A história do círio

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A HISTÓRIA DO CÍRIO Realizado em Belém do Pará há mais de dois séculos, o Círio de Nazaré é uma das maiores e mais belas procissões católicas do Brasil e do mundo. Reúne, anualmente, cerca de dois milhões de romeiros numa caminhada de fé pelas ruas da capital do Estado, num espetáculo grandioso em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré, a mãe de Jesus. No segundo domingo de outubro, a procissão sai da Catedral de Belém e segue até a Praça Santuário de Nazaré, onde a imagem da Virgem fica exposta para veneração dos fiéis durante 15 dias. O percurso é de 3,6 quilômetros e já chegou a ser percorrido em nove horas e quinze minutos, como ocorreu no ano de 2004, no mais longo Círio de toda a história. Na procissão, a Berlinda que carrega a imagem da Virgem de Nazaré é seguida por romeiros de Belém, do interior do Estado, de várias regiões do país e até do exterior. Em todo o percurso, os fiéis fazem manifestações de fé, enfeitam ruas e casas em homenagem à Santa. Por sua grandiosidade, o Círio de Belém foi registrado, em setembro de 2004, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial. Além da procissão de domingo, o Círio agrega várias outras manifestações de devoção, como a trasladação, a romari a fluvial e diversas outras peregrinações e romarias que ocorrem na quadra Nazarena. O domingo do Círio começa com a celebração de uma missa em frente à Catedral metropolitana de Belém, a Sé, às 5h30. Ao término da missa, às 6h30, é iniciada a procissão que percorre as ruas de Belém até a Praça Santuário de Nazaré, em um percurso de 3,6 quilômetros. Em 2004, o trajeto foi cumpri do em 9 horas e 15 minutos, sendo registrado como o Círio mais longo de toda a história. A cada ano, o Círio de Nazaré atrai um número maior de romeiros, reunindo, além dos fiéis de Belém e do interior do Estado, devotos de várias regiões do país e até mes mo visitantes estrangeiros. Durante todo o trajeto feito pela imagem de Nossa Senhora, os devotos fazem diversas manifestações de fé, além de enfeitar as ruas e casas em homenagem à Santa. Por sua grandiosidade, o Círio de Belém foi registrado, em setembro de 2004, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artísti co Nacional (Iphan), como patrimônio cultural de natureza imaterial. Mérito conquistado não só pela Imagem de Nossa Senhora de Nazaré, mas também pelo simbolismo da corda do Círio, que todos os anos é disputada pelos promesseiros que enchem as ruas de Belém de fé e emoção; dos carros de promessas, que carregam as graças aten didas pela Virgem; dos mantos de Nossa Senhora, que a deixam ainda mais linda; da Berlinda, que se destaca na multidão carregando a pequena imagem tão singela e do hino “Vós sois o Lírio Mimoso”, canção que embala os milhares de corações que acompanham o Círio em uma só voz. Após a grande procissão, a imagem da Virgem fica exposta no altar da Praça Santuário para visita dos fiéis durante 15 dias, período chamado de quadra nazarena. Curiosidade: O termo “Círio” tem origem na palavra latina “cereus” (de cera), que significa vela grande de cera. Por ser a principal oferta dos fiéis nas procissões em Portugal, com o tempo passou a ser sinônimo da procissão de Nazaré aqui Belém e de muitas outras pelas cidades do interior do Pará.

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A HISTÓRIA DO CÍRIO

Realizado em Belém do Pará há mais de dois séculos, o Círio de Nazaré é uma das maiores e mais belas procissões católicas do Brasil e do mundo. Reúne, anualmente, cerca de dois milhões de romeiros numa caminhada de fé pelas ruas da capital do Estado, num espetáculo grandioso em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré, a mãe de Jesus.

No segundo domingo de outubro, a procissão sai da Catedral de Belém e segue até a Praça Santuário de Nazaré, onde a imagem da Virgem fica exposta para veneração dos

fiéis durante 15 dias. O percurso é de 3,6 quilômetros e já chegou a ser percorrido em nove horas e quinze minutos, como ocorreu no ano de 2004, no mais longo Círio de toda a história.

Na procissão, a Berlinda que carrega a imagem da Virgem de Nazaré é seguida por romeiros de Belém, do interior do Estado, de várias regiões do país e até do exterior. Em

todo o percurso, os fiéis fazem manifestações de fé, enfeitam ruas e casas em homenagem à Santa. Por sua grandiosidade, o Círio de Belém foi registrado, em setembro de

2004, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial.

