoio em oração que caminharia com eles por toda a semana. Estou certo de que, acima de todas as outras coisas, isto fez verdadeira diferença.

Espero que sintam minha alegria em ser parte deste grupo, e um pouco da animação pelo que Deus está fazendo através daquela semana. É claro que, apesar de eu já haver mencionado a centralidade da oração para este evento, reconheço que foram as graciosas respostas de Deus àquelas orações que fizeram a diferença.

Phil Prior serve como Diretor de Marketing e

Comunicações junto à Wycliffe do Reino Unido

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O slide ao fundo diz: “Servir uns aos outros como Jesus nos serve”. O abraço fala por si só.

Amizade. De Verdade? por Margareth Botelho Spencer

Inicialmente, quando recebi as instruções para nossas leituras e meditações sobre os evangelhos como preparação para minha participação no Fórum da Terceira Mesa — e depois quando vi a lista de participantes— confesso que me senti intimidada por tudo.

Como eu poderia contribuir com algo novo e esclarecedor? E eu não estava nem pensando em algo impressionante – eu estava tão nervosa!

Então eu fiz aquilo que sei fazer melhor. Corri para o Senhor, e enquanto orava compreendi que eu não deveria me preocupar sobre aquelas coisas, mas sim perguntar verdadeiramente a Ele o que Ele gostaria que eu aprendesse para meu crescimento pessoal — especialmente como líder. Daquele momento em diante, o Senhor me guiou através das novas lições que Ele queria me ensinar.

Minha primeira lição foi muito intensa — e aconteceu vários meses antes de eu participar do evento na Turquia.

Toda a minha família viajou das montanhas onde vivemos no Brasil para a praia, para passarmos o feriado de Natal. No dia depois de havermos chegado houve uma grande enchente, e em algumas localidades as

águas subiram mais de dois metros acima do normal. Eu temi pelos meus três filhos pequenos que não sabem nadar, e também pela minha mãe e pelo bebê de minha irmã.

Enquanto a chuva continuava a cair e as águas continuavam a subir, eu e minha mãe estendemos nossas mãos para fora da janela da única casa de dois andares no condomínio onde estávamos, e oramos. Eu recitei a passagem do livro de Marcos onde Jesus acalma a tempestade e comanda o vento. Este mesmo Jesus estava conosco naquele exato momento.

Dentro de 10 minutos as águas começaram a baixar.

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A Jornada é uma publicação ocasional distribuída por e-mail e também postada no site da Aliança: A Jornada

Editora e Diretora Associada de Estratégia e Comunicações: Susan Van Wynen

Envie questões / comentários para Dave Crough, Editor-Chefe, no endereço: [email protected]

Wycliffe Global Alliance

34 Craig Road #02-09 Chinatown Plaza 089673 Singapore Singapore

phone: (65) 62231655 email: [email protected]

Nós testemunhamos um milagre – porque a forte chuva tropical continuou por mais de 10 horas.

Através desta experiência eu compreendi – e pude me identificar com – os discípulos quando temeram por suas vidas. Se eles soubessem quem Jesus realmente era! Se eles soubessem que o verdadeiro Deus vivo que havia feito o homem estava no seu barquinho frágil!

Se eu pudesse sempre lembrar que Ele está conosco.

Eu compartilhei esta experiência sobre a enchente com o grupo, e fiquei feliz (e aliviada) de ver cada um dos outros participantes compartilhando o que estava em seus corações também. Eu nunca havia participado de um encontro onde todos abriram tão profundamente os seus corações, e onde todos fomos desafiados a fazer as coisas à luz da Bíblia.

Durante algumas sessões do fórum comecei a me preocupar, porque em algumas apresentações eu precisaria falar na frente de todo o grupo. Sou extremamente extrovertida e falante, mas só sou tímida com relação a uma coisa: falar na frente de grupos. Não pude deixar de compartilhar isto com alguns dos líderes mais experientes, e eles demonstraram muito amor e paciência, e me desafiaram a superar isso. Na verdade, eles disseram que poderiam ser meu alter-ego, meu “ÜberIch”. Eu só podia rir e orar para que o Senhor me ajudasse a superar. Tudo isto foi feito de uma forma que resultou em um crescimento da nossa amizade.

A cura aconteceu quando oferecemos presentes uns aos outros, que poderiam ser aceitos ou rejeitados durante a troca de presentes da Terceira Mesa. Nossos medos e traumas às vezes levaram vantagem sobre nós, mas cada um foi ministrado de tal maneira que só podemos reconhecer que foi o Espírito Santo tocando as nossas vidas.

Fazer parte desta jornada de liderança foi uma bênção para mim. O Senhor nos preparou com antecedência para que pudéssemos nos reunir. Ele desafiou aqueles dentre nós que às vezes podem ser céticos.

Amizade foi um dos tópicos de apresentação — e alguns dentre nós pensaram: “Amizade. De verdade?”

Mas eu admito que isso realmente aconteceu!

Margareth Botelho Spencer, Diretora Executiva

Horizontes América Latina