História da Educação Especial no Brasil: Aspectos históricos
A história da educação no brasil
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A História da Educação no Brasil
Capítulo 1
1- A educação Jesuítica no Brasil Colonial
1-1 Educação Indígena antes da chegada dos
portugueses
Antes da chegada dos colonizadores, o Brasil era povoado por
civilizações, consideradas por alguns historiadores, primitivas, ideia esta
presente nas caracterizações feitas pelo escrevente Pero Vaz de Caminha em
sua Carta escrita no dia 01.05.1500, sobre os "índios" aqui encontrados.
Existia aqui uma população Ameríndia distribuída ao longo da costa brasileira e nas bacias dos rios Paraná-Paraguai, foram divididos em dois principais grupos, sendo eles os tupi-guaranis e os Tapuias, sendo esta divisão estabelecida de acordo com a
cultura e língua.
Os tupi-guaranis, os quais daremos aqui maior ênfase por terem sido alvo das missões jesuíticas, ocupavam quase toda a costa brasileira, do Ceará até a Lagoa dos Patos, é claro que em alguns pontos sua presença era interrompida pela
“Plantavam feijão, milho, abóbora e principalmente mandioca, cuja farinha se tornou também um alimento básico da Colônia. A economia era basicamente de subsistência e destinada ao consumo próprio. Cada aldeia produzia para satisfazer a suas necessidades, havendo pouca troca de gênero alimentício com outras
aldeias”(FAUSTO: 2003; 40).
Índia Brasileira - Jean Baptiste Debret
ocupação de outros grupos, tais como os Goitacases e os Tremembés, também conhecidos como Tapuias.
Eram semelhantes aos povos primitivos, nômades tinham sua economia baseada na agricultura de subsistência e mínimas eram as relações comerciais, também viviam da caça e da pesca como narra Boris
Fausto (2003):
Dentro destas sociedades a educação estava ligada á sua sobrevivência, e era transmitida oralmente, sendo assim ao invés de aprender as letras e ciências, aprendiam a caça a pesca, a agricultura e o artesanato, estas atividades eram ainda divididas de acordo com o sexo e a idade como
podemos ver na tabela abaixo:
Os índios sobreviviam da caça, da pesca, do extrativismo e da
agricultura. Nem esta última, porém, servia para ligá-los permanentemente a
um único território. Fixavam-se nos vales de rios navegáveis, onde existissem
terras férteis. Permaneciam num lugar por cerca de quatro anos. Depois de
esgotados os recursos naturais do local, migravam para outra região, num
regime semi-sedentário.
Suas tabas (aldeias) abrigavam entre 600 e 700 habitantes. Levando em
conta as possibilidades de abastecimento e as condições de segurança da
área, um conselho de chefes determinava o local onde eram erguidas. As
aldeias eram formadas por ocas (cabanas), habitações coletivas que
apresentavam formas e dimensões variadas. Em geral, as ocas eram
retangulares, com o comprimento variando entre 40 m e 160 m e a largura
entre 10 m e 16 m. Abrigavam entre 85 e 140 moradores. Suas paredes eram
de madeira trançada com cipó e recobertas com sapé desde a cobertura.
As várias aldeias se ligavam entre si através de trilhas, que uniam
também o litoral ao interior. Algumas eram muito extensas como a do Peabiru,
que unia a região da atual Assunção, no Paraguai, com o planalto de
Piratininga, onde se situa a cidade de São Paulo. Descobrimentos
arqueológicos confirmam contatos entre os tupis-guaranis e os incas do Peru:
objetos de cobre dos Andes foram desenterrados em escavações, no Rio
Grande do Sul e no Estado de São Paulo.
Alimentação: mandioca, peixe e mariscos
A alimentação dos índios do Brasil se compunha basicamente de farinha
de mandioca, peixe, mariscos e carne. Conheciam-se os temperos e a
fermentação de bebidas alcoólicas. Com as fibras nativas dos campos e
florestas, fabricavam-se cordas, cestos, peneiras, esteiras, redes, abanos de
fogo; moldavam-se em barro diversos tipos de potes, vasos e urnas funerárias,
pois enterravam seus mortos.
Na taba, vigorava a divisão sexual do trabalho. Aos homens cabiam as
tarefas de esforço intenso, como o preparo da terra para o cultivo, a construção
das ocas e a caça. Além destas, havia a atividade que consideravam mais
gloriosa - a guerra. As mulheres, além do trabalho natural de dar a luz e cuidar
das crianças, semeavam, colhiam, modelavam, teciam, faziam bebidas e
cozinhavam.
Os casamentos serviam para estabelecer alianças entre aldeias e
reforçar os laços de parentesco. A importância da família se contava pelo
número de seus homens. As grandes famílias tinham um líder e as aldeias
tinham um chefe, o morubixaba. Em torno dele, reunia-se um conselho da taba,
formado pelos líderes e o pajé ou xamã, que desempenhava um papel mágico
e religioso. As crenças religiosas dos índios possuíam papel ativo na vida da
tribo. Praticavam-se diversos rituais mágico-sagrados, relacionados ao plantio,
à caça, à guerra, ao casamento, ao luto e à antropofagia.
