A IMPORTÂNCIA DA LEITURA N A FORMAÇÃO DO...

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1 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO FIDELIS, Humberto Wagner (RU 908683) 1 CYNTHIA, Maria Martins Werpachowski 2 RESUMO Este trabalho buscou através de revisão bibliográfica, expor ideias sobre a necessidade da leitura como ferramenta fundamental para a humanização. Pode-se verificar seus resultados, mediante a contribuição de vários outros autores e pela inserção de outros textos que vieram de encontro com o assunto, tal como o breve histórico da literatura; que por sua vez trouxe informações sobre a evolução da sociedade, tendo como auxílio a literatura, que, proporcionando a leitura resultou em avanços intelectuais dando origem as primeiras invenções tecnológicas. Ao final apresentou-se um texto sobre a migração da literatura para um espaço bastante complexo e essencial nos dias de hoje; o espaço virtual. Discorreu-se sobre sua função, uso e seu impacto na sociedade. Tudo isso veio de encontro com a ideia principal, que buscou mostrar como o ato da informatização pode desenvolver certas aptidões e até mesmo o gosto pela leitura sendo o espaço virtual bem utilizado e as pessoas bem orientadas, o que resultou como tarefa principal para professores e pais. Palavras-chave: Literatura. Tecnologia. Leitura INTRODUÇÃO Fala-se muito do poder da leitura e do ato de ler, porém uma pequena porcentagem dos brasileiros são leitores assíduos. Nota-se que o problema da falta do hábito da leitura pode acarretar alguns problemas na inserção no mercado de trabalho e atuar como cidadão. Ler é se informar, e informação é o que mais se encontra disponível neste século. Porém, muitos jovens e crianças, que são foco deste trabalho, simplesmente não sabem lidar com a informação, principalmente quando se trata do espaço virtual. Dentro deste espaço, existem vários usurpadores de tempo e que facilmente prendem a atenção dos internautas; dentre estes vilões de tempo estão: redes sociais, sites de exibição de vídeos caseiros e profissionais, programas televisionados, rádio etc. O espaço virtual que é visto como um problema é na realidade mal explorado, pois, pode ser um grande aliado, afinal, trata-se apenas de uma 1 Aluno do curso de licenciatura em Letras. Trabalho apresentado como requisito parcial para Conclusão do Curso de Letras do Centro Universitário Internacional UNINTER no 1º Semestre de 2015 2 Professor Orientador do Centro Universitário Internacional UNINTER.

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A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO

FIDELIS, Humberto Wagner (RU 908683)1

CYNTHIA, Maria Martins Werpachowski 2

RESUMO

Este trabalho buscou através de revisão bibliográfica, expor ideias sobre a necessidade da leitura como ferramenta fundamental para a humanização. Pode-se verificar seus resultados, mediante a contribuição de vários outros autores e pela inserção de outros textos que vieram de encontro com o assunto, tal como o breve histórico da literatura; que por sua vez trouxe informações sobre a evolução da sociedade, tendo como auxílio a literatura, que, proporcionando a leitura resultou em avanços intelectuais dando origem as primeiras invenções tecnológicas. Ao final apresentou-se um texto sobre a migração da literatura para um espaço bastante complexo e essencial nos dias de hoje; o espaço virtual. Discorreu-se sobre sua função, uso e seu impacto na sociedade. Tudo isso veio de encontro com a ideia principal, que buscou mostrar como o ato da informatização pode desenvolver certas aptidões e até mesmo o gosto pela leitura sendo o espaço virtual bem utilizado e as pessoas bem orientadas, o que resultou como tarefa principal para professores e pais. Palavras-chave: Literatura. Tecnologia. Leitura

INTRODUÇÃO Fala-se muito do poder da leitura e do ato de ler, porém uma pequena

porcentagem dos brasileiros são leitores assíduos. Nota-se que o problema da

falta do hábito da leitura pode acarretar alguns problemas na inserção no

mercado de trabalho e atuar como cidadão. Ler é se informar, e informação é o

que mais se encontra disponível neste século. Porém, muitos jovens e

crianças, que são foco deste trabalho, simplesmente não sabem lidar com a

informação, principalmente quando se trata do espaço virtual. Dentro deste

espaço, existem vários usurpadores de tempo e que facilmente prendem a

atenção dos internautas; dentre estes vilões de tempo estão: redes sociais,

sites de exibição de vídeos caseiros e profissionais, programas televisionados,

rádio etc. O espaço virtual que é visto como um problema é na realidade mal

explorado, pois, pode ser um grande aliado, afinal, trata-se apenas de uma 1 Aluno do curso de licenciatura em Letras. Trabalho apresentado como requisito parcial para Conclusão do Curso de Letras do Centro Universitário Internacional UNINTER no 1º Semestre de 2015 2 Professor Orientador do Centro Universitário Internacional UNINTER.

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ferramenta e cabem aqueles que gerenciam mal o tempo despendido em tal

espaço filtrar a informação e reeducar-se em relação ao uso da mesma.

Este artigo, através de uma revisão bibliográfica, apresentará reflexões

que vem de encontro com o problema da má utilização da informação,

sugerindo o que pode ser feito para ajudar na solução deste problema.

Primeiramente, discorrer-se-á um texto sobre a importância da leitura e como

ela é impactante no futuro de um indivíduo; principalmente aqueles que estão

começando a atuar como cidadãos e precisam de certas habilidades para

engajar-se nas atividades sociais, posicionar-se diante de questões diversas do

dia-a-dia etc. Sendo assim, explicitar-se-á como o ato de ler é essencial na

construção de saberes que garanta o desenvolvimento pleno de um indivíduo.

Reforçando a ideia da necessidade de ler, seguirá um texto sobre uma

breve história da literatura, tendo como foco as mudanças causadas por esta

necessidade nos séculos anteriores, e como o contexto sociohistórico foi

afetado com tais mudanças. O objetivo é convidar o leitor a refletir como o

exercício da leitura aparentemente simples, pôde provocar mudanças de

proporções imensuráveis no passado, as quais ainda afetam o nosso presente.

