A Importancia Da Categoria Paisagem Na Geografia Escolar Rtf

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O referido artigo aborda a categoria geográfica Paisagem e suas contribuições para a construção do raciocínio espacial no ambiente escolar.

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1 O presente artigo um recorte do trabalho monogrfico, de mesmo ttulo, apresentado na Universidade Estadual da Paraba, pelo referido autor, como requisito para concluso da Graduao em Geografia. A IMPORTNCIA DA CATEGORIA PAISAGEM NA GEOGRAFIA ESCOLAR: uma anlise fenomenolgica das paisagens urbanas da cidade de Campina Grande PB 1

Alisson Clauber Mendes de Alencar, Universidade Estadual da Paraba [email protected]

RESUMOO presente trabalho investigou como a paisagem geogrfica da cidade de Campina Grande PB, utilizada como um recurso metodolgico pelo professor de Geografia pode vir a promover uma aprendizagem significativa de categorias da Cincia Geogrfica. Para tanto, parte-se das materializaes urbanas espacializadas e especializadas que compem o mosaico paisagstico da cidade supracitada. A partir de tais proposies, este estudo possui como objetivo norteador demonstrar a importncia da categoria paisagem na Geografia Escolar, tendo como recorte espacial para exemplificaes a cidade de Campina Grande. Partindo deste, tem-se como objetivos subsequentes estabelecer correlaes dos elementos do passado com os do presente e do local com o global, a partir de metodologias e recursos que proporcionem uma maior aproximao da teoria com o que vivenciado no cotidiano dos discentes. Este estudo foi estruturado a partir de uma pesquisa qualitativa e exploratria, correlacionado com uma fundamentao terica na qual foram contempladas as perspectivas de alguns tericos e estudiosos que abordam as seguintes questes ou temticas: a Prtica de Ensino em Geografia, a Categoria Geogrfica Paisagem e o mtodo fenomenolgico. Para tanto foram utilizadas as obras de Merleau-Ponty (1999), Relph (1979), Maciel (2001) e Christofoletti (1985), dentre outras no menos importantes. Defende-se, a partir destes apontamentos, o desenvolvimento de metodologias de ensino-aprendizagem que considerem, no momento de suas aplicaes, o estudante como agente participativo destes procedimentos, e no apenas como um mero receptador de informaes. importante que no processo de construo do conhecimento por parte dos educandos, o professor desfrute do que faz parte do cotidiano dos mesmos, a cidade e suas mltiplas paisagens, e os estimulem a pensar e ler de forma crtica o mundo metamrfico que se materializa cotidianamente. Palavras - chave: Paisagem, Ensino de Geografia e Fenomenologia.

1.INTRODUOO presente trabalho discutir a importncia da anlise da categoria paisagem na Cincia Geogrfica e na Geografia Escolar, para um ensino eficaz e crtico dos contedos de Geografia, tendo como recorte espacial para exemplificaes, a cidade de Campina Grande, estando esta, localizada na Mesorregio do Agreste e na Microrregio de Campina Grande, no Estado da Paraba. A supracitada categoria geogrfica foi analisada a partir de uma abordagem fenomenolgica. Esta possui, como um de seus fundamentos, a anlise das essncias (fatos, elementos e fenmenos), alm de se caracterizar como uma abordagem que leva em considerao, para a apreenso da realidade, o espao vivido e as diferentes perspectivas de anlises espaciais que so estruturadas a partir da evoluo cognitiva de cada indivduo. Neste mtodo o objeto de estudo (a paisagem urbe) no se caracteriza como um dado inerte e/ou neutro, possui significados e relaes diretas com seu observador. Logo, torna-se necessrio que o sujeito ultrapasse as percepes aparentes e as manifestaes imediatas para alcanar a essncia dos fenmenos, dos processos e das relaes indivduo - meio - objeto.A cidade de Campina Grande percebida como um grande laboratrio de prticas educativas, por apresentar heterogeneidades estruturais e sociais caracterizadas nas suas distintas paisagens, apresenta aos profissionais da educao geogrfica caractersticas e possibilidades para o entendimento e aquisio de contedos, conceitos e categorias da Geografia, que, consequentemente, podem resultar em um conhecimento efetivo alcanado a partir da Geografia Escolar. A partir dos apontamentos aqui proferidos, este estudo possui, como um de seus principais objetivos, demonstrar a importncia da categoria paisagem no ensino da Geografia Escolar, sendo esta analisada a partir de uma abordagem fenomenolgica. Porm, para que este objetivo fosse alcanado, foram utilizadas contribuies epistemolgicas de tericos e estudiosos que discutem tanto a categoria geogrfica paisagem quanto a abordagem fenomenolgica, alm, de autores que discutem questes referentes ao ensino de Geografia, onde a ttulo de exemplo destacam-se Merleau-Ponty (1999), Relph (1979), Maciel (2001) e Christofoletti (1985), dentre outros no menos importantes. importante destacar que, no processo de construo do conhecimento geogrfico dos educandos, o professor considere o contexto de vida dos mesmos, fazendo uma ponte entre o conhecimento emprico e o cientfico, pois atravs das vivncias cotidianas dos discentes os contedos ministrados durante as aulas de Geografia, podero proporcionar uma melhor compreenso das estruturas que se materializam no ambiente citadino campinense.Por fim, sero apresentadas algumas inquietaes referentes s anlises e as formas de emprego da categoria paisagem no ensino de Geografia, alm, de se discutir apontamentos que venham a propiciar uma maior interao entre o conceito e suas possveis formas metodolgicas de utilizao, pois, dependendo do recurso metodolgico utilizado e/ou escolhido, compreenso do conceito, sero acrescidas influncias significativas ou fatores que dificultaro seu entendimento.

