A Importância da Economia da Saúde para a Gestão do SUS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE – FEAC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA APLICADA NÍVEL MESTRADO Carlos Fabiano da Silva A Importância da Economia da Saúde para a Gestão do SUS: uma análise da eficiência técnica dos serviços básicos de saúde nos municípios alagoanos sob a ótica da Análise Envoltória de Dados. Maceió 2012

Transcript of A Importância da Economia da Saúde para a Gestão do SUS

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS UFAL

    FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO E CONTABILIDADE FEAC

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ECONOMIA APLICADA

    NVEL MESTRADO

    Carlos Fabiano da Silva

    A Importncia da Economia da Sade para a Gesto do SUS: uma anlise da eficincia

    tcnica dos servios bsicos de sade nos municpios alagoanos sob a tica da Anlise

    Envoltria de Dados.

    Macei

    2012

  • Carlos Fabiano da Silva

    A Importncia da Economia da Sade para a Gesto do SUS: uma anlise da eficincia

    tcnica dos servios bsicos de sade nos municpios alagoanos sob a tica da Anlise

    Envoltria de Dados.

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Economia Aplicada da Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade da Universidade Federal de Alagoas, como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de Mestre em Economia Aplicada. Orientador: Prof. Dr Fbio Guedes

    Macei

    2012

  • AGRADECIMENTOS

    Existem situaes na vida em que fundamental poder contar com o apoio e a ajuda de

    algumas pessoas. Para a realizao deste trabalho de concluso, pude contar com vrias.

    Nada na vida conquistamos sozinhos. Muitas vezes um simples gesto pode mudar a nossa

    vida e contribuir para o nosso sucesso. Sempre precisamos de outras pessoas para alcanar os

    nossos objetivos. E a essas pessoas prestarei, atravs de poucas palavras, os mais sinceros

    agradecimentos:

    Deus, pela fora nos momentos difceis!

    Aos meus pais Lus Carlos e Maria de Ftima pelo apoio e pela pacincia devido a minha

    ausncia em momentos diversos e s minhas irms Karla Fabiana e Talita de Ftima.

    minha amada e querida Denise, por me ensinar o verdadeiro significado da palavra amor,

    pela fora e motivao para vencer sempre.

    Ao meu orientador, professor Dr. Fbio Guedes, exemplo de determinao, pelos seus

    conhecimentos, sua ateno, boa vontade, pacincia, apoio e incentivo dispensados ao longo

    do curso. Obrigado pela confiana e dedicao.

    Aos professores Ccero Pricles, Mrcio Porangaba e Luiz Antnio Palmeira Cabral pelos

    auxlios prestados, no decorrer do curso de economia, nas mais diversas situaes.

    Ao amigo Everaldo Duarte Rosa, Diretor Financeiro da ADEAL Agncia de Defesa e

    Inspeo Agropecuria de Alagoas, que me concedeu flexibilidade de horrio para poder

    avanar neste trabalho no momentos que precisei, assim como, os outros amigos: Cristina,

    Leandro, Vilma, Betnia, Edlson, Tenente Edmlson e Peixoto.

    Aos gerentes do Banco do Brasil e meus amigos Dinaldo Sales de Alencar e Robson Mello

    Porto pela compreenso nos momentos em que precisei ausentar-me do trabalho para concluir

    este trabalho.

    A todos os amigos que, direta ou indiretamente, me incentivaram realizao deste trabalho.

    CAPES/FAPEAL pelo auxlio financeiro.

  • RESUMO

    SILVA, C. F. A Importncia da Economia da Sade para a Gesto do SUS: uma anlise da eficincia tcnica dos servios bsicos de sade nos municpios alagoanos sob a tica da Anlise Envoltria de Dados. 2012. 157 p. Dissertao (Mestrado) Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade, Universidade Federal de Alagoas UFAL, Macei.

    Melhorar a eficincia nos processos, aumentar o nvel de produtividade e realizar benchmarking , hoje em dia, crucial para os sistemas de sade existentes no mundo. Neste contexto, uma questo central : como realizar diagnsticos para auxiliar a tomada de deciso dos gestores num ambiente complexo como o da sade na busca pela eficincia na prestao dos servios? Este questionamento pode ter respaldo atravs da evoluo das tcnicas para avaliar a eficincia. A Anlise Envoltria de Dados DEA um assunto de grande importncia para o atual contexto que estamos vivenciando, pois auxilia nas tomadas de decises, visando alcanar a eficincia tcnica relativa atravs do alcance dos objetivos propostos no seu diagnstico. Tem-se como objetivo, no presente trabalho, analisar a prestao dos servios bsicos de sade populao residente nos municpios alagoanos, e identificar seu score de eficincia da utilizao dos recursos fsicos e humanos na produo ambulatorial do Sistema nico de Sade (SUS), segundo as divises elaboradas pelo Plano Diretor de Regionalizao PDR. O estudo baseou-se em informaes contidas nas bases de dados pblicas do DATASUS, acerca do nmero de profissionais da rea da sade (mdicos, enfermeiros, tcnicos e auxiliares) atuantes nas unidades bsicas de sade municipais, assim como, a estrutura fsica existente nos municpios. Portanto, por meio da ferramenta SIAD v3.0, utilizada neste trabalho, possvel analisar quais so as melhores combinaes entre os inputs e outputs, ou seja, o quantitativo timo de profissionais que cada UBS deve ter (inputs), dado sua produo ambulatorial (outputs), para garantir uma maior eficincia do sistema de sade analisado. Empregou-se mtodos quantitativos que permitissem a inferncia sobre a alocao desses recursos e condies de acesso populao dos municpios do Estado de Alagoas. A heterogeneidade das condies econmicas, sociais e demogrficas existentes nas diferentes regies do Estado, refletem na condio de procura e utilizao dos servios de sade da populao dependente do SUS. Entre os 102 municpios, nota-se que menos da metade so eficientes tecnicamente. Os resultados obtidos mostram Alagoas com eficincia tcnica maior na regio litornea. Os municpios mais populosos demonstraram ser os mais eficientes. Existe a necessidade de uma melhor distribuio dos recursos fsicos e humanos entre os municpios do Estado para uma eficaz capilaridade na prestao dos servios bsicos de ateno sade. Palavras Chave: Anlise Envoltria de Dados. Eficincia Tcnica. Sistema nico de Sade.

  • ABSTRACT

    SILVA, C. F. The Importance of Health Economics for Management of SUS: an analysis of technical efficiency of basic health services in the municipalities of Alagoas in the optical data envelopment analysis. 2012. 157 p. Dissertation (Masters Degree) - Faculty of Economics, Management and Accounting, Federal University of Alagoas UFAL. Macei.

    Improve process efficiency, increase productivity levels and perform benchmarking is nowadays crucial for health systems in the world. In this context, a central question is: how to perform diagnostics to aid decision-making of municipal managers in a complex environment like healthcare in the quest for efficiency in service delivery? This question can be backed up through the development of techniques to assess efficiency. The Data Envelopment Analysis - DEA is a matter of great importance for the current context we are experiencing, it helps in decision making aimed at achieving technical efficiency on through the achievement of the objectives proposed in its diagnosis. It has the objective of this work was to analyze the provision of basic health services to the population residing in the districts Alagoas, and identify their score-use efficiency of physical and human resources in the outpatient services in the Unified Health System (SUS), second the divisions established by the Master Plan Regionalization - PDR. The study was based on information contained in public databases DATASUS about the number of health professionals (doctors, nurses, technicians and assistants) working in the municipal basic health units, as well as the physical structure existing in municipalities. Therefore, by SIAD tool v3.0, used in this work, you can analyze what are the best combinations of inputs and outputs, i.e, the optimal quantity of professionals that each must have UBS (inputs), given its outpatient services (outputs), to ensure greater efficiency of the health system analysis. We applied quantitative methods that allow inference about the allocation of resources and conditions for access to the population of the municipalities of the State of Alagoas. The heterogeneity of economic, social and demographic changes in the various regions of the state, reflected in the search condition and use of health services of the population dependent on SUS. Among the 102 municipalities, it is noted that fewer than half are technically efficient. The results show Alagoas with greater technical efficiency in the coastal region. The most populous counties showed to be more efficient. There is need for a better allocation of human and physical resources among the municipalities in the state for effective capillarity in the provision of basic health care. Keywords: Data Envelopment Analysis. Technical Efficiency. Unified Health System.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Localizao do Estado de Alagoas e sua densidade demogrfica .......................... 09

    Figura 2 Caractersticas naturais de Alagoas ........................................................................ 10

    Figura 3 Distribuio dos municpios por Microrregies, segundo o PDR .......................... 12

    Figura 4 Distribuio dos municpios por Regies de Sade, segundo o PDR .................... 13

    Figura 5 Situao de Saneamento, Abastecimento de gua rede Pblica ............................ 14

    Figura 6 Famlias Cobertas pela Rede Geral de Abastecimento de gua Tratada................ 14

    Figura 7 Cobertura (%) de equipes de sade da famlia, segundo municpio ....................... 17

    Figura 8 Nmero de Equipes de Sade da Famlia (ESF). Alagoas, 2001-2009 .................. 19

    Figura 9 Nmero de equipes de sade por Regio de Sade. Alagoas, 2009 ...................... 19

    Figura 10 Nmero de Agentes Comunitrios de Sade. Alagoas, 2009 ............................... 20

    Figura 11 Nmero de ACS por Regio de Sade. Alagoas, 2009 ......................................... 20

    Figura 12 Percentual mdio da populao cadastrada pela ESF por Regio de Sade.

    Alagoas, 2007 a 2010 ............................................................................................ 21

    Figura 13 Proporo da populao coberta pela ESF por Regio de Sade.

    Alagoas, 2009 ....................................................................................................... 21

    Figura 14 Mdia de consultas mdicas nas especialidades bsicas por Regio de Sade.

    Alagoas, 2009 ........................................................................................................ 23

    Figura 15 Mdia mensal de visitas domiciliares realizadas por ACS por Regio de Sade.

