A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL … · sobre alimentação complementar...
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FACULDADE REDENTOR
CURSO: NUTRIÇÃO
GEYSA DA CUNHA FIGUEIREDO CHAGAS
A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL
EM CRIANÇAS DE ATÉ DOIS ANOS DE IDADE
Itaperuna
ii
2011
GEYSA DA CUNHA FIGUEIREDO CHAGAS
A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL
EM CRIANÇAS DE ATÉ DOIS ANOS DE IDADE
Monografia apresentada à Faculdade Redentor como requisito parcial para a obtenção de bacharel em Nutrição.
Orientador (a): Aldany de Souza Borges
Itaperuna
iii
2011
iv
Folha de Aprovação
Autor (a): GEYSA DA CUNHA FIGUEIREDO CHAGAS
Título: A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL EM
CRIANÇAS DE ATÉ DOIS ANOS DE IDADE
Natureza: Monografia
Objetivo: Bacharel em Nutrição
Instituição: Faculdade Redentor
Área de Concentração: Nutrição em Saúde Pública
Aprovada em: ____/_____/______
Banca Examinadora:
___________________________________________
Prof.ª. Aldany de Souza Borges - Orientadora
Instituição: Faculdade Redentor
___________________________________________
Prof.ª. Laila Vitória do Couto de Souza
Instituição: Faculdade Redentor
____________________________________________
Nutricionista Maitê Maria Afonso da Silva
Instituição: Faculdade Redentor
iii
v
Dedicatória
Dedico esse trabalho à minha mãe, ao meu namorado, aos meus tios e tias que sempre me ensinaram a não desistir dos meus
sonhos, e persistir mesmo sendo eles tão difíceis de serem alcançados.
vi
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus por me dar força para realizar diariamente
todas as minhas atividades, e por todas as proteções recebidas durante a realização
deste trabalho.
À minha mãe Elânia por participar da minha vida incentivando-me sempre
todas as minhas escolhas, pelos conselhos valorosos, compreensão, amor eterno.
Ao meu namorado Cassiano, pelo imenso amor, carinho, apoio, compreensão.
À professora orientadora Aldany de Souza Borges, por ter gentilmente me
orientado, pelos numerosos ensinamentos, pela amizade, e pelo árduo trabalho para
concretização desse trabalho.
Às minhas amigas Carolline, Yasmim, Patrícia, Vanessa, pelos momentos
inesquecíveis, pelas gargalhadas, por tudo! Valeu muito apena conhecer e conviver
todos os dias com vocês....
Enfim, a todos aqueles que direta ou indiretamente apoiaram-me incentivando
a prosseguir no caminho da realização profissional e pessoal.
OBRIGADA!
vii
Pensamento
“O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,mas na intensidade com que acontecem.Por isso existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.
(Fernando Pessoa)
viii
RESUMO
O leite materno é um componente muito importante da alimentação infantil, sedo capaz de nutrir isoladamente e adequadamente os lactentes nos primeiros 6 meses de vida; entretanto, após esse período, deve ser complementado. Pesquisas realizadas mostram que a mediana de tempo do aleitamento materno exclusivo no Brasil é inferior a dois meses, e de aleitamento materno inferior a doze meses. A Estratégia Nacional Para uma Alimentação Complementar Saudável pretende incentivar a orientação alimentar como atividade de rotina nos serviços de saúde, visando à formação desde a infância, de hábitos alimentares saudáveis. O objetivo do trabalho é mostrar a importância da alimentação complementar saudável em crianças de até dois anos de idade. Este trabalho foi realizado através de uma revisão bibliográfica sobre o tema através de consulta a artigos científicos publicados nos últimos anos, livros, revistas científicas, manuais e sites relacionados ao assunto como Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Pediatria. A prevalência do aleitamento materno exclusivo no Brasil teve uma melhora em relação às pesquisas anteriores, porém longe de atingir o padrão ideal. Observa-se uma necessidade de se manter a amamentação exclusiva até os seis meses de idade e continuidade até os dois anos de idade ou mais e em conjunto a alimentos complementares. Cabe aos profissionais de saúde, principalmente o nutricionista, de todos os níveis de atenção, criar estratégias para tornar as orientações sobre alimentação complementar saudável uma rotina nos estabelecimentos de saúde.
Palavras-chave: amamentação, alimentação complementar saudável, crianças, higiene dos alimentos, introdução precoce, tardia.
ix
ABSTRACT
Breast milk is a very important component of infant feeding, being able to nurture separately
and adequately infants in the first 6 months of life, however, after this period, must be
complemented. Research shows that the average time of exclusive breastfeeding in Brazil is
less than two months, and breastfeeding for less than twelve months. The National Strategy
to Healthful Complementary Feeding intends to stimulate the alimentary orientation as
activity of routine in the health services, aimed at training since childhood, healthy eating
habits. The objective of this work is to show the importance of healthy complementary
feeding in children up to two years old. This work was conducted through a literature review
on the subject by consulting at scientific papers published in recent years, books, journals,
manuals and websites related to the subject as the Ministério da Saúde, the Brazilian Society
of Pediatrics. The prevalence of exclusive breastfeeding in Brazil had an improvement
compared to previous research, but far from the ideal standards. There is a need to maintain
exclusive breastfeeding until six months old and continued until two years of age or older and
together the complementary foods. It is up to health professionals, especially nutritionists, all
levels of care, develop strategies to make the guidelines about the healthy complementary
feeding a routine in health facilities.
Keywords: breastfeeding, healthy complementary feeding, children, food hygiene, early
introduction, late.
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Pirâmide alimentar para crianças menores de 2 anos de idade (BRASIL,
2002).......................................................................................................................................27
Figura 2- Fluxograma mostra a cadeia de atividades relacionadas nas esferas de gestão do
SUS.........................................................................................................................................3
9
xi
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Composição do colostro e do leite materno maduro das mães de crianças a termo
e pré-termo e do leite de vaca................................................................................................21
Quadro 2 - Esquema alimentar para crianças menores de dois anos que estão em
aleitamento materno...............................................................................................................28
Quadro 3 - Distribuição aceitável de macronutrientes (em relação ao valor energético total
para lactentes e crianças de até 3 anos de idade).................................................................29
Quadro 4 - Consumo médio de leite materno e de energia proveniente de leite materno em
países em desenvolvimento, por idade (meses)....................................................................30
Quadro 5 - Recomendações do consumo energético durante 1º e 2º anos de vida.............30
Quadro 6 - Necessidades de proteínas por quilograma de peso da criança.........................31
Quadro 7 - Recomendações quanto à suplementação de ferro............................................34
Quadro 8 - Recomendações de Cálcio (mg) por idade..........................................................35
xii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AM- Aleitamento Materno
AC- Alimentação Complementar
OMS- Organização Mundial de Saúde
ESPGAN- Comitê de Nutrição da Sociedade Européia de Gastroenterologia Pediátrica e
Nutrição
PNSF- Programa Nacional de Suplementação de Ferro
EER- Estimated Energy Requerimente
EMPACS- Estratégia Nacional para a Alimentação Complementar Saudável
CGPAN- Coordenaçao Central da Política de Alimentação e Nutrição
IBFAN- Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar
SUS- Sistema Único de Saúde
xiii
SUMÁRIO
RESUMO-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------7
ABSTRACT----------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------8
1.INTRODUÇÃO---------------------------------------------------------------------------------------------------
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------13
2.OBJETIVOS-------------------------------------------------------------------------------------------------------
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------15
3.MÉTOLOGIA------------------------------------------------------------------------------------------------------
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------16
4.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA----------------------------------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------17
4.1- ALEITAMENTO MATERNO-----------------------------------------------------------------------
..............17
4.1.1- EFEITO PROTETOR DO ALEITAMENTO MATERNO---------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------18
4.1.2- ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO-------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------19
4.1.3- ALEITAMENTO MATERNO PREDOMINANTE------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------20
4.1.4- CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS DO LEITE HUMANO VERSUS
LEITE DE VACA------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------20
4.2- ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR------------------------------------------------------------
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------21
4.2.1- ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR TARDIA--------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------23
4.2.2 ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR PRECOCE------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------23
4.2.3 ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR ADEQUADA---------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------24
4.3 NECESSIDADES NUTRICIONAIS----------------------------------------------------------------
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------29
xiv
4.3.1- ENERGIA E MACRONUTRIENTES---------------------------------------------------
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------29
4.3.2- MICROUTRIENTES------------------------------------------------------------------------
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------32
4.4- PRÁTICAS DE HIGIENE NO PREPARO DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------36
4.5- ENPACS (ESTRATÉGIA PARA UMA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR
SAUDÁVEL)---------------------------------------------------------------------------------------------------------
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------37
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS----------------------------------------------------------------------------------
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------40
6. ARTIGO CIENTÍFICO------------------------------------------------------------------------------------------
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS--------------------------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------50
ANEXOS--------------------------------------------------------------------------------------------------------------
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------55
15
1. INTRODUÇÃO
A alimentação complementar é essencial para a segurança em nutrição e para
o desenvolvimento das populações e seus países, cabendo aos profissionais de
saúde repassar as sugestões adequadas às mães. Pois, tão importante quanto a
predominância da amamentação até os seis meses de idade é a introdução de
alimentos posteriormente a essa idade (BRUNKEN et al, 2006).
Sem dúvida alguma o leite materno é alimento ideal para a criança nos
primeiros meses de vida. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o
aleitamento materno exclusivo deve ser até os seis meses de idade, e
posteriormente o acréscimo de alimentos complementares, até os dois anos ou mais
(MASCARENHAS et al, 2006).
Uma pesquisa feita em 1987 já confirmava que crianças que não recebiam leite
materno tinham 14 vezes maior risco de morte por enfermidades do trato
gastrointestinal e 3,6 vezes por doenças respiratórias, quando comparadas às que
recebiam somente leite materno sem complementos (MELO et al, 2010).
Além da presença dos fatores de proteção contra infecções no leite materno, a
amamentação evita os riscos de contaminação no preparo de alimentos lácteos e de
diluições inadequadas – leites muito diluídos ou concentrados – que interferem no
crescimento das crianças (refletido no ganho de peso insuficiente ou de sobrepeso,
respectivamente). Outra importante vantagem do aleitamento materno é o custo. A
amamentação é uma fonte de economia para a família, especialmente nos países
em desenvolvimento, onde grande parte da população pertence a níveis
socioeconômicos mais baixos (BRASIL, 2002).