2. A CATEGORIA PAISAGEM COMO OBJETO DE ESTUDO NA CINCIA GEOGRFICA

Para se compreender a importncia da paisagem na Geografia, faz-se necessrio o entendimento do que vem a ser uma categoria, sua funo, utilizao e consequentemente sua essncia. Para tanto, imprescindvel que se faa um levantamento conceitual, estruturando definies e funcionalidades para que se possa ter um embasamento terico significativo da referida terminologia, levando-se em considerao sua utilizao por diversos tericos e estudiosos em diferentes pocas. A partir destas inquietaes primordial definir o que uma categoria, para em seguida se discutir a paisagem geogrfica em questo. Segundo Abbagnano (2007), o conceito de categoria apresentado como sendo:

(...) qualquer noo que sirva como regra para a investigao ou para a sua expresso lingustica em qualquer campo. (...) elas so consideradas determinaes da realidade e, em segundo lugar, noes que servem para indagar e para compreender a prpria realidade (ABBAGNANO, 2007, p. 121).

O conceito apresentado por Abbagnano (2007) estabelece condies que so essenciais para compreenso de determinado elemento ou fenmeno, pois, a partir do momento que se define uma categoria de anlise para determinada situao, por consequncia, direcionam-se intencionalmente, classes, ordens, nveis, estruturas e processos para se compreender tanto a categoria em questo, quanto a realidade que ela abrange. Os conceitos geogrficos nos so apresentadas a partir de um conjunto epistmico de ideias, compreender suas representaes uma tarefa extremamente rdua. No que concerne s paisagens urbanas, as mesmas possuem significados prprios, logo, torna-se necessrio anlise de sua essncia, termo que engloba valor, condio, funo, lugar, posio, forma, tempo, relao, significado e, por consequncia, processo. Sendo que este interliga vrias das situaes explicitadas anteriormente. A categoria paisagem uma das que constituem os alicerces da Geografia, que possui como base para o desenvolvimento de estudos e pesquisas as especificidades inerentes ao Espao Geogrfico, que se caracterizam a partir da interrelao de seus conceitos estruturantes: paisagem, lugar, territrio, regio, redes, escalas e espao. sabido que o estudo da paisagem na Geografia, desde sua institucionalizao como cincia, sofreu e sofre diversas inferncias tanto a respeito das correntes terico-metodolgicas utilizadas quanto dos estudiosos e tericos que as analisam. Para se compreender como devem ser proferidas as anlises a respeito desta categoria da Geografia, Cavalcanti (2008) nos apresenta uma sistematizao com elementos e situaes que so inerentes as paisagens.

Figura 01: ELEMENTOS QUE DEVEM SER LEVADOS EM CONSIDERAO NO MOMENTO DE ANLISE DA CATEGORIA PAISAGEM.Fonte: Cavalcanti, 2008, adaptado.

