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FACULDADE 7 DE SETEMBRO - FA7 CURSO GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO A INTERATIVIDADE NO TELEJORNAL CETV (1ª EDIÇÃO) MARIA CARISSA DUARTE CRUZ FORTALEZA – 2009

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FACULDADE 7 DE SETEMBRO - FA7

CURSO GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

A INTERATIVIDADE NO TELEJORNAL CETV (1ª EDIÇÃO)

MARIA CARISSA DUARTE CRUZ

FORTALEZA – 2009

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MARIA CARISSA DUARTE CRUZ

A INTERATIVIDADE NO TELEJORNAL CETV (1ª EDIÇÃO)

Monografia apresentada à Faculdade 7 de Setembro como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação Jornalismo.

Orientadora: Prof.ª Ana Rita Fonteles Duarte, Dra.

FORTALEZA – 2009

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A INTERATIVIDADE NO TELEJORNAL CETV (1ª EDIÇÃO) Monografia apresentada à Faculdade 7 de Setembro como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação Jornalismo.

__________________________ Maria Carissa Duarte Cruz

Monografia aprovada em: ______ / ______ / ______

___________________________________ Prof.ª Ana Rita Fonteles Duarte, Dra. (FA7)

1º Examinadora: ______________________________________ Prof.ª Alessandra Marques Cavalcante da Fontoura, MSc. (FA7) 2º Examinadora: _______________________________________ Prof.ª Vânia Maria Magalhães Tajra, Esp. (FA7)

_________________________________________

Prof.ª Juliana Lotif Araújo, MSc. (FA7) Coordenadora do Curso

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RESUMO

Este trabalho surgiu da necessidade de o telespectador conhecer um pouco mais sobre o

telejornalismo brasileiro e cearense, além de saber o porquê dos telejornais estarem adotando

esse novo formato mais participativo e dinâmico com uma interatividade bem maior em

comparação com o formato antigo. O presente trabalho irá focalizar o telejornal CETV (1ª

edição) na questão da interatividade e também analisará a participação do telespectador no

jornal, pois ele agora tem um espaço para enviar sugestões de pauta, fotos, vídeos, etc. Será

analisado também se realmente existe a questão da interatividade ou o telejornal está usando

apenas mais uma estratégia para alavancar os índices de audiência.

Palavras-chave: Interatividade. Telejornal. Telejornalismo participativo. Telejornalismo

cidadão. Telespectador. CETV.

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SUMÁRIO

Resumo ....................................................................................................................................... 4 Sumário ....................................................................................................................................... 5 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 6 1. TELEJORNALISMO NO BRASIL ................................................................................... 9

1.1 Como tudo começou ......................................................................................................... 9 1.2 Os primeiros telejornais .................................................................................................. 14 1.3 Telejornalismo no Ceará ................................................................................................. 18

2. TELEJORNAL E TELESPECTADOR ........................................................................... 21

2.1 A Notícia ........................................................................................................................ 21 2.1.1 O lead e a pirâmide invertida ................................................................................... 24

2.2 A participação do telespectador no telejornal................................................................. 28 2.3 A questão da Interatividade ............................................................................................ 32

3. O TELEJORNAL CETV ................................................................................................... 39

3.1 O novo formato do telejornal CETV .............................................................................. 39 3.2 Análise do telejornal CETV (1° edição) ......................................................................... 43 3.3 A interatividade no telejornal CETV .............................................................................. 47

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 56

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INTRODUÇÃO

O tema deste trabalho de conclusão de curso surgiu quando houve a percepção de que

A interatividade no telejornal CETV (1° edição) era um assunto novo aqui no Ceará, já que as

outras filiais da Rede Globo já adotam esse formato há algum tempo, no qual o telespectador

faz parte diretamente do jornal.

Por ser um assunto relativamente novo, vi que era importante abordar esse tema de

uma maneira crítica, mostrando que a interatividade pode ser algo bom, mas temos que

perceber também o porquê do telejornal ter adotado esse formato somente agora.

O novo formato do telejornal CETV veio com o intuito de fazer um jornalismo mais

participativo, um jornalismo mais comunitário dando um maior espaço para a interatividade

que antes não existia, entre o telejornal e o telespectador. Claro que essa interatividade veio

com o objetivo de aproximar mais o público do jornal, mas será mesmo que é somente esse o

interesse do telejornal? Quando é criado um espaço em que o telespectador possa participar de

maneira direta no telejornal, enviando sugestões e até materiais para serem exibidos durante a

edição, será que essa interatividade realmente existe ou é somente um meio que o jornal

encontrou para ser mais dinâmico?

Esse trabalho veio com o objetivo de apresentar o novo formato do telejornal, e a

partir disso termos uma visão crítica do CETV que a princípio, com o uso da interatividade

como nova ferramenta quer somente uma maior aproximação com o telespectador.

Durante duas semanas a interatividade do CETV foi analisada, bem como seus novos

quadros: Meu Bairro na TV e Você no CETV, no qual é percebida com maior nitidez essa

maior aproximação com o telespectador. Mostrando assim esse formato diferente, voltado

para a comunidade, para as classes “C”, “D” e “E”. Foram feitas entrevistas com o

apresentador Luiz Esteves e com o editor-chefe do telejornal Valciney Freire, que se mostrou

contente com o novo formato, pois de acordo com ele a interatividade no telejornal, está

trazendo um retorno positivo do público.

Analisamos também se existe realmente essa interatividade no CETV já que ele é

transmitido por uma emissora privada que possui interesses.

Os principais autores usados neste trabalho foram Mattos (2002) que de maneira clara

e objetiva apresentou a história da televisão brasileira, bem como suas principais

características.

Já Rezende (2000) também foi de grande importância na construção desse trabalho,

pois mostra em seu livro a chegada do telejornalismo ao Brasil, além de contar a história dos

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primeiros jornais e todo o processo de desenvolvimento do telejornalismo no país. Carvalho

(2004) é uma das poucas bibliografias que explica tão bem o surgimento e desenvolvimento

do telejornalismo no Ceará, bem como as principais figuras que fizeram parte dessa história.

O autor além de explicar detalha todo o processo de difusão do telejornalismo no nosso

estado.

Já os autores Medina (1998), Paternostro (1999) e Pena (2008) foram as bibliografias

base para embasamento deste trabalho, em relação à questão conceito e formato da notícia no

telejornal e como ela deve ser apresentada diante dos telespectadores.

Kunczik (2002) explica muito bem os conceitos de jornalismo e Vizeu (2008)

apresenta de forma consistente a questão do telejornalismo inserido na sociedade em que

vivemos e o impacto que os telejornais possuem na vida dos telespectadores.

Os autores Silva (2000), Souza (2007), Lévy (1999) e Amorim (2009) foram utilizados

de maneira a embasar meu trabalho na questão da interatividade, mostrando conceitos e

explicando de forma objetiva e clara a participação do telespectador no telejornal.

De acordo com Amorim (2009), o jornalismo cidadão “Não se trata do cidadão

fazendo jornalismo, como sugere a nomenclatura ‘jornalismo cidadão’, mas sim de pessoas

leigas, que por meio de envio de insumos, sobretudo imagens de interesse jornalístico,

participam da construção em materiais noticiosos” (AMORIM, 2009, p. 4).

Já Souza (2007) explica que “O conceito de interatividade vem sendo amplamente

utilizado nos principais meios de comunicação, seja como atrativo ou objeto de estudo e

desejo de aplicação” (SOUZA, 2007, p.38).

A apresentação desse trabalho está dividida em três capítulos. O primeiro capítulo,

intitulado Telejornalismo no Brasil, aborda a história da implantação da televisão e,

posteriormente, do telejornalismo nas principais capitais e depois, no Ceará. É abordado

também o surgimento dos primeiros telejornais e o seu desenvolvimento com o passar do

tempo. Depois é feita uma retrospectiva sobre a chegada do telejornalismo aqui no Ceará, os

principais problemas enfrentados e os telejornais mais importantes daquela época.

No segundo capítulo intitulado, Telejornal e Telespectador, é explicado o conceito e a

forma das notícias a serem apresentadas na televisão, bem como a questão do lead e da

pirâmide invertida. Nesse capitulo, começaremos a abordar a participação do telespectador no

telejornal, explicando a questão do público “ativo” e “passivo”. Depois, é discutido o conceito

de interatividade, como ferramenta utilizada pelos programas de TV e telejornais, embasados

no pensamento de vários autores.

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Já o terceiro e último capítulo, O telejornal CETV, é voltado totalmente para a análise

do CETV. Nesse capítulo, abordaremos o novo formato do telejornal em relação ao antigo e a

questão da aproximação com o telespectador. Depois é feita uma análise do jornal em que são

comparadas duas edições uma que possui o quadro Meu Bairro na TV e outra que não possui,

sendo que nas duas edições existe a presença da interatividade. Depois, será discutida de

maneira crítica se realmente existe ou não interatividade no telejornal.

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1. TELEJORNALISMO NO BRASIL

1.1 Como tudo começou

Graças ao pioneirismo do jornalista Assis Chateaubriand a chegada da televisão no

Brasil aconteceu em 1950. Oficialmente a televisão foi inaugurada no dia 18 de setembro de

1950 em estúdios precários, mas começou a ser implantada em fevereiro de 1949, quando

Chateaubriand juntamente com a empresa americana RCA Victor conseguiu adquirir cerca de

trinta toneladas de equipamentos necessários para montar uma emissora nomeando três

diretores responsáveis para a implantação que foram Mário Alderighi, Cassiano Gabus

Mendes e o maestro francês Georges Henry.

A inauguração da TV Tupi aconteceu com muitos contratempos, pois antes foi

descoberto que não havia um único aparelho de TV em São Paulo para captar as imagens que

iriam ser transmitidas e como não daria tempo importar os televisores antes da inauguração

devido à burocracia, Chateaubriand ordenou que duzentos aparelhos de TV entrassem no país

por meio de contrabando. Dessa forma os televisores chegaram ao Brasil a tempo e foram

instalados em lojas e bares da cidade. A primeira transmissão foi feita com a orquestra do

maestro Georges Henrye, também diretor da TV Tupi, executando “Cisne Branco” de

Antonio Manoel de Espírito Santo e Benedito Macedo, o encerramento iria acontecer às vinte

e uma horas com um show de Hebe Camargo que cantaria “Canção da TV”, mas como ficou

rouca repentinamente, ela foi substituída por Lolita Rodrigues e Vilma Bentivegna.

A TV Tupi, canal 6 de São Paulo, surgiu em uma época em que o rádio era o meio de

comunicação mais popular do país, atingindo a maioria dos estados. Devido a isso, dois anos

antes da instalação da TV Tupi, os Diários Associados começaram a treinar, a partir de

projetos cinematográficos, seus radioatores para o novo veiculo que iria surgir e também para

popularizar a imagem dos artistas, pois com a chegada da televisão aquelas famosas vozes que

davam vida as radionovelas ganhariam rostos. “Em 1948, por exemplo, os Estúdios Tupã, de

Eduvaldo Viana, realizaram ‘Alegria’ e, em seguida ‘Chuva de Estrelas’ [...] todos os jornais

e revistas dos Associados passaram a divulgar que estava para chegar a televisão ou o ‘cinema

a domicilio’” (MATTOS, 2002, p.50).

Devido ao rádio ser o maior meio de comunicação popular daquela época, a televisão

brasileira foi caracterizada como veículo publicitário seguindo o modelo norte americano.

Mas como de início, a televisão não conseguia atrair anunciantes por não ter ainda um grande

público. As agências de publicidade estrangeiras instaladas no Brasil que já possuíam

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experiência com esse veiculo em seu país de origem utilizaram a TV brasileira como veículo

publicitário, passando a decidir até os conteúdos dos programas. “Nos primeiros anos, os

patrocinadores determinavam os programas que deveriam ser produzidos e veiculados, além

de contratar diretamente os artistas e produtores” (MATTOS, 2002, p. 70).

E foi por isso que nas primeiras décadas da televisão os programas eram identificados

pelo nome do patrocinador, como por exemplo, “Gincana Kibon”, “Sabatina Maisena”,

“Teatrinho Trol” e etc. A mesma coisa acontecia nos telejornais também, que tinham nomes

como “Telenotícias Parnair”, “Repórter Esso”, Telejornal Bendix”, “Reportagem Ducal”,

“Telejornal Pirelli”, entre outros.

A televisão com o tempo foi se transformando no meio de comunicação favorito das

agências de publicidade e só a partir dos anos sessenta ela se transformou no meio publicitário

mais importante do país. De acordo com Mattos a televisão adaptou sua programação para as

classes mais baixas para satisfazer as necessidades das agências de publicidade e seus

clientes.

Para melhor entender o desenvolvimento da televisão brasileira Mattos dividiu em seis

fases, para obter um perfil global de sua evolução. A primeira é a fase elitista (1950-1964);

depois a fase populista (1964-1975); logo em seguida a fase do desenvolvimento tecnológico

(1975-1985); depois a fase da transição e da expansão internacional (1985-1990); a fase da

globalização e da TV paga (1990-2000), e por último, mas não menos importante, a fase da

convergência e da qualidade digital que teve início em 2000.

Na fase elitista que vai de 1950 a 1964, “o televisor era considerado um luxo, pois de

acordo com o noticiário publicado na imprensa, na época, a televisão foi considerada um novo

e poderoso instrumento” (MATTOS, 2002). O valor de um televisor era três vezes maior do

que a mais sofisticada radiola e quase o preço de um carro da época, por isso, todos os

duzentos primeiros aparelhos de televisão pertenciam a membros da elite econômica.

O tempo foi passando e, em 1951, o Brasil começou a fabricar seus próprios

televisores de marca Invictus, possibilitando assim um maior acesso da televisão no país, pois

elas sendo fabricadas aqui no Brasil seu custo era menor. Para se ter uma idéia, mostraremos

o rápido aumento do número de TVs nas casas das pessoas no quadro abaixo.

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Quadro I: Número de televisores P&B e a cores em uso no Brasil

ANO APARELHOS DE TV

1950 200

1956 141.000

1960 598.000

1966 2.334.000

1970 4.584.000

1976 11.603.000

1980 18.300.000

1990 29.983.000

2000 58.283.000

Fonte: ABINEE – Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos apud MATTOS, Sérgio. História da Televisão Brasileira: Uma visão econômica, social e política.

Em 1952, surgiria o “Repórter Esso”, um dos mais famosos telejornais da televisão

brasileira, baseado em um programa de rádio já existente. Na televisão o telejornal tinha

características particulares como um único apresentador e o patrocínio de uma única empresa.

Devido ao seu grande sucesso, a experiência com esse tipo de telejornalismo foi repetida em

todas as emissoras inauguradas por Chateaubriand.

É bom lembrar que o telejornalismo sempre esteve presente na televisão brasileira,

tanto que o primeiro telejornal foi ao ar apenas dois dias após a inauguração da primeira

emissora. “Sobre esse primeiro telejornal, profissionais da época dizem que o programa tinha

uma particularidade: ele tinha horário para começar mais ou menos definido, mas só acabava

quando não tinha mais nenhuma imagem para ser exibida” (MATTOS, 2002 apud SOUSA

FILHO, 1997, p. 88).

