A Importância Do Estudo Da Semântica2 1

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I SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR DAS CIÊNCIAS DA LINGUAGEM NO CARIRI DE 21 a 23 DE NOVEMBRO DE 2012 - ISSN A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA SEMÂNTICA VLÁDIA RAYANNA DAVID DE ALMEIDA (URCA) PENHA BEATRYZ FERREIRA MAIA (URCA) NEWTON DE CASTRO PONTES (ORIENTADOR/URCA) RESUMO O presente artigo tem como objetivo ressaltar o porquê de estudar semântica e como é possível atribuir significado. Com o interesse em abordar o significado das palavras, os nomes dados aos objetos, sentidos dos nomes e à sua criação, destacarei o Crátilo de Platão em discussões com os filósofos Sócrates, Hermógenes e Crátilo, onde Platão trata à questão do fundamento da linguagem, em suma Platão mostrará nesse diálogo a sua teoria em relação aos nomes. Com base nos estudos do linguista suíço Ferdinand de Saussure com fase estruturalista dos estudos da linguagem, aborda a semântica como um conceito de significado, palavra-chave na reflexão linguística que nos remete a um estudo passageiro pelas lexias, palavras ou pelos seus agrupamentos. Partindo do filólogo francês Michel Bréal que estudava as formas das palavras, termo em que se liga mais a fonética e a morfologia, partiremos para as suas concepções de semântica no qual aborda em Ensaio de Semântica (1992) e discutiremos a importância da semântica no campo da linguística. Partindo de pressupostos teóricos, a semântica se preocupa em estudar os sentidos adquiridos pelas palavras, frases, sinais e símbolos dando importância a sua denotação. Palavras-chave: Significado; Semântica; Linguagem. RESUMEN El articulo presente tiene como objetivo subrayar el porqué de estudiar la Semántica e como es posible asignar significados. Con el interés el enfoque de que el significado de las palabras, los nombres a los objetos, sentido de los nombres y sus creaciones, resaltaré el Crátilo de Platón en las discusiones con los filósofos Sócrates, Hermógenes e Crátilo, donde Platón trata de la cuestión de la base de la lengua, en suma en este

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I SEMINRIO INTERDISCIPLINAR DAS CINCIAS DA LINGUAGEM NO CARIRIDE 21 a 23 DE NOVEMBRO DE 2012 - ISSN

A IMPORTNCIA DO ESTUDO DA SEMNTICA

VLDIA RAYANNA DAVID DE ALMEIDA (URCA)

PENHA BEATRYZ FERREIRA MAIA (URCA)

NEWTON DE CASTRO PONTES (ORIENTADOR/URCA)

RESUMO O presente artigo tem como objetivo ressaltar o porqu de estudar semntica e como possvel atribuir significado. Com o interesse em abordar o significado das palavras, os nomes dados aos objetos, sentidos dos nomes e sua criao, destacarei o Crtilo de Plato em discusses com os filsofos Scrates, Hermgenes e Crtilo, onde Plato trata questo do fundamento da linguagem, em suma Plato mostrar nesse dilogo a sua teoria em relao aos nomes. Com base nos estudos do linguista suo Ferdinand de Saussure com fase estruturalista dos estudos da linguagem, aborda a semntica como um conceito de significado, palavra-chave na reflexo lingustica que nos remete a um estudo passageiro pelas lexias, palavras ou pelos seus agrupamentos. Partindo do fillogo francs Michel Bral que estudava as formas das palavras, termo em que se liga mais a fontica e a morfologia, partiremos para as suas concepes de semntica no qual aborda em Ensaio de Semntica (1992) e discutiremos a importncia da semntica no campo da lingustica. Partindo de pressupostos tericos, a semntica se preocupa em estudar os sentidos adquiridos pelas palavras, frases, sinais e smbolos dando importncia a sua denotao.Palavras-chave: Significado; Semntica; Linguagem.

