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Universidade Estadual de Maringá 12 a 14 de Junho de 2013 1 A IMAGEM ENQUANTO REPRESENTAÇÃO MENTAL E MATERIAL RUBIM, Sandra Regina Franchi (UEM) OLIVEIRA, Terezinha (Orientadora/UEM) Introdução Nesse trabalho, pretendemos analisar a linguagem imagética como expressão da construção mental e social que fundamenta as práticas educativas e as identidades humanas. Por acreditar que o conceito de imagem, como representação, abarca uma série de pressupostos e probabilidades, refletiremos, também, sobre a importância da utilização dessa linguagem como evidência histórica. Por isso, destacamos que nossa abordagem da linguagem imagética, nessa pesquisa, situa-se nos campos da História Social e da História da Educação, os quais têm como uma de suas finalidades a compreensão das origens das instituições, dos conteúdos e dos pensamentos que permeiam a educação contemporânea. Consideramos que uma das razões da História da Educação é entender o processo educativo por meio das ações sociais. Com base em seus fundamentos, definimos nosso olhar para as imagens como possibilidade de nos aproximarmos da compreensão que os sujeitos têm ou tinham do seu tempo e espaço e das relações sociais que caracterizam suas vidas. Nossa escolha pela linguagem imagética se justifica por crermos na sua potencialidade de educar os homens e, em consequência, participar de forma considerável no processo de formação social. Acreditamos que cada momento histórico produz uma determinada forma de pensar, correlacionada à maneira como se constrói a existência do ser humano. Desse modo, podemos afirmar que, por meio das imagens, constroem-se discursos cujos sentidos difundem-se com uma intenção formativa. Observamos que a imagem tem em si a probabilidade de transmitir a construção de uma interpretação de certo fato e, concomitantemente, a projeção de uma intencionalidade daquele que faz o discurso (OLIVEIRA, 2008).

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Universidade Estadual de Maringá 12 a 14 de Junho de 2013

1

A IMAGEM ENQUANTO REPRESENTAÇÃO MENTAL E

MATERIAL

RUBIM, Sandra Regina Franchi (UEM)

OLIVEIRA, Terezinha (Orientadora/UEM)

Introdução

Nesse trabalho, pretendemos analisar a linguagem imagética como expressão da

construção mental e social que fundamenta as práticas educativas e as identidades

humanas. Por acreditar que o conceito de imagem, como representação, abarca uma

série de pressupostos e probabilidades, refletiremos, também, sobre a importância da

utilização dessa linguagem como evidência histórica. Por isso, destacamos que nossa

abordagem da linguagem imagética, nessa pesquisa, situa-se nos campos da História

Social e da História da Educação, os quais têm como uma de suas finalidades a

compreensão das origens das instituições, dos conteúdos e dos pensamentos que

permeiam a educação contemporânea. Consideramos que uma das razões da História da

Educação é entender o processo educativo por meio das ações sociais. Com base em

seus fundamentos, definimos nosso olhar para as imagens como possibilidade de nos

aproximarmos da compreensão que os sujeitos têm ou tinham do seu tempo e espaço e

das relações sociais que caracterizam suas vidas. Nossa escolha pela linguagem

imagética se justifica por crermos na sua potencialidade de educar os homens e, em

consequência, participar de forma considerável no processo de formação social.

Acreditamos que cada momento histórico produz uma determinada forma de

pensar, correlacionada à maneira como se constrói a existência do ser humano. Desse

modo, podemos afirmar que, por meio das imagens, constroem-se discursos cujos

sentidos difundem-se com uma intenção formativa. Observamos que a imagem tem em

si a probabilidade de transmitir a construção de uma interpretação de certo fato e,

concomitantemente, a projeção de uma intencionalidade daquele que faz o discurso

(OLIVEIRA, 2008).

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Com foco nas manifestações artísticas como estruturas simbólicas, pretendemos,

então, investigar o discurso eclesiástico e laico presente na representação coletiva do

antijudaísmo, nas esferas econômica, religiosa e comportamental, durante a segunda

fase da História da Inquisição na Península Ibérica, no século XVI.

