A Independência da América Espanhola

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A Independência da América Espanhola A independência da América espanhola está relacionada às transformações que ocorreram no século XVIII na Europa e que levaram à ruína o Absolutismo. A independência das colônias inglesas na América do Norte, a Revolução Industrial, o Iluminismo e a Revolução Francesa causaram um grande impacto na América Espanhola. Entre o final do século XV e o inicio do século XVI, a Espanha constituiu na América um imenso império colonial, riquíssimo em metais preciosos e que, até o final do século XVIII, foi a principal fonte de sustento da Coroa espanhola. A Coroa dividiu a administração em quatro vice-reinos; Nova Granada, Nova Espanha, Rio do Patra e Peru. Junto foram criadas quatro capitanias com função de defesa: Guatemala, Chile, Cuba e Venezuela. O Pacto Colonial visava permanecer com o monopólio comercial através de uma série de limitações comerciais e de algumas obrigações por parte da colônia. Em meados do século XVIII, a riqueza das colônias espanholas já não era a mesma. Em séculos anteriores sugou praticamente toda riqueza de algumas regiões. A Espanha tornou-se grande devedora da Inglaterra e da França, pois importava produtos, já que seu desenvolvimento industrial era atrasado. Para contornar a situação, a Coroa espanhola, aumentou os impostos e restringiu ainda mais o comércio colonial. Tais medidas desagradaram os colonos, em especial os criollos. Além dessas restrições econômicas, os criollos também eram proibidos de tomar decisões políticas, pois o controle estava nas mãos dos Chapetones. No século XIX, ocorreram diversas transformações no continente americano. As colônias espanholas e o Brasil se transformaram em Estados nacionais. Simultaneamente, os Estados Unidos se expandiram para o Oeste, enfrentaram uma violenta guerra civil, conhecida como Guerra da Secessão e, por fim, estabeleceram o seu domínio na América Latina. No século XIX, teve inicio o processo de descolonização da América Latina. No século XIX, teve inicio o processo de descolonização da América Latina, levando à formação de Estados independentes, cujo modelo econômico era o agrário-exportador. Pouco antes da emancipação descolonias espanholas, a sociedade colonial se apresentava rigidamente hierarquizado, onde o nascimento, a tradição e a riqueza definiam a posição social do individuo. A elite colonial, dividia-se em: Criollos – eram descendentes de espanhóis nascidos na América. Chapetones – eram pessoas nascidas na metrópole e que possuíam todos os privilégios e ocupavam os altos cargos administrativos. Camada intermediaria – era formada por comerciantes, advogados, médicos, professores, artesões, etc. Camada dominada – era formada pela grande maioria da população.

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A Independência da América Espanhola

A independência da América espanhola está relacionada às transformações que ocorreram no século XVIII na Europa e que levaram à ruína o Absolutismo.A independência das colônias inglesas na América do Norte, a Revolução Industrial, o Iluminismo e a Revolução Francesa causaram um grande impacto na América Espanhola.Entre o final do século XV e o inicio do século XVI, a Espanha constituiu na América um imenso império colonial, riquíssimo em metais preciosos e que, até o final do século XVIII, foi a principal fonte de sustento da Coroa espanhola. A Coroa dividiu a administração em quatro vice-reinos; Nova Granada, Nova Espanha, Rio do Patra e Peru. Junto foram criadas quatro capitanias com função de defesa: Guatemala, Chile, Cuba e Venezuela.O Pacto Colonial visava permanecer com o monopólio comercial através de uma série de limitações comerciais e de algumas obrigações por parte da colônia. Em meados do século XVIII, a riqueza das colônias espanholas já não era a mesma. Em séculos anteriores sugou praticamente toda riqueza de algumas regiões.A Espanha tornou-se grande devedora da Inglaterra e da França, pois importava produtos, já que seu desenvolvimento industrial era atrasado. Para contornar a situação, a Coroa espanhola, aumentou os impostos e restringiu ainda mais o comércio colonial. Tais medidas desagradaram os colonos, em especial os criollos. Além dessas restrições econômicas, os criollos também eram proibidos de tomar decisões políticas, pois o controle estava nas mãos dos Chapetones.No século XIX, ocorreram diversas transformações no continente americano. As colônias espanholas e o Brasil se transformaram em Estados nacionais. Simultaneamente, os Estados Unidos se expandiram para o Oeste, enfrentaram uma violenta guerra civil, conhecida como Guerra da Secessão e, por fim, estabeleceram o seu domínio na América Latina.No século XIX, teve inicio o processo de descolonização da América Latina. No século XIX, teve inicio o processo de descolonização da América Latina, levando à formação de Estados independentes, cujo modelo econômico era o agrário-exportador. Pouco antes da emancipação descolonias espanholas, a sociedade colonial se apresentava rigidamente hierarquizado, onde o nascimento, a tradição e a riqueza definiam a posição social do individuo. 

A elite colonial, dividia-se em: 

Criollos – eram descendentes de espanhóis nascidos na América. Chapetones – eram pessoas nascidas na metrópole e que possuíam todos os privilégios e ocupavam os altos cargos administrativos. Camada intermediaria – era formada por comerciantes, advogados, médicos, professores, artesões, etc. Camada dominada – era formada pela grande maioria da população.

No início do século XIX a América hispânica, inspirada nas idéias liberais do Iluminismo, travou sua guerra de independência vitoriosa contra colonialismo espanhol para, em seguida, fragmentar-se em um grande número de jovens repúblicas oprimidas por caudilhos militares, exploradas por oligarquias rurais e acorrentadas a uma nova dependência econômica imposta pelo capitalismo industrial inglês.

A CRISE DO SISTEMA COLONIAL

O fim do Antigo Regime nas últimas décadas do século XVIII foi conseqüência das transformações ideológicas, econômicas e políticas produzidas pelo Iluminismo, pela Revolução Industrial, pela independência dos Estados Unidos e pela Revolução Francesa. Estes acontecimentos, que se condicionaram e se

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influenciaram reciprocamente, desempenharam um papel decisivo no processo de independência da América espanhola.

As elites da América colonial encontraram na filosofia iluminista o embasamento ideológico para seus ideais autonomistas. A luta pela liberdade política encontrava sua justificativa no direito dos povos oprimidos à rebelião contra os governos tirânicos e á luta pela liberdade econômica na substituição do monopólio comercial pelo regime de livre concorrência.

"A Revolução Industrial Inglesa: Viu-se a necessidade de substituir o monopólio comercial por livre concorrência".

Por esta época a Revolução Industrial inglesa inaugurava a era da indústria fabril e da produção mecanizada. A exportação das mercadorias inglesas exigia a abertura dos mercados americanos ao livre comércio e esbarrava nos entraves criados pelo pacto colonial. 

O monopólio comercial favorecia apenas as metrópoles que lucravam duplamente revendendo os produtos coloniais à Europa e as manufaturas inglesas às suas colônias. Esta política monopolista, entretanto, prejudicava tanto a burguesia inglesa quanto as elites coloniais, e, assim, o desenvolvimento do moderno capitalismo industrial acelerou a crise do antigo sistema colonial mercantilista. E a quebra do pacto colonial e sua substituição pelo libre comércio só poderia se fazer através da independência das colônias em relação às antigas metrópoles.

"A independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa aceleraram o fim do sistema colonial luso-espanhol".

A independência das treze colônias e a formação dos Estados Unidos, primeiro país soberano do Novo Mundo, tornaram-se o exemplo e a fonte de inspiração para os movimentos latino - americanos que lutavam pela emancipação política e pela ruptura do pacto colonial. O regime republicano, baseado no pensamento iluminista, exerceu enorme fascínio sobre a aristocracia "criolla" da América Espanhola.

O maior impacto veio, entretanto, da Revolução Francesa, cujas conseqüências se fizeram sentir tanto na Europa quanto na América. A ascensão de Napoleão Bonaparte, a imposição da supremacia francesa à Europa e o estabelecimento do Bloqueio Continental contra a Inglaterra desferiram um golpe de morte no decadente sistema colonial ibero-americano. 

A invasão de Portugal pelos franceses rompeu o pacto colonial luso-brasileiro e acelerou a independência do Brasil, ao mesmo tempo em que a ocupação da Espanha por Napoleão e a imposição de José Bonaparte como rei do país desencadearam as lutas de independência nas colônias da América espanhola

A CONJUNTURA HISPANO - AMERICANA

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No início do século XIX, quando ocorreu o choque entre a Revolução Industrial inglesa e a Revolução Francesa, o império colonial espanhol na América estava dividido, em termos administrativos, em quatro vice-reinados e quatro capitanias gerais.

"A administração colonial: vice-reinados e capitanias gerais. Os entraves do monopólio comercial".

Os vice-reinados existentes eram Nova Espanha ( México e parte do território atualmente pertencente aos Estados Unidos), Nova Granada ( Colômbia e Equador), Peru e Prata ( Argentina, Uruguai, Bolívia e Paraguai). As capitanias gerais eram Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile. 

Os cargos de vice-rei e capitão-geral eram exercidos por representantes da Coroa vidos diretamente da Espanha, como o eram igualmente todos os altos postos da administração colonial. Desta forma, o aparelho político-administrativo colonial era dominado e monopolizado por espanhóis natos.

A economia colonial baseava-se na exportação de matérias-primas e, portanto, era dependente do mercado externo monopolizado pela metrópole através do pacto colonial. A mineração baseava-se na extração de ouro e prata e estava concentrada no México e na Bolívia. 

A agricultura tropical desenvolveu-se na América Central e nas Antilhas, com base no sistema de "plantation", ou seja, grandes propriedades monoculturas, trabalhadas por escravos. A pecuária concentrava-se principalmente no México e no vice-reinado do Prata. O comércio era praticado nas grandes cidades portuárias, como Buenos Aires, Valparaíso, Cartagena e Vera Cruz.

