A importância das redes sociais na Primavera Árabe

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A importância das redes sociais na Primavera Árabe Dolors Reig, psicóloga social, acredita que: "mais do que a ideologia, agora que o povo tem uma voz mais audível do que nunca, não há desculpa possível para não escutá-lo, constante e atentamente, durante as 24 horas do dia. Qualquer político, qualquer administração será muito pequena hoje se não se alimenta das ideias de seus administrados". O uso massivo das redes sociais, notadamente Twitter e Facebook, foi fundamental para arregimentar adeptos para a revolta popular. Elas não apenas organizavam as manifestações, como informavam a população sobre os desdobramentos da revolta. Mais do que isso, tornaram-se fonte para a mídia do mundo inteiro, que não tinha acesso ao que estava acontecendo. Em tempo real, textos, fotos e vídeos eram postados nos servidores do Twitter, Facebook e Youtube, possibilitando ao mundo ter acesso aos acontecimentos e conhecer a real dimensão das manifestações. As redes sociais assumiram assim o papel de garantidores da liberdade de expressão, liberdade de informação e, até mesmo, da liberdade de imprensa.

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A importância das redes sociais na Primavera Árabe

Dolors Reig, psicóloga social, acredita que: "mais do que a ideologia, agora que

o povo tem uma voz mais audível do que nunca, não há desculpa possível para não

escutá-lo, constante e atentamente, durante as 24 horas do dia. Qualquer político,

qualquer administração será muito pequena hoje se não se alimenta das ideias de

seus administrados".

O uso massivo das redes sociais, notadamente Twitter e Facebook, foi

fundamental para arregimentar adeptos para a revolta popular. Elas não apenas

organizavam as manifestações, como informavam a população sobre os

desdobramentos da revolta. Mais do que isso, tornaram-se fonte para a mídia do

mundo inteiro, que não tinha acesso ao que estava acontecendo.

Em tempo real, textos, fotos e vídeos eram postados nos servidores do Twitter,

Facebook e Youtube, possibilitando ao mundo ter acesso aos acontecimentos e

conhecer a real dimensão das manifestações. As redes sociais assumiram assim o

papel de garantidores da liberdade de expressão, liberdade de informação e, até

mesmo, da liberdade de imprensa.

No recente artigo A revolução será tuitada, Enrique Dans, professor da IE

Business School, diz: "A democracia que estabelecemos é um fiel reflexo da

sociedade da época: a voz dos cidadãos deveria estar expressa por um sistema de

representantes que a transmitisse, em cada âmbito, aos círculos do poder. O

cidadão tinha poucos meios para expressar sua vontade além de um voto a cada

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quatro anos. A produção de informação estava reservada aos que tinham o controle

dos meios de comunicação".

Essa realidade social mudou. Em países ditatorias como Tunísia, Egito, Líbia,

Síria ou Iêmen, os cidadãos que começaram a navegar pelas redes sociais entraram

em contato com pessoas que integravam grupos que manifestavam vontade de

mudança. Na Líbia, por exemplo, o alto desemprego, o elevado preço dos alimentos

e a importação da maior parte dos bens necessários ao abastecimento foram os

principais problemas que levaram parte da população a iniciar uma onda de

protestos que se espalhou por todo o país, acompanhando os movimentos

revoltosos no Egito e na Tunísia, que lutavam por liberdade desde o ano passado.

Entrando em blogs subversivos, em grupos de denúncias, encontraram onde

expressar a frustração contida. Começaram a difundir mensagens, comunicar-se,

organizar-se, expressar-se direta e publicamente como cidadãos. E fizeram isso com

muita visibilidade, com imagens, relatos, depoimentos e gravações in loco.

Belgacem Sayhi, professor na cidade de Tala, na Tunísia, explica como funciona

a disseminação de notícias na era das novas mídias: "Faço fotos dos protestos nas

ruas, anoto declarações de testemunhos e coloco tudo no Facebook", diz ele. Além

disso, conta Sayhi, ele e seus colegas de protesto mantêm estreito contato com as

agências internacionais de notícias.

