a importância das cantigas de roda na educação infantil

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FACULDADE CAPIXABA DA SERRA - SERRAVIX CURSO DE PEDAGOGIA ENEIDA MARIA PEREIRA RIBEIRO FABIANA DE OLIVEIRA EUZEBIO A IMPORTÂNCIA DAS CANTIGAS DE RODA NA EDUCAÇÃO INFANTIL SERRA 2013

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FACULDADE CAPIXABA DA SERRA - SERRAVIX CURSO DE PEDAGOGIA

ENEIDA MARIA PEREIRA RIBEIRO

FABIANA DE OLIVEIRA EUZEBIO

A IMPORTÂNCIA DAS CANTIGAS DE RODA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

SERRA 2013

ENEIDA MARIA PEREIRA RIBEIRO FABIANA DE OLIVEIRA EUZEBIO

A IMPORTÂNCIA DAS CANTIGAS DE RODA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao programa de Graduação em Pedagogia da Faculdade Capixaba da Serra como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia. Orientador: Professor Mestre Paulo Roberto Nunes Scarpatti.

SERRA 2013

Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Biblioteca da Faculdade Capixaba da Serra - Serravix. Serra, ES.)

EUZEBIO, Fabiana de Oliveira e RIBEIRO, Eneida, Maria,

Pereira. A474m A importância das cantigas de roda na educação infantil /

Fabiana de Oliveira Euzebio e Eneida Maria Pereira Ribeiro – Serra: Faculdade Capixaba da Serra, 2013.

48fls. Orientador: Paulo Roberto Nunes Trabalho de conclusão de curso (Curso de Pedagogia) –

Faculdade Capixaba da Serra – Serravix 2013. 1. A música na educação infantil, 1.1 A origem da música,

1.2 A música na educação infantil 2. As cantigas de roda, 2.1 O surgimento das cantigas de roda, 2.2 As cantigas de roda, suas características e importância, 2.3 A importância do lúdico na educação infantil. 3. O PCN na Educação Infantil, 4.1 O RCNEI – I. Alunas. F. Euzebio e E. Ribeiro, Paulo Roberto. II. Faculdade Capixaba da Serra - Serravix. lll. Curso de Pedagogia. IV. Título. A importância das cantigas de roda na educação infantil.

CDD:370

ENEIDA MARIA PEREIRA RIBEIRO FABIANA DE OLIVEIRA EUZEBIO

MONOGRAFIA: A IMPORTÂNCIA DAS CANTIGAS DE RODA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Monografia apresentada ao Programa de Graduação em Pedagogia à Faculdade Capixaba da Serra como requisito para a obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia. Aprovada em 3 de julho de 2013.

COMISSÃO EXAMINADORA

_________________________________________

Professor Mestre Paulo Roberto Nunes Scarpatti Faculdade Capixaba da Serra-SERRAVIX Orientador.

_________________________________________

Professor Mestre Fernando Campos Beiter

Faculdade Capixaba da Serra – SERRAVIX

Membro 1.

_______________________________________________

Professora: Carmelita Tavares Silva

Faculdade Capixaba da Serra – SERRAVIX

Membro 2.

Agradecemos a Deus em primeiro lugar. Por nos ter iluminado em todos os momentos. As nossas famílias, em especial aos nossos esposos e filhos pela presença sempre marcante e pelo apoio que sempre nos deram. (Fabiana e Eneida)

Dedicamos este trabalho as nossas famílias e aos nossos amigos. E ao nosso orientador Prof. Paulo Roberto Nunes Scarpatti pela paciência e dedicação.

Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra. É difícil, mas a vida só pertence aos que sabem unir pensamento à ação.

(Edgar Concha).

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo possibilitar a coleta de informações acerca do tema “A importância das cantigas de roda na educação infantil”, trazendo suporte teórico e visando um olhar criterioso em relação à importância das cantigas para as crianças. A princípio, buscamos abordar e falar neste trabalho sobre a importância do professor inserir em suas atividades na educação infantil as cantigas de roda, pois, as mesmas trazem muitas vantagens para o desenvolvimento da criança. Por isso justificamos a escolha deste tema pela observação de que quando o professor de educação infantil insere a música através das cantigas de roda, melhora-se o desenvolvimento cognitivo e corporal da criança, além de ajudar na criatividade e no enriquecimento do vocabulário. A música na educação infantil, bem como as contribuições didáticas e pedagógicas benéficas que as cantigas trazem para a educação da criança na fase de alfabetização, a valorização das cantigas de roda na educação infantil e seu favorecimento à interação entre os alunos e o ambiente escolar são destaques neste trabalho.

Palavras-chaves: música; educação infantil; cantigas de roda; criança; professor.

ABSTRACT

This work aims to provide information on the subject "the importance of the cantigas de roda in child education" bringing theoretical support and targeting an insightful look at the importance of songs for children. At first we address and speak in this work about the importance of the teacher to insert in its activities in early childhood education the cantigas de roda, because, they bring many advantages to the child's development. Therefore justify the choice of this theme by the observation that when the early childhood teacher inserts the song through das cantigas de roda, improves cognitive development and the child's body, besides helping in creativity and vocabulary enrichment. The music in early childhood education, didactics and pedagogical beneficial contributions that the songs bring to children's education in literacy, the recovery phase of the cantigas de roda in early childhood education and his favouritism and the interaction between the students and the school environment are featured in this work. Keywords: music; early childhood education; cantigas de roda; child; professor.

SIGLAS

CMEI: Centro Municipal de Educação Infantil.

MEC: Ministério da Educação e Cultura.

PCNs: Parâmetros Curriculares Nacionais.

PPP: Projeto Político Pedagógico.

RCNEI: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................12

2 A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.................................................................14

2.1 BREVE HISTÓRICO DA MÚSICA NA IDADE ANTIGA.......................................14

2.2 A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL................................................................16

3 AS CANTIGAS DE RODA......................................................................................20

3.1 O SURGIMENTO DAS CANTIGAS DE RODA....................................................20

3.2 AS CANTIGAS DE RODA, SUAS CARACTERÍSTICAS E IMPORTÂNCIA.......21

3.3 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL...............................25

4 O PCN NA EDUCAÇÃO INFANTIL.......................................................................28

4.1 O REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO

INFANTIL...................................................................................................................29

5 CONCLUSÃO........................................................................................................34

6 REFERÊNCIAS.....................................................................................................36

6.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................36

ANEXO: PESQUISA DE CAMPO............................................................................38

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1 INTRODUÇÃO

A nossa opção metodológica voltada para a música tem o objetivo de contribuir para

o processo do ensino e da aprendizagem através das Cantigas de Roda,

acreditando ser este caminho inovador, eficaz e significativo, pois, é fato de que as

pessoas que vivem plenamente com a música receberão uma boa dose de cultura.

Sendo assim, iremos apresentar as discussões por meio do aprofundamento teórico

que embasou a nossa prática acerca da música, por qual organizamos o trabalho de

maneira que os dados coletados, analisados e interpretados sejam explicados de

forma a serem compreendidos.

Por isso utilizamos categorias que responderam o objetivo da nossa pesquisa e

iremos finalizar com as considerações finais onde exporemos algumas

considerações referentes à construção da presente monografia. Quanto a

aprendizagem por meio das cantigas de roda na Educação Infantil nasceu de

afinidades e diversas vivências com a música nos (CMEIS)

Vários são os estudos que nos têm mostrado que estamos em contato com a música

desde o ventre de nossa mãe, pois, a finalidade das cantigas de roda é a

valorização das pessoas e dos animais, proporcionando o conhecimento do mundo

e a valorização dos seres vivos através da música.

Mas neste direcionamento nos surge uma dúvida, a de que como esta forma de

aprendizagem tão ampla e diversificada tem sido explorada de forma distanciada da

realidade escolar e, ao mesmo tempo, distorcida da vivência das pessoas. Isto

porque as músicas estão em todos os lugares, sendo repassadas em algumas

composições com letras que denigrem a imagem e os valores dos indivíduos.