A Espanha exercia o monopólio comercial entre suas colônias e a Europa, o que afetava os interesses econômicos da elite colonial, obrigada a vender, a baixos preços, seus produtos à metrópole e dela comprar, a altos preços, as manufaturas importadas. O mesmo acontecia com os comerciantes e industriais ingleses, forçados a aceitar a intermediação da Espanha e impedidos de vender diretamente as suas mercadorias à América.

O fim do monopólio comercial interessava, assim, tanto à elite colonial como à burguesia inglesa, à medida que ambas aumentariam seus lucros com a adoção do livre comércio. Esta convergência de interesses foi um fator decisivo para a vitória do movimento de independência hispano-americano.

"A sociedade colonial: brancos, mestiços, índios e negros. Os conflitos entre a aristocracia 'criolla' e os 'chapetones'.".

Por essa época a sociedade colonial era formada por uma população de dez milhões de habitantes, divididos em diversas classes sociais. Os brancos constituíam cerca de três milhões e trezentos mil e classificavam-se em chapetones e criollos. Os chapetones, perto de trezentos mil, eram os espanhóis natos que, monopolizando o poder político, dominavam os altos cargos da administração colonial. 

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Os criollos, cerca de três milhões, eram descendentes de espanhóis nascidos na América e formavam a elite econômica e intelectual da colônia, à qual pertenciam os latifundiários, comerciantes, profissionais liberais e membros do baixo clero.

A contradição entre a estrutura econômica, dominada elos criollos (partidários do livre comércio), e a estrutura política, controlada pelos chapetones (defensores do monopólio metropolitano), foi também um dos fatores importantes do processo de independência.

Os mestiços, descendentes de espanhóis e índios, eram cerca de cinco milhões e dedicavam-se ao pequeno comércio e ao artesanato, enquanto os índios, mais de dez milhões, constituíam a mão-de-obra explorada na mineração e na agricultura. Os negros, perto de oitocentos mil, concentravam-se principalmente nas Antilhas e formavam a mão-de-obra escrava utilizada nas plantations tropicais.

Embora sendo esmagadora minoria, eram os criollos e os chapetones que dominavam e determinavam a condução das relações econômicas e políticas das colônias hispano-americanas e era a eles que interessava a ligação com a metrópole ou o rompimento de laços com ela. 

Assim, a guerra de independência caracterizou-se por ser uma luta entre os criollos, apoiados pela Inglaterra, e os chapetones, apoiados pela Espanha, pelo domínio do aparelho político-administrativo.

O processo de independência da América Espanhola ocorreu em um conjunto de situações experimentadas ao longo do século XVIII. Nesse período, observamos a ascensão de um novo conjunto de valores que questionava diretamente o pacto colonial e o autoritarismo das monarquias. O iluminismo defendia a liberdade dos povos e a queda dos regimes políticos que promovessem o privilégio de determinadas classes sociais.

Sem dúvida, a elite letrada da América Espanhola inspirou-se no conjunto de ideias iluministas. A grande maioria desses intelectuais era de origem criolla, ou seja, filhos de espanhóis nascidos na América desprovidos de amplos direitos políticos nas grandes instituições do mundo colonial espanhol. Por estarem politicamente excluídos, enxergavam no iluminismo uma resposta aos entraves legitimados pelo domínio espanhol, ali representado pelos chapetones.

Ao mesmo tempo em que houve toda essa efervescência ideológica em torno do iluminismo e do fim da colonização, a pesada rotina de trabalho dos índios,

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escravos e mestiços também contribuiu para o processo de independência. As péssimas condições de trabalho e a situação de miséria já tinham, antes do processo definitivo de independência, mobilizado setores populares das colônias hispânicas. Dois claros exemplos dessa insatisfação puderam ser observados durante a Rebelião Tupac Amaru (1780/Peru) e o Movimento Comunero (1781/Nova Granada).

No final do século XVIII, a ascensão de Napoleão frente ao Estado francês e a demanda britânica e norte-americana pela expansão de seus mercados consumidores serão dois pontos cruciais para a independência. A França, pelo descumprimento do Bloqueio Continental, invadiu a Espanha, desestabilizando a autoridade do governo sob as colônias. Além disso, Estados Unidos e Inglaterra tinham grandes interesses econômicos a serem alcançados com o fim do monopólio comercial espanhol na região.

É nesse momento, no início do século XIX, que a mobilização ganha seus primeiros contornos. A restauração da autoridade colonial espanhola seria o estopim do levante capitaneado pelos criollos. Contando com o apoio financeiro anglo-americano, os criollos convocaram as populações coloniais a se rebelarem contra a Espanha. Os dois dos maiores líderes criollos da independência foram Simon Bolívar e José de San Martin. Organizando exércitos pelas porções norte e sul da América, ambos sequenciaram a proclamação de independência de vários países latino-americanos.

No ano de 1826, com toda América Latina independente, as novas nações reuniram-se no Congresso do Panamá. Nele, Simon Bolívar defendia um amplo projeto de solidariedade e integração político-econômica entre as nações latino-americanas. No entanto, Estados Unidos e Inglaterra se opuseram a esse projeto, que ameaçava seus interesses econômicos no continente. Com isso, a América Latina acabou mantendo-se fragmentada.

O desfecho do processo de independência, no entanto, não significou a radical transformação da situação socioeconômica vivida pelas populações latino-americanas. A dependência econômica em relação às potências capitalistas e a manutenção dos privilégios das elites locais fizeram com que muitos dos problemas da antiga América Hispânica permanecessem presentes ao logo da História latino-americana.

Por Rainer SousaMestre em História

Por Rainer Gonçalves Sousa

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s guerras de independência na América espanhola foram as numerosas guerras contra o Império Espanhol na América espanhola, que ocorreram durante o

início do século XIX, a partir de 1808 até 1829. O conflito começou em 1808, com juntas estabelecidas no México eMontevidéu, em reação aos acontecimentos

da Guerra Peninsular. Os conflitos podem ser caracterizados tanto como uma guerra civil e uma guerra de libertação nacional como guerras internacionais

(entre países), uma vez que a maioria dos combatentes de ambos os lados eram espanhóis e americanos, o objetivo do conflito por um lado foi a

independência das colônias espanholas nas Américas. As guerras, em última instância, resultaram na criação de uma série de novos países independentes

que se prolongam da Argentina e Chile, no sul, ao México, no norte. Apenas Cuba e Porto Rico permaneceram sob domínio espanhol, até à Guerra Hispano-

Americana em 1898.

Os conflitos são geralmente relacionados com as guerras de independência da América Latina, que incluem os conflitos no Haiti e o Brasil. Aindependência do

Brasil compartilha com uma origem comum com a da América espanhola, uma vez que ambas foram acionados pela invasão daPenínsula Ibérica por

Napoleão em 1808. Além disso, o processo da independência dos países da América Latina ocorerram geralmente em um clima político e intelectual que

emergiu da Idade do Iluminismo e que influenciou todas as chamadas Revoluções do Atlântico, incluindo as revoluções anteriores nos Estados

Unidos e França. No entanto, as guerras, e a independência da, América espanhola foram resultado da evolução da situação única da monarquia espanhola.

Então Martín Tovar morreu.

Não havia uma certa liberdade nas colônias espanholas que permitiu a fundação de universidades e favoreceu o desenvolvimento científico em algumas

regiões da América Espanhola. As universidades do México e do Peru são exemplos de que foi desenvolvida uma intensa atividade intelectual nas colônias.

As ideias iluministas eram mais conhecidas e difundidas por quem tinha acesso tanto à universidades quanto a livros, publicações e jornais, que divulgavam

freqüentemente essa ideia. Contudo, o ideal de liberdade também inspirou e influenciou as classes populares na luta pela independência. Movidos e unidos

pela liberdade diferentes grupos sociais questionaram o domínio espanhol. O processo de independência das colônias espanholas na América incluia as

mulheres, principalmente as que compunham a população mais pobre.

Napoleão Bonaparte, com o bloqueio continental, proibiu os países europeus a comercializarem com a Inglaterra, sob ameaça de atacar os países onde as

ordens não fossem cumpridas.

Portugal, fiel aliado da Inglaterra, ficou numa situação desagradável, não se resolvendo a tempo. Napoleão, indo invadir Portugal, passou

pela Espanha desencadeando batalhas. O rei de Espanha, Fernando VII, foi preso e perdeu o trono por ordem de Napoleão, que, em seu lugar, colocou seu

irmão José Bonaparte. O povo espanhol não obedecia ao rei francês, e as colônias também se recusaram a fazê-lo.

Com a Europa enfraquecida com a chamada, "Era das Revoluções" a Colônia sentiu, que seria a hora certa para lutar pela sua independência. Ora, a Espanha

estava enfraquecida, pois estava tomada pelo exército francês de Napoleão que na verdade queria acabar com o intercâmbio comercial da Inglaterra, para que

assim, a França se tornasse a maior potência europeia e não a Inglaterra. As Ideias Iluministas ainda circulavam por toda a Europa, assim como a

recente Revolução Francesa. Essas ideias chegavam a colônia como consequência do comércio. Para as guerras de independência, os colonos se basearam

nas ideais iluministas e na Declaração da Independência dos Estados Unidos da América(antiga13 colônias) .

A sociedade das colônias era dividida por classe. A classe mais privilegiada era a dos brancos, das camadas dominantes que constituiam o corpo das

autoridades coloniais, (chamados deChapetones), nascidos na Espanha; eles poderiam participar das decisões políticas e administrativas e ocupar altos

cargos administrativos ligados diretamente a Coroa Espanhola. Abaixo dos Chapetones encontravam-se os Criollos (que eram filhos de espanhóis nascidos

na América que cuidavam da produção mercantil); os brancos, descendentes de espanhóis nascidos na colônia; os proprietários de grandes terras. E por

último os índios, negros e mestiços (os trabalhadores).

