A Guerra de Ordenamento Mundial
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8/17/2019 A Guerra de Ordenamento Mundial
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A Guerra de Ordenamento Mundial
O Fim da Soberania e as Metamorfoses do Imperialismo na Era daGlobalização
Robert Kurz
2003
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ÍNDICEINTRODUÇÃO - A crie do itema mundial e o no!el !a"io conce#tual
AS METAMORFOSES DO IMPERIALISMO
A luta pelo domínio mundial capitalista está decidida · A última potência mundial no limite ist!"ico do
sistema · Do impe"ialismo nacional e te""ito"ial pa"a o #impe"ialismo $lo%al ideal# · Do paci&ismo nacionaldos #omens %ons# pa"a o %elicismo de inte"'en()o $lo%al · A *ATO como p"olon$amento sup"anacionaldo #impe"ialista $lo%al ideal#
OS FA*TASMAS REAIS DA +RISE M,*DIAL
Os potentados de c"ise e as no'as $ue""as ci'is · A economia do sa-ue $lo%al · A sociedade do "isco. ascoac(/es o%0ecti'as e as "ela(/es de 'iolência · A l!$ica da dissocia()o e a c"ise da "ela()o ent"e osse1os · A &"ie2a pa"a com o p"!p"io Eu · A economia da autodest"ui()o3 A $lo%ali2a()o e a #incapacidadede e1plo"a()o# do capital · A meta&ísica da Mode"nidade e a puls)o de mo"te do su0eito sem &"ontei"as
A $O%ÍCIA MUNDIA% $&'(MODERNA
A no'a dout"ina milita" e a no'a economia de $ue""a · O #con&"onto de ci'ili2a(/es# como ideolo$ia de$ue""a · A ideolo$ia e a l!$ica dos di"eitos umanos · Da economia política pa"a o cultu"alismo p!s4
mode"no · O impe"ialismo secu"itá"io · O impe"ialismo do pet"!leo e do $ás3 a sal'a$ua"da das "ese"'asest"at5$icas de mat5"ias4p"imas
O $R&)IMO ORIENTE E A 'ÍNDROME DO ANTI('EMITI'MO
A "eli$i)o de com%ust)o capitalista e os "e$imes do pet"!leo · O anti4impe"ialismo e a ideolo$ia de c"iseanti4semita · O Estado de Is"ael e o seu estatuto pa"ado1al no mundo capitalista · O &im dos #mo'imentosde li%e"ta()o nacional# e o &antasma da &unda()o do estado palestiniano · Is"ael como #alien# no mundocapitalista e o neo4antisemitismo á"a%e · Do sionismo 6 domina()o dos ult"as3 a c"ise inte"na da sociedadeis"aelita
O A$ART*EID IM$ERIA%
,m mundo ceio de "e&u$iados · O impe"ialismo da e1clus)o3 o mu"o e a &ai1a da mo"te 6 moda li%e"al · Ailus)o da #"econst"u()o# · A economia4&antasma do comple1o umanitá"io e indust"ial · A economia da
'iolência se1ual e da mis5"ia · Do estado tamp)o ao 2oo 5tnicoO CON'EN'O DEMOCR+TICO
Est"an$ei"os dom5sticos como "ecu"sos umanos · A ca(a ao 7omem no inte"io" e o te""o" da depo"ta()o· O campo de concent"a()o democ"ático · As 2onas "acistas · A popula(a democ"ática em ac()o · E,A3 Aidentidade de %ase "acista e a $ue""a ci'il ent"e $uetos · As identidades sint5ticas e o neo4"adicalismo dedi"eita · Os úteis e os inúteis · A $lo%ali2a()o dos #decentes#
O IM$,RIO E O' 'EU' TE&RICO'
O imp5"io e os no'os %á"%a"os 89ean +"istope Ru&in: · Empi"e ; O mundo em c"ise como a Disne
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eme"$ência en-uanto li-ue&ac()o da so%e"ania · A natu"ali2a()o e1pat"iado"a e a cidadania de mis5"ia ·9udeus e out"os #inúteis#3 a est"utu"a da e1clus)o oclusi'a
O TRAÇO ANACR&NICO
O mate"ialismo 'ul$a" e a i""acionalidade do sistema · Semp"e de no'o. a p"imei"a $ue""a mundial · Osconduto"es em cont"am)o ist!"icos da no'a es-ue"da · O sono epocal da es-ue"da "adical · Da &e%"e
pet"olí&e"a at5 ao des'a"io da alma · A Alemana en-uanto &antasma de uma potência mundial · Semp"ede no'o. a se$unda $ue""a mundial · O $"ande 0o$o aos 7itle"es · ,ma teo"ia da conspi"a()o pa"aindi$entes intelectuais · A $lo%ali2a()o da #ideolo$ia alem)# · Ap!s o BB de Setem%"o3 o último estádio dopensamento anac"!nico
DA GUERRA DE ORDENAMENTO MUNDIA% AT, AO AMOUE NUC%EAR1
O "e$"esso ao pa"adi$ma dos #estados 'il/es# · A c"ise dos me"cados &inancei"os e o #sono doOleodo"ado# · A puls)o de mo"te nuclea" do pode" · Em p"ol de um "enascimento da c"ítica social "adical
.I.%IOGRA-IA
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INTRODUÇÃO
A crie do itema mundial e o no!el !a"io conce#tual
*a pa"ca medida em -ue. num tempo em -ue o sistema em 'i$o" 0á pa"ece dispensa" -ual-ue"
tipo de le$itima()o. ainda 'ai a'endo -uem pense de um modo "e&le1i'o. esse mesmo
pensamento "ele'a de um ca"ácte" est"anamente anac"!nico@ Tal n)o s! se aplica ao
"especti'o conteúdo como i$ualmente 6s cate$o"ias em -ue esse conteúdo se ap"esenta@ Da
mesma &o"ma como e1istem c"escentemente no'os e $"itantes cont"astes sociais. os -uais. no
entanto. 0á n)o s)o passí'eis de se"em e1plicados com o "ecu"so a modelos sociol!$icos cla"os
e ine-uí'ocos ou a conceitos de classe. da mesma &o"ma podem se" o%se"'ados no'os con&litos
econ!micos. con&litos cultu"ais e $ue""as de escala $lo%al -ue 0á n)o podem se" desc"itos com
os conceitos t"adicionais das políticas econ!mica. inte"na e e1te"na@ Em%o"a o assim camado
de%ate da $lo%ali2a()o condu2ido desde o início dos anos no'enta 8a coincidi" ap"o1imadamentecom o colapso da ,ni)o So'i5tica: se ape"ce%a de uma s5"ie de &en!menos no'os. estes
continuam a se" passados pelo 'etusto c"i'o cate$o"ial. 'isto n)o se encont"a" 6 disposi()o
nenum out"o sistema de "e&e"ência conceptual@ Assim constata4se. po" um lado. uma pe"da de
si$ni&ic=ncia da política e um des'anecimento da so%e"ania dos estados. se %em -ue se teime.