Compreendendo sua relevância e por trabalhar em uma escola onde algumas

professoras utilizam a música como metodologia para determinar regras e horários

escolares, e outras para alfabetizar, e sabendo ainda que o universo musical é

amplo e sua utilização pela mídia está cada vez mais empobrecido.

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E este empobrecimento diz respeito às letras musicais, daí a necessidade de se dar

prioridade as Cantigas de Roda, que necessitam do resgate de seu prestígio por

serem uma tradição popular oral e musicalmente riquíssima. Assim, não há dúvida

de que todos os que viveram plenamente a música receberam uma boa dose de

cultura.

Dentre outros diversos benefícios, colaborando assim para a formação da

personalidade de nossas crianças. No intuito de uma melhor compreensão deste

trabalho, o dividiremos por categorias, no qual a principal categoria é a importância

da presença da música em nossa vida, com intuito de valorizar as cantigas de roda,

considerando o empobrecimento cultural que a nossa sociedade vive.

O objetivo central do nosso trabalho é o de analisar a importância da música na

educação infantil. Quanto aos objetivos específicos, iremos resgatar as contribuições

didáticas e pedagógicas das cantigas de roda para a educação infantil. E

favorecerendo a interação entre os alunos e o ambiente escolar.

O trabalho está dividido em três capítulos, além das considerações finais, das

referências bibliográficas e anexo. No primeiro capítulo iremos falar sobre a música

na educação infantil, desde a sua origem até a inserção na educação infantil. No

segundo capítulo, temos informações sobre como surgiram as cantigas de roda,

suas características, importância ao serem inseridas na educação infantil e sobre a

importância do lúdico na educação infantil. O terceiro capítulo destaca os PCNs na

educação infantil e o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.

Os caminhos percorridos para a elaboração deste estudo seguirão os passos da

pesquisa descritiva, qualitativa, bibliográfica e pesquisa de campo. Estes recursos

serão utilizados, especialmente, pelo fato de permitir a compreensão do assunto,

levando-se em consideração estudos desenvolvidos sobre a inclusão das cantigas

de roda na educação infantil.

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2 A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

2.1 BREVE HISTÓRICO DA MÚSICA NA IDADE ANTIGA

A música é um elo que une e reforça todo o trabalho educativo que se desenvolve

com a criança, pois ela desperta a criatividade, a fantasia, a musicalidade, a

temporalidade e tem função lúdica. Segundo Maquilam (1994), de acordo com a

história do homem e antes das primeiras civilizações e das primeiras aldeias

agrícolas, e até do próprio conceito de tempo, a música já estava presente,

passando a ser uma entre as mais sublimes criações da humanidade.

Su’san Boyle & D, T Radocy (1979) descrevem nada menos que onze teorias sobre

as origens da música sintetizada, porém falaremos da décima primeira. Esta teoria

afirma o desenvolvimento da música junto aos primórdios da família e da sociedade,

possuindo assim uma base biológica e cultural.

Pode-se imaginar que a mãe primitiva procurava dar conforto e expressava

sentimentos em relação ao seu bebê, de tal forma que seus esforços assumiram

características rítmicas de uma canção de ninar. Essas canções, que se

desenvolveram por razões funcionais, podem ter sido a forma mais primitiva da

música.

Na Grécia Antiga, a música estava presente em todas as manifestações de

coletividade, tanto nas festas religiosas como nas profanas. Fazia parte do cotidiano

da vida dos antigos gregos, fazendo-se ouvir em funerais, combates, jogos

esportivos, teatro, banquetes etc. Há notícias da existência de orquestra desde os

tempos da Grécia Clássica, composta de harpas e flautas e com a participação de

crianças e adultos que batiam palmas marcando o ritmo.

Entre os gregos antigos o ensino da música era obrigatório, e sem dúvida alguma,

os gregos foram, entre os povos da antiguidade, os mais adiantados em todas as

artes, inclusive na música (MAQUILAM, 1994, p. 26).

____________________

1.RADOCI, D, T & BOYLE, Susan. Cantigas de roda e de ninar. 4°. Ed. São Paulo: Editora Ática, 1979.

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Segundo Pitágoras de Samos, filósofo grego da Antiguidade sabia como trabalhar o

som, além de ensinar como determinados acordes musicais e certas melodias

criavam reações definidas dentro do organismo humano. Pitágoras demonstrou que

a sequência correta dos sons a ser tocada musicalmente num instrumento pode

mudar padrões de comportamento e acelerar o processo de cura.

No Egito Antigo foram encontrados por meio de escavações arqueológicas,

realizadas em templo, pirâmides e túmulos baixos-relevos, murais, mosaicos, textos

e objetos que atestam atividades musicais de caráter religioso, militar e de música,

muitos séculos antes da era cristã (MAQUILAM, 1994, p. 28).

Os hebreus usaram a música para fins guerreiros e religiosos em festas e

lamentações. No Antigo Testamento há menção ao poder e ao valor terapêutico da

bela música. É assinalado que o som das trompas fez com que ruíssem os muros da

cidade de Jericó. A harpa de Davi abrandava o furioso rei Saul e este organizou o

primeiro corpo oficial de músicos e cantores do templo. Salomão, filho de Davi,

compôs o Cântico dos Cânticos para um grande conjunto de harpas, sistros,

trompas de prata e massa coral.

Segundo a Biblia, no livro de I Samuel Cap.16 Ver.22-23, diz que:

“Então Saul mandou dizer Jesse: Deixa estar a Davi perante a mim, pois achou graça

aos meus olhos. Sempre que o espírito maligno da parte Deus vinha sobre Saul, Davi

tomava a harpa, e a tocava. Então Saul sentia alivio, e se achava melhor, e o espírito

maligno se retirava dele.”

Como podemos observar a música não é apenas entretenimento, deleite, convite ao

devaneio. É também fonte de crescimento espiritual, enriquecimento da

sensibilidade e fortalecimento do ego e condições fundamentais para a realização

plena do ser humano na sua trajetória de vida.

Todo o mundo ouve música. A maioria das pessoas gosta de música, embora uma

pequena minoria não a aprecie. As pesquisas históricas étnicas e antropológicas

têm evidenciado a presença universal e permanente da música. A música é uma

representação vital da sociedade e da cultura e existe em toda comunidade humana,

desenvolvendo-se tanto nas comunidades primitivas quanto nas mais avançadas.

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Ela tem sido via de expressão de invocação espiritual, danças celebrando

casamentos, cantigas para as mães ninarem seus bebês, exércitos marcham ao

combate com hinos, fiéis a entoam como forma de louvor e une grande quantidade

de pessoas em festivais musicais.

A música está disponível a qualquer momento, sendo inclusive grátis. É uma

linguagem universal que ultrapassa o tempo e seus poderes estão calcados na sua

abrangência. Ela é acessível a todos, independentemente de idade, religião, raça,

sexo ou nível econômico.

Segundo Faustini (1996), a presença da música na vida do homem não só é antiga,

mas constante e global, desempenhando uma parte importante na evolução das

grandes civilizações da Antiguidade. Provavelmente, não existe nenhuma outra

atividade cultural humana como a música que seja tão penetrante e que alcance o

controle perante ao comportamento humano.

2.2 A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

As crianças entram em contato com a cultura musical que teve início na década de

30 e assim começam a aprender sobre as tradições musicais. Por isso que Brito

(2005) diz que o trabalho com música deve considerar que ela é um meio de

expressão e forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças, inclusive

aquelas que apresentam necessidades especiais (BRITO, 2005).

Segundo Brito (2005), antes do nascimento, as crianças já possuem o envolvimento

com o universo sonoro, pois na fase intra-uterina os bebês já convivem com um

ambiente de sons provocados pelo corpo da mãe, como o sangue que flui nas veias,

a respiração e aos movimentos dos intestinos. A linguagem musical é um excelente

meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da auto-estima e do

autoconhecimento além de poderoso meio de integração social.