Após os seis meses de idade, o leite materno não atende suficientemente às
necessidades nutricionais das crianças, competindo aos alimentos complementares
suprir esse espaço, principalmente a de energia e de ferro (BRUNKEN et al, 2006).
Uma nutrição complementar apropriada inclui alimentos ricos em energia e
micronutrientes (principalmente ferro, zinco, cálcio, vitamina A, vitamina C e folato),
sem contaminação (isentos de microorganismos patogênicos, toxinas ou produtos
químicos nocivos), sem excesso de sal ou condimentos, de fácil ingestão e boa
aceitação pela criança, em quantidade adequada, fáceis de preparar, a partir dos
16
alimentos da família e com preço cabível para a maior parte das famílias (MONTE &
GIUGLIANE, 2004).
Acredita-se que a maior parte dos episódios de diarréia em crianças menores
de cinco anos ocorre devido à alimentação. O contágio dos alimentos pode ocorrer
devido à contaminação da água, dos utensílios (em especial as mamadeiras e
bicos), má higiene pessoal e estocagem imprópria dos alimentos após a preparação
(GIUGLIANE & VICTORIA, 2000).
Estratégias de intervenção nutricional foram listadas entre as ações de
prevenção mais efetivas para redução da mortalidade em crianças menores de cinco
anos. A promoção do aleitamento materno é considerada a primeira das
intervenções, com potencial de prevenir 13% de todas as mortes. A promoção da
alimentação complementar, a terceira das ações efetivas, tem o potencial de
prevenir 6% de todas as mortes. A ação de administração de zinco e vitamina A
ocupa a quinta posição com potencial de prevenção de 5 e 2% das mortes. Na
sétima posição encontra-se a água, saneamento básico e higiene com potencial de
prevenção de 3% das mortes (JONES et al, 2003 apud BRASIL, 2010b).
A Política Nacional para uma Alimentação Complementar Saudável (ENPACS),
foi elaborada como instrumento para fortalecer as ações de apoio à alimentação
complementar saudável no Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2010)
Devido à ausência de informação e conhecimento dos benefícios que a
amamentação e introdução da alimentação complementar adequada em tempo
oportuno pode trazer à saúde da criança, deve-se ressaltar a importância do
profissional nutricionista nessa área, atuando de forma a prestar esclarecimentos
aos pais, orientações nutricionais e acompanhamento das crianças. Tal
acompanhamento poderá trazer maior impacto no prolongamento do aleitamento
materno exclusivo, como também na prática da alimentação complementar
adequada a ser introduzida a partir do sexto mês e ainda evitaria a introdução
precoce de outros alimentos.
17
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
• Mostrar a importância da alimentação complementar saudável em crianças
de até dois anos de idade.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Mencionar a importância da amamentação.
• Ressaltar a importância da introdução da alimentação complementar no
tempo oportuno.
• Enumerar as características da alimentação complementar adequada.
• Apresentar a Estratégia Nacional para a Alimentação Complementar
Saudável (ENPACS).
18
3. METODOLOGIA
Foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o tema através de consulta a
artigos científicos publicados nos últimos 10 anos, livros, revistas científicas,
manuais e sites relacionados ao assunto como Ministério da Saúde e Sociedade
Brasileira de Pediatria.
19
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1. ALEITAMENTO MATERNO
A amamentação tem valor indiscutível na saúde e na vida do lactente, como
nutrição completa e ideal, na prevenção de diversas doenças principalmente
alérgicas, na diminuição da desnutrição infantil e mortalidade infantil, além das
vantagens econômicas, técnicas e psicológicas. (RICCO et al, 2001).
O aleitamento materno além de influenciar na saúde biológica e emocional do
binômio mãe-filho constitui o modo mais adequado de fornecer alimento para o
crescimento e o desenvolvimento saudáveis de lactentes (BICALHO-MANCHINI &
VELÁSQUES – MELÉNDEZ, 2004).
A cada ano muitas evidências científicas relacionadas à amamentação como
melhor método de alimentar a criança vão se acumulando; surgem implementações
de políticas e ações onde um dos objetivos é a prevenção do desmame precoce.
Essas políticas são indispensáveis para a promoção dos direitos humanos e
propiciar um crescimento e desenvolvimento adequado de muitas crianças (ZUCCHI
et al, 2011; REA, 2004).
Muitas outras evidências existem sobre os benefícios do aleitamento materno
como: menor risco de diarréia, evita infecção respiratória, diminui o risco de alergias,
de hipertensão, colesterol alto e diabetes, também reduz a chance de obesidade,
proporciona melhor nutrição, efeito positivo na inteligência, no desenvolvimento da
cavidade bucal, na proteção contra câncer de mama, evita nova gravidez, possui
menores custos financeiros (BRASIL, 2009).
Um estudo realizado por Olimpio et al (2010), onde o objetivo era avaliar os
fatores que influenciam no aleitamento e desmame precoce em mães adolescentes
e adultas na cidade de Curitiba, Paraná, realizado com 24 mães adultas e 13
adolescentes encontrou maior prevalência do aleitamento materno em famílias com
menor renda. Por outro lado, Venâncio et al (2002), ao realizar um estudo cujo um
dos objetivos também era identificar fatores associados ao desmame no Município
de São Paulo com 1900 crianças < de 1 ano de idade, observou que o trabalho
informal ou desemprego foram fatores de risco para o desmame.
20
Muitos estudos epidemiológicos apontam que, com o passar do tempo tem-se
observado saldos positivos no retorno do aleitamento materno no Brasil, porém,
essas taxas ainda estão muito longes de atingir as recomendações da Organização
Mundial de Saúde (OMS) (PEREIRA et al, 2004).
Os índices de aleitamento materno no País vêm aumentando gradativamente,
mas ainda se encontram aquém do considerado satisfatório, segundo a Pesquisa de
Prevalência de Aleitamento Materno nas capitais Brasileiras e Distrito Federal, 2009,
cujo objetivo foi de verificar a situação atual da amamentação e da alimentação
complementar no Brasil em crianças menores de 1 ano de idade e verificou que no
total das 34.366 crianças analisadas, 67,7% mamaram na primeira hora de vida,
variando de 58,5% em Salvador/ BA a 83,5% em São Luiz/ MA; a duração média do
aleitamento materno exclusivo foi de 54,1 dias(1,8 meses) e a duração média de
aleitamento materno de 11,2 meses no conjunto das capitais brasileiras e DF
(BRASIL, 2010a).
4.1.1. Efeito Protetor do Aleitamento Materno
O leite materno é um alimento completo, que também fornece água, é isento
de contaminação e perfeitamente adaptado ao metabolismo do bebê, além de conter
fatores de proteção contra infecções e promover harmonioso vínculo mãe-filho. Evita
mortes infantis devido a esses fatores e estima-se que 13% das mortes em crianças
menores de 5 anos poderiam ser evitadas através do leite materno (BARBOSA et al,
2007; JONES et al, 2003 apud BRASIL, 2009).
Diversos fatores imunológicos existem no leite humano que protegem a criança
contra infecções como a IgA que é um anticorpo que atua contra microorganismos
na mucosas superficiais, além de vários outros anticorpos como IgM e IgG,
macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, lisozima e fator bífido (BRASIL,
2009).
A hipótese de que o leite materno tem efeito protetor contra a obesidade não é
recente. Entretanto, resultados controversos relacionados à obesidade têm sido
encontrados e o tema é extremamente atual (BALABAN & SILVA, 2004).
Tem-se observado em situações diversas que lactentes alimentados com leite
materno possuem mecanismos de regulação da ingestão calórica, pois em muitos
estudos observa-se que situação em que os pais tem um controle maior na
21
alimentação dos filhos, pode ocorrer prejuízos nos mecanismos de auto-regulação
da criança. Sendo assim, a alimentação com mamadeiras prejudica esses
mecanismos favorecendo o desenvolvimento do sobrepeso (BALABAN & SILVA,
2004).
4.1.2. Aleitamento Materno Exclusivo
A criança recebe somente leite materno de sua mãe ou ama-de-leite, ou leite
materno ordenhado, e não recebe nenhum outro líquido ou sólido a não ser
vitaminas, suplementos minerais ou medicamentos. (BERCINI et al, 2007).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o aleitamento materno deve
ser exclusivo por 6 meses, pois não existem evidências científicas relacionadas à
introdução precoce, porém são abundantes os relatos de que essa prática é
prejudicial à saúde ( BRASIL, 2005).
O leite materno é um componente muito importante da alimentação infantil,
sendo capaz de nutrir isoladamente e adequadamente os lactentes nos primeiros 6
meses de vida; entretanto, após esse período, deve ser complementado ( MONTE &
GIUGLIANE, 2004).
A amamentação não é exclusiva em muitos casos, pois, mães, avós e até
enfermeiras acreditam que oferecer água e chás é importante e necessário, daí a
variedade na prevalência da amamentação do Brasil devido aos hábitos culturais
(ALMROTH et al, 2000 apud VIEIRA et al, 2003).
O lactente em aleitamento materno exclusivo começa desde muito cedo a
desenvolver a capacidade de autocontrole sobre a ingestão de alimentos
aprendendo a distinguir as sensações de fome e saciedade. Isso permite à criança
desenvolver uma capacidade de autocontrole sobre o volume de cada refeição e os
intervalos de cada refeição, segundo as suas necessidades (BRASIL, 2002).
Segundo Escuder et al (2003), um estudo do Ministério da Saúde nas capitais
brasileiras, mostrou que Belém (32,00%), Florianópolis (32,00%) e Fortaleza
(29,00%) apresentaram os melhores índices na prevalência de AME aos quatro
meses, enquanto Porto Velho (10,00%) e Cuiabá (7,50%) os piores. Há necessidade
de um trabalho mais intenso de promoção do aleitamento materno nas regiões
menos favorecidas, onde o seu incentivo vai obter um maior impacto nos
coeficientes de mortalidade infantil.
22
4.1.3. Aleitamento Materno Predominante
O leite materno é a fonte predominante de nutrição da criança, entretanto, a
criança pode receber água, chá, suco, vitaminas, medicamentos em gotas ou
xaropes, água açucarada, líquidos cerimoniais (em quantidades limitadas) (BERCINI
et al, 2007).
