A importância do solo – funções, propriedades, ameaças e … · 2015-09-30 · 1. Solo – o...
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A importância do solo – funções, propriedades, ameaças e protecção. Parceria Portuguesa para o Solo
ou ainda
Solo – o recurso “implícito”
Carlos Alexandre ([email protected]) Dep. Geociências, ECT & ICAAM, U. Évora
1. Solo – o recurso implícito (que é preciso explicitar)
2. Os solos que herdámos (dos desafios do passado)
3. Os solos que vamos legar (para os desafios do futuro)
4. Parceria Portuguesa para o Solo
C. Alexandre / Solo – o recurso implícito 2
Solo – o recurso implícito (que é preciso explicitar)
C. Alexandre / Solo – o recurso implícito 3
Implícito porquê? Porque raramente se vê!
C. Alexandre / Solo – o recurso implícito 4
Como pode competir c/ outros recursos tão apelativos?
Mas porque devemos torná-lo mais explícito?
C. Alexandre / Solo – o recurso implícito 5
A
D C
B
Onde há melhores condições de vida?
Porque precisamos mesmo do solo, senão vejamos:
As sociedades estão cada vez mais distantes do solo mas concentram-se nos 80% de área emersa onde eles existem.
E o que se entende por solo?
“É o material não consolidado, mineral ou orgânico, existente à superfície da terra e que serve de meio natural para o crescimento das plantas” (e outros…).
(SSSA, 1997)
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Precisamos do solo para quê? “Pedo-serviços”
Serviços do solo associados aos serviços dos ecossistemas (MEA, TEEB): 1. SERVIÇOS DE APROVISIONAMENTO 2. SERVIÇOS DE REGULAÇÃO 3. SERVIÇOS DE HABITAT (TEEB) e SUPORTE (MEA) 4. SERVIÇOS CULTURAIS
Serviços do solo não dependentes dos ecossistemas • SERVIÇOS DE OCUPAÇÃO DO ESPAÇO e MATÉRIA-PRIMA
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MEA (Millennium Ecosystem Assessment), 2003 / TEEB in Local Policy. 2011.
(1) SERVIÇOS DE APROVISIONAMENTO:
materiais e energia
obtidos do solo
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Sustenta 99 % da produção de biomassa (FAO, 2004) para: alimentação humana e animal, produção de madeira e outras fibras, bioenergia, produtos bioquímicos e ornamentais.
(2) SERVIÇOS DE REGULAÇÃO
Intervém nos ciclos biogeoquímicos como acumulador, filtro e transformador, mas também no clima, na qualidade do ar, etc.
- Regulador do ciclo hidrológico global, manto de transmissão de água para recarga de aquíferos (~80% da água com menor tempo de residência – atmosfera, solos, rios e biosfera).
- Ciclagem de nutrientes (C, N, P, K, …) (51% do valor de todos os serviços dos ecossistemas: 33x1012 USD/ano ~PIB global 1997)
- Reservatório C: Csolo >> Catmosfera + Cplantas
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(3) SERVIÇOS DE HABITAT (TEEB) E SUPORTE (MEA)
Habitat de inúmeros organismos reserva de biodiversidade: podem existir centenas de milhar de espécies /m2, muitas ainda desconhecidas, de micro a macro organismos.
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Exemplo para uma pastagem temperada (European Atlas of Soil Biodiversity, 2010)
(4) SERVIÇOS CULTURAIS
Serviços não materiais dos ecossistemas.
O solo está “implícito” no(a):
• Turismo, recreação, saúde física e mental (é o suporte de reservas naturais, parques naturais e urbanos, paisagens de valor estético e/ou cultural).
• Património cultural, científico e educacional (vestígios de interesse arqueológico, paleontológico, paleo-ambiental).
• Valorização espiritual, religiosa, estética, inspiração e sentido de pertença.
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Aproveitar os serviços do solo requer instrumentos de integração da nano à macro escala espacial
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Nano/Microescala
Mesoescala
Macroescala Paisagem
Região ...
Continental
Global
Caracterização do solo, (fisica, geofísica,
mineralógica, química, biológica, bioquímica,…)
Cartografia (modelação da diversidade de
solos no território/escala considerados)
Os solos não são todos iguais e por isso devem ser avaliados quanto à sua aptidão para cada uso
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Solo é um recurso natural não renovável a curto prazo
Os solos levam dezenas de milhares de anos a formar-se (> 100 anos/cm) e podem sofrer degradação em poucos anos, por vezes apenas em poucas horas.
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A
B
C
R
Incorporação de matéria orgânica
Translocações (verticais e também
horizontais)
Meteorização
Erosão / Deposição
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Os solos que herdámos
Os solos que herdámos: marcas antigas
• É comum dizer-se que o país tem solos pobres. • Mas talvez tenha mais significado se dissermos que
herdámos solos “cansados”, exauridos ou degradados.