Antropofagia (canibalismo) e vida após a morte
Basicamente, os tupi-guaranis acreditavam em duas entidades
supremas - Monan e Maíra - identificados com a origem do universo. Ao lado
das divindades criadoras, figurava também uma entidade - Tupã - associada à
destruição do mundo, que os índios consideravam inevitável no futuro, além de
ter ocorrido em passado remoto. Acreditavam também na vida após a morte,
quando o espírito do morto iniciava uma viagem para o Guajupiá, um paraíso
onde se encontraria com seus ancestrais e viveria eternamente. A prática da
antropofagia talvez estivesse especialmente ligada a essa viagem sobrenatural,
sendo uma espécie de ritual preparatório para ela, segundo alguns estudiosos.
Para outros, o ritual antropofágico servia para reverenciar os espíritos
dos antepassados e vingar os membros da aldeia mortos em combate. Após as
batalhas contra tribos inimigas, a antropofagia tinha caráter apoteótico,
mobilizando todos os membros da aldeia numa sucessão de danças e
encenações que terminavam com a matança de prisioneiros e o devoramento
de seus corpos.
Na organização política de uma aldeia, destacava-se a figura do chefe, o
morubixaba, mas este só exercia efetivamente o poder em tempos de guerra.
Ainda assim não podia impor a sua vontade, devendo convencer um conselho
da aldeia, por meio de discursos. A guerra era uma atividade epidêmica.
Acontecia por razões materiais, como conquistar terras privilegiadas; morais e
sentimentais, como a vingança da morte de parentes ou amigos por grupos
adversários; ou ainda religiosas, vinculadas à antropofagia.
Povos guerreiros
O caráter beligerante das sociedades indígenas brasileiras desmentem a
versão da história segundo a qual os índios se limitaram a assistir à ocupação
da terra pelos europeus, sofrendo os efeitos da colonização passivamente. Ao
contrário, nos limites das suas possibilidades resistiram à ocupação territorial,
lutando bravamente por sua segurança e liberdade. Entretanto, o contato inicial
entre índios e brancos não chegou a ser predominantemente conflituoso. Como
os europeus estivessem em pequeno número, podiam ser incorporados à vida
social do índio, sem afetar a unidade e a autonomia das sociedades tribais.
Isso favoreceu o intercâmbio comercial pacífico, as trocas de produtos
entre os brancos e os índios, principalmente enquanto os interesses dos
europeus se limitaram ao extrativismo do pau-brasil. Em geral, nas três
primeiras décadas de colonização, os brancos se incorporavam às aldeias,
totalmente sujeitos à vontade dos nativos. Mesmo em suas feitorias, os
europeus dependiam de articular alianças com os indígenas, para garantir a
alimentação e segurança.
Posteriormente, quando o processo de colonização promoveu a
substituição do extrativismo pela agricultura como principal atividade
econômica, o padrão de convivência entre os dois grupos raciais sofreu uma
profunda alteração: o índio passou a ser encarado pelo branco como um
obstáculo à posse da terra e uma fonte de mão-de-obra barata. A necessidade
de terras e de trabalhadores para a lavoura levaram os portugueses a
promover a expulsão dos índios de seu território, assim como a
sua escravização. Assim, a nova sociedade que se erguia no Brasil impunha ao
índio uma posição subordinada e dependente.
Confederação dos tamoios
Contra essa ordem, a reação indígena assumiu muitas vezes caráter
violento, como a guerra dos Tamoios, que se estendeu por três anos, a partir
de 1560. Incentivados porinvasores franceses estabelecidos na Baía da
Guanabara, vários grupos desses índios uniram-se numa confederação para
enfrentar os portugueses, ao longo do litoral entre os atuais estados do Rio de
Janeiro e São Paulo. A atuação dos jesuítas Manuel da Nóbrega e José de
Anchieta resultou num acordo de paz, realizado em Iperoígue, uma aldeia
situada onde hoje se localizam os municípios paulistas de São Sebastião e
Ubatuba.
Outra possibilidade de reação indígena ao avanço português era a
submissão, assumida sob a condição de "aliados" ou escravos. Essa forma de
convivência "pacífica" foi obtida particularmente graças ao trabalho dos padres
missionários que, promovendo a cristianização dos índios, combatiam sua
cultura e tradições religiosas, além de redistribuí-los territorialmente, em geral
de acordo com os interesses dos colonizadores.
Índios sobreviventes
Finalmente, para preservar a unidade e a integridade de seu modo de
vida, os índios optaram também pela migração para as áreas interioranas, cujo
acesso difícil tornava o contato com o branco improvável ou impossibilitava a
este exercer seu domínio. Essa alternativa, porém, teve um preço alto para as
tribos indígenas, forçando-as a adaptar-se a regiões mais pobres ou inóspitas.
Ainda assim, em relação ao enfrentamento ou à submissão, o
isolamento foi o que permitiu parcialmente aos índios preservarem sua herança
biológica, social e cultural. Dos cinco milhões de índios da época do
descobrimento, existem atualmente cerca de 460 mil, segundo a Funai -
Fundação Nacional do Índio