Um estudo realizado por Oliveira et al (2005) com 1.792 crianças menores de
cinco anos de idade, das quais 811 tinham de 0 a 24 meses de idade e compõem a
amostra deste estudo foi observado que o oferecimento precoce de alimentos
diferentes do leite materno antes dos seis meses de idade foi referido para 83,3%
das crianças estudadas. Observou-se também que a prática da interrupção precoce
do aleitamento exclusivo ou predominante aumentava à medida que as condições
de vida se tornavam mais precárias. A interrupção precoce do aleitamento exclusivo
ou predominante foi praticada por 71,8% das mães que apresentavam melhores
condições de vida, elevou-se progressivamente e atingiu 85,7% daquelas que
tinham piores condições de vida.
3.1.4 Características nutricionais do leite humano versus leite de vaca
As proteínas caseína e a do soro são as proteínas que estão mais presentes
no leite de vaca, sendo a caseína constituinte em 80% das proteínas totais. Já no
leite humano predominam as proteínas do soro, correspondendo a 60-70%, as quais
são de mais fácil digestão em relação às do leite de vaca, visto que exigem uma
menor secreção de ácido clorídrico em relação à caseína (OLIVEIRA & OSÓRIO,
2005).
O leite de vaca não é adequado para crianças menores de um ano de idade,
também possui baixos teores de gorduras, quantidade insuficiente de carboidratos,
possui altas taxas de proteína elevando a carga renal e comprometendo a
digestibilidade, baixos níveis de vitaminas D, E e C, insuficientes quantidades de
ferro e zinco e um alto teor de sódio comprometendo também os rins, principalmente
dos recém-nascidos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008).
23
O quadro 1 abaixo melhor diferencia os nutrientes presentes no colostro, no
leite maduro e no leite de vaca.
Quadro 1: Composição do colostro e do leite materno maduro das mães de crianças a termo e pré-termo e do leite de vaca
Nutriente
(kcal/dl)
Colostro 3-5 dias Leite Maduro 26-
29 dias
Leite de
vacaA termo Pré-
termo
A termo Pré-
termo
Calorias
(kcal/dl)
48 58 62 70 69
Lipídios (g/dl) 1,8 3,0 3,0 4,1 3,7
Proteínas
(g/dl)
1,9 2,1 1,3 1,4 3,3
Lactose
(g/dl)
5,1 5,0 6,5 6,0 4,8
Fonte: BRASIL, 2009.
O leite no final da mamada é mais rico em energia (calorias), pois a quantidade
de gordura fica mais concentrada no decorrer da mamada, por isso é importante que
a criança esvazie bem a mama ficando mais saciada (BRASIL, 2009).
4.2. ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR
Por alimento complementar entende-se qualquer alimento oferecido à criança
amamentada, iniciado quando a amamentação exclusiva não é mais adequada para
suprir as necessidades das crianças (LACERDA & ACCIOLY, 2009).
O termo “alimentos de desmame” tem sido evitado, pois provoca algumas
confusões em relação ao seu objetivo que é o de complementar o leite materno e
não de substituí-lo (GIUGLIANE & VICTORIA, 2000).
A partir dos seis meses, o leite materno não provê todas as necessidades de
nutrientes da criança, sendo assim, deve-se complementar essa amamentação com
novos alimentos. Também, é nessa idade que muitas crianças atingem o estágio de
desenvolvimento fisiológico e neurológico e, além disso, já produzem enzimas
digestivas em quantidades adequadas podendo assim receber novos alimentos
diferentes do leite materno (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008).
24
Segundo Accioly (2009), após os seis meses de idade, a criança está
preparada para receber novos alimentos, segundo alguns indicadores como os do
sistema digestório que ocorre um aumento da secreção de ácido clorídrico e da
maturidade da mucosa intestinal, aumentando os níveis de amilase pancreática. No
sistema excretor: ocorre um aumento das taxas de filtração glomerular e capacidade
de concentração de urina, podendo tolerar mais variações dietéticas, por fim, no
sistema neurológico e muscular adquirem reflexos fundamentais que facilitam a
introdução de alimentos complementares.
A introdução da alimentação complementar faz com que a criança adquira os
hábitos alimentares da família e por isso exige um esforço adaptativo a uma nova
fase do ciclo de vida, visto que lhe são apresentados novos sabores, cores, aromas,
texturas e sabores, além de suprir as necessidades nutricionais da criança, a partir
dos seis meses, (BRASIL, 2010a).
O lactente, devido principalmente a sua alta velocidade de crescimento, está
mais vulnerável aos erros e deficiências alimentares que podem trazer importantes
conseqüências para seu estado nutricional (BARBOSA et al, 2007).
O consumo alimentar na infância está intimamente associado ao perfil de
saúde e nutrição, em especial entre as crianças menores de dois anos de idade. A
prática alimentar inadequada nos dois primeiros anos de vida, particularmente nas
populações menos favorecidas, está associada ao aumento da morbidade,
representada pelas doenças infecciosas, pela desnutrição, excesso de peso e pelas
carências específicas de micronutrientes, tais como ferro, zinco e vitamina A
(BRASIL, 2010b).
Esse período é de alto risco para a criança, pois o risco de contaminação
através da manipulação e oferta de alimentos impróprios favorece o surgimento de
diarréias e desnutrição e, também pela oferta insuficiente de micronutrientes
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008).
Recomenda-se a introdução de novos alimentos a cada 3 a 7 dias, visto que é
comum que as crianças rejeitem novos alimentos, por isso não devendo esse fato
ser interpretado como uma aversão da criança ao alimento (MONTE & GIUGLIANE,
2004).
Segundo Cruz et al (2010) é recomendado a oferta de papas e purês ao sétimo
e oitavo mês, visto que no oitavo mês as refeições deverão ter mais consistência. Já
25
segundo a SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (2008), a oferta de papas
salgada deve ser iniciada no sexto mês, no horário do almoço ou jantar.
Por volta dos 6 aos 11 meses, a criança deve receber duas papas salgadas e
uma de fruta, e para crianças que não são amamentadas deve-se acrescentar além
dessas três refeições mais dois lanches podendo ser a fruta ou o leite, lembrando
que o oferecimento das frutas após as refeições melhora a absorção do ferro não-
heme dos alimentos como os vegetais folhosos e os feijões. Outro fator importante é
o não oferecimento de produtos industrializados como refrigerantes, chás, café,
entre outros (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008).
3.2.2 Alimentação Complementar Tardia
Segundo Saldiva (2007) quando um alimento é introduzido tardiamente é
desfavorável, pois, não atende às necessidades energéticas do lactante, levando a
diminuição do crescimento e deficiências de micronutrientes, aumentando o risco de
desnutrição.
Na introdução tardia de alimentos, verifica-se que as carnes são oferecidas
tardiamente, culminando em uma possível carência de ferro e zinco, e esses
minerais são importantes para evitar a anemia (ferro) e fortalecer o sistema
imunológico (zinco), uma vez que o leite humano não supre as necessidades a partir
dos seis meses, torna-se importante a correta orientação para a oferta de carnes.
(LOFGREN, 2008 apud KREBS & HAMBIDGE, 2007).
3.2.3 Alimentação Complementar Precoce
O recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é que os
alimentos complementares sejam introduzidos a partir dos 4-6 meses. Muitas
evidências tem mostrado que a introdução precoce não oferece vantagens e pode
ser prejudicial à saúde, portanto a tendência atual é a de recomendar os alimentos
complementares em torno dos seis meses (GIUGLIANE & VICTORIA, 2000).
Se houver uma introdução alimentar precoce, ocorre uma diminuição da
duração do aleitamento materno. Quando um alimento sólido é oferecido, ocorre
uma necessidade de a criança adaptar-se à nova textura e à sua administração,
diferentemente do leite não-materno, fluido ou em pó, que é oferecido em
26
mamadeiras e geralmente mais bem aceito quando comparado à introdução de
sólidos, contribuindo para a menor duração da amamentação (BERCINI et al, 2007).
Segundo Saldiva (2007), as práticas alimentares são influenciadas por fatores
como: ambiente familiar e mídia (através de propagandas de fabricantes de
alimentos).
Muitas razões observadas por Parizzoto e Zorzi (2008) relatadas por mães,
relacionadas à introdução alimentar precoce, referem-se a uma insegurança da mãe
em relação aos cuidados e responsabilidades com o bebê, problemas mamários,
atividade fora do lar assim como a influência de terceiros como conselhos,
orientações, entre outros.
Segundo Vieira et al (2004) em seu estudo realizado com 2.319 crianças na
cidade de Feira de Santana , BA, no ano de 2001, as crianças amamentadas
apresentaram hábitos alimentares mais saudáveis referentes à época de introdução
alimentar em relação às não amamentadas.
Um estudo feito por Corrêa et al (2009) cujo objetivo era verificar a associação
entre as características da mãe e biológicas das crianças com o período de
introdução da alimentação complementar, mostrou que a baixa escolaridade
materna e a atividade que exerciam fora do lar estava associada a uma introdução
alimentar precoce.
Simon et al (2003) ao realizar um estudo sobre idade de introdução alimentar
no primeiro ano de vida e sua relação com variáveis demográficas e
socioeconômicas, com 385 crianças em um hospital universitário no município de
São Paulo, encontrou associações significativas entre escolaridade materna, renda
familiar, trabalho materno e introdução precoce de alguns alimentos como água,
chás e leite não materno; a escolaridade pareceu ser a variável com maior influência
na introdução de alimentos complementares.
3.2.4 Alimentação Complementar Adequada
O período de alimentação complementar adequada é crítico, pois está
relacionado ao período do ciclo desnutrição- infecção quando a criança não recebe
uma dieta adequada e também envolve fatores sociais, econômicos e culturais que
27
podem vir a interferir no estado nutricional da criança. Deve compreender entre os
seis e dez meses de vida (MESSIAS et al, 2009).
Entre os seis e 12 meses de vida, a criança necessita se adaptar aos novos
alimentos, cujos sabores, texturas e consistências são muito diferentes do leite
materno. Durante essa fase, não é preciso se preocupar com a quantidade de
comida ingerida; o mais importante é proporcionar a introdução lenta e gradual dos
novos alimentos para que a criança se acostume aos poucos. Além disso, como
conseqüência do seu desenvolvimento e controle sobre os movimentos e da fase
exploratória em que se encontra a criança não se satisfaz mais em apenas olhar e
receber passivamente a alimentação é comum querer colocar as mãos na comida. É
importante que se dê liberdade para que ela explore o ambiente e tudo que a cerca,
inclusive os alimentos, permitindo que tome iniciativas (BRASIL, 2009).
