A Importância Da VOZ

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IMPORTÂNCIA DA VOZ NA ATUALIDADE LITÚRGICA DA SACROSANCTUM CONCILIUM A voz humana, desde os tempos remotos, foi considerada pelos antigos, “arte sagrada” conforme (Zirmenmam). Para os gregos, a voz falada era pauta de estudo, sobretudo com a prática da declamação, enquanto a voz cantada era desenvolvida de forma coletiva e reservada às mulheres árabes e aos escravos. Entre as mais variadas formas de comunicação do ser humano, a voz é um dos mecanismos considerado mais eficientes e de grande poder, pois, depois da palavra, o silêncio. Além da comunicação através de símbolos, expressões corporais, sinais da natureza entre outros, encontra-se centenas de referências bíblicas relacionadas à voz como instrumento de comunicação entre Deus e o seu povo. De forma cantada, falada, gritada, murmurada e gemida, a voz expressou sentimentos de tristezas, alegrias e fé no Deus vivo, o Deus Abraão de Isaac e Moisés. Para Mara Behlau a voz humana reflete como uma espécie de espelho interior e se constitui num meio para a transmissão da mensagem Divina. A voz é o nosso traço mais marcante, nosso cartão de visitas, capaz de nos distinguir e nos identificar, revelando nossa personalidade e nosso estado emocional. A voz tem o poder de sugestionar, persuadir e seduzir, podendo fascinar o ouvinte despertando nele inúmeras emoções e sentimentos (Nízia Cristina Alves Coelho. Psicóloga e Fonoaudióloga pela PUC MG). Voz na liturgia antes do Concílio Vaticano II Na tradição da Igreja, no século XX, o Modo próprio- TRA LE SOLLECITUDINI – sobre a música litúrgica, recomenda que “os cantores, embora leigos, realizem, propriamente, as funções de coro eclesiástico, pois cantores têm na Igreja verdadeiro oficio litúrgico”. No contexto eclesial da época, a Igreja, embora, consciente das qualidades vocais agudas, sopranos e contraltos, que são características atribuídas às vozes femininas, de grande

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A importância da voz para o Canto Liturgico e como ter uma voz saudável.

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IMPORTÂNCIA DA VOZ NA ATUALIDADE LITÚRGICA DA SACROSANCTUM CONCILIUM

A voz humana, desde os tempos remotos, foi considerada pelos antigos, “arte sagrada” conforme (Zirmenmam). Para os gregos, a voz falada era pauta de estudo, sobretudo com a prática da declamação, enquanto a voz cantada era desenvolvida de forma coletiva e reservada às mulheres árabes e aos escravos. Entre as mais variadas formas de comunicação do ser humano, a voz é um dos mecanismos considerado mais eficientes e de grande poder, pois, depois da palavra, o silêncio.

Além da comunicação através de símbolos, expressões corporais, sinais da natureza entre outros, encontra-se centenas de referências bíblicas relacionadas à voz como instrumento de comunicação entre Deus e o seu povo. De forma cantada, falada, gritada, murmurada e gemida, a voz expressou sentimentos de tristezas, alegrias e fé no Deus vivo, o Deus Abraão de Isaac e Moisés. Para Mara Behlau a voz humana reflete como uma espécie de espelho interior e se constitui num meio para a transmissão da mensagem Divina. A voz é o nosso traço mais marcante, nosso cartão de visitas, capaz de nos distinguir e nos identificar, revelando nossa personalidade e nosso estado emocional. A voz tem o poder de sugestionar, persuadir e seduzir, podendo fascinar o ouvinte despertando nele inúmeras emoções e sentimentos (Nízia Cristina Alves Coelho. Psicóloga e Fonoaudióloga pela PUC MG).

Voz na liturgia antes do Concílio Vaticano II

Na tradição da Igreja, no século XX, o Modo próprio- TRA LE SOLLECITUDINI – sobre a música litúrgica, recomenda que “os cantores, embora leigos, realizem, propriamente, as funções de coro eclesiástico, pois cantores têm na Igreja verdadeiro oficio litúrgico”. No contexto eclesial da época, a Igreja, embora, consciente das qualidades vocais agudas, sopranos e contraltos, que são características atribuídas às vozes femininas, de grande importância para a liturgia cantada, não permitia a participação de mulheres nos ofícios litúrgicos. Esta função era atribuída aos meninos por terem um padrão vocal agudo. Anatomicamente falando, (segundo Silvia Pinho), a voz da criança, devido processo de crescimento e maturação, até os 10 anos de idade, não difere da voz da menina. Contudo, referente às considerações vocais, o Papa Pio XII, no Musicae Sacrae, ressalta a importância da voz humana considerando-a como “magnífica obra de arte” e afirma que o canto polifônico ganhou mais eficácia porque a voz dos cantores se juntou ao som do órgão e de outros instrumentos.

Importância da Voz na Liturgia do SC

A função e o papel do canto na liturgia são assim descrita na SC (112): o canto como “parte necessária e integrante da liturgia” por exigência autêntica, deve ser a expressão da fé e da vida cristã de cada assembléia. Uma das principais funções que os documentos conciliares atribuem ao canto é que “pelo canto, a oração se exprime com maior suavidade”. (Doc 7 Cnbb). Contudo, para “que a Palavra do Senhor se espalhe rapidamente e seja BEM recebida”. (Tess.3,1), O

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Salmo 150 proclama que: “Nosso Deus merece harmonioso louvor”. Portanto, faz-se necessário aos ministros da Palavra proclamada e cantada, zelar pela voz que tem por função propagar a boa notícia contribuindo com a aliança entre Deus e seu povo.

Cuidados com a voz como parâmetro para a Evangelização

Cuidar da voz, para o profissional é expressão de amor ao projeto que garante saúde e expressividade. Para quem atua na liturgia é zelo pelo mais sublime Dom de Deus em função do seu povo. Para manter a voz saudável é necessário: “evitar gritos e abusos vocais, evitar ingestão de bebidas destiladas e uso de tabagismo; ter uma boa qualidade de vida e saúde mental; hidratar bem a mucosa vocal; manter uma alimentação balanceada e, quanto possível, natural; evitar posturas inadequadas durante a emissão vocal falada e cantada; não se expor à poluição sonora e ambiental; evitar estresse; evitar uso indevido de microfones; fazer periódicas revisões da laringe; evitar cantar fora do seu registro médio, entre outros cuidados. Para melhor contribuir com a liturgia, é necessário cuidados como: não tomar posse de microfones, não usar o espaço litúrgico para “fazer show”, ouvir a voz do outro, ter sintonia com toda a assembléia, gastar tempo em ensaios, considerar que “a voz do povo é voz de Deus”. Santo Agostinho se emocionava ao ouvir os cânticos da igreja de santo Ambrósio, em Milão, no início da sua conversão, “não tanto pelo canto quanto pelo que vem cantado, se a execução é feita por uma bela voz e com adequada modulação” (Bruno Forte. A porta da beleza. p. 11).

Ir. Lúcia Silva, IMCEspecialista em Voz Clínica e Profissional