Destacamos, pois, desse modo, que o diálogo entre as fontes, a visual e a escrita,

baseia-se, principalmente, na proposta de Panofsky (1979), em Significado nas artes

visuais. Nessa obra o autor expõe de forma sintética o método denominado iconologia1,

ou seja, um método de interpretação exaustivo do significado intrínseco das imagens,

histórias, alegorias (o mundo dos valores simbólicos). O método iconográfico consiste

em uma tentativa de ler as imagens como se fossem textos; a iconologia preocupa-se

com níveis mais profundos de significado.

Em relação aos cuidados com a leitura iconográfica nos reportamos a outro

intelectual de igual importância: Francastel (1993), em A Realidade Figurativa. O autor

afirma que “[...] apreciaremos melhor a arte do passado e a do presente se lhe

conhecermos melhor a significação humana [...] nossa sensibilidade estética só pode se

refinar pelo estudo” (FRANCASTEL, 1993, p. 48). Como a leitura de imagens implica

compreensão e significação, faz-se preciso aprofundar o diálogo sugerido e implícito na

obra por meio do conhecimento. A apreciação de imagens, por meio do conhecimento e

da sensibilidade, torna possível identificar as posições éticas, estéticas e políticas que o

indivíduo, como autor da obra, assume diante das lutas históricas do presente em que

vive, como aprovação ou negação, que são as formas de se relacionar com o mundo.

Nossa fundamentação teórica também se aporta em Hegel (1996), em Curso de

estética: o belo na arte. De seu ponto de vista as representações (diferentes formas pelas

quais a arte se efetiva: pintura, escultura, literatura, teatro) só se concretizam quando se

submetem ao espírito humano, o qual se constitui como o ápice da obra de arte. Para

ele, o espírito seria o elemento que possibilita as reflexões acerca do belo.

1 Torna-se importante explicitar aqui a distinção que Panofsky (1979) faz dos conceitos iconologia e iconografia. A iconografia é a parte da história da arte que estuda o tema ou a mensagem das obras de arte. O sufixo grafia vem do verbo grego graphein, que significa escrever; que implica um método de simplesmente descrever. Portanto, a iconografia é um método descritivo e classificatório das imagens, o qual fornece dados importantes para a interpretação póstuma de uma obra de arte, como datas, origens. Coleta e classifica a evidência, mas não faz um trabalho investigativo sobre a origem e a significação dessa evidência.

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Assim, quando se fala de imagens, são infinitas as possibilidades de abordagem

que se abrem ao pesquisador. Esses autores destacam a pertinência de buscar uma

formação que nos ofereça a capacidade de compreendê-las. Face ao exposto, afirmamos

a relevância de observarmos a relação das atitudes, valores e suas expressões ou

manifestações em textos, artefatos e imagens com as estruturas econômica, social e

política, as quais são identificadas como padrão das relações sociais características de

um determinado lugar e momento.

Entendendo que a arte, como linguagem humana, acompanha as mudanças

históricas e consequentemente a forma de viver em sociedade, pretendemos também

analisar a imagem como evidência histórica do período de consolidação do pensamento

antijudaico e do Estado Moderno Absolutista. Esse caminho nos auxiliará na

compreensão das transformações que ocorreram nesse momento. Nessa perspectiva,

trabalharemos com a análise e interpretação, de forma preliminar, de imagens de

representações antijudaicas, veiculadas no século XVI, em um momento de

consolidação do poder real dos Estados nacionais, no período moderno, no qual se

iniciou a segunda fase da história da Inquisição.

Temos, assim, como objetivo geral, neste texto, mostrar a relevância do diálogo

entre a Educação e o campo das imagens. A maneira pela qual a arte se direciona para a

sensibilidade oportuniza a materialização das experiências reais, permitindo, então, a

abertura da sensibilidade para os fatos exteriores ao indivíduo. Nessas condições,

postulamos, que a contribuição das diversas naturezas do conhecimento, não somente a

da Educação ou da História, mas também a da literatura, da poesia, das artes, é

indispensável para o processo de educação, sensibilização e humanização do homem.