    Alagoas, 2009 ........................................................................................................ 24

    Figura 16 Leitos hospitalares (por mil habitantes). Alagoas, 2009 ....................................... 25

    Figura 17 Crculo da sade e do bem-estar .......................................................................... 38

    Figura 18 Viso organizacional de uma Unidade Bsica de Sade ..................................... 45

    Figura 19 Relao entre produtividade e eficincia ............................................................. 49

    Figura 20 Grfico da fronteira eficiente ............................................................................... 51

    Figura 21 Fronteira de eficincia com retornos constantes e variveis de escala ................. 57

    Figura 22 Comparao entre DEA e Anlise de Regresso................................................... 60

    Figura 23 Mapa dos municpios mdulos assistenciais ......................................................... 77

    Figura 24 Mapa dos municpios mdulos assistenciais e suas relaes ................................ 80

    Figura 25 Mapa das 5 Regies de Sade para Alagoas ......................................................... 83

    Figura 26 Macrorregies de Sade em Alagoas ................................................................... 84

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Clculo das eficincias das DMUs ....................................................................... 50

    Tabela 2 Matriz de dados sobre os municpios alagoanos..................................................... 66

    Tabela 3 Eficincia tcnica, segundo municpios, e ranking para Alagoas ........................... 70

    Tabela 4 Eficincia por Microrregies de Sade em Alagoas............................................... 73

    Tabela 5 Percentual de eficincia tcnica obtido pelas Microrregies de Sade ................. 76

    Tabela 6 Eficincia tcnica dos municpios-sede de Microrregies de Sade ..................... 76

    Tabela 7 Municpios Alagoanos e seus Mdulos Assistenciais ............................................ 78

    Tabela 8 Distribuio das Regies e Microrregies de Sade e suas Sedes ........................ 81

  • NDICE DE ANEXOS

    ANEXO A Investimentos Realizados pela Companhia de Saneamento Bsico ................... 99

    ANEXO B Unidades Bsicas de Sade sob gesto municipal .............................................. 99

    ANEXO C Leitos de internao pblicos e sob gesto municipal ...................................... 102

    ANEXO D Mdicos clnicos gerais que atendem ao SUS gesto municipal ...................... 104

    ANEXO E Enfermeiros que atendem ao SUS sob gesto municipal .................................. 106

    ANEXO F Tcnicos em enfermagem que atendem ao SUS sob gesto municipal ............ 109

    ANEXO G Auxiliar de enfermagem do SUS sob gesto municipal ................................... 111

    ANEXO H Populao dos municpios de Alagoas ............................................................. 114

    ANEXO I Produo ambulatorial municipal do SUS (Consultas) ..................................... 116

    ANEXO J Autorizao de internao hospitalar AIH pagas ao municpio ...................... 118

    ANEXO K bitos infantis no municpio ............................................................................ 121

    ANEXO L Pesos das Variveis selecionadas ...................................................................... 123

    ANEXO M Alvos das Unidades Municipais DMUs .......................................................... 125

    ANEXO N Relao dos Benchmarks .................................................................................. 152

  • LISTA DE SIGLAS E ABREVIAES

    ACS Agente Comunitrio de Sade

    AIH Autorizao de Internao Hospitalar

    AL Alagoas

    AuxEnf Auxiliar de enfermagem

    BCC Banker, Charnes e Cooper

    CAPES Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

    CBO Classificao Brasileira de Ocupaes

    CCR Charnes, Cooper e Rhodes

    CGR Colegiado de Gesto Regional

    CID Classificao Internacional de Doenas

    CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sade

    CONASEMS Conselho Nacional dos Secretrios Municipais de Sade

    CONASS Conselho Nacional de Secretrios de Sade

    CPP Conjunto de Possibilidade de Produo

    DATASUS Banco de Dados Nacional do Sistema nico de Sade

    DEA Data Envelopment Analysis

    DMU Decision Making Unit

    DRS Departamento Regional de Sade

    EC Emenda Constitucional

    ESF Estratgia Sade da Famlia

    FIOCRUZ Fundao Oswaldo Cruz

    FPM Frao de Programao Matemtica

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IDB Indicadores e Dados Bsicos para Sade

    IDH ndice de Desenvolvimento Humano

    INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

    IPEA Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada

    LOS Lei Orgnica de Sade

    MCRL Modelo Clssico de Regresso Linear

    MS Ministrio da Sade

    NOAS Norma Operacional de Assistncia Sade

    NOB Norma Operacional Bsica

  • O/I Orientao Input

    O/O Orientao Output

    OCDE Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico

    OMS Organizao Mundial de Sade

    OMS Organizao Mundial de Sade

    OPAS Organizao Pan-Americana da Sade

    PDI Plano Diretor de Investimento

    PDR Plano Diretor de Regionalizao

    PIB Produto Interno Bruto

    PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios

    PNI Programa Nacional de Imunizaes

    PPI Programa Pactuada Integrada

    ProdAmb Produo Ambulatorial

    PSF Programa de Sade da Famlia

    RCE Retorno Constante de Escala

    RNC Retorno no Crescente

    RND Retorno no Decrescente

    RVE Retorno Varivel de Escala

    SESAU Secretaria de Sade de Estado

    SIA Sistema de Informaes Ambulatoriais

    SIAB Sistema de Informao da Ateno Bsica

    SIAD Sistema Integrado de Apoio Deciso

    SIH Sistema de Informaes Hospitalares

    SIOPS Sistema de Informaes sobre o Oramento Pbico da Sade

    SIPAC Sistema Integrado de Procedimentos de Alta Complexidade

    STN Secretaria do Tesouro Nacional

    SUS Sistema nico de Sade

    TcEnf Tcnicos em enfermagem

    UBS Unidade Bsica de Sade

    UTD Unidade Tomadora de Deciso

    UPA Unidade de Pronto Atendimento

  • Sumrio

    1. Introduo ............................................................................................................................. 1

    1.1. Objetivos .......................................................................................................................... 4

    1.2. Justificativa e Relevncia ................................................................................................ 5

    1.3. Hiptese ........................................................................................................................... 6

    2. Situao Geral da Sade em Alagoas ................................................................................. 8

    2.1. Descrio do Estado ........................................................................................................ 9

    2.1.1. Estrutura da Rede de Ateno Bsica Sade .................................................. 15

    2.1.2. Perfil Social, Demogrfico e Ambiental ............................................................ 25

    2.1.3. Unidades Bsicas de Sade (UBS) .................................................................... 27

    3. Reviso da Literatura ......................................................................................................... 29

    3.1. Sobre a Economia da Sade .......................................................................................... 29

    3.1.1. Conexes entre Economia e Sade .................................................................... 32

    3.1.2. Desenvolvimento Econmico e Sade .............................................................. 36

    3.2. Sobre a Anlise Envoltria de Dados DEA .............................................................. 39

    3.2.1. DEA na Avaliao de Polticas Pblicas ............................................................ 41

    4. Metodologia ......................................................................................................................... 44

    4.1. Conceito de Eficincia ................................................................................................... 46

    4.2. Conceitos bsicos, Modelos e Orientaes da DEA ...................................................... 48

    4.3. Limitaes e Particularidades da Tcnica DEA ............................................................. 59

    4.4. Bases de Dados. ...... ...................................................................................................... 63

    4.4.1. Variveis utilizadas no estudo ............................................................................ 64

    4.5. Modelo de eficincia tcnica CCR-I aplicado Alagoas....... ....................................... 66

    5. Resultados e Discusses ...................................................................................................... 70

    6. Concluses ........................................................................................................................... 88

    7. Referncias .......................................................................................................................... 92

    ANEXOS ................................................................................................................................. 99

  • 1

    1. Introduo

    O Sistema nico de Sade SUS um conjunto de aes e servios de sade

    prestados por rgos e instituies pblicas federais, estaduais e municipais, objetivando

    oferecer assistncia populao baseada no modelo da promoo, proteo e recuperao da

    sade (CONASS, 2003).

    No Brasil, a Constituio Federal de 1988 inseriu a sade entre os direitos sociais

    reconhecendo-a como um direito de cidadania estendido a todos os brasileiros. Neste contexto

    surgiu o Sistema nico de Sade, que seria regulamentado em 1990 por meio da Lei Orgnica

    da Sade (Lei n 8.080, de 19 de setembro de 1990).

    Est justamente no entendimento destes objetivos, a fora que faz com que a

    Administrao Pblica busque meios, formas, processos, estruturas e mtodos que sejam

    capazes de alcanar tais objetivos com eficincia e eficcia.

    Para a manuteno e melhorias nos padres do atendimento que oferecido

    populao que precisa do sistema de sade pblica, e para que este cumpra a sua misso

    organizacional para o qual foi criado, deve se estabelecer um mtodo de avaliao contnuo

    do desempenho dos seus servios.

    na avaliao do desempenho das Unidades Bsicas de Sade UBS, onde se

    realizam os atendimentos mdicos primrios (bsicos) populao de um municpio, que

    mora a atividade importante para a administrao dessas instituies.

    Todavia, esta avaliao pode de acordo com as variveis selecionadas oferecer

    elementos que auxiliem na otimizao da utilizao dos seus recursos. Tambm capaz de

    apontar oportunidades de melhoria dos servios de assistncia sade.

    Alm de tudo, sabe-se que os principais usurios dessas UBS so oriundos dos

    extratos mais carentes da populao, ou seja, aquelas pessoas que muitas vezes no tm a

    alternativa de buscar o atendimento particular de mdicos e hospitais.

    Os recursos que so destinados Sade Pblica nunca so suficientes para atender a

    crescente demanda e precisam a todo custo ser bem aplicados.

    A literatura em Alagoas, sobre uma forma alternativa de olhar a questo da eficincia

    tcnica da prestao dos servios bsicos de ateno sade, est carente de modelos

    quantitativos de avaliao de eficincia produtiva nas unidades bsicas de sade que

    contemplem os mltiplos fatores envolvidos nesta atividade.

  • 2

    A problemtica existente em Alagoas a mesma para vrios Estados do Brasil em se

    tratando de sistemas de sade pblica. No restante dos pases mundo a fora a situao tambm

    no diferente quando se observa os sistemas de sade existentes e a prestao de servios

    populao residente. Tal tema , portanto, de abrangncia global.

    A busca por um conjunto confivel de indicadores que realmente demonstrem a real

    situao da prestao dos servios bsicos de sade constante no setor sade, assim como a

    anlise da eficincia tcnica na prestao desses servios. Em Alagoas, praticamente inexiste

    tal conjunto confivel de indicadores.

    Atualmente o Estado vem desenvolvendo polticas de acesso sade, seja contratando

    mo de obra especializada atravs dos concursos na rea da sade ou por meio de contratao

    de profissionais de sade para a prestao desses servios, mais no ser objeto deste estudo a

    eficincia e eficcia dessas contrataes e sim se o plano operacional aplicado na unidade

    bsica de sade, atravs do conjunto de insumos e produtos, eficiente sob o ponto de vista

    produtivo.

    O acesso da populao aos servios de atendimento bsico fundamental para que

    sejam evitados riscos de surtos epidemiolgicos dos mais diversos tipos. No entanto, as

    coberturas no so eficazes, segundo dados obtidos junto ao relatrio de Situao de Sade

    2008, produzido pela Secretaria de Estado da Sade SESAU, revelando a existncia de

    desigualdades entre as regies.