po" out"o. em e1p"imi" essas mani&esta(/es empí"icas "eco""endo aos conceitos t"adicionais da
política e das "ela(/es ent"e estados@
+om isso encont"a4se "elacionado o &acto de -ual-ue" o"ienta()o. na medida em -ue esta
ainda 5. se-ue". intentada. se" 'oltada -uase i""emedia'elmente pa"a o passado. nomeadamenteen-uanto espe"an(a de. e %usca de concep(/es pa"a al$uma #"ecupe"a()o da dimens)o
política#C e 5 0ustamente po" isso -ue a &o"ma de 'e" o no'o se "e'ela &enomenolo$icamente
limitada. en-uanto a indumentá"ia conceptual pe"manece a de semp"e. sendo de&endida com
unas e dentes@ Isso mesmo mani&esta4se. n)o em último lu$a". ao ní'el das "ela(/es
inte"nacionais ou ent"e estados -uando. de um modo t)o &an&a"")o -uanto desa0ustado. se &ala
de uma #política inte"na mundial#@ Esta &"ase &eita. especialmente em 'o$a e papa$ueada at5 6
e1aust)o em cí"culos 'e"des e sociais4democ"atas. comp"o'a da &o"ma mais imediata -ue tudo
isto n)o passa de uma p"o0ec()o de 'elos conceitos %u"$ueses so%"e o pano de &undo de um
desen'ol'imento t)o no'o -uanto incomp"eendido@
A-ui imp/e4se o pa"alelismo com o de%ate so%"e a c"ise da sociedade do t"a%alo@ Tam%5m a
este "espeito "eal(a4se continuamente a no'idade das mani&esta(/es. ao passo -ue a cate$o"ia
do t"a%alo p"op"iamente dita. en-uanto ap"io"ismo tácito. pe"manece lite"almente ta%u e todas
as concep(/es ou at5 "eceitas mila$"osas aca%am po" condu2i" 6 p"ese"'a()o dessa mesma
cate$o"ia so% uma &o"ma -ual-ue" e -uase -ue a -ual-ue" p"e(o@ A analo$ia dos modos de
p"ocede" "emete pa"a a cone1)o int"ínseca ent"e am%os estes comple1os3 a c"ise do t"a%alo
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mundial e a c"ise da política mundial "ep"esentam apenas aspectos di&e"entes do mesmo
p"ocesso social em cu"so 6 escala mundial@
En-uanto se encont"a'a na o"dem do dia a $ue""a &"ia como con&lito sist5mico ent"e duas
mani&esta(/es ou &ases de desen'ol'imento di&e"entes do mode"no sistema p"oduto" de
me"cado"ias. ela so%"epuna4se a um p"o%lema mais %asila" -ue deste modo passou
despe"ce%ido@ So% a epide"me da $ue""a &"ia &oi4se constituindo uma est"utu"a de c"ise com
"ami&ica(/es ope"antes 6 escala $lo%al -ue. com o es%o"oamento do capitalismo de estado. 'eio
6 lu2 sem a'iso p"5'io mas -ue. so%"e o pano de &undo da ist!"ia do p!s4$ue""a. apenas pde
se" pe"cepcionada so% uma &o"ma ideolo$icamente disto"cida@
O -ue pa"ecia se" a #'it!"ia# do capitalismo ocidental &oi4se "e'elando. ao lon$o dos anos
no'enta. como uma de""ocada socio4econ!mica i""e'e"sí'el. desde 0á. de e1tensas pa"tes da
pe"i&e"ia do me"cado mundial@ *o cent"o deste p"ocesso de c"ise encont"a4se o de""etimento dasu%st=ncia "eal 8p"oduto"a de 'alo" "eal: do t"a%alo capitalista po" o%"a da te"cei"a "e'olu()o
indust"ial. a c"escente #incapacidade de e1plo"a()o# do capital de'ida aos seus p"!p"ios pad"/es
tecnol!$icos de p"oduti'idade e. com isso. a dessu%stanciali2a()o do dinei"o 8o
desacoplamento dos me"cados &inancei"os da economia "eal:@ Esta l!$ica inte"io" da c"ise.
contudo. n)o se "epe"cute apenas so% a &o"ma de uma "uptu"a est"utu"al ao ní'el das "ela(/es
mundiais de me"cado 8$lo%ali2a()o do capital:. mas i$ualmente como "uptu"a est"utu"al ao ní'el
do sistema político mundial 8&im da so%e"ania e do di"eito inte"nacional:@
So% este aspecto. a-uilo -ue 5 ap"e$oado. so% o "!tulo da $lo%ali2a()o. como uma mudan(a 6escala mundial positi'a e detento"a de um $"ande potencial pa"a o &utu"o á muito -ue pode se"
deci&"ado como o p"ocesso de desa$"e$a()o do modo de p"odu()o e de 'ida p"e'alecente. o
-ual se %i&u"ca num capitalismo mino"itá"io $lo%al em 'ias de "a"e&ac()o. po" um lado. e os seus
p"odutos de %a"%a"i2a()o. po" out"o@ *este conte1to. a cont"adi()o est"utu"al imanente 6 "ela()o
de capital ent"e o estado e o me"cado. ou ent"e a política e a economia. n)o pode se" sustentada
po" mais tempo. tanto ao ní'el dos estados nacionais como ao ní'el do sistema mundial@ O -ue.
em te"mos de política inte"na. se mani&esta como o p"ocesso de e"os)o da so%e"ania do estado.
mani&esta4se em te"mos de política e1te"na so% a &o"ma da de$"ada()o das "ela(/es
inte"nacionais@
A am%os estes ní'eis 'ai4se to"nando di&ícil a "esolu()o da cont"adi()o@ Em%o"a os estados
nacionais continuem a e1isti" en-uanto in'!luc"os &o"mais e en-uanto apa"elos 8-ue actuam. no
=m%ito da administ"a()o de c"ise. de um modo c"escentemente "ep"essi'o:. eles encont"am4se
destituídos das suas %ases coe"entes em te"mos econ!micos@ Os capitais t"ansnacionais e os
"especti'os me"cados. ao in'5s. em%o"a consi$am estende"4se pa"a al5m do sistema de
"e&e"ência nacional e inte"nacional t"adicional. dest"uem po" isso mesmo cada 'e2 mais as suas
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p"!p"ias condi(/es de en-uad"amento@ Assim su"$em no'as e incont"olá'eis &o"mas de t"ansi()o
em -ue culminam as i""emediá'eis cont"adi(/es int"ínsecas do capital mundial@
*)o 5 apenas uma p"e$ui(a mental $ene"ali2ada -ue impede o desen'ol'imento de uma no'a
conceptualidade -ue co""esponda aos &en!menos no'os@ -ue. no -ue di2 "espeito aos
conceitos em causa. -ue s)o a economia nacional. o estado nacional. a política nacional inte"na
e e1te"na ou uma daí deco""ente política nacional de inte"esses e de #in&luência# 8impe"ialismo:.
n)o se t"ata de e1p"ess/es de uma dete"minada &ase e'oluti'a t"ansit!"ia mas. 6 semelan(a do
conceito do t"a%alo. de cate$o"ias &undamentais do p"!p"io sistema social mode"no em todas as
suas 'a"ia(/es@ Os no'os &en!menos s)o &en!menos de c"ise de um tipo in5dito. uma 'e2 -ue 0á
n)o condu2em a um estado e'oluti'o supe"io" da sociali2a()o %u"$uesa. mediada at"a'5s da
p"odu()o de me"cado"ias. constituindo antes a c"ise cate$o"ial especí&ica desta última@
Po" tudo isso o desen'ol'imento tam%5m 0á n)o pode se" dete"minado desde o ponto de 'istada o"dem mundial 'i$ente. podendo sê4lo unicamente so% o ponto de 'ista da "especti'a
autodest"ui()o@ Pa"a se" mais e1acto3 0á n)o e1iste -ual-ue" #desen'ol'imento# positi'o e
sustentá'el so%"e este &undamento social@ Isso si$ni&ica -ue a análise tem de le'a" em
conside"a()o. 0untamente com a de$"ada()o das "ela(/es sociais su%0acentes. tam%5m o
desmo"onamento dos conceitos po" -ue esta o"dem se &a2 "ep"esenta"@ E. so% este ponto de
'ista. n)o s)o o%soletos apenas os conceitos do sistema mundial econ!mico. mas i$ualmente os
conceitos do sistema mundial político@
Os de'astado"es ata-ues te""o"istas cont"a os E,A do BB de Setem%"o de GGB to"na"amcla"o. lite"almente num a%"i" e &eca" de olos. o -ue 0á muito antes se conse$uia adi'ina"3 a