Já na fase populista podemos perceber que o golpe de estado de 1964 afetou

diretamente os meios de comunicação de massa devido a uma adoção de um novo modelo

econômico para o desenvolvimento nacional. Esse desenvolvimento foi centrado na rápida

industrialização, por isso a televisão passou a exercer um papel de difusora não apenas na

ideologia do regime, mas também na produção de bens duráveis e não-duráveis. Assim, o

número de televisores foi aumentando cada vez mais e aos poucos a televisão foi se

popularizando e foi nesse período que de acordo com Mattos (2002), a TV deixou de lado o

clima de improviso marcante nos anos cinquenta e adotou padrões de administração norte-

americanos (formato) tornando-se assim cada vez mais profissional.

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Foi nesse período que surgiu uma das maiores emissoras de televisão, a TV Globo,

que no final dos anos sessenta já possuía uma larga audiência devido a sua programação

voltada exclusivamente para as classes mais baixas.

“A Globo também importou novas estratégias comerciais que foram de fundamental importância para seu sucesso. Ela evoluiu da comercialização ‘a moda do rádio’ para técnicas bem mais avançadas, criando patrocínios, vinhetas da passagem, breaks e outras inovações que continuam sendo utilizadas até hoje” (FURTADO, 1988 apud MATTOS, 2002, p. 99).

Já na fase do desenvolvimento tecnológico, as redes de TV se aperfeiçoaram cada vez

mais e começaram a produzir com mais intensidade e profissionalismo os seus próprios

programas, visando até a exportação.

O governo lembrava sempre da responsabilidade da televisão para com a cultura e

desenvolvimento nacional. Ela começou a nacionalizar seus programas, tirando os

“enlatados” americanos que continham muita violência e colocando programas mais amenos.

“Também como resultado das orientações governamentais [...] as grandes redes,

principalmente a Globo, começaram a competir no mercado internacional com a exportação

de novelas e músicas de sua própria produção” (MATTOS, 2002, p.107).

Nessa terceira fase percebe-se que a televisão brasileira já começou a ficar menos

dependente tanto nos aspectos econômico e tecnológico, mas ainda permanecia “presa” à

publicidade, principalmente as das agências publicitárias estrangeiras.

O crescimento da televisão nessa fase pode ser notado, pois de acordo com Mattos

(2002), 55% de um total de 26,4 milhões de residências já estavam equipadas com aparelhos

de TV. A importância do telejornalismo também foi percebida, pois de acordo com uma

pesquisa realizada pelo Ibope em 1980, a qual foram ouvidos cerca de três mil

telespectadores, homens e mulheres, “o telejornalismo era e continua sendo a mais importante

fonte de informação da população” (MATTOS, 2002 apud SOUSA FILHO,1997, p.86).

Nessa terceira fase também foram outorgadas 83 concessões de canais de televisão,

pois em 1977, de acordo com o então diretor do DENTEL, Coronel Idalécio Nogueira, o

governo seria contra o monopólio em televisões, pois haveria queda na qualidade. Assim em

1980 surgiu o Grupo Silvio Santos e, em agosto de 1981, a rede de emissoras de televisão de

Silvio Santos, o SBT – Sistema Brasileiro de Televisão iniciou suas transmissões.

Já na fase de transição e da expansão internacional observa-se o aumento da

competitividade entre as grandes redes, possibilitando assim um grande avanço em direção ao

mercado internacional.

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A televisão nessa fase alcançou ainda uma grande maturidade técnica e empresarial,

tanto que passou pela primeira vez a campanha da primeira eleição presidencial por voto

popular. “Os debates entre os candidatos na televisão atingiram os mais altos índices de

audiência, influindo decisivamente nos resultados” (MATTOS, 2002, p.122). O telespectador,

pela primeira vez, teve a chance de acompanhar todo o processo eleitoral e os debates entre os

candidatos, tudo transmitido ao vivo.

Já na década de noventa, fase da globalização e da TV paga, começou-se a estabelecer

uma base para o surgimento da TV por assinatura, com formato americano. Foi exatamente

nesse período iniciada uma busca por programas também interativos como o “Você Decide”

da Rede Globo.

“Você Decide” estreou em 1992, tornando-se um sucesso imediato, pois o público participava, interferindo, através de votação por telefone ou em praça pública ao microfone da emissora, na escolha do desfecho das polêmicas histórias encenadas. O sucesso foi tanto que a emissora passou a exportar o formato do programa e não o produto acabado (MATTOS, 2002, p. 125).

Podemos perceber a partir dessa fase o aparecimento da interatividade entre o

telespectador e a TV. A importância desse formato faz o público se sentir parte do programa e

assim participar, e, consequentemente, dá audiência, fazendo com que ele se torne um sucesso

e possa até ser comentado no dia seguinte em rodas de conversas.

Foi também nessa época em que se estabeleceram várias emissoras locais “ampliando

as possibilidades de uma maior regionalização e utilização de canais de televisões

alternativas” (MATTOS, 2002, p.126).

Em janeiro de 1995 foi regulamentado o serviço de TV paga no Brasil com a Lei

8.977. A lei da TV a cabo surgiu como uma das mais democráticas e avançadas do mundo,

mas lamentavelmente os vários itens previstos na lei nunca saíram do papel.

Apesar de muita coisa não ter saído do papel no final da década de noventa, o Brasil já

tinha seis operadoras de televisão por assinatura. Entretanto, para empresários do setor, a

estabilização do número de assinante no país que era em torno de 2,9 milhões era pequena

em comparação com outros paises como Estados Unidos em que a TV por assinatura detém

mais mercado do que a própria televisão aberta.

Já na última fase, a da convergência e da qualidade digital, Mattos (2002) nos mostra o

quanto a TV pode ficar cada vez mais interativa, segundo as previsões do vice-presidente da

Microsoft Corporation Robert Herold:

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“Num futuro não muito distante, o cidadão, ao ligar o aparelho de TV, estará automaticamente conectado a todo tipo de informação, como televisão e arquivos de imagens gravadas, podendo acessar através do telefone, com ou sem imagem mensagens que hoje chegam em sua maior parte via Internet” (MATTOS, 2002, p.152).

O Brasil deu os seus primeiros passos rumo a convergência digital em 1999 quando

realmente houve a mudança do sistema analógico para o digital. Os primeiros testes visando a

implantação da TV digital no Brasil ocorreram entre 1999 e 2000.

Com todos esses avanços tecnológicos o Brasil ganhará uma televisão com imagem e

som de alta qualidade. Mas mesmo sendo uma televisão de excelente qualidade, a TV só irá

continuar com o seu espaço e até aumentar o seu público se o conteúdo melhorar com cada

rede de TV assumindo seu papel de comprometimento com a sociedade.

Com a novidade de som e imagem de alta qualidade, a TV também acaba tornando-se

mais interativa, Mattos (2002) ressalta que com “o lançamento de um aparelho para o seu

serviço de televisão interativa [...] que permite ao usuário entrar em chats, navegar na Web e

enviar mensagens enquanto assiste a seu programa favorito de televisão” (MATTOS, 2002,

p.154).

1.2 Os primeiros telejornais

Os telejornais tiveram o seu início juntamente com a inauguração da televisão no

Brasil. O primeiro telejornal Imagens do Dia, foi ao ar um dia após a inauguração oficial da

televisão brasileira, dia 19 de setembro (MATTOS, 2002).

O primeiro telejornal Imagens do Dia, não tinha horário fixo e era colocado ao ar por

volta de vinte e uma horas e trinta minutos. O locutor/apresentador, produtor e redator era

Ruy Rezende, que usava textos copiados do rádio ou então recortados do próprio jornal

impresso (gillete- press)1. Apesar do nome do telejornal remeter a idéia da importância da

presença da imagem, poucos eram as filmagens realizadas especificamente para o telejornal.

A maioria das imagens eram sobras de materiais exibidos no cinema e documentários. Era

comum usar cenas antigas para dar uma notícia que aconteceu há pouco tempo.

No Rio de Janeiro, o primeiro jornal da TV Tupi foi o Telejornal Brahma com a

participação de Luis Jatobá. Já em 1952 surgiu um novo telejornal, o Telenotícias Parnair

1 Essa expressão faz parte do jargão jornalístico, e lembra a idéia de recortar, usando uma lamina de barbear, material jornalístico do jornal impresso para serem lidos pelo locutor.

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veiculado pela TV Tupi/ São Paulo. Esse telejornal tinha duração de vinte minutos, mas

mesmo com o surgimento de todos esses jornais a televisão ainda não conseguia ultrapassar a

rapidez e o ineditismo do rádio.

A televisão, que de início por ser um aparelho muito caro, era quase que exclusividade

da elite, seguia ainda os paradigmas do rádio (MATTOS, 2002), mas com o passar do tempo,

devido às críticas do púbico, o telejornalismo foi seguindo uma linguagem mais coloquial.

“Nos primeiros tempos de telejornalismo, a maioria dos apresentadores tinha

antecedentes teatrais e era frequentemente tratada como uma ferramenta a mais para os

cérebros criativos responsáveis pelo noticiário” (YORKE, 2006, p.245).

No início do telejornalismo tudo era novo para todos os que participavam dessa nova

fase da televisão. Para as pessoas envolvidas tudo era um grande desafio, elas tinham que

aprender fazendo o telejornal, pois naquela época não existiam profissionais que trabalhassem

nessa área.

Os jornais daquela época eram veiculados aos patrocinadores, podemos citar como

exemplo o Ultra Notícias e o Telejornal Pirelle, mas o mais importante na primeira fase do

telejornalismo brasileiro e que não podemos deixar de citar foi o Repórter Esso.

“Há certa confusão na data de estréia do telejornal, em parte porque a Rádio Nacional, que apresentava um noticioso com o mesmo nome, relutou em partilhar o título. Assim o noticioso estréia em 1 de abril de 1952 com o nome de Telejornal Tupi. Um mês depois é rebatizado como Telejornal Esso” (TEMER, 2008, pág. 3)

Na TV Tupi de São Paulo, o Repórter Esso se firmou por bastante tempo no horário

nobre da noite. Seu conteúdo continha notícias nacionais e internacionais, veiculado até por

meio de filmes.

O Repórter Esso representava a típica manifestação do modelo de telejornalismo

apresentado por pessoas que vinham do rádio, pois naquela época os noticiosos eram

redigidos sob a forma de “textos telegráficos” e apresentados com estilo “forte e vibrante”

copiado da locução do rádio (REZENDE, 2000).

Os telejornais também passavam por vários problemas, eles perdiam para o rádio na

questão da instantaneidade. Para se ter uma idéia, por causa da demora para revelação e

montagem dos filmes, as imagens gravadas pelas câmeras de 16 milímetros, demoravam até

doze horas para ficarem prontas e serem divulgadas. Mas com o Repórter Esso a situação

mudou, a ajuda de um anunciante forte e acordos com agências norte-americanas fizeram com

que o uso de matérias ilustradas ficasse mais frequente.

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Em 1960 houve um avanço no telejornalismo, mas não por causa das novidades

tecnológicas, como a chegada de filmes estrangeiros e do videoteipe, e sim devido a uma

grande fase de criatividade e expansão intelectual. Podemos ter como exemplo dessa mudança

o Jornal Vanguarda que introduziu muitas novidades no telejornalismo brasileiro, como “a

participação de jornalistas como produtores e – acontecimentos inéditos – como

apresentadores das notícias cronistas especializados” (REZENDE, 2000, p. 107).

A qualidade jornalística causou um grande impacto devido a grande originalidade de

estrutura e forma de apresentação do Jornal Vanguarda, que obteve um enorme prestígio

nacional e reconhecimento no exterior com o prêmio Ondas, recebido na Espanha, como

melhor telejornal do mundo.

Mas esse enorme prestígio não foi suficiente para o jornal continuar indo ao ar. Ele

ainda resistiu por algum tempo ao golpe militar de 1964, mas com o Ato Institucional nº 5, a

equipe resolveu extingui-lo para que ele não morresse aos poucos.

Apesar do Jornal Vanguarda dar um passo a frente em relação aos telejornais, em

termos de qualidade e formato, os telejornais continuaram com formatos que lembravam o

rádio. Rezende (2000) ressalta algumas críticas feitas em relação aos telejornais da época. De

acordo com o autor, o crítico de TV, Luis Lobo diz que o jornalismo de televisão tem que ser

muito mais que ler um papel em frente às câmeras ou mostrar uma foto que todo mundo já

viu.

Assim, a televisão brasileira terminava a década de 60 alicerçada em três vertentes de

programas de entretenimento de grande apelo popular, como os filmes e séries (a maioria

vinda dos Estados Unidos), novelas e shows de auditório. Percebemos que desde o início da

televisão aqui no Brasil existiu um olhar mais atencioso em relação a esses tipos de programas

de entretenimento, seja porque os telespectadores preferiam programas mais interativos em

que o público poderia assistir ao vivo, no caso dos shows de auditório, ou por esses tipos de

programas serem considerados de caráter mais popular, e assim atrair um número maior de

telespectadores.

Já em relação aos telejornais, no fim da década de 60 foi iniciada uma nova fase para o

telejornalismo, com o surgimento do Jornal Nacional da Rede Globo e o fim do Repórter

Esso da TV Tupi. O Jornal Nacional foi ao ar como uma nova proposta de formato em que

as notícias e comentários eram escritos por redatores selecionados e não era permitida a

utilização da improvisação. A idéia do telejornal era lançar um jornal para que 56 milhões de

brasileiros tivessem algo em comum além do idioma. O telejornal era transmitido de início

para Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Brasília.

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Já a TV Bandeirantes de São Paulo, no início da década de 70, colocou no ar o

telejornal Titulares da Notícia: “O principal atrativo do noticiário era a atuação da dupla

sertaneja Tonico e Tinoco na apresentação de notícias relativas ao interior do estado de São

Paulo” (REZENDE, 2000, p.111).

Mas somente com o telejornal “A Hora da Notícia” que estreou em 1970 na TV

Cultura de São Paulo, foi que o sonho de um jornal dinâmico, inteligente e voltado para a

realidade brasileira se concretizou. “O telejornal dava prioridade ao depoimento popular a

respeito dos problemas da comunidade. Essa mentalidade editorial, conduzida pelo editor do

noticiário, Fernando Pacheco Jordão, teve uma resposta positiva do público, que colocou o

programa como líder na audiência da TV Cultura” (REZENDE, 2000, p. 112).

Vemos já nesse jornal um exemplo claro de interatividade com o público, pois o

telespectador participava do telejornal denunciando, ele mesmo, os problemas que enfrentava

na sua cidade, no seu bairro. Assim a audiência crescia porque as pessoas queriam ver sua

realidade passando no jornal. Assim podemos perceber que a interatividade dos telejornais

não começou agora, e sim é uma idéia que já foi usada e com sucesso pelo editor Fernando

Pacheco Jordão.

