A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA COMO … · Segundo ela essas causas são...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA
FAMÍLIA COMO AUXÍLIO NA REDUÇÃO DO
FRACASSO ESCOLAR
Por: Ana Lídia Martins dos Santos
Orientador
Prof. Geni Lima
Rio de Janeiro
2011
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA
FAMÍLIA COMO AUXÍLIO NA REDUÇÃO DO
FRACASSO ESCOLAR
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Orientação
Educacional e Pedagógica
Por: Ana Lídia Martins dos Santos
3
AGRADECIMENTOS
Ao Deus de toda graça e misericórdia por ter me
proporcionado mais esta conquista. É Dele a honra e a
glória. A minha família pelo apoio e dedicação. Em
especial a minha querida mãezinha por não ter medido
esforços na contribuição de forma incisiva para a
realização de meu sonho.
4
DEDICATÓRIA
A Deus que por misericórdia e graça me
permitiu chegar até aqui.
5
RESUMO
O propósito deste trabalho é analisar a importância da participação da
família como auxílio na redução do fracasso escolar. Nossas análises
consistem em levantar os fatores que afastam os pais da escola e o que a
mesma pode estar realizando para conscientizá-los de sua importância.
Percebemos que o fracasso escolar sempre foi um grande problema que afeta
a nossa sociedade. A escola precisa do apoio e da contribuição da família para
lutar contra este problema.
Essa pesquisa foi desenvolvida em duas escolas Públicas situadas em
municípios diferentes com o intuito de verificar até que ponto as escolas tem as
famílias inseridas em seu contexto e o quanto as crianças são beneficiadas
com esta relação.
Adotamos a pesquisa de campo e uma observação participante, pois o
ambiente escolar já faz parte de nossa realidade.
O estudo em discussão traz à tona a reflexão a cerca do que as famílias
priorizam hoje; o que a escola pode fazer para se aproximar dos pais e a
comunidade e o quanto é importante que a família realmente esteja inserida na
escola e não só citada no Projeto Política Pedagógico.
6
METODOLOGIA
A fim de atender aos objetivos desta investigação, tendo como
referência a pesquisa qualitativa, buscamos desenvolver um trabalho de
pesquisa de campo. Demo (1991) observa que o cientista, em sua tarefa de
descobrir e criar necessita num primeiro momento questionar. E foi
questionando que definimos bem o nosso campo de interesse. Se estamos
falando da importância da participação da família na escola, como contribuição
na redução do fracasso escolar, nada mais óbvio é que o nosso local de
estudos seja a escola.
Há diversas formas de abordagem técnica do trabalho de campo.
Destacaremos a entrevista e a observação participante.
Segundo ANDRÉ:
“A observação é chamada participante porque parte do princípio de que o pesquisador tem sempre um grau de interação com a situação estudada, afetando-a e sendo por ela afetada e as entrevistas tem a finalidade de aprofundar as questões e esclarecer os problemas observados”. (1995, p.28)
A escolha da observação participante se deu pelo fato do campo
pesquisado já ser um local de muito interesse e ambiente de trabalho. A
entrevista é o procedimento mais comum no trabalho de campo, pois através
dela o pesquisador busca obter informações contidas na fala das pessoas
inseridas no campo pesquisado.
A pesquisa de campo foi feita nas escolas com os professores e pais de
alunos. A coleta de dados foi realizada através da observação e entrevistas,
importantes componentes da pesquisa qualitativa. Sempre com base teórica
para assim, ser possível olhar os dados dentro de um quadro de referência que
nos faz ir além do que simplesmente foi mostrado.
Para que a pesquisa obtivesse sucesso buscamos manter uma relação
de respeito efetivo pelas pessoas e pelas suas manifestações espontâneas. A
relação com os atores no campo, como observa Zaluar, implica no ato de
cultivarmos um envolvimento compreensivo, com uma participação marcante
7
em seus dramas diários (1985,). A autora diferencia essa posição de uma ação
paternalista e não respeitosa. Com esta afirmação fica claro que precisamos
sempre realizar a pesquisa não com a certeza de confirmar o que
supostamente acreditamos ser, mas compreender o campo como possibilidade
de novas revelações.
A entrevista
Para completar a coleta de dados, foi utilizada uma entrevista
estruturada, levando em consideração os objetivos propostos para pesquisa.
Segundo Chizzotti (1991), A entrevista é o procedimento mais usual no
trabalho de campo. Através dela, o pesquisador busca obter informes contidos
na fala dos atores sociais.
Com base nesses princípios, optamos por esse tipo de instrumento, a
fim de que surgissem informações sobre até que ponto tem sido priorizada a
participação da família na escola e o quanto a escola tem conseguido manter
esta aproximação com a família.
Foram elaborados dois questionários. O primeiro se destina aos
professores e o segundo aos pais. As perguntas foram elaboradas de forma
que contemplasse os pontos mais relevantes permitindo a análise concreta dos
dados.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................09
CAPÍTULO I - Fracasso escolar e a Orientação Educacional...........................10
CAPÍTULO II - Fracasso escolar: uma questão para a família e para a escola
...........................................................................................................................12
CAPÍTULO III – Análises das experiências obtidas no cotidiano escoloar........21 CONCLUSÃO....................................................................................................37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA........................................................................38
ANEXOS............................................................................................................40
ÍNDICE...............................................................................................................43
FOLHA DE AVALIAÇÃO....................................................................................44
9
INTRODUÇÃO
O fracasso escolar é um tema muito abordado pelos estudiosos da área
pedagógica. O nosso estudo se justifica por apresentar um assunto muito
pesquisado e questionado dentro deste tema. Muitos educadores e pedagogos
levantam a questão da importância da participação da família como auxílio na
redução do fracasso escolar, neste caso, julgamos oportuno apresentar um
estudo sistemático com base nas pesquisas e na coleta de dados, sempre com
um compromisso teórico-metodológico.
No livro, A Produção do Fracasso Escolar, Patto, analisa as raízes
históricas sobre o fracasso escolar, porém ressalta a influência das teorias
psicanalítica nas concepções sobre o que leva a dificuldade de aprendizagem.
Segundo ela essas causas são identificadas por instrumentos da psicologia
clínica de inspiração psicanalítica que buscam no ambiente familiar a razão do
desajuste infantil.
A pesquisa nos traz respostas e abre caminhos que podem ser trilhados
em busca de soluções. Acreditamos ser esta a verdadeira conquista de um
pesquisador: contribuir com seus estudos para a melhoria de vida de uma
sociedade e ao mesmo tempo ampliar seus conhecimentos e experiências.
10
CAPÍTULO I
FRACASSO ESCOLAR E A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
1.1Fracasso escolar: conceituação
Falar sobre fracasso escolar, nos traz a necessidade de relatar alguns
conceitos e pesquisas realizadas sobre o assunto. Porque antes mesmo de
partir para possíveis soluções temos que compreender o problema.
Segundo Álvaro Marchesi:
“falar de Fracasso escolar inicialmente pode nos levar a idéia de que o aluno não progrediu em nenhum aspecto durante sua trajetória escolar, ou oferecer uma imagem negativa do aluno, no entanto sabemos que o ser humano é capaz de adquirir conhecimentos no decorrer de toda a sua vida em todos os segmentos em que se envolve, seja no ambiente familiar, na sua comunidade ou na escola.”(2004,p.17)
Partindo desta afirmativa concluímos que por menor que seja o tempo
que o indivíduo permaneça na escola, ele terá novas experiências.
O informe da Organização para Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico (OCDE), após realizar um projeto sobre Fracasso Escolar, aponta
três manifestações diferentes sobre esse fenômeno: A primeira se refere a
alunos com baixo rendimento escolar, ou seja, aqueles que não alcançam um
nível mínimo de conhecimentos no decorrer de sua trajetória escolar. A
segunda se destina àqueles alunos que abandonam a carreira antes de
concluir o ciclo escolar ou terminam a educação sem o titulo abrangente. A
terceira aponta aqueles casos de alunos, que na idade adulta não conseguem
emprego por não terem uma preparação adequada.