Arte e Educação: imagens antijudaicas enquanto fonte para a História da

Educação

Segundo Oliveira (2005), a Igreja Católica, do início do século VI até meados

do século XI, era a única instituição capaz de governar a sociedade, pois, trazia em seu

bojo o conhecimento do mundo antigo e a essência do Cristianismo, nova doutrina que

despontava. Até então, essas duas condições legitimaram o governo da Igreja. Nesse

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contexto, a Igreja Católica foi consolidando seu poder por meio da universalidade ritual,

buscando unir as diversidades religiosas locais sob seu jugo. Na Europa ocidental, por

sobre um substrato de base pagã, deu-se a consolidação da hegemonia do papado, ao

qual se submeteram os cleros locais. Este momento, palco de inúmeras tensões em razão

das invasões normandas, majiares e árabes, havia uma necessidade política, de delimitar

e expandir fronteiras. Importa, pois, destacar aqui, que entre os séculos V e IX, o povo

judaico viveram em paz na Europa ocidental. Na antiguidade greco-romana, a

descriminação aos judeus não tinha ainda um caráter econômico, e sim de origem

religiosa e comportamental. Os pagãos não compreendiam costumes judaicos, como não

comerem carne de porco. A circuncisão era um motivo para zombarias. O sabat judaico

foi a instituição que mais os chocou (FONTETTE, 1989), pois escandalizavam-se com

os judeus por manter esse dia de ociosidade. O monoteísmo era também um fator de

estranheza para os outros povos, pois era comum o culto a diversas divindades naquele

período, e a manutenção de somente um deus, além da impossibilidade de aceitar as

demais divindades, tornava os judeus isolados no meio dos povos da antiguidade. O

Papa Gregório I (590-604), porém, adotou uma política de respeito a esse povo, quando

não deixou que fossem atacados, além de interpretar a morte de Cristo como uma culpa

universal, antecipando-se ao Concílio de Trento. Seguindo essa interpretação, o Império

Franco de Carlos Magno (771-814) e Luiz, o Piedoso (814-840), mantiveram um

posicionamento de tolerância em relação aos judeus.

A partir do século XI, todavia, percebemos a delineação de um momento novo

na vida dos homens, um momento de consolidação do mundo feudal. Assistimos, então,

um processo de mudança na região do Império Romano do Ocidente. Surgem diferentes

forças sociais capazes de responder pela sociedade: os senhores feudais (século XI); as

cidades e o comércio (séculos XII e XIII) e as Universidades (século XIII). Segundo Le

Goff (2007), a partir do século XII o mundo medieval delineou-se o processo urbano. É

aí que aconteceram as principais misturas de pessoas, que se firmaram novas

instituições, que surgiram novos centros econômicos e intelectuais. Assim, esse

ambiente singular, possibilita aos homens um olhar distinto sobre suas vidas e relações.

O desenvolvimento das estruturas sociais foi essencial para se esboçar uma

multiplicidade de estilos de vida, instituições e ordens, umas de caráter tendendo mais

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para o religioso e outras mais para o laico, durante o século XII. Nesse contexto,

portanto, forjou-se um cabedal teórico, artístico e prático considerável, os quais seriam

apropriados por antigos e novos personagens sociais. Esse caminho, pois, acabaram por

estimular mudanças não só nas artes, leis e regras, mas, principalmente, na sua forma de

pensar e estar no mundo.

Nesse período destacamos que os protestos2 contra a ordem social eram feitos de

forma a contestar também a ordem religiosa. Isso ocorria não só porque a Igreja fazia

parte de tal ordem, mas, principalmente, porque, naquele momento, o conteúdo religioso

era o limite do discurso de protesto, quer para aceitar, quer para opor-se à ordem social

estabelecida. A própria leitura da Bíblia foi proibida pelo Papa Gregório IX (1227-

1241), em 1229, demonstrando o caráter de dominação que a Igreja exercia, pois a

Bíblia, sendo lida pelos fiéis, sem a mediação eclesiástica, poderia levar a interpretações

subjetivas, consideradas heréticas pela Igreja. Segundo Lopez (1993, p. 23), “[...] as

heresias religiosas representaram o nascimento das primeiras e importantes minorias

dissidentes do ocidente europeu”. Entretanto, as heresias não surgiram por oposição à

religião católica, mas dentro dela, tanto que os grupos tidos como heréticos, como os

valdenses, bogomilos, albigenses, pregavam o retorno da pobreza dos tempos do

cristianismo primitivo, criticando a opulência que a Igreja Católica havia adquirido,

assim como a venda de indulgências e a corrupção do alto clero.