A TV Bandeirantes também aderiu a esse formato de telejornal e lançou Os Titulares

da Notícia. O telejornal foi um sucesso, ele dava também vez ao depoimento popular. O

telejornal valorizava o trabalho do repórter atribuindo a tarefa de divulgar as noticias. “[...] o

noticiário ganhava mais credibilidade porque quem estava no vídeo, transmitindo as

informações, não era apenas um locutor, mas alguém que participava diretamente da

cobertura dos acontecimentos” (REZENDE, 2000, p. 113). Assim os telejornais foram aos

poucos mudando sua forma e deixando cada vez mais o antigo formato do rádio que era usado

e criando seu próprio formato. A Globo também investiu em programas que envolviam uma

combinação de entretenimento e jornalismo, um deles foi o Fantástico – o Show da Vida.

A Globo se preocupava também com a estética do programa e com os apresentadores

do telejornal. Era muito importante ter um apresentador competente, de bonita voz e um bom

timbre, pois a emissora também queria atrair o público feminino que assistia às telenovelas.

“Tratava-se de um recurso estratégico para evitar que na passagem da novela para o Jornal

Nacional essa grande faixa de audiência mudasse de canal” (REZENDE, 2000, p. 114).

O primeiro apresentador do Jornal Nacional foi Cid Moreira, que já havia se

destacado em outro telejornal, o Jornal Vanguarda, mas também existiram outros locutores

no Jornal Nacional, todos do sexo masculino. Eram eles Sérgio Chapelin, Marcos Hummel,

Celso Freitas, Carlos Campbel, entre outros.

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Já o telejornalismo da Manchete tinha outras idéias novas e audaciosas. “Inspirada em

experiência de televisão norte-americana e européia, a direção da rede apostou em uma

direção e arriscou-se a colocar duas horas de telejornalismo no horário nobre” (REZENDE,

2000, p. 122). E a idéia deu certo, o Jornal Manchete conseguiu 8 pontos no Ibope (uma

proeza para aquela época) concorrendo com um dos maiores fenômenos de público da

televisão brasileira, a novela Roque Santeiro.

O telejornalismo no SBT também foi avançando e se modernizando com o tempo, mas

a emissora sentia que ela ainda não possuía um telejornal que tivesse “a sua cara”. Era preciso

ter um produto com audiência e credibilidade e que fosse visto desde a dona de casa ao

empresário. E foi no dia 20 de maio de 1991 que o programa Aqui Agora entrou no ar.

“Versão brasileira do originário argentino Nuevediario, o Aqui Agora alem da influencia da

linguagem radiofônica, usava o recurso do plano-sequência para dar mais realismo e suspense

as histórias que narrava” ( REZENDE, 2000, p.131).

O sucesso do programa Aqui Agora foi instantâneo, mas somente em São Paulo. Já no

Rio de Janeiro o programa não alcançava os índices de audiência desejados. Podemos

imaginar que devido ao sucesso de audiência em São Paulo, o programa rendia grandes lucros

a emissora, mas não era o que acontecia. O prestigio popular era igual ao faturamento

publicitário, tanto que o telejornal TJ Brasil tinha o privilegio de ser a segunda maior fonte de

renda do SBT.

1.3 Telejornalismo no Ceará

Os primeiros telejornais colocados no ar aqui no Ceará foram o Repórter Cruzeiro e o

Correio do Ceará, que depois de algum tempo passou a se chamar Repórter Real. Eles

deveriam ir ao ar de segunda a sábado. Desde os primeiros telejornais a preocupação em

informar o fato do jeito que aconteceu sem tomar partido de ninguém, deixando o

telespectador tirar suas próprias conclusões era perceptível.

“O editorial dos Associados insistia no mito da informação imparcial. O lema dos noticiosos da TV Ceará seria informar o máximo, sem comentar nem tomar partido [...] os Associados diziam deixar ao público o julgamento e a interpretação das notícias, razão de terem ganho a simpatia e a confiança dos telespectadores que se habituaram a encontrar nos dois noticiosos de vídeo a informação exata, sem distorções nem sensacionalismo vulgar“ (CARVALHO, 2004, p.56).

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O tempo foi passando e a televisão foi percebendo o seu poder de fogo em relação a

outros meios de comunicação como o rádio noticioso e o próprio jornal impresso, que não

mais conseguia acompanhar a velocidade do telejornal, pois as notícias que eram divulgadas

no telejornal que passava a noite só viriam nos grandes jornais vespertinos O POVO e

Correio do Ceará no dia seguinte. Os slogans deixavam isso bem claro. “Uma análise dos

slogans diz bem dos telejornais. O Repórter Cruzeiro traz hoje a noticia que você lerá

amanha” (CARVALHO, 2004, p.56). Assim o telejornal foi ganhando seu espaço aos poucos

no cotidiano da vida das pessoas.

O Repórter Real que depois, exatamente em julho de 1961, voltaria a se chamar

Correio de Ceará, seria realmente o máximo em informações. Pela estrutura do telejornal

dava para perceber a complexidade e articulação do vasto painel noticioso realizado pelo

jornal. Faziam parte das sessões do telejornal As últimas de Fortaleza, Informes do Interior,

Acontece no Brasil, O Mundo em Face, A Legislação em Ação e A Última Notícia.

Já em abril de 1961 surge um noticioso relâmpago, que tinha no máximo dois minutos

de duração e era transmitido três vezes ao dia. A proposta do noticiário era mostrar as notícias

de última hora, sendo elas curtas e diretas. Batizado com o nome de Noticiário Relâmpago, da

Casa de Máquinas, o maior crediário do Ceará na época. Podemos notar novamente que os

patrocinadores eram importantes para os telejornais tendo em vista que eram eles que

sustentavam suas idas ao ar, mas também saiam ganhando por um lado, suas marcas eram

divulgadas durante os telejornais.

Um dos fatos importantes, que na época foi considerado como digno de registro,

devido aos esforços feitos para que a reportagem fosse exibida no mesmo dia pela TV, foi a

posse do governador de Ceará, Virgílio Távora e do prefeito de Fortaleza, Murilo Borges. Foi

nessa época que Polion Lemos passou a integrar a equipe de reportagem, dando maior

mobilidade as reportagens que seriam exibidas como, por exemplo, o Congresso de

Jornalistas de Canindé, que aconteceu em janeiro de 1963 e a cobertura do carnaval no

mesmo ano.

Em 1963 dois programas jornalísticos marcaram esse ano, eram eles Primeiro Time,

em que se falava de política, sociedade e esporte, no qual o apresentador era Lúcio Brasileiro

e o outro programa era Eles Fazem a Cidade, com realização de Gonzaga Vasconcelos,

Tarcísio Tavares, Lúcio Brasileiro e Lustosa da Costa.

O Departamento de Telejornalismo foi considerado no ano seguinte um modelo de

organização “cuja frente estava Paulo Limaverde, que cedia o Panorama Pan-Americano, [...]

e o Telegrama Britânico, para exibição no canal 2, bem como consertos do lar, desenhos

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animados, filmes educativos (Disney dando conselhos de saúde e higiene) e culturais”

(CARVALHO, 2004, p. 60).

Em maio de 1965 aconteceu o lançamento do telejornal Correio do Ceará que era

transmitido de segunda a sexta, no horário das vinte e uma horas e cinquenta minutos. O

telejornal era composto por uma grande equipe e teve ampla divulgação. O Correio do Ceará

era dividido em internacional apresentado por João Ramos; os enfoques sócio-econômicos

ficaram com Lúcio Brasileiro; a política com Lustosa da Costa, e o panorama policial ficaria a

cargo de Augusto Borges.

O telejornal fez sucesso e sua qualidade foi comentada, tanto que A Tribuna do Rádio

e TV chamou a atenção para a variação de notícias. Para se ter uma idéia da credibilidade do

telejornal, o cinema de Cascavel mudou os horários de exibição de filmes para não chocar

com o horário de exibição do telejornal. Isso mostra o quanto o Correio do Ceará fazia

sucesso naquela época. Logo depois ganharia o patrocínio da Crasa, incorporando ao seu

título o nome do seu patrocinador e se tornando Telejornal Crasa coordenado por Gonzaga

Vasconcelos.

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2. TELEJORNAL E TELESPECTADOR

2.1 A Notícia

Pena (2008) ressalta que de acordo com a revista americana Collier’s Weekley notícia

é definida como “tudo que o público necessita saber, tudo que o público deseja falar” e mais

ainda, que a notícia é a “inteligência exata e oportuna dos acontecimentos, descobertas,

opiniões e assuntos de todas as categorias que interessam aos leitores” (PENA, 2008, p. 71).

Já para Squirra (2004, p 49.) notícia “é o que está acontecendo agora, o que acontece em um

tempo presente, imediato ou o que vai acontecer”, mas para ele notícia também “é o acontece

perto das pessoas alvo da audiência. Entretanto, o que acontece longe também interessa às

pessoas, sobretudo fatos relativos às personalidades, ou ainda às guerras e desgraças ocorridas

em países distantes da população alvo da audiência”. Para Medina (1998) o fato “só é

realmente notícia quando chega às pessoas para as quais tem um ‘interesse noticioso”.

(MEDINA, 1998, p. 34)

Mas para que um acontecimento realmente vire notícia ou não, é necessário haver

noticiabilidade, ou seja, quanto maior o grau de noticiabilidade, maior a chance de o

acontecimento virar notícia.

Essa noticiabilidade é medida pelos valores-notícia cujos critérios são o grau de

importância do fato, das pessoas envolvidas e do interesse do público. Por exemplo, uma

notícia sobre o Presidente da República é mais valorizada do que um acontecimento com um

prefeito ou vereador. Outro critério é a questão da atualidade e da novidade, no qual é

interessante mostrar algo novo em cada reportagem, em cada matéria, ou seja, qualquer

assunto serve desde que tenha mais alguma coisa a ser mostrada e dita do que o público já

sabe. Um outro critério, este importante para TV, é a questão da acessibilidade aos locais e

fontes, pois há a necessidade da imagem, e isso influencia na noticiabilidade, por exemplo, se

está acontecendo um protesto e a equipe de reportagem de alguma TV não chegar a tempo,

essa pauta com certeza irá cair, pois como o repórter vai fazer sua reportagem sem ter mais o

“calor” do protesto, das pessoas reivindicando por algo, o máximo que ele pode conseguir

será o depoimento de algumas pessoas que fizeram parte do protesto. Há também o critério de

serviço e protetividade, este último serve para evitar a divulgação de suicídios. Existe também

o critério relativo à concorrência em que o “furo” tem um valor grandioso, pois aquele meio

estará divulgando algo que nenhuma outro meio de comunicação divulgou ainda.

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Mas apesar de tudo isso é importante ressaltar que a notícia muitas vezes é negociada,

fazendo com que todos esses critérios citados sejam variáveis. Muitas vezes o repórter

negocia a notícia com o editor, que negocia com o diretor de redação, e assim por diante.

Kneipp (2007) ressalta isso revelando que “o critério de seleção de notícia está sempre

sujeito a algumas barreiras, que podem ser internas, de dentro da própria redação, ou externas,

através de elementos que estão fora das redações” (KNEIPP, 2007, P. 119). Essas barreiras

muitas vezes ajudam na hora da escolha da pauta do dia, seja ela de qualquer linha editorial.

Mas afinal quem realmente informa ao jornalista seu trabalho, antes de qualquer coisa,

é preciso fazer a apuração, conversar com os envolvidos, ouvir todos os lados e depois

escrever sobre o fato. Para Bourdieu (1997) os jornalistas são “informados por outros

informantes. Evidentemente há a agências de notícias, as fontes oficiais (ministérios, polícia,

etc) com os quais os jornalistas são obrigados a manter relações de troca muito complexas,

etc” (BOURDIEU, 1997, p. 35).

Já a linguagem da notícia na TV, diferentemente dos outros meios de comunicação, é a

mais simples possível. A linguagem coloquial refere-se a um texto de fácil entendimento, no

qual o telespectador consiga entender tudo, pois a notícia divulgada na TV não se repetirá e

muito menos voltará se o telespectador não entender ou perder alguma parte importante da

notícia. De acordo com Paternostro (1999) a linguagem coloquial é “a linguagem cotidiana

usada entre duas ou mais pessoas. Procure escrever o mais próximo possível de como você

fala. Quando você escreve está contando uma história para alguém” (PATERNOSTRO, 1999,

p.78).

A linguagem coloquial está ligada a algumas características como precisão, concisão,

clareza, simplicidade, exatidão, objetividade e o ritmo. A precisão é quando usamos apenas as

palavras necessárias sem exageros; a concisão é outra característica onde devemos usar frases

com o mínimo de palavras; o uso da clareza é muito importante porque o telespectador não

vai ter a chance novamente para entender o que foi dito na matéria; o texto para a TV deve ser

simples usando palavras em que o maior números de telespectadores que estiverem assistindo

entendam; já a exatidão é usada para que se evite as palavras de sentindo muito amplo. O

correto seria buscar o termo ideal da maneira mais simples e compreensível possível; a

objetividade é outra característica muito importante, pois a história (matéria) tem que possuir

início, meio e fim sem muito rodeios; já o ritmo é usado para que o texto possua um certo

equilíbrio com o uso de frases curtas e pontuação correta para uma melhor compreensão. Mas

também não podemos esquecer da imagem que é tão importante quanto o texto, pois eles têm

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que possuir uma completa harmonia para uma maior compreensão do telespectador. Rezende

(2000) ainda ressalta que

“A linguagem jornalística na TV fundamenta-se em recursos de visualização e utiliza, como elementos acessórios imprescindíveis, os códigos lingüísticos e sonoro. Por esse motivo o redator de telejornais deve economizar os vocábulos, em primeiro lugar, para que as imagens cumpram a sua função e para que a fala não ultrapasse o tempo que corresponde à informação visual” (REZENDE, 2000, p. 78).

Paternostro (1999) ainda afirma que “quando existe uma imagem forte de um

acontecimento,ela leva vantagem sobre as palavras. Ela é suficiente para transmitir, ao mesmo

tempo, informação e emoção” (PATERNOSTRO, 1999, p. 72). Por isso é muito importante

que o jornalista saiba escrever o texto para a TV para que mesmo não se sobreponha sobre a

imagem, pois como dizem, uma imagem vale por mil palavras.

Existem ainda características sobre a TV que os jornalistas devem conhecer para

estarem atentos na hora de escrever um texto para TV. São elas: a informação visual,

imediatismo, alcance, instantaneidade, envolvimento, superficialidade e índice de audiência.

A informação visual é muito importante, pois é ela que vai transmitir a mensagem

independentemente do tipo de idioma do telespectador. A TV mostra a informação através da

imagem e faz com que a notícia seja passada e amplie o conhecimento do telespectador.

Já o imediatismo é muito usado pela TV, pois ele mostra o fato e a informação, no

momento exato em que está acontecendo através da imagem. O imediatismo existe nos dias

atuais graças a TV que tem hoje “uma agilidade muito grande, porque o aparato técnico para

uma transmissão está muito simplificado” (PATERNOSTRO, 1999, p.64).

Outra característica é o alcance que a notícia tem por conseguir chegar a todos os

lugares e classes sociais através da TV. “o jornalismo de TV tem, portanto, que considerar

como vai tratar uma notícia, já que ela pode ser ‘vista’ e ‘ouvida’ de várias maneiras

diferentes” (PATERNOSTRO, 1999, p.64).