    Esta situao de dficit impe ao sistema de sade aes efetivas para preveno,

    diagnstico e tratamento de doenas que esto relacionadas com o acesso populao e pela

    forma como ela assistida pelo poder pblico e profissionais de sade envolvidos.

    Diversos so e tem sido os esforos por parte de pesquisadores e acadmicos

    dedicados obteno de estudos e formas de mensurar e fazer anlises da eficincia em

    hospitais, postos de sade e unidades bsicas de sade.

    Desde a dcada de 1950, a partir dos trabalhos de Farrell (1957), Koopmans (1951) e

    Debreu (1951), tcnicas no paramtricas vm sendo utilizadas como forma de avaliar se uma

    determinada unidade de produo e consequentemente seu plano de operao eficiente.

    Mas foi somente na dcada de 1970 que desenvolveu-se um grande progresso na aplicao de

    tais tcnicas, vis--vis a abordagem paramtrica tradicional, sendo seus resultados tendo sido

    revelados como mais expressivos.

    Em 1978, Charnes, Cooper e Rhodes generalizaram os estudos de Farrell tanto no

    sentido de trabalhar com mltiplos recursos e mltiplos resultados, quanto na obteno e

  • 3

    desenvolvimento de um indicador de fronteiras de produo e eficincia produtiva conhecida

    como Anlise Envoltria de Dados (Data Envelopment Analysis DEA)

    A Anlise Envoltria de Dados DEA , portanto, uma tcnica no paramtrica que

    emprega programao matemtica para construir fronteiras de produo de unidades

    produtivas que sero chamadas no decorrer do trabalho de DMU Decision Making Units, ou

    seja, Unidades Tomadoras de Deciso. Estas DMU's que sero responsveis pela

    transformao, atravs de processos tecnolgicos, dos mltiplos insumos em mltiplos

    produtos (CASADO, 2009).

    O resultado do processo de transformao dos diversos insumos e produtos que

    depende do plano operacional adotado e suas combinaes geram as fronteiras de eficincia,

    por onde estar localizada cada DMU participante e tida como eficiente.

    A DEA um mtodo quantitativo, emprico e no paramtrico, que mede o

    desempenho relativo de unidades organizacionais semelhantes, ao ponderar a razo entre

    inputs e outputs gerando um nico indicador score (escore) de desempenho para cada unidade

    investigada.

    Tecnicamente, a metodologia DEA usa a programao matemtica linear para

    construir uma fronteira de produo com as unidades eficientes, o que permite identificar as

    unidades que se tornaro referncia, ou seja, sero tomadas como parmetro pelas demais

    unidades avaliadas e que estejam posicionadas abaixo da fronteira estabelecida como

    eficiente. Importante salientar que trata-se de uma metodologia comparativa, que gera ndices

    relativos de eficincia.

    No Brasil, existem trabalhos voltados para esta temtica da construo de medidas de

    eficincia na sade. Destacam-se os trabalhos de Souza (1999), que buscou mostrar a relao

    entre eficincia tcnica e retornos constantes de escala na produo de servios pblicos

    municipais, comparando a Regio Nordeste com a Regio Sudeste, e Marinho (2000), que fez

    uma avaliao comparativa de eficincia tcnica entre os hospitais universitrios.

    Tais trabalhos tiveram como objeto de estudo o setor sade e suas unidades de

    prestao de servios locais, visando propor atravs do levantamento e estudo de indicadores

    de eficincia e produtividade, a melhor prtica Benchmark1 na operacionalizao dos

    insumos e produtos do setor sade buscando a melhor maneira de prestar o servio bsico de

    assistncia mdica populao, propiciando tambm que a DMU em questo, se no estiver,

    encontre formas de chegar na fronteira de eficincia.

    1 o referencial de excelncia.

  • 4

    A opo pela anlise municipal deveu-se ao cenrio propiciado pelas diretrizes do

    Pacto pela Sade, que a partir de 2006 iniciou um novo momento da regionalizao do SUS,

    com a definio das responsabilidades de cada nvel de gesto (BRASIL, 2006).

    Segundo Heimann et al., (2007), a criao dos Colegiados de Gesto Regional fizeram

    com que a regionalizao passasse a ter um carter mais poltico do que tcnico.

    O Pacto pela Sade estabelece novos instrumentos para a regionalizao e reafirma os

    j existentes tais como o Plano Diretor de Regionalizao PDR; Plano Diretor de

    Investimento PDI; e Programao Pactuada Integrada PPI (BRASIL, 2006).

    Foram criadas as regies, microrregies e macrorregies de sade. As primeiras

    respondem pela suficincia na ateno bsica, por parte das aes de mdia e alta

    complexidades e aes bsicas de vigilncia em sade. J as macrorregies agregam as

    regies e microrregies organizando as aes de mdia e alta complexidades na ateno

    sade.

    Alagoas possui 13 microrregies de sade e 2 macrorregies de sade denominadas de

    Departamentos Regionais de Sade DRS (SESAU-AL, 2008).

    1.1. Objetivos

    As condies de acesso aos servios bsicos de sade da populao residente nos

    municpios que constituem o Estado de Alagoas, assim como a utilizao e alocao dos

    recursos operacionais fsicos e humanos para a produo ambulatorial do SUS, segundo as

    informaes obtidas junto ao banco de dados do DATASUS, so variveis e muitas vezes

    com recursos mal alocados.

    No h na literatura alagoana um trabalho que extraia a relao dos municpios que

    satisfaam a condio de eficincia tcnica fazendo uso do mtodo da anlise envoltria de

    dados DEA.

    Como objetivo geral, mostrar-se- a importncia de:

    acompanhamento da produtividade das unidades bsicas de sade, atravs da anlise

    da eficincia tcnica relativa dos municpios, como forma de propiciar unidades de

    referncia quelas que se encontrem abaixo da fronteira de eficincia relativa

    encontrada para o Estado.

    Nesse contexto, o estudo auxiliar no desenvolvimento de polticas pblicas voltadas

    ao aperfeioamento dos sistemas de sade, unidades bsicas de sade e profissionais

  • 5

    envolvidos na rea da sade, tendo como exemplo, as unidades tidas como eficientes,

    respeitadas as idiossincrasias inerentes aos objetos de estudo.

    Como objetivos especficos, buscar-se-:

    analisar a alocao dos recursos humanos e fsicos em cada um dos 102 municpios do

    estado de Alagoas, atravs de cada uma de suas unidades bsicas de sade sob gesto

    municipal observada, a fim de se obter, dado o tamanho de sua populao;

    a quantidade de profissionais exclusivos do municpio entre eles, mdicos,

    enfermeiros, tcnicos em enfermagem e auxiliares em enfermagem;

    o nmero de leitos sob gesto municipal;

    a incidncia de mortes de menores de uma ano (mortalidade infantil);

    o nmero de internaes pagas por municpio pela prestao de servios clnicos

    (AIH);

    o nmero de consultas, atendimentos e acompanhamentos realizados pela unidade aos

    seus usurios.

    Ao aplicar a metodologia Data Envelopment Analysis DEA para mensurar ndices de

    eficincia tcnica relativa em Unidades Bsicas de Sade UBS nos municpios alagoanos

    sendo cada municpio uma Decision Making Unit DMU no modelo, pode-se atravs do

    resultado virtual proveniente escore de eficincia resultante da relao de produtividade dos

    inputs e outputs classific-los numa escala entre 0 e 1.

    O aperfeioamento da operacionalidade do sistema de sade se d por meio da

    monitorao e acompanhamento constantes a fim de encontrar gargalos e buscar solues que

    tornem a prestao do servios de sade cada vez mais eficiente.

    Posicionar os municpios alagoanos no cenrio estadual em relao a sua eficincia

    tcnica e apontar as unidades municipais que lhes possam servir de referncia crucial

    quando se pretende promover melhoras na sade.

    1.2. Justificativa e Relevncia

    O Ministrio da Sade (2000, p. 6), destaca que a Unio s deve executar aquilo que o

    nvel local no pode ou no consegue, ou seja, fica a cargo do SUS a redistribuio de

    recursos e responsabilidades entre os entes federados. Nesse entendimento, a gesto do SUS

    passa a ser de responsabilidade das trs esferas governamentais: Unio, estados e municpios.

  • 6

    Seja no planejamento, organizao, coordenao, direo, avaliao ou no controle da

    prtica diria no contexto da administrao municipal de sade, dificuldades existem na

    obteno de subsdios para a administrao dos processos nas instituies de prestao de

    servios bsicos de sade, este trabalho procura colaborar numa maneira de melhor estruturar

    a alocao dos recursos fsicos e humanos nas Unidades Bsicas de sade (UBS).

    A falta de dados gerais sobre o desempenho dos municpios, de unidades bsicas de

    sade, dados sobre custos, produo e recursos humanos, dificulta muito a viso de resultados

    dos processos e posterior deciso sobre aes por parte do gestor.

    A utilizao de indicadores de desempenho como ferramenta para o planejamento e

    avaliao dos processos nos municpios um dos caminhos que deve ser utilizado pelos

    gestores, administradores e demais profissionais da sade como estratgia para melhorar o

    processo administrativo e seus resultados na prestao dos servios populao.

    Em Alagoas, no h, at o presente momento, nenhum estudo que tenha usado a

    metodologia da anlise envoltria de dados para medir a eficincia tcnica dos municpios

    como o que ser desenvolvido neste trabalho.

    O SUS apresenta um papel de relevo no pas, com descentralizao de recursos e de

    responsabilidades para unidades locais. Desse modo, verifica-se ainda mais a necessidade de

    se avaliar a eficincia dos servios de sade e sua relao com o processo de descentralizao

    verificado no pas nas ltimas dcadas.

    1.3. Hiptese

    De acordo com Del Nero (2002, p. 19) a Economia da Sade o ramo do

    conhecimento que tem por objetivo a otimizao das aes de sade, ou seja, o estudo das

    condies timas de distribuio dos recursos disponveis para assegurar populao a

    melhor assistncia sade e o melhor estado de sade possvel, tendo em conta meios e

    recursos limitados.

    No s aqui em Alagoas, mas em todo o pas, os sistemas de sade atravessam uma

    srie de problemas, no entanto existe um consenso geral de que essas deficincias se

    manifestem segundo trs razes principais: a iniquidade desigualdade no acesso aos

    servios de sade; a ineficcia falta de correlao entre os gastos em servios de sade e seu

    impacto em padres sanitrios; a ineficincia m utilizao e/ou alocao de recursos, seja

    humanos ou financeiros, com servios de sade.

  • 7

    Tem-se como hiptese de trabalho a observao das condies definidas sobre

    Economia da Sade por Del Nero (2002):

    a alocao do contingente de profissionais de sade no est de acordo com a

    condio tima de distribuio dos recursos disponveis do ponto de vista da eficincia

    tcnica relativa, de forma a assegurar populao a melhor assistncia sade.

