A Igreja Em Éfeso (01)

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A igreja em Éfeso Ap.2:1-7 Podemos entender essas igrejas de três formas: a. O aspecto histórico Em primeiro lugar, elas existiram realmente e os problemas e virtudes mencionados aqui eram reais. Sendo assim, as cartas certamente foram úteis na sua edificação. Esse é o aspecto histórico. b. O aspecto pessoal Ainda assim, essas igrejas podem ser usadas como modelos espirituais, que servem de advertência a toda e qualquer

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A igreja em fesoA igreja em feso

Ap.2:1-7

Podemos entender essas igrejas de trs formas:

a. O aspecto histrico

Em primeiro lugar, elas existiram realmente e os problemas e virtudes mencionados aqui eram reais. Sendo assim, as cartas certamente foram teis na sua edificao. Esse o aspecto histrico.

b. O aspecto pessoal

Ainda assim, essas igrejas podem ser usadas como modelos espirituais, que servem de advertncia a toda e qualquer igreja em qualquer poca da histria. Em todas as pocas houve igrejas s quais essas exortaes foram apropriadas.

c. O aspecto proftico

Apocalipse , prioritariamente, proftico. Em virtude disto, cada igreja pode tambm ser uma representao proftica.

Todos os mestres concordam que cada uma das sete igrejas representa um determinado perodo da histria da Igreja desde o primeiro sculo at a volta do Senhor.

Evidentemente, todos esses enfoques so corretos.

Todas as cartas possuem a mesma estrutura:

- Comeam com uma revelao do Senhor

- expom repreenses ou elogios

- e terminam com uma palavra aos vencedores.

Certamente, uma das principais razes para compreendermos estas cartas descobrir qual o padro do vencedor.

Atentando para as repreenses e elogios nelas expressos, podemos construir um quadro que demonstre o que ser um vencedor.

Os vencedores, certamente, no so pessoas extraordinrias, nem tampouco se referem a todos os salvos.

So os crentes normais em tempos de anormalidade.

Viu-se anteriormente que os vencedores so aqueles que foram aprovados, e por isso recebero a recompensa do reino.

A recompensa sempre prometida a eles em cada uma das cartas, mas isso no significa que apenas os vencedores sero salvos.

Os membros genunos de cada uma dessas igrejas sero salvos, mas apenas os vencedores recebero o galardo.

Os vencedores, em cada igreja, so aqueles que so aprovados por responderem s repreenses feitas pelo Senhor em cada uma delas.

Assim, por exemplo, o Senhor repreende a Igreja de feso por ter abandonado o primeiro amor, logo o vencedor ser aquele que atender repreenso e voltar ao primeiro amor.

As sete cartas, portanto, representam um retrato do que significa ser um vencedor.

AVALIAO DS 7 IGREJAS

- cinco foram censuradas e elogiadas

- uma no recebeu nem censura nem louvor

- e uma foi elogiada

feso foi elogiada e censurada. Do ponto de vista proftico, feso representa a Igreja do primeiro sculo.

O Contexto histrico de feso

Todos as 7 igrejas esto no lugar que chamamos hoje de Turquia. Naqueles dias a regio era chamada de sia menor.

feso foi povoada pelos gregos cerca de 1200 a.C. Por causa de sua proximidade com o Mar Egeu, era um grande porto e tornou-se uma grande cidade.

feso era a porta de entrada para o comrcio de toda a sia Menor.

At o sculo 1, feso era uma grande cidade romana. Era a capital da sia Menor e uma grande metrpole.

Os efsios adoravam a deusa Diana, a deusa romana da fertilidade e da natureza.

Uma das 7 Maravilhas do Mundo antigo estava localizada em feso, o Templo de Diana.

No sculo 2, quando os cristos estavam sendo martirizados, sendo devorados por lees para o entretenimento de Roma, eles eram enviados via feso.

Incio, um dos pais da Igreja refere-se a feso como "a estrada dos mrtires."

Paulo, reconhecendo a importncia desta cidade, fundou a Igreja em feso e passou mais de 3 anos l.

1. A revelao do Senhor - 2.1

Para cada carta, o Senhor Jesus se apresenta com um nome especial, de acordo com as necessidades de cada Igreja. Seu nome nos fala daquilo que Ele . Ele mesmo a nossa proviso e suficincia.

Nessa carta, Ele se apresenta como aquele que conserva nas mos as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro.

Os sete candeeiros so as sete Igrejas e as estrelas so os anjos das Igrejas (1.20).

O fato de o Senhor passear entre os candeeiros mostra que Ele est cuidando e apascentando sua Igreja.

E o lder que esta frente dessa igreja , o Senhor o carrega em Sua mo direita, que a mo forte. Ele apascenta a sua Igreja e tambm sustenta com brao forte quem a lidera.