A voz materna também constitui uma matéria sonora especial e referência objetiva

para eles. Os bebês e as crianças interagem permanentemente com o ambiente

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sonoro que os envolve, logo com a música, já que ouvir, cantar e dançar são

atividades presentes na vida de quase todos os seres humanos, ainda que de

diferentes maneiras.

Podemos dizer que o processo de musicalização dos bebês e crianças começa

espontaneamente, de forma intuitiva, por meio do contato com toda a variedade de

sons do cotidiano, incluindo a presença da música, pois a criança é um ser

“brincante” e, brincando, faz música e se relaciona com o mundo que descobre a

cada dia. E fazendo música a criança, metaforicamente, transforma-se em sons num

permanente exercício. E por ser receptiva e curiosa, a criança pesquisa matérias

sonoras, descobre instrumentos, inventa e imita motivos melódicos e étnicos e ouve

com prazer a música de todos os povos.

Brito (2005) diz que as canções com nomes, em sua simplicidade, têm um grande

valor para nós. Do ponto de vista do relacionamento humano, contribui para que se

estabeleça um contato objetivo e efetivo entre todos que se envolvem com o outro,

ajudando-o a criar e não esquecem cada canção que passa a ser um bem coletivo.

Segundo Vera, Lúcia, Pessagno, Bréscia (2005), a experiência de participação em

corais, conjuntos, orquestras e outros grupos musicais tem sido mencionada com

frequência como fonte de inúmeras vantagens na formação de crianças e

adolescentes, inclusive no que diz respeito à sua participação efetiva em

experiências agradáveis de trabalho em grupo, sendo, além disso, uma atividade

que pode ser desenvolvida em qualquer contexto social, até mesmo nas mais

modestas escolas do ensino público.

A voz humana, aliás, é uma espécie de instrumento musical que praticamente todos

têm à disposição e que deveria ser muito mais usada e trabalhada de maneira

construtiva. E no passado, até por volta de meados do século XX, dava-se muito

mais atenção ao início e a aprendizagem musicais nas escolas tanto públicas como

particulares (BRÉSCIA, 2005).

Atualmente, há um movimento de educadores brasileiros empenhados na retomada

do ensino musical nas escolas públicas, de modo que toda criança passe a cantar

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nas escolas, pois o canto favorece a auto-estima e tem um forte apelo social, além

de contribuir para o desenvolvimento educacional e cultural da pessoa e do país.

Segundo Bréscia (2005, p. 79):

A história do ensino de música e de canto coral às crianças e aos jovens brasileiros está para ser feita. São, infelizmente, poucas e vagas as informações disponíveis a este respeito, muito embora existam indicações de que se trata de uma modalidade de ensino-aprendizagem praticada desde as nossas origens como povo acrescenta que é necessário procurar e repensar caminhos que nos ajudem a desenvolver uma educação musical que parta do conhecimento e das experiências que o jovem traz do seu cotidiano, de seu meio sociocultural e que saiba contribuir para humanização de seus alunos.

A música é tida como um dos melhores meios de expressão e socialização do ser

humano e a formação da personalidade não ocorre como um processo espontâneo,

mas sim de forma organizada e orientado através de ações e atitudes concretas e,

também pode ser projetado e avaliado (REY, 1993).

Segundo Maria de Nazaré Cruz (1999), as escolas podem promover atividades para

aumentar a auto-estima e a auto-eficácia dos estudantes, capacitando-os para

desenvolver habilidades sociais e para a resolução de problemas. Deve-se dar ao

educando grande quantidade e variedade de experiências que lhe abram a

possibilidade de perceber a dinâmica interpessoal num contexto de participação e

respeito pelos direitos próprios e alheios e quanto aos assuntos ligados à música e à

arte têm sido mal interpretados e comumente enquadrados entre os caprichos e

adições ornamentais do currículo do ensino fundamental.

Assim, pode-se afirmar que os assuntos ligados a música são sempre

desvalorizados entre as disciplinas. Portanto, toda a discussão precedente implica,

que estas duas áreas têm uma função especial e indispensável que nenhuma

disciplina ou disciplinas podem substituir.

Isto não que dizer que as duas não devam ser ensinadas muito amplamente, como

parte de outras disciplinas ou atividades. O que se acentua é que se aceitam os

objetivos e princípios de um programa de educação efetivamente moderno, isso nos

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leva a reconhecer as contribuições da música e da arte para a educação global das

crianças que frequentam as classes do ensino fundamental (CRUZ, 1999).

No dia a dia da educação infantil brasileira, a música vem atendendo a propósitos

diversos, segundo as concepções pedagógicas que vigoram em nosso país no

decorrer do tempo. Assim, ainda dá para perceber fortes resquícios de uma

concepção de ensino que utiliza a música ou melhor dizendo, a canção, como

suporte para aquisição de conhecimentos gerais, para a formação de hábitos e

atitudes, disciplina, condicionamento da rotina e comemorações de datas diversas.

As músicas eram sempre acompanhadas de gestos e movimentos que pela

repetição, tornavam-se mecânicos e estereotipados, automatizando o que antes era

ou poderia vir a ser expressivo. A música, nesses contextos, era apenas um meio

para atingir objetivos considerados adequados à instrução e à formação infantil.

Aceitando a proposição de que a música deve promover o ser humano acima de

tudo, devemos destacar que o trabalho nessa área deve incluir todos os alunos.

Longe da concepção européia do século passado que selecionava os “talentos

naturais”, é preciso lembrar que a música é uma linguagem cujo conhecimento se

constrói com base em vivências e reflexões orientadas.

20

3 AS CANTIGAS DE RODA

3.1 O SURGIMENTO DAS CANTIGAS DE RODA

As cantigas de roda, hoje conhecidas no Brasil, têm origem européia, mais

especificamente em Portugal e Espanha. Porém esta origem não é notada, pois as

mesmas já se incorporaram ao folclore brasileiro apresentando o retrato do país e se

tornando de extrema importância para a cultura local.

Através das cantigas de roda podemos conhecer os costumes, o cotidiano das

pessoas, as festas típicas do local, as comidas, as brincadeiras, a paisagem, a flora,

a fauna, as crenças, dentre outros. O folclore de um determinado local vai sendo

construído aos poucos através não só de cantigas de roda, mas também de histórias

populares contadas oralmente, de cantigas de ninar e de lendas.

O folclore inclui nos objetos e fórmulas populares uma quarta dimensão sensível ao seu ambiente, porém não há como identificar os compositores das cantigas de roda, já que elas não têm sua autoria identificada e são continuamente modificadas, adaptando-se à realidade do grupo de pessoas que as cantam. Contudo, é preciso notar que em vários pontos do País, as crianças já se apropriaram de toadas locais para as suas rodas, cantando-as, porém, com um caráter próprio (CASCUDO, 2001, p. 240).

Pode parecer curioso para alguns falar em cantigas de roda nos dias de hoje, em

que tudo é voltado para o mundo virtual, em tempos, em que estas manifestações

da cultura popular espontânea estão com o seu espaço tão diminuído. Nas ruas, nas

praças e nos quintais está mais raro de se ver ou ouvir das bocas infantis aquelas

canções que, na simplicidade das suas melodias rítmos e palavras, guardam anos e

mais anos de sabedoria (CASCUDO, 2001).

Em contrapartida, a oportunidade de reviver, experimentar ou lembrar as

manifestações das cantigas, implica em entrar em contato com forças vitais do

nosso passado, presente e também em reviver conteúdos que estão na base da

construção da identidade dos povos.

