A Influência Das Ideias Gregas Sobre o Constituinte Básico Da Matéria Em Outras Culturas

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  • 8/19/2019 A Influência Das Ideias Gregas Sobre o Constituinte Básico Da Matéria Em Outras Culturas

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    Texto: Do átomo grego ao Modelo Padrão: os indivisíveis de hoje. v. 22 n.6 2011, ISSN 1807-2763

    Lisiane Araujo Pinheiro, Sayonara Salvador Cabral da Costa, Marco Antonio Moreira.

    Imagens: Física Moderna: Origens Clássicas e Fundamentos Quânticos, ISBN 978-85-352-3645-3

    Francisco Caruso e Vitor Oguri.

    Os povos da antiguidade eram hábeis construtores; antes mesmo de surgirem as primeiras civilizaçõesurbanas, já conheciam um grande número de técnicas, instrumentos e habilidades. Apesar dessesconhecimentos, não há registros de interesse ou novas ideias destes povos em compreender a constituição damatéria; os que tentaram responder a essa pergunta basearam-se nas ideias gregas [2]. Os chineses, por

    exemplo, adotaram uma teoria que usava cinco elementos básicos para tentar explicar a constituição damatéria. Segundo os moístas3, os cinco elementos que formavam toda a matéria eram: a água, o metal , amadeira, o fogo e a terra [2, p. 24]. Esses elementos não foram considerados como simples substâncias, maseram interpretados como “princípios ativos”; nesse sentido, por exemplo, a água era caracterizada por molhare pelo movimento descendente, o fogo foi associado com o aquecer e pelo movimento ascendente, a madeirae o metal  poderiam ser moldados por meio da escultura e pela fundição, respectivamente. E a terra eracaracterizada pela produção de vegetação. Esses elementos, juntamente com as forças fundamentais, Yin eYang 4, poderiam apresentar uma multiplicidade de associações no mundo natural [2, p. 25].

    Os moístas divulgaram estas ideias, aproximadamente, no século IV a.C., contudo elas não tiveramgrande aceitação. No século I a.C., o Budismo trouxe para a China as ideias gregas sobre a existência dosátomos, mas o interesse chinês estava voltado para as relações entre as forças Yin e Yang [2, p. 26].

    Posteriormente, os indianos conheceram as ideias gregas e as adotaram como base para suas teorias sobre aconstituição da matéria. Na teoria atômica indiana, elaborada, aproximadamente, no final do século XI, amatéria era composta por quatro elementos, a terra, a água, o ar e o  fogo, e uma quinta essência celeste.Segundo essa teoria, cada um dos elementos tinha sua própria classe de átomos, que eram indivisíveis eindestrutíveis. Átomos diferentes não podiam entrar na combinação, mas átomos semelhantes, sim, contantoque estivessem na presença de um terceiro. Dois átomos podiam causar um “efeito”, um dyad , enquanto trêsdesses efeitos podiam produzir um efeito de outra natureza, um triad . Assim, a causa produzia um efeito, masera imediatamente absorvida pelo efeito que fizera surgir, o qual, por sua vez, assumia a função de causa, eassim a sequência continuava. O modo pelo qual os primeiros efeitos dyads geravam um triad dava origem,como se pensava, a diferentes qualidades de uma substância [2, p. 77]. Essa organização dava início a um

     processo cíclico, onde a causa tornava-se um efeito, e esse passava a ser a causa. A teoria atômica indianamostrou-se mais complexa do que as teorias desenvolvidas no ocidente, até aquele momento. A atenção dada

     para as relações de causa e efeito atraiu a atenção dos pensadores indianos até o século XVIII.

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    3 Os moístas constituíam uma escola de pensadores chineses, seguidores de Mo Ti (séc.V a. C.), que tentaram elaborar uma lógica fundamental científica [2, p. 22].4 Filosofia chinesa que explica o Universo por meio da interação entre duas forças complementares: o Yin representa o princípio passivo e o Yang o princípio ativo. 

    Segundo Bueno [5], analisar a cultura oriental, tendo como parâmetro a cultura  ocidental, não é uma tarefa fácil. Conceitos que são importantes na cultura ocidental  

     podem simplesmente não ter significado na oriental. A tentativa de aproximar as duas culturas pode ter o efeito inverso por esse motivo. Para podermos compreender a cultura do oriente devemos lembrar que ela tem uma origem muito diferente da nossa.  

     A maioria dos valores e concepções orientais tem uma origem universalista, que  prioriza o espírito humano. E essa diferença cultural pode ser vista na forma como os orientais explicavam a origem da matéria; sua interpretação é muito diferente da  

    ocidental. Suas ideias envolvem aspectos, que nem foram imaginados no ocidente.