Ao final, discorrer-se-á como se encontra a literatura atualmente, e como

está disponibilizada nos dias de hoje, dentro e fora do espaço virtual;

salientando como seus valores se fundiram com este ambiente não físico,

expondo em geral as várias formas de manifestação que a mesma adquiriu na

atualidade em ambos os espaços, considerando as mudanças provocadas por

este ajustamento à era digital. 1. Leitura e literatura

Os textos literários bem aplicados em atividades de leitura tendem a

desenvolver muito os alunos, pelo fato de trabalhar muito a emoção e a razão,

fugindo dos textos habituais. Nos dias de hoje, estes textos podem apresentar-

se de várias formas diferentes que fazem parte do cotidiano dos estudantes,

além de livros físicos. Segundo Graça Paulino apud Costa (2007, p.68).

Entendendo a leitura, num enfoque semiótico, como a interpretação e a atribuição de sentidos aos textos da realidade, aí compreendidos a publicidade, os quadrinhos, a televisão, o cinema, a música, o hipertexto, por exemplo, o

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professor não pode desprezar textos visuais e auditivos que compõe indissoluvelmente o cotidiano dos alunos, já que não são veículos e/ ou produtos passageiros. Instalaram-se na vida deles, e nela ocupam um espaço-tempo muito maior do que a leitura de textos e de livros.

Ler é importante para desenvolver o senso crítico do aluno, para que o mesmo possa romper com os limites impostos pela falta de informação e pensar de forma mais reflexiva a fim de alcançar novos patamares ao que diz respeito ao ato de pensar. De acordo com Regina Zilberman apud Jauss (2010, p.41).

A experiência da leitura pode liberá-lo [o leitor] de adaptações, prejuízos e apertos de sua vida, obrigando-o a uma nova percepção das coisas. O horizonte de expectativas da literatura distingue-se do horizonte de expectativas da vida prática histórica, porque não só conserva experiências passadas, mas também antecipa a possibilidade irrealizada, alarga o campo limitado do comportamento social a novos desejos, aspirações e objetivos e com isso abre caminho à experiência futura.

1.1 Humanização através da literatura

Discorre-se muito sobre literatura em nosso meio social, porém, o que se

entende por literatura pela maioria das pessoas é que trata-se de livros de

ficção com textos descritivos, narrativos, poesias etc. Devido a isso, este texto

inicia-se com uma definição do que é literatura. O termo literatura foi utilizado a

partir do final do século XVIII para classificar textos como sendo de natureza

imaginativa e inventada, e é utilizado pela maioria até os dias de hoje. Porém, a

literatura pode ser vista de outra forma também. Segundo Costa (p.16) Em alguns ambientes profissionais, o termo literatura pode se referir aos livros que trazem textos que tratam de áreas profissionais específicas. Assim, por exemplo, fala-se em literatura médica ou jurídica em referência aos textos escritos sobre esses assuntos.

Pode-se observar, portanto, que textos literários estão além da invenção,

abrangendo para assuntos sérios e reais no nosso mundo.

A seguir serão apresentados argumentos que enfatizam o porquê da

leitura e seus benefícios. Atualmente, estamos expostos a muita tecnologia e

consequentemente informação. Os jovens de hoje são atraídos por jogos

eletrônicos, redes sociais, músicas, filmes e séries televisionadas, internet,

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celulares, etc. Porém, são poucos os alunos que se interessam por livros, ou

leituras em geral.

Observa-se a falta de interesse principalmente entre os adolescentes, e

o agravamento na periferia. Esse tipo de conteúdo citado acima é muitas vezes

vilão e usurpador de tempo quando mal administrado. Um dos responsáveis

pela difusão de todo esse conteúdo é a indústria, que tem como finalidade

vender seu produto. Para que isso ocorra, a mesma propaga sua mensagem

que mais se parece com uma lavagem cerebral cheia de comandos embutidos.

Sendo assim, a indústria cinematográfica, televisiva, telefônica,

computacional e também as modinhas difundidas nas redes sociais moldam os

futuros cidadãos, levando-os a uma profunda perda de tempo com conteúdo

inútil, que tem como proposta modelar o comportamento humano,

principalmente através das telenovelas. Tal proposta pode ser verificada, uma

vez que um indivíduo faça uma análise crítica de como a mídia em geral

permeia sua vida. Enquanto isso, a indústria de material impresso fica sempre

para trás num nível baixo. Segundo Zilberman (p.9) No Brasil, o nível de consumo de material impresso – isto é, o nível de leitura sempre foi baixo. A elevada taxa de analfabetismo até pouco tempo atrás, o reduzido poder aquisitivo de boa parte da população, a ausência de uma política cultural contínua e eficiente, a influência cada vez maior dos meios audiovisuais de comunicação de massa – eis alguns fatores relacionados ao problema, tornando-o mais agudo. Zilberman ainda continua(p.10) Existe a tarefa de enfrentar a concorrência dos meios de comunicação de massa, que, mais competentes e industrializados, capturam uma audiência jamais alcançada, nem mesmo em valores relativos, pela literatura ou qualquer outro material dependente da transmissão pela escrita.

Esse é um problema real que enfrentamos atualmente, e para muitos pais é um

problema invisível, porque não percebem como a mídia manipula o

comportamento de seus filhos. Isso se dá às vezes, pela falta de estrutura dos

próprios pais, que, não tiveram estudo apropriado e tampouco foram

estimulados a ler. Este fator torna a formação de leitores ainda mais deficitária.

De acordo com Descartes (1596 a 1650) ‘’A leitura de todos bons livros é como uma conversa com os melhores espíritos dos séculos passados, que foram seus autores, e é uma conversa estudada, na qual eles nos revelam seus melhores pensamentos’’

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Portanto, a leitura é antes de tudo a melhor forma de construção de

saberes, e isto a torna muito importante, porque contribui para a construção de

um cidadão pensante e de opinião própria, ou seja, uma pessoa capaz de

formar opiniões fundamentadas em sua própria visão de mundo e experiências.

E é exatamente contra a moldagem feita pela mídia na sociedade, que, a

leitura ajuda como um sistema de defesa da própria mente contra ideias

tendenciosas.

