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  • Artigo enviado ao Clube do professor em 23 de

    fevereiro de 2004

    A INTRODUO DA INFORMTICA

    NO AMBIENTE ESCOLAR

    *Prof. Jos Junio Lopes [email protected]

    Resumo Este artigo se baseia na experincia da introduo da Informtica em uma escola de

    So Paulo. Nesse enfoque, trabalharei a introduo da Informtica como um processo e a importncia da interveno do coordenador de Informtica na reconstruo da prtica pedaggica do professor no uso da Informtica na educao.

    I - Introduo A Informtica vem adquirindo cada vez mais relevncia no cenrio educacional. Sua

    utilizao como instrumento de aprendizagem e sua ao no meio social vem aumentando de forma rpida entre ns. Nesse sentido, a educao vem passando por mudanas estruturais e funcionais frente a essa nova tecnologia.

    Houve poca em que era necessrio justificar a introduo da Informtica na escola. Hoje j existe consenso quanto sua importncia. Entretanto o que vem sendo questionado da forma com que essa introduo vem ocorrendo.

    Com esse artigo pretendo discutir alguns pontos, de suma importncia, que possam gerar uma reflexo sobre a introduo da Informtica na escola, como: o ser humano e a tecnologia, Informtica x currculo, o processo de introduo da Informtica, a funo do coordenador de Informtica.

    II - O Ser humano e a Tecnologia Segundo FRES : A tecnologia sempre afetou o homem: das primeiras ferramentas,

    por vezes consideradas como extenses do corpo, mquina a vapor, que mudou hbitos e instituies, ao computador que trouxe novas e profundas mudanas sociais e culturais, a tecnologia nos ajuda, nos completa, nos amplia.... Facilitando nossas aes, nos transportando, ou mesmo nos substituindo em determinadas tarefas, os recursos tecnolgicos ora nos fascinam, ora nos assustam...

    A Tecnologia no causa mudanas apenas no que fazemos, mas tambm em nosso comportamento, na forma como elaboramos conhecimentos e no nosso relacionamento com o mundo. Vivemos num mundo tecnolgico, estruturamos nossa ao atravs da tecnologia,

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    como relata KERCKHOVE , na Pele da Cultura os media eletrnicos so extenses do sistema nervoso, do corpo e tambm da psicologia humana.

    De acordo com (FRES) Os recursos atuais da tecnologia, os novos meios digitais: a multimdia, a Internet, a telemtica trazem novas formas de ler, de escrever e, portanto, de pensar e agir. O simples uso de um editor de textos mostra como algum pode registrar seu pensamento de forma distinta daquela do texto manuscrito ou mesmo datilografado, provocando no indivduo uma forma diferente de ler e interpretar o que escreve, forma esta que se associa, ora como causa, ora como conseqncia, a um pensar diferente.

    BORBA(2001) vai um pouco mais alm, quando coloca seres-humanos-com-mdias dizendo que os seres humanos so constitudos por tcnicas que estendem e modificam o seu raciocnio e, ao mesmo tempo, esses mesmos seres humanos esto constantemente transformando essas tcnicas. ( p.46)

    Dessa mesma forma devemos entender a Informtica. Ela no uma ferramenta neutra que usamos simplesmente para apresentar um contedo. Quando a usamos, estamos sendo modificados por ela.

    III - Informtica x Currculo O principal objetivo, defendido hoje, ao adaptar a Informtica ao currculo escolar,

    est na utilizao do computador como instrumento de apoio s matrias e aos contedos lecionados, alm da funo de preparar os alunos para uma sociedade informatizada.

    Entretanto esse assunto polmico. No comeo, quando as escolas comearam a introduzir a Informtica no ensino, percebeu-se, pela pouca experincia com essa tecnologia, um processo um pouco catico. Muitas escolas introduziram em seu currculo o ensino da Informtica com o pretexto da modernidade. Mas o que fazer nessa aula? E quem poderia dar essas aulas? A princpio, contrataram tcnicos que tinham como misso ensinar Informtica. No entanto, eram aulas descontextualizadas, com quase nenhum vnculo com as disciplinas, cujos objetivos principais eram o contato com a nova tecnologia e oferecer a formao tecnolgica necessria para o futuro profissional na sociedade.

    Com o passar do tempo, algumas escolas, percebendo o potencial dessa ferramenta introduziram a Informtica educativa, que, alm de promover o contato com o computador, tinha como objetivo a utilizao dessa ferramenta como instrumento de apoio s matrias e aos contedos lecionados.

    Entretanto esse apoio continuava vinculado a uma disciplina de Informtica, que tinha a funo de oferecer os recursos necessrios para que os alunos apresentassem o contedo de outras disciplinas.