É importante descrever o Fracasso Escolar e ir além, tentando
compreendê-lo na tentativa de formular estratégias que contribuam para a sua
redução. Neste caso daremos ênfase na importância da família e o quanto ela
pode contribuir com esta questão.
11
1.2 A Orientação Educacional e o fracasso escolar
Falando sobre Fracasso escolar devemos lembrar que em sua trajetória,
a Orientação Educacional atuava realizando trabalhos visando contribuir com
suas atribuições.Se o fracasso estava voltado para a questão das diferenças
individuais, as mesmas eram questionadas por meio de testes, provas,
questionários e etc.Quando era abordado como diferenças culturais os
Orientadores priorizavam trabalhar com grupos e não individualmente.
Quando surgiram questionamentos apontando para possíveis razões
dentro da escola que justificariam a presença do fracasso, coube a Orientação
trabalhar as relações interpessoais dentro da escola, ou seja, dando auxílio ao
professor e assistência aos alunos.
Grinspun diz:
“Queremos fazer nossa parte, especialmente junto aos
alunos e ao desenvolvimento do processo de
aprendizagem, socializando nossa particularidade, nossa
especificidade, mas contribuindo para que o espaço da
escola seja genericamente mais humano e não
individualmente desumano com quem atravessa – às
vezes sem ter a menor intenção – as portas do fracasso
escolar.”
O Orientador precisa estar pronto para assistir aos alunos em sua
necessidades, assessorar os professores em suas dúvidas, questionamentos e
em seus desafios. Disponibilizar espaço para que os alunos enriqueçam e
aprofundem seus conhecimentos tendo o suporte e a valorização necessária
para alcançar o sucesso.
12
CAPÍTULO II
FRACASSO ESCOLAR:UMA QUESTÃO PARA FAMÍLIA E PARA A
ESCOLA
2.1 O contexto escolar
A escola é um dos agentes de suma importância na vida da criança. Ela
contribui diretamente para a integração da mesma na sociedade, além claro da
família. É um elemento capaz de proporcionar um bom desenvolvimento de
uma socialização conveniente a criança, através de atividades dinamizadas e
em grupo, de forma que capacite o relacionamento e a participação ativa deles.
A criança precisa está envolvida com um grupo ou este a envolvê-la, a
fim de que o isolamento não interfira na sua aprendizagem. Crianças que
chegam na escola e apresentam um comportamento retraído, pode esta
sofrendo interferências do ambiente familiar ou não se sentindo a vontade na
própria escola.
O ambiente precisa ser preparado para receber as crianças,
principalmente os que irão estudar pela primeira vez, pois a criança está
acostumada com a sua casa, com pessoas do seu conhecimento e de repente,
se vê na escola cercada por pessoas desconhecidas, algumas crianças
terminam entrando em pânico nos primeiros dias, outras encaram a escola
como um fardo.
BOSSA diz:
“A escola lhe parece então um lugar enorme, frio e perigoso. Algumas vezes se adaptam bem a escola e aos novos colegas, mas de repente começam a lhe falar coisas que não entende e pior ainda começa a lhe pedir que faça coisas que não sabe fazer”(2000,p.58)
A escola precisa ser um lugar prazeroso, onde o aluno tenha a
satisfação de estar inserido em seu contexto. Ela deve estar pronta para
receber o aluno, de forma que ele sinta-se bem e um sujeito ativo nesta
instituição.
13
O reconhecimento das carências dos sistemas econômico, social e
familiar não pode nos levar a esquecer a responsabilidade específica que a
escola e os professores tem individualmente para combater o fracasso escolar.
É de responsabilidade da escola e dos professores, combater o fracasso
escolar. A escola não pode ficar de braços cruzados, se eximindo desta
situação que é evidente em nosso país. É preciso partir para o campo de ação
e fazer com que esta situação seja minimizada.
SOUZA afirma que:
“as dificuldades de aprendizagem aparecem quando a prática pedagógica diverge das necessidades dos alunos. Neste aspecto, sendo a aprendizagem significativa para o aluno, este tornar-se-á menos rígido, mais flexível, menos bloqueado, isto é, perceberá mais seus sentimentos, interesses, limitações e necessidades.” (1996)
A escola deve refletir sobre a origem e as conseqüências do fracasso
escolar e buscar se adequar às necessidades de seus alunos. Ela deve
apontar soluções que dependam dela, para que assim seja ela mesma capaz
de contribuir com a erradicação do problema.
PATTO afirma que:
É nas tramas do fazer e do viver o pedagógico cotidianamente nas escolas, que se pode perceber as reais razões do fracasso escolar advindas de meios socioculturais mais pobres.(1996)
Após um diagnóstico possível das causas do fracasso, cabe a escola
criar mecanismos capazes de agir sobre os obstáculos. Isto requer uma união
e interesse de todos envolvidos no contexto escolar. Deve-se criar um clima
amplamente aceito de estudos e de participação, nas quais existam
expectativas positivas em relação aos objetivos educacionais que foram
estabelecidos, e que se possa refletir sobre as opções educativas, sobre os
sistemas de avaliação e os métodos mais adequados para conseguir envolver
e motivar os alunos em suas aprendizagens.
FONSECA diz que:
“As dificuldades de aprendizagem aumentam na presença de escolas superlotadas e mal equipadas, carentes de materiais didáticos inovadores, além de freqüentemente contarem com muitos professores
14
derrotados e desmotivados. A escola não pode continuar ser uma fábrica de insucessos. Na escola, a criança deve ser amada, pois só assim se poderá considerar útil.” (1995)
Apesar das dificuldades enfrentadas pela escola hoje, principalmente as
públicas que atende a uma demanda muito grande de alunos de comunidades
carentes, é necessário repensar nossas práticas desenvolver políticas públicas
e buscar meios de atender melhor a população evitando a existência de salas
superlotadas e a falta de capacitação de professores. Deve-se criar
oportunidades de aperfeiçoamento dos professores e ampliar as escolas em
busca de um atendimento especializado e aprimorado que atenda as
necessidades dos alunos.
2.2 Um destaque para o contexto familiar
Nos dias atuais não podemos dizer que exista um modelo único de
família, que valoriza a divisão nítida de papéis.
“A família é um sistema ativo em transformação constante, um organismo complexo que se modifica no transcurso do tempo a fim de garantir a continuidade e o crescimento psicossocial de seus membros.”. (MIERMONT e cols, 1994, p.190)
A família é um sistema emocional que se move através do tempo.
Antigamente, era composta pela união de pessoas aparentadas que juntas
viviam na mesma casa. Atualmente e em muitos casos, podemos perceber que
já não é mais assim. Não é sempre que a criança é criada com a mãe e o pai
vivendo no mesmo teto, muitas vezes, os responsáveis por ela são os avós,
outros membros da família ou mesmo pais adotivos. Diante da complexibilidade
do nosso dia-a-dia, nota-se que novas configurações familiares estão surgindo
e fazem parte de nossa realidade. Devemos levar em consideração essas
diferenças e estar preparados para lidar com elas, pois o mais importante é que
15
a criança seja tratada com respeito e tenha acesso a educação e todas as
oportunidades que todo ser humano têm direito.
As famílias passam por graves problemas sociais e ultimamente estão
mais desestruturadas e perdidas na educação de seus filhos. Os problemas
sócio-econômicos interferem muito porque geram conflitos e contribui com a
evasão escolar. São atribuídos também outros fatores sociais que abalam esta
estrutura familiar, que pode ser: separação dos pais, mães que precisam
trabalhar para manter a família, pais alcoólatras, viciados em jogos ou drogas,
violência familiar, desemprego, enfim, inúmeros motivos levam a família ter
problemas e esses problemas refletirão na educação dos filhos, que muitas
vezes são tirados da escola muito antes de terminar o ano de escolaridade.
Se as condições sociais dos alunos se tornam um claro fator de risco de
fracasso escolar, é preciso impulsionar iniciativas que contribuam para resolver
a desvantagem social em que vive. Sabemos que esta questão envolve a
criação de políticas públicas e isto não é só uma questão para a família e a
escola. Na tentativa de fornecer alguma ajuda a escola pode tentar elevar o
nível educacional das famílias por meio de maior oferta de programas
formativos como; alfabetização, maior compreensão de seu funcionamento na
educação de seus filhos. Não resolveria o problema, porém garantiria o
acompanhamento melhor dos pais nas atividades escolares de seus filhos.