A categoria paisagem complexa por natureza. Cavalcanti (2008, p. 52) a define como (...) expresses tcnicas, funcionais e estticas da sociedade. So tambm dinmicas e histricas, j que se trata de expresses de movimento da sociedade. As questes que sero proferidas adiante versam sobre como apresentar e, por consequncia, construir o conceito de paisagem no ambiente escolar, levando-se em considerao o espao - tempo vivido dos estudantes. O estudo da paisagem como elemento de anlise na Geografia no decorrer do sculo XIX, foi se reformulando, primeiramente, por conta da evoluo dos mtodos de investigao das anlises scio-espaciais e, consequentemente, dos paradigmas, que foram sendo reelaborados para se adaptarem as novas necessidades epistmicas da referida cincia. Pode-se destacar que nas principais Escolas da Geografia, alem e francesa, at a dcada de quarenta do sculo XIX, ambas comungavam de condicionantes semelhantes para expressar ou discorrer sobre o significado do conceito de paisagem, como ressalta Schier (2003)Pode-se dizer que o conceito de paisagem foi originalmente ligado ao positivismo, na escola alem, numa forma mais esttica, onde se focalizam os fatores geogrficos agrupados em unidades espaciais e, numa forma mais dinmica, na geografia francesa, onde o carter processual mais importante. Ambas tratam a paisagem como uma forma material do mundo, onde se imprimam as atividades humanas (SCHIER, 2003, p. 80).

Os estudos sobre as paisagens, hoje, dependendo do tipo de enfoque apresentam-se sob duas macro perspectivas, natural (se que podemos utilizar tal terminologia) ou cultural. De acordo com o mtodo de apreenso, aos quais os tipos de paisagens esto sujeitas, podem ser utilizadas outras nomenclaturas que servem para diferenciar e explicitar qual paisagem ou aspecto paisagstico determinado estudo est evidenciando: ambiental/ecolgico, simblico, estrutural/esttico, urbano, rural ou artificial/humanizado.Vale ressaltar que independentemente da paisagem que esteja sendo estudada, tal categoria, como aponta Maciel (2001, p. 99) (...) um smbolo que necessita de permanente atualizao. Como instrumento de apreenso do espao pela Geografia ela representa uma de nossas mais ricas tradies, e tambm mais profundas querelas. Pois, trata-se de uma categoria repleta de dualidades epistemolgicas.APONTAMENTOS EPISTEMOLGICOS SOBRE O MTODO FENOMENOLGICOFaz-se necessrio, nesta fase do presente estudo, uma definio mais aprofundada das terminologias Fenmeno e fenomenologia para que as crticas e compreenses que por ventura surjam, sejam sincronizadas de acordo com o que o presente estudo prope. Para tanto, sero apresentados as perspectivas de abordagens do referido conceito, no com o intuito de engessar as interpretaes e castrar a imaginao do leitor, mas para que o mesmo possa proferir suas anlises e inquietaes munindo-se com uma maior facilidade dos conceitos e por consequncia das ideias principais que este estudo apresenta.

No que concerne ao conceito de fenmeno, Ales Bello (2006) diz que se refere a tudo aquilo que apreendido pelos sentidos e, por consequncia, pela conscincia, logo, todos os elementos ou situaes que so observveis, podem ser caracterizados como fenmenos. No Dicionrio de filosofia, Abbagnano (2007, p. 511) apresenta trs conceitos de fenmeno 1) aparncia pura e simples (ou fato puro e simples), considerada ou no como manifestao da realidade ou fato real; 2) objeto do conhecimento humano, qualificado e delimitado pela relao com o homem; 3) revelao do objeto em si. Para o mesmo fenmeno, quando percebido por sujeitos diferentes, sero atribudas determinadas especificidades, pois, cada indivduo o analisa com intencionalidades diferenciadas, e mesmo quando as intenes no momento da anlise so as mesmas, os indivduos que o analisam possuem nveis e bases cognitivas especficas, o que confere ao fenmeno uma unicidade, sendo esta propositada pela tica interpretativa de quem o percebe. Alm de possuir unicidade, no momento de anlise por parte do sujeito, o fenmeno, possui uma essncia, sendo esta tambm, outra caracterstica primordial do mesmo.O fenmeno, pelo fato de se caracterizar como objeto do conhecimento humano, est sujeito a mltiplas compreenses, que so direcionadas para determinados fins, e em alguns casos, estas fogem da essncia do fenmeno em questo. Para que os equvocos, no momento de interpretao de determinados fenmenos sejam minimizados, faz-se necessrio o uso de variadas perspectivas de anlises para se chegar o mais prximo possvel da real essncia e/ou sentido do fenmeno. O segundo termo que digno de uma definio mais acurada o de fenomenologia, palavra composta de duas partes, fenmeno, que como discutido anteriormente, pode ser considerado como aquilo que se mostra ou aparece, e logia, que uma palavra que deriva do grego, e para o presente estudo pode ser expressa com o significado de pensamento e/ou capacidade de refletir, assim sendo, a fenomenologia pode ser entendida de maneira simplificada, como sendo a capacidade e ao de refletir sobre aquilo que se mostra, ou seja, o fenmeno. A fenomenologia possibilita ao pesquisador compreender o sentido dos fenmenos, sua essncia. Merleau-Ponty (1999) nos apresenta a seguinte definio de fenomenologia