Dessa forma, para combater essas dissidências, a Igreja organizou tribunais

inquisitoriais, para reprimir as heresias. Para isso, apropriou-se dos primeiros escritos

cristãos, como o evangelho de São João, para justificar suas atitudes. Transformar as

heresias em um insulto à fé seria a forma mais eficaz de mantê-las à margem da

sociedade. Torna-se válido destacar que etimologicamente, a palavra heresia significa

escolher, optar. Ao longo do período em que a Igreja exerceu sua dominação, a palavra

passou a significar como herético tudo que contrariava o pensamento eclesiástico.

2 Segundo José Antonio C. R de Souza, no início do século X, quando da decadência do Império carolíngio, a Igreja Romana não só perdeu seu protetor como o fato de passar a ser tutelada pela “aristocracia romana” - que muitas vezes nomeava para o trono pessoas “indignas” de exercer a função de sumo pontífice – implicou em uma grande crise moral. “Essa situação contribuiu para que em toda cristandade latina, mais ou menos intensamente, surgissem e espalhassem por toda a parte as assim chamadas chagas da Igreja: a simonia, o nicolaísmo e a investidura, corrompendo o clero” (SOUZA, 1995, p. 217).

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Na passagem do século XII para o século XIII, a Igreja enfrentou a mais séria de

todas as heresias: os albigenses. Até então, o combate aos heréticos tinha um caráter

local, não sendo necessário existir uma uniformidade de critérios no tratamento do

problema. Com o surgimento dos Albigenses, a situação mudou, pois estes não ficaram

restritos a sua região de origem, no sul da França, mas se disseminaram pelas demais

regiões da Europa ocidental.

Nesse cenário, a Inquisição estava com suas bases lançadas, a partir da decisão

política de comprometer o Estado na repressão religiosa. Vemos, pois, a recorrência da

afirmação que o surgimento da Inquisição esteja relacionado com o aparecimento dos

albigenses e a necessidade de destruí-los. Porém, Lopez (1993, p. 31) aponta para um

fato relevante:

A heresia se disseminou na mesma época em que o papado assumiu o caráter de uma verdadeira monarquia absoluta, a primeira da Europa e munida de uma ideologia transnacional, considerando que a fé não tinha fronteiras [...] estruturado o sistema de dominação, a justiça torna-se um dos modos de exercer o poder e lhe garantir a continuidade. Foi precisamente quando a Igreja definiu seu perfil de Estado centralizado que surgiu a Inquisição.

Podemos constatar que esse excerto é uma constatação importante a se fazer, em

face da situação política da época, em que o poder do rei era dividido pelos feudos,

muito dispersos e fracos.

Foi, entretanto, a partir do século IX que se delineou uma postura mais

intolerante que no passado em relação ao povo judaico. A Igreja, desejosa de efetivar

sua hegemonia pela unidade monolítica da fé, voltou a mostrar o judeu como um

inimigo da fé cristã, e contra ele canalizou-se certa inflexibilidade. Podemos citar, nesse

sentido, o ato litúrgico da colafização, que consistia em toda a sexta-feira santa

esbofetear um judeu diante da catedral de Toulouse, em expiação à morte de Cristo.

Divulgava-se a ideia do deicídio (Figura 1), ou seja, a acusação de que os judeus teriam

sido os responsáveis pela morte de Cristo (LOPEZ, 1993).

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Figura 1

Acervo do Museu do Prado - Espanha- inquisição contra os judeus Spiezer Chronik. Deicídio. 1485. Disponível em:

< commons.wikimedia.org/wiki/Category:Spiezer_C... >.