Permanecer ou não na escola diante das dificuldades implica uma
questão de valores. Quando questiono os valores, penso no que pode vir a ser
prioridade para os pais, e isso será passado para os filhos.
Segundo Cerveny: “Seria possível afirmar categoricamente que toda família
transmite o seu modelo, mesmo aquelas que cuidam para não o fazer” (1997,p.33)
Para a autora, não só os pais, mas todo o sistema familiar, estando aí
incluídas as gerações passadas, servem como modelo para a transmissão de
padrões comportamentais, que vão se repetir, podendo até pular alguma
geração, mas sendo encontrado nas subseqüentes.
Muitas crianças que são tiradas da escola para ajudar os pais em
lavouras ou realizar outro tipo de trabalho são apenas casos, de mais uma
geração a produzir o fracasso. Há, porém aqueles pais que por não terem
16
completado os anos de escolaridade, realizam todos os esforços para que seus
filhos tenham melhores oportunidades de estudo.
Alicia Fernandez observa que:
Cada família tem uma modalidade de aprendizagem, que
seria a maneira pela qual cada grupo familiar se aproxima
(ou se afasta) do saber. Esta modalidade seria passada
de pai para filho, determinando, assim, como as gerações
mais novas vão se relacionar com o conhecimento.
(1990, p.116)
Neste caso, se os pais têm a consciência da importância da sua
participação na escola e de sua parceria com a mesma e de quanto é
importante que seus filhos concluam os estudos, com certeza, serão mais
participativos.
2.3 Família e escola: uma relação indispensável.
A maneira pela qual cada família se aproxima ou se afasta do ambiente
escolar se diferencia uma das outras. Porém esta aproximação será
imprescindível para o progresso do aluno.
A família e a escola desempenham papel fundamental no processo
educativo. O contato direto, a participação familiar contribui para o crescimento
do espírito de integração, organização e cooperação, criando um ambiente
favorável ao trabalho pedagógico, caminhando assim para um ensino de
qualidade.
Quero te ver na escola Com meu professor Me ensinando a aprender Quero te ver na escola... (Música da campanha do Dia Nacional da Família na Escola, abril, 2001)
Antigamente a educação dos filhos era dever exclusivo da família, mas
devido às várias transformações da estrutura econômica e social, além de
cultural, como também, o aumento da complexibilidade da vida urbana,
17
sobretudo nas grandes cidades; as mulheres passaram a participar do mercado
de trabalho, conseqüentemente surge o aumento da divisão das
responsabilidades de criação dos filhos e provimento das famílias, deixando-se
a educação cada vez mais a cargo de sistemas extra familiares, como creches
e escola.
Não compete apenas à escola a função de educar, e sim, além de tudo,
á família, porque não importa a sobrecarga da vida moderna que esta possui.
O importante mesmo é a maneira como se estabelece a relação com os filhos.
A família e a escola têm tarefas importantes, distintas e
complementares. Cada uma dessas identidades deve ter a responsabilidade de
cumprir com seu papel. É um engano culpar apenas a família pelos problemas
de aprendizagem da criança, ou ao invés, culpar somente a escola pelo
fracasso escolar da criança.
A escola precisa da família para compreender o modelo funcional da
criança, seu estilo de aprendizagem e sua cultura. A partir desta compreensão
e sob outra ótica e estrutura funcional, trabalha com a criança, reorganizando e
adequando sua metodologia a favor da aprendizagem de seus alunos.
Para ter sucesso com a formação de seus filhos, as famílias precisam ter
uma parceria com a escola. Vemos freqüentemente, pais culpando a escola e
os professores pelo baixo rendimento de seus filhos. Costumam em
determinados casos, trocar a criança de escola até mais de uma vez. Quando
na verdade, a saída esta na medida de esforços conjuntos com a escola em
busca de promover o desenvolvimento da aprendizagem. Este é o objetivo de
ambos.
Apesar de ter objetivos em comum, a escola é uma instituição diferente
da família. Isto não pede ser confundido. A criança precisa das duas
instituições de forma diferente. Ela precisa entender essa diferença e se
apropriar dos saberes diferentes em situações diferentes e com pessoas que
não são de sua família.
É na escola que a criança amplia sua autonomia. A partir do momento
em que a criança sai de casa e vai pra escola, o contato que ela tem com os
outros alunos e com os professores permite a ela adquirir no ambiente escolar
18
conhecimentos que os pais não haviam passado para ela. Neste caso ela
começa construir conhecimento e aprendizagem em um contexto individual.
Segundo GROISMAN:
“Se escolhêssemos reduzir a problemática humana a uma só palavra, esta seria separação”,(...) pois o ser humano, mas para ser reconhecido em sua existência precisa separar-se”. (1996,p.149)
Esta separação se refere a identidade, que só pode ser adquirida
através de pertencimento e separação. Aprender faz parte da individuação e
requer que possamos nos separar pelo menos em parte, dos nossos pais e
construirmos um saber próprio.
O relacionamento entre a escola e a família é de fundamental
importância para evitar dificuldades, crises e stress de todos. A
responsabilidade de educar não é exclusivamente da família, nem da escola,
ambas precisam possuir a mesma diretriz e se valorizarem mutuamente, uma
não deve menosprezar a outra. Se a família atua sobre o indivíduo de forma
profunda e durante muito mais tempo, a escola possui também, condições
especiais para a formação especializada dos seus elementos, para influir sobre
esse indivíduo.
Daí a importância do entrosamento de cada instituição contribuindo com
sua própria experiência, na qual as diferentes áreas de atuação devem ser
respeitadas. Além do mais deve ser levada em consideração a autoridade de
cada um, e quando houver discordância é importante compreender e aceitar as
idéias contrárias, evitando com isso, que o aluno sofra conseqüências. Se o
objetivo é o aluno, a escola e a família devem respeitá-lo como um ser digno de
carinho e afeição, um indivíduo que se deve reconhecer o direito de optar, de
procurar seu caminho e viver uma vida própria.
O diálogo, o respeito mútuo, a identidade de atitudes serão da maior
importância para alcançar a meta comum de formação integral do educando.
Os professores precisam alertar os pais para a compreensão e aceitação da
criança em seus aspectos físico, emocional e social.
A parceria família-escola ajuda afastar as crianças das drogas e da
violência, e precisa ser permanente, transformando as escolas em centros
19
comunitários de cultura, esporte, lazer e paz. A cada dia que passa se torna
mais difícil a tarefa de educar, a escola sozinha não faz milagres, e por outro
lado as famílias também não.
Sabemos que são inúmeros motivos que levam a família a ter
problemas, e problemas esses que são refletidos sempre na escola, pois são
as crianças mais afetadas em tudo o que acontece, sabendo também que é no
espaço escolar onde os problemas se refletem, pois é o lugar que a criança se
sente também a vontade para extravasar seus sentimentos. A escola muita das
vezes é considerada uma válvula de escape da sociedade oprimida.
Veja o que diz GADOTT:
Muitos deles aí estão não porque se sintam estimulados a aprender, mas porque poderão fazer aí sua única refeição diária. A escola para esse aluno é um pequeno campo de concentração, onde ele se vê prisioneiro, guardado por policiais à paisana.( 2001, p. 125)
Outro motivo agravante são aqueles pais que ficam desempregados por
um espaço de tempo muito longo, não tendo como manter a família, muitas das
vezes, acabam por doar o filho ou simplesmente abandoná-lo à própria sorte,
criando um problema social muito grave que é o do menor abandonado. Nosso
país hoje enfrenta essa situação, pois milhares de crianças sem família
perambulam pelas ruas, procurando abrigo e alimentação. Estas crianças são
quase sempre problemáticas que irão tornar-se futuros delinqüentes, marcados
para toda a vida.
A escola deveria perceber como agir no sentido de transformar esta
nova geração e, ao mesmo tempo, preservar as conquistas sociais, para que a
injustiça social que sempre fez parte da nossa história, não se perpetue.