Já a instantaneidade se refere a mensagem ser instantânea na TV, pois “ela é ‘captada’

de uma só vez no momento exato em que é emitida” (PATERNOSTRO, 1999, p.64). Nesse

caso é importante ressaltar que o texto e a imagem têm que estar bem casados, pois se o

telespectador não entender ou perder alguma parte da notícia veiculada será difícil seu

entendimento sobre ao assunto abordado, pois não tem como “voltar atrás e ver de novo”.

A característica do envolvimento está relacionado mais com o telespectador que assiste

ao telejornal todos os dias, por exemplo. Apesar de não existir um padrão de linguagem

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televisiva, nos telejornais existe uma maneira mais pessoal e de contar a notícia, além da

familiaridade que o telespectador cria em relação aos apresentadores e repórteres.

Já a superficialidade está relacionada ao rítmo que a TV possui, pois devido a esse

ritmo acelerado a TV provoca uma superficialidade nas matérias que vão ao ar. “Os custos

com as transmissões, os compromissos comerciais e a briga pela audiência impedem o

aprofundamento e análise da notícia no telejornal diário” (PATERNOSTRO, 1999, p. 65). Por

isso a linguagem tem que ser a mais clara e objetiva possível proporcionando para o

telespectador a compreensão rápida do fato noticiado.

O índice de audiência é usado para medir o interesse do telespectador em relação ao

telejornal. “O índice de audiência interfere de modo direto, a ponto de a emissora se

posicionar dentro de padrões (trilhos) que são os resultados de aceitação por parte do público-

telespectador.” (PATERNOSTRO, 1999, p.65).

2.1.1 O lead e a pirâmide invertida

Já que tivemos uma breve idéia de como um acontecimento se torna notícia e sobre o

tipo de linguagem para TV, é importante também sabermos como deve ser feita essa notícia

para somente depois ser transmitida ao telespectador.

Antes da chegada do lead (resumo da história) aqui no Brasil, trazido pelo jornalista

Pompeu de Souza, as notícias eram apresentadas de maneira diferente.

“Antes de ir ao verdadeiro assunto da matéria, os textos faziam longas digressões relacionando-a com a linha de pensamento do veiculo [...] Era muito comum que um jornal oposicionista, por exemplo, utilizasse os primeiros parágrafos da narrativa sobre um assassinato para criticar a política de segurança do governo. Só na metade do texto é que o leitor descobriria quem foi assassinado e qual o local do crime. Não havia objetividade ou imparcialidade.” (PENA, 2008, p. 41)

Para Pena (2008) “o lead nada mais é do que o relato sintético do acontecimento logo

no começo do texto, respondendo as perguntas básicas do leitor: o quê, quem, como, onde,

quando e por quê.” (PENA, 2008, p.42). Essas perguntas são importantes para que o jornalista

consiga passar para o leitor as principais informações para que o texto fique “enxuto”, mas ao

mesmo tempo seja rico em informações.

Mas além dessas seis perguntas que devem ser respondidas, Pena (2008) revela que

segundo o professor e jornalista João de Deus, não são seis as perguntas do lead e sim nove,

são elas: quem fez? o quê? a quem? quando? por quê? para quê? onde? como? com que

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desdobramentos? Pois cada vez mais é cobrado dos jornalistas precisão e informações

completas, não esquecendo de deixar de lado a objetividade. Para realmente construir um lead

é necessário que os dados que são apresentados no decorrer do texto formem uma linha de

articulação que faz o leitor ir até o final do texto sem convite à pausa.

O lead exerce uma série de funções no relato do texto. São elas: “oferecer o contexto

em que ocorreu o evento, provocar no leitor o desejo de ler o restante da matéria, articular de

forma racional os diversos elementos constitutivos do acontecimento e resumir a história da

forma mais compacta possível sem perder a articulação” (PENA, 2008, p. 43), entre outros.

Há algumas variações estilísticas dos leads que foram sistematizados por João de

Deus, como por exemplo, o clássico, o de citação, o circunstancial, o clichê, o conceitual, o

cronológico, o de apelo direto, o de contraste, o descritivo, o de enumeração, o dramático, o

interrogativo, o rememorativo, adversativo, explicativo, entre outros.

O clássico é aquele que apresenta todos os elementos fundamentais, mas não há

preocupação com a hierarquização da ordem de importância dos fatos. Isso faz com que o

leitor não fique envolvido completamente com a notícia a fim de ler até o final.

O de citação é aquele lead que geralmente é iniciado com uma citação de destaque de

um dos personagens que chame a atenção e faça o leitor ter interesse de ler a notícia até o

final. Depois da citação são usados todos os elementos constitutivos para a formação da

matéria.

O circunstancial é o lead iniciado com a divulgação de um elemento original que

justifique a prioridade de iniciar o discurso, por exemplo, “Vascaíno desde criança, Vanderlei

de Oliveira se surpreendeu, ontem, ao levar a esposa para o Maracanã” (PENA, 2008, p.44).

Outra variação de lead é o clichê considerado um ditado ou um chavão ao qual se dá

início a matéria, mas o ditado ou chavão tem que estar associados com os fatos que se

apresentaram posteriormente. Às vezes é confundido com o lead de citação, mas não deve ser,

pois o de citação apresenta expressões utilizadas por um dos personagens do fato que foi

divulgado.

O conceitual é aquele lead que utiliza a idéia de uma definição, para assim conseguir

atrair a atenção do público leitor e fazer ele se interessar pela notícia, fazendo com que ele

leia até o final. Esse tipo de lead costuma ser utilizado em matérias que exatamente a notícia

relativa a nova acepção, por exemplo, “Garanhão é o nome de cavalo destinado a reprodução

e apelido aplicado a indivíduos que tem na atividade sexual performance acima de média

(PENA, 2008, p. 45).

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Já o cronológico é a variação de lead em que o jornalista coloca em ordem os dados na

sequência em que eles aconteceram, ou seja, do mais remoto ao mais atual. Essa variação

geralmente é adotada quando o jornalista percebe que a ordem cronológica dos fatos terá mais

impacto.

O de apelo direto procura envolver o leitor de modo que o fato em destaque tenha a

possibilidade de interessá-lo a tal ponto que ele leia a matéria até o final. Uma característica

bem comum dessa variação de lead é o tratamento individualizado que o jornalista usa para

chamar a atenção do leitor, por exemplo, “Você vai notar amanhã, siga o conselho do

presidente do Tribunal Eleitoral, dr João Marcelo Assafim: leve seus documentos de

identificação pessoal...” (PENA, 2008, p.48).

O de contraste é a variação em que o texto inicia-se “por proposição ou pensamento

relativamente vago e que, na essência, contrastam com o ‘clima’ da informação da notícia”

(PENA, 2008, p.46). Esse tipo de lead faz com que o leitor reflita sobre a notícia abordada

logo no início da matéria.

O descritivo inicia o lead de forma que o leitor consiga através da descrição logo nas

primeiras linhas da matéria, imaginar o local onde aconteceu o fato e os personagens que

serão narrados na história. Trata-se de “prender” o leitor na percepção e pelos seus sentidos,

principalmente o visual.

O de enumeração geralmente utiliza-se de “uma lista ou seqüência de condições,

hipóteses ou consequências (que tenham peso no acontecimento a ser relatado) inicia a

matéria, assim, abruptamente. [...] ‘Coroas de flores rostos tristes e muitas lágrimas sinalizam

a dor da morte de Ayrton Senna [...]” (PENA, 2008, p.46).

No dramático o leitor geralmente tem a idéia de que está lendo um conto, pois essa

variação cria um suspense para o inesperado desfecho que vem na maioria das vezes já no

sublide.

A variação do tipo lead, o interrogativo inicia-se geralmente com uma questão em que

remeta o leitor a instância da curiosidade, na maioria das vezes é uma questão perturbadora e

sem solução imediata. Por exemplo, “Sambista loura, de olhos azuis e pele européia pode

representar o Brasil no Festival Internacional do Carnaval em Veneza?” (PENA, 2008, p.46).

O rememorativo é aquele tipo de lead em que o texto se inicia com dados antigos,

antecedendo assim os elementos mais recentes. Esse tipo de lead é utilizado na cobertura de

um acontecimento mais duradouro em que um fato novo fez com que fosse necessário

primeiro relembrar ao leitor os fotos anteriormente divulgados.

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O adversativo é a variação de lead mais usada quando se quer fazer menção a uma

expectativa que não foi realizada. O exemplo mais comum para se perceber esse tipo de

variação é o termo “apesar de”. Por exemplo, “Apesar da expectativa de classificação para os

jogos Pan-americanos, em razão dos seus títulos mais recentes, o halterofilista Joel Farias foi

afastado...” (PENA, 2008, p. 47).

O explicativo geralmente é usado quando o lead inicia-se com uma justificativa, com

função de explicar em que contexto o fato. Essa variação tem uma função praticamente

didática para o leitor entender melhor o fato em questão.

Existe ainda o sublide, criado pelo jornalista Pompeu de Souza, que o define quando

existe algum elemento essencial que foi deslocado para o segundo parágrafo, seja pela forma

estratégica que o jornalista usou para separar dados essenciais para administrar o impacto, ou

devido à complexidade dos dados para serem resumidos no primeiro parágrafo.

Além do lead há também outro tipo de estrutura narrativa chamada de “pirâmide

invertida”. Esse termo foi associado à idéia das pirâmides egípcias, na qual na base dessas

pirâmides eram colocados os objetos de valor e as riquezas pessoais dos faraós. No jornalismo

a pirâmide é “invertida” porque a base não fica no sopé e sim no topo, ou seja, os elementos

de maior importância vêm primeiro, depois vêm os de menor importância. Também há relatos

que a estratégia da “pirâmide invertida” surgiu em abril de 1861 em um jornal de New York e

pouco tempo depois passou a ser utilizado pelas agências de notícias e assim essa estrutura

narrativa se espalhou por todo o planeta.

A pirâmide invertida consiste em um relato que não prioriza a seqüência cronológica

dos fatos e sim coloca em ordem decrescente os elementos mais importantes, os essenciais, e

termina o texto com aqueles elementos de menor apelo, e que se fosse necessário daria para

retirar do texto sem nenhum problema.

De acordo com Junior (1999) que afirma que “para alguns estudiosos como José

Francisco Sánchez a pirâmide invertida virou um texto homogêneo por pura imitação ou mera

comodidade”, pois para que seria necessário mudar um texto já pronto que vinha das agências

de notícias. Mas há também outras justificativas para a proliferação dessa estrutura narrativa

entre elas “o estímulo à imparcialidade, atenção aos fatos, mais informação em menos

espaço” (JUNIOR, 1999, P.119).

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2.2 A participação do telespectador no telejornal

Rezende (2000) explica uma nova tendência da participação do telespectador no

telejornalismo “[...] na recepção e divulgação de uma cobertura jornalística, a televisão

propicia uma participação instantânea, que, por si só, constitui-se num elemento de

inestimável poder de mobilização” (REZENDE,2000, p.73). De acordo com Squirra (2004)

“o público da informação deseja sempre que possível, saber o que se passa no lugar onde

vive, no seu país e também no resto do mundo” (SQUIRRA, 2004, p.48).

O jornal é um intermediário importante entre o público e a notícia, pois a informação

recebida pelo jornal é analisada, interpretada e tem que ser passada para o público da melhor

forma possível, sendo direta, clara e objetiva. É o que Kunczik (2002) ressalta. “... e a tarefa

dos jornalistas é facilitar a mútua comunicação entre os diferentes grupos da sociedade.

Atribui-se aos meios de comunicação a função precípua de facilitar a comunicação entre todos

os grupos...” (KUNCZIK, 2002, p.100). Já Bourdieu (1997) afirma que “os jornalistas têm

‘óculos’ especiais a partir dos quais veem certas coisas e não outras; e veem de certa maneira

as coisas que veem. Eles operam uma seleção e uma construção do que é selecionado

(BOURDIEU, 1997, p.25).

A TV Verdes Mares foi inaugurada em 31 de janeiro de 1970 com sede em Fortaleza.

Devido à sua qualidade de transmissão e programação, quatro anos após a inauguração ela se

tornou uma das afiliadas da Rede Globo e há trinta e oito anos é líder absoluta de audiência,

atingindo 118 municípios do Ceará e alguns Estados vizinhos.

A emissora transmite desde março de 2009 um novo formato de telejornal, o CETV

(substituto do Jornal do 10 e Jornal do Meio Dia) que possui duas edições apresentadas de

segunda a sábado. O CETV 1° edição que começa ao meio dia e meia e a 2° edição às

dezenove horas, horários destinados aos telejornais locais. Esse novo formato do telejornal

busca facilitar a comunicação para todos os grupos, fazendo com que o telespectador interaja

com a sociedade.

A produção do programa decidiu fazer do telespectador o personagem principal da

notícia por ser ao mesmo tempo, fonte e receptor da mesma. Com essa preocupação de estar

mais voltado para a sociedade, o telejornal utiliza uma linguagem mais leve, pois “se a

mensagem não atingir o receptor, nada adiantou enviá-la. Um dos pontos de maior

importância na teoria da comunicação é a preocupação com a pessoa que está na outra ponta

da cadeia de comunicação: o receptor” (BERLO, 1999, p. 53).

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E fazendo isso é que a TV consegue um maior envolvimento com o público

telespectador.

“Eles - os atores sociais – estão enlaçados por interesses comuns e formam uma grande comunidade. E é dela que a TV precisa extrair a substância que lhe garante viver; é da comunidade que sai o tônico capaz de lhe assegurar a supremacia que tanto persegue” (FLAUSINO, 2002, p. 3 - 4).

De acordo com Flausino (2002), a TV precisa sim dos “atores sociais” para conseguir

se informar e informar o telespectador. Na realidade, podemos considerar que a TV

(telejornal) e o público fazem uma troca. O público denuncia os problemas e o jornal informa

para a comunidade e para os responsáveis ( que também fazem parte dessa comunidade), para

que haja uma solução dos problemas.

Mas todo esse tipo de jornalismo mais voltado para a sociedade também possui um

caráter comercial, “a empresa sabe que é atrás dessa relação estreita com a comunidade que

reside a audiência refletida em seus programas, e também, o anunciante” (BAZI, 2001 apud

VIZEU, 2008 p.99).

O jornal CE TV não é o único jornal local que esta dando mais espaço para os

problemas sociais. Essa estrutura já existe há algum tempo e outros jornais também fazem uso

dela. “No Rio de Janeiro, por exemplo, a rede Globo exibe na Capital, um jornal local [...]

discutindo e buscando soluções para problemas enfrentados pelos moradores (que telefonam

ou enviam e-mails para a emissora propondo pautas), além dos eventos culturais (CABRAL,

2006, p.3).

Podemos notar também essas mudanças em outros jornais como o Jornal Nacional,

que já fez até reportagens através de sugestões de pautas enviadas por telespectadores. De

acordo com Azevedo (2004) “em alguns momentos, o Jornal Nacional se permite projetar o

retrato do cotidiano das camadas mais empobrecidas da população brasileira, [...] para atender

aos anseios da sociedade civil.” Isso mostra que não é apenas o jornal local que tem que

possuir essa interatividade com o público, um jornal que é nacional também pode fazer uso

dessa ferramenta tão importante.