Deve-se ler de forma habitual, pois a leitura aumenta significantemente o

poder de compreensão e de inferência do indivíduo. À medida que o campo de

compreensão se torna mais abrangente, faz com que o indivíduo seja mais

questionador já que constrói melhores bases argumentativas com a prática da

leitura, porque uma boa leitura vai além de uma simples decodificação de

palavras, é de fato compreender o que está sendo dito pelo autor, pois

entende-se que a leitura é uma interação social entre leitor e autor. Segundo Costa apud Solé (p.46) ‘’ aprender a ler também significa aprender a ser ativo ante a leitura, ter objetivos para ela, se auto interrogar sobre o conteúdo e sobre a própria compreensão. Em suma, significa aprender a ser ativo, curioso e a exercer controle sobre a própria aprendizagem. ’’

Um indivíduo que pratica a leitura, além de se tornar mais ativo, de

aprender a se comunicar com o autor através do livro, aumenta

significativamente o seu conhecimento, agregando mais informações sobre

assuntos distintos e variados que podem ser úteis em algum momento da vida.

A contribuição para a melhora significativa da escrita e do vocabulário é outro

fator a ser salientado, pois ambas as habilidades expandem-se

simultaneamente.

Essas habilidades contribuem para uma melhor articulação,

entendimento mais rápido ao ler um texto, autoconfiança ao se expressar e

consequentemente vai contribuir para uma escrita mais apurada. Na interação

social isto é muito importante, porque é através da linguagem que se dá

sentido ao mundo, as coisas que permeiam a nossa realidade e principalmente,

a comunicação com o próximo. Para Terra (p.34) o domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade de plena participação social, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento.

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Então, salienta-se a importância da comunicação eficaz, porque

indivíduos de comunicação ineficiente tendem a ficar as margens da

sociedade, encontrando dificuldades para se inserir no mercado de trabalho.

Deve-se levar em consideração também o preconceito linguístico que sofrem

da sociedade, por não falarem e escreverem bem.

Portanto, comunicar-se de forma eficaz, tanto verbalmente quanto em

escrita, fazendo uso de um bom vocabulário e dispor-se de um conhecimento

de mundo mais amplo, são alguns dos fatores que facilitam a convivência em

sociedade, no que se refere às áreas mais dependentes de tais habilidades tal

como o mercado de trabalho. Segundo Hartmann e Santarosa apud Bakhtin

(p.58) ‘’A língua penetra na vida através dos enunciados concretos que a

realizam, e é também através dos enunciados concretos que a vida penetra na

língua’’. O hábito da leitura, portanto, contribui não somente para que se

desenvolvam habilidades, mas também, corrobora com o estímulo mental, para

que o cérebro se mantenha saudável e forte.

O indivíduo que tem o hábito de ler, quando inicia a leitura de um livro de

ficção, com uma história envolvente entra em um estado de relaxamento e se

distrai. Ainda que seja escapismo, e há quem diga que telenovelas e seriados

seriam relaxantes da mesma forma, nenhuma dessas programações poderia

substituir o livro em questão de qualidade, pois no momento da leitura o

cérebro está mais ativo, o leitor está aprendendo novas palavras e articulações

feitas pelo autor, faz uma viagem de uma maneira única, porque as imagens

mentais que são criadas na mente no momento da leitura é algo bastante

subjetivo, porque fica por conta do leitor.

O desenvolvimento da memória é outro fator que vale a pena ser

salientado também. Quando se estuda um determinado assunto, é necessário

que se recorde de tudo que foi dito antes para que se possa dar seguimento ao

entendimento do assunto. Isso também vale para livros de literatura ficcional,

onde é necessário lembrar-se do nome dos personagens e as situações que

ocorreram anteriormente, para que não se perca no enredo ao continuar a

história, então, o ato intenso da leitura proporciona o armazenamento de

informações e isso possibilita o treino para a memória, tornando a mente mais

aguçada e aumentando o poder de concentração.

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O mundo contemporâneo promove cotidianamente diversas atividades

dispersantes proporcionadas pela televisão, rádio e principalmente ao usar o

computador, porque o mesmo oferece várias outras atividades que podem ser

executadas ao mesmo tempo, de forma dispersiva, fazendo com que nenhuma

das atividades sejam executadas adequadamente. Já com o livro isso não

acontece, pois ele oferece apenas o conteúdo contido.

Por último, mas não menos importante, é essencial lembrar que a

prática de ler, de questionar e buscar respostas na leitura torna o leitor um

pensador crítico ao longo da vida. Alguém que concorde ou discorde do autor

baseando-se em argumentos mais sólidos, ou seja, um cidadão leitor que

tenha opiniões próprias, e que também saiba mudá-las diante de novos

argumentos e evidências. Para Cotrim (p.80) crítico quer dizer que julga e avalia uma ideia com cuidado e profundidade, buscando suas origens, sua coerência, seu âmbito de validez, seus limites, entre outros detalhes. A consciência filosófica é, portanto, uma consciência crítica por excelência, pois trata de não deixar nada fora do seu exame, nem mesmo a própria consciência.

E é este tipo de cidadão de senso crítico, de espírito filosófico

emancipado que a sociedade precisa para que não caía sob o domínio da

mídia, para não ser manipulado pelo próprio governo, que saiba questionar e

criticar com argumentos sólidos. Isto é necessário para que se tenha uma

sociedade mais responsável, menos preconceituosa, com cidadãos de mente

aberta, que saibam conhecer a si mesmo e o próximo.

Todas estas habilidades citadas podem ser adquiridas através da leitura.

São habilidades importantes para sobreviver nesta sociedade competitiva,

desenfreada, segregativa, sedenta por progresso, onde a informação é poder.

Para encontrar o próprio caminho é necessário muita reflexão, mas, não é

possível refletir sobre coisas que não é do conhecimento de quem deseja fazê-

lo, se falta informação, não há como um indivíduo comparar um ponto de vista

com outro, o que logo o torna refém de quem tem mais informação. E é por

isso que ler é um ato emancipatório, porque, liberta a consciência das trevas da

ignorância.

