A História Da Minha Vida

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A história da minha vida Tudo começou há três anos atrás, eu era uma rapariga feliz, até que no verão de 2011 o meu pai começou a adoecer. A minha mãe começou a notar que os braços do meu pai estavam a tremer, pensou que fosse por causa do tabaco que ele fumava e aconselhou a mudar de marca. Ele mudou para outra, mas os braços continuavam a tremer. Até que um dia, a minha mãe disse ao meu pai para ir ao médico para ver a que se deviam os tremores. Como o meu pai é muito teimoso não queria ir. A minha chorava e dizia-lhe que ele tinha uma doença qualquer que vinha da cabeça, mas o meu pai aborrecia-se e até se zangava de ela dizer essas coisas. A minha mãe insistia que ele tinha que ir ao médico, mas ele, teimoso continuava a não querer ir. Um dia a minha falou com ele com um tom mais sério e disse-lhe para o fazer, se não fosse por ele, que o fizesse pelos filhos. Então o meu pai foi ao médico. A médica mandava fazer análises e mais análises e o meu pai ia fazer. Mostrava depois os resultados, e a médica dizia que era da coluna e receitou-lhe uns medicamentos. Mas o meu pai não melhorava; pelo contrário, piorava cada vez mais. O meu pai foi com a minha mãe a outra médica. Fez novas análises, e identificaram artrites, e que tinha de ficar internado para observação. A minha mãe chegou a casa , contou- nos e eu fiquei muito triste. Eu e o meu irmão começámos a chorar, e a minha mãe também. De seguida, deram alta ao meu pai. Eu fiquei muito feliz, e fui a correr para lhe dar um abraço... Mas os braços do meu pai continuavam a tremer, e a minha mãe foi com ele a Lisboa. Lá, fez novamente imensos exames e vieram mostrar os resultados ao médico aqui de Portalegre. De seguida, mandaram o meu pai fazer uma ressonância magnética a Évora. Descobriram que tinha uma doença grave, esclerose lateral amiotrófica... Seguiu-se uma consulta num neurologista em Lisboa, no Hospital Santa Maria.

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A história da minha vida

Tudo começou há três anos atrás, eu era uma rapariga feliz, até que no verão de 2011 o meu pai começou a adoecer. A minha mãe começou a notar que os braços do meu pai estavam a tremer, pensou que fosse por causa do tabaco que ele fumava e aconselhou a mudar de marca. Ele mudou para outra, mas os braços continuavam a tremer.

Até que um dia, a minha mãe disse ao meu pai para ir ao médico para ver a que se deviam os tremores. Como o meu pai é muito teimoso não queria ir. A minha chorava e dizia-lhe que ele tinha uma doença qualquer que vinha da cabeça, mas o meu pai aborrecia-se e até se zangava de ela dizer essas coisas.

A minha mãe insistia que ele tinha que ir ao médico, mas ele, teimoso continuava a não querer ir. Um dia a minha falou com ele com um tom mais sério e disse-lhe para o fazer, se não fosse por ele, que o fizesse pelos filhos. Então o meu pai foi ao médico.

A médica mandava fazer análises e mais análises e o meu pai ia fazer. Mostrava depois os resultados, e a médica dizia que era da coluna e receitou-lhe uns medicamentos. Mas o meu pai não melhorava; pelo contrário, piorava cada vez mais.

O meu pai foi com a minha mãe a outra médica. Fez novas análises, e identificaram artrites, e que tinha de ficar internado para observação. A minha mãe chegou a casa , contou-nos e eu fiquei muito triste. Eu e o meu irmão começámos a chorar, e a minha mãe também.

De seguida, deram alta ao meu pai. Eu fiquei muito feliz, e fui a correr para lhe dar um abraço...

Mas os braços do meu pai continuavam a tremer, e a minha mãe foi com ele a Lisboa. Lá, fez novamente imensos exames e vieram mostrar os resultados ao médico aqui de Portalegre.

De seguida, mandaram o meu pai fazer uma ressonância magnética a Évora. Descobriram que tinha uma doença grave, esclerose lateral amiotrófica... Seguiu-se uma consulta num neurologista em Lisboa, no Hospital Santa Maria.

Aí, explicaram tudo o que ia acontecer ao meu pai. Mas o meu pai não acreditou no que lhe disseram. Mas ele continuou a piorar, a ter menos força. Começou depois a fazer fisioterapia, e a minha avó começou a ajudá-lo a vestir-se. Mas a minha avó já tem os seus problemas, sofre de depressão, e um dia recusou-se a ajudá-lo...

A seguir foi internado no hospital, pois a minha mãe não tinha quem cuidasse dele... Conseguimos depois uma vaga para ele em Arronches, onde ia ter mais condições. Mas o meu pai não queria ir; dizia que já estava habituado a estar no hospital, e assim acabou por ficar em Arronches apenas dois meses, pedindo transferência para São Tiago, na Urra.

Entretanto o meu pai estava cada vez pior. Já não se percebia a falar, engolia mal e engasgava-se muito. O médico informou-nos que ele tinha de ser operado para meter um tubo no estômago, mas o meu pai não queria. E assim foi transferido novamente para o hospital depois

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de ter estado nove meses na Urra. Mas ele não queria ir, porque sabia que lhe iam meter a peg (sonda) para comer. Ainda aguentou algum tempo sem a sonda, mas voltou a engasgar-se ,e assim tiveram que a colocar. A peg entopiu, e teve de voltar ao bloco operatório, retiraram, e voltaram depois a colocar...

Bem, eu tento ser forte e não me ir abaixo, mas há dias em que só me apetece chorar. Eu não gosto de ver o meu pai assim... Há dias que escondo a minha tristeza por detrás de um sorriso.

Estou sempre alegre, não gosto de mostrar aquilo que sinto, guardo tudo para mim...