É interessante saber a diferença entre jornal local e regional para uma melhor

compreensão. De acordo com Vizeu (2008), o telejornal local é aquele que é produzido na

mesma área de emissão do canal, enquanto que o telejornal regional seria aquele produzido

em parte da área de penetração do canal, mas cujo material se destina a uma mesma região

geocultural. Assim podemos dizer que o telejornal CETV é um telejornal regional, pois além

de cobrir os fatos da Capital cearense, também consegue cobrir notícias do interior como

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Crato, Juazeiro do Norte, Jaguaribe, Cedro e etc. Mesmo assim é possível realizar um

telejornal interativo, apesar do público da capital possuir muito mais interatividade com o

telejornal em relação ao do interior.

Mais importante que a interatividade é a notícia que é transmitida no telejornal, sendo

que “a missão do repórter é captar a realidade objetiva com a maior amplitude e precisão

possíveis, narrá-la com fidelidade, de tal forma que o leitor receba a mais cabal informação

sobre o fato” (MEDINA, 1998, p. 20). Só assim o telespectador ficará informado do que

realmente está acontecendo no seu bairro, na sua cidade.

Percebemos o quanto é importante o interesse e participação do público em um

telejornal, seja ele local ou regional como é o caso do CETV.

Amorim (2009) revela que de acordo com Bordenave (1982) existem duas categorias

de participação no telejornalismo, a institucionalizada, em que as participações são

voluntárias e provocadas, e a factual em que está presente a participação concedida e

espontânea. Assim podemos dizer que existem os telespectadores (considerados passivos) que

antes apenas faziam parte (participação involuntária, ou seja, ele não tinha a intenção de

participar), por exemplo, em um acidente grave de carro as vítimas não têm a intenção de

participar do telejornal, mas elas estão presentes devido ao acidente. Já quando a participação

for de maneira voluntária, ou seja, o telespectador tendo a intenção de participar, ele será

considerado ativo, deste modo ele é convidado a ser parte na produção jornalística. Assim,

“ao ter parte ele adquire o direito de participar de determinado produto noticioso, ao dar o

direito de veiculação à emissora da imagem que ele forneceu” (AMORIM, 2009, p. 9).

Silva (2000) comenta sobre isso dizendo:

“De consumidor passivo que era, ele pode se tornar ativo, na medida em que os meios dessa atividade estarão ao alcance de sua mão. [...] Daqui a dez anos vai parecer completamente absurdo ter um aparelho de TV em casa pelo qual você não pode transmitir nada, apenas receber" (SILVA, 2000, p.5).

É importante destacar que os telejornais estão passando por uma mudança

significativa. A população tem mais espaço e voz para falar dos seus problemas. Agora, além

de ser personagem principal, o telespectador interage com o jornal fazendo denúncias,

indicando pautas, ou seja, participando ativamente do jornal. Curado (2002) esclarece que “a

qualidade da informação e sua exaustiva preparação e cuidadosa apresentação não bastam

para garantir adesão da audiência. A forma como ela é transmitida pode ser decisiva”

(CURADO, 2002, p.63).

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Como a própria autora ressalta, é importante o modo como a notícia é transmitida. A

maioria das matérias tem o enfoque voltado para a população. Um exemplo disso é a

existência de um quadro chamado “Meu Bairro na TV” em que o jornal é apresentado ao vivo

do próprio bairro. Semanalmente três bairros são enfocados mostrando seus problemas,

dificuldades, história, programas sociais, entre outros assuntos. Podemos notar a participação

ativa da população mostrando o seu bairro, seu cotidiano, enquadrando-se no formato de

jornalismo comunitário. Há também a existência de outro quadro chamado “Você no CETV”

em que o telespectador tem o seu espaço para mandar sugestões de pautas, vídeos e fotos de

problemas ou algo que ele achou interessante na cidade ou até mesmo no seu bairro.

Esse novo formato de fazer notícia incentiva à participação do telespectador que,

sentindo-se alvo das atenções, passa a assistir ao telejornal com mais atenção, participando de

enquetes, enviando sugestões, fazendo denúncias através de fotos para a produção do

telejornal. Isso estabelece um elo de interatividade com a redação do telejornal. Essa nova

forma de jornalismo nos mostra que o telespectador está preocupado com os problemas do seu

bairro e de sua cidade e que quer soluções para ter uma vida melhor. Podemos ver que essa

interação acontece por meio do site do próprio telejornal.

Fonte: Espaço no site do telejornal CETV para os telespectadores enviarem fotos e vídeos.

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Quando se aborda qualquer tipo de participação do cidadão na prática jornalística,

chamamos de jornalismo cidadão. É essa a expressão que tem prevalecido aqui e fora do

Brasil, como por exemplo, periodismo ciudadano, em espanhol e citizen journalism, em

inglês. Mas não podemos confundir essa denominação com jornalismo cívico ou público,

“movimento fundado pelo professor norte-americano Jay Rosen, no fim da década de 80, que

compreende o jornalismo como instrumento de reforço da cidadania” (AMORIM, 2009, p. 4).

Não podemos fazer também confusão em relação à nomenclatura jornalismo comunitário que

de acordo com Pena (2008) “é uma das formas mais factíveis de democratizar o acesso à

informação” (PENA, 2008, p. 184).

A diferença do termo jornalismo participativo (cidadão) para os outros já ditos é que

nesse tipo de jornalismo, as pessoas, telespectadores, são leigas no campo jornalístico, mas

participam. “Não se trata do cidadão fazendo jornalismo, como sugere a nomenclatura

‘jornalismo cidadão’, mas sim de pessoas leigas, que por meio de envio de insumos,

sobretudo imagens de interesse jornalístico, participam da construção em materiais

noticiosos” (AMORIM, 2009, p. 4).

É importante ressaltar que os materiais que os telespectadores enviam para as redações

de jornalismo são analisados por repórteres e se tiver interesse noticioso vão ao ar, ou seja,

existe um tipo de peneira nas redações para que não sejam passadas informações falsas ou

contraditórias para que o telejornal não perca sua credibilidade diante de seus telespectadores.

2.3 A questão da Interatividade

“O conceito de interatividade vem sendo amplamente utilizado nos principais meios

de comunicação, seja como atrativo ou objeto de estudo e desejo de aplicação” (SOUZA,

2007, p.38).

Podemos ter várias definições para interatividade, Souza (2007) em seu trabalho,

revela que “Vizeu ao definir as características de um discurso, acredita que toda enunciação

possui em si uma interatividade constitutiva (dialogismo), uma troca explicita ou implícita

com outros enunciadores reais ou virtuais.” (VIZEU, 2005 apud SOUZA, 2007, p. 38).

Já Lévy (1999) entende que “o termo ‘interatividade’ em geral ressalta a participação

ativa do beneficiário de uma transação de informação. De fato, seria trivial mostrar um

receptor de informação, a menos que esteja morto, nunca é passivo” (LÉVY, 1999, p. 79).

Lévy (1999) nesse texto quis mostrar que o termo interatividade dá uma idéia de participação

ativa entre os beneficiários da informação e que para ele não existe receptor passivo, a menos

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que ele esteja morto, pois mesmo não participando de maneira direta, o receptor que está

sentado em seu sofá assistindo TV está decodificando, interpretando, participando da

informação transmitida. O receptor mobiliza o seu sistema nervoso de muitas maneiras

diferentes e sempre de forma diferente do seu vizinho, assim mesmo não interagindo de forma

direta, ele interage de outras maneiras mais sutis.

O público sempre buscou essa interação com a TV, seja por cartas, por telefone, e-

mail, etc, mas a televisão só começou a incorporar nesse discurso interativo, de troca de

informações, na década de 90. Temos como exemplo, um programa exibido pela Rede Globo

chamado Você Decide, no qual era passada uma história e o público (telespectador) teria que

optar por meio de ligações por um dos dois finais oferecidos pelo programa. O desfecho da

história que obtivesse o maior número de ligações, ou seja, o escolhido pelo público era

exibido no final do programa.

Esse processo de escolha que o programa adotou faz com que o telespectador não só

participasse, mas assistisse ao final escolhido pela maioria, fazendo assim com que houvesse

interação com o programa.

Outro programa que possui interatividade é o Intercine, também da Rede Globo, no

qual a emissora seleciona dois filmes um pouco antes do começo do programa e nos

intervalos do programa anterior ao Intercine pede para o telespectador ligar votando no filme

que deseja assistir. O que possuir maior número de votos será transmitido pela TV. Esses

tipos de interatividade fazem com que o telespectador fique mais próximo da emissora e se

sinta importante por poder escolher o que será passado no canal de televisão. Essa foi uma

boa idéia, pois além da interação que o telespectador está tendo, a emissora também consegue

um aumento no índice de audiência porque o filme que passará será o escolhido pelo próprio

telespectador que já fica aguardando o resultado da votação e, por consequência, o filme mais

votado. Mas deixemos claro que a emissora apenas quis passar um idéia de interatividade para

o telespectador, pois se realmente existisse esse tipo de interatividade (o telespectador

escolher o filme que deseja assistir), a emissora deixaria a cargo do telespectador a escolha do

filme não dando opções para que o telespectador optasse e sim deixando ele escolher qualquer

filme que desejasse assistir.

A TV sendo mais interativa faz com que o telespectador se transforme também, pois

quando a televisão passa a utilizar outras mídias para ter uma maior interação com o público,

faz com que o telespectador use outros sentidos para fazer parte dessa interação também. “Um

exemplo que podemos citar é a internet. Para entrar em contato com um programa, através

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desse veículo, passamos a utilizar além da visão e da audição, o tato e a sinestesia (sentido

interno dos movimentos do corpo)” (SOUZA, 2007, p. 41).

Devido a emergência das novas tecnologias de comunicação, os programas interativos

de multimídia tiveram um salto significativo. Assim entendendo-se por multimídia a

convergência de diversos meios tecnológicos, podemos dizer que o uso mais frequente da

interatividade faz com que haja mais meios de multimídia para que o público possa interagir

cada vez mais. Silva (2009) cita isso em acordo com Kapelian (1998):

“Até hoje tivemos muitos produtos com a estrutura de árvore, o multimídia linear, que reproduz um livro, que apenas conta histórias. Este tipo de estrutura já esta ultrapassada. No presente só se pode adquirir (receber) a informação, o saber. A grande evolução é ter a experiência, o que é diferente de ter (receber) a informação. O próximo passo da criação será o conhecimento, a participação na elaboração do conteúdo, em sistemas que são muito abertos, o que dará a oportunidade de o usuário ter sua própria experiência de conteúdo, única. Hoje você pode escolher um caminho entre os possíveis, mas são sempre os mesmos caminhos” (KAPELIAN, 1998 apud SILVA, 2009, p. 43).

Kapelian (1998) quando fala que a estrutura já esta ultrapassada, quer dizer que o

receptor não só recebe a mensagem, não tem só o “saber”, mas a grande diferença, evolução,

é que ele está participando do processo de criação da mensagem. Ou seja, além do saber que

ele já recebia, agora, ele está também tendo o conhecimento e assim participando da

elaboração da mensagem a ser transmitida. Esse tipo de conhecimento é único para o usuário,

pois cada vez que ele participar da elaboração da mensagem, terá uma experiência diferente e

única.

Os telejornais, percebendo o sucesso nesse novo tipo de formato dos programas, no

qual a interatividade prevalece, já começam a criar ferramentas que possibilitam ao

telespectador também interagir com o telejornal. Um exemplo disso são as páginas de internet

dos próprios telejornais onde estão disponíveis as notícias que foram ao ar, nas edições

anteriores e a do próprio dia (ao término do telejornal) bem como um espaço para o

telespectador enviar suas sugestões de pauta, denúncias, e-mails e etc. É uma forma do

telejornal conseguir se aproximar mais do telespectador e conhecer melhor o perfil de público

que assiste ao seu jornal, para assim conseguir editar os tipos de notícias em que o público

daquele horário tem mais interesse. Isso vai fazer com que o telejornal tenha um aumento na

audiência, pois se são colocadas matérias que o telespectador se interessa ( não podemos

esquecer a notícia tem que ter interesse público), consequentemente mais pessoas irão assistir

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ao telejornal naquele horário. “Os jornais e também outros meios não escolhem o seu público,

ainda que procurem atingi-lo e adaptar-se a ele” (AZEVEDO, 2004, p. 70).

Rodrigues (2008) acrescenta ainda que “na maioria das vezes, os expectadores

(telespectadores) veem suas próprias histórias sendo retratadas pela mídia e isso torna-os

significativos para a sociedade como seres integrantes de um ‘processo histórico’”

(RODRIGUES, 2008, p. 4-5). Assim os telespectadores com esse sentimento de importância

assistem aos telejornais com mais atenção e assiduamente.

Não podemos esquecer de registrar que a questão dos telejornais utilizarem as

ferramentas da interatividade foi iniciativa do canal por assinatura GloboNews que estreou no

ar no dia 15 de outubro de 1996. Este foi o primeiro canal brasileiro a oferecer, por vinte e

quatro horas ininterruptas, interatividade, permitindo que o telespectador fizesse ações que

antes não podiam como, por exemplo, o telespectador poderia acessar a hora que desejasse as

edições do Em Cima da Hora (jornal transmitido a cada hora cheia, com vinte e cinco minutos

de notícias do Brasil e do mundo, sempre ao vivo, com vinte e duas edições a cada vinte e

quatro horas), a grade do canal e destaques da programação, além de informações do site

GloboNews.com. O assinante também tinha acesso à consulta de notícias do plantão e da

editoria de esportes do site. “Atualmente, por controle remoto, o assinante pode verificar

quais matérias possuem um ícone que indica o conteúdo interativo, dividir a tela da TV e

navegar pelas informações que desejar, ao mesmo tempo em que assiste à programação

exibida no canal” (SOUZA, 2007, p. 43-44).

Para que o assinante disponha de toda essa interatividade é necessário que esteja

acoplado ao aparelho de televisão um aparelho que a cada cinco minutos envia informações

para o aparelho para ele enviar para televisão. Mas o usuário ainda é obrigado a navegar por

opções impostas pelo aparelho e que é incapaz de transmitir de volta qualquer dado pra a TV.

Podemos notar assim que essa interatividade tinha apenas um sentido, ou seja, a TV

disponibilizava mais opções para o usuário ter mais acesso à informações que antes ele não

tinha, mas o telespectador não poderia enviar nenhuma informação ou sugestão para a TV,

assim podemos concluir que não havia uma real interatividade entre a TV e o telespectador.

Silva (2009) revela que Marchant (1986) acredita que a introdução da interatividade

coloca em questão o esquema clássico da comunicação (emissor- mensagem- receptor). Com

a interatividade esse formato muda, pois o emissor, o receptor e a mensagem mudam de

natureza e ordem.