A fenomenologia o estudo das essncias, e todos os problemas, segundo ela, resumem-se em definir essncias: a essncia da percepo, a essncia da conscincia, por exemplo. Mas a fenomenologia tambm uma filosofia que repe as essncias na existncia, e no pensa que se possa compreender o homem e o mundo de outra maneira seno a partir de sua "facticidade". (MERLEAU-PONTY, 1999, p.5). A fenomenologia nos direciona para mltiplas concepes, porm, uma das mais significativas ressalta que para uma compreenso da essncia do fenmeno necessrio se levar em considerao os sujeitos/indivduos/grupos sociais e o espao no qual este fenmeno se efetiva, alm de se estabelecer um recorte temporal, pois, certos fenmenos apresentam-se restritos no tempo e no espao. Os estudiosos e/ou tericos que se dedicam (dedicaram) sobre a epistemologia da fenomenologia utilizaram-se de variadas metodologias para se chegar essncia do fenmeno ou fato percebido, reduzem-no, transcendem-no e o abstraem para se chegar ao seu sentido essencial, pois, como aponta Ales Bello (2006, p. 23) (...) existem os fatos? Certamente existem. Mas no nos interessa os fatos enquanto fatos, interessamo-nos pelo sentido deles. Contextualizando a referida citao, de acordo com a perspectiva deste estudo, expressa-se que, para cada elemento e ou fenmeno percebido na paisagem urbe de Campina Grande, aos mesmos so acrescidos sentidos, ou como aponta Santos (1988) forma, funo, estrutura, processo, e porque no, tambm, intencionalidades.Analisar a paisagem geogrfica requer um intenso processo de interpretao, pautado a partir de observaes e perspectivas variadas que direcionem a ateno do observador para a real intencionalidade material, subjetiva e simblica de tal fragmento socioespacial. Entretanto, torna-se necessrio compreender que tal categoria pode ser abordada sob diversos aspectos, fato este que corrobora para uma ampla discusso, que por consequncia, gera novas perspectivas epistemolgicas de anlise, sendo a abordagem fenomenolgica uma destas. DAS MATERIALIZAES AS ESSNCIAS: UMA ANLISE FENOMENOLGICA DA PAISAGEM GEOGRFICA DE CAMPINA GRANDE

A localizao de determinado elemento no interior da cidade estipulada por intenes das mais variadas. Porm, dependendo do elemento que venha a ser construdo, ao mesmo proferem-se funcionalidades diversas, o que corrobora para utilizaes e concepes singulares de elementos que j possuem em sua essncia direcionamentos pr-estabelecidos por aqueles que os produziu. As paisagens so construdas a partir de intenes, mas independentemente destas, cada sujeito que as observa est condicionado a v-la de acordo com seus interesses. Meinig (2002, p. 35) explicita que (...) qualquer paisagem composta no apenas por aquilo que est frente dos nossos olhos, mas tambm por aquilo que se esconde em nossas mentes. Para se chegar o mais prximo possvel da essncia das estruturas que se materializam no espao urbano no decorrer do tempo, necessria uma anlise acurada dos fenmenos e processos que condicionaram tais transformaes, alm tambm de, se levar em considerao as inferncias e especificidades que cada sujeito possui, cada abstrao realizada pelo sujeito mpar. Logo, tal aspecto corrobora para interpretaes singulares das mesmas paisagens por diferentes indivduos. O que se apresenta e/ou visto pelo indivduo, possui sua gama de importncia para compreenso da realidade vivida, mas no necessariamente deve-se estagnar ou limitar o conhecimento de determinado fragmento espacial, pautado apenas nas materializaes. Estas devem ser transpostas, pois o que de cunho primordial para a compreenso da realidade geogrfica, em alguns casos ou na maioria destes, est para alm do que percebido, e para se chegar ao real conhecimento deve-se partir do princpio da experincia (do objeto, do fragmento espacial, do fenmeno), sendo esta a concepo defendida pelo mtodo fenomenolgico. Christofoletti (1985) destaca que

A fenomenologia preocupa-se em analisar os aspectos essenciais dos objetos da conscincia, atravs da supresso de todos os preconceitos que um indivduo possa ter sobre a natureza dos objetos, como os provenientes das perspectivas cientifica, naturalista e do senso comum. Preocupando-se em verificar a apreenso das essncias, pela percepo e intuio das pessoas, a fenomenologia utiliza como fundamental a experincia vivida e adquirida pelo indivduo. (1985, p. 22).