Uma alimentação complementar adequada envolve alimentos ricos em
nutrientes como ferro, zinco, vitamina A, vitamina C e folato, além de energia,
isentos de contaminações (microorganismos patogênicos, toxinas ou produtos
químicos prejudiciais), sem muita adição de sal e/ou condimentos, de custo
acessível, em quantidades apropriadas, fáceis de serem preparados e em
quantidades adequadas (DIAS et al, 2010).
Segundo o Comitê de Nutrição da Sociedade Européia de Gastroentorologia
Pediátrica e Nutrição (ESPGAN), alimentos com alto potencial alergênico como
peixes, ovos, não devem ser oferecidos às crianças antes dos 4 meses de idade.
Entretanto, não existe no Guia Alimentar Brasileiro para menores de dois anos de
idade (Brasil, 2002), restrições relacionadas à oferta desses alimentos, portanto,
pode ser oferecido a partir do sexto mês. Já o manual dos dez passos para uma
alimentação saudável, baseado no Guia, recomenda que o ovo inteiro seja oferecido
apenas a partir dos dez meses de idade (SILVA & GUBERT, 2010).
Segundo Brasil (2009), as frutas devem ser oferecidas após os seis meses de
idade, preferencialmente sob a forma de papas, sempre em colheradas. O tipo de
fruta a ser oferecido deve respeitar as características regionais, custo, estação do
ano e a presença de fibras, lembrando que nenhuma fruta é contraindicada. Os
sucos naturais podem ser usados preferencialmente após as refeições principais, e
não em substituição a elas, em uma dose pequena.
Silva e Gubert (2010), em seu estudo cujo objetivo foi estudar as informações
de sites brasileiros sobre aleitamento materno e alimentação complementar de
28
acordo com as recomendações do Ministério da Saúde verificou que a maioria deles
indicam em relação ao oferecimento da primeira papa, a doce, porém Euclides
(2000) apud Silva e Gubert (2010), tendo em vista as principais carências
encontradas nessa fase, que são: energia, ferro, zinco e vitamina A, o mais
aconselhado é iniciar com a papa salgada, pois quando a introdução é feita
primeiramente com frutas, a aceitação dos vegetais é dificultada devido à
preferência pelo sabor doce.
O leite de vaca é um alimento pobre em ferro e zinco, e por isso não deveria
ser oferecido às crianças antes dos seis meses de idade. O mel também deve ser
evitado no primeiro ano de vida, pois, pode conter esporo de Clostridium botulinium,
que causa botulismo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008).
Alimentos como glúten e castanhas, peixes e ovos devem ser evitados para
crianças menores de dois anos quando a criança já possui história de alergia
alimentar (DIAS et al, 2010).
O guia para crianças menores de 2 anos (BRASIL,2009) estabeleceu dez
passos para uma alimentação saudável:
PASSO 1 – Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento.
PASSO 2 – A partir dos seis meses, oferecer de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais.
PASSO 3 – A partir dos seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, frutas e legumes) três vezes ao dia se a criança receber leite materno e cinco vezes ao dia se estiver desmamada.
PASSO 4 – A alimentação complementar deve ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança.
PASSO 5 – A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; começar com consistência pastosa (papas /purês), e gradativamente aumentar a sua consistência até chegar à alimentação da família.
PASSO 6 – Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida.
PASSO 7 – Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.
PASSO 8 – Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.
29
PASSO 9 – Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação adequados.
PASSO 10 – Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação.
Para a papa salgada deve-se respeitar as porções oferecidas através da
pirâmide alimentar contendo alimentos dos seguintes grupos alimentares: cereal ou
tubérculo, alimento protéico de origem animal, leguminosas e hortaliças. È
recomendado que os alimentos sejam oferecidos separadamente, pois assim a
criança consegue distinguir melhor os vários sabores e aceitá-los com mais
facilidade (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008).
Figura 1: Pirâmide alimentar para crianças menores de 2 anos de idade (BRASIL, 2002).
O aleitamento materno deve continuar após o início da introdução alimentar.
Caso o aleitamento não possa ser mantido, as fórmulas infantis são a opção ideal de
seguimento. Para a criança amamentada, o ideal é a oferta de 3 refeições ao dia
30
(duas papas salgadas e uma de fruta) e já para as crianças que não são
amamentadas seis refeições (duas papas salgadas, uma de fruta e três de leite),
como mostrado no quadro 2 abaixo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA,
2008).
Quadro 2: Esquema alimentar para crianças menores de dois anos que estão em aleitamento materno
De 6 a 7 meses De 8 a 12 meses A partir de 12 meses
• Aleitamento materno
sob livre demanda
• 1 papa de frutas no
meio da manhã
• 1 papa salgada no final da manhã
• 1 papa de frutas no
meio da tarde
• Aleitamento materno sob
livre demanda
• 1 papa de frutas no
meio da manhã
• 1 papa salgada no
final da manhã
• 1 papa de frutas no
meio da tarde
• 1 papa salgada no
final da tarde
• Aleitamento materno sob
livre demanda
• 1 refeição pela manhã
(mingau ou leite batido com fruta)
• 1 fruta
• 1 refeição básica da família
no final da manhã
• 1 fruta
• 1 refeição básica da família
no final da tarde
Fonte: Accioly et al, 2009.
O leite materno deve ser oferecido em livre demanda, porém o intervalo entre a
mamada que antecede as principais refeições deve ser espaçado, respeitando
assim os sinais de fome e saciedade da criança (ACCIOLY, 2009).
3.3 NECESSIDADES NUTRICIONAIS
31
Uma Alimentação Complementar adequada compreende uma composição
adequada e equilibrada em quantidades de macro e micronutrientes (principalmente
para ferro, zinco, cálcio, vitamina A, vitamina C e ácido fólico), livres de
contaminação (biológica, química ou física), de fácil ingestão e aceitação, de custo
acessível e preparados a partir de alimentos consumidos pela família (CAETANO et
al, 2010).
3.3.1 Energia e Macronutrientes
Após os seis meses com a introdução dos alimentos complementares parte das
necessidades energéticas devem ser supridas; depende da idade da criança, de
quanto ela ingere de leite materno e da freqüência oferecida dos alimentos
complementares (GIUGLIANE & VICTORIA, 2000).
Segundo a Estimated Energy Requerement (EER) as atuais necessidades
energéticas para crianças são: de 0-3 meses 512kcal/dia, de 4–6 meses 573kcal/dia,
de 7-9 meses 676kcal/dia, de 10-12 meses 780kcal/dia. Porém, segundo as novas
estimativas de energia estão 25-32% menores que as anteriores. A OMS recomenda
para crianças em aleitamento materno uma quantidade de energia a ser oferecida
através da alimentação complementar igual a 200kcal/dia para crianças dos 6-8
meses, 300kcal/dia de 9-11 meses e 550kcal/dia dos 12 aos 24 meses (DIAS et al,
2010).
Segundo a Dietary Reference Intake (DRI), 2002/2003, a distribuição de
macronutrientes em relação ao valor energético total para lactentes e crianças de
até 3 anos de idade encontram-se descritas no quadro 3 abaixo :
Quadro 3: Distribuição aceitável de macronutrientes (em relação ao valor energético total para lactentes e crianças de até 3 anos de idade).Crianças Carboidrato Proteína Lipídio 0-6m 60g (AI) 9,1g (AI) 31g (AI)7-12m 95g (AI) 13.5g (RDA) 30g (RDA)1-3m 45-65% 5-20% 30-40%Fonte: DRI 2002/2003.
• Energia
Para necessidades nutricionais referentes à energia, a OMS estabeleceu uma
estimativa de quantidade de energia e de macronutrientes no período de 6 a 24
32
meses. Em países em desenvolvimento, por idade (meses) observa-se o quadro 4 a
seguir o consumo de médio de leite materno. No quadro 5 as recomendações do
consumo energético durante 1º e 2º anos de vida (ACCIOLY et al, 2009).
Quadro 4: Consumo médio de leite materno e de energia proveniente de leite materno em países em desenvolvimento, por idade (meses)
Idade Consumo de leite materno
(g/ dia)
Consumo energético
proveniente do leite
materno (kcal/ dia)Amamentação parcial
0 - 2m 617 3763 – 5m 663 4126 – 8m 660 403
9 – 11m 616 37912 – 23m 549 346
Amamentação exclusiva0 - 2m 714 4373 – 5m 784 4746 – 8m 776 483
9 – 11m - -12 – 23m - -
Fonte: Accioly et al, 2009.
Quadro 5: Recomendações do consumo energético durante 1º e 2º anos de vida
Idade (meses) Recomendações de Energia
0 – 3 88
3 – 5 82
6 – 8 83
9 – 11 89
Fonte: Accioly et al, 2009.
• Lipídios
O consumo do lipídio aumenta a densidade energética das refeições além de
melhorar o sabor e viscosidade da preparação. O óleo vegetal é ideal, pois é fonte
de ácidos graxos essenciais. O valor recomendado de lipídios para crianças entre
sete e doze meses deverá ser de cerca de 35% do valor energético total da refeição
(LACERDA & ACCIOLY, 2009).
33
Segundo Vitolo (2008) deve haver um equilíbrio das fontes de energia entre
carboidratos (CHO) e lipídios como 55 a 60% de CHO e 25 a 30% de lipídios. A
restrição de lipídios vem sendo muito discutida, pois, existem autores especialistas a
favor e contra em relação à quantidade a ser oferecida, porém muitos estudos ainda
vêm sendo feitos sobre essa prática.
O ácido graxo essencial para aumentar a densidade energética das refeições é
o óleo vegetal, além de melhorar a viscosidade e o sabor da refeição. O consumo de
lipídios deve ser para crianças: de 7-12 meses 35% do VET, de 1-3 anos 32% do
VET (ACCIOLY et al, 2009).
• Proteína
Os valores de proteínas são facilmente alcançados na dieta e a quantidade de
proteínas de alto valor biológico deve ser de dois terços do total recomendado assim
como mostra a quadro 6 abaixo:
Quadro 6: Necessidades de proteínas por quilograma de peso da criança
Idade g/kg< 6 meses 2,26 a 12 meses 1,61 a 3 anos 1,2
Fonte: Vitolo, 2008.
3.3.2 Micronutrientes
A adequação nutricional dos alimentos complementares é muito importante na
prevenção da morbimortalidade infantil, incluindo a desnutrição e a obesidade.
Muitas vezes, esses alimentos não suprem as necessidades nutricionais nessa faixa
etária, quando a velocidade de crescimento é elevada, tornando os lactentes mais
vulneráveis tanto à desnutrição quanto às deficiências de certos micronutrientes
(BERCINI et al, 2007).