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“O emissor não emite mais no sentido que se entende habitualmente. Ele não propõe mais uma mensagem fechada, ao contrario oferece um leque de possibilidades, que ele coloca no mesmo nível, conferindo a elas um mesmo valor e um mesmo estatuto. O receptor não está mais em posição de recepção clássica. A mensagem só toma todo o seu significado sob a sua intervenção. Ele se torna de certa maneira criador. Enfim a mensagem que agora pode ser recomposta, reorganizada, modificada em permanência sob o impacto cruzado das intervenções do receptor e dos ditames do sistema, perde o seu estatuto de mensagem ‘emitida’. Assim, parece claramente que o esquema clássico da informação que se baseava numa ligação unilateral emissor- mensagem- receptor, se acha mal colocado em situação de interatividade. Em outros termos, quando dissimulado atrás do sistema, o emissor dá a vez ao receptor a fim de que este intervenha no conteúdo da mensagem para deformá-lo, deslocá-lo, nós nos encontramos em uma situação de comunicação nova que os conceitos clássicos não permitem mais descrever de maneira pertinente” (MARCHAND, 1986 apud SILVA, 2009, p. 2).

Como o próprio Marchand (1986) revela, o emissor e o receptor agora não possuem

mais uma única tarefa, ou seja, o emissor não vai só emitir a mensagem e o receptor não vai

só receber. Agora com o uso da interatividade o emissor torna-se também receptor e o

receptor torna-se emissor. Isso acontece devido ao emissor começar a também receber

mensagens, não somente enviá-las, como fazia antes, e o receptor não irá só recebê-las. Ele

vai começar a também enviar, vai virar criador. Na verdade o que vai acontecer é que o

esquema clássico que antes era composto apenas por emissor- mensagem- receptor tinha

apenas um sentido, ou seja, o emissor sempre enviava a mensagem para o receptor, mas com a

interatividade o receptor não irá somente receber a mensagem, ele também enviará mensagem

para o emissor fazendo com que haja assim um ciclo em que emissor e receptor tenham a

possibilidade de enviar mensagens um para o outro. “De consumidor passivo que era, a

despeito do trabalho importante feito pelas associações de consumidor para torná-lo mais

avisado, portanto mais exigente, ele pode se tornar ativo, na medida em que os meios dessa

atividade estarão ao alcance de sua mão” (MARCHAND, 1986 apud SILVA, 2009, p. 2).

Souza (2009) cita Toledo (2004) que, em sua tese de mestrado, explica essa mudança

de percepção em relação ao receptor e emissor, a partir da classificação proposta por Lévy

(1999) que divide em grupos a relação que existe entre os participantes da comunicação. São

elas: um-todos, um-um e todos-todos.

Os meios de comunicação que abrangem um maior público, como por exemplo, o

rádio e a televisão estão no grupo um-todos, em que o emissor (no caso a televisão ou o rádio)

envia mensagens para um número bastante expressivo de receptores que estão “passivos” e

“dispersos”, pois eles não interagem de forma “ativa”, apenas recebem a mensagem.

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Já por exemplo, o telefone está dentro do grupo um-um, pois ele permite uma relação

igual para ambos os lados, Nesse grupo podemos considerar uma relação ponto a ponto, no

qual os lados tem igual participação na comunicação.

Já no grupo todos-todos, podemos colocar como meio de comunicação a internet que

consegue fazer com que todos os usuários se relacionem com todos os outros numa relação

em que todos os lados tem o mesmo poder de comunicação.

Souza (2009) ainda explica que Toledo (2004) revela que por causa da interatividade

um novo grupo surge, o grupo um-todos. Isso acontece quando um grande número de

telespectadores assistem a um programa de TV no qual podem interagir por meio de

telefonemas ou e-mails enviando mensagens para um centro emissor ( no caso o programa de

TV). Mas essa comunicação só existe devido ao grupo um-um e todos-todos. Exemplos do

grupo um-todos, podem ser os programas já citados anteriormente como Você Decide e

Intercine. Há programas de entrevistas com o da Marília Gabriela, no canal GNT, no qual ela

divide suas perguntas com outras enviadas por e-mail dos telespectadores. Essas perguntas

são escolhidas e passam por um critério de seleção que vai de acordo com os tipos de questões

que a apresentadora irá fazer no decorrer do programa.

É isso que Silva (2000) esclarece, pois são os gestores (editores) que fazem a seleção

do conteúdo que os telespectadores enviam e decidem o que vai ou não ao ar. “As respostas

dos receptores, a resposta dos públicos são selecionadas pelos gestores da comunicação. As

chamadas telefônicas ou as cartas que se recebem nos meios de comunicação entram no

processo de comunicação mediante um ato de concessão, mediante um ato de generosidade,

digamos assim, dos controladores do processo” (SINOVA 1994 apud SILVA, 2009, p. 10).

Na verdade a interatividade serviu também para ajudar aos programas a alavancar seus

índices de audiência, pois o telespectador tendo mais participação no programa vai se

interessar pelo que vai ser passado e se sua participação vai realmente aparecer no programa.

Mas mesmo não aparecendo o telespectador irá continuar participando e esperando ter seus

“quinze minutos” de fama durante o programa. “O objetivo básico de interessar a um público

cada vez mais amplo contrasta com a busca de audiência cada vez mais específicas, inclusive

em meios massivos como o rádio e a televisão” (AZEVEDO, 2004, p. 58). Já Amorim (2009)

ressalta que:

“Ao constituir uma nova ‘forma de aparecer’, de ser visto, o jornalismo participativo também possui impacto na audiência, ao mexer com o imaginário do receptor que encontra uma brecha para satisfazer seu desejo de fama instantânea, de notoriedade; e a mídia, por sua vez, reforça seu papel de palco para existência social” (AMORIM, 2009, p. 9).

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Em relação aos telejornais, a interatividade se encontra ainda um pouco tímida, pois

somente agora os jornais estão abrindo um espaço maior para o telespectador também

participar do jornal. Neste percebemos que os telejornais não estão abrindo esse espaço

desinteressadamente. Na verdade, essa nova ferramenta que é a interatividade, está fazendo o

telespectador ter maior participação, ou seja, ocupar espaço nas mídias massivas como a TV.

Assim Silva (2009) cita que de acordo com Sinova (1994):

“Quando chega a vez dos receptores reclamarem para si a liberdade de expressão, eles podem contar inclusive com a contribuição das novas tecnologias comunicacionais. Ele repara que atualmente elas apresentam características que, neste caso especialmente, pesam em favor do receptor: elas barateiam os custos permitindo que indivíduos ou grupo de indivíduos participem como gestores de informação, e aumentam consideravelmente a capacidade de transmitir informações” (SINOVA 1994 apud SILVA 2009, p. 10).

Assim podemos dizer que a interatividade veio contribuir para que o telespectador

participe e seja, ao mesmo tempo, fonte e receptor das informações passadas nos telejornais.

Deste modo, os telejornais também ganham, porque o nível de abrangência de informações

aumentará, pois as pessoas enviando vídeos, fotos ou e-mail com sugestões de pauta farão

com que o jornal tenha mais conhecimento sobre o que está acontecendo na cidade, podendo

fazer matérias que não faria antes se não fosse a ajuda do telespectador. “O interesse dos

públicos em participação, em intervenção aliado às possibilidades oferecidas pelas novas

tecnologias é uma feliz coincidência que pode resultar na construção de uma nova história da

comunicação” (SILVA, 2009, p. 11)

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3. O TELEJORNAL CETV

3.1 O novo formato do telejornal CETV

O telejornal CETV é um telejornal regional apresentado de segundas a sábados no

horário do meio dia e meia, com duração de quarenta minutos. É exibido no Estado do Ceará

através da TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo.

A TV Verdes Mares é uma empresa de emissora brasileira localizada na cidade de

Fortaleza, no Ceará. Foi inaugurada pelo industrial Edson Queiroz, tendo operado

experimentalmente a partir de 23 de outubro de 1969. Ela pertence ao Sistema Verdes Mares

de Comunicação que tem vários veículos de comunicação, como emissoras de rádio e jornal, e

possui outra emissora, via satélite, a TV Diário.

A TV Verdes Mares filiou-se a Rede Globo em 1974 e no mesmo ano fez a primeira

transmissão colorida de todo o Nordeste, durante a Copa do Mundo na Alemanha. Segundo o

site da emissora, desde sua filiação à Rede Globo, ela se mantém líder absoluta de audiência.

O sinal da emissora cobre cerca de 92% do Estado do Ceará. A empresa tem em sua missão

uma preocupação constante em prestar um serviço de utilidade à comunidade, estando sempre

envolvida em campanhas sociais e culturais e na promoção de grandes eventos para a

população.

Desde a sua inauguração, a TV Verdes Mares contou com um jornal com duração de

vinte minutos apresentado pelo jornalista Mardônio Sampaio.

A equipe que produz, atualmente, o telejornal CETV (1° edição) é composta pelos

editores e apresentadores Danielly Portela e Luiz Esteves e pelo editor-chefe Valciney Freire.

Tem a produção de Cláudia Rosas e Daniel Viana e a chefia de reportagem é composta por

Larissa Fernandes e Verônica Prado, e o diretor de jornalismo é Marcos Gomide.

O telejornal CETV, atualmente, é gerado simultaneamente a partir de duas cidades:

Fortaleza e Juazeiro do Norte. Esta última com transmissão através da emissora TV Verdes

Mares Cariri inaugurada no dia 1° de outubro de 2009 em Juazeiro do Norte. Atualmente, a

TV Verdes Mares Cariri cobre sessenta e seis municípios das regiões Central e Sul do Ceará,

com mais de um milhão e setecentos mil telespectadores em potencial, entre eles Juazeiro do

Norte, Crato, Barbalha, Brejo Santo, Iguatu, Jaguaribe, Crateús, Icó, Tauá, Mombaça, etc, que

estão na área de cobertura. O sinal é transmitido via satélite e retransmitido por transmissores

locais antes utilizados pela TV Verdes Mares Fortaleza.

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O CETV (1ª edição) adotou um formato de jornalismo comunitário, com mais espaço

editorial para Fortaleza e seus bairros, embora seja exibido praticamente em todo o Estado. O

telejornal está tão voltado para o jornalismo comunitário que possui no seu novo formato dois

novos quadros (“Meu Bairro na TV” e “Você no CETV”) direcionados para comunidade e

com a utilização de ferramentas interativas, neste último quadro, como, por exemplo, um

espaço em seu site para envio de e-mails, fotos, vídeos e sugestões de pauta, além de

denúncias para serem transmitidas no jornal.

O cenário do telejornal é inspirado no telejornal regional de São Paulo, o SPTV,

sendo que no plano de fundo, onde no original há a paisagem real de São Paulo, o CETV

reproduz uma foto da praia do Mucuripe de manhã, utilizada inclusive durante o telejornal

noturno, o CETV (2ª edição).

Anteriormente, o telejornal CETV da primeira edição tinha como nome Jornal do

Meio Dia. As apresentadoras eram Danielly Portela e Danielle Campos. O jornal possuía um

enfoque mais voltado para as notícias locais e algumas regionais, quase não tendo aquelas que

envolvessem a comunidade ou prestação de serviço. O espelho do jornal era composto por

acontecimentos de interesse público ocorridos durante o dia. Havia também notícias sobre

violência, problemas da Cidade (geralmente a notícia era passada e depois um repórter

entrava com um link ao vivo com o responsável que respondesse pelo problema apresentado

na matéria, na maioria das vezes eram assessores de secretarias, Prefeitura, polícia, etc). O

jornal trabalhava muito com links ao vivo, por não ter um espaço adequado no estúdio para

receber entrevistados, pois o cenário do telejornal era pequeno e só possuía uma bancada com

lugar para as duas apresentadoras, além de uma televisão de onde do estúdio era passado a

entrada dos links.

O telejornal possuía o nome Jornal do Meio Dia, por ter seu início previsto para o

meio dia, mas na realidade começava por volta de meio dia e meia. A idéia da mudança do

nome do telejornal para CETV se deu quando o jornal mudou de formato e como o nome

antigo tinha como referência o seu horário e nem sempre iniciava ao meio dia, o seu novo

nome acabou se adequando à maioria dos jornais das emissoras afiliadas à Rede Globo. Foi

adotado o padrão Praça TV, da Rede Globo. E assim surgiu o CETV (1° edição) e CETV (2°

edição).

Neste trabalho vamos discutir e analisar somente o telejornal CETV (1ª edição). O

telejornal teve sua estréia no dia 2 de março de 2009, levando para a população um jornal

mais interativo, mais dinâmico e com um espaço maior para escutar a voz da população, a

comunidade em geral. É um telejornal que possui, em sua maioria, mais audiência das classes

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“C”, “D” e “E”, mas que também possui audiência das classes “A” e “B”. De acordo com o

editor-chefe do telejornal Valciney Freire, o jornal está sendo feito para a grande “massa” da

população mesmo, até porque o novo formato está mais voltado para o jornalismo

comunitário, os resultados estão mostrando bastante pontos positivos em relação à nova

dinâmica, pois a participação do telespectador está sendo maior do que a esperada.

O telejornal CETV transmite três vezes por semana o quadro Meu Bairro na TV, às

terças, quintas e sábados, no qual o jornal é parcialmente transmitido pelo apresentador Luiz

Esteves, diretamente do bairro escolhido. Nesse quadro são mostrados os pontos mais

conhecidos do bairro, estando geralmente o apresentador em um desses pontos. São passados

alguns VT’s mostrando os principais problemas do bairro e depoimentos de alguns moradores

indignados com esses problemas que na maioria das vezes estão no bairro hà muito tempo.

São também feitas matérias nas quais os personagens principais são os moradores mais

antigos do bairro e que revelam como o ele era (na maioria das vezes contam até como ele

surgiu). De acordo com o apresentador Luiz Esteves, a idéia do telejornal ao fazer matérias

tendo os moradores antigos, ou até o mais antigo, do bairro como personagem principal é

realmente “contar” histórias do bairro a partir de vivências dos próprios moradores. “Nós

sempre procuramos os moradores mais antigos, ao invés, de fazer matérias com os líderes de

bairro ou algo parecido porque não queremos aliar o Meu Bairro na TV a algo político ou

coisa parecida, pois esse quadro é feito exclusivamente para comunidade, para os moradores

do bairro do dia” (entrevista com Luiz Esteves, apresentador do CETV 1ª edição).

Além dos problemas apresentados, é mostrado também as coisas boas que acontecem

no bairro, como por exemplo, projetos sociais, espaço para lazer dos moradores, projetos

feitos por adolescentes, artesãos e etc.

Depois, o apresentador Luiz Esteves, que se encontra no bairro, pede para a

apresentadora Danielly Portela dizer quais serão as providências tomadas para resolver os

problemas do bairro apresentados nas matérias. Do estúdio, Danielly Portela conversa com

Luiz Esteves e esclarece se serão tomadas providências ou não de acordo com as respostas das

assessorias da prefeitura, de regionais ou da polícia.