Responsabilizados pela morte de Cristo eles se tornaram objeto de desconfiança,

inveja, desprezo dos cristãos. Para os cristãos medievais, o crime de deicídio maculara

para sempre o povo judeu. Verificamos que, nesse contexto, com a pregação da primeira

cruzada feita pelo Papa Urbano II (1042-1099), que consistia na libertação da Terra

Santa do poderio muçulmano, criou-se um fanatismo religioso que se alastrou pela

Europa ocidental. No bojo desse fato, surgiu também uma campanha antijudaica3,

levado pelos cruzados de Rouen, em 1096. Estes diziam que era necessário primeiro

combater os infiéis que estavam dentro da Europa. Nesse período, ocorreram massacres

de judeus em Worms, Mainz, Colônia, Treves, Ratisbona e Bamberg, seguindo o

mesmo fato na segunda cruzada, em 1147. O fenômeno das Cruzadas fortaleceu o

sentimento de ódio aos judeus, reaparecendo, dentre outras, a calúnia do assassinato

ritual (Figura 2), que então fora utilizado pelos cristãos contra os judeus. A acusação do

3 Segundo Fontette (1989), o conceito semita se deve aplicar a línguas e não etnias. O autor observa que o termo anti-semitismo é forjado durante o século XIX, adquirindo o caráter de preconceito étnico, o que não se aplica nesse momento histórico de que estamos tratando. Dessa forma, optamos pelo termo antijudaismo, que possui uma conotação religiosa, mais apropriada.

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assassinato ritual consistia na insinuação de que judeus sequestravam uma criança

cristã, depois a matavam e misturavam seu sangue com o pão ázimo da eucaristia.

Figura 2

Anti-semitismo: Libelos de Sangue contra Judeus. 1493. Disponível em: < http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Schedel_judenfeindlichkeit.jpg >.

Esta imagem nos remete à ideia dos libelos de sangue, ou seja, alegações de que

os judeus participavam de sacrifícios de pessoas. Vemos acima a cena de uma criança

cristã sendo sacrificada por judeus, na presença de sacerdotes. As chamas do ódio eram

instigadas pela alegação de que os judeus, ao derramarem o sangue de Cristo, haviam se

tornado sedentos de sangue, torturando e matando cristãos, sobretudo crianças, a fim de

obterem sangue para seus rituais. Essa difamação alastrou-se amplamente e foi a causa

de inúmeras violências contra judeus.

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Sabe-se, pois, que tal acusação se constituía em motivos para massacres de

judeus. Desde então, operou-se a mudança para uma nova etapa, na qual o judeu,

considerado inicialmente um herético impenitente, era agora visto como um inimigo do

cristianismo. Assim, não podemos negar a manifestação de posicionamentos prévios, de

desejos insinuados ou ambições explícitas no discurso imagético. O discurso clerical e

laico expressavam-se nas manifestações artísticas como estruturas simbólicas de

representação, como expressões de construções e análises sociais, que possibilitavam

aos indivíduos se moverem e se equilibrarem no meio social em que estavam inseridos.

Por isso, nossa análise imagética está amparada em noções como a de imaginário e de

representações coletivas4, as quais, como padrão ordenado de significados diferentes,

refletem a complexidade das dinâmicas sociais.

Difundiram-se, assim, inúmeras calúnias contra os judeus, como a profanação da

hóstia e de envenenamento dos poços de água, em conluio com os leprosos. Também a

epidemia de peste bubônica, do século XIV, foi atribuída a uma imaginária conspiração

de judeus, que teriam disseminado a peste contaminando os poços e as fontes de água.

Estes se alimentavam de uma comida diferente, praticavam serviços religiosos distintos,

educavam suas crianças separadamente e tinham autonomia administrativa, fiscal e

judicial. Assim, as atitudes tradicionais e costumeiras dos judeus eram, portanto,

consideradas como suspeitas. Práticas judaicas, como jogar um punhado de terra atrás

de si depois do funeral, o ritual de purificar fornos em preparação para a Páscoa judaica,

eram avaliadas como magia (BETHENCOURT, 2000).