Os povos indígenas estavam submetidos à mita (espécie de tributo pago pela população indígena por meio da prestação de serviços aos colonizadores por

tempo determinado, mediante uma remuneração, quase sempre sujeita a abusos). A população indígena estava sujeita também a obrigações originárias

da Península Ibérica, como a encomienda ("troca" de instrução cristã), especialmente que a tornava subordinada ao colonizador, pagando-lhes tributos e

realizando serviços.

A elite dos filhos e decendentes de espanhoes aproveitou a situação ainda de batalhas na Espanha e rompeu o pacto colonial, comercializando com a

Inglaterra e EUA, grandes apoios nas guerras da independência. Quando a Espanha recuperou o poder após as derrotas dos franceses, pressionou as

colônias. Porém, a elite criolla não quis mais aceitar o domínio da Espanha, passando, assim, a liderar em vários lugares da América.

Nessas lutas, vários líderes se destacaram (sobretudo Simón Bolívar), percorrendo praticamente toda a América espanhola. Havia o sonho de manter todo

território das antigas colónias num país só (o que nunca foi feito). E decidiram adotar o regime republicano (proposta de Símon Bolívar) após a independência.

A Inglaterra e os próprios Estados Unidos, recém independentes, apoiaram os colonos, vendo novas oportunidades de comércio.

A Batalha de Pueblo Viejo. Ocorrida no dia 9 de setembro de 1829, no México. A última expedição de reconquista do México tem suas raízes nas ilhas de Cuba e Porto Rico que continuaram

a ser uma parte da Espanha até sua separação, em consequência da Guerra Hispano-Americana.

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Causas da independência

Por ser um processo muito longo, complexo, abrangente e possuir muitas particularidades, as causas da independência variavam de lugar para lugar. Algumas

causas de influência mundial, como a Revolução Francesa e a Independência dos Estados Unidos da América, atuaram mais como padrão que como uma

causa direta. As causas são geralmente divididas em internas, que são as que ocorreram na Espanha e nas colônias e externas que são as que ocorreram em

países estrangeiros.

Causas internas

São elas:

O desejo dos Criollos de independência, que queriam mais poder político e maior liberdade econômica para exercer livremente as suas atividades

econômicas (livre mercado), cuja produtividade foi prejudicada pelo controle do comércio por parte da metrópole e do estabelecimento de um

regime monopólio, gabelas e obstáculos. Insistiam em assumir o controle dos Cabildos e da administração das colônias.

A ideia de que o Estado era um patrimônio da Coroa foi que, quando a Família Real, realizou-se em França as colônias não foram leais ao tribunal de

Cádiz e o Supremo Conselho Central, mas que formaram juntas de governo cuja meta inicial era de regresso trono de Fernando VII.

O descontentamento dos crioulos, que queriam a independência para alterar um sistema colonial que consideravam injusto por serem excluídos das

decisões políticas e econômicas, e encontrar-se em muitos casos explorados.

Os ensinamentos partidos das universidades, academias literárias e das sociedades economicas. Difundiam ideais liberais e revolucionários (típicos do

Iluminismo) contra a ação da Espanha nas suas colônias e tiveram grande influência sobre os líderes revolucionários, como o princípio da soberania

nacional, o contrato social de Rousseau e dos direitos individuais.

Causas Externas

O vácuo do governo na Espanha causado sucessivamente por Napoleão e o constitucionalismo espanhol, abriu a oportunidade para a classe dirigente latino-

americana, constituída por crioulos europeus dessem impulso e sustentassem o movimento, e a guerra pela independência como um meio de preservar e

reforçar o seu status, diminuindo o risco de ser perdido, mas sem procurar uma mudança, a menos que a estrutura social americana (permanencia de castas

ou escravos, etc), nem uma diminuição no seu âmbito administrativo. A chamada "Pátria" foi a característica essencial do movimento e, finalmente, prevaleceu

em todas as partes da América relativamente a outros movimentos de independência, como o fracasso de Hidalgo no México, foi também acompanhado por

uma verdadeira revolução social.

As Ideias liberais espalhadas ao redor do mundo graças à Encyclopédie.

A fraqueza da Espanha e de Portugal durante este período, que tinham perdido o seu papel na Europa. Isso foi reforçado quando Napoleão invadiu a

Península Ibérica.

Os encontros no exterior dos principais líderes da revolução e do envolvimento de alguns na revoluções liberais na Europa, bem como os seus

contactos com os governos estrangeiros que proporcionou-lhes a possibilidade de apoio externo e fontes de financiamento necessárias para os seus

projetos independentistas.

O exemplo dos Estados Unidos da América, que ficou independente da Inglaterra (embora ainda longe de se tornar uma potência mundial, como

aconteceria um século mais tarde), bem como o exemplo da França, cuja revolução proclamou a igualdade de todas as pessoas e seus direitos

fundamentais, coisas que os índios e, em menor medida, os crioulos não possuiam em relação aos peninsulares.

Com o apoio que tiveram do Reino Unido e Estados Unidos, interessados em que as colônias se tornassem independentes, a fim de poderem realizar

um livre comércio com a América Latina.

Juntas de governo - Organizacoes em que os reis se juntavam para tomar decisoes em respeito do governo

Processo de independência

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Na América do Norte, a primeira colônia espanhola a se tornar independente foi o México, adotando, primeiramente o governo monárquico, e depois o governo

republicano.

Na América do Sul, a primeira independência foi a da Venezuela, que se completou com a independência da Colômbia e Equador.

Na América Central, a região foi dividida em cinco países: Honduras, Guatemala, El Salvador, Nicarágua e Costa Rica.

Depois de alguns anos, foi a vez das ilhas da América Central (as do Mar do Caribe): a República Dominicana, Porto Rico e de Cuba.

Ocorreu uma revolta de cunho indianista no Peru em novembro de 1780. Sua bandeira principal era a oposição ao domínio espanhol. A liderança coube a José

Gabriel Condorcanquí, Marquês de Oporesa,autodenominado "Tupac Amaru II". Ele descendia de Tupac Amaru, sobrinho de Atahualpa,reconhecido pelos

indígenas como o último Inca, que ensaiara uma rebelião contra o domínio espanhol e fora executado pelos conquistadores em 1572. Mais de dois séculos

depois, o alvo imediato dos rebeldes eram as autoridades que infligiam tratamento cruel aos trabalhadores das tecelagens, inclusive crianças, que ficavam

fechadas nos "abrajes" ou fábricas de tecidos por quase 16 horas diárias, em troca de salários miseráveis. Outra reivindicação era um melhor tratamento aos

índios que trabalhavam nas minas e plantações.Tupac Amaru II e seus partidários indígenas foram derrotados pelas forças do vice-rei. José Gabriel teve a

língua cortada e sofreu esquartejamento na cidade de Cuzco

Cronologia

Países latino-americanos que declararam independência entre 1809 e 1821

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Mapa das Guerras entre a Espanha e suas colônias na América Latina

   Reação Realista

   Território sob controle independentista

   Território sob controle independentista

   Espanha sob a invasão de Napoleão

   Espanha sob a Revolução Liberal

.

Entre 1809 e 1818 várias colônias latino-americanas declararam-se autónomas e independente da Espanha. Estas foram as seguintes:

Venezuela  – (proclamada em 19 de abril de 1810), no ano seguinte em 5 de julho de 1811, é realizada a assinatura da Declaração da Independência da

Venezuela, e selada definitivamente após a Batalha de Carabobo, em 24 de junho de 1821.

Vice-Reino de Nova Granada  - revoltas de Santa Fé de Bogotá em 20 de julho de 1810 e de Cartagena das Índias em 22 de Maio, (ver: Patria Boba).

Vice-Reino da Nova Espanha  - (ver: Independência do México) Grito de Dolores, 16 de Setembro de 1810, embora geralmente é entendida, de fato,

após o Plano de Iguala em 27 de Setembro de 1821).

América Setentrional

Quito  - (ver: Independência do Equador) proclamada em 10 de Agosto de 1809 e rapidamente reprimida, mais uma vez proclamada em 2 de agosto de

1810, embora geralmente é entendida, de fato, após a Batalha de Pichincha em 24 de maio de 1822). Guayaquil declarou a sua independência em 9 de

outubro de 1820 (ver: Provincia Livre de Guayaquil).

Vice-Reino do Rio da Prata  - (ver Primeira Junta) nomeada em 25 de maio de 1810, Independência da Argentina (proclamada em 9 de julho de1816,

antes a Liga Federal declarou a sua independência em 29 de junho de 1815, no Congresso do Oriente).

Paraguai  (proclamada em 15 de Maio de 1811).

Capitania Geral do Chile  - (ver Independência do Chile) (proclamada em 12 de fevereiro de 1818).

O principal motivo para a crise colonial na América espanhola foi a crise institucional que eclodiu na metrópole quando Napoleão Bonaparte obrigou a

abdicação de Carlos IV em favor Fernando VII e este últimos em favor dos Bonaparte, com José Bonaparte como o novo rei da Espanha e suas colônias.

Esta crise e a subsequente invasão da Espanha pelo exército napoleônico, levaram à criação de juntas fernandistas em várias cidade do território espanhol.

Muitos destas juntas fernandistas na América possuiam dirigentes claramente autonomistas independentistas.

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Embora a crise institucional na Espanha foi um gatilho, estas eram uma última oportunidade esperada para a autonomia e líderes de independência. Desde o

início da colônia, mas sobretudo porque os Bourbons assumiram o trono da Espanha, a administração colonial foi centrada nas pessoas influência nos

tribunais espanhóis, assim como o na casa de recrutamento de Sevilha, uma posição que não era propícia a indivíduos nascidos na América.

O Rei Carlos III, como um típico déspota esclarecido da época, promoveu as artes e permitiu um grande afluxo de idéias do Iluminismo na América, enquanto

exercia um forte poder político. Carlos III apoiou as colónias britânicas, em sua guerra de independência, contratando e promovendo a instituição de novos

tributos fiscais para subsidiar a defesa dos interesses espanhóis na região das Caraíbas. Estes eventos resultaram nos anos 1780 um rompimento da pax

hispanica que rege a colônia espanholas desde a sua criação. A revolta da comunidade de Nova Granada e da revolta de Tupac Amaru, no Peru demonstram

esta nova realidade.

