A impressão que fica

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SALA DE AULA Uma das publicações universitárias mais premiadas do país, a revista Primeira Impressão propicia a estudantes de Jornalismo um mergulho no dia a dia da pro ssão, com direito à reportagem internacional 24 T EMPO, encontros e despedidas, bastidores da vida, medo, cinema e realidade, preocupações, limites. Os temas são aleatórios. No total, já foram 33. A impressão é de cada um. Melhor: é do repórter. E é privilégio de poucos sair de um curso de graduação em Jornalismo com um portfólio que traz matéria e fotos publicadas em uma das revistas universitárias mais premiadas do país. Produzida pelos alunos das disciplinas de Redação Experimental em Revista e Projeto Experimental em Fotografia, do curso de Jornalismo, em parceria com a Agência Experimental em Comunicação da Unisinos (responsável pela produção da parte gráfica), a revista Primeira Impressão foi premiada nove vezes no Set Universitário – concurso promovido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Recebeu ainda oito premiações na Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom) e outras duas no Prêmio de Direitos Humanos de Jornalismo do Rio Grande do Sul. Além disso, foi finalista do Prêmio Líbero Badaró de Jornalismo em duas oportunidades. O grande objetivo da Primeira Impressão é trabalhar o jornalismo literário, depois de experiências com outras disciplinas de texto. “Em momentos anteriores, os alunos produzem matérias para os jornais Babélia, em Redação Jornalística I, II e III, e Enfoque, em Redação Experimental em Jornalismo, que os leva, por exemplo, a escrever textos sobre a Vila Brás, comunidade carente de São Leopoldo. Primeira Impressão, que está no currículo para acadêmicos do último semestre, é mais qualificada, possui apelo estético e trabalha com material de mais profundidade”, destaca aís Furtado, professora da atividade há 13 anos. Também são docentes Eduardo Veras (texto) e Flávio Dutra (fotografia). Temática e semestral, a revista reforça o que os estudantes aprenderam em sala de aula. O material é escrito por duplas, devido à grande quantidade de alunos na turma, que em geral, chega a 50. Eles produzem 25 matérias e mais de 130 fotos. O envolvimento, no total, é de cerca de 70 acadêmicos. Além das matérias, ainda são escritos mais três textos individuais que são publicados no blog, localizado no site da agência, o Portal3. “Os estudantes são responsáveis por suas matérias. Nosso papel é apenas acompanhar e orientar. Se for preciso, o texto será reescrito três, quatro vezes. O envolvimento é grande, primamos muito por isso, e o prazer na atividade é perceptível”, ressalta aís. Danielle Titton e Ricardo Machado (texto) Bruna Schuch e Gustavo Diehl (fotos) A impressão que fica Sob a orientação de aís Furtado, acadêmicos produzem 25 matérias e mais de 130 fotos por edição Gustavo Diehl

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Materia escrita para a revista Magis da Unisinos.

Transcript of A impressão que fica

SALA DE AULA

Uma das publicações universitárias mais premiadas do país, a revista Primeira Impressão propicia a estudantes de Jornalismo um mergulho no dia a dia da pro!ssão, com direito à reportagem internacional

24

TEMPO, encontros e despedidas, bastidores da vida, medo, cinema e realidade, preocupações, limites. Os temas são aleatórios. No total, já foram 33. A impressão é de cada um. Melhor: é do repórter. E é privilégio de poucos sair

de um curso de graduação em Jornalismo com um portfólio que traz matéria e fotos publicadas em uma das revistas universitárias mais premiadas do país.

Produzida pelos alunos das disciplinas de Redação Experimental em Revista e Projeto Experimental em Fotografia, do curso de Jornalismo, em parceria com a Agência Experimental em Comunicação da Unisinos (responsável pela produção da parte gráfica), a revista Primeira Impressão foi premiada nove vezes no Set Universitário – concurso promovido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Recebeu ainda oito premiações na Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom) e outras duas no Prêmio de Direitos Humanos de Jornalismo do Rio Grande do Sul. Além disso, foi finalista do Prêmio Líbero Badaró de Jornalismo em duas oportunidades.