No próximo tópico apresentar-se-á um contraponto entre a literatura

clássica e contemporânea, para que se possa ter uma ideia da evolução da

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literatura através do tempo e como ela permeia a vida das pessoas

transformando-as, a começar por uma curta história da literatura e sua

interação com as pessoas. 2. Breve histórico da literatura clássica e contemporânea brasileira

A palavra literatura vem do latim ‘’littera’’ que quer dizer letra. Embora

este termo tenha aparecido no século XVIII, não quer dizer que a literatura só

existiu a partir deste século. A literatura começa no mundo desde um período

remoto, a época das cavernas, quando integrantes das tribos contavam

histórias de como eram as caças, principalmente oralmente, e mais tarde

através de pinturas rupestres. Num futuro mais distante, a literatura passou a

ser mais cultivada na Babilônia, Egito, Grécia e Roma. Na Grécia, a literatura

era ensinada desde a infância. Segundo Zilberman (p.24) no século V a.C., os meninos, até a idade de 14 anos, iam a escola e aprendiam quatro assuntos básicos: grammatike (linguagem), mousike (literatura),logistike (aritmética) e gumnastike (atletism). Por sua vez, foi no século IV a.C. que ‘’ o trânsito ao costume de ler livros, em vez de escutá-los, teve lugar [...]; mais ou menos a partir dos anos sessenta houve um público leitor em Atenas.

Porém, na Idade Média, uma era dominada pela igreja, o hábito de ler tornou-

se um privilégio para poucos. A maioria das obras produzidas foram voltadas

para a grandeza de Deus, ou seja, literatura religiosa; onde se escrevia sobre

santos e autos, diminuindo assim a variedade literária. De acordo com ULBRA (universidade luterana do Brasil) na obra: estratégias de literatura em língua portuguesa (p.20), na idade média não houve, pelo menos nos primeiros séculos, uma alteração muito grande quanto aos modos de leitura, tendo em vista que o controle total da Igreja Católica sobre a sociedade impedia que houvesse um desenvolvimento da educação, consequentemente, da leitura entre as camadas mais baixas da população. A leitura se tornou privilégio dos monges, que exerciam a função de copistas de novos livros e também de guardiões da herança cultural greco-romana. O conhecimento ficava restrito as bibliotecas e às salas de leitura dos monastérios e círculos adstritos a certos extratos da sociedade medieval.

Na renascença a literatura voltou as suas raízes com toda força. O

Renascimento surge entre os séculos XIV e XVII na civilização europeia, com a

intenção de reviver a literatura clássica greco-romana. Era um renascimento

que se opunha a igreja.

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Com a invenção da impressora em 1440, por Johannes Gutemberg, a

história dos livros e da literatura mudou drasticamente, alterando também a

vida das pessoas. Desta época segue-se para o iluminismo, a época da razão,

e também da revolução científica. A França foi o berço do iluminismo devido à

grande concentração de escritores, livros e pensadores. Nesta época as

pessoas tinham muito mais acesso a literatura e ao ensino. De acordo com ULBRA (universidade luterana do Brasil) apud Jane V. Curran, (p.21) a alfabetização na época iluminista ultrapassa os estudos dos eruditos, sendo que a leitura se torna um passatempo público devido à circulação crescente dos livros. Curran também aponta para o fato de que as pessoas deixavam de lado os textos devocionais procurando outros tipos de leitura.

Esta foi uma curta história da literatura e dos livros também. Pôde-se

verificar sua a evolução principalmente na Europa. Percebe-se como o ato de

ler contribuiu para criação de livros e a impressora, que ainda é utilizada nos

dias de hoje. Seguindo com está história, chegamos ao Brasil. Como surgiu a

literatura no Brasil? A saber.

No século XVI, período renascentista, a história da literatura no Brasil

(literatura do viajante) tem início no quinhentismo, com a chegada dos

portugueses para colonizar e explorar as riquezas brasileiras.

Um dos tipos de texto desta época é chamado de literatura informativa,

porque os primeiros textos produzidos eram de caráter informativo? Com traços

descritivos, porque tudo que era visto pelos viajantes e missionários era

relatado para informar a nobreza sobre o novo mundo. Estes textos não foram

escritos por brasileiros, mas, eram sobre o Brasil, sua fauna, flora, belezas e o

povo que aqui habitava. São documentos de grande valor histórico, porém de

baixo valor literário.

Dentre esses textos, a carta de Caminha escrita por Pero Vaz de

Caminha é uma das mais importantes e não pode deixar de ser citada, pois é

considerada a certidão de nascimento de nosso país. Nela estão registradas as

primeiras impressões sobre a terra que posteriormente se chamaria Brasil. De acordo com Rheinheimer(p.17) a carta dava notícias, portanto informativa sobre os mais diversos aspectos observados por Caminha, foi ela que inaugurou, assim, a literatura de informação, integrando os textos fundamentadores desse período literário. Os outros autores que fazem parte desse período, também produziram textos considerados informativos.

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O Padre José de Anchieta destacou-se na literatura Jesuítica que era

uma literatura formadora de novos cristãos. Era um momento em que a Igreja

católica precisava reagir contra a reforma protestante, o que foi chamado de

contra reforma católica. Para isso eram utilizados poemas, autos, sermões,

cartas e hinos e dramatização para facilitar a catequização dos índios. De acordo com Bosi (p.22) quanto aos autos atribuídos a Anchieta, deve-se insistir na sua menor autonomia estética: São obras pedagógicas, que chegam a empregar ora o português, ora o tupi, conforme o interesse ou o grau de compreensão do público a doutrinar. Formalmente, o teatro jesuítico nessa fase missionária inicial, está preso à tradição ibérica dos vilancicos, que se cantavam por ocasião das festas religiosas mais importantes.

Portanto, o quinhentismo foi uma das épocas que mais marcou o Brasil, sendo

assim, uma das mais importantes para nossa história.

O período barroco, no século VXII, ainda é marcado pela contra reforma,

onde a igreja retoma as raízes da idade média. Uma época de conflitos

espirituais, angústia existencial onde o homem se encontrava dividido entre as

coisas mundanas e a salvação de sua alma. O que acabou influenciando na

produção literária, como por exemplo, o cultismo, que estava diretamente

ligado ao formalismo nos textos, tornando-os mais rebuscados e deixando-os

mais complexos. Outro tipo de texto era o de conceptismo, que trazia além de

complexidade, novas ideias, que remetia mais ao ato de pensar.