Carlos IV não se caracterizou pelo seu férreo controle do poder. Mais interessado em ciência deixou a política nas mãos de seus ministros, que, especialmente

no caso de Godoy, promoveu reformas liberais em diversos aspectos sociais, enquanto relegava cada vez mais para as colônias e os súditos nas colônias

como súditos de segunda.

Por outro lado, a Espanha impôs uma série de restrições comerciais nas colônias, que não poderia comercializar uns com os outros, muito menos o

comercializar com outras nações como o Reino Unido ou Estados Unidos. Todas as relações comerciais foram determinados a partir da Espanha. A influência

das idéias liberais e as restrições políticas e comerciais, criaram o descontentamento que foi catalisado pela crise espanhola de 1809.

Países latino-americanos que declararam independência entre 1821 e 1825

1821 :

24 de junho - Batalha de Carabobo com vitória decisiva para a independência da Venezuela.

28 de Julho - San Martin ocupa Lima e declara a independência do Peru.

1 de Dezembro - República Dominicana, durou até 9 de fevereiro de 1822, quando o país foi anexado pelo Haiti (ver: Independência efêmera).

15 de setembro - Os territórios compreendidos pela Capitania Geral da Guatemala ganharam independência a partir do Governo espanhol.

21 de setembro - Ato de Independência do Império do México.

28 de novembro - O Panamá se integra a Grã Colômbia.

1824 :

24 de maio - O Equador consegue a sua independência na Batalha de Pichincha.

1825:

6 de agosto - Independência da Bolívia.

1828  - O Uruguai torna-se independente do Brasil e Argentina.

Países latino-americanos que declararam independência após 1828

As Províncias Unidas da América Central, conhecidas desde 1824 como a República Federal da América Central, desintegraram nos seguintes estados:

 Costa Rica, primeiro entre 1829 e 1831 e finalmente em 1838.

 Nicarágua, em abril de 1838.

 Guatemala, em abril de 1839.

 Honduras, em 1839.

 El Salvador, em 1839 e formalmente em 31 de janeiro de 1841.

A República Dominicana ganhou sua independência do Haiti, em 27 de fevereiro de 1844, anexando-se à Espanha em 16 de agosto de 1861.

Tornou-se independente novamente depois daGuerra da Restauração (República Dominicana) concluída em 1865, proclamada com o grito de

Capotillo em 16 de agosto de 1863.

Após concluir a Guerra Hispano-Americana e depois da assinatura do Tratado de Paris (1898), Cuba, Porto Rico, Filipinas e Guam ficaram sob o controle

dos Estados Unidos.

Cuba  ganhou a sua independência em 20 de Maio de 1902, mas permaneceu sob controle dos EUA sob a Emenda Platt até 1934.

Porto Rico  continua a ser um Estado livre associado aos Estados Unidos, ainda hoje, não é um estado independente.

Panamá  se separou da Colômbia, com auxilio dos Estados Unidos (que tinham interesses na construção do Canal do Panamá) e proclamou a sua

independência em 3 de novembro de 1903.

Consequências

Para a Espanha: A nação espanhola se mostrou indiferente, os outros que consideraram um problema. Para os comerciantes e a administração

governamental desapareceu uma fonte de rendimento - o fluxo de ouro, essencial para o Tesouro, bem como um importante mercado para exportações

espanholas. A Espanha continuou em meio de uma guerra civil, caindo para uma potência de segundo plano entre os Estados europeus.

Para a América: O movimento de independência devido a seu efeito divisivo foi o resultado natural da fragmentação dos países emergentes. Não

houve nenhuma alteração na estrutura administrativa; nem mesmo houve alterações sociais das chamadas castas: criollos, mestiços, pardos, ou para

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índios e escravos negros. Desapareceu o monopólio comercial e, portanto, oprotecionismo, com o empobrecimento de muitas regiões latino americanas

que não poderiam competir com as indústrias na Europa. A independência não está ligada a qualquer melhoria económica ou social ou de

administração. Pode-se dizer que o sonho de Bolívar de criar uma América unida, a Grã Colômbia, fracassou.

Embora esse movimento de independência iria continuar seu processo político, os 7 países que foram criados como um resultado das guerras de

independência hispano-americanas foram:

 Grã Colômbia (República da Colômbia)

 Primeiro Império Mexicano

 Províncias Unidas do Rio da Prata

 Bolívia

 Peru

 Chile

 Províncias Unidas da América Central

Além disso, houve um movimento que conseguiu independência sem derramamento de sangue e que resultou na criação de outro país:

 Paraguai

Estes, depois de processos complexos que ocorreram em anos posteriores resultaram em 16 países da América Latina: Argentina, Bolívia, Colômbia, Costa

Rica, Chile, Equador, El Salvador,Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. No Caribe, a República

Dominicana continuará sendo uma parte da Espanha até 1844, enquanto Cubae Porto Rico continuará o sendo até sua separação, como resultado da Guerra

Hispano-Americana em 1898.

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Independência da América Espanhola

Comércio livre com países livres"

No início do século XIX a América Espanhola ou hispânica, inspirada nas idéias liberais do Iluminismo, travou sua guerra de independência vitoriosa contra colonialismo espanhol para, em seguida, fragmentar-se em um grande número de jovens repúblicas oprimidas por caudilhos militares, exploradas por oligarquias rurais e acorrentadas a uma nova dependência econômica imposta pelo capitalismo industrial inglês.

A crise do sistema colonial

O fim do Antigo Regime nas últimas décadas do século XVIII foi conseqüência das transformações ideológicas, econômicas e políticas produzidas pelo Iluminismo, pela Revolução Industrial, pela independência dos Estados Unidos e pela Revolução Francesa. Estes acontecimentos, que se condicionaram e se influenciaram reciprocamente, desempenharam um papel decisivo no processo de independência da América espanhola. As elites da América colonial encontraram na filosofia iluminista o embasamento ideológico para seus ideais autonomistas. A luta pela liberdade política encontrava sua justificativa no direito dos povos oprimidos à rebelião contra os governos tirânicos e á luta pela liberdade econômica na substituição do monopólio comercial pelo regime de livre concorrência.

"A Revolução Industrial Inglesa: Viu-se a necessidade de substituir o monopólio comercial por livre concorrência".    Indústrias Early séc. XIX

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 Por esta época a Revolução Industrial inglesa inaugurava a era da indústria fabril e da produção mecanizada. A exportação das mercadorias inglesas exigia a abertura dos mercados americanos ao livre comércio e esbarrava nos entraves criados pelo pacto colonial. O monopólio comercial favorecia apenas as metrópoles que lucravam duplamente revendendo os produtos coloniais à Europa e as manufaturas inglesas às suas colônias. Esta política monopolista, entretanto, prejudicava tanto a burguesia inglesa quanto as elites coloniais, e, assim, o desenvolvimento do moderno capitalismo industrial acelerou a crise do antigo sistema colonial mercantilista. E a quebra do pacto colonial e sua substituição pelo libre comércio só poderia se fazer através da independência das colônias em relação às antigas metrópoles.

"A independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa aceleraram o fim do sistema colonial luso-espanhol".

Batalha de Boston 1770

A independência das treze colônias e a formação dos Estados Unidos, primeiro país soberano do Novo Mundo, tornaram-se o exemplo e a fonte de inspiração para os movimentos latino - americanos que lutavam pela emancipação política e pela ruptura do pacto colonial. O regime republicano, baseado no pensamento iluminista, exerceu enorme fascínio sobre a aristocracia "criolla" da América Espanhola.

O maior impacto veio, entretanto, da Revolução Francesa, cujas conseqüências se fizeram sentir tanto na Europa quanto na América. A ascensão de Napoleão Bonaparte, a imposição da supremacia francesa à Europa e o estabelecimento do Bloqueio Continental contra a Inglaterra desferiram um golpe de morte no decadente sistema colonial ibero-americano. A invasão de Portugal pelos franceses rompeu o pacto colonial luso-brasileiro e acelerou a independência do Brasil, ao mesmo tempo em que a ocupação da Espanha por Napoleão e a imposição de José Bonaparte como rei do país desencadearam as lutas de independência nas colônias da América espanhola.

A conjuntura Hispano - Americana

No início do século XIX, quando ocorreu o choque entre a Revolução Industrial inglesa e a Revolução Francesa, o império colonial espanhol na América estava dividido, em termos administrativos, em quatro vice-reinados e quatro capitanias gerais.

"A administração colonial: vice-reinados e capitanias gerais. Os entraves do monopólio comercial".

Os vice-reinados existentes eram Nova Espanha ( México e parte do território atualmente pertencente aos Estados Unidos), Nova Granada ( Colômbia e Equador), Peru e Prata ( Argentina, Uruguai, Bolívia e Paraguai). As capitanias gerais eram Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile. Os cargos de vice-rei e capitão-geral eram exercidos por representantes da Coroa vidos diretamente da Espanha, como o eram igualmente todos os altos postos da administração

Page 12: A Independência da América Espanhola

colonial. Desta forma, o aparelho político-administrativo colonial era dominado e monopolizado por espanhóis natos.

A economia colonial baseava-se na exportação de matérias-primas e, portanto, era dependente do mercado externo monopolizado pela metrópole através do pacto colonial. A mineração baseava-se na extração de ouro e prata e estava concentrada no México e na Bolívia. A agricultura tropical desenvolveu-se na América Central e nas Antilhas, com base no sistema de "plantation", ou seja, grandes propriedades monoculturas, trabalhadas por escravos. A pecuária concentrava-se principalmente no México e no vice-reinado do Prata. O comércio era praticado nas grandes cidades portuárias, como Buenos Aires, Valparaíso, Cartagena e Vera Cruz.

