A História Conturbada de Um Território Estratégico

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    A HISTÓRIA CONTURBADA DE UM TERRITÓRIO ESTRATÉGICO

    Gaza, caldeirão do nacionaliso !ales"ino

    Lançada em 8 de julho, a ofensiva (aérea e depois terrestre) israelense contra Gaza provocou a

    morte de mais de oitocentas pessoas (até 25 de julho). pouco prov!vel, contudo, "ue os sitiados

    capitulem. # hist$ria desse territ$rio confirma a s$lida tradiç%o de resist&ncia da populaç%o "ue

     jamais se resi'nou

     por Alain Gresh

    rivado de sua força pela pérfida alila, "ue lhe havia cortado os ca*elos, +ans%o, oe*reu, caiu nas m%os dos filisteus - cujo nome daria ori'em ao termo alestina/ -,"ue arrancaram seus olhos. 0m dia, chamam +ans%o para diverti1los e rece*em umasurpresa +ans%o apoiou1se nas duas colunas do meio, so*re as "uais o templo sesustentava de um lado, posicionou o *raço direito e, do outro, o es"uerdo. 3 disse 4ue

    eu morra com os filisteus6, forçando as duas colunas até se romperem e o templo cairso*re a ca*eça dos tiranos e das pessoas "ue ali estavam. #"ueles a "uem matou com

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    a pr$pria morte eram mais numerosos "ue os "ue matou durante sua vida/. 7e'istradona 9*lia, o conhecido epis$dio aconteceu em Gaza, capital dos filisteus, povo inimi'odos he*reus.

    esde sempre, Gaza esteve no caminho das rotas comerciais entre 3uropa e :sia, e entre;riente mpério izantino, passando por

    7oma. ?oi l! "ue, no ano @AB, ocorreu a primeira vit$ria de "ue se tem not9cia so*re o >mpério

    izantino, por parte de adeptos de uma reli'i%o ent%o ainda desconhecida, o islamismo - cujo

    profeta, mpério #ustro1Kn'aro, mas tam*ém de asse'urar o controle de um territ$rioestraté'ico e 'arantir a proteç%o da parte leste do anal de +uez, veia ju'ular doimpério, via de comunicaç%o vital entre o Mice17eino das Nndias e a metr$pole. 3m IH22,eles o*tiveram o mandato da Li'a das OaçPes para administrar o territ$rio "ue 'anhariao nome de alestina/ e do "ual Gaza faz parte. ;s in'leses tam*ém ocuparam oterrit$rio com a miss%o de aplicar a promessa alfour/$ - "ue projetava a criaç%o deuma naç%o judaica e estimulava a imi'raç%o sionista, o "ue fariam de forma dili'ente atéIHAH.

    Gaza e sua re'i%o fizeram parte de todos os com*ates palestinos, muçulmanos e

    crist%os, e tam*ém contra a colonizaç%o sionista e a presença *ritFnica. 3sses territ$riosestiveram ainda implicados na 'rande revolta palestina de IHA@ a IHAH, finalmenteinterrompida pelos *ritFnicos. 3ssa derrota privou os palestinos de "ual"uer direç%opol9tica durante muito tempo, deiDando aos 'overnantes !ra*es a responsa*ilidade - seé poss9vel usar o termo - de defender sua causa.

    3m I5 de maio de IHB8, no dia se'uinte Q proclamaç%o do 3stado de >srael, oseDércitos !ra*es entraram na alestina. rimeira 'uerra, primeira derrota !ra*e. ;territ$rio previsto para o 3stado da alestina se'undo o plano de divis%o votado pela #ssem*leia Geral das OaçPes 0nidas em 2H de novem*ro de IHBJ foi desrespeitado>srael aneDou uma parte (notadamente a Galileia), e a EordFnia a*sorveu a mar'em

    oeste do 7io Eord%o, conhecida hoje pelo nome de isjordFnia. # ?aiDa de Gaza, umterrit$rio de A@R SmT "ue compreende as cidades de Gaza, Uhan Vunes e 7afah, passouQ administraç%o militar e'9pcia - e permaneceu o Knico territ$rio palestino so*re o "ualn%o se eDerceria nenhuma so*erania estran'eira. #os 8R mil ha*itantes aut$ctones,somaram1se mais de 2RR mil refu'iados eDpulsos de seus territ$rios pelo 3Dércitoisraelense e "ue vivem em condiçPes miser!veis, com a esperança de poder voltar aosseus locais de ori'em. 3ssa presença em massa de refu'iados e a condiç%o particulardo territ$rio fizeram de Gaza um dos centros do renascimento pol9tico palestino.

     

    O o%icial Ariel S&aron

     #pesar do controle do airo - eDercido pelo rei, depois por Gamal #*del Oasser e em

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    se'uida pelos oficiais livres/ "ue o tiraram do poder em 2A de julho de IH52 -, ospalestinos or'anizaram1se de maneira aut=noma, levaram adiante açPes de 'uerrilhacontra >srael e manifestaram1se contra toda tentativa de instalar definitivamente osrefu'iados em Gaza. >srael respondeu, j! na"uela época, com duras repres!lias durante

    as "uais um jovem oficial ent%o desconhecido se destacava pela *rutalidade #riel+haron.