Verificamos também que na conjuntura da revolução comercial e, portanto,

citadina, nasce e se desenvolve uma cultura laica. Tanto os grupos sociais antigos

quanto os que surgiam tinham necessidades novas, ainda que distintas, e ambicionavam

conhecimentos de ordem prática e técnica. Por meio do dinheiro e do poder social e

político, o mercador pode satisfazer suas necessidades e concretizar seus desejos. Le

Goff (1991) elenca as influências consideráveis da burguesia mercantil nesse momento

histórico peculiar: na escrita, no cálculo, na geografia, nas línguas vulgares, na história,

4 Designamos como categorias mentais (imaginário) aquelas que, dotadas de alcance coletivo, transcendendo a experiência individual, correlacionam-se com a realidade vivida. Tendem a fornecer e estruturar padrões e modelos normativos aplicáveis à sociedade.

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nos manuais de comércio, na racionalização da existência humana, na arquitetura, na

pintura, dentre outros. Sua mentalidade racional, prática, levou-a a criar elementos de

saber e meios de expressão que lhe eram próprios.

A partir do século XV, com a expansão marítima e com o desenvolvimento do

comércio que amadureceu no seio da sociedade espanhola, surge uma classe média

cristã ávida por lucros, buscando ascender socialmente. Segundo Novinsky (1999),

nesse período, os judeus possuíam certa liberdade, não sendo perseguidos na Espanha,

como eram no resto da Europa. Desse modo, os judeus puderam desenvolver, de forma

considerável, suas potencialidades intelectuais, atingindo postos de prestígio na política

e na economia. Foram, durante séculos, médicos e conselheiros dos monarcas, atuando

também em campos intelectuais, como professores, escritores e filósofos.

O embate entre a incipiente burguesia cristã e a já estabelecida judaica foi

impulsionado por instituições de poder, como a Igreja e os reis, que lançaram uma

intensiva propaganda antijudaica. Lançavam mão do argumento de que os judeus

haviam roubado as posições que deveriam pertencer aos cristãos. Os judeus, segundo o

discurso de alguns representantes da Igreja como o papa Inocêncio III (1198-1216),

eram culpados por certos males pelos quais passavam a nação.

A partir do final do século XIV, na península, novas restrições às atividades

judaicas sugiram. Destacamos aqui que a burguesia cristã que fortalecia poderia

preencher, no lugar dos judeus, a camada intermediária entre a massa popular e a

nobreza. Por várias regiões eclodiram revoltas antijudaicas. Em Sevilha, no ano de

1391, cerca de 4.000 judeus foram mortos nas ruas. A Igreja tinha atingido seus

propósitos, pois conseguira, por meio do fanatismo, conclamar a população cristã a

perseguir os judeus por quase toda a Espanha.

Sabe-se que a partir do século XV a Igreja conseguiu exercer forte influência

sobre os reis católicos em relação à perseguição aos conversos. Introduziram-se diversas

medidas restritivas contra judeus e os novos judeus conversos (cristãos-novos)5.

Beneficiavam-se os burgueses cristãos, que então não tinham mais que se preocupar

com a concorrência dos cristãos-novos, ao mesmo tempo em que se revertiam os bens 5 Cristãos-novos era a designação dada em Portugal, Espanha e Brasil aos judeus e mulçumanos convertidos ao cristianismo. Já a denominação cristãos-velhos era atribuída aos que não tinham raízes judaicas.

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confiscados para os cofres do Estado. Dessa forma, assegurava-se aos monarcas fundos

para financiar as constantes investidas contras os reinos mulçumanos ainda existentes na

península (KAMEN, 1966).

A Inquisição, que foi realizada na Península Ibérica Moderna, alcançou enormes

proporções assinala Novinski (1999). Apesar de ser autorizada pelo Papa, era realizada

pelo rei, instituindo-se como instrumento político para resolver problemas de ordem

social, política e econômica. Pode-se dizer que a forma como a Inquisição atuou na sua

segunda fase foi mais organizada e sistemática, unificando métodos de investigação e

tortura, como também criando autos de fé (Figura 3). Vemos aqui o julgamento de

alguns judeus. No alto podemos ver o comando do clero.