A Espanha exercia o monopólio comercial entre suas colônias e a Europa, o que afetava os interesses econômicos da elite colonial, obrigada a vender, a baixos preços, seus produtos à metrópole e dela comprar, a altos preços, as manufaturas importadas. O mesmo acontecia com os comerciantes e industriais ingleses, forçados a aceitar a intermediação da Espanha e impedidos de vender diretamente as suas mercadorias à América.

O fim do monopólio comercial interessava, assim, tanto à elite colonial como à burguesia inglesa, à medida que ambas aumentariam seus lucros com a adoção do livre comércio. Esta convergência de interesses foi um fator decisivo para a vitória do movimento de independência hispano-americano.

"A sociedade colonial: brancos, mestiços, índios e negros. Os conflitos entre a aristocracia 'criolla' e os 'chapetones'.".

Por essa época a sociedade colonial era formada por uma população de dez milhões de habitantes, divididos em diversas classes sociais. Os brancos constituíam cerca de três milhões e trezentos mil e classificavam-se em chapetones e criollos. Os chapetones, perto de trezentos mil, eram os espanhóis natos que, monopolizando o poder político, dominavam os altos cargos da administração colonial. Os criollos, cerca de três milhões, eram descendentes de espanhóis nascidos na América e formavam a elite econômica e intelectual da colônia, à qual pertenciam os latifundiários, comerciantes, profissionais liberais e membros do baixo clero.

A contradição entre a estrutura econômica, dominada elos criollos (partidários do livre comércio), e a estrutura política, controlada pelos chapetones (defensores do monopólio metropolitano), foi também um dos fatores importantes do processo de independência. Os mestiços, descendentes de espanhóis e índios, eram cerca de cinco milhões e dedicavam-se ao pequeno comércio e ao artesanato, enquanto os índios, mais de dez milhões, constituíam a mão-de-obra explorada na mineração e na agricultura. Os negros, perto de oitocentos mil, concentravam-se principalmente nas Antilhas e formavam a mão-de-obra escrava utilizada nas plantations tropicais.

Embora sendo esmagadora minoria, eram os criollos e os chapetones que dominavam e determinavam a condução das relações econômicas e políticas

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das colônias hispano-americanas e era a eles que interessava a ligação com a metrópole ou o rompimento de laços com ela. Assim, a guerra de independência caracterizou-se por ser uma luta entre os criollos, apoiados pela Inglaterra, e os chapetones, apoiados pela Espanha, pelo domínio do aparelho político-administrativo.

A guerra de Independência

O processo de independência hispano-americano dividiu-se, grosso modo, em três fases principais: os movimentos precursores (1780 - 1810), as rebeliões fracassadas (1810 - 1816) e as rebeliões vitoriosas (1817 - 1824).

"Os movimentos precursores da guerra de independência: revoltas de Tupac Amaru e de Francisco Miranda".

Os movimentos precursores, deflagrados prematuramente, foram severamente reprimidos pelas autoridades metropolitanas. Ainda que derrotados, contribuíram para enfraquecer a dominação colonial e amadurecer as condições para a guerra de independência travada posteriormente. A mais importante dessas insurreições iniciou-se no território peruano em 1780 e foi comandada por Tupac Amaru. Essa rebelião indígena mobilizou mais de sessenta mil índios e só foi totalmente esmagada pelos espanhóis em 1783, quando foram igualmente reprimidas outras revoltas no Chile e na Venezuela. Inspirado no exemplo dos Estados Unidos, o criollo venezuelano Francisco Miranda liderou, a partir desta época, vários levantes e se tornou o maior precursor da independência hispano-americana. Após os Estados Unidos, a segunda independência da América foi realizada pelos escravos trabalhadores das plantations que, em 1793, através de uma insurreição popular contra a elite branca libertaram o Haiti.

"As rebeliões de independência fracassadas: a falta de apoio da Inglaterra e dos Estados Unidos".

Em 1808, a ascensão de José Bonaparte ao trono da Espanha iria desencadear a guerra de independência na América espanhola, devido aos desdobramentos políticos daquela situação. Na Espanha, o povo pegou em armas contra a dominação francesa; na América, os criollos pronunciaram-se pelo "lealismo" e se colocaram ao lado de Fernando VII, herdeiro legítimo de Coroa espanhola. Os criollos, entretanto, evoluíram rapidamente do "lealismo" para posições emancipacionistas e, em 1810, iniciaram a luta pela independência.

O fracasso das rebeliõs iniciadas em 1810, foi conseqüência, em grande parte, da falta de apoio da Inglaterra, que empenhada na luta contra a França napoleônica, não pôde fornecer ajuda aos movimentos de independência liderados pela aristocracia criolla. Os Estados Unidos, que possuíam acordos comerciais com a Junta de Sevillha, também não forneceram qualquer ajuda aos rebeldes hispano-americanos. Em 1816, os movimentos emancipacionistas, isolados internamente e sem apoio internacional, foram momentaneamente vencidos pelas tropas espanholas.

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 "A vitória do movimento de independência: apoio da Inglaterra e dos Estados Unidos. A doutrina Monroe".

Após a derrota de Napoleão e 1815, a Inglaterra, liberta da ameaça francesa, passou a apoia efetivamente as rebeliões de independência na América, que se reiniciaram em 1817 e só terminariam em 1824 com a derrota dos espanhóis e a emancipação de suas colônias americanas. Naquele ano Simon Bolívar desencadeou a campanha militar que culminaria com a libertação da Venezuela, da Colômbia e do Equador e, mais ao sul, José de San Martín promovia a libertação da Argentina, do Chile e do Peru. 

Em 1822 os dois libertadores encontraram-se em Guayaquil, no Equador, onde San Martín entregou a Bolívar o comando supremo do exército de libertação. O processo de independência tornou-se irreversível quando, em 1823, os EUA proclamaram a Doutrina Monroe, opondo-se a qualquer tentativa de intervenção militar, imperialista ou colonizadora, da Santa Aliança, no continente americano. Em 1824, os últimos remanescentes do exército espanhol foram definitivamente derrotados pelo general Sucre, lugar-tenente de Bolivar, no interior do Peru, na Batalha de Ayacucho. Ao norte, a independência do México fora realizada em 1822 pelo general Iturbide, que se sagrou imperador sob o nome de Agustín I. Um ano de pois, foi obrigado a abdicar e, ao tentar retomar o poder, foi executado, adotando o país o regime republicano. Em 1825, após a guerra de independência, apenas as ilhas de Cuba e Porto Rico permaneceram sob o domínio espanhol.

As consequências da Independência

Em 1826, Bolivar convocou os representantes dos países recém-independentes para participarem da Conferência do Panamá, cujo objetivo era a criação de uma confederação pan-americana. O sonho boliviano de unidade política chocou-se, entretanto, com os interesses das oligarquias locais e com a oposição da Inglaterra e dos Estados Unidos, a quem não interessavam países unidos e fortes. Após o fracasso da Conferência do Panamá, a América Latina fragmentou-se politicamente em quase duas dezenas de pequenos Estados soberanos, governados pelas aristocracia criolla. Outros fatores que interferiram nessa grande divisão política foram o isolamento geográfico das diversas regiões, a compartimentação populacional, a divisão administrativa colonial e a ausência de integração econômica do continente. O pan-americanismo foi vencido pela política do "divida e domine".

"À emancipação e divisão política latino-americana segue-se nova dependência em reação à Inglaterra".

Assim, entre as principais conseqüências do processo de emancipação da América espanhola merecem destaque: a conquista da independência política, a conseqüente divisão política e a persistência da dependência econômica dos novos Estados. O processo de independência propiciou sobretudo a emancipação política, ou seja, uma separação da metrópole através da quebra do pacto colonial. A independência política não foi acompanhada de uma

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revolução social ou econômica: as velhas estruturas herdadas do passado colonial sobreviveram à guerra de independência e foram conservadas intactas pelos novos Estados soberanos.

Assim, a divisão política e a manutenção das estruturas coloniais contribuíram para perpetuar a secular dependência econômica latino-americana, agora não mais em relação à Espanha, mas em relação ao capitalismo industrial inglês. As jovens repúblicas latino-americanas, divididas e enfraquecidas, assumiram novamente o duplo papel de fontes fornecedoras de matérias-primas essenciais agora à expansão do industrialismo e de mercados consumidores para as manufaturas produzidas pelo capitalismo inglês.

A independência da América espanhola

No decorrer do século XVIII, o sistema colonial implementado pelos espanhóis na América passou a sofrer importantes transformações, fruto do envolvimento metropolitano nas guerras européias e da crise da mineração.

O NOVO COLONIALISMO

O Tratado de Ultrecht ( 1713) foi uma decorrência da derrota da Espanha na "Guerra de Sucessão Espanhola", sendo forçada a fazer concessões à Inglaterra, garantindo-lhes a possibilidade de intervir no comércio colonial através do asiento - fornecimento anual de escravos africanos - e do permiso - venda direta de manufaturados às colônias.

Esse tratado marca o início da influência econômica britânica sobre a região e ao mesmo tempo, o fim do monopólio espanhol sobre suas colônias na América.

Se os direitos reservados aos ingleses quebravam o pacto colonial, a Espanha ainda manteve o controle sobre a maior parte do comércio colonial, assim como preservou o controle político, porém foi obrigada a modificar de maneira significativa sua relação com as colônias, promovendo um processo de abertura.

As principais mudanças adotadas pela Espanha foram:

A abolição do sistema de frotas, e abolição do sistema de porto único, tanto na metrópole, como nas colônias, pretendendo dinamizar o comércio, favorecendo a burguesia metropolitana e indiretamente o próprio Estado. Na América foi liberado o comércio intercolonial (desde que não concorresse com a Espanha) e os criollos passaram a ter o direito de comercializar diretamente com a metrópole.