2. Mensagem igreja - 2.2-6

a. O Senhor conhece as obras, o labor e a perseverana. v. 2

O primeiro sinal do vencedor que ele tem obras, labor e perseverana.

Qual a diferena?

Obras significam trabalho. Ento Jesus est dizendo: olha, eu conheo o seu trabalho. Trabalho bom! O trabalho na casa de Deus importante, mas o Senhor no conhece apenas o trabalho,

Ele conhece tambm o labor.

Qual a diferena entre trabalho e labor?

Trabalho aquilo que voc faz dentro do limite da sua obrigao, mas labor fazer alm do que foi pedido.

Alguns trabalham, outros do o sangue. Alguns trabalham, mas h aqueles que suam a camisa.

O EXEMPLO DOS JOGADORES DE FUTEBOL

como em um time de futebol. Existem jogadores que jogam, treinam, fazem tudo o que lhes exigido no contrato. Isso trabalho.

Mas h outros jogadores que no medem esforos, no tiram a perna na hora da dividida. Eles esto ali para se superarem.

O time pode at ganhar algumas partidas com jogadores que trabalham, mas se quiser ser campeo, sero necessrios jogadores que vo alm do trabalho, que laborem.

Alguns fazem coisas na Casa de Deus, mas outros esto dispostos a se desgastar. Isso labor.

Jogar bola, muitos jogam, mas, no decorrer dos anos, s os que laboram so reconhecidos.

O Senhor diz que conhece as obras e o labor, mas ainda resta algo mais: a perseverana.

O que perseverar?

H jogadores que trabalham, outros at laboram, mas existem aqueles que esto dispostos at a jogarem machucados. Jogam sentindo dor, mas jogam.

Quando tudo conspira para nos fazer desistir, o cansao, a dor, a angstia, ainda assim levantamos e prosseguimos isso perseverar.

S h perseverana onde h desconforto, impedimentos graves, barreiras terrveis.

Quando outros jogadores esto machucados e o time precisa de ns, a est a nossa oportunidade para o sacrifcio. Isso perseverar.

Mas quantos acham que vale a pena fazer isso por causa do reino de Deus?

O EXEMPLO DE MARIA

Isso me lembra Maria que derramou todo aquele blsamo precioso em cima de Jesus.

E o que disse Judas? Que desperdcio!

Perseverar fazer o que ningum teria coragem de nos pedir.

Os irmos de feso laboravam pelo Senhor. No estavam atrs de cargos, mas de encargos. Cargo trabalho; mas encargo labor.

b. Testavam os que se declaravam apstolos. v. 2

Os irmos de feso tambm no podiam suportar homens maus e nem coisas ms, alm disso, colocavam prova os lderes que chegavam se declarando apstolos

Um vencedor possui essa santa indignao. Vencedores no se impressionam com a oratria, no se entusiasmam com volume de voz, com o tapa no plpito, com os berros. Vencedores ousadamente testam os pretensos apstolos para terem certeza que, de fato, so homens de Deus.

No errado testar aqueles que desejam liderar. O problema que somos cheios de respeitos humanos.

Percebemos que a pessoa diz uma coisa e vive outra, um fariseu hipcrita, mas, mesmo assim, no a confrontamos. Queremos ser sempre simpticos.

Porque criar uma situao desconfortvel? Os efsios no suportavam falsos apstolos e colocavam prova aqueles que se diziam enviados de Deus.

c. Tinham perseverana no meio de provas sem esmorecer. v. 3

No verso trs, lemos que os irmos de feso tinham perseverana no meio de provas sem esmorecer.

O grande teste a presso. O vencedor testado no meio da presso.

Normalmente, preferimos ouvir o que as pessoas dizem quando tudo vai bem, em dia de calmaria e vento suave. Mas ignoramos o que elas falam quando o cu escurece e a tempestade cai.

Deus diferente de ns. Ele no liga para aquilo que falamos com a cabea fria, Ele espera at que a situao esquente, ento abaixa o ouvido e diz: pode falar que eu estou ouvindo, meu filho!

Quando algum fala com a cabea quente, sempre o desculpamos dizendo: liga no, ele est de cabea quente.

O que falamos de cabea fria mostra o que queremos ser, mas o que falamos com a cabea quente mostra aquilo que realmente somos.

A nica forma de conhecermos o que ocorre em nosso interior sendo submetidos presso. Somente quando Deus espreme, brota o que est dentro de ns.

Aqueles irmos foram testados no meio de provas, no meio de tribulaes e foram aprovados. A perseverana somente pode ser observada no meio de adversidades e perseguies.

S se conhece a valentia de um soldado no dia da batalha.