34
• Ferro
No início da alimentação complementar deve-se ter uma atenção especial na
oferta de ferro, pois, a partir dos seis meses de vida, a chance de desenvolver
anemia ferropriva é elevada, visto que as necessidades desse mineral tornam-se
aumentadas nessa faixa etária diferentemente do início da amamentação quando o
leite materno fornece quantidades adequadas de ferro até os seis meses de idade
(LACERDA & ACCIOLY, 2009).
As crianças nascidas pré-termo e com baixo peso possuem menor reserva de
ferro, por isso, ocorre uma necessidade de suplementação de ferro antes dos seis
meses de idade, crianças baixo peso devem iniciar a suplementação com 2 meses
de idade; a quantidade de ferro recomendada nos alimentos complementares em
crianças de 6 a 8 meses é de 4mg /100kcal. (GIUGLIANE & VICTORIA, 2000;
MONTE & GIUGLIANE, 2004).
A anemia por deficiência de ferro é a carência nutricional de maior magnitude
no mundo e atinge principalmente crianças menores de dois anos e gestantes.
Estudos mostram que cerca de 4,8 milhões de crianças sejam anêmicos com maior
prevalência entre os 6 e 24 meses correspondendo à 67,6% e em relação à
gestantes um média de 30%. (BRASIL, 2005).
O Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF), assim como a
fortificação obrigatória das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico e a
orientação nutricional, constituem o conjunto de estratégias voltadas para controle e
redução da anemia por deficiência de ferro no país. Esse Programa consiste na
suplementação medicamentosa de ferro, distribuída gratuitamente nas unidades de
saúde para crianças de 6 a 18 meses (xarope de sulfato ferroso 1 vez por semana),
gestantes a partir da 20ª semana de gestação (comprimidos de sulfato ferroso e
ácido fólico 1 vez por dia) e mulheres até o terceiro mês pós parto (comprimidos de
sulfato ferroso 1 vez por dia) (BRASIL, 2005).
As refeições devem conter alimentos como carnes, hortaliças folhosas e
leguminosas. Os alimentos com ferro não-heme devem ser oferecidos associados à
alimentos ricos em ácido ascórbico para melhor absorção desse nutriente, visto que
aumenta sua biodisponibilidade (LACERDA & ACCIOLY, 2009) (anexo 1).
35
Alimentos como, leite, chá, mate ou café formam precipitados insolúveis
quando oferecidos juntos as grandes refeições dificultando assim a absorção do
ferro. O elevado consumo de leite de vaca é um dos fatores que ajudam a contribuir
para uma alta prevalência de anemia em crianças (MONTE & GIUGLIANE, 2004).
Um estudo feito por Jordão et al (2009), cujo objetivo era verificar a prevalência
de anemia em 354 crianças de 6 a 12 meses do município de Campinas, levando-se
em consideração a introdução de alimentos complementares observou-se que
66,5% apresentavam níveis de hemoglobina <11g/dl que consequentemente foram
observadas em crianças que recebiam pão, iogurte, refrigerante, balas e
salgadinhos de saquinho.
Ao estimar a prevalência da anemia em lactentes de 6 e 12 meses residentes
em 12 municípios das cinco regiões do Brasil e fatores de risco a ela associados,
Spinelli et al, 2005 verificou uma alta prevalência de crianças anêmicas, indicando
uma necessidade de ressaltar nos programas de pré-natal e puericultura do Brasil
medidas de intervenção e controle de tal distúrbio nutricional, priorizando bebês de
baixo peso e filhos de mães adolescentes.
De acordo com o Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de
Pediatria (2008), quanto a suplementação de ferro encontra-se no Quadro 7 a seguir:
Quadro 7: Recomendações quanto à suplementação de ferro
Situação Recomendação Recém-nascidos a termo, de peso
adequado para a idade gestacional em
aleitamento materno.
1mg de ferro elementar/kg peso/dia a
partir do 6º mês (ou da introdução de
outros alimentos) até 24º mês de vidaRecém-nascidos a termo, de peso
adequado para a idade gestacional, em
uso de 500ml de fórmula infantil.
Não recomendado
Recém-nascidos pré-termo e recém-
nascidos de baixo peso até 1.500g, a
partir do 30º dia de vida.
2mg/kg peso/dia durante um ano. Após
este prazo, 1 mg/kg/dia mais um ano.
Recém-nascidos pré-termo com peso 3mg/kg peso/dia durante um ano e
36
entre 1.500 e 1.000g. posteriormente 1 mg/kg/dia mais um
ano.Recém-nascidos pré-termo com peso
menor que 1.000g.
4mg/kg peso/dia durante um ano e
posteriormente 1 mg/kg/dia mais um
ano.Fonte: Manual de orientação do Departamento de Nutrologia, 2008
• Zinco
A alimentação complementar deve cobrir cerca de 86% da necessidade de
zinco. Apesar de o leite materno ser uma fonte de boa disponibilidade, tem-se
observado um risco de deficiência de zinco no segundo semestre de vida
(LACERDA & ACCIOLY, 2009).
A deficiência de zinco associa-se a anorexia, diarréia, prejuízo no sistema
imunológico, retardo de crescimento, entre outros, porém a deficiência de zinco
isolada é rara e ocorre em situações como: crianças que não comem carne, baixa
condição socioeconômica, dietas vegetarianas, dietas hipoproteicas e dietas à base
de guloseimas (VITOLO, 2008).
A biodisponibilidade de zinco é maior (assim como a do ferro) em produtos de
origem animal, principalmente carnes, gema de ovo e órgãos (como o fígado).
Entretanto, o acido ascórbico não aumenta sua biodisponibilidade como ocorre com
o ferro (GIUGLIANE & VICTORIA, 2000).
• Cálcio
A ingestão de cálcio é muito importante na infância devido os ossos e dentes
estarem sendo formados. O leite materno supre 100% das necessidades nutricionais
das crianças e para aquelas com impossibilidade de acesso ao leite materno,
recomenda-se fórmulas infantis (VITOLO, 2008). Observa-se no quadro 8 a seguir
as recomendações de cálcio de acordo com a idade:
Quadro 8: Recomendações de Cálcio (mg) por idade
37
Recomendações de cálcio MgNos primeiros meses de vida 2107 aos 12 meses 2701 a 3 anos 5004 a 8 anos 800Fonte: Vitolo, 2008.
Segundo o Guia Alimentar para Menores de Dois Anos (2002) foi elaborada
uma lista com 11 alimentos-fonte de Cálcio (queijo minas, queijo prato, Leite em pó
integral, queijo provolone, leite tipo B, queijo mussarela, leite tipo C, queijo “petit
suisse”, iogurte de frutas, requeijão cremoso, queijinho pasteurizado fundido),
considerando a DRI de 500 mg/dia e classificando estes alimentos de acordo com o
percentual da DRI atingida. Por exemplo: 1 ½ (uma e meia) fatia de queijo tipo minas
(50 gramas), tem 342,50 mg de Cálcio que representa 68,56% das recomendações.
Duas unidades de queijinho pasteurizado fundido (35 gramas) atingem 7% da DRI.
• Vitamina A
Essencial para o sistema imunológico, visto que muitos estudos comprovam
que a vitamina A reduz a gravidade das doenças e a mortalidade nas crianças e
também tem-se observado que a suplementação isolada dessa vitamina aumenta os
níveis séricos de ferro, a concentração de hemoglobina, de transferrina e o
hematócrito (VITOLO, 2008).
No Brasil, o Nordeste está identificado como uma das áreas de carência de
vitamina A mais importante e, de acordo com pesquisas, alguns estados desta
região mostram em levantamentos bioquímicos, taxas de retinol sérico abaixo de
20mcg para mais de 40% da população infantil. Em outras regiões do país ainda não
estudadas possivelmente exista a hipovitaminose A, principalmente nas áreas
periféricas como das grandes cidades e nas zonas rurais pobres (BRASIL, 2009).
O Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A – é um programa do
Ministério da Saúde que busca reduzir e controlar a deficiência nutricional de
vitamina A em crianças de 6 a 59 meses de idade e mulheres no pós-parto imediato
(antes da alta hospitalar), residentes em regiões consideradas de risco. No Brasil,
são consideradas áreas de risco a região Nordeste, o Estado de Minas Gerais
(região Norte, Vale do Jequitinhonha e Vale do Mucurici) e o Vale do Ribeira em São
38
Paulo. A dosagem para crianças: de 6 a 11 meses é de 100.000UI uma vez a cada 6
meses, : de 6 a 11 meses é de 200.000UI uma vez a cada 6 meses (BRASIL, 2004).
3.6. PRÁTICAS DE HIGIENE NO PREPARO DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR
É importante mencionar sobre as práticas de higiene dos alimentos
complementares na promoção da nutrição em crianças, pois a alimentação está
ligada aos episódios de diarreia nas mesmas. Práticas simples de higiene podem ser
realizadas como: lavar bem as mãos antes de preparações alimentares; consumir
alimentos frescos; cozinhar bem os alimentos; lavar bem alimentos crus; utilizar
utensílios limpos; oferecer a criança preparações dentro de duas horas após a
elaboração; quando não puder ir a geladeira; reaquecer de forma adequada e
proteger a preparação contra animais e poeira (SARNI, 2003; VIEIRA et al, 2009).
Segundo GIUGLIANE & VICTORIA (2000), a contaminação do alimento é
comum quando ele é estocado à temperatura ambiente, favorecendo a proliferação
microorganismos patogênicos.
Esse período de introdução dos alimentos deve levar em consideração a
correta administração de alimentos, as condições de higiene no preparo, a utilização
suficiente de alimentos e a não substituição da nova refeição pelo leite (LOPEZ,
2004).
As fórmulas infantis em pó têm sido associadas a casos de doenças graves e
mortes decorrentes de infecções pelo microorganismo Enterobacter sakazakii, sendo
assim as crianças não amamentadas correm um risco adicional por não terem
recebido leite materno devido à proteção conferida por este (TOMA, 2011).
Essa bactéria que pode contaminar fórmulas infantis, porém, ela não se
multiplica no pó, mas quando adiciona-se água em temperatura superior a 5°C,
esse microorganismo começa a se multiplicar. Portanto, o ideal é a utilização de
água em temperatura superior a 60°C para que assim essa bactéria possa ser
destruída (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008).
As doenças transmitidas através dos alimentos como as Noroviroses e Hepatite
A, ocorrem frequentemente e estão mais presentes em alimentos in natura, e
também pela manipulação. Por isso, deve-se ter uma maior fiscalização, controle
39
alimentar e orientação à população relacionada aos riscos à saúde (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008).