Muito embora os pais se preocupem com o desempenho escolar, muitas
das vezes deixam de passar alguns atributos pessoais para o filho, como
otimismo, ambição, adaptabilidade e persistência diante das dificuldades.
Percebe-se que há um grande índice de acomodação diante dos problemas da
vida.
Os pais, portanto são também professores importantes de uma criança.
Eles têm o poder de ajudá-la a superar os efeitos negativos da vida, ou seja, os
problemas que todos enfrentam. As famílias é quem oferece autoconfiança,
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determinação e criatividade que as crianças precisam para colocar suas
habilidades em uso efetivo.
O lar de uma criança é também o local onde ela aprende ou deixa de
aprender maneiras básicas de sobrevivência. Essa aprendizagem é levada por
ela para a escola, que tem a função de sistematizar seus conhecimentos
adquiridos dentro ou fora do contexto escolar.
O professor tem um papel muito importante a ser cumprido, ele passa a
ser o mediador em todas essas situações, ele age também como assistente
social e psicológico, faz muitas vezes o papel de pai ou mãe na vida de seu
aluno. É quem garante que a escola e a casa de seus alunos estejam
funcionando juntas para melhor desempenho escolar da criança.
21
CAPÍTULO III
ANÁLISES DAS EXPERIÊNCIAS OBTIDAS NO COTIDIANO ESCOLAR
3.1 O funcionamento do ambiente observado
A pesquisa de campo foi realizada em duas escolas públicas em
diferentes municípios no Estado do Rio de Janeiro. Buscamos pesquisar as
escolas e ouvir as famílias envolvidas.
O primeiro campo de nossa pesquisa foi a Escola Municipalizada
Oduvaldo Vianna Filho, situada no Município de Duque de Caxias tem seu
funcionamento em um prédio conhecido como (CIEP), antes pertencente ao
governo do Estado do Rio de Janeiro e que foi municipalizado pela prefeitura. É
uma escola de três turnos, com 20 turmas em cada um e atende os alunos da
Educação Infantil até o 5º Ano do Ensino Fundamental. A organização dos
alunos é feita de acordo com o nível de escolaridade.
Os alunos portadores de necessidades especiais são encaminhados a
sala de recursos, que funciona em dois horários com duas turmas. A escola
também oferece duas turmas para alunos surdos, com professores capacitados
para a função.
As atividades desenvolvidas na escola abrangem, desde a sala de aula
com os professores de cada turma, como também as atividades de Recreação
e Jogos, Ensino Religioso e Sala de Leitura. Estas três disciplinas destacadas
são realizadas por professores especializados, que atendem os alunos com 50
minutos de aula por turma.
Além de priorizar as atividades estipuladas na semana de planejamento,
que acontece sempre aproximadamente após as duas primeiras semanas de
aula com os alunos, outras atividades também são priorizadas: como o trabalho
com temas transversais, palestras e atividades diversificadas que envolvem a
comunidade em geral.
Existem muitos casos na escola de alunos repetentes, percebemos uma
preocupação por parte dos professores e da Equipe Pedagógica em
desenvolver atividades diferenciadas que despertassem o interesse desses
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alunos e melhorasse a auto-estima dos mesmos, a fim de evitar a evasão
escolar.
Essa preocupação é sempre dividida com os responsáveis, que são
chamados na escola e ficam a par das dificuldades de seus filhos. Notamos o
cuidado de alguns professores em reunir-se com os responsáveis com o
objetivo de saber mais sobre o universo de seus alunos fora do ambiente
escolar, procurando entender a razão de alguns comportamentos e dificuldades
apresentadas na escola.
Esses encontros entre professores e pais, proporcionam um
estreitamento afetivo e permite um reconhecimento maior das necessidades da
criança.
Os casos de indisciplina existem e não são poucos e os alunos são
encaminhados para os Orientadores Educacionais que realizam um trabalho
específico com eles, principalmente com a participação dos pais, a fim de
buscar as possíveis causas deste comportamento, para partindo desta
compreensão levantar possíveis soluções.
As reuniões de pais e mestre sempre contam com a participação da
Diretora e da Equipe Pedagógica da escola, que além de dar apoio, reforçam a
fala do professor. Muitas outras atividades acontecem na escola envolvendo a
participação dos pais, como: palestras, oficinas, etc.
A segunda escola pesquisada é a E. M. Alzira Vargas do Amaral
Peixoto, situada no Município de Magé. A escola tem seu funcionamento em
prédio próprio, e atua também em três turnos.
No primeiro turno atende alunos do 2º segmento, no segundo turno
atende alunos do 1º segmento e no terceiro turno trabalha com a modalidade
de Educação Jovens e Adultos. Como nossa pesquisa esta voltada para as
séries iniciais, as atenções se voltaram para o desenvolvimento geral da escola
no segundo turno.
Há na escola quinze turmas do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. As
turmas de Alfabetização possuem no máximo trinta alunos e as outras turmas a
quantidade fica em torno de trinta e cinco alunos.
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A escola no momento não oferece atividades extra-classe. Os temas
transversais são trabalhados pelos professores da turma, porém há uma
preocupação em trabalhar interdisciplinaridade.
São realizadas reuniões de professores com freqüência com o intuito de
orientá-los na elaboração de atividades e das provas contextualizas. A escola
por meio de estudos e debates, assume a concepção de ensino aprendizagem
sociointeracionista, ou seja, o conhecimento é construído pela interação do
sujeito com o meio social, e a sua apropriação se afetiva por meio da
articulação entre os conceitos cotidiano científicos.
Aos alunos com dificuldade de aprendizagem são oferecidas aulas de
reforço após o horário normal das aulas no intervalo dos turnos.
A família é inserida no contexto escolar nas reuniões de pais e mestres e
em atividades desenvolvidas pela escola com a finalidade de integração. No
mês de março aconteceu a “Semana da Família na Escola”. Nesta
oportunidade os pais puderam expressar opiniões sobre o funcionamento
escolar, conhecer os professores de seus filhos e participar da construção do
Projeto Político Pedagógico da escola.
Há uma preocupação tanto por parte administrativa e pedagógica da
escola, quanto por parte dos professores em notificar aos pais e pedir-lhes
apoio em casos de indisciplina e dificuldades de aprendizagem. Há um
reconhecimento da importância da família na escola como um valor somatório
em busca do sucesso dos alunos.
Não foi apresentado nenhum caso de evasão escolar ainda neste ano.
Percebemos uma grande preocupação da direção da equipe escolar quanto a
este assunto e ao mesmo tempo a satisfação por parte deles.
O fracasso escolar é evidenciado nesta escola no aspecto do
rendimento do aluno. Há muitos casos de repetência. Muitos alunos ficam
reprovados inúmeras vezes outros só conseguem completar o primeiro
segmento na Modalidade de Educação Jovens e Adultos, porque completam
15 anos e são transferidos para o Noturno.
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A escola vem priorizando a busca de métodos que vão de encontro as
necessidades dos alunos e conta com a participação da escola para resolver
esta situação.
3.2 O Projeto Político Pedagógico das escolas analisadas
Atualmente, as questões da escola ultrapassam a escolha de métodos,
conteúdos de ensino e objetivos possíveis de serem medidos. A escola precisa
resgatar sua função social e buscar soluções para a dicotomia escola-vida. É a
escola quem sistematiza os conhecimentos adquiridos nos diversos ambientes
freqüentados pela criança, a fim de prepará-lo para a vida. Sendo assim, é
preciso investir em um planejamento original e efetivo do grupo, valorizando o
diálogo, a participação e a construção da consciência crítica.
Segundo GANDIN:
“O planejamento deve ser visto como um ato político, é hora de tomada de decisões, de resgate dos princípios que embasam a prática pedagógica. Mas, para chegar a isto, é preciso atribuir-lhe valor, acreditar nele, sentir que planejar faz sentido, que é preciso”. (1986)
O planejamento participativo é a melhor forma de desenvolver o projeto
político pedagógico da escola, porque conta com a união de todos
empenhados e comprometidos com o trabalho.