    3m 28 de fevereiro de IH55, +haron diri'iu um ata"ue contra Gaza "ue matou A@ militares

    e'9pcios, dois civis e oito israelenses. Oo dia Io de março, 'randes manifestaçPes eclodiram no

    territ$rio para denunciar a passividade e'9pcia e levaram o novo homem forte do 3'ito, Oasser, a

    mudar sua pol9tica eDterna. #té ent%o considerado por muitos cidad%os como pr$Dimo aos 3stados

    0nidos, ele decidiu, em plena Guerra ?ria, aproDimar1se de ad)C Uhalil el1Wazir, conhecido como #*u Eihad, "ue se tornou o nKmerodois do ?atah e foi assassinado por israelenses em XKnis, em IH88C e Uamal #dYan,assassinado por um comando israelense em eirute, em IHJA.

    ; jornal da or'anizaç%o, Falistinua (Oossa alestina/), pu*licado em eirute entre IH5He IH@B, declarava Xudo o "ue pedimos é "ue voc&s Zos re'imes !ra*es[ contornem a

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    alestina com um cord%o defensivo e o*servem a *atalha entre n$s e os sionistas/. ;uainda Xudo o "ue "ueremos é "ue voc&s Zos re'imes !ra*es[ tirem as m%os daalestina/.* 3ra preciso cora'em, no apo'eu da influ&ncia de Oasser, para ousarformular heresias como essas.

    ontudo, em meados dos anos IH@R, com o fracasso da tentativa de uni%o entre o 3'itoe a +9ria (IH581IH@I), "ue revelou a impot&ncia dos pa9ses !ra*es em influenciar ocurso das coisas, o vento começou a mudar de direç%o. # luta de li*ertaç%o da #r'élia,vitoriosa em IH@2, serviu de modelo. 3m janeiro de IH@5, o ?atah lançou suas primeirasaçPes militares contra >srael e viu afluir militantes de outras or'anizaçPes "ue deiDavamde esperar uma unidade !ra*e cada vez mais improv!vel. # derrota de junho de IH@J,na Guerra dos +eis ias, permitiu ao ?atah tornar1se a força maior da pol9tica re'ional, eGaza contri*uiu amplamente para essa renovaç%o.

    ; "ue ocorria com o territ$rio nesse per9odo\ 3stava ocupado por >srael, e internamentese or'anizava uma resist&ncia militar "ue rea'rupava uma mir9ade de or'anizaçPes,com eDceç%o da >rmandade srael assinado pelo 3'ito e pa9ses !ra*es. om altos e*aiDos, o ata"ue continuaria até IHJI, "uando a *rutalidade dos tan"ues do 'eneral #riel +haron e as inKmeras eDecuçPes eDtrajudici!rias so* seu comando forçaram o fimdo conflito. Oo entanto, se a resist&ncia militar estava reduzida, as iniciativas pol9ticasmultiplicavam1se, em particular os contatos com a isjordFnia, muito limitados antes deIH@J. esde ent%o, as elites alinharam1se Q ;L, reconhecida por eles como Knicarepresentante do povo palestino/.

     #penas a >rmandade rmandade, e uma cis%o internalevou Q criaç%o, no in9cio dos anos IH8R, da Eihad >slFmica.

    3m dezem*ro de IH8J, eclodiu a rimeira >ntifada em Gaza, a revolta das pedras/, "ue trouDe

    duas conse"u&ncias importantes. e um lado, a >rmandade transformou sua estraté'ia ao criar o

    slFmica (amas), "ue participou da >ntifada, mas recusou a frente

    Knica com as outras or'anizaçPes. e outro lado, a ;L utilizou essa revolta para reforçar sua

    credi*ilidade e para ne'ociar os acordos de ;slo, ratificados por #rafat e pelo primeiro1ministroisraelense, VitzhaS 7a*in, no dia IA de setem*ro de IHHA em Washin'ton. ?oi em Gaza, em Io de

     julho de IHHB, "ue #rafat instaurou a #utoridade alestina.

    ; "ue se se'ue é conhecido o fracasso desses acordosC o desenvolvimento dacolonizaç%oC a +e'unda >ntifada (a partir de setem*ro de 2RRR)C a vit$ria do amas nasprimeiras eleiçPes democr!ticas na alestina em 2RR@C a recusa dos pa9ses ocidentaisem reconhecer o novo 'overno e a aliança entre uma facç%o do ?atah e os 3stados0nidos para derru*!1loC a tomada do poder em Gaza pelo amas em 2RRJC o *lo"ueioimposto desde essa data ao I,5 milh%o de ha*itantes da re'i%o.

    srael, "ue

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