Ainda são transmitidas no telejornal algumas matérias que aconteceram durante o dia,

como por exemplo, assaltos, acidentes, prestação de serviço, entre outras. O telejornal

finalmente termina com Luiz Esteves se despedindo, juntamente com os moradores do bairro

(maioria crianças) e já dizendo qual será o próximo bairro a ser visitado, além de já dizer

alguma característica do próximo bairro. Já do estúdio a apresentadora Danielly Portela se

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despede do Luiz Esteves e depois se despede do telespectador dizendo “uma ótima tarde pra

você e até amanhã”.

Já nos outros dias da semana, segundas, quartas e sextas, em que não é passado o

quadro “Meu Bairro na TV”, durante o telejornal são transmitidas as notícias como nos outros

dias e o jornal reserva um espaço para o quadro “Você no CETV”, no qual aparece de forma

bem clara a questão da interatividade com o telespectador. É mostrado durante o CETV o

material que o telespectador envia (fotos, vídeos e até apresentações com música – uma

maneira irônica de mostrar o problema com que o telespectador convive todos os dias). O

telejornal checa as denúncias e depois disso é feita a escolha do material que o telespectador

enviou e que será passado durante o jornal.

De acordo com Karam (2004), a maneira como o jornal está sendo abordado, com

enfoque voltado quase que totalmente para a sociedade, o chamado jornalismo comunitário, é

importante, pois é assim que o indivíduo vai se sentir parte de alguma coisa, do seu bairro, da

sua cidade, o telespectador vai se sentir cidadão. “Parece-me que este conhecimento social é

essencial para que as pessoas se situem satisfatoriamente diante do cotidiano e da história que

criam todos os dias. É para essa direção, a da necessidade da informação jornalística como

meio de acesso social democrático a eventos, fatos, e opiniões com repercussão cotidiana”

(KARAM, 2004, p. 37-38). Karam (2004) ainda revela que de acordo com Gomis (1987):

“A mediação que os meios de comunicação realizam na sociedade é a única mediação generalizada que existe [...] Os meios não apenas servem para que o público saiba o que acontece, comente a respeito ou eventualmente intervenha, mas servem também para que os mesmos atores e protagonistas da atividade social e política saibam o que ocorre e deem sua opinião e contribuições ao discurso social. [...] Os meios são o lugar-comum da ação pública” (GOMIS, 1987 apud KARAM, 2004, p. 38).

Podemos assim dizer que além dos meios de comunicação informarem eles também

podem proporcionar ao telespectador um espaço para que o mesmo intervenha nos problemas

da sua cidade, do seu bairro, a partir de denúncias enviadas para o telejornal, para que assim

seja divulgado e os órgãos responsáveis resolvam o problema.

Essa estratégia de ter um vínculo maior com o público não é somente para fazer um

jornalismo comunitário e ter mais contato com ele, fazendo com que se sinta parte integrante

da sua cidade, ou seja, que ele se sinta cidadão. Essa idéia de identidade que o público

constrói pelo fato do telejornal estar mais voltado para a sociedade faz com que a audiência

do jornal aumente, pois o público se identificando com o telejornal, vai começar a ter mais

interesse em ver as noticias transmitidas. “A empresa sabe que é atrás dessa relação estreita

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com a comunidade que reside a audiência refletida em seus programas, e também, o

anunciante” (BAZI, 2001 apud VIZEU, 2008, p. 99).

Assim pode-se dizer que esse novo formato não foi somente construído para que a

comunidade tivesse vez e voz na sociedade e sim para que o telejornal tivesse uma nova

roupagem e conquistasse mais o telespectador fazendo com que ele formasse um vínculo com

o jornal e aumentasse a sua audiência.

3.2 Análise do telejornal CETV (1ª edição)

O telejornal CETV, como já foi dito, mudou de formato e agora está mais dinâmico, e

a interatividade é uma das suas principais características. Agora com o novo formato surgiram

os quadros Meu Bairro na TV e Você no CETV, quadros esses que são utilizados pelos outros

telejornais praças afiliados à Rede Globo. Uns possuem o mesmo nome, é o caso do telejornal

local do Rio de Janeiro o RJTV que possui Você no RJTV, e outros possuem nomes similares

como o telejornal local de São Paulo, o SPTV Comunidades, que pode ser considerado o Meu

Bairro na TV daqui.

Nesse novo formato o jornal se mostrou mais preocupado com a sociedade, com a

comunidade de maneira geral, tanto que as notícias são quase que totalmente voltadas para os

problemas relacionadas à cidade, como buracos nas ruas, falta de saneamento, falta de

policiamento, etc. Mas é importante deixar claro que o jornal também divulga os fatos que

possuem noticiabilidade, como por exemplo, acidentes, assassinatos, entre outros, além de

prestação de serviços, tais como, espaço para divulgar fotos de pessoas desaparecidas, ou

seqüestradas, transmissão de matérias sobre projetos sociais, etc.

As tabelas a seguir irão mostrar os assuntos transmitidos em dois dias de telejornais.

CETV exibido no dia 21/11/2009 CETV exibido no dia 23/11/2009

1º BLOCO 1º BLOCO

NT Acidente de Carro

VT Ceará na 1º Divisão

VT Câncer de Mama – prevenção (serviço)

VT Chegada dos jogadores do Ceará no aeroporto

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NC Sociedade Cearense de Pneumologia – Praça do Ferreira (serviço)

VT Carreata nas ruas da Capital com os jogadores do Ceará

VT Bairro Jacarecanga história do bairro, curiosidades (Meu Bairro na TV)

VT Festa dos torcedores na rua

VT Escola de Aprendizes Marinheiros (Meu Bairro na TV)

Entrevista no estúdio com o técnico do Ceará e com o comentarista esportivo da emissora

2 º BLOCO 2 º BLOCO

VT Reclamações dos moradores do bairro Jacarecanga (Meu Bairro na TV)

VT Violência (assassinato)

VT Problemas do bairro – canal aberto, insegurança (Meu Bairro na TV)

VT Cobrança de policiamento na Via Expressa

NT Respostas das reclamações dos moradores

Entrevista ao vivo (link) com o Major responsável pela segurança no local

3 º BLOCO 3 º BLOCO

VT Natal de Luz no Ceará VT Más condições do campo de areia (reclamação de um telespectador)

NT da resposta da Regional II e da assessora sobre o VT passado

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4 º BLOCO 4 º BLOCO

VT Assalto na Avenida Antonio Sales – imagens de um cinegrafista amador

VT Encontro de Publicitários organizado pela TV Verdes Mares

VT Projeto Social no bairro Jacarecanga (Meu Bairro na TV)

VT Buracos na Serra da Ibiapaba - CE 253

VT Projeto “Força no Esporte” com crianças que moram no bairro (Meu Bairro na TV)

NT Projeto para melhoria da estrada

Fazendo uma comparação entre os telejornais do dia 21 e do dia 23 de novembro,

podemos notar que basicamente o primeiro jornal, por ter o quadro Meu Bairro na TV, está

quase que totalmente voltado para o bairro do dia, pois nos seus quarenta minutos de jornal,

divididos em quatro blocos, há apenas quatro matérias não relacionadas ao quadro, enquanto

que todas as outras tem uma ligação com o bairro em questão. Já no telejornal do dia 23 de

novembro podemos notar que ele disponibiliza um espaço para apresentar uma matéria

recorrente à reclamação de um telespectador.

Nesse caso percebemos o quanto o telejornal está voltado para a comunidade e que o

telespectador é beneficiado com isso, através do espaço que o telejornal está propiciando.

Esse espaço faz com que o telejornal crie um vínculo e uma identidade com o telespectador.

Vizeu (2008) explica que “o vínculo e a identidade social seriam fundamentados em três

grandes dimensões: 1) a complementaridade e a troca; 2) o sentimento de pertença à

humanidade e 3) o compartilhamento de uma mesma cotidianidade a partir do fato da

vivência comum” (VIZEU, 2008, p.97).

Essas três grandes dimensões explicam muito bem a questão da relação do telejornal

com o telespectador, pois a primeira dimensão é em relação à troca que o telespectador faz

com o jornal, no sentido de não só receber as notícias, mas também enviar informações como

forma de participação no jornal. Já a segunda dimensão é em relação ao que o telespectador

sente quando percebe que tem importância para o telejornal, ou seja, ele se sente importante,

se sente parte de algo. A terceira dimensão é em relação à questão do compartilhamento que o

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telespectador tem em vivenciar algo através de um fato comum a ele e a outros

telespectadores.

De acordo com Azevedo (2004) “os temas de interesse aparecem com frequência nos

meios para responder a exigências do público de entender melhor o significado do mundo que

o rodeia” (AZEVEDO, 2004, p.63). O que Azevedo (2004) quis ressaltar foi que essa prática

de mostrar os principais temas de interesse do telespectador é exatamente para ele ter um

retorno das respostas que foram cobradas no telejornal, para que assim ele entenda melhor o

mundo que o rodeia e consiga fazer parte ativamente dele, participando das resoluções dos

problemas que existem à sua volta.

Para se ter uma idéia da importância dos meios de comunicação, principalmente a

televisão, para o público, nota-se muitas vezes que o que é noticiado em um dia no telejornal,

já vira assunto de rodas de conversa. Azevedo (2004) explica muito bem isso quando diz que:

“Os meios de comunicação converteram-se, no mundo moderno, nos principais impulsionadores da circulação do conhecimento. O cidadão hoje convive com eles e os tem como um ponto de referência. As pessoas falam do que veem na televisão, ouvem no rádio, leem os jornais e ignoram os fatos sucedidos longe de sua convivência mais próxima e que não merecem a qualificação de ‘noticiáveis’. Chega-se até a afirmar que o que não aparece nos meios não existe ou não é importante” (AZEVEDO, 2004, p. 65).

Devemos ficar atentos ao que o autor revelou, pois só assim temos uma idéia da

dimensão da televisão, principalmente dos telejornais, na vida das pessoas. Com o novo

formato do telejornal CETV é provável que o público com o passar do tempo vá dando mais

credibilidade, pois afinal, ele também está fazendo o telejornal. Podemos considerar que daqui

a algum tempo o fato que não for colocado no telejornal não terá importância. Assim

precisamos ter cuidado com o prestígio que o telejornal irá receber, o público deve sim

interagir cada vez mais com o telejornal, mas deve lembrar que antes de qualquer coisa o

dever do jornal é informar aquilo que é de relevância pública.

De acordo com o apresentador do CETV, Luiz Esteves, esse novo formato, com as

notícias voltadas quase que totalmente para os problemas da massa em geral está dando

resultado e que o público está aceitando bem essa nova forma de apresentação do jornal.

Tanto que para tornar ainda mais o jornal dinâmico e interativo, os apresentadores que

compõem o telejornal estão “andando” pelo estúdio, apresentando algumas notícias de pé, ou

então sentados em poltronas ou na própria bancada. Luiz Esteves explica que essa nova

dinâmica é outra ferramenta que o telejornal esta usando para aproximar-se mais do

telespectador. De acordo com ele, no momento em que ele está conversando com a

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apresentadora Danielly Portela e os dois estão sentados na poltrona, querem passar a idéia de

estarem conversando também com o telespectador, como se estivessem em uma sala de estar.

Pois na hora em que o telejornal está passando é o horário do almoço em que a maioria das

pessoas não têm tempo pra ver o jornal ou não prestam à devida atenção por estarem

almoçando e apenas “ouvindo” o telejornal.

De acordo com Azevedo (2004) o papel do apresentador no telejornal é muito

importante. Para ele essa preocupação que os apresentadores estão tendo, em relação a

aproximar-se mais do telespectador, faz com que o público se sinta como se estivesse

conversando com o apresentador.

“O papel do apresentador é muito importante. Ele estabelece um clima de conversação com o público usando um tom informal. Recursos técnicos como o teleprompter, permitem que o apresentador leia o texto na lente da câmara, dando a impressão de que está olhando para o telespectador. Assim o apresentador pode falar diretamente com a pessoa que assiste ao telejornal em casa, como se falasse de improviso pessoalmente. Dessa maneira, o telejornalismo quebra a impressão de unidirecionalidade na comunicação, dando a sensação ao telespectador de um tratamento personalizado, agindo como um interlocutor numa conversa a dois” (AZEVEDO, 2004, p.83).

Vimos então a importância que o apresentador tem no jornal, e assim podemos

perceber que não é somente eles que fazem parte do jornal. O telespectador é uma peça

fundamental, pois o jornal é feito para ele, para que ele fique informado do que se passa ao

seu redor. É a partir do telejornal que o público vai conseguir entender melhor o mundo que

está a sua volta.

Esse novo formato do CETV veio para que o telespectador consiga interagir melhor

com o jornal e assim sentir-se também parte dele. Mas não podemos esquecer que a notícia

que é transmitida tem que passar pelos critérios de noticiabilidade. Não basta apenas fazer um

telejornal totalmente comunitário, ele acima de tudo tem o dever de informar qualquer fato

que possua relevância pública.

3.3 A interatividade no telejornal CETV

Iremos discutir sobre o telejornal CETV (1° edição) enfocado no aspecto da

interatividade. O jornal foi gravado durante duas semanas e vamos ter como base a forma

como são transmitidos os quadros Você no CETV e Meu Bairro na TV, quadros que surgiram

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com o novo formato do jornal e que mostram a relação de interatividade que os

apresentadores têm com o telespectador.

Nos dias em que é passado o quadro Você no CETV, o telespectador vê no telejornal o

material que mandou por meio do site do jornal. Isso mostra que a interatividade com o

telespectador se dá por meio de um canal, no caso o site, que tem um espaço exclusivamente

reservado para esse quadro. É importante ressaltar que o material enviado pelo telespectador

passa por uma checagem de dados (quando o envio de material são fotos ou vídeos), no caso

de denúncias, é feita uma reportagem e esta é passada no telejornal durante a sua

apresentação. Amorim (2009) revela que esse novo formato de fazer jornalismo, o jornalismo

participativo, pode ser considerado um marco no século XXI, de acordo com ele:

“O jornalismo participativo que, como dissemos, consiste na modalidade em que cenas cotidianas são registradas por pessoas que não possuem qualquer vinculo ou formação jornalística são utilizadas pelos veículos na cobertura do dia-a-dia. A presença dos receptores nos produtos jornalísticos seja por meio da fala, texto ou imagem, não é advento da contemporaneidade, não obstante, a expressiva facilidade para a participação propiciada pelas novas tecnologias, e o espaço cada vez maior que vem sendo dado a ela, pode ser considerado um marco do fazer jornalismo no século XXI e do ser receptor numa época em que todos somos capazes de fazer informação” (AMORIM, 2009, p. 6-7).

Amorim (2009) quis explicar que essas novas ferramentas (novas tecnologias) que

agora o telespectador tem para não apenas assistir as notícias do telejornal, mas também

participar dele, é um advento da contemporaneidade e que essa nova tendência vem com toda

força, pois qualquer um de nós é capaz de fazer informação, de ser também receptor.