    Pode-se encontrar unidades que estejam operando com capacidade inferior ao nvel da

    demanda, o que pode ser ajustado com o estudo da eficincia tcnica com a devida orientao

    aqui proposta, ou unidades que estejam operando com recursos humanos acima do ponto

    timo.

    A alocao dos recursos fsicos e humanos nas unidades bsicas de sade deve reunir

    uma cesta de produtos e servios que estejam alinhadas ao conceito de maximizao da

    utilidade, do ponto de vista do consumidor que nesse caso o paciente e do ponto de vista

    da oferta, a maximizao do servios.

  • 8

    2. Situao Geral da Sade em Alagoas

    O nmero de doenas, agravos no estado de sade e mortes est diretamente

    relacionado s:

    condies de vida e ao modelo de desenvolvimento das populaes em suas regies,

    sendo o resultado da interao de diversos fatores, tais como, os modos de produo

    econmica da regio e;

    a forma como se d a reproduo humana local, determinando assim a estrutura

    econmica e demogrfica (fertilidade, mortalidade e migrao) de uma determinada

    populao.

    Interferem tambm no processo epidemiolgico, os fatores ambientais e

    socioculturais, no sendo possvel, portanto, separar o nvel de morbi-mortalidade de sua

    relao com fatores histricos regionais, socioeconmicos e ambientais.

    A diversidade de doenas e problemas de sade que compem o atual cenrio de sade

    alagoano caracteriza a complexidade da situao, pois engloba uma multiplicidade de fatores

    determinantes, perfis e fatores de risco, doenas e agravos que afetam os distintos grupos

    populacionais, de diferentes maneiras (SESAU-AL, 2008).

    Neste contexto observa-se a necessidade do conhecimento mais aprofundado da

    situao da sade, que engloba o conhecimento das caractersticas demogrficas e sociais, do

    estado de sade da populao, bem como da organizao dos servios de sade, a fim de

    proporcionar uma viso global do estado e das regies de sade.

    Para tanto, a rea da epidemiologia uma ferramenta importante, contribuindo para a

    realizao do diagnstico de sade, detectando a presena, natureza e distribuio dos danos

    sade relevantes para o planejamento das aes de sade (SESAU-AL, 2008).

    A anlise da situao da sade consiste no processo de identificao, formulao,

    priorizao e explicao de problemas de sade da populao de um determinado territrio,

    destacando a dimenso e a distribuio das desigualdades em sade, e tem como objetivo a

    identificao dos problemas e a orientao para ajustar e redirecionar polticas e programas de

    sade para minimizar ou resolver os problemas existentes.

    Para que essa anlise se viabilize, necessrio dispor de informaes especficas em

    relao aos diversos grupos populacionais e regies que se pretende atingir. Essas

    informaes devem expressar as diferentes caractersticas que evidenciam as condies de

    vida dessa populao, sejam culturais, sociais, econmicas e epidemiolgicas que so

  • 9

    responsveis pela gerao de suas demandas de sade, a fim de proporcionar uma viso global

    do estado e das regies de sade (SESAU-AL, 2008).

    2.1. Descrio do Estado

    Alagoas o segundo menor estado do Brasil em tamanho. Localizado na faixa

    litornea da regio nordeste, limita-se com: Pernambuco, Sergipe, Bahia e oceano Atlntico.

    Ocupa uma rea de 27.767 km que representa 0,32% do territrio brasileiro. Tem como

    capital a cidade de Macei.

    O Estado possui 102 municpios e os mais populosos so Macei, Arapiraca, Palmeira

    dos ndios, Unio dos Palmares, Rio Largo, So Miguel dos Campos, Coruripe, Delmiro

    Gouveia e Campo Alegre, cujas populaes variam de 932.748 (Macei) a 50.816 (Campo

    Alegre) habitantes (IBGE, 2010).

    A Figura-1 abaixo, detalha no mapa a localizao do estado de Alagoas, assim como a

    sua densidade demogrfica.

    Figura 1: Localizao do Estado de Alagoas e sua densidade demogrfica. Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios PNAD, 2009.

    O territrio alagoano caracteriza-se em quatro regies naturais: o Litoral arenoso com

    suas praias cobertas de coqueirais e numerosas lagoas costeiras; a Zona da Mata, estreita faixa

    paralela ao litoral, coberta pela Mata Atlntica no passado e hoje transformada em zona

  • 10

    agrcola; o Agreste, regio caracterizada por altitudes maiores, que chegam a alcanar 600

    metros e o semirido ou Serto.

    O clima no estado tropical mido na costa, com sol no vero e temporais no inverno

    e semirido no oeste do Estado. Sua economia constituda principalmente pela produo de

    cana de acar e produes primrias de abacaxi, cco, feijo, fumo, mandioca, algodo,

    arroz e milho. o maior produtor de cana-de-acar do nordeste e um dos maiores

    produtores de acar do mundo.

    Na pecuria, destacam-se as criaes de aves, equinos, bovinos, bubalinos, caprinos,

    ovinos e sunos. Existem tambm reservas minerais de sal-gema2 e Alagoas o maior

    produtor de gs natural do Brasil.

    A Figura-2, detalha questes relacionadas ao tamanho do territrio, nmero de

    habitantes por km2, populao total residente no estado, nmero total de municpios e capital.

    Figura 2: Caractersticas Naturais de Alagoas. Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios PNAD, 2009.

    2 Cloreto de Sdio NaCl.

  • 11

    Em 2002, foi criado o Plano Diretor de Regionalizao das Aes de Sade de

    Alagoas PDR, que dividiu o estado em duas macrorregies, cinco regies de sade e treze

    microrregies, nas quais os municpios esto agrupados para organizao dos servios e da

    assistncia a sade, isso com intuito de facilitar as aes e estratgias de sade no Estado.

    Para o agrupamento dos municpios, foram considerados aspectos sociais, econmicos,

    geogrficos, demogrficos, epidemiolgicos, de oferta de servios e acesso virio.

    Foram formadas redes hierarquizadas de servios e estabelecidos os mecanismos e

    fluxos de referncia e contra referncia, tendo como principal objetivo a garantia da

    integralidade da assistncia, prestao e o acesso da populao aos servios e aes de sade

    de acordo com suas necessidades.

    Alagoas est dividida conforme o Plano Diretor de Regionalizao (PDR) em 13

    microrregies de sade, so elas:

    Microrregio 1, com 12 municpios/Sede Macei: Barra de So Miguel, Barra de

    Santo Antnio, Coqueiro Seco, Macei, Marechal Deodoro, Messias, Paripueira, Pilar,

    Rio Largo, Satuba, Santa Luzia do Norte e Atalaia;

    Microrregio 2, com 9 municpios/Sede Porto Calvo: Japaratinga, Maragogi,

    Matriz de Camaragibe, Porto Calvo, So Lus do Quintunde, Jacupe , Passo de

    Camaragibe, So Miguel dos Milagres e Porto de Pedras;

    Microrregio 3, com 6 municpios/Sede S. Miguel dos Campos: Anadia, Boca da

    Mata, Campo Alegre, Roteiro, So Miguel dos Campos e Jequi da Praia;

    Microrregio 4, com 5 municpios/Sede Penedo: Igreja Nova, Penedo, Piaabuu,

    Porto Real do Colgio e So Brs;

    Microrregio 5, com 13 municpios/Sede Arapiraca: Arapiraca, Campo Grande,

    Coit do Nia, Crabas, Feira Grande, Girau do Ponciano, Jaramataia, Lagoa da

    Canoa, Limoeiro de Anadia, Olho Dgua Grande, So Sebastio, Taquarana e Traipu;

    Microrregio 6, com 7 municpios/Sede Po de Acar: Batalha, Belo Monte,

    Jacar dos Homens, Monteiroplis, Palestina, Po de Acar e So Jos da Tapera;

    Microrregio 7, com 7 municpios/Sede Delmiro Gouveia: gua Branca, Delmiro

    Gouveia, Inhapi, Mata Grande, Olho Dgua do Casado, Pariconha e Piranhas;

    Microrregio 8, com 10 municpios/Sede Santana do Ipanema: Canapi, Carneiros,

    Dois Riachos, Maravilha, Olivena, Ouro Branco, Olho Dgua das Flres, Poo das

    Trincheiras, Santana do Ipanema, Senador Rui Palmeira;

  • 12

    Microrregio 9, com 11 municpios/Sede Palmeira dos ndios: Belm,

    Cacimbinhas, Estrela de Alagoas, Igaci, Major Izidoro, Mar Vermelho, Maribondo,

    Minador do Negro, Palmeira dos ndios, Quebrangulo, Tanque Darca;

    Microrregio 10, com 6 municpios/Sede Viosa: Cajueiro, Capela, Ch Preta,

    Paulo Jacinto, Pindoba, Viosa;

    Microrregio 11, com 6 municpios/Sede Unio dos Palmares: Branquinha,

    Ibateguara, Murici, So Jos da Laje, Santana do Munda e Unio dos Palmares;

    Microrregio 12, com 6 municpios/Sede Joaquim Gomes: Campestre, Colnia de

    Leopoldina, Flexeiras, Joaquim Gomes, Jundi e Novo Lino;

    Microrregio 13, com 4 municpios/Sede Coruripe: Coruripe, Junqueiro, Teotnio

    Vilela e Feliz Deserto.

    A distribuio dos municpios por microrregies, pode ser visualizada nas Figuras-3

    abaixo:

    Figura 3: Distribuio dos municpios por microrregies, segundo o PDR. Fonte: Secretaria Estadual de Sade - SESAU

    A diviso por Regies e sua respectiva sede est formada da seguinte maneira:

    1 Regio com Sede/Macei: formada pelos municpios que compem a 1, 2 e 10

    microrregies;

    2 Regio com Sede/So Miguel dos Campos/Penedo e Coruripe: formada pelos

    municpios que compem a 3, 4 e 13 Microrregies de sade;

  • 13

    3 Regio com Sede/Po de Acar/Santana do Ipanema: constituda pelo conjunto

    dos municpios que formam a 6, 7 e 8 Microrregio de sade;

    4 Regio com Sede/Arapiraca/Palmeira dos ndios: formada pelos municpios que

    compem a 5 e a 9 Microrregies de sade e;

    5 Regio com Sede/Unio dos Palmares: formada pelos municpios da 11 e 12

    Microrregio de sade.

    Figura 4: Distribuio dos Municpios por Regies de Sade, segundo o PDR. Fonte: Secretaria Estadual de Sade - SESAU

    Como pode ser observado no Anexo A, o investimento realizado na rede geral de

    esgoto pluvial e fornecimento de gua tratada baixo no Estado, e isso dificulta a promoo

    de sade devido ao risco de contgio de doenas.