AS TRANSFORMAÇÕES NAS COLÔNIAS

As mudanças efetuadas pela Espanha em sua política colonial possibilitaram o aumento do lucro da elite criolla na América, no entanto, o desenvolvimento econômico ainda estava muito limitado por várias restrições ao comércio, pela proibição de instalação de manufaturas e pelos interesses da burguesia espanhola, que dominava as atividades dos principais portos coloniais. Os criollos enfrentavam ainda grande obstáculo à ascensão social, na medida em que as leis garantiam privilégios aos nascidos na Espanha. Os cargos políticos e administrativos , as patentes mais altas do exército e os principais cargos eclesiásticos eram vetados à elite colonial.

Soma-se à situação sócio econômica, a influência das idéias iluministas, difundidas na Europa no decorrer do século XVIII e que tiveram reflexos na América, particularmente sobre a elite colonial, que adaptou-as a seus interesses de classe, ou seja, a defesa da liberdade frente ao domínio espanhol e a preservação das estruturas produtivas que lhes garantiriam a riqueza.

O MOVIMENTO DE INDEPENDÊNCIA

O elemento que destravou o processo de ruptura colonial foi a invasão das tropas de Napoleão Bonaparte sobre a Espanha; no entanto é importante considerar o conjunto de alterações ocorridas tanto nas colônias como na metrópole, percebendo a crise do Antigo regime e do próprio sistema colonial, como a Revolução Industrial e a revolução Francesa.

A resistência à ocupação francesa iniciou-se tanto na Espanha como nas colônias; netas a elite criolla iniciaram a formação de Juntas Governativas, que em várias cidades passaram a defender a idéia de ruptura definitiva com a metrópole, como vimos, para essa elite a liberdade representava a independência e foi essa visão liberal iluminista que predominou.

Assim como o movimento de independência das colônias espanholas é tradicionalmente visto a partir dos interesses da elite, costuma-se compara-lo com o movimento que ocorreu no Brasil, destacando-se:

-a grande participação popular, porém sob liderança dos criollos;-o caráter militar, envolvendo anos de conflito com a Espanha;-a fragmentação territorial, processo caracterizado pela transformação de 1 colônia em vários países livres;-adoção do regime republicano - exceção feita ao México.

http://www.ohistoriador.com.br/site/historia-moderna/independencia-da-america-espanhola/

http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=32

Page 16: A Independência da América Espanhola

http://educacao.uol.com.br/historia/independencia-america-espanhola.jhtm

http://pt.shvoong.com/social-sciences/1750904-independ%C3%AAncia-da-am%C3%A9rica-espanhola/

http://www.artigonal.com/educacao-artigos/o-processo-de-crise-e-independencia-da-america-espanhola-e-da-amercia-portuguesa-1094075.html

http://clioaulas.blogspot.com.br/2010/01/processo-de-independencia-da-america.html

Processo de Independência da América Espanhola

O poder espanhol na América desmoronou-se como um castelo de cartas em apenas 15 anos. A emancipação de um continente, que havia se

transformado radicalmente desde os tempos da conquista, três séculos antes, foi produto tanto da crise que vivia a Metrópole após a invasão francesa

como de sua própria evolução.

Nesta aula veremos o contexto, os fatores externos e internos do processo e seu desenvolvimento. Falamos ainda do bolivarismo e teremos em

destaque as independências do Haiti e do México.

http://www.artigonal.com/educacao-artigos/o-processo-de-crise-e-independencia-da-america-espanhola-e-da-amercia-portuguesa-1094075.html

O Processo De Crise E Independência Da América Espanhola E Da Amércia PortuguesaA partir do século XVIII a Espanha passou por um intenso processo de mudança (crise) que determinou sua história como potência colonial.

      Neste período, Espanha e Portugal – até então as grandes potências da Europa – vinham perdendo seus espaços para França e Inglaterra. A

mineração nas colônias espanholas estava em declínio. O esgotamento das principais jazidas no México e Peru ocorria desde o século XVII, privando a

Espanha de sua principal fonte de riquezas, e grande parte dos metais preciosos extraídos não se acumulavam na metrópole devido às várias guerras

nas quais a Espanha se envolvera e começava a surgir uma predominância inglesa nas relações comerciais; além disso, a Inglaterra venceu na Guerra

de Sucessão Espanhola, impondo o tratado de Utrechet, que determinou a ascensão dos Bourbons ao poder espanhol, abdicando dos direitos que

possuíam na França.

      Diante do processo de crise pelo qual a Espanha passava, empreendeu-se uma tentativa de superá-la em suas potências coloniais, que passavam

por um grande desenvolvimento econômico e social, o que provocou uma ruptura, uma vez que não havia compatibilidade de interesses políticos,

econômicos e ideológicos entre os colonizadores e os colonos.

      Esta tentativa tomou forma no que se convencionou chamar de Reforma Bourbônica; medidas político-administrativas que visavam à centralização

do poder nas mãos da metrópole, estabelecer uma força militar efetiva e permanente, e modernizar o sistema de arrecadação fiscal. Até então a

administração colonial espanhola era composta pelos vice-reinados, corregedorias e, acima deles, o Conselho das Índias, que ficava na Espanha, o que

burocratizava muito as tomadas de decisão. A partir da Reforma, foi criada a Intendência, ocupada por um funcionário escolhido pela Coroa para

executar suas ordens, ficando acima dos vice-reis.

      Pelo Tratado de Utrecht (1713), a Espanha cedeu aos ingleses o direito de enviar uma determinada quantidade de mercadorias, anualmente, aos

portos coloniais, além do cobiçado direito de asiento (monopólio da venda de licenças para o tráfico de escravos africanos nas colônias).

      Apesar de tudo, os Bourbons assumiram uma política de recuperação nacional, visando, em primei¬ro lugar, à modernização econômica do país e,

em segundo lugar. à restauração dos vínculos monopolistas com a América. 

      foram criadas companhias de comércio para monopolizarem certos produtos coloniais —Barcelona, Zaragoza e Guipuzcoa —, e suprimiu-se o sistema

de “exclusivo” montado pelo Habsburgo: o regime de porto único extinguiu-se em 1778, sendo autorizados 13 portos espanhóis para o comércio

colonial, e o regime de frotas e galeões terminou abolido em 1798.

      O período bourbônico não significou a instauração do “livre comércio” com a América, mas tão-somente uma ampliação do “exclusivo”, e sua

remodelação institucional, visando justamente ao reforço dos vínculos coloniais. Medidas “modernizantes” no plano interno e uma política

“recolonizadora” nos negócios americanos, ete foi o sentido das reformas bourbônicas do século XVIII.

      Deste modo, muitos dos circuitos intercoloniais pro¬movidos no século XVII e inícios de XVIII passaram ao controle da metrópole, particularmente os

que envolviam metais preciosos e produtos tropicais. A política de “diversificação econômica” adotada pelos Bourbons — à qual muitos atribuem a

difusão do cacau na Venezuela, do açúcar em Cuba, e do tabaco em Nova Granada —, não passou, em muitos casos, de uma reorientação das

exportações coloniais em favor da metrópole.

      Na conjuntura do século XVIII, sobretudo após 1750, a América caiu novamente sob o controle político e comercial da Espanha, do qual só sairia com

a crise da independência.

      Tais medidas provocaram uma onda de Revoltas e sedições que culminaria na fragmentação territorial das colônias espanholas e no surgimentos de

várias pequenas repúblicas.

       As relações entre os países ibéricos e suas colônias envolviam também outras nações européias. Por isso, os acontecimentos que atingiam os países

europeus acabavam tendo repercussões nas colônias espanholas e também no Brasil. Assim, as transformações sociais e econômicas pelas quais

passava a Europa no início do século XIX, bem como os conflitos daquele continente afetaram a vida dos domínios espanhóis e portugueses na América,

acelerando o processo de crise do sistema colonial, que resultaria na independência dos territórios americanos. 

      O processo de luta pelo fim do sistema colonial e pela independência política da América foi resultado da ação de grupos numericamente pequenos,

mas fortes e poderosos, que se organizaram e, dessa forma, estruturaram os novos países de acordo com seus interesses.

      Durante as três primeiras décadas do século XIX, as colônias espanholas lutaram pela independência em relação à metrópole. Não foi um movimento

único, mas  vários processos distintos. Entretanto, podemos dizer que alguns elementos comuns contribuíram para as luta pela independência.

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Page 17: A Independência da América Espanhola