Ser um vencedor perseverar no meio da tribulao at ser aprovado como esses irmos de feso.

At aqui temos apenas elogios do Senhor a esta Igreja, mas h certas coisas que devem ser corrigidas.

d. Abandonaram o primeiro amor. v. 4

Quando for exortar algum, comece sempre elogiando. o Senhor Jesus quem nos ensina isso. Depois de elogiar bastante, disse:

tenho, porm, algo contra vocs, abandonaram o primeiro amor.

A palavra primeiro prten, que pode ser traduzida como melhor. O primeiro amor o melhor amor.

como se o Senhor dissesse: eu tenho uma coisa contra vocs, meus queridos de feso, vocs trabalham, tm obras, tm tido tribulao e tm perseverado, mas abandonaram o primeiro amor.

O QUE O PRIMEIRO AMOR?

O primeiro amor aquele fervor inicial de quando conhecemos o Senhor.

Os vencedores so aqueles que preservam o melhor amor para o Senhor. Aquele mais quente, mais precioso, aquele mais forte.

No seremos teis para Deus, a menos que o amemos apaixonadamente.

Deus no est atrs de trabalhadores, mas de uma noiva.

Deus no criou Ado e o colocou numa fbrica, antes o colocou no Jardim do den, que quer dizer jardim de delcias.

O homem foi colocado no den para ter comunho, para amar o Senhor.

Em que baseada a nossa relao com Deus?

Em cerimnias e ordenanas, ou no amor?

Deus at elogiou o trabalho, a obra e a perseverana dos efsios, mas tudo ficou ofuscado por causa de um corao frio no qual j se apagara o primeiro amor.

Pela f, somos salvos, mas pelo amor recebemos a recompensa.

Sem f impossvel agradar a Deus, mas a intimidade reservada para aqueles que O amam.

Sei que a palavra paixo no a mais apropriada, mas, no h outra melhor. Ns precisamos ser apaixonados pelo Senhor Jesus.

Paixo nos remete a intensidade. O primeiro amor demonstra intensidade em nosso relacionamento com o Senhor.

Apocalipse a concluso de uma histria de amor. No final, a noiva vem descendo do cu ataviada, pronta para receber o noivo. Aleluia!

A principal condio que se espera de uma noiva que ela seja apaixonada.

Quando amamos, enxergamos a pessoa amada em tudo e tudo oportunidade para se falar dela.

Eu sempre fao uma dinmica com meus alunos. Eu a chamo de:

Seja louco por um dia.

O objetivo desenvolver um corao para amar mais o Senhor. Durante um dia inteiro, cada um deve procurar enxergar Jesus em tudo. No que tudo seja Deus (isso uma heresia), mas tudo aponta para Ele e testemunha a respeito dEle, ento podemos v-lO naquilo que Ele criou.

Eu ento oriento:

- quando voc for abrir a porta diga: Isso no uma porta verdadeira, s o Senhor a porta que me permite entrar na glria.

- Se voc for caminhando declare: Esse caminho no leva a lugar algum, o nico caminho verdadeiro o Senhor Jesus.

- Ao tomar um copo dgua, declare que Ele a gua da vida.

- Quando for comer uma refeio, proclame: esta comida no pode matar minha fome, Jesus o po que desceu do cu e eu quero comer dEle.

- Quando for se deitar diga: o Senhor que o meu descanso. Ao puxar a coberta: Senhor, debaixo de Suas asas eu estou seguro.

- Ao tomar banho, abrindo o chuveiro, declare: a verdadeira gua que me lava a gua da Palavra de Deus.

- Quando pegar o sabonete declare: isso no limpa coisa alguma, s o sangue de Jesus purifica a minha vida.

Talvez digam que ficamos loucos. Mas todo apaixonado perde um pouco a razo.

e. Se no se arrependerem removerei do seu lugar o candeeiro.

O verso cinco diz:

Lembra-te, pois, de onde caste, arrepende-te e volta prtica das primeiras obras; e, se no, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro. (Ap .2:5)

As primeiras obras s quais o Senhor se refere o primeiro amor.

notvel que am-lO seja o tipo de obra que Ele aprova, e que, apesar de todo trabalho, labor e perseverana, o Senhor no esteja satisfeito.

Somente um corao cheio de amor pelo Senhor pode manter o candeeiro aceso.

Em feso, por mais de mil anos no tem havido Igrejas. Hoje h Igrejas em Roma, Corinto ou Tessalnica, mas no h em feso. O candeeiro foi removido.

As portas do inferno no podem prevalecer contra a Igreja. O diabo no tem poder para destruir a Igreja, mas quando a Igreja esfria o seu corao, o Senhor mesmo a remove.