    Conforme Figura-5, o nmero de famlias atendidas com abastecimento de gua

    tratada em Alagoas vem aumentando no decorrer dos anos, mas nas reas rurais, o percentual

    de cobertura ainda menor que nas reas urbanas.

  • 14

    Figura 5: Situao de Saneamento, Abastecimento de gua rede Pblica. Fonte: Ministrio da Sade/Sistema de Informaes da Ateno Bsica SIAB

    As condies de saneamento do Estado ainda esto longe de serem avaliadas como

    adequadas ou ideais. Houve aumento da populao coberta pela rede geral de abastecimento

    de gua em todas as regies, mas a 5 Regio de sade tem a menor cobertura 8,76%

    (DATASUS/SIAB, 2010).

    Figura 6: Famlias cobertas pela rede geral de abastecimento de gua tratada. Fonte: Fonte: Ministrio da Sade/Sistema de Informaes da Ateno Bsica SIAB.

    O percentual de pessoas em domiclios com abastecimento de gua potvel atravs da

    rede geral de 74% (IPEA, 2009).

    No tocante s doenas de veiculao hdrica necessrio que existam instalaes

    sanitrias adequadas, sem as quais a qualidade da gua para consumo humano fica

    0

    50000

    100000

    150000

    200000

    250000

    300000

    350000

    400000

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

    Urbana

    Rural

    0

    20000

    40000

    60000

    80000

    100000

    120000

    140000

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

    Regio 01

    Regio 02

    Regio 03

    Regio 04

    Regio 05

  • 15

    comprometida. Apesar dos investimentos/ampliao, a rede de instalao sanitria no Estado

    apresenta a cobertura mais baixa, quando comparada com o abastecimento de gua e com a

    coleta de resduos slidos (SESAU-AL, 2009).

    Alagoas vem melhorando no acesso da populao aos servios de saneamento bsico.

    No entanto, as coberturas ainda so muito baixas para instalaes sanitrias e para a

    populao rural em vrios componentes, revelando as desigualdades entre as regies.

    Esta situao de dficit impe ao sistema de sade aes efetivas para preveno,

    diagnstico e tratamento de doenas que esto relacionadas com o consumo de gua

    contaminada, com a inexistncia ou deficincia nas instalaes sanitrias e com os resduos

    slidos.

    2.1.1. Estrutura da Rede de Ateno Bsica Sade em Alagoas

    A Ateno Bsica caracterizada por um conjunto de aes no campo da sade, de

    mbito individual e coletivo, que abrange a promoo e a proteo da sade, a preveno de

    agravos, o diagnstico, o tratamento, a reabilitao e a manuteno da sade (MS, 2000).

    A prestao dos servios bsicos de sade, considera o sujeito em sua singularidade,

    na complexidade, na integralidade e na insero sociocultural e busca a promoo de sua

    sade, a preveno e tratamento de doenas e a reduo de danos ou de sofrimentos que

    possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudvel (CONASS, 2006).

    A Regionalizao das aes e servios de sade faz parte do conjunto de princpios e

    diretrizes do Sistema nico de Sade SUS e sua operacionalizao vm sendo tratadas nas

    Normas Operacionais do Sistema.

    Ao longo do processo de institucionalizao do SUS os gestores das trs esferas de

    governo pactuaram responsabilidades nos campos da Gesto e Ateno Sade, estes devem

    abranger estratgias tcnicas e polticas.

    O conjunto dessas estratgias resultou no Pacto pela Sade, composto do Pacto pela

    Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gesto, que tem o Termo de Compromisso de

    Gesto TCG, como documento oficial da adeso de Estados e Municpios a esse Pacto

    (BRASIL, 2006).

    Alagoas fez sua adeso em 2007 e desde ento os municpios vm aderindo, chegando

    ao final de 2009 com um total de 55, sendo que catorze o fizeram no ano de 2010. Em 2011,

    todos os 102 municpios do Estado j fazem parte do Pacto pela Sade (MS, 2011).

  • 16

    Como consequncia desse Pacto, j a partir de 2007 foi iniciada em Alagoas a

    implantao dos Colegiados de Gesto Regional CGR, enquanto instncia de pactuao e

    negociao entre gestores, que convivem numa mesma realidade e que mantm uma relao

    num processo de desenvolvimento da assistncia sade num espao definido como Regio

    de Sade.

    A identificao da necessidade de cada municpio no processo de adeso ao pacto

    determinou a estratgia para a cooperao tcnica, de acordo com o princpio de equidade. Tal

    princpio norteia as aes da SESAU, e tem promovido considerado apoio ao funcionamento

    dos Colegiados de Gesto Regional (CGR's) e na reviso do Plano Diretor de Regionalizao

    PDR e Plano Diretor de Investimento PDI do Estado.

    O PDR de Alagoas, implantado em 2002, foi elaborado luz da Norma Operacional

    da Assistncia Sade NOAS/SUS 01/2001, instituda em janeiro de 2001, fortalecendo a

    regionalizao e consolidando a ideia da estruturao do SUS, a partir de suas prprias

    demandas, levando aes e servios de sade para mais perto de quem precisa (SESAU-AL,

    2009).

    A Regionalizao, como diretriz do Pacto de Gesto, precisa ser implementada e isso

    implica em refletir sobre os desenhos propostos no PDR existente, avaliando-se as

    necessidades de mudanas, os acertos a serem feitos, a identificao das interaes regionais

    entre servios e aes de sade j existentes e as que sero criadas.

    Correspondendo s cinco Regies de Sade existentes, foram criados cinco CGR,

    constitudos pelos Gestores Municipais de Sade e/ou seu representante legal e representantes

    da Secretaria de Estado da Sade SESAU, funcionando em 2009 com reunies ordinrias

    mensais, reunies extraordinrias quando necessrio e seminrio anual de avaliao (SESAU-

    AL, 2009).

    Que no se esquea do que Heimann et al., (2007) disse a respeito das CGRs em

    algumas localidades, com algumas de suas decises sendo mais polticas do que tcnicas.

    Busca-se sempre manter um olhar diferenciado e inserindo os municpios no formato

    de regionalizao mais efetivo, num processo flexvel de configurao do desenho regional da

    sade, que leva em conta a diversidade e as caractersticas regionais (SESAU-AL, 2009).

    A Ateno Bsica tem a Estratgia Sade da Famlia (ESF) como prioritria para sua

    organizao de acordo com os preceitos do Sistema nico de Sade SUS, isso a longo

    prazo, reduz e demanda nas unidades bsicas de sade UBS.

    Dentre os princpios norteadores da ESF, destacam-se o carter substitutivo das

    prticas tradicionais at ento usadas de assistncia com foco nas doenas, por um novo

  • 17

    processo de trabalho comprometido com a preveno, com a promoo da qualidade de vida

    da populao e com a resolubilidade da assistncia; a integralidade e intersetorialidade; a

    territorializao; composio de equipe multiprofissional; a responsabilizao e vnculo; o

    estmulo a participao da comunidade e ao controle social (CONASS, 2006).

    Visando uma melhor operacionalizao da assistncia sade, a estratgia define

    linhas tticas de ao que abrangem todas as fases do ciclo de vida humano (crianas,

    adolescentes, jovens, mulheres, homens adultos e idosos); a seleo de agravos prioritrios;

    necessidades de sade e doenas crnicas transmissveis e no transmissveis (hipertenso,

    diabetes milicos, tuberculose, hansenase, DST/AIDS, malria, dengue, alcoolismo e as aes

    programticas (sade mental, sade do trabalhador, programas de reabilitao comunitria).

    A funo da Equipe de Sade da Famlia ESF, prestar assistncia contnua

    comunidade, acompanhando integralmente a sade da criana, do adulto, da mulher, dos

    idosos, enfim, de todas as pessoas que vivem no territrio sob sua responsabilidade

    (MINISTRIO DA SADE, 1996).

    O Programa Sade da Famlia PSF, trabalha dentro de uma nova lgica, com maior

    capacidade de ao para atender s necessidades de sade da populao de sua rea de

    abrangncia (MINISTRIO DA SADE, 1996).

    O PSF faz parte da rede distrital de sade. No um servio paralelo, separado do

    restante. Pelo contrrio, o PSF integra o sistema de sade local. A cobertura das equipes de

    sade da famlia, segundo municpios, esto distribudos da forma como mostrada na Figura-7

    abaixo.

    Figura 7: Cobertura (%) de Equipes de Sade da Famlia, segundo municpio. Alagoas, 2008. Fonte: Ministrio da Sade/Sistema de Ateno a Sade/Diretoria de Ateno Bsica.

  • 18

    Pela simples observao da Figura-7, extrai-se que a maioria dos municpios

    alagoanos possuem uma cobertura assistencial de equipes de sade da famlia na faixa de

    intervalo de 75% a 100%, chama a ateno o fato de a capital Macei possuir uma

    cobertura de apenas 25% a 50%.

    A Organizao Pan Americana de Sade (OPAS), analisando a situao de sade no

    pas, j demonstrava preocupao com a gesto dos recursos humanos vinculados ao SUS

    (OPAS, 1996). Pode-se ver isso atravs de:

    problemas na contratao de profissionais para as ESF's, por exemplo. Alguns so

    concursados e outros contratados e no parece haver uma soluo poltica fcil para

    esta situao.

    Observa-se alta rotatividade dos profissionais de sade no PSF o que compromete a

    proposta do programa de acompanhamento de uma famlia ao longo do tempo

    permitindo um conhecimento mais amplo sobre a sade de seus membros.

    a grade curricular dos cursos superiores na rea biomdica3 tem pouca relao com a

    formao requerida para um profissional do PSF (IPEA, 2011).

    No bastasse os problemas de gesto sistmica da assistncia a ser prestada

    populao, estes so reforados por problemas de gerncia no mbito das unidades de

    prestao de servios.

    Administrar de forma eficiente estabelecimentos de sade, particularmente os

    hospitais e unidades bsicas de sade, tem sido um desafio para os gestores do SUS das trs

    esferas de governo h muito tempo (COSTA; RIBEIRO, 2004; WHO, 2010).

    Em Alagoas, a Estratgia Sade da Famlia est em funcionamento desde 1996.

    Atualmente est presente nos 102 municpios. Observa-se na Figura-8, que a cada ano o

    nmero de equipes se mostrou ascendente, passando de 516 em 2001 para 744 equipes

    implantadas em 2009.

    3 O objetivo das instituies de ensino superior nesta rea apresentar ao mercado profissionais biomdicos

    com formao generalista, humanista, crtica e reflexiva para atuar em todos os nveis de ateno sade.