3.7. ESTRATÉGIA NACIONAL PARA A ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR SAUDÁVEL (ENPACS)
A Política Nacional de Promoção da Saúde tem como eixo estratégico propor
uma alimentação saudável. Sendo assim, a ENPACS foi elaborada pela
Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN) em parceria
com a Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (IBFAN) como
instrumento para fortalecer as ações de apoio e promoção à alimentação
complementar saudável no Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2010).
Tal estratégia pretende incentivar a orientação alimentar como atividade de
rotina nos serviços de saúde, visando à formação desde a infância, de hábitos
alimentares saudáveis, através do oferecimento da alimentação complementar
adequada, respeitando a identidade cultural e alimentar das diversas regiões
brasileiras.
Sendo assim, deve-se investir na capacitação e sensibilização dos profissionais
de saúde da Atenção Básica, visando orientação nutricional na primeira infância e
formação de hábitos alimentares saudáveis. Também é muito importante a
orientação às mães e cuidadores sobre introdução alimentar em tempo oportuno.
O profissional de saúde passa ser promotor da alimentação saudável na
comunidade em que atua quando consegue transmitir conhecimentos técnicos de
forma prática, em linguagem simples e compreensível.
Para orientar a alimentação da criança deve-se levar em consideração preparo,
consistência, opções para diversificar os alimentos e quantidade de alimento nas
refeições de modo a atender as necessidades nutricionais para cada fase do
desenvolvimento.
Algumas etapas serão adotadas para a implementação da Estratégia Nacional
para a Alimentação Complementar Saudável, dentre elas podemos citar: realização
de oficinas para formação de tutores da ENPACS dirigidas aos profissionais de
saúde e outros profissionais das Unidades de Atenção à Saúde, das esferas
estaduais e municipais do SUS; divulgação dos materiais de apoio elaborados pelo
Ministério da Saúde para contribuir na implantação da Estratégia Nacional para
40
Alimentação Complementar Saudável; Acompanhar o processo de implantação da
ENPACS nos estados e municípios por meio de indicadores previamente definidos;
Monitorar e avaliar o processo de implantação da Estratégia Nacional para
Alimentação Complementar Saudável por meio do SISVAN web e outros
instrumentos pactuados; Capacitar os tutores da Rede Amamenta Brasil na
implementação da Estratégia.
O monitoramento do processo de implantação e implementação da Estratégia
nas três esferas de governo será feito de forma periódica e permanente de consumo
alimentar. Para isso serão utilizados os indicadores de resultado coletados por meio
de marcadores de consumo alimentar do SISVAN (ANEXO 2).
As coordenações estaduais de alimentação e nutrição devem assumir o
compromisso de monitorar o processo de implementação da ENPACS em seus
municípios e informar a CGPAN/MS e IBFAN Brasil sobre as oficinas e/ou outras
atividades realizadas sobre a temática.
Para garantir o alcance e a efetividade da proposta formou-se um núcleo
operacional de facilitadores capacitados pela IBFAN Brasil e CGPAN/Ministério da
Saúde. Este núcleo operacional capacitará uma rede de tutores estaduais, em todas
as unidades da federação, que serão responsáveis por multiplicar as oficinas nas
Unidades Básicas de Saúde de seus municípios. Para a efetiva implementação da
Estratégia, o fluxograma abaixo mostrado na figura 2 uma cadeia de atividades
relacionadas nas esferas de gestão do SUS.
41
Figura 2: Fluxograma mostra a cadeia de atividades relacionadas nas esferas de gestão do SUS.Fonte: Brasil, 2010b.
O grande desafio do profissional de saúde é conduzir o processo de introdução
de alimentos complementares de maneira a auxiliar adequadamente mães e
cuidadores. Isso implica estar atento às necessidades da criança, da mãe e da
família, acolhendo dúvidas, preocupações, dificuldades, conhecimentos prévios e
também os êxitos, aspectos tão importantes quanto o conhecimento técnico para
garantir o sucesso de uma alimentação complementar saudável. O sucesso da
alimentação complementar depende, entre outros fatores, do comportamento afetivo
por parte da mãe e de todos os cuidadores da criança. Toda a família deve ser
estimulada a contribuir positivamente nesta fase (BRASIL, 2010).
42
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prevalência do aleitamento materno exclusivo no Brasil teve uma melhora em
relação às pesquisas anteriores, porém longe de atingir um padrão ideal. Observa-
se uma necessidade de se manter a amamentação exclusiva até os seis meses de
idade e continuidade até os dois anos de idade ou mais e em conjunto a alimentos
complementares. A alimentação complementar deve ser introduzida em tempo
oportuno, suprindo as necessidades das crianças; tanto a introdução alimentar
precoce como a tardia traz diversas desvantagens à saúde da criança.
Cabe aos profissionais de saúde, principalmente o nutricionista, de todos os
níveis de atenção, criar estratégias para tornar as orientações sobre alimentação
complementar saudável uma rotina nos estabelecimentos de saúde. A implantação
da Estratégia Nacional para uma Alimentação Complementar Saudável (ENPACS)
poderá colaborar muito para a melhoria da qualidade da alimentação das crianças
de até dois anos de idade.
43
5. ARTIGO CIENTÍFICO
A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL EM
CRIANÇAS MENORES DE DOIS ANOS DE IDADE
THE IMPORTANCE OF HEALTHY COMPLEMENTARY FEEDING IN CHILDREN UP TO TWO
YEARS OLD
Geysa da Cunha Figueiredo Chagas-Acadêmica do Curso de Nutrição, Faculdade Redentor
Aldany de Souza Borges (co-autor)
Nutricionista, Especialista em Saúde da Família (Faculdade Redentor) e Nutrição Clínica
(UNIFOA), Professora do Curso de Nutrição, Faculdade Redentor
Rodovia BR 356, número 25, Bairro Cidade Nova, Itaperuna-RJ
ResumoResumo
O leite materno é um componente muito importante da alimentação infantil, sedo
capaz de nutrir isoladamente e adequadamente os lactentes nos primeiros 6 meses de vida;
entretanto, após esse período, deve ser complementado. Pesquisas realizadas mostram que
a mediana de tempo do aleitamento materno exclusivo no Brasil é inferior a dois meses, e
de aleitamento materno inferior a doze meses. A Estratégia Nacional Para uma Alimentação
Complementar Saudável pretende incentivar a orientação alimentar como atividade de rotina
nos serviços de saúde, visando à formação desde a infância, de hábitos alimentares
saudáveis. O objetivo do trabalho é mostrar a importância da alimentação complementar
saudável em crianças de até dois anos de idade. Este trabalho foi realizado através de uma
revisão bibliográfica sobre o tema através de consulta a artigos científicos publicados nos
últimos anos, livros, revistas científicas, manuais e sites relacionados ao assunto como
Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Pediatria. A prevalência do aleitamento
materno exclusivo no Brasil teve uma melhora em relação às pesquisas anteriores, porém
longe de atingir o padrão ideal. Observa-se uma necessidade de se manter a amamentação
exclusiva até os seis meses de idade e continuidade até os dois anos de idade ou mais e
em conjunto a alimentos complementares. Cabe aos profissionais de saúde, principalmente
o nutricionista, de todos os níveis de atenção, criar estratégias para tornar as orientações
sobre alimentação complementar saudável uma rotina nos estabelecimentos de saúde.
Palavras- chave: amamentação, alimentação complementar saudável, crianças,
higiene dos alimentos, introdução precoce, tardia.
44
Abstract
Breast milk is a very important component of infant feeding, being able to nurture separately
and adequately infants in the first 6 months of life, however, after this period, must be
complemented. Research shows that the average time of exclusive breastfeeding in Brazil is
less than two months, and breastfeeding for less than twelve months. The National Strategy
to Healthful Complementary Feeding intends to stimulate the alimentary orientation as
activity of routine in the health services, aimed at training since childhood, healthy eating
habits. The objective of this work is to show the importance of healthy complementary
feeding in children up to two years old. This work was conducted through a literature review
on the subject by consulting at scientific papers published in recent years, books, journals,
manuals and websites related to the subject as the Ministério da Saúde, the Brazilian Society
of Pediatrics. The prevalence of exclusive breastfeeding in Brazil had an improvement
compared to previous research, but far from the ideal standards. There is a need to maintain
exclusive breastfeeding until six months old and continued until two years of age or older and
together the complementary foods. It is up to health professionals, especially nutritionists, all
levels of care, develop strategies to make the guidelines about the healthy complementary
feeding a routine in health facilities.
Keywords: breastfeeding, healthy complementary feeding, children, food hygiene, early
introduction, late.
Introdução
A alimentação complementar é essencial para a segurança em nutrição e para o
desenvolvimento das populações e seus países, cabendo aos profissionais de saúde
repassar as sugestões adequadas às mães. Pois, tão importante quanto a predominância da
amamentação até os seis meses de idade é a introdução de alimentos posteriormente a
essa idade (BRUNKEN et al, 2006).
Sem dúvida alguma, o leite materno é alimento ideal para a criança nos primeiros
meses de vida. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o aleitamento
materno seja exclusivo até os seis meses de idade, e posteriormente o acréscimo de
alimentos complementares, mantendo o aleitamento até os dois anos ou mais
(MASCARENHAS et al, 2006).
Após os seis meses de idade, o leite materno não atende suficientemente às
necessidades nutricionais das crianças, competindo aos alimentos complementares suprir
esse espaço, principalmente as de energia e de ferro (BRUNKEN et al, 2006).
45
Uma nutrição complementar apropriada inclui alimentos ricos em energia e
micronutrientes (principalmente ferro, zinco, cálcio, vitamina A, vitamina C e folato), sem
contaminação (isentos de microorganismos patogênicos, toxinas ou produtos químicos
nocivos), sem excesso de sal ou condimentos, de fácil ingestão e boa aceitação pela
criança, em quantidade adequada, fáceis de preparar, a partir dos alimentos da família e
com preço cabível para a maior parte das famílias (MONTE & GIUGLIANE, 2004).
Acredita-se que a maior parte dos episódios de diarréia em crianças menores de
cinco anos ocorre devido à alimentação. O contágio dos alimentos pode ocorrer devido à
contaminação da água, dos utensílios (em especial as mamadeiras e bicos), má higiene
pessoal e estocagem imprópria dos alimentos após a preparação (GIUGLIANE &
VICTORIA, 2000).