O grande objetivo da Primeira Impressão é trabalhar o jornalismo literário, depois de experiências com outras disciplinas de texto. “Em momentos anteriores, os alunos produzem matérias para os jornais Babélia, em Redação Jornalística I, II e III, e Enfoque, em Redação Experimental em Jornalismo, que os leva, por exemplo, a escrever textos sobre a Vila Brás, comunidade carente de São Leopoldo. Primeira Impressão, que está no currículo para acadêmicos do último semestre, é mais qualificada, possui apelo estético e trabalha com material de mais profundidade”, destaca !aís Furtado, professora da atividade há 13 anos. Também são docentes Eduardo Veras (texto) e Flávio Dutra (fotografia).

Temática e semestral, a revista reforça o que os estudantes aprenderam em sala de aula. O material é escrito por duplas, devido à grande quantidade de alunos na turma, que em geral, chega a 50. Eles produzem 25 matérias e mais de 130 fotos. O envolvimento, no total, é de cerca de 70 acadêmicos. Além das matérias, ainda são escritos mais três textos individuais que são publicados no blog, localizado no site da agência, o Portal3. “Os estudantes são responsáveis por suas matérias. Nosso papel é apenas acompanhar e orientar. Se for preciso, o texto será reescrito três, quatro vezes. O envolvimento é grande, primamos muito por isso, e o prazer na atividade é perceptível”, ressalta !aís.

Danielle Titton e Ricardo Machado (texto)Bruna Schuch e Gustavo Diehl (fotos)

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Sob a orientação de "aís Furtado, acadêmicos produzem 25 matérias e mais de 130 fotos por edição

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“Quando o mundo é a sala de aula, a teoria vira prática e a prática vira conhecimento”

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www.magis.unisinos.br

Alunos entrevistaram as Mães da Praça de Maio,

em Buenos Aires

No primeiro semestre de 2010, Primeira Impressão chega à 33ª edição, e o tema central é o tempo. Com tiragem de mil exemplares, a publicação é distribuída para um mailing que contempla 400 endereços, entre cursos de jornalismo de todo o país, formadores de opinião, bem como veículos de comunicação. Além disso, cada estudante recebe cinco exemplares e também presenteia suas fontes.

E, como a criatividade na busca por pautas e pelas melhores fontes e entrevistas não tem limites, os alunos Ricardo Machado e Ana Cristina Basei deram asas à imaginação. Para retratar a eterna espera por um tempo que não volta, foram a Buenos Aires acompanhados por Bruna Schuch e Tárlis Schneider, que cuidaram dos registros fotográficos. O objetivo era saber um pouco mais sobre as Mães da Praça de Maio, mulheres que se reúnem no local para exigir notícias de seus filhos “desaparecidos” durante a ditadura militar na Argentina, ocorrida entre os anos de 1976 e 1983. Ainda hoje, todas as quintas-feiras, elas realizam manifestações, em frente à Casa Rosada, sede do governo, buscando manter o “desaparecimento” de seus filhos vivo na memória de todos os argentinos.

PáGINAS VIVASDA HISTÓRIA

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“Estar na Praça de Maio é habitar o palco das transformações”

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Leia o relato do aluno Ricardo Machado:Se a experiência vivida em Buenos Aires pudesse ser traduzida em uma única

palavra, essa seria “transformação”. É a sala de aula que deixa de ter mesas e cadeiras e se transforma em outro país. São as Madres da Praça de Maio que deixam de ser apenas páginas de um livro e se tornam pessoas reais, ocupando o lugar de narradoras vivas da própria história. E são os alunos de Jornalismo que deixam de ser estudantes e se tornam repórteres e fotógrafos, imersos na capital argentina, diante da primeira pauta internacional da revista Primeira Impressão.