  • 19

    Figura 8: Nmero de Equipes de Sade da Famlia. Alagoas 2001-2009. Fonte: Sistema de Informao da Ateno Bsica SIAB.

    Na distribuio das equipes por Regio de Sade, observa-se na Figura-9, que a 1 e 4

    Regies concentram mais de 50% das equipes de sade da famlia implantadas no Estado.

    Figura 9: Nmero de Equipes de Sade por Regio de Sade. Alagoas, 2009. Fonte: Sistema de Informao da Ateno Bsica SIAB.

    Acompanhando o ritmo de expanso do nmero de equipes de sade da famlia, os

    Agentes Comunitrios de Sade (ACS), esto tambm presentes nos 102 municpios e

    passaram de 3.905 em 2001 para 5.143 em dezembro de 2009, conforme pode ser observado

    na Figura-10. Em dezembro de 2009, 77% da populao alagoana era coberta pelos ACS

    (MS, 2010).

  • 20

    Figura 10: Nmero de Agentes Comunitrios de Sade. Alagoas, 2009. Fonte: Sistema de Informao da Ateno Bsica SIAB.

    possvel visualizar na Figura-11 que a 1. e 4. Regies concentram o maior nmero

    de Agentes Comunitrios de Sade.

    Figura 11: Nmero de ACS por Regio de Sade. Alagoas, 2009. Fonte: Sistema de Informao da Ateno Bsica SIAB.

    Com relao a populao cadastrada, pode-se observar que a 1 Regio a que apresenta a

    menor cobertura ficando abaixo da mdia Estadual (85,75%) desde 2007 em torno de 50,84%,

    conforme demonstrado na Figura-12.

  • 21

    Figura 12: Percentual mdio da populao cadastrada pela Estratgia Sade da Famlia por Regio de Sade. Alagoas, 2007 a 2010. Fonte: Ministrio da Sade - MS.

    Interessante notar que o percentual mdio de cobertura da populao cadastrada pela ESF

    na 1 Regio, possui o municpio de Macei com 26,28% e Viosa com 45,75% de cobertura

    assistencial; na 2 regio, o municpio de Campo Alegre est com 37,26%. Tais municpios esto

    com coberturas inferiores a 50%.

    J na 3 Regio, quatro municpios tm coberturas menores que 75%, so eles: Delmiro

    Gouveia, 61,77%; Mata Grande, 72,22%; Pariconha, 74,86% e Santana do Ipanema, 72,09%.

    Chama a ateno que o municpio de Arapiraca, na 4 Regio, e o municpio de Unio dos

    Palmares, na 5 Regio, so os nicos com cobertura menor que 75%.

    Figura 13: Proporo da populao coberta pela Estratgia Sade da Famlia por Regio de Sade. Alagoas, 2009. Fonte: Sistema de Informao da Ateno Bsica SIAB/Secretaria de Sade de Alagoas SESAU.

    Regio 01 Regio 02 Regio 03 Regio 04 Regio 05

    2007 49,64 94,46 80,07 78,76 97,44

    2008 50,3 89,75 85,26 86,9 87,99

    2009 51,68 89,91 83,79 87,73 87,85

    2010 51,75 93,29 96,5 98,08 89,13

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    Porcentagens

  • 22

    A mdia de consultas mdicas nas especialidades bsicas4 um indicador utilizado

    para avaliar a capacidade tcnica da rede bsica em prestar assistncia individual a partir da

    oferta de consultas mdicas na clnica geral, pediatria, ginecologia e obstetrcia tendo como

    principal objetivo, subsidiar a avaliao e reprogramao de oferta de consultas ambulatoriais

    (SESAU-AL, 2010).

    De acordo com a Figura-14, exceto a 1 e 5 Regio, a maioria dos municpios no

    alcana a mdia mnima de 1,5 consultas por habitantes5. Tambm chama a ateno que 17

    municpios realizam menos de uma consulta por habitantes.

    Outro fato que vale a pena destacar que existem municpios que apresentam

    resultados muito acima da mdia nacional, sendo necessria uma reviso desses dados, os

    quais por serem muito altos, contribuem para uma distoro do resultado final do Estado.

    Entre os quais destaca-se: 1. Regio Barra de So Miguel (3,5), Coqueiro Seco (2,9),

    Messias (2,1), Matriz de Camaragibe (2,4), Cajueiro (2,2), Ch Preta (5,7), Paulo Jacinto (3,5)

    e Pindoba (2,1). Na 2. Regio, o municpio de Boca da Mata alcanou a mdia de 2,4

    consultas. Na 3. regio, Batalha (2,5), Monteirpolis (2,4), Palestina (2,1) e Po de Acar

    (4,0). Na 4. regio, Olho dgua Grande (2,3), So Sebastio (2,2), Taquarana (2,1), Igaci

    (2,7) e Maribondo (2,0) e na 5. regio os municpios de Branquinha (2,3) e Colnia

    Leopoldina (11,9) (SESAU-AL, 2009).

    Tal distoro pode levar o gestor da esfera estadual a crer que a cobertura assistencial

    nesses municpios, assim como a alocao dos recursos fsicos e humanos das unidades

    bsicas de sade, est sendo operacionalizada de forma a prover a necessidade da populao

    local podendo tal situao no ser reflexo da realidade.

    4 Pediatria, ginecologia, medicina da famlia e clnica geral. 5 Esse indicador apresenta um parmetro nacional igual a 1,5 consulta mdica/habitante/ano, que deve ser analisado por cada municpio de acordo com o Ministrio da Sade. Portaria n. 91/GM, de 10 de janeiro de 2007 que regulamenta a unificao do processo de pactuao de indicadores e estabelece os indicadores do Pacto pela Sade, a serem assumidos por municpios, estados e Distrito Federal. Dirio Oficial da Unio 2007.

  • 23

    Figura 14: Mdia de consultas mdicas nas especialidades bsicas por Regio de Sade. Alagoas, 2009. Fonte: Sistema de Informao da Ateno Bsica SIAB/Secretaria de Sade de Alagoas SESAU.

    O Ministrio da Sade (1996) destaca que as visitas realizadas pelos Agentes

    Comunitrios de Sade so de fundamental importncia para o desenvolvimento das

    atividades das equipes de sade da famlia. Nelas devem ser enfatizadas as atividades de

    acompanhamento de grupos prioritrios, identificao de situaes de risco e educao em

    sade afim de promover os cuidados de ateno primria. Para medir tal atividade utilizado

    como indicador a mdia mensal de visitas domiciliares por ACS por famlia no ms.

    Observa-se na Figura-15 que em todas as regies, na maioria dos municpios se

    consegue realizar uma ou mais visita/ms. A situao mais preocupante a verificada na 3.

    Regio, na qual dos 24 municpios, apenas 14 conseguem atingir essa meta.

    Convm ressaltar que os municpios que apresentam baixa cobertura devem revisar os

    registros das visitas realizados no SIA/SUS, pois a base para o clculo do indicador. Em

    monitoramento desses dados realizados no 1. Semestre de 2009, verificou-se que h mais

    visitas registradas no SIAB que no SIA/SUS.

    Tambm os municpios que apresentam mdias muito acima do mnimo preconizado

    (1 visita/ms) devem fazer reviso dos dados para confirmar sua consistncia. Entre esses

    municpios destacam-se: 1 Regio Porto Calvo (2,38), Cajueiro (2,40), Paulo Jacinto (2,39)

    e Viosa (2,76); 3 Regio Batalha (3,15), Olho dgua das Flores (2,45), Santana do

    Ipanema (2,13); 4 Regio Olho dgua Grande (4,56) e Igaci (2,01); 5 Regio

    Branquinha (2,05), Ibateguara (2,42) e Flexeiras (2,06). Na 2 Regio todos os municpios

    esto com valores prximos da mdia preconizada.

  • 24

    Figura 15: Mdia mensal de visitas domiciliares realizadas por Agentes Comunitrios de Sade por Regio de Sade. Alagoas, 2009. Fonte: Sistema de Informao da Ateno Bsica SIAB/Secretaria de Sade de Alagoas SESAU.

    Verifica-se em Alagoas que embora a Estratgia Sade da Famlia (ESF) seja o

    modelo de ateno predominante no Estado, sua cobertura ainda no suficiente para atender

    toda populao, principalmente na 1 e 4 Regies onde esto localizados, respectivamente, a

    capital Macei e o municpio de Arapiraca.

    Tambm existem municpios de grande porte populacional como por exemplo Delmiro

    Gouveia, Santana do Ipanema, Unio dos Palmares e Campo Alegre que ainda tm pelo

    menos 25% da populao no atendida pela Estratgia.

    Quanto s visitas domiciliares realizadas pelos ACS, na maioria dos municpios est

    sendo realizada dentro do mnimo preconizado uma visita ao ms (SESAU-AL, 2009). Com

    relao proporo de leitos em Alagoas, a situao a demonstrada na Figura-16, onde

    percebe-se um grande nmero de municpios (rea em vermelho) que no dispem de nenhum

    leito para suprir eventual necessidade de seus habitantes. Na Regio do Serto, a situao

    ainda mais acentuada.

  • 25

    Figura 16: Leitos Hospitalares (por mil habitantes). Alagoas, 2009. Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Sade do Brasil CNES, 2009.

    A questo dos leitos em Alagoas bastante delicada, e quando parte-se para uma

    anlise mais aprofundada a situao fica ainda pior. Para se ter uma ideia, segundo dados do

    DATASUS, a evoluo na quantidade de leitos por mil habitantes, no perodo de 2000-2008,

    foi de apenas 8,7%. No estado de Sergipe a evoluo foi de 44,4% no mesmo perodo.

    2.1.2. Perfil social, Demogrfico e Ambiental

    Alagoas vem apresentando uma taxa de fecundidade elevada nos ltimos anos, houve

    uma reduo na taxa de crescimento que se deve principalmente emigrao para outras

    regies do pas, em parte pela sua pouca representatividade industrial e de gerao de

    empregos com maior valor agregado, o que no estimula a permanncia dos residentes

    (SESAU-AL, 2009).

    O tempo mdio de vida da populao alagoana, dado pela esperana de vida ao nascer,

    aumentou no perodo de 1991 a 2009. So aproximadamente sete anos a mais, segundo

    informaes obtidas na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios PNAD 2009, o

    melhor desempenho do Nordeste, mas Alagoas ainda detm a menor esperana de vida da

    regio, 67,59 anos. Tais informaes so importantes pelo fato de impactarem na demanda

    pelos servios de sade.

    Alagoas possui 102 municpios dos quais 60,78% com at 20.000 habitantes. So

    pequenos municpios com pouca capacidade de produzirem a sua prpria receita onde as

    prefeituras mantm a forma tradicional de administrao e a atuao do poder pblico

    bastante assistencialista.

