A Importancia Da Segunda Guerra Na Urbanização

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTEO DE HISTÓRIA HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO NORTE II DISCENTE: DANILO NOGUEIRA DE MEDEIROS Atividade avaliativa A importância da 2ª Guerra Mundial na urbanização da capital. CLEMENTINO, Maria do L. M. Economia e Urbanização: o Rio Grande do Norte nos anos 70. Natal: EDUFRN, 1995. 3. A Importância da 2ª Guerra Mundial na Urbanização da capital. p.183 - 243. Maria Clementino (1995) discute, a partir da perspectiva analítica do materialismo histórico, a influência e importância da 2ª Guerra Mundial, com a presença de contingentes militares dos Estados Unidos em Natal, para o desenvolvimento e urbanização da cidade no período entre 1940 e 1970. O texto está organizado em 5 principais tópicos: A especificidade de Natal; A capital antes da 2ª Guerra; A Guerra e sua relação com a urbanização; A mobilização em Natal; e A expansão da capital no Pós-Guerra. Esses tópicos se subdividem em outros segmentos. Para a historiadora, Natal, por ser uma cidade fruto do interesse colonial português em dominar o litoral do nordeste brasileiro, acabou por se desenvolver de maneira isolada e pouca integrada ao restante da região. Seria por isso também que a cidade não possuía capital mercantil desenvolvido, ficando atrás de outras cidades da região,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTEO DE HISTÓRIAHISTÓRIA DO RIO GRANDE DO NORTE II

DISCENTE: DANILO NOGUEIRA DE MEDEIROS

Atividade avaliativa

A importância da 2ª Guerra Mundial na urbanização da capital.

CLEMENTINO, Maria do L. M. Economia e Urbanização: o Rio Grande do Norte nos anos 70. Natal: EDUFRN, 1995. 3. A Importância da 2ª Guerra Mundial na Urbanização da capital. p.183 - 243.

Maria Clementino (1995) discute, a partir da perspectiva analítica do

materialismo histórico, a influência e importância da 2ª Guerra Mundial, com a presença

de contingentes militares dos Estados Unidos em Natal, para o desenvolvimento e

urbanização da cidade no período entre 1940 e 1970. O texto está organizado em 5

principais tópicos: A especificidade de Natal; A capital antes da 2ª Guerra; A Guerra e

sua relação com a urbanização; A mobilização em Natal; e A expansão da capital no

Pós-Guerra. Esses tópicos se subdividem em outros segmentos.

Para a historiadora, Natal, por ser uma cidade fruto do interesse colonial

português em dominar o litoral do nordeste brasileiro, acabou por se desenvolver de

maneira isolada e pouca integrada ao restante da região. Seria por isso também que a

cidade não possuía capital mercantil desenvolvido, ficando atrás de outras cidades da

região, como Macaíba, no desenvolvimento comercial. Natal se destacava por ser um

centro administrativo.

Todavia, na virada do século XIX para o XX, as oligarquias, que ascenderam

ao poder com a República, mostraram-se preocupadas em urbanizar a cidade,

desenvolvê-la e fazer a sua economia prosperar. Isso é o que justificou obras de

infraestrutura como a do porto de Natal, as estradas de rodagem e ferrovias e a ponte

sobre o Rio Potengi. De maneira lenta e incipiente desenvolvem-se as atividades

próprias à dinâmica urbana: bancos, escolas, centros comerciais e outros. Vários foram

os planos que estabeleceram a expansão e ocupação do espaço da capital potiguar, entre

eles estavam o Plano da Cidade Nova (1901) e o Plano Palumbo (1909).

A década de 1920 é marcada pelo contato de Natal com o que de mais moderno

existia, as inovações tecnológicas germinam na cidade o que Clementino considera um

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tipo de “cultura urbana”. Até então os processos de desenvolvimento de Natal não

haviam sido do tipo do que estava prestes a acontecer. Na década de 1940, com a 2ª

Guerra Mundial ocorrendo, a capital, devido a sua localização geográfica ideal para

servir como base de apoio aos Estados Unidos para operações de defesa do continente

americano e operações na Europa, foi eleita como base militar estadunidense.

Até então Natal possuía em torno de 55 mil habitantes, indústria incipiente,

comércio e setor de serviços de pequena dimensão. Com a vinda repentina de um

contingente de soldados, engenheiros, e outros profissionais ligados às forças armadas

do EUA, Natal se viu com quase 20% a mais da sua população, da noite para o dia.

Construindo diversas estruturas militares como: base naval, base aérea, bases terrestres,

escritórios militares e outros, os militares, não só dos Estados Unidos como do Brasil,

imprimiram suas marcas no espaço da capital. Para atender as demandas de

abastecimento, construções, e entretenimento desse contingente, muitos civis, de regiões

vizinhas e regiões fragilizadas pela seca, deslocaram-se atraídos pelas possibilidades de

trabalhos.

Natal viveu verdadeiro surto expansionista na década de 40, sua população na

década seguinte era de quase o dobro da que era na anterior, e o setor terciário havia

crescido exageradamente. Muitas convulsões foram causadas pelo acelerado

desenvolvimento urbano, comercial e demográfico da cidade nesse período. A cidade

não estava preparada para atender as demandas da população por transporte, moradia,

abastecimento, saúde, educação, segurança e tantas outras. Tudo isso ocasionou grandes

altas no custo de vida.

Depois do fim da Guerra o fluxo de crescimento demográfico continuou alto,

embora bem reduzido em comparação ao crescimento de 1940-1950. Isso ocorreu

porque ainda continuavam mobilizados, minimamente, militares brasileiros pela cidade,

eles ocuparam os espaços construídos pelas forças armadas do EUA. No pós-Guerra a

crise cresceu, havia grande contingente populacional sem emprego. Todavia é inegável

que as melhorias realizadas na infraestrutura para atender aos aliados foram um legado

positivo.

Clementino atenta ainda para o fato que, durante a Guerra e no pós-Guerra,

formou-se um mercado fundiário, sem a intervenção estatal e sem seu planejamento,

que pautou a organização espacial da cidade. Nesse momento houve a rápida

transferência do capital de origem agrária para os setores urbanos, essa transição se deu

basicamente para os ramos imobiliário, construção civil, comércio e mercadorias.

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Especial ênfase é dada a produção fundiária que, para Clementino, decorreu-se

em 5 etapas, com características próprias de acordo com a conjuntura sociopolítica e

econômica da época. A primeira fase, antes de 1940, é de pequena e lenta produção

imobiliária; a segunda, na década de 1940, é de intensa produção imobiliária e procura

para alugar e comprar; a terceira, entre as décadas de 50 e 60, caracteriza-se pela

formação de um mercado formal de terras e alta produção; a quarta, entre 70 e 80, foi

marcada pela construção em larga escala de moradias, os conjuntos habitacionais

públicos ou de empreendimentos privados. A última etapa, na segunda metade da

década de 80, configura-se por menos construções, mas essas ocupam maior espaço

urbano.

Nesse processo de urbanização acelerado de Natal, e nem sempre planejado, a

ocupação do espaço foi marcado pela especulação mobiliária baseada na infraestrutura

que resultou da presença militar devido à 2ª Guerra Mundial. È importante lembrar que,

enquanto as classes altas e médias estabeleceram-se próximo às áreas beneficiada pelas

melhorias na infraestrutura, as classes baixas foram impelidas para áreas periféricas,

especificamente, para depois do Rio Potengi, a população da “Zona Norte”.