inte"li$a()o social 6 escala mundial. n)o conse$uida po" inte"m5dio de aco"dos conscientes e da
autodete"mina()o umana. mas at"a'5s das ce$as leis da conco""ência e dos me"cados
&inancei"os n)o s! p"odu2 no'os tipos de c"ises est"utu"ais. mas i$ualmente no'os potenciais
su%0ecti'os de !dio e dest"uti'idade em -ue se mani&esta a decomposi()o da #su%0ecti'idade
política# %u"$uesa@ Do sono da "a2)o nascem monst"os. sendo -ue a #m)o in'isí'el# de um
economicismo totalitá"io desen&"eado &a2 das suas com t)o pouco d! e piedade como a out"a
#m)o in'isí'el#. a de uma ce$a "ai'a #p!s4ideol!$ica# e #p!s4política#. cu0o %al%ucia" pseudo4
"eli$ioso in'olunta"iamente comp"o'a -ue -ual-ue" le$itima()o "acionalista da assim camada
#mode"ni2a()o# se es$otou de&initi'amente@
A "atio da sociedade mundial. %aseada na 'alo"i2a()o in&inita en-uanto mo'imento espont=neo
do capital monetá"io. 5. ela p"!p"ia. esse sono da "a2)o@ *o entanto. esta "acionalidade mode"na
de um &im4em4si i""acional de$ene"ada em #p"a$matismo#. ou se0a. 0á n)o capa2 de uma "e&le1)o
e auto4"e&le1)o c"ítica. n)o pode nem -ue" 'e" os seus limites e. assim. limita4se a p"osse$ui"
o%stinadamente no #%usiness as usual#. tentando de&ini" os seus p"!p"ios dem!nios como um
#p"o%lema de se$u"an(a# e1te"io" e e1!$eno@ A impa"á'el desa$"e$a()o da economia 5 suposto
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se" detida com meios econ!micos. ao passo -ue se p"etende t"a'a" a i$ualmente impa"á'el
desa$"e$a()o da política com meios políticos@ Os seno"es mundiais do capital 0á n)o
comp"eendem o seu p"!p"io mundo@
Pa"a se pode" ce$a" a comp"eende" o -ue pa"ece incomp"eensí'el 5 necessá"io adopta". %em
cont"a"iamente 6 ideolo$ia p"a$mática das elites &uncionais em e1e"cício -ue. o0e. em %oa
'e"dade. 0á apenas e1ecutam a p"etens)o totalitá"ia da economia so%"e o mundo. uma posi()o
muito pouco em 'o$a de dist=ncia e c"ítica "adical@ Somente a pa"ti" desta posi()o 5 -ue se
to"na possí'el "econece" como tais os p"ocessos de decomposi()o e de autodest"ui()o do
sistema mundial. analisa" todas estas co""ela(/es na "especti'a dimens)o ist!"ica e. ao mesmo
tempo. documentá4las como o limite da din=mica capitalista -ue actualmente se nos de&"onta@
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I ( A' METAMOR-O'E' DO IM$ERIA%I'MO
*o mundo do mode"no sistema p"oduto" de me"cado"ias a política 5 apenas a continua()o da
conco""ência econ!mica po" out"os meios. como a $ue""a 8de aco"do com uma &"ase de
+lauseHit2: 5 a continua()o da política po" out"os meios@ esta identidade a"moni2ada ent"e
conco""ência. política e $ue""a -ue implica a luta pela e$emonia planetá"ia e -ue esc"e'eu a
ist!"ia do capitalismo@
A luta inicialmente policênt"ica pelo domínio mundial capitalista &oi. em p"imei"o lu$a".
pu"amente eu"opeia e te'e as suas "aí2es na ist!"ia da &o"ma()o do modo de p"odu()o
capitalista na Eu"opa ocidental e cent"al@ Do s5culo JI at5 ao s5culo I constituí"am4se.
simultaneamente com o mode"no sistema p"oduto" de me"cado"ias. os Estados nacionais
te""ito"iais eu"opeus. cu0o conceito de na()o se e1pandi"ia pa"a o "esto do mundo e 'i"ia a
dete"mina" toda a ist!"ia mundial at5 ao &im do s5culo @ Su"$i"am se$uidamente as$i$antescas e1tens/es das "e$i/es e1t"a4eu"opeias. apenas como espa(os politicamente 'a2ios
e como pomo da disc!"dia na e1pans)o colonial da Eu"opa@ O p"ocesso eu"opeu de const"u()o
de Estados e na(/es cedo se t"ans&o"mou numa escalada pa"a um con&lito pela e$emonia
mundial destas entidades capitalistas eme"$entes de %ase econ!mico4nacional e nacional4
estatal@
,ma 'e2 -ue a luta &oi semp"e t"a'ada po" te""it!"ios coloniais. e &oi assim le'ada pa"a al5m4
ma". o me"cado mundial identi&icou4se. desde o início. com $ue""a mundial@ A co""ida dos
Estados nacionais eu"opeus pela e$emonia tina de aca%a" po" &ica" indecisa. po"-ue. a pa"ti" das condi(/es iniciais. nenum deles dispuna de uma 'anta$em decisi'a@ At5 ao &inal do s5culo
JIII. o papel de potência dominante mudou 'á"ias 'e2es. coincidindo com o papel de pionei"o
no p"ocesso do desen'ol'imento capitalista@
A K")4"etana conse$uiu. du"ante $"ande pa"te do s5culo I. assumi" a posi()o de potência
mundial n@ B. na medida em -ue. po" ma"ca" o compasso da indust"iali2a()o. dominou a
t"ans&o"ma()o decisi'a so%"e cu0o &undamento come(ou a desen'ol'e"4se o modo de p"odu()o
capitalista@ Mas a pe"se$ui()o da F"an(a e so%"etudo da Alemana no desen'ol'imento
indust"ial to"nou este a'an(o apenas tan$encial no p"incípio do s5culo e "eps mais uma 'e2
o e-uilí%"io político4milita" das potências@ *a 5poca das duas $ue""as mundiais indust"iali2adas e
da c"ise econ!mica mundial do pe"íodo ent"e elas e a elas li$ado. os Estados4na(/es capitalistas
eu"opeus p"edado"es di$ladia"am4se e saí"am mo"talmente es$otados do campo de %atala@ O
me"cado mundial ent"ou em colapsoC o com5"cio mundial "ecuou pa"a um ní'el s! compa"á'el
ao dos &inais do s5culo I@ Su"$iu com isso o pe"i$o de se impedi" a continua()o do
desen'ol'imento capitalista nos me"cados inte"nos das economias nacionais e dos Estados
&ecados so%"e si p"!p"ios@
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Este colapso causado pela luta eu"opeia pelo domínio capitalista mundial &oi 0á o p"enúncio de
um limite a%soluto do mode"no sistema p"oduto" de me"cado"ias@ Mas &oi apenas o p"enúncio@
Pois a onda de catást"o&es socio4econ!micas mundiais da p"imei"a metade do s5culo &oi. em
p"imei"a lina. político4milita"mente indu2ida. ou se0a. em &o"mas ma"$inais das "ela(/es
capitalistas. ao passo -ue o espa(o de mano%"a econ!mico do desen'ol'imento capitalista
mundial esta'a ainda lon$e de &ica" es$otado@ *atu"almente isso n)o podia "econece"4se ent)o.
em cima dos acontecimentos@ Mas a pa"ti" da pe"specti'a actual pode di2e"4se -ue a 5poca das
$ue""as mundiais e da c"ise mundial a elas li$ada &oi a última catást"o&e "esultante da
implanta()o do modo de p"odu()o capitalista 8ou se0a. no inte"io" de um mo'imento econ!mico
la"$amente ascendente:. mas n)o o seu limite inte"no a%soluto. -ue ma"casse o &im do
mo'imento econ!mico ascendente@
A $a Americana A luta #elo dom4nio ca#italita mundial et5 decidida6
+omo "esultado da 5poca das $ue""as mundiais. o desen'ol'imento "esultante da luta
&"acassada da Eu"opa pela e$emonia capitalista mundial &oi essencialmente dete"minado po"
um impasse político4milita". e isto num duplo sentido@
Po" um lado. as "e$i/es dependentes ou #su%desen'ol'idas# de um ponto de 'ista capitalista.
