A Invenção Da Infância

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A INVENÇÃO DA INFÂNCIA Média-Metragem – Europa Filmes, 2002 (transcrição da fala do narrador) O renascimento foi uma época de grandes descobertas. Os pintores italianos descobriram a perspectiva. Copérnico afirmou que a Terra gira em torno do sol. Shakespeare descobriu “Otelo”, “Hamlet”, “Romeu e Julieta”. Colombo descobriu a América. Gutenberg, a imprensa. E Cabral descobriu o Brasil. A infância, como idéia de uma época especial para cada ser humano, surge no tempo das grandes descobertas. Já não se morria tão facilmente, e começava a valer a pena o investimento nestes seres tão frágeis. Para as crianças, inventa-se a infância quando decide-se deixa-las brincar, ir à escola, ser criança. No inicio do século 18 um dicionário define o uso do termo “criança”. Criança, dizia, é um termo cordial utilizado para saudar ou agradar alguém, ou leva-lo a fazer alguma coisa... “Minha “criança”, vá buscar meu copo”. Um mestre dirá aos trabalhadores: “Vamos crianças, trabalhem!”. Um capitão dirá aos seus soldados: “Coragem crianças, agüentem firme.” E os soldados da primeira fila, que estavam mais expostos ao perigo, ele o chamava de “crianças perdidas”. Com a invenção da imprensa por Gutenberg, ler e escrever passa a ser fundamental para se tornar gente grande. Antes dele a transmissão do conhecimento se dava basicamente por via oral. O que adultos falavam, crianças entendiam. A

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A INVENO DA INFNCIAMdia-Metragem Europa Filmes, !! "tra#s$ri%&o da 'ala do #arrador(Ore#as$ime#to'oi umapo$adegra#des des$o)ertas* Ospi#tores italia#os des$o)riram a perspe$ti+a* Copr#i$o a'irmou ,uea -erra gira emtor#o do sol* ./a0espeare des$o)riu 1Otelo2,13amlet2, 14omeu e 5ulieta2* Colom)o des$o)riu a Amri$a*6ute#)erg, a impre#sa* E Ca)ral des$o)riu o 7rasil*A i#'8#$ia, $omo idia de uma po$a espe$ial para $ada ser/uma#o, surge#otempodasgra#desdes$o)ertas* 59#&osemorriat&o'a$ilme#te, e$ome%a+aa+alerape#aoi#+estime#to#estes seres t&o 'r9geis* :ara as $ria#%as, i#+e#ta-se a i#'8#$ia ,ua#do de$ide-sedei;a-las )ri#$ar, ir < es$ola, ser $ria#%a* Noi#i$io dos$ulo=>umdi$io#9riode'i#eousodotermo1$ria#%a2* Cria#%a, di?ia, um termo $ordial utili?ado para saudar ouagradar algum, ou le+a-lo a 'a?er alguma $oisa*** 1Mi#/a 1$ria#%a2,+9 )us$ar meu $opo2* @m mestre dir9 aos tra)al/adoresA 1Vamos$ria#%as, tra)al/emB2* @m $apit&o dir9 aos seus soldadosA1Coragem $ria#%as, agCe#tem 'irme*2 E os soldados da primeira 'ila,,ue esta+am mais e;postos ao perigo, ele o $/ama+a de 1$ria#%asperdidas2* Com a i#+e#%&o daimpre#sapor6ute#)erg,ler e es$re+erpassa a ser 'u#dame#tal para se tor#ar ge#te gra#de* A#tes dele atra#smiss&o do $o#/e$ime#to se da+a )asi$ame#te por +ia oral* O,ue adultos 'ala+am, $ria#%as e#te#diam* A impre#sa, aodemo$rati?ar o a$esso aos li+rose < $ultura es$rita $ria uma #o+asitua%&oA As$ria#%aster&oprimeiro,ueapre#der ade$i'rar os$Ddigos se$retos da es$rita, para i#gressar #o u#i+erso dos adultos*Ao i#+e#tar a i#'8#$ia, a moder#idade $ria a Idade de Ouro de$adai#di+Eduo* Faseem,uea+idaser9per'eita, protegidaetra#,Cila, a#tes de ser tomada pelas e;igF#$ias do tra)al/o* Gpo$aideal de #ossas +idas em ,ue ser $ria#%a #&o ter ,ual,uer outro$ompromisso ,ue +9 alm do go?o puro e simples de sua i#o$F#$ia*O pro'essor Morse, ao $riar o telgra'o #o s$ulo =H, pro+o$auma#o+amuda#%a#o$o#$eitodei#'8#$ia* Otelgra'ole+a