As informações contidas no Projeto Político Pedagógico de cada escola
observada nos fizeram crer que foi construído por toda comunidade escolar,
com a tentativa de resgatar o sentido humano, libertador do planejamento, que
baseado em ética e em compromisso é um instrumento de transformação. O
exercício de construção envolvendo toda a comunidade é fundamental para
alimentar uma prática mais consistente, pois exige reflexão coletiva e
fundamentação teórica que amplie a visão do grupo para que perceba as
relações entre a escola, a família e a comunidade em geral.
Dentre os objetivos relacionados no Projeto da Escola M. Oduvaldo
Vianna Filho, destacamos os seguintes:
25
• Desenvolver o senso crítico do aluno, construindo valores de
justiça, solidariedade, dignidade, respeitando a sua
individualidade, estimulando a sua criatividade e autonomia.
• Proporcionar condições para que a escola seja um espaço para
troca de experiências entre o educando. Troca esta de
aprendizagem coletiva, de descoberta e de socialização das
descobertas.
• Desenvolver relações interpessoais fraternas, sem preconceito de
origem, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação,
resgatando valores éticos, morais e espirituais, essenciais a
formação humana e para um convívio fraterno.
Há uma preocupação da escola com a questão do desrespeito entre os
seres humanos. Diante deste contexto, a educação deve convergir para a
transformação desta sociedade, o ideal é fazer dos alunos indivíduos capazes
de solucionarem seus problemas e se tornarem sensíveis aos problemas dos
outros tomando-se por base a questão da ética que é o caminho para a
cidadania.
No Projeto fica clara a dificuldade de atingir os ideais programados pela
escola, que justifica esta dificuldade afirmando que os alunos são o reflexo da
localidade onde moram. Percebe-se então a importância da conscientização
desta comunidade no sentido de despertá-la para a responsabilidade na ação
de um agente transformador da sociedade.
Para reverter esse quadro, a proposta relatada no Projeto é que a escola
continue tentando integrar cada vez mais a comunidade, promovendo
encontros, reuniões, oficinas, palestras, desenvolvendo projetos onde a
participação da família é fundamental. Estes encontros são mais explorados na
ocasião de datas comemorativas, época em que a família se vê mais
estimulada a participar. Outra oportunidade é o desenvolvimento do Conselho
escolar e o Programa “Amigos da Escola” que proporciona uma maior
aproximação de pais representantes. Esses pais auxiliam nas necessidades da
escola-comunidade.
26
A grande maioria dos alunos desta escola vem de famílias carentes, não
só do ponto de vista sócio-econômico, mas principalmente do afetivo-
emocional. São frutos de uma falta de estrutura familiar, desvinculados de um
referencial, resultando em uma baixa auto-estima que dificulta o seu
desenvolvimento cognitivo e social.
Tendo em vista as dificuldades e necessidades da comunidade escolar,
a escola reconhece que deve contribuir para o resgate da qualidade de
interação entre pessoas que são inseridas no processo educativo.
É enfatizado categoricamente no PPP da E. M. Oduvaldo Vianna a
importância das discussões intensas para a criação deste projeto, envolvendo
professores, responsáveis, funcionários, alunos e equipe administrativo-
técnico-pedagógica, pois há uma conscientização por parte de todos que juntos
devem colaborar para alcançar um objetivo comum que é o sucesso escolar.
Os objetivos centrais expostos no Projeto Político Pedagógico da Escola
M. Alzira Vargas do Amaral Peixoto é:
• Propiciar ao educando a formação de um cidadão autônomo,
crítico, tendo como características à capacidade de argumentação
sólida, através de uma educação construtivista e
psicopedagógica, porque valoriza uma aprendizagem significativa
e compreensiva em relação aos modos de conhecer o novo.
• Dar condições para que o educando desenvolva suas
potencialidades como ser pensante, social e humano.
A escola acredita no resgate dos valores humanos, na possibilidade de
integrar alunos e comunidade a uma nova visão de mundo, de sociedade e
sempre tratando com muita ética para que a formação da cidadania de seus
alunos seja bem estruturada, sólida, permanente e flexível diante da
diversidade.
Há um espaço destinado as normas a serem seguidas por todos os
segmentos. Em especial destacamos as normas ditadas concernentes aos pais
ou responsáveis dos alunos:
• Comparecer à escola, quando solicitado;
27
• Acompanhar e participar da vida escolar de seu filho (observar
cadernos, bilhetes e boletins informativos);
• Solicitar a direção ou orientação pedagógica, o agendamento de
entrevista com o professor do qual necessita conversar a respeito
da vida escolar do educando;
• Manter-se informado e integrar-se das atividades administrativas
e pedagógicas referentes ao ano letivo da escola.
Este é o único item que enfatiza mais sobre a família. Há uma
preocupação maior com o currículo e a relação professor e aluno. Quanto ao
baixo rendimento escolar de muitos alunos, que é um sintoma de fracasso
escolar muito evidenciado nesta escola, o PPP diz que os conteúdos não
assimilados pelos alunos serão retomados. Isto será realizado através de
trabalhos em sala de aula e a distância com posterior correção e discussão.
Conforme a disponibilidade de sala de aula e de tempo do professor e
do aluno será administrada aulas em turno oposto para recuperação de
conteúdos e notas, caso essa recuperação seja feita antes do lançamento da
nota do diário.
3.3 Análise das escolas e das entrevistas
Após realização da pesquisa de campo, julgamos importante relacionar
as experiências adquiridas no ambiente pesquisado e a coleta de dados
obtidos através da observação participante e de questionários, com as
afirmações de autores relatados no primeiro capítulo.
Apesar do objetivo maior de nossa pesquisa está diretamente
relacionado à família, é fundamental analisar a escola e seu funcionamento.
Mesmo porque o contexto escolar é o palco onde acontece a interação da
família e a escola.
Tomando por base a afirmativa de Marchesi, (2004, P.17) pra ele “o
fracasso escolar não pode ser somado a idéia de que o aluno não progrediu
em nenhum aspecto.” Percebemos que por menor que seja o tempo que o
indivíduo permaneça na escola ele sempre assimilará algum conhecimento.
28
É por esta razão que a escola deve estar engajada em prover meios
de reduzir os índices de fracasso escolar em nosso país. Já está mais que
provado que a participação da família contribui e muito com esta redução. As
famílias que procuram uma relação mais estreita e participativa com a escola
têm o orgulho de vê seus filhos bem sucedidos nos estudos.
Quando conceituamos fracasso relacionamos o informe da OCDE
(Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), que aponta
três manifestações diferentes sobre este fenômeno. Alunos com baixo
rendimento escolar; Alunos que alcançam um nível mínimo de conhecimentos
no decorrer de sua trajetória escolar; e Alunos que abandonam carreira antes
mesmo de terminar o ciclo escolar.
Nas observações feitas no campo de nossa pesquisa, podemos
constatar os três tipos de fracassos. Apesar de ser mais evidentes os casos de
alunos com baixo rendimento. É claro que vemos a preocupação e o esforço
por parte dos professores, da Equipe Administrativa e Pedagógica da escola.
Os alunos da Escola M. Oduvaldo Vianna com baixo rendimento
escolar, recebem uma maior atenção na Recuperação Paralela, o professor e a
Equipe Pedagógica solicitam a presença do responsável para que juntos
possam encontrar as melhores estratégias, com a finalidade de ir de encontro
às necessidades dos alunos.
Já os alunos da Escola M. Alzira Vargas recebem um atendimento
separado em horários diferentes da aula normal, geralmente entre os turnos e
de acordo com a disponibilidade do professor e do aluno.
Na primeira escola citada, segundo alguns professores é comum
encontrar antes mesmo do final do 1º semestre, casos de evasão escolar em
quase todas as turmas da escola. A Equipe de Orientação Educacional é
ativada e imediatamente convoca a presença dos responsáveis na escola. Em
alguns casos é preciso fazer uma visita na residência da criança ou pedir para
um colega de classe que more mais próximo entregar a convocação por escrito
aos pais devido ao não comparecimento dos mesmos. Com esta ação a escola
tem conseguido fazer com que alguns alunos retornem a Unidade Escolar.
29
Um bom exemplo está na turma do professor Cristiano um de nossos
entrevistados, ele relata que de cinco casos de evasão acontecidos neste ano,
dois já foram solucionados. Sabemos que não é o suficiente, porém um bom
começo.
