A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

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COLÉGIO INTEGRAL DISCIPLINA: HISTÓRIA / 9º ANO PROFESSORA: TELMA SOUZA A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS I- Introdução Os Estados Unidos tiveram origem nas treze colônias inglesas na América, a partir do século XVII. Num período de dois séculos, foram reunido mais de dois milhões de habitantes. Entre as colônias do Norte e do Sul havia grandes diferenças. Isto porque nas colônias do norte, a estrutura econômica era baseada em uma ocupação de pequenas propriedades e colonos livres; nas do sul, era o oposto: grandes fazendas de produtos tropicais, cultivados por escravos africanos. II- A NEGLIGÊNCIA SALUTAR A colonização da região das treze colônias começou efetivamente por volta dos primeiros anos do século XVII. Uma leva de imigrantes ingleses perseguidos por suas convicções político-religiosas e muitos apenas estimulados pela crença na oportunidade de obter terras e empregos cruzaram o oceano Atlântico e formaram os primeiros núcleos de colonização em Jamestown. Deste momento inicial até 1763, os colonos norte-americanos viveram com relativa autonomia em relação à metrópole Inglaterra, tal fato não se deve, ao contrário do que muitos analistas pensavam antigamente, a uma intenção da metrópole em "desenvolver" a colônia, mas sim a uma impossibilidade de controlar efetivamente as leis que regulavam a exclusividade do comércio para os ingleses. Durante quase todo o século XVII a Inglaterra esteve envolvida em problemas políticos internos, assim a instabilidade do reino era tanta que se tornara praticamente impossível fiscalizar a atuação dos colonos. Esta negligencia com as leis foi salutar para os habitantes da Nova Inglaterra, uma vez que permitiu o desenvolvimento real das treze colônias, especialmente as do centro norte. III- A distribuição das colônias As colônias do Norte e do Centro tiveram um desenvolvimento bem deferente das do Sul. Nestas regiões predominavam as pequenas e medias

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COLÉGIO INTEGRAL

DISCIPLINA: HISTÓRIA / 9º ANO

PROFESSORA: TELMA SOUZA

A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

 

I- Introdução  

Os Estados Unidos tiveram origem nas treze colônias inglesas na América, a partir do século

XVII. Num período de dois séculos, foram reunido mais de dois milhões de habitantes. Entre as

colônias do Norte e do Sul havia grandes diferenças. Isto porque nas colônias do norte, a estrutura

econômica era baseada em uma ocupação de pequenas propriedades e colonos livres; nas do sul, era

o oposto: grandes fazendas de produtos tropicais, cultivados por escravos africanos.

II- A NEGLIGÊNCIA SALUTAR

A colonização da região das treze colônias começou efetivamente por volta dos primeiros anos do

século XVII. Uma leva de imigrantes ingleses perseguidos por suas convicções político-religiosas e

muitos apenas estimulados pela crença na oportunidade de obter terras e empregos cruzaram o

oceano Atlântico e formaram os primeiros núcleos de colonização em Jamestown. Deste momento

inicial até 1763, os colonos norte-americanos viveram com relativa autonomia em relação à metrópole

Inglaterra, tal fato não se deve, ao contrário do que muitos analistas pensavam antigamente, a uma

intenção da metrópole em "desenvolver" a colônia, mas sim a uma impossibilidade de controlar

efetivamente as leis que regulavam a exclusividade do comércio para os ingleses. Durante quase todo

o século XVII a Inglaterra esteve envolvida em problemas políticos internos, assim a instabilidade do

reino era tanta que se tornara praticamente impossível fiscalizar a atuação dos colonos. Esta

negligencia com as leis foi salutar para os habitantes da Nova Inglaterra, uma vez que permitiu o

desenvolvimento real das treze colônias, especialmente as do centro norte.

III- A distribuição das colônias

As colônias do Norte e do Centro tiveram um desenvolvimento bem deferente das do Sul.

Nestas regiões predominavam as pequenas e medias propriedades. O trabalho era livre, exercido por

colonos que fugiram da Europa por motivos políticos ou religiosos.

Por causa do clima da região, os produtos agrícolas eram semelhantes aos cultivados na

Europa, isto gerava pouca lucratividade. Isso enfraqueceu o comércio com a metrópole, pois, não

havendo cargas que fossem e viessem da metrópole para colônia e vice e versa, o frete ficava caro.

Apesar de proibida a existência de manufaturas, os ingleses permitiriam aos colonos do centro-norte

certa autonomia econômica.

Manufaturas e policulturas trouxeram desenvolvimento econômico. O excedente logo passou a

ser comercializado com as colônias do Sul, abastecidas até então pela metrópole. A região Sul, por

ser mais próxima dos trópicos, passou a se especializar no cultivo de produtos como tabaco, anil e

algodão, destinados a exportação. O comércio de produtos tropicais dava muitos lucros para a camada

dominante. Essa forma de exploração também afetou a estrutura da propriedade e das relações de

trabalho. Ali predominavam a grande propriedade, a monocultura e o trabalho escravo.