RESUMEN

El articulo presente tiene como objetivo subrayar el porqu de estudiar la Semntica e como es posible asignar significados. Con el inters el enfoque de que el significado de las palabras, los nombres a los objetos, sentido de los nombres y sus creaciones, resaltar el Crtilo de Platn en las discusiones con los filsofos Scrates, Hermgenes e Crtilo, donde Platn trata de la cuestin de la base de la lengua, en suma en este dialogo, Platn muestra su teora en relacin a los nombres. Basado en los estudios del lingista Ferdinand de Saussure con fase estructuralista de los estudios de la lengua, se dirige a la semntica

Como un concepto de significado, palabra clave en la reflexin lingstica que remtenos a uno estudio pasajero por las lexas, palabras o por lo menos sus agrupamientos. Desde el francs Michel Bral fillogo que estudiaba las formas de las palabras, expresin que se une ms la fontica y morfologa, partirmonos hacia sus concepciones de semntica en el que se discute en Ensayo de Semntica (1992) y debatiremos la importancia de la semntica en el campo de la lingstica. Partiendo de los presupuestos tericos, la semntica preocuparse con el estudiar los sentidos adquiridos por las palabras, frases, signos y smbolos dndoles importancia a sus denotaciones.Palabras clave: significado, semntica y lingsticaINTRODUO A importncia do estudo da semntica tem como objetivo ressaltar o conceito de significao, ou seja, como os nomes e os sentidos so dados aos objetos. Poderamos ento dizer que uma coisa outra, como por exemplo, chamar porta de janela e janela de porta? Em Crtilo, Plato aborda a questo sobre a constituio, funo e uso dos nomes, certificando a possibilidade de certa correo.

A princpio, Plato inicia um dilogo com o filsofo Hermgenes, onde Plato diz que Hermgenes no faz jus ao nome que tem, pois o significado do seu nome seria filho de Hermes, que significa ser uma pessoa rica, sendo que Hermgenes no era descrevendo-o ento de maneira falsa, usando uma justificativa socrtica.

Hermgenes defende que os nomes no precisam ter relaes com as coisas, relacionando-o ento lngua convencional, tendo sua significao como fruto de conveno do uso da linguagem, pois a lngua um sistema de signos, tendo relao com a realidade estabelecida pelo homem, que remete significado das palavras em um contexto. Segundo a verso convencionalista, o nome inveno do humano. Assim, cada pessoa pode dar nome coisa que quiser, no havendo necessariamente uma relao entre o nome e o ser. A sua comunicao admite vrias linguagens, sendo elas a fala, a gesticulada, a musical etc.

J Crtilo afirma que cada coisa tem seu nome, e em conhecer o nome, indica que voc sabe o que tal coisa significa, levando em conta a lngua natural, pois para ele, impossvel atribuir um nome de maneira falsa. Quanto linguagem natural de Crtilo, a afirmao filosfica de que tudo que existe natural, e que todo nome que existe correto esta concepo, apoiada no princpio de que, no possvel dizer o que no , reduzia o discurso funo de experincia do falante, servindo ainda para negar a possibilidade da contradio (PLATO, 2001, 429c-d).

Ao mesmo tempo em que Crtilo diz isso, ele reconhece que uma coisa pode ter vrios nomes em diversas lnguas, mas possuir o mesmo significado, como por exemplo, a palavra corao que em espanhol se escreve corazn, e em ingls, heart, mas que no deixa de ser a mesma coisa.

No meio dessa confuso entre Crtilo e Hermgenes, referente ao convencional e ao natural, h a linguagem intermediria, a linguagem de Scrates, a qual reflete a posio entre a essncia da linguagem e a funo no conhecimento humano. Ele concorda com ambos, mas isso no quer dizer que se possa trocar o nome das coisas vontade, pois assim, a comunicao seria mais difcil.