Temos como exemplo uma reportagem transmitida no dia 23 de novembro de 2009,

quando o apresentador Luiz Esteves, antes da matéria ir ao ar, diz que essa matéria foi feita

através de uma denúncia de um telespectador (que é treinador da seleção cearense de futebol

de areia) sobre as condições do único campo de futebol de areia disponível para treino, que é

localizado no aterro da Praia de Iracema. Na matéria é mostrado o estado do campo, além de

sonoras dos jogadores que treinam e do próprio telespectador que enviou a denúncia ao

telejornal. Durante a matéria é mostrado também dois postes de iluminação pública que se

encontram no terreno do campo, isso tudo se deve porque o campo foi invertido porque

durante os treinos a bola ou batia em algum pedestre ou ia parar na água da praia.

Ao final da matéria o apresentador Luis Esteves diz a resposta que teve sobre a

denúncia a partir dos órgãos responsáveis, segundo ele, o Secretário da Regional II, convida o

telespectador (treinador) para discutir o problema sobre o campo de futebol. Já em relação à

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inversão do campo que foi feita, a assessoria da Regional II informa que isso foi feito para

não atrapalhar a feirinha que existe no local.

Podemos notar que o jornal utilizou-se de um espaço para mostrar uma matéria feita a

partir de uma denúncia enviada por um telespectador, através do site do jornal e que além de

fazer a matéria o telejornal ainda cobrou respostas dos órgãos responsáveis para saber o

porquê do campo de areia está nas condições que se encontra. Assim, de acordo com Vizeu

(2008), “ao inserir em sua programação, especialmente nos telejornais, imagens do cidadão

comum, de entrevistados que estão nas ruas, prontos a dar sua opinião e ter sua imagem

multiplicada, a emissora busca reconstruir sua marca local, de realização do que se

denominou jornalismo de proximidade” (VIZEU, 2008, p. 104-105). A partir daí percebemos

que o telejornal além de passar matérias noticiosas (de interesse público) também está indo

atrás de mostrar os problemas da cidade a partir das denúncias feitas pelos telespectadores, ou

seja, o jornal está tendo o intúito de aproximar-se mais do telespectador, para que assim ele

sinta-se parte integrante do jornal e também da sociedade. Peruzzo (2007) explica ainda a

necessidade de tornar o cidadão protagonista da comunicação, de acordo com ela:

“As liberdades de informação e de expressão postas em questão na atualidade não dizem respeito apenas ao acesso da pessoa à informação como receptor, ao acesso à informação de qualidade irrefutável, nem apenas no direito de expressar-se por ‘quaisquer meios’ – o que soa vago, mas de assegurar o direito de acesso do cidadão e de suas organizações coletivas aos meios de comunicação social na condição de emissores/produtores e difusores – de conteúdo. Trata-se, pois, de democratizar o poder de comunicar” (PERUZZO, 2007, p. 11-12).

Mas Azevedo (2004) lembra bem que “não se deve esquecer que a notícia mais útil

para o leitor ou para o ouvinte é aquela que o ajude a entender o que acontece ou prever o que

possa acontecer no futuro, para que possa compreender qual o seu possível papel no mundo

em que o cerca” (AZEVEDO, 2004, p.71). A autora revelou que apesar de toda essa

interatividade e esse novo formato de telejornal, não podemos esquecer que além da

importância do telespectador no jornal, também é importante que esse mesmo jornal divulgue

notícias de interesse e relevância pública e não pense em apenas conquistar o telespectador

para ganhar credibilidade e por conseqüência, mais audiência. Por trás de toda essa

interatividade também existem interesses do jornal. Vizeu (2008) explica isso dizendo que

“além desses encontros entre emissora e população local, que ocorreu em edições de

telejornais produzidos de acordo com o interesse público e a utilização de critérios de

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noticiabilidade, há outras estratégias utilizadas para a constituição da relação de proximidade

entre TV e comunidade” (VIZEU, 2008, p. 99).

De acordo com Vizeu (2008), além da questão dessa aproximação maior com o

telespectador há também o interesse em divulgar no telejornal assuntos de interesse também

dele, por exemplo, na edição do dia 23 de novembro, o CETV divulgou um encontro de

publicitários que iria ocorrer e que a organizadora responsável pelo evento era a TV Verdes

Mares, emissora que transmite o telejornal CETV.

Isso mostra que o jornal está mais voltado para a sociedade, ou seja, ele está mais

voltado para o jornalismo comunitário, mas que o único interesse do telejornal não é apenas

interagir com o telespectador, criando vínculo e credibilidade com ele, mas também, está

interessado em mostrar assuntos de interesse da emissora, como no exemplo citado acima

sobre o encontro de publicitários em uma espécie de marketing.

Podemos considerar também que os apresentadores do telejornal, estão querendo

colocar-se na figura de herói do povo, pois na maioria das vezes ele se coloca não só como

apresentador jornalista, mas como um telespectador do telejornal denunciando os problemas

da cidade e cobrando dos órgãos responsáveis uma atitude sobre os problemas.

Podemos também perceber que no telejornal CETV a interatividade não é somente

entre os telespectadores e o jornal. Houve um aumento também na interatividade entre os

apresentadores e os repórteres que compõe o telejornal. Podemos notar que essa novidade se

deve a uma mudança no seu formato e que com isso os apresentadores além de divulgarem as

notícias agora também estão conversando com mais frequência entre si, fazendo algum

comentário sobre a matéria passada e dando a sua opinião, às vezes até, em certo tom irônico.

Essa nova atitude não é usual, pois o dever do jornalista é divulgar as informações de maneira

mais imparcial possível fazendo com que o telespectador tire suas conclusões e forme uma

opinião sobre o assunto abordado.

Mas por um outro lado, segundo o apresentador Luiz Esteves, essa conversa que eles

criam entre si faz o telespectador se sentir mais próximo e se familiarizar com mais facilidade

com os apresentadores e o telejornal. Está se tornando comum algumas matérias irem ao ar no

local onde acontecem os fatos, os apresentadores comentarem sobre a matéria passada ou que

ainda irá passar, é como se os apresentadores chamassem o telespectador para uma conversa

informal.

Não podemos esquecer também que esse tipo de atitude é “perigosa”, pois o jornalista

tem o dever de informar, mas quando for dar sua opinião tem que ter cuidado para que a

mesma não seja tendenciosa. Temos que ter o cuidado para que o telejornal não se transforme

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em um jornal “sensacionalista”. De acordo com Rodrigues (2008) um telejornal

sensacionalista tem as seguintes características “a narração é feita no local onde os fatos

ocorreram, os repórteres estão sempre na rua colhendo depoimentos dos envolvidos, o tempo

de duração das reportagens é bem maior [...] o que não pode faltar é a idéia de participação,

de espelhamento, de vivencia daquilo que está sendo veiculado” (RODRIGUES, 2008, p. 2).

Muitas vezes os apresentadores se deixam levar a um tom irônico falam de alguma

resposta das assessorias da prefeitura e órgãos responsáveis, acrescentando frases como, por

exemplo: “Mais uma vez” ou “as notícias não são boas, os moradores terão que conviver com

esse problema ainda por algum tempo, pois a prefeitura...”. Essas atitudes ao mesmo tempo

em que aproximam o telespectador do apresentador, também deixam a idéia de encenação,

pois os apresentadores chegam a se mostrarem indignados com o assunto e chegam a

exprimirem sua opinião sobre o fato divulgado.

Mas essas atitudes que o telejornal CETV está adotando segundo o editor-chefe

Valciney Freire e o apresentador Luiz Esteves, estão fazendo o telespectador se sentir mais

próximo, porque o tipo de linguagem e esse espaço que o apresentador tem agora para dar sua

opinião induzem o público a ter a impressão de estar mais próximo do apresentador e assim

ele terá uma idéia de maior intimidade com o apresentador e o telejornal.

Já em relação à interatividade no quadro Meu Bairro na TV, que é transmitido as

terças, quintas e sábados, podemos perceber que o telejornal mudou para um perfil de

jornalismo mais participativo, um jornalismo comunitário em que parte do telejornal é

transmitido diretamente do bairro escolhido. Nesse quadro, podemos notar que os moradores

do bairro em questão são bem receptivos com a equipe de reportagem e dão entrevistas

mostrando os pontos positivos e negativos e sempre cobram respostas dos órgãos

responsáveis por meio do telejornal, que em um tom de cobrança, os apresentadores dizem o

que os órgãos responsáveis falaram sobre o assunto e, às vezes, comentam certas respostas em

relação à demora da resolução do problema levantado. É nesse ponto que percebemos que o

jornal, neste caso, está no papel de “super-herói”, defensor da população. Percebemos que o

mesmo ocorre em programas policiais e sensacionalistas como o Barra Pesada da TV

Jangadeiro, transmitido na mesma hora do telejornal. Coincidentemente, esses programas

também buscam certa interatividade com o telespectador, pois eles buscam também um

jornalismo comunitário em que a voz da população esteja sempre presente em denúncias, por

exemplo.

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Não será então que o jornal está voltado para uma linha mais comunitária para “bater

de frente”, em relação à audiência, com esses programas transmitidos no mesmo horário? De

acordo com o editor chefe do telejornal CETV:

“Desde a implantação do novo formato que foi colocado no ar, a audiência do telejornal aumentou de forma considerada, antes a média era de 9 a 10 pontos, nós ficávamos no mesmo nível de audiência em relação aos outros programas, mas agora com esse novo formato a audiência tem picos de 15 a 19 pontos, enquanto os outros programas tem média 9 a 11 pontos, um grande índice para o telejornal em relação ao horário que ele é transmitido” (entrevista com Valciney Freire, editor-chefe do telejornal CETV 1° edição, 19/11/2009).

Já de acordo com o apresentador Luiz Esteves, que apresenta o telejornal diretamente

dos bairros no dia do quadro Meu Bairro na TV, esse novo formato tem garantido ao

telejornal uma maior credibilidade com o telespectador, pois fazendo parte do jornal ele se

sente importante.

“Eu vejo nos bairros em que visito que o interesse da população é grande, tanto que recebemos vários e-mail e telefonemas dos moradores, cerca de 100 por dia, que reclamam que nós não mostramos um problema ou outro do bairro, ou que tinha uma pessoa antiga do bairro que não entrevistamos. Mas no meio desses telefonemas e e-mails também temos uma resposta positiva do público, ele nos liga para nos parabenizar e dizer também que gostaram do modo de como apresentamos o bairro. Nós sempre procuramos mostrar todo o potencial do bairro e também seus pontos negativos, esse é o objetivo do quadro, mostrar as coisas boas e ruins de cada bairro da cidade” (entrevista com Luiz Esteves, apresentador do CETV 1° edição, 19/11/2009).

Percebemos então que o telejornal tem um retorno do público, que o telespectador

além de participar também demonstra interesse em dar “uma resposta” do que é transmitido

pelo jornal.

De acordo com o editor-chefe do CETV, Valciney Freire, o quadro Meu Bairro na TV

tem previsão para chegar ao fim na primeira semana de dezembro, tendo visitado cerca de 120

bairros de Fortaleza. Com o seu término o editor-chefe já divulga que a interatividade no

telejornal irá continuar, pois as áreas que não foram visitadas, como por exemplo, vilas e

comunidades que não são consideradas como bairros oficiais de acordo com a Prefeitura de

Fortaleza, serão visitadas em um formato parecido com o Meu Bairro na TV.

“O importante é que está dando certo esse formato e que vamos continuar com ele, o novo quadro que ficará no lugar do antigo será parecido, porque CETV agora está com o enfoque totalmente voltado para a sociedade, a comunidade e como está dando certo vamos continuar nessa mesma linha. O

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jornalismo comunitário ao meu ver está crescendo a cada dia” (entrevista com Valciney Freire, editor-chefe do telejornal CETV 1 edição).

É importante deixar claro que se deve ter cuidado com essa aproximação com o

público, pois a televisão tem um poder de mobilização muito grande. O telejornal pode

utilizar o jornalismo comunitário, mas com cuidado e qualidade para que ele não se

transforme em um programa “sensacionalista”. De acordo com Azevedo (2004) “Esse poder

significa que a responsabilidade dos produtores de televisão é muito maior; a necessidade de

se garantir qualidade é mais urgente do que os meios de comunicação mais antigos”

(AZEVEDO, 2004, p.99).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste presente trabalho foi analisado o novo formato de telejornal CETV (1° edição)

em relação à interatividade, no qual tive como material de estudo a análise de duas semanas

do jornal, além da discussão teórica, com base em vários autores. Desde modo o trabalho foi

realizado de maneira crítica em que foi mostrada de modo direto e claro que a interatividade

veio como forma de conquistar o telespectador para que ele se identifique com o telejornal e

assim haja cada vez mais uma aproximação entre o jornal e o telespectador.

Percebemos no decorrer deste trabalho que comparando o telejornal antigo com o

novo que está sendo exibido agora, a participação do telespectador aumentou. Mas essa

participação, antes de ser divulgada na forma de matérias, sugestões de pauta, vídeos, fotos,

passa por vários critérios de seleção, fazendo com que o material que o telespectador enviou

não venha a ser diretamente transmitido pelo telejornal.

É interessante deixar claro que de acordo com o editor-chefe do CETV, Valciney

Freire, o telejornal com esse novo formato fez com que as classes “C”, “D” e “E”

participassem mais do jornal e criassem um vínculo de ligação maior, assistindo ao telejornal

com mais frequência e tendo mais interesse no que está acontecendo no seu bairro, na sua

cidade.

No decorrer do trabalho discuti a elaboração de notícia para a televisão, telejornais, e

como ela deve ser divulgada para que o telespectador entenda de maneira correta o fato

ocorrido. Com esse novo formato de interatividade no telejornal a notícia ficou voltada para

as pessoas da comunidade, esquecendo-se que a notícia tem que ter interesse público, ou seja,

que haja interesse de todos, e que é importante que além de mostrar os problemas da cidade,

também mostre outros fatos que sejam noticiosos. Mas temos que lembrar que as notícias que

o telejornal está transmitindo agora, a maioria são de interesse público, pois mostram os

problemas da cidade em que vivemos.

Foi mostrado também que a interatividade já existia nos programas de TV, mas não

era verdadeira, pois não deixava o público totalmente livre para fazer o que quisesse. O

telespectador tinha um número finito de opções e se quisesse algo a mais não tinha acesso. Ou

seja, essa interatividade é uma forma que a TV tem de induzir o telespectador a pensar que ele

está realmente participando daquilo, mas que na realidade o que a televisão quer é obter

informações sobre o tipo de público que está assistindo e qual o seu pensamento e opinião

sobre assunto colocado em questão.

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Mas temos que lembrar a interatividade, além de fazer tudo isso também tem uma lado

positivo, a questão de o telespectador ter vez e voz nos meios de comunicação, fazendo com

que, ele seja considerado parte integrante de uma sociedade e forme uma visão crítica sobre

os problemas da cidade colocados em questão no telejornal.

Creio que consegui mostrar que o telejornal CETV adotou esse novo formato para

conseguir mais credibilidade diante dos telespectadores, além de ser mais notado por pessoas

de classes baixas que não tem o costume de assistir ao telejornal todos os dias.

Assim deixo como trabalho a idéia de que o telejornal está tendo interesse em

aproximar-se cada vez mais do telespectador, mostrando seus problemas e cobrando dos

órgãos responsáveis uma atitude sobre os problemas levantados, mas é importante ter em

mente que os telejornais não estão fazendo isso por acaso.

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