 

IV- AS MUDANÇAS DE POSTURA DA METRÓPOLE

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A INGLATERRA NO SÉCULO XVIII

A Revolução Gloriosa de 1688 pôs fim no conflito entre monarquia e parlamento inglês, ao mesmo tempo em que entregou o

controle da política aos burgueses. Durante o século seguinte a Inglaterra seria impulsionada à condição de grande potência

mundial devido a sua Revolução Industrial, um fenômeno histórico que aumentou de modo significativo a sua capacidade de

produção, esta elevação provocaria inúmeras novas necessidades tais como novos mercados consumidores e fornecedores

de matéria-primo, assim sendo os ingleses passariam a olhar as

treze colônias com outros olhos, procurando efetivar a política metropolitana após diversos anos de liberdade colonial.

O crescimento do comercio colonial começou a preocupar  a Inglaterra, isto induziu a  uma

mudança na política. Outro dado importante que contribuiu para a mudança: foi a Guerra dos Sete

Anos (1756-1763), entre ingleses e franceses. Como a Inglaterra venceu, ela  se apossou de grande

parte do território colonial francês.

Ao mesmo tempo, o Parlamento inglês decidiu aumentar as taxas e os direitos da Coroa na

América, para assim pagar parte dos custos da guerra. George Grenville, primeiro-ministro inglês,

decidiu colocar nas colônias uma força militar de 10 mil homens. O Parlamento aprovou duas leis para

arrecadar mais dinheiro as: Lei do Açúcar (1764) e a Lei do Selo (1765).

 

A) LEI DO AÇÚCAR (1764) - sugar act. Reedição de uma antiga lei conhecida como "lei do melaço", taxava o

açúcar comprado das Antilhas francesas objetivando estimular a exclusividade do comércio com as Antilhas inglesas. O preço

do melaço subiria consideravelmente, já que o preço do açúcar inglês seria mais elevado. Além do açúcar, outros produtos

também foram taxados, como o vinho, o café, a seda e o linho.

B) LEI DO SELO (1765) - stanp act Seria um imposto direto cobrado a partir da selagem de qualquer

documento, jornais e livros publicados na colônia. Seria preciso pagar uma tarifa para que os documentos produzidos

exibissem o selo real que comprovava que sua circulação tinha sido autorizada pela Coroa. Diferente da primeira lei que havia

atingido em cheio os comerciantes, esta afetaria a toda a população que indignada iniciaria um boicote contra os produtos

ingleses.

No ano seguinte a lei foi revogada pelo parlamento, sob a alegação de que era ilegal uma vez que as colônias não

tinham representantes no Parlamento inglês. Logo, “sem representação, não há taxação.” O defensor dessa teoria foi o

advogado colonial Benjamin Franklin, que foi mandado pelos colonos até Londres, para defender seus interesses.

Os colonos continuaram a contestar o direito legislativo do Parlamento inglês, recusando-se a

cumprir a Lei do Aquartelamento (1765). Lei que exigia aos colonos que contribuíssem com

alojamento, comida e transportes para as tropas inglesas enviadas as colônias. Outras leis foram

criadas.

C) O LEI DO CHÁ (1773) - Tea act. A Companhia da Índia Oriental era uma empresa controlado por britânicos,

àquela altura passava por sérios problemas financeiros e estava muito próxima da falência, tinha em seu estoque cerca de 17

milhões de libras em chá e precisava de um mercado consumidor para materializar todo este dinheiro. Os parlamentares

cometeram a imprudência de, apesar da tensão reinante na colônia, entregar o monopólio do chá das treze colônias à

Companhia. Com o bolso afetado, os comerciantes passaram a instigar a população contra esta lei.

FESTA DO CHÁ EM BOSTON: Após vários comícios instigando a população a se rebelar contra a Lei do Chá, os

comerciantes locais conseguiram induzi-la a não aceitar o desembarque de chá da Companhia Oriental em solo americano,

provocando a permanência de embarcações no porto. Certa noite alguns colonos vestidos de fantasias indígenas invadiram

os barcos ingleses e despejaram todo o carregamento no mar, provocando um grande prejuízo à empresa inglesa..

D) AS LEIS INTOLERÁVEIS: Um prejuízo como o que fora provocado na festa do chá precisava ser penalizado

pela metrópole, surgiram então uma série de medidas drásticas entendidos pelos colonos como intoleráveis, estão entre elas:

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* A colônia de Massachussets (localizada ao norte) foi ocupada pelas tropas do exército inglês.

* Fechamento do porto de Boston até que o valor da mercadoria lançada ao mar fosse pago pelos colonos. Esse porto era o

mais importante das treze colônias

● Proibição de reuniões sem o consentimento do governador real.

● Julgamento de oficiais ingleses acusados de assassinato em cumprimento das leis

metropolitanas somente na metrópole.

*As terras a oeste das treze colônias ficaram sobre o controle militar da metrópole inglesa, o que impediu a expansão

territorial colonial para além da faixa litorânea

III – O MOVIMENTO PELA INDEPENDÊNCIA. OS Congressos CONTINENTAIS DA

PHILADELPHIA

Em 1774 o movimento colonial se reuniria para definir a linha de ação contra as leis

intoleráveis, ficaria decidido o boicote total à todos os produtos oriundos da Inglaterra até a suspensão das leis intoleráveis.