O século XVIII foi marcado pelo Neoclassicismo ou Arcadismo. Século

das luzes (iluminismo), da Revolução Francesa, Revolução Industrial, e a

Independência Americana. No Brasil foi marcado pelo ciclo de mineração do

ouro, inconfidência mineira a expulsão dos Jesuítas, das esculturas de

Aleijadinho e o ciclo literário que deu início às primeiras escolas. É um período

que tem características contrárias as características barrocas onde busca-se a

simplicidade, a razão, bucolismo (harmonia com a natureza).

Quanto à literatura da época, a imitação dos clássicos greco-romanos foi

um fator que influenciou muito na produção literária, fazendo com que várias

palavras em latim fossem usadas. Os dois tipos de produção literária desta

época foram os textos líricos, poemas que expressavam o bucolismo e

simplicidade, e os textos épicos, obras que contam um grande feito, um grande

acontecimento.

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Século XIV, século do romantismo, do sentimento, do nacionalismo,

historicamente marcado por uma maior influencia da revolução francesa, que

nos deixou o legado da liberdade, Ascenção da burguesia, a chegada da

família real (1808). Minas Gerais deixa de ser o centro econômico e o Rio De

Janeiro passa ser a capital, e ocorre a independência do Brasil (1822).

A liberdade de expressão influenciou muito na literatura, porque os

autores podiam escrever e imprimir o que quisessem, ganhando um novo

público leitor. Segundo Rheinheimer (p.116) o romantismo brasileiro, seguindo o modelo europeu, trilhou caminhos parecidos. Exaltou o lado sentimental e emocional do homem, a subjetividade foi exacerbadamente romântica e se preocupou com problemas sociais.

Pode-se dizer que esta foi a época do afloramento sentimental na Europa e no

Brasil.

Ainda por volta do final do século XIV, surge o realismo, que tem a

característica anti-romantismo como sendo principal, fazendo com que a

literatura romântica entrasse em declínio junto com seus ideais. Seu contexto

histórico é marcado pela Revolução Industrial, Segundo reinado (D. Pedro II),

abolição da escravatura (1888) e a Proclamação da República (1889). Passa-

se a ter novos valores tal como engajamento social e político, novas ideologias,

teorias científicas, questionamento das instituições religiosas.

A literatura e também as artes plásticas foram voltadas para o realismo,

ou seja, salientar a realidade da sociedade, os principais problemas sociais e

conflitos humanos da época. Tinha características de objetividade;

verossimilhança, descritivismo, razão, observação e análise. Para Rheinheimer (p.25) neste mundo ‘’racionalista’’ não havia, então, espaço para os ‘’heróis românticos’’. As personagens dos romances representavam a objetividade procurada em um universo voltado para o ‘’mundo real’’, sem subjetivismo, sem idealizações.

No final do século XIV houve o período do parnasianismo, um período

literário exclusivamente poético. Os autores poéticos usavam uma linguagem

rebuscada e vocabulário culto. Diziam fazer a arte pela arte e não mais

retratavam os problemas sociais, tornando-se poesias vagas, sem

profundidade, era até mesmo chamada de literatura alienada, pois o intuito era

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buscar o poema perfeito, independente de qualquer valor sentimental. Outras

características dessa literatura são: objetividade, impessoalidade, descritiva,

preciosismo vocábulo; uso constante de palavras nada usuais o que tornava a

leitura muito difícil de compreender.

Ainda no final do século XIX surge o simbolismo (anti-parnasiano), que

volta com a subjetividade, porém volta de forma mais abstrata e sugestiva.

Obras tinham caráter subjetivo, musical, místico e espiritual; valorizando muito

os mistérios da morte e dos sonhos. Para Ledo (p.85, 2001) simbolismo

representa um movimento de atitude pura e subjetiva; importa ao simbolista o

seu estado de alma, a emoção interior.

Surge no início do século XX o pré-modernismo, que é um período

marcado pela transição, o advento do modernismo que veio a acontecer em

1922 com a semana da arte moderna. É uma época marcada pelo

regionalismo, positivismo, busca pelos valores mais tradicionais, utilização de

uma linguagem menos rebuscada, e a atenção mais voltada para os problemas

sociais tal como o desejo de redescoberta do Brasil, visto como pobre, doente,

ignorado e esquecido.

Uma tentativa de reinterpretação do atraso social e o da miséria, a fim

de salientar os problemas sociais com mais profundidade. Estes eram os temas

da maioria dos autores nesta época, artes que denunciavam a realidade e

protestavam e criticavam contra a mesma.

O modernismo como já foi mencionado, começou em 1922 na semana

da arte moderna, que aqui será ainda mais sintetizado devido a sua extensa

história, que se divide em duas gerações de escritores. Seu contexto histórico é

marcado pela crise econômica, revolta tenentista, fundação do partido

comunista. São Paulo surge como centro cultural e econômico e principalmente

pela semana da arte moderna que ocorreu na primeira geração. De acordo com Rheinheimer (p.29) por meio de suas produções literárias, estes escritores propunham uma nova visão – ao mesmo tempo que uma revisão da história do Brasil, eles o fizeram com espírito de humor, com o uso da sátira, a paródia, e com uma linguagem mais próxima dos falares do povo.

Estes foram os períodos que mais marcaram o Brasil, tanto em um

contexto histórico como no contexto literário. Foram citadas várias

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características literárias que contribuíram para a mudança do modo de pensar

e de agir das pessoas.

Escrever tornou-se, então, uma maneira de se expressar, externar

certos conflitos internos e paixões, usado também para transformar as

pessoas, como foi o caso dos textos catequéticos e autos, que os Jesuítas

usaram para catequizar os índios. Pôde-se verificar como houve várias

alterações textuais. Os textos na época de Barroco retomaram as raízes

religiosas da Idade Média, para convencerem as pessoas da importância da

salvação da alma. Mais tarde, devido a este aspecto mutável da sociedade, os

textos tornam-se mais científicos, a fim de instigar a razão.