Figura 4

Museu Judaico de Belmonte Pedro Berruguete (1450–1504): São Domingos Presidindo a um Auto-de-fé (1475). Disponível em: <

http://commons.wikimedia.org/wiki/Pedro_Berruguete >

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Essa prática era a representação terrena do Dia do Juízo. Era um espetáculo

organizado em praças públicas, nos quais eram aplicadas as penas aos condenados pela

Inquisição. O método de perseguição dos inquisidores era simples: eles visitavam os

povoados, em geral acompanhados de funcionários da Justiça local e convocavam a

população na igreja principal. Cada pessoa tinha que confessar seus erros e os dos

amigos e parentes no prazo médio de 30 dias. Os processos eram feitos na base da

delação, dos rumores, do diz-que-diz, e contavam com espiões locais conhecidos como

familiares – homens influentes da sociedade. Se os inquisidores não juntassem provas

de heresia naquele prazo, não tinha problema: os suspeitos eram condenados mesmo

assim a penas como excomunhão, confisco de bens, prisão, açoite e mesmo morte. As

fogueiras davam um caráter mítico e atraíam o povo com promessa de redenção.

Podemos perceber, também, que os conversos agora começavam a ser

perseguidos, pela visível ascensão social que conquistaram, pois continuavam atuando

nos altos postos do Estado. Tornava-se imperativo a aristocracia de cristãos velhos,

restritos às atividades agrícolas, buscar mecanismos para vencer a concorrência dos

conversos. Com a nova ordem social que se delineava, os aristocratas perceberam a

importância das relações mercantis e, consequentemente, financeiras, aquelas que

sempre desprezaram (NOVINSKY, 1999).

A Inquisição, segundo a autora serviu como forma de conter todo pensamento

que contestasse os dogmas católicos, e assim reforçou a hegemonia da Igreja,

conferindo a ela um poder irrestrito. Embora, nesse período, a Inquisição tenha servido

aos interesses do Estado, a Igreja atuou ao seu lado, como impulsionadora legítima da

perseguição a judeus e conversos. Em 1492, os judeus foram definitivamente expulsos

da Espanha e muitos seguiram para Portugal. Neste mesmo ano, em 1º de março, os reis

católicos promulgaram o Decreto Alhambra. Esse decreto estipulava um prazo de dez

meses para que todos saíssem do reino ou se convertessem; caso contrário, seriam

punidos com a morte e com o confisco dos bens. Diante do decreto, a maior parte dos

judeus optou pela saída do Reino, ao invés do batismo. Quase 150 mil judeus

atravessaram a fronteira em direção a Portugal, enquanto outros 50 mil se dirigiram ao

norte da África e à Turquia.

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Constatamos que, ao normatizar práticas e comportamentos, a Inquisição

procurava impedir certos desvios religiosos, as heresias. Ressaltamos, portanto, as

relações entre arte e poder laico e clerical, já que a veiculação das representações

iconográficas destinava-se a divulgar a ideia de combate aos judeus, vistos como

pessoas inimigas de Deus e do Estado.

Nesse contexto, a linguagem imagética tornou-se um elemento significativo na

construção de justificativas, na projeção de interesses e objetivos coletivos, na criação

de necessidades e na modelagem de valores e condutas. A arte, por ser um discurso

menos formal, por apresentar uma linguagem menos codificada, por conter sinais

universais de rápida interpretação, configurou-se como um importante instrumento de

educação dos homens. Era necessário recorrer ao conjunto de crenças, fábulas, ritos,

cerimônias, que identificavam aos judeus uma relação intrínseca com o demônio, com

fins conspiratórios contra a cristandade. Segundo Fontette (1989) era natural que judeus

fossem caracterizados da mesma forma, com chifres, orelhas de porco, barba de bode,

rabo e odor pestilento.