situadas na pe"i&e"ia do me"cado mundial. ap"o'eita"am as &"a-ue2as dos Estados eu"opeus
e$em!nicos do cent"o do +apitalismo. san$"ando e lam%endo as suas p"!p"ias &e"idas. pa"a
sacudi" o domínio colonial da Eu"opa e a sua dependência política e1te"na@
O p"imei"o passo deste mo'imento de descoloni2a()o e de #mode"ni2a()o "ecupe"ado"a#. -ue
at"a'essou todo o s5culo . &oi dado imediatamente a se$ui" 6 P"imei"a Kue""a Mundial pela
Re'olu()o de Outu%"o na Rússia. sem dú'ida a Re'olu()o F"ancesa do Leste@ 'e"dade -ue o
Imp5"io dos c2a"es &a2ia pa"te das potências eu"opeias t"adicionais e tina ele p"!p"io "ou%ado
um imp5"io colonial pa"a si. em%o"a n)o no ,lt"ama". mas como e1pans)o pa"a a massa
continental da Eu"ásia@ Mas. ao mesmo tempo. a Rússia e"a ela mesma tam%5m pe"i&e"ia. sem
uma %ase indust"ial p"!p"ia e. em muitos aspectos. esta'a em la"$a medida est"utu"almente
apa"entada com as "e$i/es coloniais e dependentes@ Lenine 'iu a Re'olu()o Russa semp"e no
duplo conte1to de "e'olu()o colonial anti4eu"opeia. po" um lado. e. po" out"o. de #mode"ni2a()o
"ecupe"ado"a#. como consciente #ap"ende" com a Eu"opa Ocidental#@
A o"ienta()o a ela li$ada. em%o"a masca"ada ideolo$icamente de #socialismo# capitalista de
Estado. s! podia se" a c"ia()o de uma %ase indust"ial independente e de um me"cado inte"no
num -uad"o de Estado nacional. pa"a pode" pa"ticipa" no me"cado mundial capitalista como
su0eito nacional aut!nomo@ E &oi p"ecisamente nesta pe"specti'a -ue o pa"adi$ma da Re'olu()o
de Outu%"o i""adiou pa"a toda a pe"i&e"ia e to"nou a ,ni)o So'i5tica em #cont"ap!lo# a$"e$ado"
dos "eta"datá"ios isto"icamente em conco""ência com o Ocidente@ A simples massa da
popula()o. te""it!"io e "ecu"sos natu"ais. mo%ili2ados de modo capitalista estatal no p"ocesso
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"ep"essi'o da indust"iali2a()o da e"a de Estaline. t"ans&o"mou o cont"ap!lo so'i5tico tam%5m do
ponto de 'ista político4milita" em cont"apotência mundial. 6 -ual o +ent"o eu"opeu do +apitalismo
Ocidental. es$otado pelas suas lutas dilace"ado"as pela e$emonia mundial. pouco pode"ia
opo"@
Mas o mesmo p"ocesso -ue le'ou a luta eu"opeia pela e$emonia capitalista mundial a
te"mina" num empate de su0eitos nacionais es$otados e desmo"ali2ados le'ou tam%5m o cent"o
de pode" capitalista Ocidental a so&"e" uma t"ans&o"ma()o decisi'a e i""e'e"sí'el@ Pois.
pa"alelamente 6 emancipa()o político4milita" e 6 #mode"ni2a()o "ecupe"ado"a# de todo o Leste e
Sul. os E,A. de &o"ma n)o totalmente despe"ce%ida. mas de ce"ta manei"a nas costas das
potências capitalistas cent"ais eu"opeias iniciais. to"na"am4se a no'a potência mundial n@ B@
O cent"o do pode" do +apitalismo desloca"a4se so%"e o Atl=ntico pa"a a Am5"ica do *o"te@ De
&o"ma muito pa"ecida com a ,ni)o So'i5tica. s! -ue tendo po" %ase uma t"adi()o totalmentedi&e"ente. desi$nadamente de conco""ência capitalista em 'e2 da t"adi()o %u"oc"ática estatista. a
simples massa populacional adicionada a uma %ase indust"ial á muito desen'ol'ida p"edestinou
os E,A. um colosso em compa"a()o com as minúsculas na(/es eu"opeias. pa"a se"em a
potência di"i$ente do capital@
O =m%ito continental do te""it!"io ent"e o Atl=ntico e o Pací&ico 8com o ola" de 9anus 'i"ado.
simultaneamente. pa"a a Eu"opa e pa"a a Nsia:. a apa"ente ines$ota%ilidade dos "ecu"sos
natu"ais. como na Rússia. e. ao cont"á"io da Rússia. o pode" de comp"a acumulado. constituí"am
o maio" me"cado inte"no do mundo at5 o0e@
Foi po" isso -ue os mais impo"tantes desen'ol'imentos capitalistas. as mudan(as de est"utu"a
social e as tendências cultu"ais e tecnol!$icas pa"ti"am de &o"ma c"escente dos E,A pa"a
atin$i"em todo o mundo em maio" ou meno" escala@ *)o admi"a -ue o s5culo tena sido
conside"ado o #s5culo ame"icano# 8em p"imei"o lu$a" po" 7en"< Lace em BB. como o%se"'a o
isto"iado" ame"icano Paul Qenned
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#po"-ue o "esto do mundo. no &inal da $ue""a. esta'a t)o es$otado ou se encont"a'a ainda numa
situa()o de su%desen'ol'imento colonial. a potência ame"icana ; na &alta de melo" conceito ;
em B esta'a a"ti&icialmente t)o ele'ada como. po" e1emplo. a In$late""a em BB@ Apesa"
disso. as dimens/es de &acto do seu pode"io. em núme"os a%solutos. e"am in5ditas *a
'e"dade. o c"escimento indust"ial &oi nos Estados ,nidos de BG a B acima de BU ao ano 4
supe"io" a -ual-ue" out"o pe"íodo ante"io" ou poste"io"@ O ní'el de 'ida e a p"oduti'idade pe"
capita e"am supe"io"es aos de -ual-ue" out"o país@ Os Estados ,nidos &o"am o único país ent"e
as $"andes potências -ue. com a $ue""a. &ica"am mais "icos ; e. na "ealidade. muito mais "icos ;
e n)o mais po%"es# 8Qenned< BB>BV. pp@ WW e se$s:@
*o &inal da Se$unda Kue""a Mundial. dois te"(os das "ese"'as de ou"o mundiais esta'am
$ua"dados em Fo"t Qno1. a casa &o"te de Xasin$ton@ E a esta a%soluta supe"io"idade monetá"ia
co""espondia a supe"io"idade indust"ial3 #em B. t"ês -ua"tos do capital in'estido em todo o
mundo e dois te"(os das capacidades indust"iais intactas encont"a'am4se nos Estados ,nidos#
8Ott>ScY&e" B. G:@ +om esta esma$ado"a capacidade econ!mica po" det"ás. eme"$iu
desde a Se$unda Kue""a Mundial a #economia de $ue""a pe"manente# dos E,A. cu0a indúst"ia
de a"mamento. &o"(a milita". continuado a"mamento tecnolo$icamente desen'ol'ido e p"esen(a
milita" $lo%al 8o0e em Z países em todos os continentes: se to"na"am "apidamente
inalcan(á'eis pa"a as "estantes potências do cent"o capitalista ocidental@
Depois de B. s! a ,ni)o So'i5tica. como cont"apotência mundial -ue con$"e$a'a os países
isto"icamente at"asados. pde o&e"ece" "esposta. du"ante al$um tempo ainda. assim como.in'e"samente. s! os E,A. como p"imei"a potência Ocidental. no lu$a" das potências eu"opeias
a%atidas. pude"am mante" em 1e-ue o cont"a4sistema conco""ente de +apitalismo de Estado e o
seu pode" de i""adia()o pa"a a pe"i&e"ia@
9á no s5culo I. o isto"iado" e te!"ico social &"ancês Ale1is de Toc-ue'ille p"e'iu
co""ectamente esta constela()o num &amoso e semp"e citado p"o$n!stico3 #E1istem o0e so%"e a
Te""a dois $"andes Po'os. -ue. pa"tindo de situa(/es di&e"entes. pa"ecem p"osse$ui" os mesmos
o%0ecti'os3 o Russo e o An$lo4ame"icano@ Am%os se to"na"am $"andes 6s ocultas e en-uanto o
ola" dos omens se 'olta'a pa"a out"as di"ec(/es eles su"$i"am de "epente na p"imei"a lina
das na(/es e o mundo te'e conecimento -uase ao mesmo tempo do seu nascimento como da
sua $"ande2a@ Todos os out"os Po'os pa"ece te"em atin$ido os limites -ue les &o"am impostos
pela *atu"e2a e s! e1isti"em pa"a se mante"emC pelo cont"á"io. eles c"escem. en-uanto os
out"os esta$nam ou s! muito custosamente continuamC s! eles ')o &ácil e "apidamente num
camino cu0o &im n)o pode ainda se" 'islum%"ado@ O ame"icano luta cont"a os o%stáculos -ue a
*atu"e2a le impsC o Russo luta cont"a os omens@ ,m luta cont"a a sel'a e a %a"%á"ieC o out"o
luta cont"a a +i'ili2a()o a"mada com todas as suas a"mas3 assim as con-uistas do Po'o
Ame"icano s)o &eitas com o a"ado dos camponeses e as do Russo com a espada dos soldados@
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Pa"a atin$i" os seus &ins. o p"imei"o apoia4se no %ene&ício pessoal e dei1a a$i" a &o"(a e a "a2)o
do indi'íduo. sem o di"i$i"C o se$undo "eúne em ce"ta medida em cada omem toda a &o"(a da
sociedade@ Pa"a um. o p"incipal meio 5 a Li%e"dade. pa"a o out"o 5 a se"'id)o@ Os seus pontos
de pa"tida s)o di&e"entes. os seus caminos desi$uaisC no entanto. am%os pa"ecem camados
po" um desí$nio sec"eto da P"o'idência a te" um dia nas suas m)os o destino de metade do
mundo 8Toc-ue'ille. BV. BW. ZB:@
O -ue Toc-ue'ille a-ui &o"mula na lin$ua$em do s5culo I apenas se to"nou "ealidade no
s5culo 3 a di'is)o do mundo ent"e os E,A e a ,ni)o So'i5tica e o pa"o1ismo da luta pela
e$emonia mundial no -uad"o do mode"no sistema p"oduto" de me"cado"ias ent"e estas duas
potências -ue. na 5poca da $ue""a &"ia. &o"am pe"tinentemente desi$nadas po" #supe"potências#.