Além da procissão de domingo, o Círio agrega várias outras manifestações de devoção, como a trasladação, a romari a fluvial e diversas outras peregrinações e romarias que ocorrem na quadra Nazarena.

O domingo do Círio começa com a celebração de uma missa em frente à Catedral metropolitana de Belém, a Sé, às 5h30. Ao término da missa, às 6h30, é iniciada a

procissão que percorre as ruas de Belém até a Praça Santuário de Nazaré, em um percurso de 3,6 quilômetros. Em 2004, o trajeto foi cumpri do em 9 horas e 15 minutos,

sendo registrado como o Círio mais longo de toda a história.

A cada ano, o Círio de Nazaré atrai um número maior de romeiros, reunindo, além dos fiéis de Belém e do interior do Estado, devotos de várias regiões do país e até mes mo

visitantes estrangeiros. Durante todo o trajeto feito pela imagem de Nossa Senhora, os devotos fazem diversas manifestações de fé, além de enfeitar as ruas e casas em homenagem à Santa.

Por sua grandiosidade, o Círio de Belém foi registrado, em setembro de 2004, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artísti co Nacional (Iphan), como patrimônio cultural

de natureza imaterial. Mérito conquistado não só pela Imagem de Nossa Senhora de Nazaré, mas também pelo simbolismo da corda do Círio, que todos os anos é

disputada pelos promesseiros que enchem as ruas de Belém de fé e emoção; dos carros de promessas, que carregam as graças aten didas pela Virgem; dos mantos de Nossa

Senhora, que a deixam ainda mais linda; da Berlinda, que se destaca na multidão carregando a pequena imagem tão singela e do hino “Vós sois o Lírio Mimoso”, canção que embala os milhares de corações que acompanham o Círio em uma só voz.

Após a grande procissão, a imagem da Virgem fica exposta no altar da Praça Santuário para visita dos fiéis durante 15 dias, período chamado de quadra nazarena.

Curiosidade:

O termo “Círio” tem origem na palavra latina “cereus” (de cera), que significa vela grande de cera. Por ser a principal oferta dos fiéis nas procissões em Portugal, com o

tempo passou a ser sinônimo da procissão de Nazaré aqui Belém e de muitas outras pelas cidades do interior do Pará.

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História da devoção à N. S. de Nazaré

A devoção a Nossa Senhora de Nazaré teve início em Portugal. A imagem original da Virgem pertencia ao Mosteiro de Caulina, na Espanha, e teria saído da cidade de

Nazaré, em Israel, no ano de 361, tendo sido esculpida por São José. Em decorrência de uma batalha, a imagem foi levada para Portugal, onde, por muito tempo, ficou

escondida no Pico de São Bartolomeu. Só em 1119, a imagem foi encontrada. A notícia se espalhou e muita gente começou a venerar a Santa. Desde então, muitos milagres foram atribuídos a ela.

No Pará, foi o caboclo Plácido José de Souza quem encontrou, em 1700, às margens do igarapé Murutucú (onde hoje se encontra a Basílica Santuário), uma pequena

imagem da Senhora de Nazaré. Após o achado, Plácido teria levado a imagem para a sua choupana e, no outro dia, ela não estaria mais lá. Correu ao local do encontro e lá

estava a “Santinha”. O fato teria se repetido várias vezes até a imagem ser enviada ao Palácio do Governo. No local do achado , Plácido construiu uma pequena capela.

Em 1792, o Vaticano autorizou a realização de uma procissão em homenagem à Virgem de Nazaré, em Belém do Pará. Organizado pelo presidente da Província do Pará,

capitão-mor Dom Francisco de Souza Coutinho, o primeiro Círio foi realizado no dia 8 de setembro de 1793. No início, não havia data fixa para o Círio, que poderia ocorrer

nos meses de setembro, outubro ou novembro. Mas, a partir de 1901, por determinação do bispo Dom Francisco do Rêgo Maia, a procissão passou a ser realizada sempre

no segundo domingo de outubro.

Tradicionalmente, a imagem é levada da Catedral de Belém à Basílica Santuário. Ao longo dos anos, houve adaptações. Uma delas ocorreu em 1853, quando, por conta de uma chuva torrencial, a procissão – que ocorria à tarde – passou a ser realizada pela manhã.