As ditaduras se mantêm graças ao estrito controle da informação, construído a

partir de uma falsa imagem de normalidade. E esse foi o catalisador das revoltas da

primavera árabe: para aquelas pessoas, bastou a evidência de que não estavam

sozinhas na sua frustração para provocar um efeito dominó que derrubou ditadores.

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Se antes a praça, o espaço público, era o palco de onde surgiam os grandes

clamores sociais, hoje basta um computador para que se inicie uma revolução. A

Internet mudou completamente a maneira como a sociedade se organiza – e as

redes sociais potencializaram ao extremo as possibilidades de mobilização social.

Não há mais como ver no leitor (entendido aqui como um consumidor multimídia

de notícias) um sujeito passivo. Ele entrou de vez na lógica de construção do

produto informativo e tem cada vez mais espaço e voz. O jornalismo perdeu o

monopólio da fala, de forma irreversível.

O público se tornou um colaborador imprescindível. Não nos formatos do tipo

“você repórter”, que também têm seu valor mas, sobretudo, como interlocutor dos

eventos, estando presente e vivenciando os acontecimentos onde e quando eles

ocorrem.

O jornalismo cidadão pode contribuir, assim, para a democratização da

comunicação. Não apenas pela possibilidade de acesso ou produção de notícias,

mas como um aliado na interpretação que mais se aproxime da realidade dos fatos.

Dinamizando um modo engessado e, muitas vezes, preguiçoso de recortar (e

recontar) os acontecimentos.

A mídia tradicional terá (se ainda não o fez) que se abrir a essa nova realidade.

As empresas de comunicação terão de ver em seu público mais do que clientes,

mas parceiros na construção do seu produto. O diálogo é cada vez mais necessário,

e as trocas é que estabelecerão as relações de credibilidade e confiança,

imprescindíveis nesse negócio.

Desde uma perspectiva cidadã, a utilização das redes sociais como ferramentas

de mobilização política quebram um paradigma para a atual geração: havia a crença

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de que as chamadas gerações X e Y, crescidas ou nascidas em um universo

altamente digital e virtualizado, seriam alienadas e desinteressadas de questões

coletivas.

O que se vê, no entanto, é uma participação cada vez mais ativa, com diversos

grupos interagindo, discutindo e, mais importante, agindo e provocando

transformações reais na sociedade.

Mediadas pelas redes sociais, a organização da sociedade avançou para um

nível inédito de mobilização. As possibilidades de participação sugerem mais do que

interação, permitem (e até exigem) o envolvimento do público.

As redes sociais se impõem como uma ferramenta indispensável no processo de

comunicação, seja ele jornalístico, político, social ou cultural. Elas agregam, pela

primeira vez, a multiplicidade de discursos, visões e interpretações da realidade.

Como plataforma comunicacional alternativa à mídia oficial ou aos grandes

meios, as redes sociais demonstraram sua eficiência. Não é possível controlá-las,

nem vencê-las. É preciso juntar-se a elas.

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Referências:

ROSSI, Cláudia - MÍDIAS SOCIAIS: rumo à democracia participativa? - http://sociologiacienciaevida.uol.com.br/ESSO/Edicoes/37/artigo238948-1.asp : acessado em 17 de junho de 2012.

LOPES, Gustavo Chaves - O papel das redes sociais como ferramenta de mobilização política da sociedade: uma análise da “Primavera Árabe” - http://www.slideshare.net/gustavoclopes/o-papel-das-redes-sociais-como-ferramenta-de-mobilizao-poltica-da-sociedade-uma-anlise-da-primavera-rabe : acessado em 18 de junho de 2012.

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Centro Educacional GISNO

A IMPORTÂNCIA DAS REDES SOCIAIS NA PRIMAVERA ÁRABE

Thalita Rodrigues de Oliveira, Bianca blá, blá, blá, blá, blá, bláRespectivamente os números, 37, 07, 17 e 34. Da Turma 3E.

Para a disciplina Filosofia, ministrada pela Prof° Denise.

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Brasília, DF. Junho, 2012.