____________________

2. CASCUDI, Luis da Cãmara. Dicionário do Folclore Brasileiro 10°. Ed. São Paulo: Editora Global, 2001.

21

E Cascudo (2001, p.102) diz que:

Essas melodias passam de geração em geração, entoadas pelos adultos ajudam a entreter, embalar e fazer adormecer as crianças. Hoje em dia elas não são tão presentes na realidade infantil como antigamente devido às tecnologias existentes como os computadores, celulares, tablets, entre outras tecnologias. As cantigas geralmente eram usadas para o entretenimento e aprendizado das crianças de todas as idades em locais como colégios, Cmeis, parques, ruas, etc.

As cantigas de roda nada mais são do que um ritmo de canção popular que está

diretamente relacionada com as brincadeiras de roda. A prática é comum em todo o

Brasil e tem caráter folclórico brasileiro. Tais cantigas de roda consistem em formar

um grupo com várias crianças, dar as mãos e cantar músicas com características

próprias.

As cantigas de roda possuem melodia e ritmo equivalentes à cultura local, com

letras de fácil compreensão, temas referentes à realidade da criança ou ao seu

universo imaginário e, geralmente, com coreografias e letras que as crianças

memorizam com facilidade.

3.2 AS CANTIGAS DE RODA, SUAS CARACTERÍSTICAS E

IMPORTÂNCIA

As cantigas têm algumas características próprias como, por exemplo, a letra. Além

de ser uma letra simples de memorizar, é recheada de rimas, repetições e

trocadilhos, o que faz da cantiga um jeito de aprender brincando, frequentemente

falando da vida dos animais, das plantas, do alfabeto, dos adultos, das crianças, e

de muitas outras coisas (CASCUDO, 2001).

Quando usamos os animais colocamos episódios fictícios, que comparam a

realidade humana com a realidade daquela espécie, fazendo com que a atenção da

criança fique presa à história contada pela música, o que estimula sua imaginação e

memorização com alegria e facilidade.

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As cantigas de roda configuram uma situação contrastante e quase contraditória,

certo que muitas vezes tendo partes omitidas ou formas esquecidas e

transformadas, elas sobrevivem à era da tecnologia. Porém, o fato é que toda esta

conjuntura não altera em nada o valor das cantigas de roda, pois as mesmas

continuam contendo símbolos, letras, poesias além de funcionarem como motivos

maravilhosos para a criança experimentar o seu corpo, a linguagem e para descobrir

a si mesmo se revelando ao outro e inserindo-se no convívio social (CASCUDO,

2001).

Em sua obra Cascudo (2001) já chamava atenção para a enorme importância das

manifestações do folclore tradicional, apontando para a “perda irreparável' que

sofrem aqueles que descartam ou desprezam as suas imagens. Em tempos em que

o folclore é muitas vezes mais do que injustamente colocado em último plano ou

esquecido pela própria gente a qual ele pertence.

O folclore estuda a solução popular na vida em sociedade. Brincando com estas canções, ou, mergulhando no tempo e nos recordando das Cantigas de roda vivenciadas na infância, percebemos que algo precioso se processa. Trata-se de um movimento de entrega, de alegria e de vontade de brincar e cantar cada vez mais (CASCUDO, 2001, p. 240).

Do ponto de vista pedagógico, estas cantigas infantis são consideradas completas:

brincando de roda e cantando a criança exercita naturalmente o seu corpo,

desenvolve o raciocínio e a memória, estimula o gosto pelo canto. Poesia, música e

dança, unem-se em uma síntese de elementos indispensáveis à educação global.

Vale ainda lembrar que a música constitui parte do comportamento da criança

(CASCUDO, 2001).

Ao cantar, a criança está correspondendo às suas necessidades vitais e dando

vazão a impulsos que lhe permitem desenvolver-se como ser pleno e afirmar a sua

existência. É um movimento que faz parte dos seus esforços de compreender o

mundo, e que a torna capaz de lidar com problemas até complexos e que muitas

vezes tem dificuldade de compreender (CASCUDO, 2001).

Quando o professor começa cantar em voz baixa, de repente em meio a sons,

trechos de ritmos e melodias surge o tema de uma cantiga de roda, trazida por um

aluno ou por um professor; outra voz se junta e mais uma e outra. Aos poucos as

crianças se juntam, dão-se as mãos e formam uma roda.

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Inicia-se a brincadeira e ao término da canção, a roda não para de girar e outras

canções se sucedem num movimento ininterrupto. A música ajuda muito no

desenvolvimento de crianças que apresentam um quadro de timidez e por isso são

vistas como diferentes, ficando diversas vezes isolada das atividades em grupo do

cotidiano.

Em uma sessão de cantigas de roda, juntam-se a outras crianças, forma-se uma

roda e todos cantam e dançam. Cada um à sua maneira, mas todos são, naquele

momento, parte igualmente importante do conjunto onde são movidos unicamente

pelo prazer e pela alegria de brincar, cantar e se alfabetizar com as letras das

cantigas que são cantadas.

E a criança tímida ao ver as crianças cantando e girando, entra no grupo e se solta

cada vez mais. Certamente inúmeras são às vezes, em que podemos constatar a

presença das cantigas nas escolas, tanto indiretamente através de relatos como

com a sua concretização sonora e corporal (CASCUDO, 2001).

É importante que se resgate essas cantigas, de maneira que estas pérolas da

cultura popular não sejam esquecidas. Essas cantigas são também, com frequência,

espontaneamente trazidas por adolescentes, adultos e idosos. Também são

utilizadas como recursos interventivos a partir de outros conteúdos apresentados

pelos alunos, de modo a irem ao encontro de determinados objetivos estabelecidos

durante o processo de aprendizado.

Assim, segundo Alencar (2010), as cantigas podem ser consideradas a partir de

suas características musicais, poéticas, lúdicas e da sua singularidade enquanto

manifestação folclórica, e relacionando-as ao processo de aprendizagem são de

grande proveito para a alfabetização.

A questão central das cantigas consiste em iluminar os motivos que estão por trás

da letra de cada música. Também podemos destacar aspectos que poderiam dar

margem a uma utilização mais ampla destes recursos pelos professores em sua

prática, nas suas diversas áreas de atuação.

24

Alencar (2010, p. 111) ainda diz que:

O educador ou educadora deve buscar dentro de si as marcas e lembranças da infância, tentando recuperar jogos, brinquedos e canções presentes em seu brincar. As cantigas-de-roda integram o conjunto das canções anônimas que fazem parte da cultura espontânea, decorrente da experiência de vida de qualquer coletividade humana e se dão numa sequência natural e harmônica com o desenvolvimento humano.

A cantiga de roda diferencia-se da música chamada erudita por nela não ser

procurado o aperfeiçoamento de forma intencional, e, da música chamada popular,

por não ser produzida em série ou ter destinação comercial. Em sua simplicidade, a

cantiga torna-se mais autêntica e espontânea, e assume um poder de comunicação

e uma ressonância imediata no espírito do povo que a pratica (CASCUDO, 2001).

Enquanto criação artesanal e comunitária, as cantigas estão condicionadas a

padrões aceitos por todos, sendo-lhe uma característica peculiar a adaptação às

circunstâncias. Assim, é comum, por exemplo, que uma mesma melodia sofra as

mais variadas deformações, e apresente diversas versões, podendo também ser

encontrada ao mesmo tempo em vários ritmos.

Em geral, pode-se dizer que a cantiga não é executada independentemente, ela se

condiciona a algum fim, pois atende às necessidades do ambiente onde se propaga

e a cantiga de roda, inclui-se nos objetos e fórmulas uma quarta dimensão sensível

ao seu ambiente (CASCUDO, 2001).

O seu valor ultrapassa largamente o funcionamento racional, compreendendo muito

mais uma afirmação ou ampliação do emocional, esquecidas ou desprezadas, os

povos acabam perdendo a consciência do seu próprio destino. Assim, ocorre que,

cantando e dançando no grupo de brincadeiras, a criança traz elementos do

passado da humanidade para o seu presente.