Outrora, em tempos modernos, manifestaram-se de forma mais crítica,

com o objetivo de chamar a atenção para problemas sociais e criticar alguns

privilegiados. A história literária no Brasil é repleta de poesia, romance, autos,

textos, religiosos, críticos etc. Através deste conciso histórico da literatura

clássica, pode-se ter noção de como as pessoas fazem o uso da palavra para

expressarem suas necessidades, ideias, que constantemente em nossa

história trouxeram grandes transformações e inventos.

A literatura passou por várias transformações e lapidações para ser o

que chamamos hoje de literatura contemporânea, ou seja, a literatura atual.

3. Literatura contemporânea: disponibilização dentro e fora do espaço virtual. Discorrer-se-á um texto breve sobre a literatura contemporânea, como é

disponibilizada dentro e fora do espaço virtual e como isso afeta as pessoas.

A literatura contemporânea é o que também se pode chamar de

literatura da atualidade, e será neste aspecto corrente que a mesma será

abordada neste texto. A literatura nos dias de hoje, é um pouco de tudo que se

passou desde a época do quinhentismo até agora. Pode-se dizer que é um

legado da literatura clássica, porém com as modificações da atualidade, porque

a literatura está em um contínuo processo mutável concomitantemente com

nosso contexto histórico. Toda literatura é renovável. Para Feijó (p.58) Clássicos não são eternos. Como tantos deuses antigos, podem ser esquecidos, pois dependem de adoradores para

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existir ou ser relevante [...] dizer que um clássico é eterno ou que um escritor é imortal não passa de um elogio pretencioso que de modo algum encontra respaldo na realidade. Tudo passa, todos morrem [...] Clássicos não são eternos, nem imutáveis nem definitivos. Contudo podem ser infinitos.

As características da literatura atual são várias, a começar por sua

diversidade. Hoje existem vários tipos textuais circulando ao mesmo tempo,

diferente do que era antes do modernismo, onde por muitos anos circulavam

apenas um ou dois tipos de textos nos livros. A Literatura atual está muito

ligada à subjetividade em que autores e autoras escrevem sobre suas vidas; tal

como livros de autobiografia.

Nota-se também na contemporaneidade literária brasileira, a crítica à

política, aos problemas sociais, ao governo, ao sistema, a religião, através de

charges, paródias e sátiras, textos escritos e/ou de imagens, que tem a

intenção de ironizar, criticar e/ou satirizar, trazendo consigo o humor e o

sarcasmo. Há também outros textos que podem expor críticas mais severas,

como em textos jornalísticos, revistas de grande circulação etc.

Os HQs (história em quadrinhos) são outros veículos a serviço da

literatura, principalmente o ‘’Mangá’’ (HQ Japonês) que hoje, é muito comum

entre crianças, adolescentes e jovens. Embora seja arte importada, já tem

fortes raízes no Brasil. Devido à versão animada, o ‘’Mangá’’ tornou-se ainda

mais difuso. Segundo Vergueiro &Ramos (p.103) há jovens que não se limitam a ler as histórias. Eles procuram também vivenciar os personagens, usando fantasias dos heróis e vilões (processo chamado cosplay). Há convenções sobre o assunto em geral elas lotam. Vergueiro & Ramos ainda afirmam que: (p.104) há uma nova geração se formando, tendo os mangás como leitura preferencial. E outras seguem o mesmo comportamento.

Nota-se como este tipo de literatura seja por imagens estáticas ou

animadas, faz com que adolescentes e jovens no geral, exteriorizem mais a

sua criatividade e fantasia, promovendo eventos que reúnem um número muito

grande de pessoas.

Os jogos eletrônicos promovem uma participação muito maior do jogador

na história, no momento em que se joga. Jogos de ‘’RPG’’ (Role Playing Game;

jogos onde se desempenha um papel) oferecem muito mais subsidio a

literatura por usarem grandes quantidades e variedades de textos, tal como

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tutorias; textos informativos, diálogos por escrito e oral, poesias, dedicatórias,

textos complementares da história, canções etc.

A poesia e a prosa são outros gêneros característicos da literatura atual.

São dois gêneros que também sobreviveram ao tempo e ainda são comuns

nos dias de hoje e ainda utilizados no ensino da língua portuguesa. A arte

literária atualmente, tem se tornado bastante comercial, e se entrega cada vez

mais ao mercado. Para Lajolo & Zilberman (p.19) É sua condição de propriedade, isto é, bem mensurável em dinheiro, que caracteriza de forma mais radical a desejada dimensão concreta da obra de arte. Só que a admissão desse caráter transforma a arte em mercadoria, o que é bom para os escritores, mal, porém, para a teoria da literatura.

Muitos autores hoje são considerados bons por muitos leitores, devido à

quantidade de livros que vendem e não pela qualidade do conteúdo em si.

Exemplo disso são livros ‘’Best Sellers’’ (mais vendidos), que tem relação com

venda e não com conteúdo. Então, os livros ‘’Best Sellers’’ retratam bem o

contexto capitalista em que se encontra a literatura hoje, diferente do que era

no passado, onde a estética era mais valorizada.

Portanto, tornar-se um escritor nos dias de hoje é mais fácil comparado

ao que costumava ser. Devido à era digital, não há necessidade de uma

publicação formalizada para difundir textos na internet, não há uma

necessidade de escrever exatamente um livro, para ser chamado de escritor,

como no caso dos blogueiros, que difundem suas ideias através de textos

expostos em seu blog, ou pessoas que simplesmente querem compartilhar

uma informação da qual conhecem bem. Além dos blogs, estes escritores da

era digital também utilizam e-books, que podem ser escritos por escritores

amadores e/ou profissionais. Além de livros virtuais, é possível encontrar

hipertextos, criados por mais de um escritor, amador ou não. Esses oferecem

múltiplas escolhas ao leitor que pode seguir para o caminho que lhe convêm ao

iniciar uma leitura. Outras formas de difusão de conteúdo são a colunas em

sites informativos, de curiosidade, artigos etc. Basicamente, pode-se encontrar

todos os tipos textuais na rede e dispostos nas mais variadas formas.