O professor Cristiano leciona na Escola M. Oduvaldo Vianna Filho a
turma 504, no 3º turno, com 36 alunos freqüentando. Há dois anos, ele está
trabalhando nesta escola. Quando lhe interroguei sobre a importância da
participação da família na escola, ele respondeu que “todo o processo
educacional deve ser acompanhado pela família, sem esse acompanhamento a
maior parte do que é trabalhado se perde. As crianças seguem exemplos e
ordens, quando ambos faltam dentro de casa, elas fazem o que julgam ser
melhor. Estudar está entre as últimas coisas”.
Ele continua dizendo que: ”Assim como a turma deste município e de
outro que trabalho, existem alguns pais preocupados e participativos, porém a
grande maioria julga que a escola deve resolver todas as questões escolares
sozinha”.
Sobre a participação dos pais nas reuniões bimestrais ele diz: “A maioria
falta. Os motivos são variados. Algumas mães trabalham e só aparecem em
casa no final de semana, outros pais acham que é perda de tempo. É
interessante ressaltar que a maioria das vezes, os pais que comparecem não
mereciam escutar as verdades que falo. Os que precisam, faltam”.
Quanto à assiduidade, a grande maioria de seus alunos é assídua,
entretanto se refere a uns seis casos.
Conclui a entrevista com o professor, perguntando quais medidas, ele
enquanto professor tomaria para contribuir com a redução do fracasso? A
resposta foi a seguinte: “Apontar medidas é algo extremamente difícil, porque a
situação das famílias é muito precária. Como somos pacientes e agentes da
situação, a melhor medida é conscientizar a todos da importância de fazer o
melhor, se doar pela causa. Começando por nós professores”.
Outros professores desta mesma escola foram entrevistados, dentre
eles destacaremos mais um:
30
A professora Aline trabalha com a turma 501. Trata-se do 5º ano do
Ensino Fundamental, turma com 34 alunos.
Para ela “A família é de total importância no processo ensino
aprendizagem, pois o aluno precisa sentir-se motivado. Essa motivação só se
concretiza através da união entre a escola e a família”.
Sobre a participação dos pais ela relata que “A maioria dos pais de
meus alunos só aparecem quando solicitados. Há também alguns casos de
responsáveis que mesmo sendo solicitada sua presença, não comparece à
escola”.
A professora diz que este ano já tem casos de evasão escolar em sua
turma, porém não especifica quantos.
Com relação a medidas a serem tomadas para extinguir o quadro de
evasão escolar, sua opinião é “A escola juntamente com o Conselho Tutelar
devem tomar medidas cabais para resolver este problema, tais quais:
conversas, advertências, incentivos financeiros aos pais que retificaram suas
atitudes errôneas e, ao mesmo tempo, incentivar o aluno a conhecer horizontes
novos e motivados, para que ele sinta prazer de estar no ambiente escolar
Apesar do índice de evasão escolar ser evidente nesta escola notamos
que há um trabalho árduo e significativo da equipe de Orientação Educacional
da escola. O que torna a evasão um problema constante é a comunidade
carente e a ausência dos pais em casa já que precisam trabalhar e não
proporcionam a atenção devida e tão necessária aos filhos. Na segunda escola
pesquisada o índice de evasão é quase inexistente. A comunidade também é
carente, porém demonstra priorizar a presença dos filhos na escola. Há alguns
casos de mães que, mesmo estando trabalhando em cidades distantes e
ficando fora de casa durante toda a semana, ligam do trabalho para saber
como está o desenvolvimento de seus filhos na escola. Sabemos que só isto
não é o suficiente, porém esta preocupação traz mais segurança para a
criança.
Nas entrevistas endereçadas aos professores da Escola M. Alzira
Vargas, percebemos que o fracasso se evidencia quanto ao rendimento dos
alunos. Vejamos o que diz alguns professores:
31
A professora Maria Helena trabalha com uma turma do 4º ano do Ensino
Fundamental, com 32 alunos.
Para a professora “É através da participação da família que o aluno se
sente mais motivado a participar com responsabilidade de todas as tarefas
solicitadas pelo professor”.
Sobre a participação dos pais ela diz que “Na maioria das vezes só
procuram a escola quando são solicitados ou no final do ano, dependendo do
resultado. Porém uma coisa é certa: os alunos que têm pais participativos,
rendem mais”.
Ela não relata casos de evasão escolar, neste ano em sua turma, e diz
que eles gostam de estar na escola.
Sobre as medidas que a escola pode tomar para erradicar o problema
da evasão, a professora sugere: “A elaboração de um trabalho de
conscientização por parte da escola, e em casos mais graves chamar a família
para uma conversa, caso haja persistência, acionar o conselho tutelar”.
A professora Fátima trabalha com alunos do 3º ano do Ensino
Fundamental nesta mesma escola.
Ela diz que “a participação da família faz com que a criança adquire
responsabilidade. A cobrança faz com que a criança desenvolva as tarefas com
competência”.
Ela relata que “os pais de seus alunos só aparecem quando são
solicitados. Nem todos comparecem as reuniões bimestrais e apresentam
desculpas diversas. Isso contribui para que os alunos relaxem nos estudos”.
Segundo a professora não existe casos de evasão escolar em sua
turma neste ano. Os alunos não são faltosos, exceto aqueles que a mãe
trabalha durante a semana e só chega em casa na sexta-feira. Ela termina
dizendo que há algumas exceções, são casos de mães que estão sempre na
escola e quando se sentem impossibilitadas de comparecer ligam para ter
informações dos filhos.
Algumas iniciativas são tomadas pelas escolas com a finalidade de
incentivar a presença da família no contexto escolar. Na Escola M. Oduvaldo
32
Vianna Filho são realizadas atividades que contam com a presença e
participação da família.
As datas comemorativas e a Semana Literária são exemplos que
podemos citar. Inclusive tem o dia do Café Literário destinado aos pais dos
alunos e liderado pela equipe de Sala de Leitura. Outras atividades também
são realizadas como encontros, reuniões, oficinas, palestras e etc.
No Projeto Político Pedagógico da escola está registrado a existência
de um Conselho Escolar. Para compor este conselho são escolhidos pais
representantes de cada turma da escola. Eles participam dando sugestões e
ajudam na organização das tarefas escolares,
Dentre os pais entrevistados nesta escola destacaremos a D.Cristina,
mãe do Ryan aluno do 3º ano de escolaridade.
Ela diz que a presença dos pais na escola estimula o aprendizado dos
filhos e a freqüência dos mesmos.
Ela afirma que vai com freqüência a escola de seu filho e já participou
de várias atividades desenvolvidas pela mesma, principalmente nas datas
comemorativas.
A entrevistada afirma que participou da construção do Projeto Político
Pedagógico indo as reuniões para a construção do mesmo. Diz também que já
precisou questionar algumas vezes e sempre foi muito bem recebida.
Na Escola M. Alzira Vargas do Amaral Peixoto também foram
priorizadas várias atividades envolvendo a participação dos pais. A primeira
delas foi logo ao início do ano. Trata-se da “Semana da Família na escola”.
Esta semana antecedeu o início das aulas. Foram realizadas
atividades variadas como palestras sobre a Aids, a Dengue e Oficinas de Artes.
Nesta semana reuniram-se pais, professores, orientadores e os demais
funcionários da escola para discutirem sobre o Projeto Político Pedagógico
elaborado no ano anterior e fazer as reformas necessárias de acordo com a
opinião de todos.
Analisando esta atividade, depois das entrevistas pudemos constatar
que o plano de ação da escola foi muito fragilizado. Mesmo porque estava claro
o intuito político envolvido. Muitos dos entrevistados nos disseram que a
33
atividade foi criada com a intenção maior de trazer a família para a escola e
fomentar os princípios ideológicos do governo local.
Louise Stoll (2004,p.197) fala que:”são várias as influências
contextuais externas sobre a capacidade interna da escola. As mais
importantes são:a comunidade local, a comunidade no sentido mais amplo, a
ação e o “tom” político.”