em cont"aponto com as ante"io"es $"andes potências e p"54potências mundiaisC am%as na
mesma medida e n)o po" acaso. Estados &ede"ais multi45tnicos de escala continental. -ue
e1t"a'asa"am o limitado conceito capitalista eu"opeu de na()o em todas as suas 'a"iantes@
At5 mesmo a est"utu"a anta$!nica destas duas potências -ue. depois de B. se e1pandiu
conceptualmente como #con&lito de sistemas# Toc-ue'ille ap"eendeu de &o"ma ap"o1imadamente
co""ecta. em todo o caso &o"mulada de modo menos e1a$e"ado e sem as meias 'e"dades dos
p"ota$onistas desse anta$onismo mais de um s5culo depois@ O mundo actual 5 t)o incapa2
como o do tempo de Toc-ue'ille de comp"eende" o sistema de "e&e"ência cate$o"ial $e"al da
mode"na p"odu()o de me"cado"ias. como &o"ma social isto"icamente distinta 8em 'e2 de uma
ontolo$ia social a4ist!"ica:@ O -ue 0á pa"a Toc-ue'ille apa"ecia como anta$onismo essencials)o apenas os dois p!los da sociali2a()o capitalista de me"cado e EstadoC am%os i$ualmente
"ep"essi'os. pois ao pode" %u"oc"ático n)o se op/e simplesmente a #Li%e"dade#. mas apenas a
camada li%e"dade do me"cado. to"nada despotismo at"a'5s do impe"ati'o da conco""ência@
O +apitalismo de Estado &oi. na "ealidade. a &o"ma inicial de constitui()o do modo de p"odu()o
capitalistaC n)o apenas na Rússia 80á desde o c2a"ismo:. mas tam%5m na Eu"opa Ocidental e
+ent"al. &oi essa a &o"ma como esse modo de p"odu()o se so%"eps 6 sociedade a$"á"ia do
&eudalismo@ O -ue con&e"e a peculia"idade única da potência capitalista E,A. ao lado do $"au de
desen'ol'imento indust"ial e da dimens)o continental do seu me"cado inte"no. 5 -ue esta &o"ma
inicial da t"ans&o"ma()o eu"opeia &oi aí desnecessá"ia e o capital pde desen'ol'e"4se desde
lo$o em &o"mas sist5micas a'an(adas. totalmente li%e"to de uma sedimenta()o ist!"ica de
modos de p"odu()o e cultu"as p"54mode"nas. pois os coloni2ado"es eu"opeus. li%e"tos das
est"utu"as sociais de -ue pa"ti"am. n)o apenas pude"am pa"ti" do 2e"o de um no'o ní'el de
desen'ol'imento. como dest"uí"am as sociedades dos indí$enas. &a2endo assim do #*o'o
Mundo#. de ce"to modo. a te""a 'i"$em e o campo de e1pe"iência único da mode"ni2a()o@ Lo$o
-ue. no s5culo . os capitais e o $"au de indust"iali2a()o dos E,A ult"apassa"am o ní'el
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eu"opeu. esta ca"acte"ística ist!"ico4cultu"al especí&ica deu um impulso suplementa" 6 sua
ascens)o a supe"potência@
Em compa"a()o. das duas supe"potências. os Estados ,nidos e"am de lon$e a sociedade
mais a'an(ada no campo do mode"no sistema p"oduto" de me"cado"ias@ Po" isso. n)o podia
a'e" dú'idas so%"e o "esultado da luta &inal pelo domínio capitalista mundial@ Estas dú'idas s!
su"$i"am po"-ue &oi at"i%uída 6 ,ni)o So'i5tica. en-uanto sistema #socialista# supostamente
alte"nati'o. uma capacidade de "esistência e de desen'ol'imento -ue ela "ealmente n)o tina.
p"ecisamente po"-ue a sua -ualidade comum de sociedade p"oduto"a de me"cado"ias mediada
pelo me"cado mundial &icou &o"a de uma análise c"ítica@ 9ustamente po" causa dessa &o"ma de
%ase comum. a ,ni)o So'i5tica nunca &oi uma alte"nati'a ist!"ica. mas apenas a cont"apotência
mundial capitalista dos países isto"icamente "eta"datá"ios e. como tal. destinada a se" 'encida a
p"a2o@
Esta de""ota oco""eu tam%5m e n)o em meno" medida do ponto de 'ista milita"@ *em do ponto
de 'ista dos capitais. nem do ponto de 'ista cientí&ico e tecnol!$ico. a ,ni)o So'i5tica podia
a$uenta" a pe"manente co""ida aos a"mamentos@ Assim como n)o &oi possí'el ao cont"a4sistema
de +apitalismo de Estado &a2e" a t"ansi()o pa"a a te"cei"a "e'olu()o indust"ial. a da mic"o4
elect"!nica. mantendo no seu con0unto as &o"mas de "ep"odu()o social. tam%5m o pode"io milita"
so'i5tico &icou cada 'e2 mais pa"a t"ás dos Estados ,nidos no -ue toca ao a"mamento
elect"!nico at"a'5s de sistemas de a"mamentos i$ tec@ +om isto. nos anos G o +apitalismo
de Estado do Leste &"acassou economicamente no me"cado mundial. com cu0os c"it5"ios estanda"ds tina de medi"4se como sistema p"oduto" de me"cado"ias. assim como &icou
milita"mente mo"i%undo@ O colapso total &oi a conse-uência l!$ica@
Se a luta policênt"ica das anti$as potências capitalistas eu"opeias pela e$emonia mundial se
t"ans&o"mou. desde meados do s5culo . numa luta %ipola". tam%5m no &inal do s5culo se
constituem uma no'a est"utu"a monocênt"ica e um sistema mundial capitalista so% a e1clusi'a
5$ide dos Estados ,nidos@ *)o e1iste nenuma potência. com %ase na sociedade do mode"no
sistema p"oduto" de me"cado"ias. -ue possa "i'ali2a" pela e$emonia mundial. nem do ponto de
'ista do pode"io milita" e tecnol!$ico nem do ponto de 'ista da dimens)o econ!mica e política ou
do pode" &inancei"o@
Os E,A s)o o0e "ealmente a #única potência mundial# como esc"e'eu o polit!lo$o ame"icano
[%i$nieH "e2ins\i 8P"o&esso" de "ela(/es inte"nacionais em altimo"e e conselei"o do #+ent"o
de Estudos Est"at5$icos Inte"nacionais#:. no seu li'"o de BV com esse título so%"e a
e$emonia $lo%al dos Estados ,nidos3 #na última d5cada do s5culo a situa()o mundial
alte"ou4se p"o&undamente@ Pela p"imei"a 'e2 na ist!"ia. um Estado e1t"a4eu"oasiático to"nou4se
n)o apenas no á"%it"o das "ela(/es de pode" eu"o4asiáticas. mas na potência di"i$ente ao ní'el
mundial@ +om o &"acasso e depois colapso da ,ni)o So'i5tica. um país do emis&5"io ocidental.