Virgem de Nazaré: Patrona do Pará

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA – ASSESSORIA TÉCNICA

LEI N° 4.371, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1971.

Proclama Nossa Senhora de Nazaré Patrona do Estado do Pará e dá outras providências.

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ promulga e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1° – Fica proclamada PATRONA DO ESTADO DO PARÁ NOSSA SENHORA DE NAZARÉ.

Parágrafo Único – O Governo do Estado do Pará prestará, anualmente, as honras de Estado à padroeira dos paraenses.

Art. 2° – A presente Lei poderá ser regulamentada pelo Governador do Estado.

Art. 3° – Esta Lei tem sua vigência a partir do dia 10 de outubro do corrente ano.

Palácio do Governo do Estado do Pará, 15 de dezembro de 1971.

FERNANDO JOSÉ DE LEÃO GUILHON

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Governador do Estado

Georgenor de Souza Franco

Secretário de Estado de Governo

Círio: Fonte de Solidariedade

O Círio de Nossa Senhora de Nazaré é experiência de fé, mas é também fonte de solidariedade. Boa parte da arrecadação da Festa é investida nas Obras Sociais da Paróquia

de Nazaré (Ospan), desenvolvidas nas sete comunidades que compõem a sua área territorial. Milhares de pessoas são beneficiadas anual mente em seus projetos de

atendimento laboratorial, distribuição de sopa e creches infantis.

A implantação do Serviço Social na Ospan se deu em 2002, na gestão do Padre Francisco Silva, na época pároco da Paróquia de Nazaré. O Padre solicitou, ao departame nto

de Serviço Social da Universidade da Amazônia (Unama), uma consultoria a respeito das necessidades da Paróquia de Nazaré. Hoj e, com o serviço implantado, a responsabilidade do trabalho desenvolvido fica a cargo das técnicas Mônica Demachki (Coordenadora) e Hilda Muller (Assistente Social).

Os atendimentos médicos e odontológicos acontecem nas comunidades de São José e Santo Antôni o Maria Zaccaria. Profissionais de saúde voluntários atendem mais de 3

mil pessoas por ano. A população carente recebe atendimento e orientações de higiene e saúde que fazem toda a diferença no se u dia-a-dia.

O pão é também repartido. Voluntários nas diversas comunidades preparam a sopa, que toda semana é fartamente distribuída aos que comparecem, o que ajuda a saciar a

fome dos filhos de Nossa Senhora. As obras sociais têm vários projetos com a comunidade, entre eles, o programa inserção no mercado de trabalho, o programa adolescente trabalhador, o atendimento social e outros.

Cuidando também dos pequenos, as Obras atendem a mais de 500 crianças por meio das creches Sorena, Casulo (Santo Antônio Mari a Zaccaria) e Cantinho São Rafael

(Casa de Nazaré). Elas permanecem sob os cuidados de educadores das 7 às 17 horas, recebendo educação escolar básica, alimentação e muito carinho. São meninos e

meninas entre dois e seis anos tendo a chance de crescer física, mental e espiritualmente, e participando ainda de ativ idades esportivas e culturais como danças e artes plásticas.

As Obras Sociais da Paróquia de Nazaré trabalham com valores que dignificam a vida do ser humano: ética, cidadania, universalidade, espírito de equipe, participação, respeito e confiança, espiritualidade, satisfação dos funcionários, humanização, qualidade de vida e compromisso institucional.

Memória de Nazaré

Criado pela a Diretoria da Festa de 2012 em homenagem à Rainha da Amazônia, o espaço está instalado ao lado da Casa de Plácido e abriga uma exposição permanente

que conta a história da fé e da devoção mariana, que tem seu maior momento o Círio. São fotos das romarias, mantos utilizados pela Imagem Peregrina, cartazes de edições passadas do Círio de Nazaré, pedidos e promessas de romeiros, com as tradicionais casas e barcos, carregados pelos devotos durante a procissão.

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Em 2013, após uma breve reforma, o Memória novos elementos, entre eles seis mantos, que foram revitalizados, pela equipe da h istoriadora Rosa Arraes, curadora da exposição; fotos da visita da Imagem Peregrina a Portugal e também a imagem de Nossa Senhora Aparecida, um presente do cantor Daniel para a Diretoria da Festa.