    Vivemos em um mundo tecnolgico, onde a Informtica uma das peas principais. Conceber a Informtica como apenas uma ferramenta ignorar sua atuao em nossas vidas. E o que se percebe?! Percebe-se que a maioria das escolas ignora essa tendncia tecnolgica, do qual fazemos parte; e em vez de levarem a Informtica para toda a escola, colocam-na circunscrita em uma sala, presa em um horrio fixo e sob a responsabilidade de um nico professor. Cerceiam assim, todo o processo de desenvolvimento da escola como um todo e perdem a oportunidade de fortalecer o processo pedaggico.

    A globalizao impe exigncia de um conhecimento holstico da realidade. E quando colocamos a Informtica como disciplina, fragmentamos o conhecimento e delimitamos fronteiras, tanto de contedo como de prtica. Segundo: GALLO- (1994) A organizao curricular das disciplinas coloca-as como realidades estanques, sem interconexo alguma,

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    dificultando para os alunos a compreenso do conhecimento como um todo integrado, a construo de uma cosmoviso abrangente que lhes permita uma percepo totalizante da realidade.

    Dentro do contexto, qual seria a funo da Informtica? No seria de promover a interdisciplinaridade ou, at mesmo, a transdisciplinaridade na escola?

    IV - Informtica e Aprendizagem JONASSEN (1996) classifica a aprendizagem em:

    Aprender a partir da tecnologia (learning from), em que a tecnologia apresenta o conhecimento, e o papel do aluno receber esse conhecimento, como se ele fosse apresentado pelo prprio professor;

    Aprender acerca da tecnologia (learning about), em que a prpria tecnologia objeto de aprendizagem;

    Aprender atravs da tecnologia (learning by), em que o aluno aprende ensinando o computador (programando o computador atravs de linguagens como BASIC ou o LOGO);

    Aprender com a tecnologia (learning with), em que o aluno aprende usando as tecnologias como ferramentas que o apiam no processo de reflexo e de construo do conhecimento (ferramentas cognitivas). Nesse caso a questo determinante no a tecnologia em si mesma, mas a forma de encarar essa mesma tecnologia, usando-a sobretudo, como estratgia cognitiva de aprendizagem.

    ( MARAL FLORES - 1996) A Informtica deve habilitar e dar oportunidade ao aluno de adquirir novos conhecimentos, facilitar o processo ensino/aprendizagem, enfim ser um complemento de contedos curriculares visando o desenvolvimento integral do indivduo.

    As profundas e rpidas transformaes, em curso no mundo contemporneo, esto exigindo dos profissionais que atuam na escola, de um modo geral, uma reviso de suas formas de atuao. SANTOS VIEIRA

    De acordo com LEVY (1994), " novas maneiras de pensar e de conviver esto sendo elaboradas no mundo das comunicaes e da Informtica. As relaes entre os homens, o trabalho, a prpria inteligncia dependem, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, viso, audio, criao e aprendizagem so capturados por uma Informtica cada vez mais avanada.

    Para finalizar, BORBA (- 2001) que: O acesso Informtica deve ser visto como um direito e, portanto, nas escolas pblicas e particulares o estudante deve poder usufruir de uma educao que no momento atual inclua, no mnimo, umaalfabetizao tecnolgica . Tal alfabetizao deve ser vista no como um curso de Informtica, mas, sim, como um aprender a ler essa nova mdia. Assim, o computador deve estar inserido em atividades essenciais, tais como aprender a ler, escrever, compreender textos, entender grficos, contar, desenvolver noes espaciais etc. E , nesse sentido, a Informtica na escola passa a ser parte da resposta a questes ligadas cidadania.

    V - Os Professores e a Informtica Diante dessa nova situao, importante que o professor possa refletir sobre essa nova

    realidade, repensar sua prtica e construir novas formas de ao que permitam no s lidar,

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    com essa nova realidade, com tambm constru-la. Para que isso ocorra! O professor tem que ir para o laboratrio de informtica dar sua aula e no deixar uma terceira pessoa fazer isso por ele.

    GOUVA O professor ser mais importante do que nunca, pois ele precisa se apropriar dessa tecnologia e introduzi-la na sala de aula, no seu dia-a-dia, da mesma forma que um professor, que um dia, introduziu o primeiro livro numa escola e teve de comear a lidar de modo diferente com o conhecimento sem deixar as outras tecnologias de comunicao de lado. Continuaremos a ensinar e a aprender pela palavra, pelo gesto, pela emoo, pela afetividade, pelos textos lidos e escritos, pela televiso, mas agora tambm pelo computador, pela informao em tempo real, pela tela em camadas, em janelas que vo se aprofundando s nossas vistas...

    Ms, para o professor apropriar-se dessa tecnologia, devemos segundo FRES mobilizar o corpo docente da escola a se preparar para o uso do Laboratrio de Informtica na sua prtica diria de ensino-aprendizagem. No se trata, portanto, de fazer do professor um especialista em Informtica, mas de criar condies para que se aproprie, dentro do processo de construo de sua competncia, da utilizao gradativa dos referidos recursos informatizados: somente uma tal apropriao da utilizao da tecnologia pelos educadores poder gerar novas possibilidades de sua uti