Partindo dessa poca dos antigos gregos, mais especificamente os filsofos Plato, Hermgenes e Crtilo, que nos remete que a semntica comeou a partir dessas discurses, mas o termo Semntica ainda no era denominado. Foi atravs desses dilogos que os fillogos e linguistas iniciam seus estudos sobre a significao da linguagem. Com isso, o fillogo Michel Bral iniciou o estudo da semntica na Frana contribuindo desde ento para os estudos da lingustica moderna, tendo inicio no sculo XIX, com enfoque na significao das palavras.

1. Percurso Histrico da Semntica (Processo evolutivo no estudo do significado)

Os estudos semnticos j vm sendo discutidos h muitos sculos atrs no perodo v a.C. Onde os filsofos gregos j vinham discutindo sobre a linguagem, mas o termo semntico ainda no era usado, pois estudavam a linguagem com uma viso analgica e s se adentrou no campo da lingustica como objeto de estudo cientfico no sculo XX.

Se os elementos do mundo correspondem aos nomes, um dos aspectos fundamentais do estudo da linguagem era determinar se as palavras associavam naturalmente as coisas a que se referiam. (MARQUES, 2001, p. 26). Essa era a principal questo do debate do estudo da linguagem entre os filsofos gregos, dessa maneira teremos uma viso anloga onde s palavras se associavam atravs do convencionalismo, isto , que os nomes no tm nenhuma relao com as coisas, so meramente arbitrrias. A descoberta do snscrito, antiga lngua sagrada, apresentava caractersticas comuns com o grego e o e a lngua latina, isso fez com que os estudiosos procurassem traos que se relacionassem lngua e desse incio s pesquisas lingusticas e filolgicas, no qual os estudos se concentravam mais em aspectos gramaticais (fonticos e morfolgicos).

Durante o sculo XIX Michel Bral com base nos estudos de Reisig e Hermann, introduz o termo semntica e prope a nova cincia das significaes.(MARQUES, 2001, p. 33). Por tanto, o trabalho dos semanticistas era ressaltar a natureza psicolgica da linguagem, resgatando o conceito de significao.Com os estudos do linguista Ferdinand de Saussure na Europa e Leonard Bloomfield nos Estados Unidos, o estudos da semntica vm a ter mais predominncia no campo da lingustica no sculo XX. Com o estudo voltado para o campo da linguagem a semntica se direciona tambm ao estudo estruturalista, nos quais favorecem nas reas gramaticais, fonolgicas e morfossintticas. As ideias de Saussure e de Bloomfield contriburam bastante para a semntica e o estudo do significado, mas que foram criticados em alguns pontos como explica Maria Helena Duarte Marques: Verifica-se, pelo exposto, que at a dcada de 1960, pelo menos, a lingustica norte-americana e a europeia no conseguem desenvolver formas de tratamento abstrato-conceitual para a semntica e, consequentemente, no atribuem ao estudo do significado importncia equivalente que do aos demais planos da lngua, para os quais elaboram teorias e princpios de anlises rigorosas, que permitem a descrio e o conhecimento de propriedades da estrutura morfossintticas e fonolgicas de vrias lnguas. (MARQUES, 2001, p. 50).

Sendo assim, a semntica tem um vasto estudo envolvendo todo um percurso complexo de significaes gramaticais e analgicas. Onde podemos perceber dentro de textos e o contexto social, pois a semntica no est relacionada apenas na gramtica em si.

1.1 A semntica de Michel BralMichel Bral foi quem fundou a semntica e nomeou a disciplina na Frana. Tem como princpio estudar o significado das palavras com o propsito de evidenciar sua importncia para os estudos da lingustica moderna. No artigo de Mrcia Seide ela esclarece que: Nerlich e Clarke (1996) revelam que muitas das ideias defendidas por Bral so insights pragmticos; Geeraertz enfatiza os tpicos nos quais Bral pode ser visto como precursor da semntica cognitiva (1998); Guimares pe em relevo o legado brealino para a constituio dos estudos da enunciao a partir de Benveniste (1992, 1995, 2002 e 2004). (SEIDE, Spavicius Mrcia, ano? p.?).