Um candeeiro sem fogo torna-se intil. Quando o Senhor foi visto no meio dos candeeiros de ouro, Ele estava cuidando para que a chama no se apagasse em nenhum deles. Quando, porm, a chama se apaga, o candeeiro precisa ser removido.

f. Odiavam as obras do nicolatas. v. 6

Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolatas, as quais eu tambm odeio. (Ap 2.6)

O que so as obras dos nicolatas?

Nem na Palavra de Deus nem na histria da Igreja encontramos meno alguma de um movimento com esse nome.

Quando no encontramos nem uma meno na Bblia a respeito de algo, e nem to pouco na histria, isso significa que aquilo algo simblico.

Nesse caso, o significado da palavra a chave para entendermos o smbolo.

A palavra nicolata composta de duas outras palavras no grego: nicos e laicos, nicos significa conquistador, dominador; j laicos significa o povo comum.

Ento o significado de nicolatas dominadores do povo.

O significado do nome aponta, ento, para o clericalismo dentro da Igreja.

Se quisermos ser vencedores, devemos rejeitar a obra dos nicolatas, ou seja, a obra do clericalismo.

Existem, todavia, muitos enganos com respeito ao clericalismo.

Primeiro, algumas pessoas pensam que ser anticlerical condenar todo tipo de autoridade. Isso um erro!

Dentro da Igreja existem autoridades constitudas por Deus. O Senhor sustenta nas mos o anjo da Igreja, que bem pode ser o lder, o pastor ou o presbtero. Se no temos governo, o que resta o caos.

O clericalismo surge quando os lderes tentam impedir que os demais membros do corpo funcionem, transformando a obra de Deus num empreendimento de profissionais que se colocam como intermedirios entre os membros da Igreja e o Senhor.

Historicamente, o nicolaitismo, ou o clericalismo, comeou a acontecer no sculo primeiro, mas o seu auge aconteceu no sculo quarto, com Constantino. Constantino foi o imperador romano que tornou o cristianismo a religio oficial do imprio.

At aquele momento, ser cristo era ser um inimigo do Estado, sujeito a ser perseguido, comido por feras, serrado ao meio, preso, desterrado e morto.

CONSTANTINO E O CLERICALISMO

No sculo quarto, a histria diz que Constantino supostamente teve uma experincia de converso e oficializou a Igreja tirando-a da clandestinidade.

Como resultado a Igreja cresceu e se encheu de pessoas que nem mesmo eram convertidas genuinamente. Todos queriam pertencer religio do imperador.

Os bispos da Igreja, talvez com boa inteno, no podiam permitir que pessoas naquela situao estivessem frente.

Ento decidiram que o povo, o leigo, se sentaria para aprender, e os mais instrudos, chamados de clrigos, iriam ensinar. Da para se proclamarem mediadores entre o povo e Deus foi um passo.

O clericalismo uma das piores pragas que tem assolado a Igreja nesses quase dois mil anos. As funes do corpo foram destrudas. A Igreja tornou-se um lugar aonde as pessoas simplesmente assistem.

A IMPORTANCIA DA VISO CELULAR

por isso que a viso de clulas to importante. Ela um instrumento de Deus para matar essa doena maligna do clericalismo e para restaurar as funes do corpo.

Na viso celular, todos os membros funcionam; todos podem falar e, acima de tudo, todos podem liderar e ouvir a Deus. Cada crente voltou a ser um ministro.

As clulas so um instrumento de Deus para alcanarmos a viso de sermos uma Igreja de vencedores.

Pedro diz que somos sacerdotes (1Pe 2.9). Cada crente pode ouvir a Deus, cada um pode ter direo da parte de Deus e cada um pode ter acesso Bblia.

A forma mais comum de clericalismo aquela de cima para baixo, na qual os pastores so os nicos ministros porque so eles que possuem o ttulo.

J ouvi pastores dizendo que os demnios s saem se forem eles a expulsarem-nos. No adianta qualquer crente expulsar, preciso ser um crente graduado.

3. A recompensa do vencedor 2.7

Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da rvore da vida que se encontra no paraso de Deus. (Ap 2.7)

Esta promessa nos lembra o que ocorreu no den. Deus criou o homem e o colocou no paraso. A rvore da vida foi colocada no jardim para que o homem pudesse comer dela.

Todavia no comeu. Depois que ele caiu no pecado, foram colocados dois querubins com espadas de fogo chamejante, na porta do den, para impedir que ele viesse a comer dela.

O vencedor, porm, vai passar no meio do paraso de Deus e comer da rvore da vida.

Em outras palavras, o vencedor aquele que cumpre o propsito original do Senhor. como se o Pai dissesse:

Vou honr-lo e coloc-lo numa posio de proeminncia, porque ele conheceu o meu corao e me agradou, andando de acordo com o meu propsito.