Na verdade a melhoria da escola simplesmente apresenta mais
desafios em determinados contextos externos. O importante é não deixar de
priorizar o aluno e os subsídios primordiais para o seu sucesso escolar.
Outra estratégia utilizada pela escola é o Programa “Amigos da
Escola”, onde são escolhidos pais representantes. Esses pais ajudam
diariamente, contribuindo com o bom funcionamento da escola. É também uma
chance de estarem mais próximos de seus filhos.
Quando observamos a situação carente das famílias da comunidade
em que a escola observada está inserida, percebemos que muitos procuram a
escola como refúgio. Gadott (2001) já dizia que “muitos alunos não aprendem
pois vão a escola porque podem fazer nela sua única refeição diária.”
É possível realmente constatar que muitas vezes a escola é
considerada uma válvula de escape da sociedade oprimida.
Para esses alunos o melhor momento de estar na escola é a hora da
merenda, onde podem ser observados com os olhos brilhando de felicidade e
por qualquer motivo o sorriso logo é estampado em cada face.
Na Unidade Escolar pesquisada, os pais são regularmente convidados
para assistirem aulas junto com seus filhos, o objetivo é colaborar no trabalho
de sala de aula. O resultado não é sempre satisfatório pois a maioria não
atende a este pedido da escola.
Buscando entender as dificuldades da participação ativa da família,
enfatizamos no capítulo 1 que a situação econômica é um dos fatores
contribuintes para o fracasso escolar.
Na grande parte das famílias entrevistadas, os pais trabalham fora. As
mães precisam trabalhar para ajudar na renda familiar.
34
É o caso da Dona Rosângela, mãe da Juliana, aluna do 2º ano do
Ensino Fundamental e de Fábio aluno do 5º ano. Ela trabalha para ajudar na
renda da família. Passa a semana toda fora de casa e não tem tempo para ir
na escola participar de reuniões e acompanhar seus filhos nas atividades de
casa.
D. Rosângela conta que sempre liga para a escola para saber dos
filhos, principalmente de Fábio que já está na adolescência e tem apresentado
problemas em seu comportamento.
A mãe diz ter consciência que apenas ligar para saber dos filhos não
tem sido suficiente e que o mais ideal seria se ela tivesse em casa todos os
dias e pudesse dar mais atenção para eles.
A declaração desta mãe vem confirmar que muitas vezes o problema
do fracasso não depende só da família ou da escola. A responsabilidade recai
também sobre o governo, a sociedade em geral, a falta de políticas públicas,
enfim, deve haver uma mobilização de todos na luta pela redução do fracasso
escolar.
Outra questão que muito aflige são os inúmeros casos de pais
separados e de mães que levam duramente o fardo de única responsável pelo
sustento da família e pela educação dos filhos. Ou pais que deixam ao encargo
dos avós toda a responsabilidade de educar os filhos.
A Dona Roseli Ribeiro é avó do Nicolas, aluno do 5º ano do Ensino
Fundamental. Ela cria o neto desde seu nascimento,já que os pais são
separados e moram em Estados diferentes.
Ela diz que sempre procura está informada sobre o desempenho do
neto na escola. Quando tem alguma atividade que é convidada a participar,
sempre fez questão de comparecer.
Quanto ao Projeto Político Pedagógico ela desconhece. Quando
perguntei se tem liberdade para questionar quando necessário ela declarou ser
uma pessoa muito sincera e que por ter uma ótima relação com a professora
de seu neto tudo se torna mais fácil.
35
Quanto a importância da participação ativa da família na escola, D.
Roseli diz “que a família deve estar integrada dia-a-dia com a criança a fim de
dar o apoio de que ela precisa.”
São realizadas reuniões bimestrais ou sempre que há necessidade,
onde cada professora juntamente com a diretora e a Equipe de Orientação
Pedagógica discute com os pais dos alunos, problemas que acontecem em
sala de aula e que poderão ser solucionados pelo grupo.
Esta interação é preciosa, pois permite a escola conhecer mais sobre o
modelo funcional da criança, seu estilo de aprendizagem e sua cultura.
Jullgamos relevante finalizar com o relato de mais uma mãe.
D. Glaucia, mãe de Pedro Henrique, aluno do 4º ano do ensino
Fundamental e da Thayz, aluna do 5º ano, diz: “Acho muito importante a
participação da família na escola. Porque desde o momento em que a família
participa da vida escolar de seu filho, o estimula a gostar da escola e a ter
interesse em aprender, a tirar boas notas. Porque se a família é participativa,
ela pode questionar tudo que acontece no ambiente escolar”.
Quando perguntei se ela vai com freqüência a escola de seus filhos, a
resposta foi:”Sim apesar de morar próximo a escola e os meus filhos já
poderem ir sozinhos, não abro mão de levá-los todos os dias. Com isto
conheço os colegas, professores e as companhias deles”.
Quanto a participação de atividades desenvolvidas na escola, a mãe
diz que pouco participou. Ela afirma que a escola costuma desenvolver
atividades de integração familiar mas as vezes peca na divulgação destas
atividades.
D. Gláucia diz que auxilia seus filhos nas atividades de casa, pois julga
ser importantíssimo. Sobre a “Semana da família na Escola” – atividade que a
escola afirma ter desenvolvido na última semana do mês de fevereiro– ela
relata não saber do acontecido.
Sobre a construção do PPP da escola ela fala: “Nunca participei,
porém o dia em que for aberto esse espaço pra mim, gostaria muito de
participar”.
36
A entrevistada diz que se sente à vontade para questionar quando
acha necessário e sempre encontra profissionais competentes para ouvi-la e
lidar com certas situações que acontecem na escola.
A participação dos pais na escola precisa ser contínua. Ao
examinarmos o PPP da escola é comum vermos nele registrado a presença de
todos envolvidos no contexto escolar, entre eles representantes da família. Na
verdade a prática nos denuncia que nem tudo é tão perfeito assim. É raro
encontrarmos responsáveis que tenha participado da construção do Projeto e
são poucos os que participam continuamente das atividades programadas pela
escola.
O resultado desta deficiência é a dificuldade dos alunos de progredir
em seu desenvolvimento escolar. São alunos que não apresentam um
rendimento satisfatório, outros que ao invés de estar na escola perambulam
nas ruas.
É necessário que a escola e as famílias estejam unidas, mesmo
sabendo que não depende só de ambas o sucesso dos alunos, porém esta
junção já é um ótimo começo e contribui para que os alunos se sintam mais
seguros nesta longa estrada.
37
CONCLUSÃO
Após os expostos nos suportes teóricos e os dados coletados e
analisados na pesquisa, podemos verificar que apesar de não ser as únicas
responsáveis pelo sucesso dos alunos, a escola e a família têm papel
primordial nesta conquista.
A família por ser a primeira comunidade que a criança automaticamente
se insere, é aonde ela vai adquirir os primeiros conhecimentos e hábitos de sua
vida e isto a influenciará em seu modo de viver e agir na sociedade.
A escola por sua vez, é o lugar onde o aluno sistematiza os
conhecimentos adquiridos no ambiente familiar e no convívio com a sociedade.
Ela precisa está preparada para receber esta criança e auxiliar nas possíveis
dificuldades que seu aluno venha enfrentar no decorrer do período.
Para que tudo concorra com o progresso deste aluno, é preciso que
tanto a escola quanto a família tenham a consciência de que juntas serão mais
precisas nas ações tão necessárias para a aprendizagem significativa dos
alunos.
Quando decidimos pesquisar sobre a importância da família na escola
para contribuir com a redução do fracasso escolar, logo nos veio à intenção de
compreender os fatores que contribui com o afastamento dos pais de alunos do
ambiente escolar.
Nas análises feitas após a coleta de dados, ficou claro que a situação
econômica das famílias tem contribuído muito com o afastamento dos
responsáveis das crianças da escola. Isso porque mães que outrora ficavam
em casa cuidando de seus filhos ou trabalhavam menos priorizando um tempo
para se dedicar no acompanhamento deles na escola, se vêem hoje obrigadas
a trabalhar arduamente e em horário integral para ajudar no orçamento familiar.