Ento, ao ver de Michel Bral, ele destaca que significado remete ao nome de semntica, na qual observa o objeto no mundo real com relao palavra e coisa, pois se tratava de uma disciplina diacrnica, ou seja, de termos que no coexistiam. A Semntica uma disciplina relativamente nova dentre os estudos lingusticos, cujo nome criado no final do sculo XIX, pelo linguista francs Michel Bral originalmente lega o ttulo de cincias das significaes. A partir desses estudos, incitou-se a polmica em torno da noo de significao trazida por Bral e, posteriormente, da noo de significado (signifi) de Saussure. Como a contribuio de Bral se enquadrava no escopo da corrente de estudos comparatista, j que se refere s transformaes das significaes dos vocbulos, ainda estariam por vir metodologias de trabalho que se ocupariam da matria de forma mais ampla. (RODRIGUES, 2011, p. 10-11).

O homem tem papel ativo na evoluo natural da lngua e o significado construdo a partir do falante daquele idioma. Para Bral a linguagem uma evoluo que se modifica atravs de cada falante, relativamente algo consensual. Referente ao carter utilitarista da pragmtica e de Bral na linguagem que resultam em mudanas, esto relacionados a fazer-se compreender pelo outro, a ideia de utilidade no poderia, em momento algum, estar ausente (BRAL, 1992 [1904]).

Bral afirma que o ponto de partida para a significao e dos sentidos das palavras so atribudos atravs de como os nomes so dados s coisas. Isto se baseia no processo significativo e em um conceito particular do signo iniciando um panorama histrico.

Quando tomo as duas palavras, compressbilit, immortalit, tudo o que se acha na ideia que se acha na palavra. Mas se tomo um ser real, um objeto existente na natureza, ser impossvel fazer a linguagem entrar na palavra todas as noes que esse ser ou esse objeto desperta no esprito. A linguagem obrigada a escolher. Entre todas as noes, a linguagem escolhe apenas uma: cria assim um nome que no tarda a ser tornar um signo. (BRAL, 1992 [1904], p. 123)

CONCLUSO

Contudo que foi relatado, conclumos que o estudo semntico vem sendo abordado como uma rea precisa no campo da lingustica atual. com esse estudo que adquirimos os conceitos de significao, ou seja, a relao entre coisas e seus reais significados. Tendo como incio os debates filosficos dos antigos gregos, os quais discutiam sobre como dado os nomes as coisas e como podemos atribuir significado palavra, pois a semntica se preocupa em estudar os sentidos adquiridos pelas palavras e estudos analgicos.

Com relao a Michel Bral, fundador da semntica, ele trata do mundo real com relao s coisas, modificando a linguagem atravs de cada ser falante. Seu principal propsito seria evidenciar a importncia da semntica no campo da lingustica, pois, sendo ele precursor da semntica, hoje ele est sendo um dos aliados dos linguistas no decorrente estudo da semntica e a sua real importncia. Tomando como inspirao, os filsofos gregos.

REFERENCIASFREITAS, Ernani Cesar de. Semntica Argumentativa: A construo do Sentido no discurso. Rio Grande do sul, 2007.PCHEUX, Michel. Semntica e discurso uma critica a afirmao do obvio. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1997.

ROTH, Wolfgang. A semntica histrica: um campo abandonado da lingustica? Filologia e lingustica portuguesa, n. 2, p. 61-79, 1998. Disponvel em: WWW.fflch.usp.br/dlcv/lport/flp/images/arquivos/flp2/roth1998.pdf. Acesso em: 29 de outubro 2012.SOUZA, Luciano Ferreira de. Plato Crtilo: estudo e traduo. So Paulo, 2010.SEIDE, Mrcia Sipavicius. A semntica de Michel Bral: Recontextualizao, fortuna critica e aplicao. So Paulo, 2006.