Para visitações neste e outros espaços ao arredor da Basílica que contam um pouco da história do Círio, a Pastoral do Turismo (Pastur) implantou recentemente um

trabalho com jovens voluntários que recebem formação técnica para monitorar visitas em grupos a espaços como: Memória de Nazaré, Casa de Plácido, Capela Bom Pastor e Basílica Santuário de Nazaré.

Serviço:

Memorial de Nazaré Local: Praça Justo Chermont, S/N, (ao lado da Casa de Plácido)

Horário de funcionamento: De segunda à sexta 9h às 12h e 14h às 18h Sábado: de 8h às 12h

Entrada: R$2,00 e meia-entrada a R$1,00.

Agendamento de visitas: [email protected]

SÍMBOLOS DO CÍRIO

Imagem Autêntica

Chamada de imagem “autêntica” ou “imagem do achado”, a escultura de madeira encontrada pelo caboclo Plácido, no ano de 1700, tem 28 cm de altura, cabelos caídos

sobre o ombro direito e carrega ao colo o Menino Jesus despido com um globo nas mãos. Aos pés da Virgem, há a cabeça alada de um anjo, que é o símbolo iconográfico da

glória celestial. Na Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, a imagem autêntica fica em redoma de cristal no altar-mor, o Glória , entre anjos, nuvens e um belo

esplendor de raios. De lá, ela só é retirada uma vez ao ano, numa cerimônia conhecida como a “Descida da Imagem” ou “Descida do Glória”, que ocorre na véspera do Círio,

às 13h. Após a descida do Glória, durante toda a quinzena da Festa, a imagem fica num nicho instalado no presbitério, portanto mais perto dos devotos. Desde que foi encontrada, a imagem autêntica já foi restaurada três vezes. Ela é coberta por um manto canônico, trabalhado com fios e enfeites de ouro.

Imagem Peregrina

A partir de 1969, por motivos de segurança, a imagem autêntica que era levada nas procissões do Círio foi substituída por outra, que é uma cópia alterada da imagem

encontrada por Plácido. É chamada de “imagem peregrina” porque sai em todas as procissões e cerimônias oficiais da festa Nazarena . Durante o ano, ela fica na sacristia da Basílica Santuário.

Manto

Segundo a lenda do achado da Imagem da Virgem de Nazaré, ela já estava com um manto no momento em que foi encontrada pelo cab oclo Plácido. A tradição foi mantida

e, ao longo dos anos, ela foi ganhando vários outros. Em 1953, a imagem autêntica recebeu um manto bordado a ouro e pedras preciosas, além de receber a Coroa

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Pontifícia. A confecção dos primeiros mantos é atribuída à irmã Alexandra, da Congregação das Filhas de Sant'Ana, do Colégio Gentil Bittencourt. Ela confeccionava o manto

e o promesseiro doava o material. Foi assim até sua morte, em 1973. Depois disso, quem assumiu a missão foi a ex -aluna e ajudante, Esther Paes França, que fez 19

mantos. Daí em diante, vários católicos e estilistas famosos passaram a confeccionar o manto.

Berlinda

A berlinda começou a fazer parte do Círio a partir de 1855, em substituição a uma espécie de carruagem puxada por cavalos ou bois, chamada de palanquim. Em 1880, o

Bispo Dom Macedo Costa mandou fazer uma berlinda que levasse a imagem sozinha. Em 1926, a berlinda foi transformada em andor e assim saiu até o Círio de 1930. Hoje

a berlinda que carrega a imagem da Virgem de Nazaré na procissão do Círio já é a quinta da história. Confeccionada em 1964, pelo escultor João Pinto, ela tem estilo

barroco e é esculpida em cedro vermelho. Ornamentada com flores naturais na véspera do Círio, a Berlinda é colocada sobre um carro com pneus, que na procissão é puxado pela corda conduzida pelos devotos.

Corda

A corda faz parte do Círio há 156 anos e foi introduzida em 1855, quando a berlinda ficou atolada por conta de uma chuva. Mas só no ano de 1885 a corda foi inserida

oficialmente no Círio, substituindo os animais que puxavam a berlinda. Desde então, foi incorporado à festividade e, passou a ser o elo entre Nossa Senhora de Nazaré e os

fiéis. A cada ano, milhares de fiéis disputam um espaço para tocar na corda do Círio, a fim de pagar promessas e prestar home nagens à Virgem de Nazaré. "Ir na corda" é

considerado um dos maiores atos de fé e devoção à Mãe de Jesus. Nos últimos anos, o ícone que tem 400 metros de comprimento e duas polegadas de diâmetro tem sido fabricado em Santa Catarina e é doada por um devoto anônimo. O transporte da corda até Belém também é doado pela transportadora Novo Progresso.

