A importância do planejamento carga x suporte

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A Importância do Planejamento Carga x Suporte Marcelo Pimenta Consultor Sênior Exagro Excelência em Agronegócios [email protected] É incontestável o papel das pastagens na produção pecuária brasileira, e que elas são a nossa grande vantagem estratégica frente aos outros produtores mundiais. São a base da nossa pecuária, estando presente em 170 milhões de hectares. É incontestável também como a pecuária, como qualquer outra atividade econômica, tem suas margens diminuídas ao longo dos anos, obrigando positivamente o produtor a abandonar os conceitos tradicionais e adotar tecnologias que levem a aumento de produtividade e lucratividade. O manejo correto e planejado das pastagens implica em vários procedimentos simples, mas de extrema importância na manutenção e melhoria do maior patrimônio da fazenda, que é o pasto, e simplesmente determinam os limites dos índices produtivos da atividade. O planejamento carga x suporte é o mais básico deles, e por isso mesmo, talvez o mais importante. Ainda é muito comum na grande maioria das fazendas brasileiras dois tipos de conceito de carga animal: Um deles trabalha com muita sobra de capim nas águas e grande volume ao longo de toda a seca, normalmente em sistemas de carga fixa. O outro parte do princípio que a fazenda “tem que caber” uma quantidade determinada de animais, normalmente baseada no histórico de suporte desde os anos de sua formação, e o pasto sofre um excesso de carga constante. Os dois sistemas apresentam perdas de eficiência, em graus diferentes de gravidade. O primeiro mostra o máximo desempenho animal, e é muito eficiente em relação a preservação do capim e do solo. Porém, boa parte do capim que é produzido não é consumida, desperdiçando o potencial em se aumentar a produção por área sem aumento de custos, o que elevaria a lucratividade do sistema. No segundo, com excesso de gado constantemente, as conseqüências são devastadoras, pois além do desempenho animal ser prejudicado, o pasto se degrada, elevando os custos de manutenção e reforma. O equilíbrio entre manutenção e melhoria da condição das pastagens, respeitando a sua fisiologia e a cobertura de solo, e a obtenção da máxima produção por área, só é possível com o planejamento da carga animal x suporte dos pastos. Basicamente é composto pela

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A Importância do Planejamento Carga x Suporte

Marcelo Pimenta

Consultor Sênior

Exagro – Excelência em Agronegócios

[email protected]

É incontestável o papel das pastagens na produção pecuária brasileira, e que elas são a

nossa grande vantagem estratégica frente aos outros produtores mundiais. São a base da

nossa pecuária, estando presente em 170 milhões de hectares.

É incontestável também como a pecuária, como qualquer outra atividade econômica, tem

suas margens diminuídas ao longo dos anos, obrigando positivamente o produtor a

abandonar os conceitos tradicionais e adotar tecnologias que levem a aumento de

produtividade e lucratividade.

O manejo correto e planejado das pastagens implica em vários procedimentos simples, mas

de extrema importância na manutenção e melhoria do maior patrimônio da fazenda, que é o

pasto, e simplesmente determinam os limites dos índices produtivos da atividade. O

planejamento carga x suporte é o mais básico deles, e por isso mesmo, talvez o mais

importante.

Ainda é muito comum na grande maioria das fazendas brasileiras dois tipos de conceito de

carga animal: Um deles trabalha com muita sobra de capim nas águas e grande volume ao

longo de toda a seca, normalmente em sistemas de carga fixa. O outro parte do princípio

que a fazenda “tem que caber” uma quantidade determinada de animais, normalmente

baseada no histórico de suporte desde os anos de sua formação, e o pasto sofre um excesso

de carga constante.

Os dois sistemas apresentam perdas de eficiência, em graus diferentes de gravidade. O

primeiro mostra o máximo desempenho animal, e é muito eficiente em relação a

preservação do capim e do solo. Porém, boa parte do capim que é produzido não é

consumida, desperdiçando o potencial em se aumentar a produção por área sem aumento de

custos, o que elevaria a lucratividade do sistema. No segundo, com excesso de gado

constantemente, as conseqüências são devastadoras, pois além do desempenho animal ser

prejudicado, o pasto se degrada, elevando os custos de manutenção e reforma.

O equilíbrio entre manutenção e melhoria da condição das pastagens, respeitando a sua

fisiologia e a cobertura de solo, e a obtenção da máxima produção por área, só é possível

com o planejamento da carga animal x suporte dos pastos. Basicamente é composto pela

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avaliação dos dados reais da fazenda, e de uma estimativa futura para os próximos períodos.

Os seus principais pontos são:

• Determinar, através de estudo de viabilidade econômica de longo prazo da propriedade,

qual o sistema de produção e o nível de intensificação mais adequado para a sua realidade.

• Efetuar pesagens periódicas no rebanho, criando um banco de dados de peso médio por

lote e de ganhos de peso por categoria e por época do ano.

• Adotar um sistema de avaliação da área efetivamente empastada, massa disponível de

forragem e da taxa de acúmulo ao longo dos meses.

• Adequar o sistema de produção de modo a permitir as alterações de carga necessárias

para os períodos de safra e entressafra, com concentração de vendas no final da safra e/ou

suplementação à pasto e confinamento na seca.

• Criar e atualizar constantemente uma previsão de vendas mensais, servindo de base para

o planejamento de carga e de fluxo de caixa.

• Adotar disciplina nas compras, respeitando as épocas e os pesos de compra de acordo com

o planejamento de carga, além do fluxo de caixa.

Obviamente esse tema tem correlação com todas as outras práticas adotadas no manejo de

pastagem, e vários pontos merecem ser abordados com mais detalhes, correlacionando-os

ao desempenho econômico do sistema. Talvez possamos fazê-lo em outra oportunidade.