O que percebido , por consequncia, constitudo de fragmentos de veracidade mesclados com apreenses imagticas condicionadas ao foco que o observador conscientemente estipula para analisar determinado fragmento espacial ou determinada paisagem. Para que se possa chegar a real essncia (significado) que as paisagens possuem, vem a ser necessria a realizao de macro e micro anlises, ou seja, imprescindvel o estabelecimento de apreciaes que possam abarcar o todo e as partes, compreendendo-se neste processo a gnese ontolgica (natureza comum que inerente a todos e a cada um dos seres e das coisas/objetos/estruturas) que as paisagens nos proporcionam. Utilizando-se tais artifcios, ultrapassa-se a percepo aparente, chegando ao real significado/informao inerente a paisagem observada. Sendo que cada percepo ou sensao varia de indivduo para indivduo pelo fato de cada pessoa possuir uma capacidade de interpretao e de cognio singular. Relph (1979, p. 15) discorre que (...) cada paisagem tem seu prprio conjunto e contm significados especficos para ns em termos das nossas atitudes para com ela. Cada sujeito apresentar especificidades no momento de interpretao de uma mesma paisagem, as intenes so mltiplas. As alteraes nas paisagens so as principais caractersticas visveis que denunciam a forma como, na maioria dos casos, os atores hegemnicos adquam e transformam os arranjos espaciais, materializados a partir das estruturas paisagsticas, localizadas intencionalmente nos lugares que venham a proporcionar um maior destaque para tais empreendimentos. Estas novas tendncias disseminam-se para distintos lugares, sendo que suas finalidades so estranhas a quem por consequncia as utilizar, ou simplesmente as percebe. As estruturas e as paisagens possuem lgicas e diretrizes que esto para alm de suas aparncias.A cidade proporciona e impe a seus habitantes estas inseres estruturais materializadas, a partir de funes simblicas ou mercantis, em pontos isolados de suas paisagens urbanas, relegando a um segundo plano melhorias essenciais que servem, primordialmente, a maior parte da populao, os desprovidos de decises e internalizadores de aes. As paisagens, a partir destas concepes, apresentam-se aos indivduos como fenmenos a serem experienciados para se poder compreender as reais intencionalidades, que no podem ser percebidas apenas nas materializaes, sendo necessrio a transcendncia destas.

CONSIDERAES FINAISA Cincia Geogrfica pode e deve ser nutrida com novas abordagens, novas formas ou mtodos de anlises da realidade, para que seus profissionais da educao possam ter outros recursos, alm dos existentes, que fomentem o despertar de um aprendizado efetivo dos contedos, conceitos e categorias da Geografia.

Apenas explicar os conceitos e categorias geogrficas no o suficiente para a atual realidade das instituies de pblicas de ensino brasileiras, temos que apresentar funcionalidades para despertarmos uma aquisio/construo efetiva do que realmente se trata a Geografia, juntamente com o esclarecimento do seu objeto de estudo, que vem a ser a vida em sociedade e suas inferncias e relaes com a natureza. Quando os professores possuem um domnio de conceitos e passam a utilizar metodologias adequadas para a construo do conhecimento destes por parte dos discentes, o estudo das categorias geogrficas ultrapassam os muros da escola, e recebem novas concepes e, ao mesmo, atribudo significados dos mais variados, pois, os estudantes passam a perceber as estruturas, formas e elementos simblicos do seu convvio cotidiano munindo-se, nem de que forma nfima, de um cabedal terico, que possui por excelncia o objetivo de propiciar uma base slida para se desenvolver de uma reflexo crtica da realidade vivificada.Logo, o referido estudo vem a destacar a importncia do uso do mundo vivido e da paisagem percebida para o processo de desenvolvimento do conhecimento geogrfico pelos educandos. Ressaltando, tambm, que para a consumao deste processo, o professor leve em considerao as paisagens cotidianas percebidas pelos discentes. Estreitando, assim, as conexes entre o conhecimento emprico (dos discentes) e o conhecimento cientfico (dos livros).

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

ABBAGNANO, Nicola. Dicionrio de filosofia. 5.ed. So Paulo: Martins Fontes, 2007.

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SCHIER, Raul Alfredo. Trajetrias do conceito de paisagem na geografia. In: Revista RAE GA, Curitiba, Editora UFPR, n. 7, p. 79-85, 2003.