Outro fator intrigante é o caso de pais separados que acabam não dando
a atenção devida mais para os filhos ou até deixam toda a responsabilidade a
encargo dos avós. Estes que já estão calejados pelas circunstâncias dos
muitos anos de lutas na criação de seus filhos, não desfrutam da mesma
paciência e vigor da juventude. Isto resulta em uma deficiência no atendimento
38
e atenção de que tanto a criança precisa principalmente no que diz respeito a
sua vida escolar.
Outra questão relevante que precisa ser citada é que a escola além de
desenvolver atividades que envolvam a família do aluno, necessita realizar uma
divulgação maior e mais precisa.
É neste momento que se apresenta a necessidade das ações do
Orientador Educacional que deve estar envolvido diretamente no cotidiano
escolar, observando as ocorrências, pois elas refletem os fatores ocorridos na
escola e na família. Sabemos que nossos alunos trazem consigo um acúmulo
de experiências adquiridas fora do ambiente escolar que influi no
comportamento e nas reações deles dentro da escola.
Cabe ao Orientador, uma vez inserido na realidade do dia a dia dos
alunos, fazer uma análise juntamente com os professores, para que juntos
tenham uma visão mais objetiva desta realidade.
Para isto torna-se importante o Projeto Político Pedagógico da Escola,
pois o Orientador, além de fazer parte da construção deste Projeto, precisa
estar compromissado em colocar em prática tudo que foi planejado, garantindo
a qualidade e o bom andamento de todo o processo.
Para mergulhar no universo de nossos alunos e entender suas
necessidades e o que os leva ao fracasso é essencial conhecer as famílias, a
comunidade e inseri-las no contexto escolar, mostrar-lhes que a escola precisa
desta parceria para alcançar o sucesso. Desenvolver atividades onde a
participação dos responsáveis se torne evidente, precisa e motivadora. Esta
tem que ser a visão tanto do Orientador, quanto do professor e da Direção da
escola.
No decorrer de nossa pesquisa podemos observar muitos casos de
responsáveis de alunos que não foram informados das atividades
desenvolvidas na escola que teriam de ter a participação deles. Entre essas
atividades inclui o Projeto Político Pedagógico. Muitos responsáveis ainda
desconhecem o PPP, porém quando interrogados, demonstraram interesses
em participar e expressar opiniões. Esta é uma realidade que precisa ser
banida das nossas escolas. Fala-se muito da participação da família, mas na
39
realidade o cotidiano de muitas escolas nos aponta uma situação diferente, nos
mostra um discurso bonito que não é colocado em prática. Isto justifica os
muitos fracassos de nossos alunos.
Sabemos que são muitos os fatores que podem contribuir com o
afastamento da família na escola. Por esta razão é necessário que a escola
desenvolva ações para bani-los, isto é, dentro de suas possibilidades.
É necessário que a escola seja mais eficiente na divulgação de suas
atividades que envolvem as famílias. É essencial que a conscientização da
participação da família e da comunidade não seja somente expressa no PPP,
mas que seja real na prática e no cotidiano.
Assim estaremos seguros e convictos de nossa contribuição para que
nossos alunos permaneçam na escola, desenvolvendo uma aprendizagem
significativa e de sucesso, sem o fantasma da evasão escolar!
40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da Prática Escolar. 6ª ed. Campinas: Papirus, 1995. BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. CERVENY, C; BERTHOUD, C. M. E; & Col. Família e Ciclo de Vida. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997. CHIZZOTTI, A. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. São Paulo, Cortez, 1991. DEMO, P. Pesquisa: princípio cientifico e educativo. São Paulo, Cortez/ Autores Associados, 1991. FERNANDEZ, A. Inteligência Aprisionada. Porto Alegre: Artmed, 1990. FONSECA, V. Introdução as dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Medicas, 1995. GADOTTI, M. Educação e Poder: Introdução a pedagogia do conflito. São Paulo, Cortez, 2001. GANDIN. Planejamento como Prática Educativa, 1986. GRINSPUN, Mírian P. S. Zippin. A Orientação Educacional: Conflito e paradigmas e alternativas para a escola. São Paulo, Cortez, 2006 GROISMAN, M; LOBO, M; & CAVOUR, R. Histórias Dramáticas. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1996. LDB. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Art. 2°. MARCHESI, A; GIL, C. H. Fracasso escolar uma perspectiva multicultural. Porto Alegre: Artmed, 2004. PATTO, M. H. S. A produção do fracasso escolar: história de submissão e rebeldia. São Paulo: T. A. Queiroz, 1996. POLITY, E. Dificuldade de Aprendizagem e Família: construindo novas narrativas. 1ª ed. Editora Vetor, 2001.
41
STOLL, L. Fracasso Escolar uma perspectiva multicultural. Porto Alegre: Artemed, 2004. ZALVAR, A. O antropólogo e os pobres: introdução metodológica e afetiva. In: A máquina e a revolta. São Paulo, Brasiliense, 1985.
42
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Questionário para pais de alunos. Anexo 1 >> Questionário para professores.
43
ANEXO 1
Prezado Responsável Esta é uma pesquisa que contribuirá para o nosso trabalho de Conclusão de Curso de Graduação, conto com sua colaboração respondendo as questões abaixo: Nome:_________________________________________________________ Nome do filho(s) estudante(s):______________________________________ Escola:_________________________________________________________ Série:________ 1)Você vai com freqüência na escola de seu(s) filho(s)? Justifique:__________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ 2)Você já participou de alguma atividade desenvolvida na escola? Qual?_____ _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3)Como é a sua relação com a professora (professores) de seu(s) filho(s)?___ _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4)Você auxilia ou acompanha seu(s) filho(s) nas atividades de casa?________ _______________________________________________________________ 5)Você participou da semana da família na escola? Caso tenha participado, expresse sua opinião sobre as atividades desenvolvidas nestes dias:________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6)Você participou da construção do PPP da escola de seu filho?____________ _______________________________________________________________ 7)Você se sente a vontade para questionar quando acha necessário? _______________________________________________________________
8)Você acha importante a participação ativa da família na escola? Por quê?___ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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ANEXO 2 Prezado Professor: Esta é uma pesquisa que contribuirá para o nosso trabalho de Conclusão de Curso de Graduação, conto com sua colaboração respondendo as questões abaixo: Escola:_________________________________________________________Nome:__________________________________________________________ Série que leciona:_________________________________________________ Grau de escolaridade:______________________________________________ 1)Os pais de seus alunos são participativos ou só aparecem quando solicitados? ______________________________________________________________________________________________________________________________ 2)E nas reuniões de responsáveis, todos comparecem?___________________
3)Você percebe a participação dos pais nas atividades desenvolvidas fora do ambiente escolar?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4)Existe já neste ano, casos de evasão escolar em sua sala?______________ 5) Em sua opinião, quais medidas poderiam ser tomadas neste caso?_______ ______________________________________________________________________________________________________________________________ 6)E quanto a assiduidade de seus alunos?_____________________________ _______________________________________________________________ 7)Como é sua relação com os pais de seus alunos?______________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ 8)Qual a importância da participação da família na escola?________________
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO.............................................................................................2
AGRADECIMENTOS...........................................................................................3
DEDICATÓRIA....................................................................................................4
RESUMO.............................................................................................................5
METODOLOGIA..................................................................................................6
SUMÁRIO............................................................................................................8
INTRODUÇÃO.....................................................................................................9
CAPÍTULO I
Fracasso escolar e a Orientação educacional..................................................10
1.1 –Fracasso escolar :conceituação......................................................10
1.2 – A Orientação Educacional e o fracasso escolar.............................11
CAPÍTULO II
Fracasso escolar: uma questão para a família e para a escola........................12
2.1 – O contexto escolar.........................................................................12
2.2 – Um destaque para o contexto familiar............................................14
2.3 – Família e escola: uma relação indispensável.................................16
CAPÍTULO III
Análises das experiências obtidas no cotidiano escolar....................................21
3.1 O funcionamento do ambiente observado...................................................21
3.2 O Projeto Político Pedagógico das escolas analisadas...............................24
3.3 Análise das escolas e das entrevistas.........................................................27
CONCLUSÃO....................................................................................................37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA........................................................................40
ANEXOS............................................................................................................42
ÍNDICE...............................................................................................................45