    Ao avaliar a distribuio da populao por regio de sade, verifica-se que 46% dos

    habitantes residem na 1 regio de sade. Nessa regio est a capital que rene mais

  • 26

    infraestrutura e recursos sociais para atender a populao, o que consequentemente atrai as

    pessoas para residirem na cidade ou em municpios circunvizinhos.

    Nas 2 e 5 regio de sade encontra-se 26,85% e 29,70% das mes adolescentes,

    respectivamente. A baixa idade materna (menores de 19 anos) considerada como fator de

    risco para o baixo peso ao nascer e para a mortalidade infantil. Quanto escolaridade

    materna, apenas 40,31% das mes, no Estado, tinham 8 anos de estudo.

    A situao ainda mais precria na 3 regio, onde 73,14% das mes tinham < 8 anos

    de estudo. Sabe-se que quanto maior o nvel de escolaridade, maior a chance de um pr-natal

    adequado e de melhor assistncia e cuidados ao recm-nascido (SESAU-AL, 2009).

    Em Alagoas 48,21% dos partos foram cesreos e na 1 regio de sade esse percentual

    foi de 57,47%, em 2009. H uma generalizao desse tipo de parto e necessrio

    implementar aes para estimular o parto natural/vaginal/espontneo.

    A frequncia das mes ao pr-natal importante para o desenvolvimento de uma

    gestao saudvel. Os dados levantados apontam que 86,36% das gestantes fizeram quatro ou

    mais consultas no pr-natal6. Observa-se que 98,36% dos partos foram hospitalares e 94,05%

    das gestaes tiveram de 37 a 41 semanas.

    Embora os dados apresentem uma situao positiva em relao ao perfil dos nascidos

    vivos no estado, ainda h muito que fazer no que se refere a melhoria das informaes e da

    assistncia gestante e ao recm-nascido em algumas regies do estado.

    A vacinao de crianas se constitui em ao eficiente e efetiva contra as principais

    doenas imunoprevenveis7 e ainda assim adoecem e morrem, anualmente, milhes de

    crianas e outras tantas se tornam invlidas devido a essas doenas.

    Em Alagoas, o Programa Nacional de Imunizaes (PNI) foi introduzido com o

    objetivo de controlar ou erradicar vrias doenas, mediante imunizao sistemtica. A

    cobertura vacinal - definida como o percentual de uma populao-alvo que foi vacinada -

    ainda est aqum da esperada. (SESAU-AL, 2009)

    Apesar dos esforos, em 2009 a cobertura vacinal no Estado, para alguns

    imunobiolgicos, ainda ficou abaixo do ideal e houve notificao de doenas, como

    coqueluche, meningite infecciosa e ttano acidental. A anlise das taxas de cobertura por

    municpios do Estado revela que aproximadamente 1/3 apresentou baixas coberturas vacinais

    (SESAU-AL, 2010).

    6 De acordo com o Ministrio da Sade, PORTARIA N 570, DE 1 DE JUNHO DE 2000, preciso a realizao

    de, no mnimo, 06 (seis) consultas de acompanhamento pr-natal, sendo, preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo e trs no terceiro trimestre da gestao. 7 Ttano, Difteria, Sarampo, Rubola, Caxumba, Poliomielite, Febre Amarela, Hepatite A e B, Varicela e Gripe.

  • 27

    Esse resultado motiva uma reflexo sobre as aes e mtodos desenvolvidos pela

    equipe com vistas a elevar a motivao e a procura pelas vacinas. Alm disso, permite

    questionar a qualidade dos servios prestados, quando quase todas as crianas entram em

    contato com o servio ao longo do ano. Isso repercute diretamente na demanda por servios

    de sade e na mortalidade infantil, uma das variveis utilizadas neste estudo.

    2.1.3. Unidades Bsicas de Sade UBS

    As Unidades Bsicas de Sade, objeto de relevante importncia na nossa anlise, so

    estabelecimentos pblicos sob gesto municipal, sendo as maiores prestadoras de servios em

    assistncia primria sade, ou seja, so responsveis pelos atendimentos bsicos gerais

    populao, algumas delas podendo oferecer at assistncia odontolgica.

    Os servios de sade so estruturados em estabelecimentos que prestam ateno

    sade, entretanto, um montante dos recursos financeiros pblicos aplicados nesses sistemas

    destinado s Unidades Bsicas de Sade, e estes recursos so insuficientes, segundo dados do

    Sistema de Informaes sobre o Oramento Pblico em Sade SIOPS, (2009). Portanto,

    fundamental que aes tticas sejam tomadas pelos gerenciadores destes sistemas para que os

    recursos investidos tragam resultados efetivos populao.

    Tais resultados podem ser obtidos em termos de aumento de produtividade e melhorias

    de qualidade, sendo que o primeiro pode ser alcanado atravs da melhoria nos ndices de

    eficincia tcnica.

    A necessria ampliao da eficincia do sistema de sade brasileiro no que se refere

    proviso de servios, de elevada importncia, tanto pelo lado da demanda que vem

    crescendo em nmero de habitantes , por meio da identificao das necessidades da

    populao, como pelo lado da oferta, em termos da forma como esses servios so

    disponibilizados.

    O conceito de eficincia, de que trataremos muito nesse trabalho sob a tica da

    economia da sade, um princpio normativo8 referente produo de bens e servios que a

    sociedade mais valoriza, ao menor custo possvel. um conceito estritamente econmico,

    derivado da escassez dos recursos e vinculado fase de produo dos bens e servios (RUBIO

    CEBRIN, 1995).

    8 So princpios constitucionais ligados funo normativa da administrao em Sade.

  • 28

    Segundo a Organizao Mundial de Sade (OMS), o objetivo de melhorar e proteger a

    sade das pessoas uma das destinaes que definem um sistema de sade (OMS, 2000).

    A Organizao Mundial de Sade (2008, p. 27) assevera que:

    o passo mais fundamental que um pas pode dar para fomentar a equidade em sade promover a cobertura universal: acesso universal a todo um leque de servios de sade necessrios, pessoais ou no pessoais, com proteo social da sade.

    Contudo, afirma que embora a cobertura universal no seja por si s suficiente para

    garantir a sade e equidade para todos, pois as desigualdades persistem em pases com

    coberturas universais ou quase universais, ela a cobertura universal um alicerce

    necessrio.

    Diante de tais acontecimentos, as Unidades Bsicas de Sade, passaram a exercer

    importante atuao na prestao dos servios bsicos de assistncia sade.

    Para obteno de uma maior eficincia e eficcia da ao governamental na gesto do

    sistema de sade, necessrio o desenvolvimento e consolidao do campo da economia da

    sade no Brasil9, no sentido de produzir estudos e pesquisas que contribuam para a melhora

    do sistema (LUCCHESE, 2003).

    9 O Instituto de Pesquisas Econmicas Aplicadas - IPEA tem amplos trabalhos nesse sentido, assim como, a Associao Brasileira de Economia da Sade (ABRES), FIOCRUZ, Department For International Development DFID, entre outros.

  • 29

    3. Reviso da Literatura

    3.1. Sobre a Economia da Sade

    A Economia da Sade pode ser vista de diversos ngulos, seja como rea de

    conhecimento com potencial a ser desenvolvido pelas universidades e institutos de pesquisas

    envolvidos nessa temtica ou, tambm, como ferramenta de gesto e tomada de decises a ser

    utilizada pelos gestores no servio pblico de sade objetivando melhor servir sociedade e

    alocar os recursos escassos que administra.

    Para tanto, utiliza-se da multidisciplinaridade para entender o significado das

    necessidades dos servios de sade e as relaes entre oferta e demanda, reconhecendo que a

    percepo dos processos patolgicos diferente e varia a depender de cada grupo social,

    afetando e sendo afetada, pelo comportamento desses grupos em cada contexto (DEL NERO,

    2002).

    Paul Samuelson (1976, p. 03) define a economia como o:

    "Estudo de como os homens e a sociedade escolhem, com ou sem o uso de dinheiro, a utilizao de recursos produtivos limitados, que tm usos alternativos, para produzir bens e distribu-los como consumo, atual ou futuro, entre indivduos e grupos na sociedade. Ela analisa os custos e os benefcios da melhoria das formas de distribuir os referidos recursos."

    Para Del Nero (2002, p. 19), numa definio ampla, Economia da Sade seria a

    aplicao do conhecimento econmico ao campo das cincias da sade, em particular como

    elemento contributivo administrao dos servios de sade.

    Ainda para esse autor, outra proposta de definio apresentada em estgio inicial,

    porm mais especfica, considera Economia da Sade :

    O ramo do conhecimento que tem por objetivo a otimizao das aes de sade, ou seja, o estudo das condies timas de distribuio dos recursos disponveis para assegurar populao a melhor assistncia sade e o melhor estado de sade possvel, tendo em conta meios e recursos limitados (DEL NERO, 2002, p.19).

    Nos Estados Unidos, Europa, Canad e Austrlia a Economia da Sade apresenta-se

    como um campo de produo cientfica e ao governamental bastante desenvolvido,

    contando com programas especficos de ps-graduao e de pesquisa em universidades,

    associaes profissionais atuantes, revistas eletrnicas (LUCCHESE, 2003).

    Nesses pases, constata-se que o estudo da Economia da Sade tem contribudo para a

    formao e especializao de pessoal para essa rea multidisciplinar, reconhecendo-se ser seu

  • 30

    conhecimento essencial para quem trabalha em planejamento e administrao e gesto de

    servios de sade (SAES, 2000).

    Concorda-se com Saes (2000) que a incorporao da Economia da Sade apresenta-se

    como um auxiliar indispensvel na determinao das prioridades da gesto em sade. Tal

    incorporao propicia metodologias e/ou instrumentos gerenciais de avaliao econmica,

    contemplando estudos de oferta e demanda em sade, estudos relativos sade suplementar e

    organizao dos provedores de servios; avaliao de tecnologias mdica e diagnstica,

    anlise dos sistemas de sade, regulao e competio no mercado de servios de sade, entre

    outras possibilidades.

    Para Medeiros (apud SAES, 2000, p.7),

    A escassez de recursos para a sade restringe a possibilidade de ampla distribuio de bens e servios pblicos e, portanto, exige uma srie de decises alocativas que consistem fundamentalmente, em selecionar quais sero os beneficirios do sistema pblico de sade e quais servios sero oferecidos. Em um pas como o Brasil onde h pobreza massiva, grande demanda por sade e a impossibilidade de vasta parcela da populao obter servios fora do sistema pblico, a responsabilidade dessas decises extremamente grande.

    Pode-se dizer que, atualmente, a contribuio da economia para o universo da

    assistncia sade bem conhecido e tal contribuio deriva da natureza dos bens e servios

    oferecidos pelo sistema de ateno mdica, assim como da estrutura dos mercados a eles

    relacionados.