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os Estados ,nidos. to"nou4se a única e na "ealidade a p"imei"a potência mundial# 8"e2ins\i
B. B:@
Esta no'a ca"acte"ística da única supe"potência so%"e'i'ente n)o &oi dete"minada apenas
pelas especiais -ualidades ist!"icas e pela dimens)o e1te"io" dos E,A. mas tam%5m pelo
estádio de desen'ol'imento do capitalismo no &inal do s5culo @ S! a te"cei"a "e'olu()o
indust"ial da mic"o4elect"!nica. na -ual a cont"apotência mundial. a ,ni)o So'i5tica. &"acassou
po" &alta de capitais. to"nou possí'el uma potência mundial na plena acep()o do te"mo. ou se0a.
uma possi%ilidade de inte"'en()o di"ecta $lo%al@ ce"to -ue as $"andes e1pedi(/es milita"es
continuam a p"ecisa" de uma ampla e dispendiosa lo$ística te""ito"ial. mas ela 5
si$ni&icati'amente &acilitada pela e1istência de uma tecnolo$ia de comunica(/es -ue co%"e o
mundo intei"o@
En-uanto as anti$as potências eu"opeias tinam de contenta"4se com e1pedi(/es milita"espesadas e di&icilmente cont"olá'eis. %aseadas na indust"iali2a()o clássica. e -ue o0e pa"ecem
anti-uadas 8como na'ios de $ue""a e e15"citos de %lindados:. a má-uina milita" dos E,A pode
na "ealidade. at5 um ce"to ponto. a&i"ma"4se como omnip"esente e capa2 de inte"'i" $lo%almente
; isto no plano da $ue""a ent"e e15"citos "e$ula"es@ As $"andes e1pedi(/es milita"es como as
duas $ue""as pela o"dem mundial -ue se se$ui"am 6 -ueda do +apitalismo de Estado 8cont"a os
"estos da 9u$oslá'ia e cont"a o I"a-ue: s)o n)o apenas &acilitadas mas ainda complementadas
com uma capacidade de ata-ue at5 ent)o ine1istente@ Em 'e2 de $"andes ope"a(/es te""est"es
ou na'ais 8de "esto. n)o totalmente sup5"&luas: podem se" desencadeados ata-ues a5"eos muito&le1í'eis e condu2idos pelos meios da mic"o4elect"!nica@
'e"dade -ue. at5 ce"to ponto. 0á a Alemana *a2i &oi 'encida. em $"ande pa"te. de'ido 6
imp"essionante supe"io"idade a5"ea dos aliados desde B e 6 cu'a de %om%a"deamentos
a5"eos 8dest"ui()o das indúst"ias de $ue""a e das linas de a%astecimentos. etc@:. em%o"a esse
n)o tena sido o único &acto" a decidi" a $ue""a@ Al5m disso. as es-uad"ilas tinam de mante"4
se es&o"(adamente no "aio das %ases@ Se at5 meados do s5culo a t"a'essia do Atl=ntico e"a
ainda uma a'entu"a. o0e a &o"(a a5"ea ame"icana pode atin$i" -ual-ue" lu$a" do mundo a pa"ti"
do seu te""it!"io num tempo sem pa"alelo@ Po" out"o lado. a o%se"'a()o po" sat5lite di"i$ida po"
meio da mic"o4elect"!nica possi%ilita o e1e"cício de um cont"olo pe"manente a pa"ti" do espa(o.
com uma capacidade de "esolu()o muito p"ecisa. de todos os mo'imentos e ope"a(/es 6
supe"&ície da te""a em todo o $lo%o como nunca tina sido possí'el@ Em li$a()o com a dimens)o
continental do seu te""it!"io. com a &o"(a dos seus capitais e com o a'an(o da sua tecnolo$ia de
comunica(/es. o sistema de a"mamento i$ tec dos E,A. sem conco""ente e em pe"manente
desen'ol'imento. c"iou um no'o tipo -ualitati'o de e$emonia $lo%al no mundo dos estados
capitalistas@
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Tal supe"io"idade condu2 &acilmente a a%soluti2a" a capacidade de cont"olo da supe"potência
ame"icana e a ele'a" a um #mito de a"mamento elect"!nico# o ala"$amento das possi%ilidades de
inte"'en()o %aseadas na mic"o4elect"!nica. apesa" de a capacidade de inte"'en()o di"ecta ao
ní'el $lo%al n)o si$ni&ica" o mesmo -ue cont"olo a%soluto 8o -ue se"ia uma impossi%ilidade
l!$ica e p"ática:@ Antes de mais. e de'emos assenta" neste ponto. a e$emonia político4milita"
dos Estados ,nidos e1e"ce4se apenas no mundo dos Estados nacionais capitalistas e dos
"especti'os e15"citos indust"iais #&o"distas#. ou se0a. no plano #mac"o# das "ela(/es inte"nacionais
capitalistas@ *esta pe"specti'a. o e15"cito i$ tec dos E,A tem uma supe"io"idade
inalcan(á'el e pode $ana" -ual-ue" $"ande ou pe-uena $ue""a cont"a -ual-ue" e15"cito de um
ou 'á"ios Estados nacionais do mundo@
A 7ltima #ot8ncia mundial no limite 9it:rico do itema6
A e$emonia da única supe"potência so%"e'i'ente. os E,A. 5 esma$ado"a. em compa"a()ocom as out"as. assim camadas. potências do mundo capitalista. -ue" se0a a ,ni)o Eu"opeia
8,E:. o 9ap)o. a Rússia em decadência e tam%5m milita"mente de$"adada. ou as pseudo4
potências "e$ionais. do I")o 6 ]ndia. passando pelo Pa-uist)o ou at5 pela +ina. supostamente
um colosso. cu0a $i$antesca massa populacional está em "ela()o in'e"sa com o seu pode"io
econ!mico e político4milita"@ +om isto se "e'ela uma das tendências &undamentais da e'olu()o
do +apitalismo mundial. em -ue as desi$ualdades. dispa"idades e at"asos i""ecupe"á'eis na
capacidade de "ep"odu()o do capital se to"nam tanto maio"es -uanto menos oposi()o de&"ontam
as "ela(/es de capital. to"nando4se em "ela(/es mundiais i""e'e"si'elmente di"ectas ecome(ando as &"ontei"as nacionais a desapa"ece" em muitos aspectos@
I"onicamente. os E,A to"na"am4se a inult"apassá'el potência mundial n@ B no momento em
-ue o modo de p"odu()o capitalista. en-uanto tal. come(ou a es$ota"4se@ En-uanto as anti$as
potências eu"opeias 0o$a"am os seus t"un&os nacionais em 5pocas dete"minadas da ascens)o
do sistema capitalista a sistema $lo%al. isto 5. no -uad"o da ist!"ia %u"$uesa da mode"ni2a()o.
a e$emonia dos E,A su"$iu 0á nos limites do capitalismo en-uanto &o"ma social de "ep"odu()o@
*esta %ase. os E,A n)o s)o apenas a única potência e1istente nos &inais do s5culo . mas a
última potência mundial@ como nos contos de &adas3 no momento em -ue o sono se "eali2a.
t"ans&o"ma4se em pesadelo e menti"a. po"-ue "e'ela a &"a$ilidade e at5 o a%su"do dos seus
p"essupostos@
O p"ocesso em -ue oco""eu a contínua ascens)o dos E,A a única e última supe"potência
mundial &oi simultaneamente tam%5m o p"ocesso de desen'ol'imento da c"ise do mode"no
sistema p"oduto" de me"cado"ias@ Se a se$unda "e'olu()o indust"ial. a do camado #Fo"dismo#
8automo%ili2a()o. mila$"e econ!mico:. no p!s4$ue""a. ainda pde desencadea" uma esp5cie de
#plano de desen'ol'imento# mundial. a te"cei"a "e'olu()o indust"ial. a da mic"o4elect"!nica.