Estratégias de intervenção nutricional foram listadas entre as ações de prevenção
mais efetivas para redução da mortalidade em crianças menores de cinco anos. A promoção
do aleitamento materno é considerada a primeira das intervenções, com potencial de
prevenir 13% de todas as mortes. A promoção da alimentação complementar, a terceira das
ações efetivas, tem o potencial de prevenir 6% de todas as mortes. A ação de administração
de zinco e vitamina A ocupa a quinta posição com potencial de prevenção 5 e 2% das
mortes. Na sétima posição encontra-se a água, saneamento básico e higiene com potencial
de prevenção de 3% das mortes (JONES et al, 2003 apud BRASIL, 2010).
Devido à ausência de informação e conhecimento dos benefícios que a amamentação
e introdução da alimentação complementar adequada em tempo oportuno pode trazer à
saúde da criança, deve-se ressaltar a importância do profissional nutricionista nessa área,
atuando de forma a prestar esclarecimentos aos pais, orientações nutricionais e
acompanhamento das crianças. Tal acompanhamento poderá trazer maior impacto no
prolongamento do aleitamento materno exclusivo, como também na prática da alimentação
complementar adequada a ser introduzida a partir do sexto mês e ainda evitaria a introdução
precoce de outros alimentos.
ALEITAMENTO MATERNO
A amamentação tem valor indiscutível na saúde e na vida do lactente, como nutrição
completa e ideal, na prevenção de diversas doenças principalmente alérgicas, na diminuição
da desnutrição infantil e mortalidade infantil, além das vantagens econômicas, técnicas e
psicológicas. (RICCO et al, 2001).
Muitas outras evidências existem sobre os benefícios do aleitamento materno como:
menor risco de diarréia, evita infecção respiratória, diminui o risco de alergias, de
hipertensão, colesterol alto e diabetes, também reduz a chance de obesidade, proporciona
46
melhor nutrição, efeito positivo na inteligência, no desenvolvimento da cavidade bucal, na
proteção contra câncer de mama, evita nova gravidez, possui menores custos financeiros
(BRASIL, 2009).
Um estudo realizado por Olimpio et al (2010), onde o objetivo era avaliar os fatores
que influenciavam no aleitamento e desmame precoce em mães adolescentes e adultas na
cidade de Curitiba, Paraná, realizado com 24 mães adultas e 13 adolescentes encontrou
maior prevalência do aleitamento materno em famílias com menor renda. Por outro lado,
Venâncio et al (2002), ao realizar um estudo cujo um dos objetivos também era identificar
fatores associados ao desmame no Município de São Paulo com 1900 crianças < de 1 ano
de idade, observou que o trabalho informal ou desemprego foram fatores de risco para o
desmame.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o aleitamento materno deve ser
exclusivo por 6 meses, pois não existem evidências científicas relacionadas à introdução
precoce, porém são abundantes os relatos de que essa prática é prejudicial à saúde
( BRASIL, 2005).
O leite materno é um componente muito importante da alimentação infantil, sedo
capaz de nutrir isoladamente e adequadamente os lactentes nos primeiros 6 meses de vida;
entretanto, após esse período, deve ser complementado ( MONTE & GIUGLIANE, 2004).
O leite materno é a fonte predominante de nutrição da criança, entretanto, a criança
pode receber água, chá, suco, vitaminas, medicamentos em gotas ou xaropes, água
açucarada, líquidos cerimoniais (em quantidades limitadas) (BERCINI et al, 2007).
O leite de vaca não é adequado para crianças menores de um ano de idade, também
possui baixos teores de gorduras, quantidade insuficiente de carboidratos, possui altas taxas
de proteína elevando a carga renal e comprometendo a digestibilidade, baixos níveis de
vitaminas D, E e C, insuficientes quantidades de ferro e zinco e um alto teor de sódio
comprometendo também os rins, principalmente dos recém-nascidos (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008).
O quadro 1 a seguir diferencia os nutrientes presentes no colostro, no leite maduro e
no leite de vaca.
47
Quadro 1: Composição do colostro e do leite materno maduro das mães de crianças a termo e pré-termo e do leite de vacaNutriente
(kcal/dl)
Colostro 3-5 dias Leite Maduro 26-29
dias
Leite de
vaca
A termo Pré-
termo
A termo Pré-
termo
Calorias
(kcal/dl)
48 58 62 70 69
Lipídios (g/dl) 1,8 3,0 3,0 4,1 3,7
Proteínas
(g/dl)
1,9 2,1 1,3 1,4 3,3
Lactose (g/dl) 5,1 5,0 6,5 6,0 4,8
Fonte: BRASIL, 2009
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR
Por alimento complementar entende-se qualquer alimento oferecido à criança
amamentada, iniciado quando a amamentação exclusiva não é mais adequada para suprir
as necessidades das crianças (LACERDA & ACCIOLY, 2009).
A partir dos seis meses, o leite materno não provê todas as necessidades de
nutrientes da criança, sendo assim, deve-se complementar essa amamentação com novos
alimentos. Também, é nessa idade que muitas crianças atingem o estágio de
desenvolvimento fisiológico e neurológico e, além disso, já produzem enzimas digestivas em
quantidades adequadas, podendo assim receber novos alimentos diferentes do leite
materno (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008).
O lactente, devido principalmente à sua alta velocidade de crescimento, está mais
vulnerável aos erros e deficiências alimentares que podem trazer importantes
conseqüências para seu estado nutricional (BARBOSA et al, 2007).
Recomenda-se a introdução de novos alimentos a cada 3 a 7 dias, visto que é comum
que as crianças rejeitem novos alimentos, por isso não devendo esse fato ser interpretado
como uma aversão da criança ao alimento (MONTE & GIUGLIANE, 2004).
Segundo Cruz, (2010) é recomendado a oferta de papas e purês ao sétimo e oitavo
mês, visto que no oitavo mês as refeições deverão ter mais consistência. Já segundo a
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (2008), a oferta de papas salgada deve ser
iniciada no sexto mês, no horário do almoço ou jantar.
Por volta dos 6 aos 11 meses, a criança deve receber duas papas salgadas e uma de
fruta, e para crianças que não são amamentadas deve-se acrescentar além dessas três
48
refeições mais dois lanches podendo ser a fruta ou o leite, lembrando que o oferecimento
das frutas após as refeições melhora a absorção do ferro não-heme dos alimentos como os
vegetais folhosos e os feijões. Outro fator importante é o não oferecimento de produtos
industrializados como refrigerantes, chás, café, entre outros (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
PEDIATRIA, 2008).
Na introdução tardia de alimentos, verifica-se que as carnes são oferecidas
tardiamente, culminando em uma possível carência de ferro e zinco, e esses minerais são
importantes para evitar a anemia (ferro) e fortalecer o sistema imunológico (zinco), uma vez
que o leite humano não supre as necessidades a partir dos seis meses, torna-se importante
a correta orientação para a oferta de carnes. (KREBS & HAMBIDGE, 2007).
Se houver uma introdução alimentar precoce, ocorre uma diminuição da duração do
aleitamento materno. Quando um alimento sólido é oferecido, ocorre uma necessidade de a
criança adaptar-se à nova textura e à sua administração, diferentemente do leite não-
materno, fluido ou em pó, que é oferecido em mamadeiras e geralmente mais bem aceito
quando comparado à introdução de sólidos, contribuindo para a menor duração da
amamentação (BERCINI et al, 2007).
Uma alimentação complementar adequada envolve alimentos ricos em nutrientes
como ferro, zinco, vitamina A, vitamina C e folato, além de energia, isentos de
contaminações (microorganismos patogênicos, toxinas ou produtos químicos prejudiciais),
sem muita adição de sal e/ou condimentos, de custo acessível, em quantidades
apropriadas, fáceis de serem preparados e em quantidades adequadas (DIAS et al, 2010).
As frutas devem ser oferecidas após os seis meses de idade, preferencialmente sob a
forma de papas, sempre em colheradas. O tipo de fruta a ser oferecido deve respeitar as
características regionais, custo, estação do ano e a presença de fibras, lembrando que
nenhuma fruta é contra-indicada. Os sucos naturais podem ser usados preferencialmente
após as refeições principais, e não em substituição a elas, em uma dose pequena (BRASIL,
2009).
O leite de vaca é um alimento pobre em ferro e zinco, e por isso não deveria ser
oferecido às crianças antes dos seis meses de idade. O mel também deve ser evitado no
primeiro ano de vida, pois, pode conter esporo de Clostridium botulinium, que causa
botulismo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008).
O guia para crianças menores de 2 anos (BRASIL,2009) estabeleceu dez passos para
uma alimentação saudável:
PASSO 1 – Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou
qualquer outro alimento.
49
PASSO 2 – A partir dos seis meses, oferecer de forma lenta e gradual outros alimentos,
mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais.
PASSO 3 – A partir dos seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos,
carnes, frutas e legumes) três vezes ao dia se a criança receber leite materno e cinco vezes
ao dia se estiver desmamada.
PASSO 4 – A alimentação complementar deve ser oferecida sem rigidez de horários,
respeitando-se sempre a vontade da criança.
PASSO 5 – A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de
colher; começar com consistência pastosa (papas /purês), e gradativamente aumentar a sua
consistência até chegar à alimentação da família.
PASSO 6 – Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma
alimentação colorida.
PASSO 7 – Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.
PASSO 8 – Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras
guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.
PASSO 9 – Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu
armazenamento e conservação adequados.
PASSO 10 – Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua
alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação.
As refeições devem conter alimentos como carnes, hortaliças folhosas e leguminosas.
Os alimentos com ferro não-heme devem ser oferecidos associados à alimentos ricos em
ácido ascórbico para melhor absorção desse nutriente, visto que aumenta sua
biodisponibilidade (LACERDA & ACCIOLY, 2009).
Alimentos como ovos, leite, chá, malte ou café formam precipitados insolúveis quando
oferecidos juntos as grandes refeições dificultando assim a absorção do ferro. O elevado
consumo de leite de vaca é um dos fatores que ajudam a contribuir para uma alta
prevalência de anemia em crianças (MONTE & GIUGLIANE, 2004).
Segundo a DRI 2002/2003, a distribuição de macronutrientes em relação ao valor
energético total para lactentes e crianças de até 3 anos de idade encontram-se descritas no
quadro 5 a seguir:
Quadro 5: Distribuição aceitável de macronutrientes (em relação ao valor energético total para lactentes e crianças de até 3 anos de idade).Crianças Carboidrato Proteína Lipídio 0-6m 60g (AI) 9,1g (AI) 31g (AI)
50
7-12m 95g (AI) 13.5g (RDA) 30g (RDA)1-3m 45-65% 5-20% 30-40%
Fonte: DRI 2002/2003.