A partir da vivência desse passado relacionado aos conteúdos do seu presente, a

criança encontra-se em condições de projetar o seu futuro, pois já neste processo, a

criança tem a possibilidade de transformar o desconhecido em conhecido, o

inexplicável em explicável, reforçar ou alterar o mundo, levantar questões, discutir,

inventar, criar e transformar.

25

A voz é um meio expressivo que nos acompanha desde as mais remotas origens

individuais e coletivas, numa longa estrada que vai do choro até o canto cultural e

por que não as cantigas de roda e as brincadeiras dentro do lúdico se tornam um

aliado instrumento de trabalho pedagógico super valorizado para se conseguir

alcançar os objetivos de uma construção de conhecimento

3.3 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O lúdico quando aplicado à prática pedagógica contribui para a aprendizagem da

criança e possibilita que o professor seja mais dinâmico em suas aulas ao mesmo

tempo em que a criança sinta prazer em participar das atividades escolares. Assim,

podemos dizer que o lúdico é um recurso pedagógico e deve ser usado da melhor

forma, pois, o verdadeiro sentido da educação lúdica está na preparação do

professor ao aplicá-lo corretamente (ALMEIDA, 2004).

Sendo assim, o papel do professor é o de interferir de forma adequada, deixando

que a criança adquira novos conhecimentos e habilidades, já que a importância da

inclusão e utilização dos brinquedos, jogos e brincadeiras na prática pedagógica é

uma realidade que se impõe ao professor.

Brinquedos não devem ser explorados somente como lazer, mas também como

elementos enriquecedores para promover a aprendizagem. Para isso, o professor

precisa estar ciente de que a brincadeira para a criança é necessária e que ela traz

enormes contribuições no desenvolvimento da habilidade de aprender a pensar

E Almeida (2004, p. 14) afirma que:

Quanto mais o adulto vivenciar sua ludicidade maior será a chance de este profissional trabalhar com a criança de forma prazerosa. Desta maneira, o jogo e a brincadeira são experiências vivenciais prazerosas. Assim a experiência da aprendizagem tende a se constituir em um processo vivenciado de forma prazerosa.

A escola, ao valorizar as atividades lúdicas, ajuda a criança a formar um bom

conceito de mundo, em que a afetividade é acolhida, a sociabilidade vivenciada, a

criatividade estimulada e os direitos da criança respeitados. E quanto à atuação do

26

professor, esta ocorre sobre a valorização das características e das possibilidades

dos brinquedos e sobre possíveis estratégias de exploração.

A formação lúdica valoriza a criatividade, o cultivo da sensibilidade e a busca da

afetividade e o adulto que vivencia atividades lúdicas revive e resgata com prazer a

alegria do brincar, potencializando a adaptação desta experiência para o campo da

educação através do jogo.

Quando refletem sobre as possibilidades de intervenção e de ensino com a

utilização do lúdico, os professores sempre relatam experiências em que estão

presentes sentimentos e posicionamentos que evidenciam a relação entre educador

e educando.

Nesta perspectiva, se o professor souber observar as perguntas que seus alunos

fazem, a maneira como exploram objetos e brinquedos, ele irá perceber que existem

inúmeras possibilidades de intervenção durante as atividades pedagógicas

desenvolvidas na sala de aula, pois o lúdico como uma prática pedagógica exige

mais estudos, conhecimentos e pesquisas por parte do professor (FEIJÓ, 2002).

É importante que o educador descubra e trabalhe a dimensão lúdica que existe em

sua essência, no seu trajeto cultural, de forma que venha aperfeiçoar a sua prática

pedagógica, pois o lúdico é uma necessidade básica da personalidade, do corpo e

da mente e faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana.

A ludicidade poderia ser a ponte facilitadora da aprendizagem se o professor

pudesse pensar e questionar sobre sua forma de ensinar, relacionando a utilização

do lúdico como fator motivante de qualquer tipo de aula. No entanto, para que isso

aconteça é necessário que ele busque resgatar a ludicidade, os momentos lúdicos

que com certeza permearam seu caminho (FEIJÓ, 2002).

É importante destacar que os jogos, ao serem utilizados pelo professor no espaço

escolar, devem ser devidamente planejados. Porém, o professor não deve usar os

jogos pedagógicos sem que haja um rigoroso e cuidadoso planejamento, marcado

por etapas muito claras e que efetivamente acompanham o progresso dos alunos.

27

No planejamento de uma atividade, o professor deve antes adequar o tipo de jogo

ao seu público e o conteúdo a ser trabalhado, para que os resultados venham ser

satisfatórios e os objetivos alcançados. O lúdico como um recurso pedagógico revela

que os alunos percebem suas capacidades e suas dificuldades.

Portanto, cabe ao professor identificar tais capacidades, de forma a propiciar a

integração de todas as áreas de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos. E é

através da explanação de Fernández (2001) que podemos fazer uma relação entre a

aprendizagem e o brincar de maneira cativante.

Fernández (2001) ainda diz que a palavra aprender quer dizer, apropriar-se da

linguagem, recordar o passado para despertar-se ao futuro, deixar-se surpreender

pelo já conhecido, reconhecer-se, e admitir-se. É crer e criar, é se arriscar a fazer

dos sonhos textos visíveis e possíveis.

Mas isso só será possível quando as professoras e professores gerarem espaços de

brincar-aprender para seus alunos ou quando, de forma simultânea, construírem

para si mesmos. Assim, dentro desta perspectiva, o lúdico é um importante recurso

pedagógico para a definição de ações pedagógicas adequadas a serem estudadas

em cursos de formação de professores.

28

4 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, mais conhecidos como (PCNs), é uma

coleção de documentos que compõem a grade curricular de uma instituição

educativa. Esse material foi elaborado a fim de servir como ponto de partida para o

trabalho docente, guiando as atividades realizadas na sala de aula (BARROS,

2010).

É claro que cada instituição deve montar o seu Projeto Político Pedagógico (PPP),

sua proposta pedagógica, adaptando esses conteúdos à realidade social da

localidade onde está inserida. O PCN da educação infantil é um documento que

orienta quanto ao cotidiano escolar e aos principais conteúdos que devem ser

trabalhados, a fim de dar subsídios aos educadores, para que suas práticas

pedagógicas sejam da melhor qualidade.

Em sua abordagem os PCNs definem que os currículos e conteúdos não podem ser

trabalhados apenas como transmissão de conhecimentos, mas que as práticas

docentes devem encaminhar os alunos rumo à aprendizagem. E a reflexão da

prática docente deve ser feita através de reuniões com todo o grupo da escola,

direção, coordenação, orientação, psicopedagoga, psicóloga, professores, dentre

outros profissionais, ligados à rotina da instituição e de sala de aula (BARROS,

2010).

Portanto, cabe a cada instituição se organizar nesse sentido, pois a escola que não

promove momentos de reflexão da prática docente causa uma relação duvidosa

entre docente, alunos e conteúdos a serem ministrados, pois muitas vezes os

professores não conhecem a proposta pedagógica da instituição, já que os diretores

mantêm a mesma sob sete chaves, para que ninguém copie seu conteúdo.

Isso torna difícil a reflexão do professor sobre o seu próprio trabalho, pois o mesmo

precisa conhecer que tipo de educação aquela instituição quer oferecer, que

princípios devem trabalhar e quais os objetivos a serem conquistados. Portanto, a

escola deve ter responsabilidade social, instituir situações didáticas fundamentais

29

entre os temas a serem abordados e a prática docente, as formas pelas quais a

aprendizagem acontecerá através do desenvolvimento de habilidades de leitura,

interpretação, estudo independente e pesquisa (BARROS, 2010).

Os PCN’s estão divididos a fim de facilitar o trabalho da instituição, principalmente

na elaboração do seu Projeto Político Pedagógico (PPP). São seis volumes que

apresentam as áreas do conhecimento como: língua portuguesa, matemática,

ciências naturais, história, geografia, arte e educação física.