      O pensamento liberal do Iluminismo, que influenciou a independência dos Estados Unidos (1776) e os grupos da Revolução Francês (1789), também se difundiu entre setores da elite colonial espanhola. Muitos dos ideais antiabsolutistas defendidos pelo liberalismo serviram de justificativa filosófica para a luta contra o domínio colonial espanhol. Assim, as criticas contra o absolutismo europeu se transformaram em anticolonialismo na América.      Além das idéias liberais, as lutas pela independência foram impulsionadas pela consciência das elites coloniais de que os laços com o governo espanhol dificultavam seu domínio mais pleno sobre as áreas da América. Essa elite era constituída, sobretudo, pelos criollos (filhos de espanhóis nascidos na América).      A metrópole espanhola era responsável por várias medidas que prejudicavam a elite criolla, como a dificuldade de acesso aos altos cargos do governo na administração colonial, a cobrança de elevados impostos sobre os produtos de exportação, e a restrição do desenvolvimento de produtos manufaturados que concorressem com a produção da metrópole.      As elites coloniais formavam um conjunto diversificado no qual encontramos grupos de latifundiários (produtores de gêneros de exportação como cacau, açúcar etc.), comerciantes urbanos, proprietários de minas etc. Não tinham o mesmo pensamento político ou econômico, mas, em geral, concordavam em querer ampliar seus poderes locais e desejavam conquistar direito ao livre comércio.      Numa primeira etapa de tentavas de independência (1810-1815), que corresponde ao período em que a Espanha estava ocupada pelos franceses, deu-se a independência da Argentina, do Paraguai, da Venezuela, do Equador e do Chile. O México também tentou, mas foi dominado. A Venezuela e o Equador foram reconquistados pelos espanhóis.      Na segunda fase (1816-1828), quando o rei Fernando VII já havia reassumido o trono espanhol, ocorreram as independências da Bolívia, do México, do Peru e da América Central. O Uruguai, que naquela época havia sido anexado ao Brasil, iniciou a luta pela libertação em 1825, conseguindo-a, em 1828.        O processo de crise do sistema colonial português e a conseqüente independência do Brasil tiveram características muito semelhantes às relacionadas ao processo na América espanhola.      Desde as últimas décadas do século XVIII assinala-se na América Latina a crise do Antigo Sistema Colonial.       As conjunturas do contexto internacional - principalmente com relação à Inglaterra – e até mesmo a relação do Império português com a colônia Brasil, propiciaram um cenário favorável à ascensão do Marquês de Pombal ao poder Português.      No Brasil, as elites locais (grandes latifundiários, proprietários de escravos e produtores agrícolas) queriam maior participação nas decisões da colônia, ale, de estarem insatisfeitos com a cobrança de altos impostos sobre seus produtos.       A decadência do colonialismo foi acompanhada de um crescente enrijecimento administrativo e político.  Portugal  desenvolveu ao máximo a idéia de que a colônia só servia para enriquecer a metrópole. O Brasil só podia vender para Portugal, e comprar de Portugal, a preços fixados por este, além disso, não podia produzir nada que Portugal pudesse produzir e/ou vender para o Brasil,  como aguardente, sal, manufaturas. Em 1785, a Rainha D. Maria I, assinou o famoso alvará que leva o seu nome, proibindo as manufaturas no Brasil, afim de não desperdiçar os esforços que deveriam se concentrar na agricultura       O fisco tornou-se opressivo ao extremo, foi criada uma contribuição "voluntária" para reconstrução de Lisboa, após o terremoto de 1755, que continuou sendo cobrada até muito depois da cidade ficar pronta de novo.       Não era mais Portugal quem abastecia o Brasil, e sim a Inglaterra via Portugal, o qual se constituiu num intermediário encarecedor.       Terminar com o monopólio tornou-se, no séc XVIII, um ideal do capitalismo liberal que veio ao encontro dos interesses de duas classes sociais bastante distanciadas entre no espaço, o latifundiário do Brasil, e o burguês da Inglaterra. O colonialismo mercantilista e monopolista entrou em crise quando as sociedades coloniais amadureceram, combateram impostos extorsivos e desejaram liberdade para comprar e vender; e o capitalismo em expansão no Velho Mundo reclamou a expansão dos mercados, opondo-se aos mercados fechados vigentes em defesa de seus negócios.      Em meio a esta crise, Portugal, na pessoa do Marquês de Pombal, implementa uma série de medidas político-administrativas (Reforma Pombalina) com o mesmo caráter da Reforma dos Bourbons: exercer maior controle sobre a área fiscal (modernização do sistema) e inibir as idéias separatistas. O governo português proíbe qualquer tipo de indústria no Brasil. O objetivo é dificultar a autonomia da colônia, reduzindo seu desenvolvimento econômico, e, simultaneamente, preservar e aumentar os lucros do comércio da metrópole. No caso dos Bourbons, tais medidas provocaram a fragmentação do território. No caso do Brasil, assegurou a unidade territorial. Enquanto no quadro burocrático os Bourbons indicaram espanhóis legítimos para ocupar seus quadros, Pombal não hesitou em se valer de elementos da elite colonial nas tarefas do poder. A plutocracia local começou a se habituar ao exercício do mando (quando não havia conflito de interesses com a metrópole)      Essa crise foi marcada pelas rebeliões de emancipação, destacando-se a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana. Foram os primeiros movimentos sociais da história do Brasil a questionar o pacto colonial e assumir um caráter republicano. Era apenas o início do processo de independência política do Brasil, que se estende até 1822 com o "sete de setembro". Esta situação de crise do antigo sistema colonial era na verdade, parte integrante da decadência do Antigo Regime europeu, debilitado pela Revolução Industrial na Inglaterra e principalmente pela difusão do liberalismo econômico e dos princípios iluministas      As colônias inglesas da América do Norte fizeram sua independência e, a idéia de emancipação política foi adotada pela elite mineira como um meio de manter privilégios e autoridade adquiridos, e impedir que seus negócios fossem investigados. Aquilo que Portugal criara no Brasil, um grupo político para representá-lo, se voltava agora contra seu criador      Pombal sugere a transferência da Corte para o Brasil, visando inibir as revoltas e centralizar o poder. O que só vai acontecer em 1808. A Corte portuguesa transfere-se para o Brasil, num total de 12 mil pessoas, aproximadamente. Portugal havia sido invadido no final de 1807 por tropas do imperador Napoleão Bonaparte após ter rejeitado o bloqueio continental decretado pela França contra o comércio com a Inglaterra. Com o apoio da esquadra britânica, dom João, regente do reino no lugar de sua mãe, dona Maria I, chega à Bahia em janeiro e dois meses depois segue para o Rio de Janeiro.      No entanto, o “amadurecimento” da elite local e o sentimento de insatisfação já era muito grande; e apesar de tais medidas garantirem a unidade territorial da colônia, não foram capazes de impedir a eminente independência do Brasil.      A elite brasileira era dominada por diversos grupos. Embora o rompimento político com Portugal fosse o desejo da maioria dos brasileiros, havia muitas divergências. No movimento emancipacionista havia grupos sociais distintos: a aristocracia rural do sudeste partido brasileiro, as camadas populares urbanas liberais radicais e por fim, a aristocracia rural do norte e nordeste, que defendiam o federalismo e até o separatismo.      A aristocracia rural do sudeste, a mais poderosa, era conservadora, lutando pela independência, defendendo a unidade territorial, a escravidão e seus privilégios de classe. Os liberais radicais queriam a independência e a democratização da sociedade, mas seus chefes, Joaquim Gonçalves Ledo e José Clemente Pereira, permaneceram atrelados à aristocracia rural, sem revelar vocação revolucionária. A aristocracia rural do norte e nordeste enfrentava a forte resistência dos comerciantes e militares portugueses, fortes no Pará, Maranhão e Bahia      Com a volta de D. João VI para Portugal e as exigências para que também o príncipe regente voltasse, a aristocracia rural passa a viver sob um difícil dilema: conter a recolonização e ao mesmo tempo evitar que a ruptura com Portugal assumisse o caráter revolucionário-republicano que marcava a independência da América Espanhola, o que evidentemente ameaçaria seus privilégios. D. João parte, mas deixa seu filho D. Pedro em seu lugar, em torno do qual se concretizariam os interesses da aristocracia rural brasileira      Mais tarde Portugal exige que D. Pedro também retorne à mertóple ameaçando com o envio de tropas ao Brasil para forçá-lo. Com isso, em 7 de setembro de 1822, D. Pedro declara a independência do Brasil e se torna seu primeiro imperador.

      O processo de crise e emancipação das colônias espanholas e portuguesas tem suas semelhanças no que diz respeito aos motivos da crise, às

medidas tomadas para superá-las, e em parte em suas consequencias, levando-se em conta que o Brasil tornou-se império e manteve a unidade

territorial, enquanto na América espanhola, a maioria das colônias tornaram-se repúblicas e foram totalmente fragmentadas.

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  CRISE DO IMPÉRIO COLONIAL ESPANHOL. O processo de independência das colônias espanholas está relacionado ao desenvolvimento das idéias liberais no século XVIII, tais como o Iluminismo, a Independência dos Estados Unidos, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa.No final do século XVIII e início do século XIX, a Espanha já não é mais uma grande potência européia. Tanto a Inglaterra como a França, passaram a ter acessos às áreas coloniais da Espanha.Em 1713, a Inglaterra passa a ter o direito sobre o asiento, ou seja, sobre o fornecimento de escravos para as colônias) e o chamado permisso, quer dizer, comércio direto com as colônias. No ano de 1797, com o decreto da abertura dos portos, as colônias espanholas passaram a manter relações comercias diretamente com as nações amigas daEspanha. No ano de 1799, o governo procurou anular o decreto, provocando uma forte reação colonial.O PROCESSO DA INDEPENDÊNCIA.O processo da independência da América Hispânica está diretamente relacionado com a deposição de Fernando VII em 1808, quando as tropas francesas ocuparam a Espanha. Napoleão Bonaparte nomeia seu irmão, José Bonaparte, como o novo rei da Espanha, desencadeando uma forte reação nas colônias, que passaram a formar as Juntas Governativas – com caráter separatistas e lideradas pelos criollos.ETAPAS:Antes dos movimentos separatistas ocorreram revoltas coloniais contra o domínio espanhol, destacando-se a revolta dos índios do Peru, liderados por Tupac Amaru.Entre os precursores da independência das colônias hispânicas, destaque para Francisco Miranda, que planejou a independência da Venezuela, movimento que fracassou.O movimento emancipacionista contou com a liderança dos chamados “libertadores da América” – Simón Bolívar, José de San Martin, José Sucre, Bernardo O’Higgins, Augustin Itúrbide, Miguel Hidalgo e José Artigas.A primeira tentativa de emancipação ocorreu no México, em 1810, sob a liderança do padre Miguel Hidalgo. No ano de 1821, o General Augustin Itúrbide proclama a independência do México.A partir de 1823, e seguindo e exemplo mexicano, foi a vez das colônias da América Central proclamarem a independência, surgindo as Províncias Unidas da América Central, que fragmentou-se em diversas Repúblicas: Costa Rica, Honduras, El Salvador, Guatemala e Nicarágua.Cuba e São Domingos só tiveram a independência no final do séculoXIX.No ano de 1818, sob a liderança de Símon Bolívar surge a Grã-Colômbia, que em 1830 se separam, formando a Colômbia e a Venezuela. Em 1822 é proclamada a independência do Equador ( Sucre e Bolívar).