    Muitos desses bens e servios podem ser classificados no que a teoria econmica

    identifica como bens pblicos. Por exemplo, os programas para a erradicao de doenas

    infectocontagiosas, assim como os que geram externalidades positivas substanciais, como os

    programas de vacinao. A teoria econmica fundamenta uma importante justificativa para a

    interveno governamental na produo desses bens.

    Campos (1986) vai alm para afirmar que a economia da sade no um mero saco de

    ferramentas; antes um modo de pensar que tem a ver com a conscincia da escassez, a

    imperiosidade das escolhas e a necessidade de elas serem precedidas da avaliao dos custos e

    das consequncias das alternativas possveis, com vistas a melhorar a repartio final dos

    recursos.

    Neste ponto de vista, amparado por Culyer (1978) que afirma que poucos conceitos

    econmicos no so aplicveis ao setor sade. Da a economia da sade no existir de forma

    independente da economia convencional.

  • 31

    Por meio da economia da sade os profissionais de sade exploram conceitos

    econmicos tradicionais, tais como:

    sistemas econmicos e agregados macroeconmicos;

    oramento do governo, dficits e dvida pblica;

    teoria do consumidor;

    teoria da produo e dos custos;

    comportamento das empresas e das famlias;

    sistema de preos do mercado;

    demanda e oferta de bens e servios;

    avaliao econmica de projetos, com anlise de custo, benefcio, eficcia,

    efetividade e utilidade, visando ao fim tomarem decises mais acertadas.

    A economia da sade passa a explorar tpicos da economia convencional que so

    relevantes para seu campo de aplicao como:

    o papel dos servios de sade no sistema econmico;

    o sistema de produo e distribuio de servios de sade;

    as formas de medir o impacto de investimentos em sade;

    o estudo de indicadores e nveis de sade correlacionados a variveis

    econmicas;

    o emprego e os salrios de profissionais de sade e a oferta de mo de obra;

    o comportamento do prestador de servios e suas relaes com o consumidor;

    a anlise de custo-benefcio10, de custo-efetividade11 e de custo-utilidade12 de

    servios ou bens especficos, alm de anlise das polticas de sade em vrios

    nveis.

    O SUS foi criado com a finalidade de alterar a situao de desigualdade na assistncia

    sade da populao, tornando obrigatrio o atendimento pblico a qualquer cidado, sendo

    proibida cobrana de dinheiro sob qualquer pretexto. Tem entre seus princpios

    constitucionais a universalidade e a equidade, procurando manter em condies satisfatrias

    de prestao de servios uma demanda praticamente infinita de recursos do sistema e uma

    oferta com disponibilidade finita de recursos.

    10 o custo que no pode exceder os benefcios que ele propicia, por exemplo, diferentes tratamentos. 11 uma avaliao microeconmica, constituindo uma anlise comparativa de cursos alternativos de ao tanto

    em termos de custos como de consequncias: a diferena de custos (custo incremental) comparada com a diferena de consequncias, na forma de razo entre a diferena de custos e a diferena de consequncias.

    12 A anlise de custo-utilidade se expressa em termos da durao e da qualidade da sobrevida obtida pelos diversos tipos de interveno.

  • 32

    Este conflito bsico torna imperativa a presena da Economia da Sade no processo de

    construo, estruturao, consolidao e otimizao dos recursos do SUS.

    3.1.1. Conexes entre Economia e Sade

    Vivemos num mundo onde fcil perceber que poucas coisas ou quase nada no

    deixam de ter relao com economia de um modo geral, e com a rea da sade no

    diferente. A economia est em toda parte.

    Economia e sade esto interligadas de vrias formas, seu estudo e a aplicao de

    instrumentos econmicos ligados tanto a questes estratgicas como operacionais do setor

    sade deram origem economia da sade (PIOLA & VIANNA, 1995, p. 06).

    Muita discusso h em torno da temtica sobre quem deve ficar com a

    responsabilidade do setor sade, se o governo ou as empresas privadas, mas de acordo com

    Del Nero (2002, p. 09), at o momento no existem evidncias comprovadas de que a

    promoo do setor privado de sade cause um ganho de eficincia em qualquer nvel do

    sistema de sade.

    O movimento pela privatizao dos servios de sade tem razes ideolgicas, fruto de

    uma viso individualista da organizao social, que s pensam em si mesmos e esquecem

    aqueles que no podem pagar. O Ministrio da Sade, as Secretarias Estaduais e Municipais

    de Sade e os Conselhos de Sade devem proibir a terceirizao e a privatizao dos servios

    pblicos de sade, sob qualquer de suas denominaes ("cooperativas", "fundaes",

    "contratos de gesto", "organizaes sociais", concesso de servios pblicos ou outra que

    acarretem, na prtica, o afastamento do Estado das suas obrigaes constitucionais), porque

    geram o clientelismo, o fisiologismo e as demisses arbitrrias, sob o argumento falacioso de

    aumento da autonomia dos Municpios. (MS, 2010)

    O papel do Estado na regulamentao da oferta e da demanda de servios de sade

    fundamental. Uma colaborao multidisciplinar utilizada para entender o significado das

    necessidades de servios de sade e as relaes de oferta e demanda.

    Destaca-se tambm, o papel influenciador que exercem os interesses comerciais, sejam

    de fabricantes de medicamentos ou equipamentos, sejam as diferentes formas de apresentao

    de planos de sade e o papel dos mdicos e diversos tipos de prestadores na deciso de

    consumo de servios pelos pacientes (PIOLA & VIANNA, 1995, p. 11).

  • 33

    Do Sistema nico de Sade fazem parte os centros e postos de sade, hospitais

    inclusive os universitrios , laboratrios, hemocentros, ou seja, bancos de sangue, alm de

    fundaes como a Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).

    atravs do SUS que toda a populao brasileira pode ter acesso a servios de

    consultas, exames, internaes e tratamentos nas suas unidades, sejam pblicas da esfera

    federal, municipal ou estadual ou privadas, contratadas pelo gestor pblico de sade.

    destinado a todos os cidados, e os seus servios so financiados pelo contribuinte atravs do

    pagamento de impostos e contribuies sociais diversas.

    A aprovao da Emenda Constitucional N 29 (EC 29) de 13 de setembro de 2000,

    representou um avano, tendo em vista que impelia Unio um acrscimo de 5% em relao

    ao oramento empenhado no exerccio anterior e, para os anos seguintes, a correo do valor

    apurado no ano anterior pela variao nominal do Produto Interno Bruto (PIB). Tambm

    determinava que os Estados e Municpios deveriam aplicar, pelo menos, 7% das receitas de

    impostos na sade, percentual este que deveria atingir 12% para Estados e 15% para

    Municpios at o ano de 2004 (CONASEMS, 2009).

    Com o advento da descentralizao do SUS, Estados e Municpios assumiram novos

    papis no Sistema de Sade e passaram a ter em suas misses o complexo gerenciamento de

    uma atividade onde as demandas so crescentes e os recursos apresentam restries e limites

    oramentrios.

    A crescente elevao dos custos na rea de sade, em especial os relativos s

    tecnologias mdicas, tem sido fonte constante de preocupao dos gestores. latente a

    necessidade de controlar os gastos e melhor aplicar os recursos disponveis.

    Em recente estudo de Marinho et al., (2009), os autores realizaram avaliaes de

    eficincia do Sistema de Sade Brasileiro, comparando-o com os sistemas dos pases da

    Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE), e constataram, em

    exerccio preliminar, que o incremento de 1% no gasto per capita em sade por ano

    implicaria no aumento de, aproximadamente, cinco anos na expectativa de vida do brasileiro.

    No s em Alagoas, mas em diversos estados do pas, vivemos um sistema de sade

    onde praticamente no existe nenhum acompanhamento de produtividade das aes

    desempenhadas por hospitais e postos de sade. Diante de tais observaes preliminares

    importante modelar e aprofundar os estudos no sentido de saber como o estado de Alagoas

    encontra-se quanto alocao de recursos fsicos e humanos na prestao dos servios de

    sade na ateno bsica em seus municpios. Qual seria o nvel de eficincia tcnica?

  • 34

    Ante o exposto, torna-se necessrio uma forma de acompanhar a maneira como os

    agentes de sade hospitais, postos e centros de sade desenvolvem suas atividades com o

    intuito de quantificar a utilizao dos recursos financeiros e humanos, por meio da anlise da

    eficincia tcnica, atravs da sua produtividade (CONASS, 2003).

    fundamental que aes tticas sejam tomadas pelos gerenciadores destes sistemas

    para que os recursos investidos tragam resultados efetivos populao. Tais resultados podem

    ser obtidos em termos de aumento de produtividade e melhorias de qualidade, sendo que o

    primeiro pode ser alcanado atravs da melhoria nos ndices de eficincia tcnica na prestao

    do servio.

    O levantamento epidemiolgico nacional, realizado pelo Ministrio da Sade do Brasil

    todo ano, produz informaes acerca das condies de sade da populao brasileira, a fim de

    subsidiar o planejamento e avaliao de aes nos diferentes nveis de gesto do Sistema

    nico de Sade SUS (CONASS, 2003).

    Estudos na rea de epidemiologia social tambm identificam que as desigualdades

    existentes na sade das populaes esto intimamente associadas com desigualdades sociais,

    em que indivduos com piores condies de vida apresentam os piores indicadores de sade

    (SESAU-AL, 2009).

    Em Alagoas, os dados mostram essa realidade. As formaes econmicas, polticas e

    sociais dos municpios podem agir como as causas de doenas e agravos sade.

    O processo de excluso social exerce um efeito devastador sobre a sade,

    multiplicando os riscos de danos mesma, no apenas em detrimento dos indivduos afetados,

    mas tambm dos nveis globais de sade da populao.

    ndices relacionados a condio de vida (status socioeconmico) e diversos

    indicadores de sade tais como mortalidade infantil, expectativa de vida, mortalidade por

    causa geral e causa especfica, revelam que quanto mais concentrada a riqueza, pior o estado

    de sade da populao. No Estado de Alagoas ainda persiste certa concentrao de renda

    conforme pode ser observado pela evoluo do coeficiente de Gini entre os anos de 2005

    2009 foi de 0,5657 e 0,5719 (IPEADATA, 2009).

    As desigualdades sociais existentes condicionam o aparecimento e a gravidade das

    doenas, com diferenas considerveis entre grupos sociais em termos de morbidade e

    mortalidade, estando os grupos sociais economicamente privilegiados menos sujeitos a ao

    dos fatores ambientais que ensejam ou que estimulam a ocorrncia de certos tipos de doenas,

    cuja incidncia acintosamente elevada nos grupos economicamente desprivilegi