Campanha

Para levar um pedacinho desse símbolo para casa, a cada ano a corda era cortada pelos devotos com mais antecedência. Em 2011, por causa da necessidade de manter vivo

este símbolo tão importante de devoção à Nossa Senhora e, também, evitar possíveis acidentes durante as procissões, a Diretoria da Festa de Nazaré começou uma

campanha contra o corte prematuro da corda. O arcebispo Dom Alberto Taveira espera os devotos em frente ao Colégio Santa Catarina, para uma benção. O objetivo é que a corda seja cortada pela própria organização do Círio e distribuída aos fiéis.

Carros

Além da berlinda, outros treze carros acompanham a procissão do Círio. Eles são um símbolo importante da devoção mariana, onde os romeiros depositam objetos de

promessa que carregam durante a procissão. Um desses carros – o dos Milagres – se refere ao milagre que teria ocorrido no ano de 1182, quando o fidalgo português Dom

Fuas Roupinho, prestes a despencar num abismo com seu cavalo, recorreu a Nossa Senhora de Nazaré. Há, também, o Carro do Caboclo Plácido, o Barco dos Escoteiros, a

Barca Nova, Carro do Anjo Custódio, Barca com Velas, Carro do Anjo Protetor da Cidade, a Barca Portuguesa, o Carro dos Anjos I, Barca com Remos, Carro dos Anjos, o Carro da Santíssima Trindade e o Cesto das Promessas.

Cartaz

A cada ano, os cartazes do Círio são produzidos para distribuição à população, que tem por hábito afixar nas portas de suas casas, como uma homenagem daquele lar à

padroeira. Este ano, representa a beleza e a simplicidade com que Deus age na vida do seu povo. É necessário estarmos em sintonia com Ele para percebermos a sua ação

em nossas vidas. Em primeiro plano contemplamos a Virgem de Nazaré que traz nos braços o nosso Salvador. Por detrás da imagem peregrina as fitinhas coloridas tão

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intimamente ligadas à nossa devoção popular, compõem de maneira harmoniosa um belíssimo resplendor que imediatamente evoca os raios de um ostensório, objeto

litúrgico usado para a Adoração do Santíssimo Sacramento. Maria é a Mulher Eucarística porque nos apresenta seu filho Jesus e convida-nos a viver em perene ação de

graças por tudo o que d’Ele recebemos.

Hino

“Vós Sois o Lírio Mimoso” é considerado o hino oficial do Círio de Nazaré. Composto em 1909 pelo poeta maranhense Euclides Farias, posteriormente, foi acrescido de um

estribilho – escrito pelo advogado Aldebaro Klautau - que cita o nome da Senhora de Nazaré. O hino "Virgem de Nazaré" é, originalmente, um poema de autoria da poeti sa

paraense Ermelinda de Almeida, que por volta dos anos 60 foi musicado pelo Pe. Vitalino Vari. "Maria de Nazaré" tem letra e música do sacerdote mineiro Pe. José

Fernandes de Oliveira (Pe. Zezinho) e foi composto em 1975. "Nossa Senhora da Berlinda" tem letra e música do Pe. Antônio Maria Borges e foi composta em 1987.

Promesseiros

Eles são uma das imagens mais emocionantes da Festa da Rainha da Amazônia. Além dos que vivem em Belém, chegam promesseiros d o interior do Pará, de outros Estados

e até de outros países. Muitos seguem a romaria descalços; outros vestem seus filhos de anjos, puxam a corda, distribuem água, carregam objetos de cera que representam

curas alcançadas. Também é comum ver os fiéis carregando pequenas casas na cabeça e cruzes de madeira. O sacrifício às vezes supera os limites da dor e alguns fiéis

seguem de joelhos toda a procissão.

Museu

Os objetos carregados pelos fiéis são selecionados e parte deles vai para o Museu do Círio, que funcionou na cripta da Basíli ca Santuário até o ano de 2002, sendo

transferido para o complexo Feliz Lusitânia em 2003. Outra parte dos objetos vai para a exposição permanente do Memorial e Nazaré e também para a Estação dos Carros,

uma espécie de depósito/museu com mais de 800 metros quadrados, que fica na área do Arraial de Nazaré, onde, durante todo o ano, ficam guardados a berlinda e os carros levados na grande procissão.