Outros três volumes trazem elementos que compõem os temas transversais. O

primeiro deles explica e justifica o porquê de se trabalhar com temas transversais,

além de trazer uma abordagem sobre ética. No segundo volume os assuntos

abordados tratam de pluralidade cultural e orientação sexual; e o terceiro volume

aborda meio ambiente e saúde.

O Ministério da Educação e Cultura (MEC) disponibiliza esse material a todos os

professores, a fim de que os mesmos possam estudá-lo e conhecê-lo a fundo,

auxiliando-os em sua atividade profissional, além de perceber a responsabilidade

social conferida ao ofício de professor.

4.1 O REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO

INFANTIL

A Educação Infantil ao promover experiências significativas de aprendizagem da

língua, por meio de um trabalho de linguagem oral e escrita, constitui um dos

espaços de ampliação das capacidades de comunicação e de expressão e de

acesso ao mundo letrado pelas crianças (RCNEI, 1998).

Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento gradativo das capacidades

associado as quatro competências básicas:

1) Falar;

2) Escutar;

3) Ler;

30

4) Escrever.

As cantigas têm a missão de possibilitar o encontro do “ser” com a sua própria

identidade e sensibilidade de forma prazerosa. No entanto, o professor deve atuar

como facilitador neste contexto, oferecendo atividades lúdicas como apoio ao

processo de aquisição da linguagem escrita e falada.

Considerando que a leitura e a escrita, tendência natural expressiva e criativa da

criança, se bem orientadas certamente contribuirão no desenvolvimento da

psicomotricidade no contexto de alfabetização. O lúdico tem um papel importante na

educação infantil, pois a criança, ao participar de ações lúdicas, cria e vive

momentos de simbolismo, além de ampliar seu vocabulário.

O lúdico tem sido assunto de discussão entre muitos psicólogos e pensadores e a

escola deve refletir também sobre a importância desta postura em sala de aula,

aproveitar todas as manifestações de alegria da criança e canalizá-la,

emocionalmente, através de atividades educativas.

Essas atividades lúdicas, quando bem direcionadas, trazem grandes benefícios que

proporcionam saúde física, mental, social e intelectual da criança. Porém, ainda é

comum encontrar profissionais, que atuam em turmas específicas de alfabetização,

que a mesma se limita as quatro paredes da sala de aula e que o método adequado

dá ao professor o controle da alfabetização plena da criança (RCNEI, 1998).

As cantigas são atividades lúdicas que podem ser desenvolvidas nos espaços de

educação infantil e são fundamentais para o desenvolvimento da criança,

possibilitando experiências que as transportam ao mundo do faz-de-conta,

realizando sonhos e fantasias, aliviando medos, tensões e frustrações, aprendendo

a respeitar os outros e a participar de grupo.

Enfim, as cantigas nada mais são do que atividades lúdicas onde as crianças

cantam, brincam, dançam e correm. As cantigas possuem grande importância no

contexto da educação infantil, pois o interagir com as crianças é uma atividade

prazerosa. A arte é a única forma de educar que não é tortura (SHAW, 1998).

O ato de brincar, dançar, cantar, imitar sempre fez parte do cotidiano infantil e nem

sempre lhe foi dada a devida importância. Retornando o tempo, torna-se necessário

31

um olhar para o brincar, pois a presença da ludicidade desde os tempos mais

primitivos mostra a importância das cantigas em várias culturas, pois é inseparável

do ser humano. Seja qual for a sua origem ou sua época, ela faz parte da trajetória

do homem através dos séculos.

Ao abordar as cantigas e brincadeiras de forma histórica, pode-se ressaltar que o

conteúdo social da mesma tem mudado através do tempo. Porém, a sua essência

raramente se altera. Ao cantar e dançar, as crianças ficam tão envolvidas com o que

estão fazendo que colocam na ação seu sentimento e emoção.

A atividade lúdica revela-se como instrumento facilitador da aprendizagem,

possuindo valor educacional e criando condições para que a criança explore seus

movimentos. E as cantigas, em toda trajetória da humanidade, sempre tiveram seu

papel educativo, servindo a um propósito, de acordo com as circunstâncias

experimentadas por cada povo e pelo efeito que esta provoca na alma humana.

As cantigas têm suas múltiplas aplicações, como seu papel na cultura, na religião na

aprendizagem e em ações coletivas como festas, revoluções e até em guerras.

Quando se toca uma cantiga, as crianças logo imaginam o personagem que elas

vão representar e começam a imaginar e a viajar na letra da cantiga, que hora fala

de amor, hora fala de dor, de política, cidadania, respeito, carinho, etc...

Com as cantigas, temos a intenção de almejar o crescimento intelectual e emocional

das crianças, fazendo uso de meios que facilitem a harmonia e a clareza perceptiva.

O educar com as cantigas é possibilitar o livre trânsito entre o interior e o exterior e o

equilíbrio está em nossas ações no plano físico, no plano emocional. E em nossas

idéias no plano mental.

Portanto, o professor precisa levar a criança a raciocinar sobre escrita e, para isso,

ele deve criar ambiente rico em materiais e em atos de leitura e escrita,

incentivando-as. Também, deve provocar interações entre diferentes níveis,

principalmente os mais próximos.

Dessa forma, o professor não precisa trabalhar, necessariamente, com cada aluno

mas sim, lhes permitir a comunicação, que é o principal instrumento da didática da

aprendizagem da alfabetização. A criança precisa entender a função social da

32

escrita e a importância da linguagem oral e se sentir livre para se comunicar através

da escrita e da fala.

Não há por que dispensar exercícios e atividades que sistematizem conteúdos. No

entanto, o aproveitamento será maior se os exercícios contiverem um vocabulário

expressivo sugerido pelos alunos, composto por palavras que fazem parte da

realidade das crianças e de seu cotidiano, que tenham relação com fatos

acontecidos ou vivenciados em casa, na escola ou na comunidade.

Cabe ao professor saber direcionar a aula para alcançar o objetivo desejado. Como

diz Ferreiro (2002), a alfabetização não é luxo nem uma obrigação; é um direito. E o

professor deve saber mediar seu trabalho com as cantigas, possibilitando às

crianças uma aventura de aprendizagem de forma inteligente.

Cabe também ao professor-alfabetizador criar situações adequadas para provocar

curiosidade nas crianças e estimular a construção de seu conhecimento, através de

vivências de situações concretas com as cantigas, brincadeiras e múltiplas

atividades que favoreçam a construção de um ambiente alfabetizador.

A tarefa essencial das cantigas está voltada para seduzir as crianças, para que elas

desejem aprender e, e desejando, aprende e com isso vai haver interação social que

é indispensável para o desenvolvimento do pensamento. Por isso que o RCNEI

(1998) descreve com bastante clareza a necessidade da interação social, cabendo

ao professor propiciar situações de conversa, brincadeiras ou de aprendizagens

orientadas que garantam a troca entre crianças, de forma que possam comunicar-se

e expressar-se, demonstrando seus modos de agir, de pensar e de sentir, em um

ambiente acolhedor e que propicie a confiança e a auto-estima.

Para que o ambiente que cerca a criança se torne efetivamente um instrumento

alfabetizador, ela precisa estar preparada para percebê-lo e seu senso de

observação e sua curiosidade precisam ser despertados além de entender que a

comunicação é o resultado de uma boa escrita.

A sala de aula deve servir para despertar os sentidos das crianças, transformando-

se num local propício à aprendizagem. O professor deve perceber o interesse das

33

crianças, sendo, portanto, mutável e passível de alteração, mas as crianças sempre

devem tomar conhecimento das alterações e dos motivos que as determinaram.

Quando se fala de educação infantil, entende-se por um espaço propício para a

iniciação ao mundo letrado, devendo promover experiências significativas com a

linguagem oral e escrita de forma lúdica, prazerosa. Diante desta afirmação faz-se

necessário apontar a importância das cantigas que promove a construção do

conhecimento (RCNEI, 1998).