Pessoas portadoras de necessidades especiais podem ter acesso às

informações da rede com a ajuda de programas uteis que possibilitam o

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acesso. Esta nova forma de interação digital tem modificado muito a maneira

de ler, escrever e interagir das pessoas. De acordo com ULBRA (Universidade Luterana do Brasil), as gerações que nasceram na época do computador desenvolvem uma forma de ler que ultrapassam a todas as outras mudanças que ocorreram ao longo dos séculos, pois a era digital acarretou ‘’transformações sensórias, perceptivas e cognitivas que trazem consequências também para a formação de um novo tipo de sensibilidade corporal, física e mental’’.

Tais modificações trouxeram aspectos positivos e negativos. A

informação se tornou mais acessível, abundante, melhor organizada,

diversificada, mais completa; devido ao nível de intertextualidade. As pessoas

estão mais informadas, conseguem encontrar informações com mais rapidez

devido aos mecanismos de busca, que diminuem o tempo de procura ao

realizar uma pesquisa, tornado o acesso à informação desejada quase

imediato e proporcionando bastante comodidade. Em uma recente publicação da revista ‘’Conhecimento Prático’’ Freitas (p.33) afirma que: Nos últimos anos, a inter-relação das tecnologias computacionais com a literatura adquiriu uma dimensão muito significativa, proporcionando ao leitor um aparato de novas ferramentas digitais que lhe possibilitaram a leitura de jornais, revistas, livros, etc. Por meios de telas de telefones celulares, desktops, laptops, tablets, ipad, e-readers, e de outros meios de multimídias aos quais temos acesso.

Por outro lado, trata-se de informação não filtrada, encontra-se

informação na rede de boa ou má qualidade, conteúdo com pouco ou nenhuma

manipulação, que é o que geralmente ocorre muito em jornais impressos ou

televisionados, com interesses políticos, vendas persuasivas, etc. Informações

inúteis geralmente agradam pessoas de pouco hábito de leitura, são mais

difundidas através de vídeos, textos cômicos curtos, tirinhas, site de fofocas. As

redes sociais são os veículos que mais difundem este tipo de informação de

pouco valor informativo e literário.

Existem vários sites e blogues dedicados à literatura ficcional, que

promovem discussões sobre escritores e resenhas de livros, porém são os

menos acessados em relação a todo o conteúdo na rede, pois a leitura literária

habitual não é totalmente da cultura do brasileiro.

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Quem se perde mais nestes conteúdos de pouco valor são adolescentes

e infelizmente crianças, que hoje são inseridas muito cedo no espaço

cibernético e às vezes de forma irresponsável, devido à falta de monitoramento

e principalmente de instrução do bom uso do conteúdo disponibilizado na rede,

que quando bem utilizado poderia ser muito útil na construção de saberes e

melhorar através deles os futuros cidadãos.

Analisando a Literatura fora do espaço virtual, pode-se notar que em um

tempo não muito distante, bibliotecas públicas e escolares, e livrarias foram os

únicos espaços de distribuição e acesso a material literário em grande

quantidade. Hoje ainda há várias bibliotecas disponíveis ao público, muitas

livrarias e bancas de revistas. Material impresso ainda é preferência das

pessoas, pois, pode ser portado para qualquer local.

Diferente de um passado não tão longínquo pode-se notar grandes

mudanças, mas também, costumes que não se desfizeram ao longo da

história. Como citado, existem várias formas de se interagir com a literatura

dentro do espaço virtual, dentre eles destacam-se os e-books, blogs,vídeos,

hipertextos, jornais eletrônicos, artigos, sites voltados para literatura ficcional,

softwares educativos para crianças, ledores de textos. O acesso pode ser

realizado através de celulares, ipads, laptops, desktops, tablets, e-readers, etc.

Entende-se então, que o homem transforma a literatura e a literatura

transforma o homem e é através desta transformação contínua, que o ser

humano vem aprimorando a comunicação, materializando ideias e

transformando o mundo em que vivemos. Cabe ao ser humano saber

aproveitar tais mudanças de forma positiva.

4. Metodologia

O método utilizado neste trabalho trata-se apenas de uma revisão

bibliográfica, sendo baseado na obra de Antônio Carlos Gil ‘’ Como elaborar de

projetos de pesquisa’’. Onde o mesmo orienta como estruturar trabalhos

acadêmicos em geral. Foram realizadas muitas pesquisas através da internet,

revistas, artigos e várias obras foram consultadas a fim de buscar informações

que viessem de encontro com o objetivo deste artigo para dessa forma

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promover um diálogo múltiplo, entre leitores e escritores que compartilhassem

da mesma ideia, corroborando na construção de significados relevantes, que

tornassem esta composição mais coerente, e que pudessem atingir com

clareza os leitores, o que contribuiu com os resultados adquiridos em relação à

construção de saberes, a necessidade da leitura e seu poder emancipatório, a

evolução e humanização da sociedade ao longo da história, novas

manifestações literárias e suas contribuições dentro e fora do espaço virtual

que podem ajudar na formação de novos leitores quando orientados.

5. Considerações finais

A exposição de todo esse conteúdo, teve como intenção primordial,

provocar através de um diálogo com vários autores, uma reflexão de como a

leitura é importante no processo de humanização e como a literatura tem papel

indispensável nessa função transformadora, que é essencial para o convívio

em sociedade, para a evolução no plano espiritual e físico de um indivíduo,

para que esse possa ser um sujeito ativo e pensante, que possa emancipar-se

das manipulações presentes nos discursos daqueles que detêm o poder.

Pôde-se observar principalmente através do texto ‘’ Breve histórico da

literatura clássica e contemporânea brasileira’’ como a literatura transformou as

pessoas, como proporcionou a emancipação da alma, e germinou ideias que

posteriormente foram materializadas, cedendo espaço em pro da literatura

acelerando o ritmo da evolução social.

Como se pode notar, houve uma grande migração da literatura em geral,

para o espaço virtual, e de formas variadas tal como HQs, hipertextos, vídeos e

outros. Porém, não se tem dado o devido valor a mesma, pois, muitos

indivíduos, principalmente crianças e adolescentes não logram fazer o bom uso

da informação que há neste espaço, tão pouco são capazes de administrar o

próprio tempo dentro do mesmo. Por isso, essa situação requer a intervenção

da escola e principalmente dos educadores e pais.