Terço da Alvorada

Durante a quinzena da Festividade de Nazaré, dezenas de pessoas se revezam em orações, conduzindo uma réplica da Image m de Nossa Senhora de Nazaré pelas ruas no

entorno da Basílica. O Terço da Alvorada acontece diariamente, às 5h30, até o sábado que antecede o Encerramento da Festa.

Memorial de Nazaré

Criado pela a Diretoria da Festa de 2012 em homenagem à Rainha da Amazônia, o espaço está instalado ao lado da Casa de Plácido e abriga uma exposição permanente

que conta a história da fé e da devoção mariana, que tem seu maior momento o Círio. São fotos das romarias, mantos utilizados pela Imagem Peregrina, cartazes de

edições passadas do Círio de Nazaré, pedidos e promessas de romeiros, com as tradicionais casas e barcos, carregados pelos devotos durante a procissão. Em 2013, após

uma breve reforma, o Memorial recebeu novos elementos, entre eles seis mantos, que foram revitalizados, pela equipe da historiadora Rosa Arraes, que segue a frente da

curadoria da exposição; fotos da visita da Imagem Peregrina a Portugal e também a imagem de Nossa Senhora Aparecida, um prese nte do cantor Daniel para a Diretoria da Festa.

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PEREGRINAÇÕES DO CÍRIO

Quando a imagem de Nossa Senhora de Nazaré atravessa as ruas levada pela devoção do povo paraense, emociona milhões. O mar de fiéis mostra a dimensão da fé na

Virgem. Mas, esta não é a única vez que a multidão segue a Padroeira da Amazônia. Semanas antes do Círio, o povo atravessa os prédios, as vilas e os bairros entoando

cânticos e orações pelo caminho. São as peregrinações – encontros de preparação espiritual para o Círio – que acontecem desde 1972. Ao todo são 15 encontros em que imagens de Nossa Senhora de Nazaré vão, de casa em casa, abrindo a contagem regressiva para a Festa.

Manhã de formação

Voluntários, chamados de dirigentes de peregrinação, de todos os cantos da cidade reúnem e orientam os devotos. Esses mensageiros da fé recebem a benção e a

orientação do Arcebispo de Belém, dos Padres barnabitas e da Diretoria da Festa de Nazaré, durante a Manhã de Formação. O evento ajuda os voluntários a conhecer o

livro de peregrinações e aprender passo a passo os fundamentos dos 15 encontros que formam o ciclo. Durante toda a manhã, ele s se preparam espiritualmente para a jornada que antecede a romaria de Nossa Senhora de Nazaré e oram para mais um ano cheio de devoção e bênçãos.

Missa do Mandato

O Círio é movido pela devoção. Contribuindo com essa veneração, existem voluntários que levam a mensagem de amor e fé em Noss a Senhora de Nazaré aos lares

paraenses. Esses mensageiros são conhecidos como dirigentes de peregrinação e têm a tarefa de cumprir a missão dada por Jesus: “I de e evangelizai”. O lema marca o

início das comemorações da quadra nazarena que se dá oficialmente na Missa do Mandato. A celebração reúne a comunidade católica para receber as bênçãos da Rainha

da Amazônia e, então, começar os trabalhos de evangelização e peregrinação. A Missa é solene, celebrada pelo Arcebispo de Bel ém, e acontece desde 1986.

Simbolicamente, é feita a entrega de uma imagem a uma família, representante de uma das comunidades previamente escolhida. É a fé fortalecida que vai transformar centenas de dirigentes em milhões de fiéis.

Livro das Peregrinações

Como unir milhares de orações sob a mesma fé? Como orar juntos a Nossa Senhora de Nazaré em lugares diferentes, num só coro? Para responder a tais questões, nasceu

o Livro de Peregrinações, um guia que inspira e aproxima os fiéis durante as romarias pelos lares paraenses, que acontecem nos meses de agosto e setembro, em

preparação para o Círio. Todos os que recebem a imagem da Virgem de Nazaré e os que a entregam (dirigentes), os que acompanham as procissões caseiras e participam

de cânticos e orações, juntam-se numa só voz, um só clamor à Padroeira da Amazônia através desse pequeno livro que carrega consigo a devoção do povo paraense. O livro

foi introduzido como mais um elemento da Festa, em 1994.

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