Convém assinalar que o símbolo, o mito, a imagem pertencem à substância da

vida espiritual. O pensamento simbólico não é domínio exclusivo da criança, do poeta,

mas é inerente ao homem. Ele precede a linguagem e a razão discursiva. Eliade afirma

(1979, p. 171), “[...] que a função de um símbolo é justamente a de revelar uma

realidade total, inacessível aos outros meios de conhecimento [...]”. As imagens, os

símbolos, os mitos respondiam a uma necessidade e preenchiam uma função,

condizente com o seu tempo. Nesse momento, as letras, as artes e a religião educavam o

povo no sentido de crer e aceitar as representações judaicas desejadas pela Igreja, bem

como pelo poder monárquico que se efetivava. Assim observando, por meio das

imagens, a coexistência entre antigas e novas formas de pensar, sentir e agir, podemos

acompanhar a direção que a educação também foi assumindo nessa época.

Nesses termos, reiteramos que a leitura da imagem demanda um estudo da

história social dessa linguagem imagética, o que implica observar o momento histórico

em que elas foram idealizadas, ou seja, o quadro das condições econômicas, sociais e

políticas da Europa do século XVI, em especial, a situação da Espanha. Temos

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consciência de que, quando situamos um texto em seu contexto histórico, ingressamos

no próprio ato de interpretar.

Podemos constatar a possibilidade de entender como a mentalidade do homem,

que se constrói pelas produções intelectuais e influências do conhecimento popular de

cada período histórico, se reflete na produção artística. Nesse contexto, a arte assume

um papel quanto área do conhecimento para o processo de formação da pessoa.

Abalizamos, então, a necessidade de a Educação adentrar no campo das imagens

e das linguagens tecnológicas. Torna-se crucial humanizar os sentidos do homem e

desenvolver a sensibilidade humana, ampliando, assim, a dimensão da reflexão.

Acreditamos que esses requisitos podem ser desenvolvidos por meio da capacidade

reflexiva dos homens e do conhecimento. Sublinhamos que o conhecimento se institui

um elemento fundante da formação humana. Isto se converte em um desafio histórico

posto a cada dia para aqueles que trabalham e se preocupam com a Educação.

Considerações finais

Assinalamos que as investigações na Educação e nas Ciências Humanas que

percorrem o caminho da História apontam para uma compreensão da totalidade dos

acontecimentos, transformando, assim, o passado em objeto de investigação. Isso

contribui para que a função social da História da Educação que é promover reflexões

sobre as práticas do presente. Nesse sentido, situando-nos no campo de investigação da

História da Educação e analisando a educação na História, aproximamos fontes

primárias, autores clássicos e a linguagem imagética do período.

Verifica-se, contudo, que o conhecimento produzido implica e pressupõe

métodos e teorias, os quais, sendo igualmente produtos sociais e históricos, embasam o

processo e o resultado da construção do conhecimento científico.

Nesse sentido, consideramos que o campo da linguagem imagética, quando

estudado sob a ótica da dinâmica das relações humanas e da transformação social, pode

em muito beneficiar o historiador da Educação e enriquecer o conhecimento que se

pretende construir. Salientamos que o interesse dos historiadores pelas imagens que

circulam em diferentes espaços e momentos alargou-se nas últimas décadas. As imagens

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têm-se tornado fontes relevantes da pesquisa historiográfica, sobretudo para os

especialistas da História Social e Cultural, ampliando-se para além do universo dos

historiadores da arte.

Destacamos, assim, que a apreciação imagética pode ser considerada como

possibilidade de expressão de construções e análises sociais, portanto educativa. Nossa

proposta de pesquisa incide-se na perspectiva da análise da produção artística como um

meio educativo e como um reflexo do modo de viver e pensar dos homens nos

diferentes períodos históricos, que se constitui como uma possibilidade de compreensão

do processo histórico, da formação do sujeito social.

Observamos, portanto, que as imagens selecionadas são uma evidência histórica,

cujos significados simbólicos e estéticos auxiliam-nos na compreensão das relações

sociais e de poder presentes no processo social da Idade Média para a Idade Moderna.

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