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Bernardo O’Higgins liberta o Chile, com a ajuda de San Martín, no ano de 1817; San Martin e Bolívar libertam o Peru em 1821; em 1825 foia vez da Bolívia, sob o comando de Sucre.Na região do Prata o grande libertador foi San Martín ( Argentina, 1816; Paraguai 1811 e Uruguai em 1828).O processo de independência da América Hispânica contou com forte participação popular e com o apoio da Inglaterra, interessada em ampliar seu mercado consumidor. Uma outra característica foi a grande fragmentação territorial, em virtude do choque entre os diversos interesses das elites coloniais.Do ponto vista econômico, a independência não rompeu com os laços de dependência em relação às potências européias. As novas nações continuavam a ser exportadoras de matérias-primas e importadoras de produtos manufaturados. No plano político, os novos dirigentes excluíram qualquer forma de participação popular nasdecisões políticas.Organização dos Estados Nacionais.Entre os libertadores da América, Símon Bolívar defendia a unidade política interamericana, com a proposta da criação de uma Confederação de países latino-americanos. Este sonho de unidade territorial é conhecido como Bolivarismo, que contou com a oposição da Inglaterra e dos Estados Unidos. A este, a fragmentação política contribuiria para a consolidação norte-americana sobre a região ( Doutrina Monroe); já para a Inglaterra, a fragmentação consolidaria suahegemonia econômica. Ou seja, dividir para melhor controlar.Na organização dos Estados Nacionais na América Hispânica duas tendências de governo se apresentam: a Monarquia e a República – com vitória dos movimentos republicanos. A seguir, novos conflitos quanto a organização do regime republicano- federalista ou centralista.O federalismo propunha umas ampla autonomia em relação ao poder central, exprimindo os princípios do liberalismo econômico. Já o centralismo era defendido como forma de manter a unidade nacional e a manutenção de privilégios.O principal fenômeno político destas novas nações americanas foi o surgimento do caudilhismo. O caudilho era um chefe político local, grande proprietário de terra e que procurava manter as mesmas estruturas sociais e econômicas herdadas do período colonial. Foi responsável pela grande instabilidade na formação dos Estados Nacionais.O caudilhismo contribui, de maneira decisiva, para a fragmentação política e territorial da América Hispânica. Outros fatores para a fragmentação: ausência de vínculos econômicos entre as colônias e atividades econômicas voltadas para atenderem as exigências do mercado externo.=========================´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´

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http://educacao.uol.com.br/historia/independencia-america-espanhola.jhtm

ndependência na América Espanhola

Lutas europeias disseminaram ideal de liberdadeÉrica Turci*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Quando Napoleão Bonaparte resolveu atacar a Espanha em 1808, a maioria do povo da distante América espanhola não sabia que esse ato iria interferir diretamente em seu destino. E não se trata de defender a teoria popular do chamado efeito borboleta, segundo a qual o bater de asas de uma borboleta aqui pode causar um tufão do outro lado do mundo.

Mas a verdade é que alguns acontecimentos do final do século 18 que repercutiam na Europa influenciaram diretamente as lutas pela independência das colônias espanholas da América, em que pese o tempo que as informações gastavam para se deslocar de um continente a outro.Entre esses acontecimentos, devem ser lembrados especialmente aRevolução Industrial na Inglaterra, a Independência das 13 Colônias Inglesas, a Revolução Francesa, as Guerras Napoleônicas e, na América Central, a Independência do Haiti: todos eles, a seu modo, movimentos deflagradores de uma nova consciência social. 

O contexto da luta

Os criollos eram a elite americana descendente de espanhóis, excluída dos altos cargos dirigentes, embora constituíssem a classe dos grandes proprietários de terras, dos arrendatários de minas, dos comerciantes e dos pecuaristas. Manifestavam suas insatisfações desde meados do século 18 e, influenciados pelo Iluminismo, iam forjando aos poucos um nacionalismo contrário ao domínio espanhol.

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A Guerra de Independência dos Estados Unidos serviu de exemplo para os colonos latino-americanos, pois, pela primeira vez, colônias da América lutaram por sua independência e foram bem-sucedidas. Traduções de textos e transcrições de discursos dos "pais da independência" dos EUA circulavam por toda a América colonial, fomentando ainda mais a revolta doscriollos contra a coroa espanhola.

A posição da Espanha nesse conflito, a favor da independência dos colonos ingleses, foi uma contradição inusitada, pois o apoio às ideias liberais dos colonos da América do Norte chocava-se com a administração monopolista sustentada nas colônias americanas.

O "imbróglio diplomático"

A Espanha, nessa época, vivia uma situação diplomática difícil. Desde que a família Bourbon, de origem francesa, assumiu o trono espanhol em 1700, as coroas dos dois países fizeram alianças, chamadas de Pactos de Famílias, para garantir a concorrência de ambas diante do crescente poderio econômico britânico. Tais alianças eram uma resposta à Inglaterra, que nessa época dava início à Revolução Industrial, e buscava ampliar o mercado consumidor para seus produtos.

Diante dessa situação, quando se iniciou a Guerra de Independência dos Estados Unidos, França e Espanha viram-se obrigadas a apoiar os colonos rebeldes, o que só fez aumentar a insatisfação dos colonos latino-americanos, que não entendiam como a Espanha podia, ao mesmo tempo, ser a favor e contra a liberdade colonial. 

A Revolução Francesa também se tornou um marco no processo de independência da América espanhola por vários fatores. Primeiro, por divulgar a liberdade, a igualdade, o constitucionalismo, o republicanismo, ideais fundamentais nos discursos dos líderes criollos. Mesmo que muitos deles vissem no radicalismo dos jacobinos um exemplo perigoso, que poderia

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levar as massas de trabalhadores - indígenas, mestiços, negros e mulatos - a lutarem também por seus direitos.

Confirmando esse receio, quando ocorreram as guerras pela Independência do Haiti, as elites coloniais conheceram quão poderosas eram as ideias de liberdade e igualdade anunciadas pela Revolução Francesa, mas também o grau de agressividade liberado numa rebelião de grupos explorados. Oscriollos, que temiam mais do que tudo as rebeliões populares, tiveram então de organizar sua luta pela independência colonial, ao mesmo tempo em que submetiam as massas populares, garantindo, assim, a manutenção dos seus privilégios.

Quando, em 1791, o rei Luís 16 foi deposto pela Revolução Francesa, a Espanha se uniu à Grã-Bretanha numa coalizão contra a França, mas foi derrotada e obrigada a assinar, em 1795, o Tratado da Basileia, abrindo caminho para uma nova aproximação entre espanhóis e franceses, consolidada um ano depois pelo Tratado de Santo Ildefonso.

A aliança com a França foi uma catástrofe para os espanhóis. A derrota dos franceses e seus aliados em Trafalgar, em 1805, aniquilou a marinha espanhola, dificultando a comunicação entre a Espanha e suas colônias da América. Ao mesmo tempo, a maciça presença de militares franceses em solo espanhol fragilizou a coroa, a ponto de Napoleão Bonaparte forçar a abdicação do rei Carlos 4º e de seu filho Fernando 7º, e impor seu irmão, José Bonaparte, como rei da Espanha.

Em reação às exigências de Bonaparte e ao domínio francês, formaram-se Juntas Governativas a favor de Fernando 7º, que imediatamente passaram a instigar os colonos hispano-americanos a fazerem o mesmo. Essa estratégia foi eficaz, pois quando Napoleão enviou representantes para a América, com o intuito de convencer os colonos a apoiarem o novo governo, estes se mantiveram fiéis ao rei espanhol deposto.

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Em guerra com a Inglaterra, a França não conseguia estabelecer controle sobre a América. Percebendo isso, Napoleão mudou de estratégia, passando a incentivar a independência hispano-americana.

1808 a 1814: as Juntas Governativas

As Juntas Governativas, formadas a partir dos cabildos (assembleias) americanos, apesar de jurarem fidelidade a Fernando 7º, na prática constituíam governos autônomos. Em muitas colônias americanas a rivalidade entre criollos e chapetones se ampliou, ocasionando inúmeras rebeliões. Os criollos, então, foram se organizando aos poucos, para poderem governar os cabildos e expulsar os espanhóis de seus territórios, ao mesmo tempo em que submetiam as rebeliões populares.

Sem a fiscalização metropolitana, o contrabando aumentou e os navios ingleses e estadunidenses passaram a suprir os mercados coloniais. Oscriollos, conscientes de sua autonomia política e econômica, além de fortemente inspirados pela Declaração de Independência dos Estados Unidos e pela Declaração dos Direitos do Homem, iniciaram suas lutas pela liberdade, até que, em 1810, a Venezuela, a Argentina, a Colômbia, o Méxicoe o Chile se declararam independentes.

A restauração dos Bourbons e a reação americana

Em 1813, ao recuperar o trono espanhol, Fernando 7º buscou restabelecer a ordem absolutista espanhola e revogou toda e qualquer lei promulgada pelas Juntas Governativas. Essa orientação passou a valer tanto na Espanha, com a revogação da Constituinte Cortes de Cádis, quanto na América, e deu início a um processo de perseguição aos liberais que restabeleceu, inclusive, a Inquisição.

Na América, a política de perseguição de Fernando 7º só fez inflamar ainda mais as revoltas, que a essa altura já aconteciam em diferentes pontos do continente.

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Os colonos, entretanto, não agiam de forma conjunta, inclusive porque as elites criollas tinham interesse em se manter senhoras de suas próprias regiões. A imensidão do território americano, o isolamento dos povoados e suas características geográficas distintas contribuíram para que cada colônia adotasse estratégia diferente na guerra contra os espanhóis.

Não perdurou muito essa situação, e a partir de 1825, com o apoio da Inglaterra e dos Estados Unidos, interessados que estavam na abertura de novos mercados, grande parte da América já era composta por países independentes.

Saiba mais

Pré-história da América

Civilizações pré-colombianas

Reino de Espanha

Expansão marítima espanhola

Descoberta da América

Colonização espanhola

Contexto das Independências

Venezuela

Argentina

Colômbia México