34

5 CONCLUSÃO

Ao findar deste trabalho, podemos destacar que as cantigas de roda são

basicamente imagens do folclore das regiões brasileiras ou estrangeiras, e que

possuem expressões de grande valor e significado para as crianças, para as

experiências de interação social, para o desenvolvimento cognitivo e para a

transmissão de valores que podem ser vivenciadas através destas cantigas.

No entanto, motivos diversos impedem as crianças de saírem às ruas para brincar e

cantar as cantigas como se fazia antigamente, pois nos grandes centros urbanos o

uso dos brinquedos, os parques, os jogos eletrônicos, os computadores, os tablets,

ipads, a televisão, os shoppings fazem com que as cantigas se tornem

desconhecidas e até mesmo obsoletas.

Todavia, as cantigas acrescentam ao currículo escolar uma vivacidade de situações

que ampliam as possibilidades de a criança aprender a construir o conhecimento. O

cantar permite que a criança tenha mais liberdade de pensar e de criar para

desenvolver-se plenamente.

Por isso esperamos que as cantigas de roda possam colaborar de forma objetiva e

concreta para uma melhor compreensão do universo lúdico infantil na alfabetização,

pois para usar as cantigas de roda nem sempre é preciso dinheiro, e sim de

imaginação, boa vontade, de ser criativo e o principal acreditar em sonhos.

Esses fatores têm levado à ausência do conhecimento dessas melodias que

retratam o universo que vivemos, pois musicalmente, como descreve o RCNEI,

participar de brincadeiras de roda ou de danças circulares favorece o

desenvolvimento da noção de ritmo individual e coletivo, assim como a inserção do

lúdico nesse tipo de brincadeira, pois desta forma pode-se trabalhar com a

multidisciplinaridade e com a interdisciplinaridade, aprimorando cada vez mais o

desenvolvimento integral da criança.

35

Ao inserir as cantigas de roda no convívio das crianças, aspectos como

musicalidade e ritmo estarão sendo trabalhados, pois o ritmo se aprende por meio

do corpo e do movimento, o que podemos comprovar através da cantiga “A Linda

Rosa Juvenil”, que conta uma história e a cada estrofe apresenta novos

personagens e novos ritmos, possibilitando as crianças cantarem, além de

dançarem e dramatizarem.

Portanto, pode-se confirmar que o corpo traduz em movimento os diferentes sons

que percebe e no livro “Música na Educação Infantil” algumas canções que se

brincam em roda podem ter outros atrativos, como é o caso de “Escravos de Jó”,

que vem a ser uma brincadeira onde se passam pedras, sementes, copos, caixas de

fósforo e etc, e que é dramatizada em todo o Brasil por adultos e crianças.

Este exemplo e a forma de brincar podem ser encontrados no livro “Música na

Educação Infantil”, e alguns exemplos que servem a esse tema foram sugeridos no

RCNEI. Com isso, o educador tem a tarefa de apresentar às crianças, músicas do

ingênuo universo infantil, em apenas um recurso didático.

A prática deste trabalho na Educação Infantil não deve tirar a liberdade da

brincadeira, ao envolver as crianças em jogos e brincadeiras musicais fazendo com

que estimule a criatividade e expressividade além de proporcionar momentos onde o

lúdico favorece a aprendizagem.

Para tanto, é necessário que o professor saiba se colocar em segunda posição,

deixando que as crianças descubram outras possibilidades para um mesmo

exercício e intervir quando perceber que as crianças estão tendo alguma dúvida.

Assim, podemos dizer que esta pesquisa se destinou a compreender um pouco mais

sobre a utilização das cantigas, no intuito de colaborar com a reflexão para uma

educação infantil mais eficiente e participativa, pois, na tarefa de contribuir para o

desenvolvimento de indivíduos em formação, o educar é assumir este compromisso.

36

6 REFERÊNCIAS

6.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALENCAR, SYlvia. A música na Educação Infantil. 4°. Ed. São Paulo: Editora

Paternoni, 2010.

ALMEIDA, Marcus, Vinicius, Machado de Almeida. A Ciranda Brasileira. 3°. Ed.

São Paulo: Editora Montreal, 2004.

BARROS, Manoel de. As cantigas de roda na educação infantil. 4°. Ed. Rio de

Janeiro: Forense, 2010.

BRÉSCIA, Vera Lúcia, Pessagno. Bases psicológicas e ações preventivas. 2°.

Ed. São Paulo: Editora Átomo, 2005.

BRITO, Teca, Alencar de. Música na educação infantil: Propostas para a formação

integral da criança. 2°. Ed. São Paulo: Editora Peiropólis, 2005.

CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. 10°. Ed. São Paulo:

Editora Global, 2001.

CRUZ, Maria de Nazaré. Refletindo sobre as cantigas de roda. 4°. Ed. Rio de

Janeiro: Editora: O portão das letras, 1999.

FAUSTINI, Maria do Carmo. A cantiga de roda como atividade para a educação

infantil. 4°. Ed. São Paulo: Editora Alce, 1996.

FEIJÓ, Ruberval. As cantigas de roda. 5°. Ed. São Paulo: Editora Mundial, 2002.

FERNÁNDEZ, Regina, O jogo facilita a aprendizagem. 3°. Ed. São Paulo: Editora

2001.

FERRERO, Emília. Passado e presente dos verbos ler e escrever: Coleção:

Questões da nossa época. 5°. Ed. São Paulo: Editora Cortez, 2002.

GADIOLI, Antônio. Metodologia Científica. 12°. Ed. São Paulo: Editora Moderna,

2008.

37

MAQUILAM, Ricardo. Educando através das cantigas de roda. 3°. Ed. Rio de

Janeiro: Forense, 1994.

RADOCI, D, T & BOYLE, Susan. Cantigas de roda e de ninar. 4°. Ed. São Paulo:

Editora Ática, 1979.

RCNEI. Referencial Curricular Nacional para a educação infantil. 10°. Ed.

Brasília, Distrito Federal: Editora do Senado, 1998.

REY, Beatriz. O resgate das cantigas de roda. 3°. Ed. Rio de Janeiro: Editora

Forense, 1993.

SHAW, Bernard. A arte é a única forma de educar que não é tortura. 3°. Ed. São

Paulo: Editora Papirus, 1998.

38

ANEXO: PESQUISA DE CAMPO

Esta pesquisa de campo foi feita em um CMEI de Vitória onde os dados coletados

referem-se as cantigas de roda e brincadeiras que fazem parte da cultura local e no

qual os educadores procuram valorizar as músicas que as crianças conhecem e que

estão bem perto do cotidiano delas, pois, quando as crianças brincam e cantam,

elas estabelecem um contato consigo próprio.

Observamos que quando as crianças brincam não é necessário usar um espaço

bem amplo, pois, o da própria sala de aula dá para fazer as brincadeiras e cantar as

cantigas de roda. Com isso elas brincam e movimentam seus corpos com liberdade

sem se preocupar se estão fazendo certo ou errado, ou melhor ou pior, do que os

colegas.

Existem várias canções que são trabalhadas no CMEI, mas as mais usadas são as

que despertam grande incentivo para se cantar a pedido das próprias crianças que

são as canções com nomes que em sua simplicidade tinha um grande valor paro

nós. Do ponto de vista do relacionamento humano contribuem para que se

estabeleça um contato afetivo e efetivo entre todos que se envolve com outro,

ajudando a criar e não esquecem cada canção que é um bem coletivo.

A canção do “Trem”, também é muito usada e com ela podemos explorar questões

como os meios de transportes, a ideia de viajar com muitos lugares, as variações de

velocidade e os sons produzidos pelo trem.

A parlenda “café com pão, bolacha não” pode ser trabalhada com atividades de

improvisação, nas quais as crianças pesquisam sons de apitos ou usam a voz para

imitar o apito do trem que dá a partida lentamente e vai aumentando a velocidade

para no final da viagem diminuí-la outra vez .

O TREM MALUCO.