Segundo Vitolo (2008) deve haver um equilíbrio das fontes de energia entre
carboidratos (CHO) e lipídios com 55 a 60% de CHO e 25 a 30% de lipídios. A restrição de
lipídios vem sendo muito discutida, pois, existem autores especialistas a favor e contra em
relação à quantidade a ser oferecida, porém estudos ainda vêm sendo feitos sobre essa
prática.
ESTRATÉGIA NACIONAL PARA A ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL
(ENPACS).
A Estratégia Nacional Para Alimentação Complementar Saudável tem como eixo
estratégico propor uma alimentação saudável. Sendo assim, a ENPACS foi elaborada pela
Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN) em parceria com a
Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (IBFAN) como instrumento para
fortalecer as ações de apoio e promoção à alimentação complementar saudável no Sistema
Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2010).
Tal estratégia pretende incentivar a orientação alimentar como atividade de rotina nos
serviços de saúde, visando à formação desde a infância, de hábitos alimentares saudáveis,
através do oferecimento da alimentação complementar adequada, respeitando a identidade
cultural e alimentar das diversas regiões brasileiras.
Sendo assim, deve-se investir na capacitação e sensibilização dos profissionais de
saúde da Atenção Básica, visando orientação nutricional na primeira infância e formação de
hábitos alimentares saudáveis. Também é muito importante a orientação às mães e
cuidadores sobre introdução alimentar em tempo oportuno.
O grande desafio do profissional de saúde é conduzir o processo de introdução de
alimentos complementares de maneira a auxiliar adequadamente mães e cuidadores. Isso
implica estar atento às necessidades da criança, da mãe e da família, acolhendo dúvidas,
preocupações, dificuldades, conhecimentos prévios e também os êxitos, aspectos tão
importantes quanto o conhecimento técnico para garantir o sucesso de uma alimentação
complementar saudável. O sucesso da alimentação complementar depende, entre outros
fatores, do comportamento afetivo por parte da mãe e de todos os cuidadores da criança.
Toda a família deve ser estimulada a contribuir positivamente nesta fase (BRASIL, 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
51
A prevalência do aleitamento materno exclusivo no Brasil teve uma melhora em
relação às pesquisas anteriores, porém longe de atingir o padrão ideal. Observa-se uma
necessidade de se manter a amamentação exclusiva até os seis meses de idade e
continuidade até os dois anos de idade ou mais e em conjunto a alimentos complementares.
A alimentação complementar deve ser introduzida em tempo oportuno, suprindo as
necessidades das crianças, pois tanto a introdução alimentar precoce como a tardia traz
diversas desvantagens à saúde da criança.
Cabe aos profissionais de saúde, principalmente o nutricionista, de todos os níveis de
atenção, criar estratégias para tornar as orientações sobre alimentação complementar
saudável uma rotina nos estabelecimentos de saúde. A implantação da Estratégia Nacional
para uma Alimentação Complementar Saudável (ENPACS) poderá colaborar muito para a
melhoria da qualidade da alimentação das crianças de até dois anos de idade.
52
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ANEXOS
Anexo 1: receitas de papas infantis.
As receitas de papas apresentadas a seguir são alguns exemplos que podem
ser utilizados em oficinas sobre alimentação complementar com as mães e/ou
responsáveis, ou reproduzir e ser entregue. Outras receitas podem ser
acrescentadas, de acordo com a cultura alimentar regional.
Papa de abóbora (jerimum), folha de taioba e carne
Ingredientes
• 1 pedaço médio de jerimum (150g)
• 1 colher das de sopa cheia picada de taioba (ou outra folha verde escura)
• 2 colheres das de sopa cheias de carne moída (50g)
• 1 colher das de chá de óleo
• 1 colher das de café rasa de sal
• 1 colher das de chá de cebola ralada
• 1 pitada de orégano
Modo de preparo
Descascar o jerimum e cortá-lo em pedaços pequenos. Lavar bem as folhas de
taioba e picar. Colocar o óleo em uma panela pequena e refogar a cebola, colocar
os pedaços de jerimum e a carne moída e acrescentar dois copos de água. Deixar
cozinhar até o jerimum ficar macio. Antes de a água secar, adicionar a taioba picada
e o orégano. Quando a papa estiver com consistência pastosa e com pouca água,
desligar.
Papa de batata, espinafre, cenoura e galinha
Ingredientes
• 1 batata média (100g)
• ½ cenoura (50g)
• 1 colher de sopa cheia picada de espinafre (ou outra folha verde escura)
• 2 colheres das de sopa cheias de galinha desfiada ou 1 coxa (50g)
• 1 colher pequena de óleo
• 1 colher das de café rasa de sal
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• 1 colher das de chá de cebola ralada
• 1 colher das de chá de tomate picado
Modo de preparo
Descascar a batata e cortá-la em pedaços pequenos. Picar a cenoura. Lavar
bem as folhas de espinafre e picar. Colocar o óleo em uma panela pequena e
refogar1a cebola e o tomate. Colocar os pedaços de batata, cenoura e galinha
desfiada e acrescentar dois copos de água. Deixar cozinhar até a batata ficar macia.
Antes de a água secar, adicionar o espinafre picado. Quando a papa estiver com
consistência pastosa e com pouca água, desligar.
Papa de mandioca/macaxeira/aipim, brócolis, beterraba e fígado
Ingredientes
• ½ mandioca média (150g)
• 2 ramos de brócolis
• 2 fatias de beterraba
• 2 colheres das de sopa cheias de fígado picado (50g)
• 1 colher pequena de óleo
• 1 colher das de café rasa de sal
• 1 colher das de chá de cebola ralada
• 1 colher das de chá de cheiro verde picado
Modo de preparo
Descascar a mandioca e a beterraba e cortá-las em pedaços pequenos. Lavar
bem os brócolis e picar. Colocar o óleo em uma panela pequena e refogar a cebola,
colocar os pedaços de mandioca, beterraba e fígado. Acrescentar o cheiro verde e
dois copos de água. Deixar cozinhar até que a mandioca e a beterraba fiquem
macias. Antes de a água secar, adicionar os brócolis picados. Quando a papa
estiver com consistência pastosa e com pouca água, desligar.
Papa de feijão, arroz, espinafre e ovo
Ingredientes
• ½ concha com feijão
• 3 colheres das de sopa cheias de arroz
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• 1 colher de sopa cheia picada de espinafre (ou outra folha verde escura)
• 1 ovo (50g)
• 1 colher pequena de óleo
• 1 colher das de café rasa de sal
• 1 colher das de chá de cebola ralada
• 1 dente de alho picado
Modo de preparo
Lavar bem as folhas e talhos do espinafre e picá-los. Colocar o óleo em uma
panela pequena e refogar a cebola, o alho e o arroz, e acrescentar dois copos de
água. Deixar cozinhar até que o arroz esteja quase pronto. Antes de a água secar,
acrescentar as folhas e talos picados de espinafre. Quando a papa estiver com
consistência pastosa e com pouca água, desligar e adicionar o feijão e o ovo cozido.
Amassar.
Angu com quiabo, frango e feijão
IngredientesIngredientes aseira
• 3 unid. quiabo cru limpo
• 2 colheres de sopa cheias de fubá
• 1 colher de café vinagre
• 1 colher de sopa cheia de frango desfiado
• 3 colheres de sopa feijão cozido com caldo
• 1 colher de chá nivelada de alho
• 1 colher de chá de cebola
• 1 colher de café óleo
• Sal 1 colher de café nivelada
• 2 xícaras de chá de água
Modo de preparo
Separar todos os ingredientes e utensílios que serão utilizados; Cortar o
quiabo em rodelas bem finas e cozinhar com o vinagre, o alho e a cebola; Reservar;
Levar ao fogo o fubá, com a água e o sal, mexendo por 30 minutos (acrescentar
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mais água se necessário); Adicionar o quiabo, o frango desfiado e o feijão cozido
com mais caldo.
Arroz com beldroega, feijão e fígado bovino
IngreIngredientesgentes Quantidade Medida caseira
• 3 colheres de sopa arroz cozido papa
• 2 colheres de sopa beldroega picada
• 3 colheres de sopa cheias feijão cozido e amassado
• 3 colheres de sopa cheias de fígado bovino
• 1 colher de chá nivelada de alho
• 1 colher de chá cebola
• 1 colher de café óleo
• 1 xícara e meia de chá de água
Arroz colorido (ovo, cenoura e abobrinha)
IngreIngredientes Quantidade Medida caseira
• 2 colheres de sopa arroz cru
• 1 unidade ovo
• 1 colher de sopa cheia cenoura crua
• 3 colheres de sopa abobrinha
• 1 colher de chá nivelada alho
• 1 colher de chá cebola
• 1 colher de café óleo
• 1 colher de café nivelada de sal
• 1 xícara e meia de chá água
Modo de preparo
Separar todos os ingredientes e utensílios que serão utilizados; Cozinhar o
fígado com o óleo, o alho e a cebola; Misturar a beldroega ao fígado até que ela
murche; Servir com o arroz e o feijão.
Bambá
IngreIngredientesQuantidade Medida caseira
• 1 xícara de chá canjiquinha
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• 1 xícara de chá de peito de frango
• 1 folha de couve
• 1 colher de chá nivelada alho
• 1 colher de chá cebola
• 1 colher de café óleo
• 1 colher de café nivelada de sal
• 1 xícara e meia de chá de água
Modo de preparo
Separar todos os ingredientes e utensílios que serão utilizados; Em uma panela
pequena, colocar a canjiquinha de milho e cobrir com 500ml de água; Ferver por 20
minutos, sempre mexendo; Não deixar a água secar, acrescentado mais, caso seja
necessário; Colocar para cozinhar em outra panela, o frango cortado em cubos
(3x3cm), a cebola bem picada ou ralada, o alho amassado e o sal; Adicionar água e
cozinhar por 15 minutos; Separar o frango com o auxílio de uma colher e colocar
sobre um prato e com uma faca e um garfo, desfiar o frango; Misturar a canjiquinha
cozida com o caldo do frango, o frango e acrescentar a couve cortada em tirinhas e
depois em pedacinhos pequenos; Ferver por 1 minuto e colocar no prato para servir.
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Anexo 2: Marcadores de consumo alimentar do Sisvan