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a$udi2ou de tal &o"ma a -ueda do desen'ol'imento ao ní'el $lo%al. -ue "e$i/es intei"as
come(a"am a &ica" e1cluídas da capacidade de "ep"odu()o capitalista@
Simultaneamente. o p"ocesso de c"ise socio4econ!mica. desde os anos G. come(ou a de'o"a"
os cent"os do capital@ A e'apo"a()o da #su%st=ncia de t"a%alo# do +apitalismo 0á s! pode se"
masca"ada at"a'5s da antecipa()o de "endimentos monetá"ios e luc"os &utu"os -ue na "ealidade
nunca se 'e"i&ica")o. ou se0a. at"a'5s de um p"ocesso -ue de$ene"a no endi'idamento $lo%al do
con0unto dos su0eitos econ!micos 8Estados. emp"esas. pa"ticula"es: e at"a'5s de %olas
especulati'as nos me"cados %olsistas. isto"icamente sem p"ecedentes@ A "ecicla$em de
massas semp"e c"escentes de #capital &ictício# 8Ma"1: no ci"cuito econ!mico t"ans&o"mou a
sepa"a()o ent"e me"cados &inancei"os e economia "eal na condi()o &undamental da 'alo"i2a()o
$lo%al do capital@ O capital mundial atin$iu um $"au de simula()o -ue pola"i2ou como nunca a
sociedade mundial3 num dos p!los "epetem4se a po%"e2a das massas e a mis5"ia e os
p"ocessos de colapso econ!mico sucedem4se a cu"tos inte"'alosC no out"o p!lo &lo"esce uma
"i-ue2a monetá"ia t)o ast"on!mica como sem su%st=ncia. cu0a &"a$ilidade demonst"a o ca"ácte"
p"ecá"io -ue assumiu o modo de p"odu()o capitalista en-uanto tal@
A e$emonia monocênt"ica dos E,A está no cent"o desta cont"adi()o amadu"ecida do capital
mundial@ *a 'e"dade. a sup"emacia político4milita" da última supe"potência n)o pode se" anulada
85. nesta medida. #a%soluta#:. mas. simultaneamente. a Política en-uanto tal. mesmo na sua
&o"ma de política mundial e$em!nica. so&"e uma pe"da de impo"t=ncia "elati'amente aos
p"ocessos econ!micos mundiais. -ue se autonomi2a"am c"iticamente de uma &o"ma-ualitati'amente no'a@ *este aspecto destaca4se. n)o em último lu$a". o &acto de o pessoal
político. nos E,A como em todas as pa"te do mundo. se" de te"cei"o ní'el. compa"ado com as
elites &uncionais econ!micas@ A última potência mundial 'ê4se con&"ontada com uma c"ise tanto
inte"na como e1te"na -ue a%"an$e o mundo intei"o e -ue. pela sua p"!p"ia natu"e2a. n)o pode
se" contida com uma &o"(a do tipo político4milita"@
As cont"adi(/es ent"e o ca"ácte" de potência monocênt"ica dos E,A e o ca"ácte" de c"ise da
te"cei"a "e'olu()o indust"ial. -ue. mais ta"de ou mais cedo. necessa"iamente condu2i")o 6 p"o'a
de &o$o. 6 medida -ue a c"ise dest"!i inte"namente o modo de p"odu()o dominante. to"nam4se
e'identes de muitos pontos de 'ista@
As potências políticas s! podem e1isti" e desen'ol'e"4se com %ase num &undamento estatal
nacional. mesmo -uando se t"ata de Estados -ue. de'ido 6 o"i$em dos seus cidad)os. s)o
$"andes Estados multi5tnicos de dimens)o continental@ Este ca"ácte" de Estado nacional -ue
mesmo a última supe"potência ap"esenta está no entanto em cont"adi()o com a metamo"&ose
t"ansnacional do capital de'ida ao p"ocesso de $lo%ali2a()o@ Ao mesmo tempo -ue a c"ise
est"utu"al c"ia desemp"e$o em massa e>ou $"andes secto"es de %ai1os salá"ios. desmantela o
Estado social. etc. 5 de""etido o pode" de comp"a nos me"cados inte"nos nacionais e o capital 5
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o%"i$ado a espala"4se de &o"ma emp"esa"ial. com uma din=mica inaudita. pelo me"cado
mundial. pa"a optimi2a" a -ueda dos custos e. po" out"o lado. at"ai" pode" de comp"a pa"a si.
onde -ue" -ue ele ainda e1ista no mundo@
Esta t"ansnacionali2a()o do capital e a &u$a simult=nea. decidida ainda mais ao ní'el
t"ansnacional. pa"a o no'o capitalismo &inancei"o simulado. 5 o -ue mina os &undamentos
econ!micos do Estado nacionalC e isto 5 'álido pa"a a última supe"potência. os E,A@ Tam%5m o
capital ame"icano se su%mete 6 metamo"&ose t"ansnacional. to"nando com isso
in'olunta"iamente o%soleto o Estado potência mundial@
Po" out"o lado. os E,A. en-uanto Estado nacional limitado -ue s)o. e apesa" do seu estatuto
de supe"potência. n)o podem a$i" di"ectamente como Estado mundial. -ue esta"ia em situa()o
de "e$ula" o sistema mundial ; -ue se t"ans&o"ma em t"ansnacional 4 da economia de c"ise
capitalista. como at5 a-ui os Estados nacionais "e$ula"am as suas economias nacionais@ Assim.a última potência mundial 'ê4se a""astada pelos impe"ati'os e &o"mas de e'olu()o de um
p"ocesso de c"ise mundial -ue á muito n)o 5 cont"olá'el po" meios políticos. e cont"a o -ual o
seu in'encí'el e15"cito i$ tec apenas pode "ea$i" e1te"namente e. em última análise. de
&o"ma inade-uada@
?ue os E,A apenas s)o a potência dominante de um sistema mundial sem saída. em si
mesmo doente e en'enenado. demonst"a4se pelo estado em -ue se encont"a a sua p"!p"ia
economia inte"na. so% a condu()o do Estado@ *o inte"io" dos E,A a "i-ue2a monetá"ia encont"a4
se n)o s! pola"i2ada ao má1imo. no conte1to do mundo ocidental. como o seu %"ilo assentaessencialmente em &anca"ia econ!mica@ Pois os E,A s)o o0e. cont"a"iamente 6 posi()o de
pa"tida con&o"tá'el e sem conco""ência -ue tinam no &inal da se$unda $ue""a mundial. o país do
mundo com o maio" endi'idamento. -ue" inte"no. -ue" e1te"no@ A sua a%soluta supe"io"idade
concent"ou4se unicamente no seu pode"io milita"@
Pode"ia a"$umenta"4se -ue o &lu1o de capital4dinei"o p"o'eniente de todo o mundo. o"i$inado
pelo p"ocesso de endi'idamento &antástico dos E,A. 5 p"ecisamente o t"i%uto -ue o mundo
capitalista tem de pa$a" 6 sua potência dominante@ *)o se t"ata no entanto de um t"i%uto de tipo
t"adicional. como a-ueles a -ue esta'am su0eitos os #po'os# ou #na(/es# 'encidos ou
con-uistados. mas de um &lu1o de capital4dinei"o t"ansnacional p"i'ado -ue. como dinei"o4
c"5dito. coloca uma e1i$ência pe"i$osa 6 economia ame"icana. po"-ue pode se" "eti"ado a
-ual-ue" momento 8ou #e'apo"a"4se# de'ido a um crash &inancei"o: e assim de""u%a" todo o
pode"io da potência mundial@
Este pe"i$o a%"an$e. e n)o em último lu$a". o p"!p"io apa"elo milita" i$ tec. -ue de'o"a
pe"manentemente somas ast"on!micas e po" isso depende da sei'a do capital &inancei"o
t"ansnacional@ T"ata4se de uma &o"ma des'iada de &inanciamento. -ue de'ia assenta" num
pode"io econ!mico nacional e&ecti'o e aut!nomo. -ue os E,A pe"de"am á muito@ O pode"io