O desafio era transformar a ansiedade e o nervosismo em um bom material. Pousamos em Buenos Aires poucas horas antes da entrevista. Na manhã seguinte, era o dia da conversa com Célia Prosperi, uma das Madres da Praça de Maio. Chegando ao local, deparamo-nos com uma senhora de 85 anos, que, mesmo depois de três décadas de luta, não perdeu a ternura no olhar. Os olhos verdes carregam no semblante a existência de quem aprendeu a transformar a dor em luta e a saudade em esperança de dias melhores.

Estar na Praça de Maio é habitar o palco das transformações mais significativas da história argentina. Quando o mundo é a sala de aula, a teoria vira prática e a prática vira conhecimento. Fazer essa pauta proporcionou uma grande experiência pessoal e profissional, que reúne, de uma só vez, os três tempos, tema que norteia a revista: o resgate do passado, o compromisso cidadão no presente e a expectativa de um futuro baseado em valores humanos.

VIDA DEREPÓRTER

Da esquerda para a direita: Bruna Shuch, Ana Basei, Ricardo Machado e Tárlis Schneider

IDEIAS

A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2010 como o Ano Internacional da Biodiversidade com os seguintes objetivos: aumentar a consciência pública sobre a importância do tema, além dos esforços já empreendidos por governos e comunidades para salvá-la; promover soluções inovadoras para reduzir as ameaças sobre ela; e, por fim, incentivar comunidades, organizações e governos a tomarem medidas imediatas para reduzir a sua perda. Cabe ressaltar que a iniciativa é dirigida a todos – desde poder público, comunidades científicas, meios de comunicação, instituições educativas ou não, agências financeiras, inclusive pessoas comuns. A campanha deverá ter êxito somente se medidas e soluções surgirem em todos os segmentos da sociedade. Em minha avaliação, a conservação da biodiversidade também deve ser vista como uma decisão ética. Afinal, todos os organismos têm direito à vida. Algumas vezes, deve ser considerada uma causa nobre a atitude de impedir a construção de grandes empreendimentos para garantir a sobrevivência de espécies ameaçadas de extinção.

Que este Ano Internacional da Biodiversidade possa ser um marco para a valorização da biodiversidade e dos ecossistemas naturais. Dessa forma, estaremos em condições de compreender cada vez mais nosso papel como indivíduos dentro desse imenso planeta azul que conhecemos como Terra.

“A cada ano, dez mil espécies desaparecem

principalmente devido à expansão agrícola e urbana”

Artigo

A questão ética da biodiversidade

Leonardo MaltchikProfessor do Programa de Pós-Graduação em Biologia da Unisinos

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www.magis.unisinos.br

A PALAVRA biodiversidade representa a totalidade de vida em nosso planeta. Até hoje, a ciência identi!cou aproximadamente 1,8 milhão de espécies. Entretanto,

estimativas apontam que existem mais de 10 milhões ainda a serem descobertas. Os dados mostram que a espécie humana é apenas uma pequena fração da vida existente em nosso planeta e que nossa relação com as outras espécies é fundamental para garantir a qualidade de vida de todos os organismos.

Para termos uma ideia dos serviços prestados pela biodiversidade, podemos mencionar as inúmeras espécies de plantas que nos fornecem oxigênio e outras tantas que produzem grãos. As frutas que comemos foram polinizadas por insetos, e muitos outros serviços ambientais importantes para a manutenção da vida na Terra (ciclo da água, mecanismos que regulam o clima, produção de medicamentos, etc.) dependem também da sobrevivência desses organismos. Sem dúvida, a biodiversidade é um dos maiores tesouros de nosso planeta.

Apesar disso, ela está desaparecendo, e em uma velocidade estonteante. Dados apontam que, a cada ano, dez mil espécies foram extintas no planeta. Infelizmente, essa perda está atrelada às atividades humanas, principalmente à expansão agrícola e urbana.