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Anos Descrição
3000 a.C. Primeiros sinais de desflorestação extensiva, embora algumas áreas já apresentem esses sinais antes.
2000 a.C. Maior parte das florestas de carvalhos nas zonas costeiras já tinham sido cortadas.
2000 a.C. – 1000 d.C. Desflorestação atingiu gradualmente o interior mediante o uso intensivo do fogo.
(Reboredo & Pais, 2014)
Os solos que herdámos: marcas recentes
C. Alexandre / Erosão intersulcos 17
(Estatísticas Históricas do INE, 2001)
Grande aumento da área de produção nos anos 50 e 60
Campanha do Trigo (1929)
Lei de Elvino de Brito (lei da fome, 1899)
Os solos que herdámos: feridas ainda não cicatrizadas
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Também herdámos acções ciclópicas de conservação: socalcos, arborizações, correcção torrencial, …
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Os solos que vamos legar (para os desafios do futuro)
Contexto global: população e terra disponível
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FAO estima ~1400 Mha de terras com potencial para agricultura de sequeiro. Mas sem contar com degradação!
Contexto global: desafios que o país subscreveu
Os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (Sustainable Development Goals, SDGs) para a agenda pós-2015, incorporam 3 SDGs forte/ dependentes do solo: • Goal 2. End hunger, achieve food security and improved nutrition and
promote sustainable agriculture • Goal 13. Take urgent action to combat climate change and its impacts • Goal 15. Protect, restore and promote sustainable use of terrestrial
ecosystems, sustainably manage forests, combat desertification, and halt and reverse land degradation and halt biodiversity loss
Implicações: Goal 2 via aumento da produtividade da terra (não de áreas); só assim será possível cumprir também Goals 13 e 15.
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UNCCD,1994
UNFCCC,1992
UNCBD,1992
Contexto europeu (e nacional): Estratégia Europeia de Protecção do Solo*
1. Erosão do solo 2. Diminuição da matéria orgânica 3. Contaminação do solo (local e difusa) 4. Selagem (impermeabilização) do solo (soil sealing) 5. Compactação do solo 6. Diminuição da biodiversidade do solo 7. Salinização 8. Cheias e desabamentos de terras (floods and landslides)
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* Comissão das Comunidades Europeias (2002). Para uma estratégia temática de protecção do solo. Comunicação da Comissão ao Conselho, ao Parlamento Europeu, ao Comité Económico e Social e ao Comité das Regiões, COM (2002) 179 final.
Contexto nacional: sinais de degradação persistem
Apesar das recentes e profundas alterações no uso da terra (culturas anuais para perenes) os exemplos de degradação do solo continuam a não ser difíceis de encontrar (erosão, perda de M.O., compactação e outros).
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Contexto nacional: grande pedodiversidade requer usos diversificados e bem adaptados
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Minasny et al., 2010
Os solos que vamos legar: súmula
• Incerteza das alterações climáticas país c/ risco elevado • Contraciclo demográfico mais tecnologia (investimento?) • Desregulação europeia (“cada país por si”). Ex: abandono da
Directiva do Solo políticas nacionais de protecção do solo. • Aproveitar melhor o território p/a produção agrícola mas
também maior risco de intensificação em algumas situações (regadios, olivais, pecuária (pouco) extensiva, floresta).
• Nota: Incertezas ambientais, financeiras e dependência externa justificam preservação de recursos e capacidades mínimos para a produção de culturas alimentares básicas (ex: cereais).
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Parceria Portuguesa para o Solo
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Parceria Portuguesa para o Solo
• Iniciativa da DGADR e da SPCS • Discussão iniciada em Junho/2014 • Estrutura:
– Secretariado órgão executivo – Painel Técnico-Científico órgão consultivo – Assembleia Plenária órgão deliberativo
• 1ª reunião da Assembleia Plenária em 24/03/2015. • Está a decorrer o plano de actividades para 2015 que inclui
as acções para o Ano Internacional dos Solos.
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Parceria Portuguesa para o Solo
Lista de entidades aderentes (Abril/2015)
Abrev. Designação
DGADR Direcção-geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural
DGT Direcção-geral do Território
ICNF Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I. P.
IGOT-UL Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da U.Lisboa
INIAV Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P.
SPCS Sociedade Portuguesa da Ciência do Solo
U.Évora Universidade de Évora
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Parceria Portuguesa para o Solo
Articulação de acções para uma melhor administração e uma gestão mais sustentável dos solos do país: • Organizar e disponibilizar o acesso à informação existente. • Recolher informação sobre os solos do país que permita:
– Responder a solicitações externas (p. ex., indicadores para União Europeia, Convenções das Nações Unidas, OCDE, …);
– Fazer avaliações periódicas do estado do solo. • Propor normas de boas práticas em diferentes usos da terra e
fundamentar propostas de legislação.
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Obrigado!
Sociedade Portuguesa da Ciência do Solo (www.spcs.pt)