O trem maluco

Quando sai de Pernambuco

Vai fazendo vuco vuco

39

Até chegar no Ceará.

Rebola pai

Rebola Mãe

Rebola filha

Eu também sou da família

Também quero rebolar

Minha mãe me pós na escola

Pra aprender o beaba

A danada da fessora

Me ensinou a namorar.

Sete e sete são quatorze

Com mais sete, vinte e um

Tenho sete namorados,

Mas não gosto de nenhum!

PAI FRANCISCO

Pai Francisco entrou na roda

Tocando seu violão.

Bi-rim-bão bão bão, Bi-rim-bão bão bão,

Vem de lá seu delegado

E Pai Francisco foi pra prisão.

Como ele vem todo requebrado

40

Parece um boneco desengonçado.

MEU LIMÃO MEU LIMOEIRO

Meu limão, meu limoeiro

Meu pé de jacarandá

Uma vez, tindolelê

Outra vez, tindolalá.

A linda rosa juvenil.

A linda rosa Juvenil... juvenil...juvenil...

Vivia alegre num solar... Num solar...num solar ...

Mais uma feiticeira má... muito má...muito má...

Adormeceu a rosa assim... bem assim.. .bem assim...

Não há de acorda jamais... nunca mais...nunca mais...

O tempo correu a passar... a passar...a passar ...

O mato cresceu ao redor... ao redor...ao redor...

Um dia veio um lindo rei... lindo rei...lindo rei...

Que a bela rosa despertou... despertou...despertou...

Digamos ao rei muito bem... muito bem...muito bem...

Trá-lá-lá-lá-lá-lá

ROSA JUVENIL

A linda rosa juvenil também é muito cantada e o professor pode trabalhar com a

dramatização porque uma criança pode ser a rosa e ficar no centro da roda. Do lado

de fora ficam a feiticeira e o rei o tempo e o mato podem ser representados pelas

crianças da roda. E pode-se trabalhar atividades de sonorização.

41

O grupo poderá escolher um timbre para representar a rosa e outro para a feiticeira .

Nessa cantiga é importante que cantem, dancem e dramatizem.

Escravos de JÓ

Escravos de Jó (bis)

Jogavam caxangá

Tira, bota , deixa o zabelê jogar

Guerreiros , com guerreiros (bis)

Fazem zique , zique , zá .

Outra bastante trabalhada é “ Escravos de Jô ” que é realizada com caixas de

fósforo e sementes que são passadas de um em um acompanhando algumas

indicações da letra . As crianças sentam no chão, tendo cada uma, uma caixa de

fósforos.

Escravos de Jó, jogavam caxangá as caixas são passadas da esquerda para a

direita , em movimentos regulares e sucessivos que acompanham o tempo forte da

musica .

Tira , Põe /deixa ficar : com a caixa na mão cada participante realiza exatamente o

que a letra sugere guerreiros com guerreiros / fazem zig, zig , zá fazem um Z :

pegam a caixa no primeiro zig “ voltam para a esquerda , no segundo , seguindo

para a direita no zá” . Essa canção trabalha também os movimentos corporais.

Nas cantigas de roda trabalhamos também musicas que falam de animais como a

tradicional, “Atirei o pau no gato” e sua nova versão “Não atire o pau no gato”. O

atire o pau no gato, é uma canção que podemos falar sobre a preservação dos

animais, sobre a não violência contra eles, pois o gato além de ser um animal muito

próximo do homem é também muito comum, pois é um animal doméstico e quase

toda casa os tem.

42

A canção do “Sapo” também é muito apreciada pelas as crianças. “O sapo não lava

o pé, não lava porque não quer, ele mora na lagoa e não lava o pé porque não quer,

mais que chulé”.

Nessa cantiga as crianças aprendem sobre higiene pessoal, animais, e sobre lagoa,

rio e seus diferentes significados trabalham-se conteúdos de geografia.

A música da “Barata”, também é apreciada pelas crianças.

A BARATA

A barata diz que tem sete saias de filó

É mentira da barata ela tem é uma só

RÁ RÁ RÁ RÓ RÓ RÓ

Ela tem é uma só

A barata diz que tem um anel de formatura

É mentira da barata que ela tem é casca dura

RÁ RÁ RÁ RÓ RÓ RÓ

Ela tem é casca dura

A barata diz que tem um sapato de fivela

É mentira da barata que o sapato é da mãe dela

RÁ RÁ RÁ RÓ RÓ RÓ

O sapato é da mãe dela

A barata diz que dorme numa cama de marfin

É mentira da barata ela dorme é no capim

RÁ RÁ RÁ RÓ RÓ RÓ

Ela dorme é no capim

43

A barata diz que fez uma viajem de avião

É mentira da barata que ela foi de pé no chão

RÁ RÁ RÁ RÓ RÓ RÓ

Que ela foi de pé no chão .

“A barata, diz que tinha, uma casa de vidraça é mentira da barata que ela mora é na

fumaça, AHAHAHA, é mentira da barata”.

“A barata diz que tem um sapato de fivela, é mentira da barata que o sapato é da

mãe dela, AHAHAHAHA o sapato é da mãe dela”.

Nessas cantigas trabalhamos com as crianças, sobre ética, moral e os variados tipos

de residência.

Já as cantigas que falam de numerais são bastante aproveitadas “A carrocinha

pegou dois cachorros de uma vez, a carrocinha pegou três cachorros de uma vez...

E por ai vai ate completar de um a dez e sucessivamente. Essa cantiga facilita o

aprendizado de numerais e suas sequências.

As cantigas tradicionais “Borboletinha”, e “Borboletão” .

“Borboletinha ta na cozinha, fazendo chocolate para a madrinha, Poti Poti, perna de

pau olho de vidro nariz de pica pau”.

“Borboletão ta no fogão fazendo macarrão para o irmão”.

Nelas trabalhamos o valor da família, a união, a ajuda em casa nas tarefas

domésticas, o companheirismo, a interação da família com a criança, e podemos

falar sobre os alimentos.

As cantigas são um gênero musical que funde musica e poesia. Elas existem para

todos os temas e assuntos e em ultima analise tudo pode ser cantado. É preciso

selecionar e escolher com cuidado as cantigas, avaliando o texto para que seja mais

bem aproveitado.

44

Podemos ampliar o contato das crianças com produtos musicais diversos e ir alem

da mídia oferecendo cantigas de nossos diversos compositores brasileiros e suas

variadas regiões, pois trabalhando dessa forma ampliaremos o conhecimento das

crianças a cerca da produção cultural do País.

Podemos falar sobre a vida desses compositores e fazer com que as crianças os

conheçam. Ex: Caetano Veloso, Dorival Caymmi, Tom Jobim e outros.

Com as cantigas que trabalhamos, estabelecemos a inclusão de nossas crianças

com “Necessidades Especiais”, pois as cantigas aproximam todas as pessoas

independentes de cultura, sexo, idade, cor, nível econômico e social.

As cantigas proporcionam as crianças o bem estar do corpo e da alma, pois já

diziam o ditado popular. “Quem canta seus males espanta”. Usando as cantigas, os

educadores podem utilizar de seus mais variados benefícios e elas podem ser

usadas para se trabalhar com a interdisciplinaridade. Em uma só musica podemos

ensinar matemática, português, geografia, história, ética, meio ambiente, ciências,

pluralidade cultural e educação sexual.

De olhos vermelhos Eu pulo pro lado

De pêlo branquinho Eu pulo pra trás

De pulo bem leve Dou mil cambalhotas

Eu sou o coelhinho Sou forte de mais

Sou muito assustado Comi uma cenoura

Porém guloso Com casca e tudo

Por uma cenoura Tão grande era ela...

Já fico manhoso Fiquei barrigudo!

Nesta canção podemos trabalhar esquema corporal, coordenação motora,

lateralidade, expressividade, criatividade, falar sobre os animais, as cores, a noção

de número, a alimentação e a Páscoa.