Os docentes, num processo de união do espaço virtual com o espaço

escolar podem direcionar atividades que sejam realizadas neste espaço tal

como leitura de artigo, assistir vídeos pertinentes aos conteúdos em curso, usar

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filmes e documentários como material didático presente no planejamento e não

apenas como improviso; vincular o máximo possível das atividades escolares

com o ambiente virtual; discursar principalmente sobre o uso da internet nas

aulas, a fim de desenvolver uma postura responsável quanto ao uso da

mesma; trabalhar com textos que falem do mundo virtual e como se comportar

nele, trazer para a atenção dos alunos o quão rápido ele entra na vida das

pessoas e como o mesmo toma grandes proporções em pouco tempo, debater

em sala de aula os perigos que o espaço virtual também oferece, pois, se trata

de um nível de informatização muito complexo.

Quando se fala de acesso ao espaço virtual, faz-se referência

principalmente a qualquer aparelho que tenha acesso a internet, pois é através

deles que crianças, adolescentes, jovens e adultos conectam-se, por isso, os

responsáveis pelas crianças e adolescentes devem procurar estar a par do

funcionamento deste ambiente, buscar conhecer melhor o assunto para que

possa orientar melhor os filhos e acompanha-los nas atividades escolares que

os professores solicitam que sejam feitas através da internet. Os pais são os

mentores, incumbidos da educação dos filhos, de orientá-los e estruturá-los em

todas as áreas. Estar a par de um ambiente complexo como o espaço virtual é

uma tarefa bastante desafiadora para muitos pais do século XXI, porém é um

passo necessário para garantir o progresso dos filhos na era digital, pois, ter

responsabilidade no espaço virtual, educação, e ser capaz de administrar o

tempo despendido no mesmo, são algumas atitudes essenciais para esse

progresso.

A proposta de inserção digital vem de encontro com a reformulação

sugerida, pela tentativa de mudança de paradigma do PNEM (Pacto Nacional

Pelo Fortalecimento Do Ensino Médio), proposta que esbarra nas dificuldades

de implantação dessas mudanças tal como falta de estrutura física,

tecnológica, logística e cultural. Isso posto, o professores e pais devem vencer

essas dificuldades, desenvolver habilidades que promovam a aproximação do

estudante e esse espaço. Na ausência de tecnologia adequada na escola,

deve-se procurar fazer o uso da tecnologia disponível dos estudantes como:

celulares, tablets, notebooks e outros aparelhos portáteis. O processo deste

trabalho poderá ser feito, por exemplo, partindo da tradicional produção do

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conhecimento oral ou escrito para a construção de produções audiovisuais que

explicitam-se como resultado desta logística. Faz-se necessário que a escola

amplie esta discussão, convidando a comunidade escolar para debater o

assunto, construindo objetivos e traçando metas de onde se deseja chegar.

É através de toda essa informatização, esclarecimento, orientação e

acompanhamento que se pretende aproximar os jovens e crianças da leitura e

consequentemente da literatura, pois, através do ato de se informar dentro de

um espaço já utilizado pelos mesmos, promover a reeducação direcionada

para este objetivo, mostrando as outras possibilidades que até então não estão

sendo notadas, e com os benefícios da leitura que pretende-se despertar a

curiosidade e desejo de ler daquele que ainda não descobriu o valor agregado

a este exercício tão necessário.

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6. Referências Bosi, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira / Alfredo Bosi. - 42ª ed. – São Paulo: PENSAMENTO-CULTRIX LTDA Cotrim,Gilberto. Fundamentos de filosofia / Gilberto Cortim, Mirna Fernandes. – 2. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2013. Costa,Marta Morais da. Metodologia do ensino da literatura infantil / Marta Morais da Costa. – Curitiba: Ibpex, 2007. Descartes, René. UOL pensador / René Descartes. http://pensador.uol.com.br/autor/rene_descartes/2/ 25/09/2014.12:11 hr. Freitas,GomesMírian de. Revista Conhecimento Prático (literatura) /Mírian Gomes de Freitas. – 55. Ed. – São Paulo:Editora Escala, 2014. Gil, Antônio Carlos, 1946- Como elaborar projetos de pesquisa/Antônio Carlos Gil. - 4. ed. - São Paulo :Atlas, 2002 Feijó, Mário, 1967. O prezer da leitura: como a adaptação de clássicos ajuda a formar leitores/ Mário Feijó. – 1. ed. – São Paulo: Ática, 2010. Hartmann,Schirley Horácio de Gois. Práticas de letramento no ensino superior / Literatura Brasileira: do quinhentismo ao romantismo [livro eletrônico]/ Ledo, Teresinha de Oliveira. Manual de literatura: literatura portuguesa, literatura brasileira / Teresinha de OliveiraLedo, Patrícia Martins. -- São Paulo:DCL 2001. -- (Guia prático da língua portuguesa) MarioneRheinheimer ...[et al.]. Curitiba -:intersaberes, 2013. – (Série Por Dentro da Literatura. 2 MB; PDF. Outros autores: Moema Cavalcante, Ítalo Nunes Ogliari, Maria Elisa Matos Pereira. Lajolo & Zilberman. O preço da leitura: leis e números por detrás das letras/ Marisa Lajolo & Regina Zilberman / São Paulo – SP. Editora Ática, 2001 – (série Temas). Schirley Horácio de Gois Hartmann. Sebastião Donizete Santarosa. – Curitiba: Ibpex, 2009. –(Série Língua Portuguesa em Foco) Terra,Ernani. Linguagem e fala / Ernani Terra- São Paulo: Scipione, 2008. (coleção Percursos) Vergueiro, Waldomiro & Ramos Paulo. Quadrinhos na educação: da rejeição a prática / Waldomiro Vergueiro, Paulo Ramos (orgs.). – São Paulo: contexto, 2009. Zilberman,Regina. A leitura e o ensino da literatura / Regina Zilberman.

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- Curiiba: Ibpex, 2010. –(série literatura em foco)