Desta vez a reação da metrópole seria bem mais violenta, atacando a colônia e precipitando uma ruptura definitiva entre as

partes.

Os representantes dos colonos ficaram revoltados com as leis extremistas da metrópole, por

isso reuniram no Primeiro Congresso Continental de Filadélfia, realizado em setembro de 1774.

Este congresso não tinha  caráter separatista, mas foi decido enviar –se uma petição ao rei e

ao parlamento inglês, com um pedido de revogação daquelas leis, em nome da igualdade de direitos

dos nortes-americanos.

O Segundo Congresso Continental de Filadélfia, em maio de 1775, já assumia posições

claramente separatistas. Em junho de 1776, a Virginia tomou a iniciativa de proclamar sua

independência, por publicar uma Declaração dos Direitos Humanos. Para chefiar a resistência, foi

nomeado George Washington. Em 4 de julho de 1776, quando estavam todos reunidos na Filadélfia, os

delegados de todos os territórios promulgaram a Declaração da Independência redigida por Thomas

Jefferson, com mudanças introduzidas por Benjamin Franklin e Samuel Adams. Eis as suas principais

idéias:

a) Todos os homens foram criados iguais.

b) Todos os homens têm direito à vida, á liberdade e à busca da felicidade.

c) Sempre que uma forma de governo anular esses objetivos , o povo pode alterá-lo ou

instituir um novo governo.

d) As colônias unidas são Estados livres e independentes.

e) Nenhuma colônia deve obediência à Coroa inglesa.

Em 1781, com a ajuda dos franceses, espanhóis e holandeses, os colonos norte-americanos

derrotaram os ingleses na Batalha de Yorktown. Dois anos depois foi assinado na França, o tratado de

Versalhes, pelo qual a Inglaterra reconhecia a independência dos Estados Unidos.

 

LIMITES DA REVOLUÇÃO. AMÉRICA PRA OS AFRO-AMERICANOS?

A historiografia tradicional norte-americana convencionou chamar o seu processo

de independência de Revolução Americana. É claro que a emancipação das treze colônias antecipa um fenômeno histórico

característico do século XIX, a libertação das colônias americanas, servindo inclusive de estímulo para muitos destes casos, é

fato que o movimento de 1776 inaugura a ruptura do Velho Colonialismo, sendo desta forma revolucionário.

Contudo o alcance social da Revolução Americana não foi tal abrangente quanto

se espera de uma revolução, procuremos observar que para os escravos

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(mão-de-obra fundamental nas colônias do sul) o 4 de julho não teve o mesmo significado que teve para o americano de pele

clara, a escravidão persistiria após a independência e só seria abolida no século XIX após a Guerra Civil, não representando

mesmo depois deste momento a abertura de uma sociedade mais justa para os afro-americanos.

Acerca desta discussão, convém conhecer o trecho do discurso de Frederick Douglas

durante as comemorações da independência em 1852, no dia 5 de julho. Douglas falou em Rochester sobre o significado da

independência dos EUA para o negro norteamericano.

Alguns trechos deste pronunciamento:

"Compatriotas e cidadãos! Por que fui convidado para falar hoje a vocês? O que os

negros dos EUA tem a ver com a independência dos EUA? Será que os grandes princípios da

liberdade política e da justiça natural, presentes na Declaração da Independência, aplicam-se também

a nós? (...)

Não me incluo entre aqueles que participam desse glorioso aniversário! A grande

independência que vocês comemoram revela somente a imensa distância que nos separa. A rica

herança de justiça, liberdade, prosperidade e independência, transmitida por seus pais, pertence

somente a vocês, e não a mim. Da mesma forma, o dia que para vocês representa a luz e a esperança,

significa para os negros os grilhões e a morte. Este 4 de julho é de vocês, não meu. Vocês podem, se

quiserem, ficar alegres; quanto a mim, só resta o lamento. Trazerum homem acorrentado para o interior

do templo iluminado da liberdade e convidá-lo para compartilhar de uma alegria que não lhe é comum,

seria somente zombar deste homem de maneira desumana.

Meu assunto, portanto, é a escravidão nos EUA. Assim, falarei deste 4 de julho, e

de suas características populares, sob o ponto de vista do escravo. E afinal, o que esse dia representa

para o escravo americano? Mais do que todos os outros dias do ano, o 4 de julho significa a injustiça, e

a profanação da própria liberdade; sua grandeza nacional, pura vaidade; suas comemorações, vazias e

desprovidas de sentimento; suas denúncias de tiranos, simples descaramento; sua defesa da liberdade

e igualdade, mera zombaria; suas orações e hinos, seus ofícios religiosos e solenidades são, para o

escravo, engodos, decepções, impiedade e hipocrisia - um fino véu para dissimular crimes que

cobriram de vergonha uma nação como esta, tão culpada de práticas chocantes e sangrentas".

Fontes:

1- http://www.portalimpacto.com.br

2- História. Projeto Araribá. 8. Editora Moderna.