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milita". na sua &o"ma at5 ce"to ponto #natu"al#. n)o tem. po" si mesmo. capacidade de
so%"e'i'ência. pois tam%5m ele. como tudo o mais no mundo capitalista. tem de passa" pelo
#%u"aco da a$ula# da &inancia%ilidade@
Isto n)o se aplica apenas 6s p"esta(/es do Estado social ou aos cuidados m5dicos. mas
tam%5m aos mísseis +"uise. aos %om%a"dei"os Stealt e aos po"ta4a'i/es@ De um ponto de 'ista
pu"amente econ!mico. o Estado social e o apa"elo milita" n)o se distin$uem. em am%os os
casos 5 necessá"io um &inanciamento e1te"no. at"a'5s de dinei"o -ue o Estado tem de su$a"@ E
se á o -uê e a -uem p" de 0oelos com mísseis e %om%a"dei"os de lon$o alcance. os
me"cados &inancei"os inte"nacionais ce"tamente n)o &a2em pa"te desse núme"o@ Se a %ola
&inancei"a "e%enta". a so%e"ania milita" mundial dos E,A i"á imediatamente ao a"@
O colosso a""o$ante e ceio de músculo milita" -ue 5 a última potência mundial assenta em
p5s de %a""o@ *)o po"-ue um out"o colosso possa 'i" a de""u%á4lo. mas apenas po"-ue o modode p"odu()o capitalista. -ue este'e na %ase de todas as potências mundiais mode"nas. come(a
a atin$i" o seu limite a%soluto@ Os E,A n)o podem se" de""u%ados po" nenuma out"a potência
mundial conco""ente. mas se")o de""u%ados pela sua l!$ica inte"na. ou se0a. pela l!$ica do
dinei"o capitalista@ A capacidade de cont"olo $lo%al da última potência mundial desapa"ece"á
0untamente com a pseudo4ci'ili2a()o do dinei"o@
po" isso -ue 0á n)o pode a'e" $ue""as mundiais do tipo das $ue""as da p"imei"a metade do
s5culo . su"$idas do &acto de e1isti"em 'á"ias potências da mesma $"ande2a a disputa"em a
e$emonia no -uad"o de um sistema policênt"ico@ 9á a est"utu"a %ipola" da $ue""a4&"ia %lo-ueoua possi%ilidade deste co-ue at"a'5s do #e-uilí%"io do te""o"# at!mico@ A ,ni)o So'i5tica n)o
pde se" de""otada numa $ue""a mundial. mas &oi anulada pela conco""ência econ!mica e
de$"adada milita"mente@
A e$emonia monocênt"ica da última potência mundial 0á n)o tem conco""ência neste plano. e
muito menos e1iste potencial pa"a uma $ue""a mundial ent"e $"andes potências de i$ual 'alo"@
Mas a conco""ência de c"ise t"ansnacional n)o pe"mite a e1istência de uma #pa2 mundial
capitalista# 8o -ue se"ia uma cont"adi()o nos te"mos:. mas pelo cont"á"io desencadeia. como sua
continua()o po" out"os meios. no'as &o"mas de con&litos a"mados. -ue 0á n)o se situam no plano
dos con&litos ent"e as $"andes potências nem podem se" analisados com as "especti'as
cate$o"ias@ *esta no'a constela()o da c"ise mundial cump"e4se uma p"o&unda metamo"&ose
-ualitati'a da ac()o impe"ial. -ue 0á te'e o seu início na est"utu"a %ipola" das supe"potências da
ist!"ia do p!s4$ue""a@
Do im#erialimo nacional territorial ao ;im#erialimo
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ist!"ico do modo de p"odu()o capitalista e at5 ce"to ponto de'e administ"a" todas as
cont"adi(/es $lo%ais. aponta pa"a uma t"ans&o"ma()o do impe"ialismo. em -ue este 0á n)o
co""esponde 6 sua de&ini()o ante"io". mas se t"ans&e"iu pa"a um out"o plano de cont"adi()o@
*o má1imo do seu pode"io. a posi()o dos E,A de'e"ia mesmo apa"ece" ; do ponto de 'ista
da comp"eens)o 'álida at5 meados do s5culo ; como um #p!s4impe"ialismo#@ A 'iolência. a
%"utalidade e o cinismo das inte"'en(/es e da sua le$itima()o n)o se to"na"am ce"tamente
in&e"io"es. mas o conteúdo a&astou4se -ualitati'amente do conceito o"i$iná"io de #imp5"io#
mode"no@ Aos t"ês estádios de e'olu()o da e$emonia político4milita" no mundo mode"no. o
policênt"ico. o %ipola" e o monocênt"ico. co""esponde um p"ocesso contínuo de alte"a()o do
ca"ácte" do impe"ialismo. -ue espela a passa$em da &ase de ascens)o e implementa()o do
sistema mundial capitalista pa"a a &ase de matu"idade da sua c"ise@
*a 5poca do anti$o impe"ialismo policênt"ico das potências indust"iais eu"opeias8ap"o1imadamente ent"e BVG e B: t"ata'a4se so%"etudo da "epa"ti()o te""ito"ial do mundo em
col!nias nacionais e #2onas de in&luência#@ Este nacional4impe"ialismo eu"opeu clássico esta'a
en"ai2ado no p"incípio te""ito"ial do Estado nacional %u"$uês. tal como ele se tina constituído em
oposi()o ao p"incípio dinástico ou pessoal da sociedade a$"á"ia &eudal@ A e1pans)o te""ito"ial
dos Estados nacionais capitalistas. 0á iniciada no come(o da Idade Mode"na. p"osse$ue em la"$a
escala com %ase na indust"iali2a()oC o seu o%0ecti'o e"a o ala"$amento do cont"olo te""ito"ial@
*)o e"a ainda um me"cado mundial sem &"ontei"as -ue esta'a na %ase desta e'olu()o. nem
uma $lo%ali2a()o t"ansnacional do capital. mas. p"ecisamente ao cont"á"io. a &o"ma()o dop"ocesso de acumula()o. c"escentemente %aseada na economia estatal e nacionalmente
cent"ada@ A e1pans)o do mo'imento econ!mico assumiu po" isso a &o"ma de um es&o"(o pela
simples constitui()o de pa"ciais e "elati'as #economias mundiais# 8na plu"alidade das na(/es:.
cont"oladas pelos #$"andes imp5"ios# nacionais@
P"ecisamente neste sentido. o de%ate so%"e política e1te"na e a política social em todas as
$"andes potências capitalistas eu"opeias se$uia o lema de uma &"ase do $ene"al F"ied"ic 'on
e"na"di. da 5poca do \aise" Kuile"me II3 #pode" mundial ou mo"te# 8citado po" KollHit2e"
B>. :@ +omo %ase pa"a uma o"ienta()o est"at5$ica desen'ol'eu4se na Alemana a
camada #Keopolítica#. so%"etudo com Qa"l 7auso&e" 8BZ4BZ:. -ue ascendeu no #Reic#
nacional4socialista a ce&e dos c"iado"es de slo$ans $eo4est"at5$icos@ 9á o título da sua o%"a em
t"ês 'olumes Poder e erra aponta pa"a o ca"ácte" te""ito"ial da tendência de e1pans)o impe"ial
ent)o 'i$ente@ *out"o te1to e1empla" de 7auso&e" lê4se. em conson=ncia3 #as $"andes
potências s)o ^Estados e1pansionistas_@@@ po" isso as 'emos a todas su"$i" com $"andes ou
pe-uenos ane1os de 2onas de in&luência. -ue pe"tencem ao conceito de $"ande potência como a
cauda aos cometas @@@#8citado po" KollHit2e". i%id@. Z:@
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,m dos conceitos cent"ais desta e1pans)o te""ito"ial e"a o de #$"ande te""it!"io#. ou se0a. um
imp5"io mundial pa"cial. dominado de &o"ma nacional4impe"ial. com %ase numa economia
capitalista de #$"ande te""it!"io# coe"ente. -ue mais n)o podia se" do -ue o ala"$amento de uma
$"ande economia nacional 6s col!nias. 2onas dependentes e te""it!"ios simplesmente ane1ados@
O sinist"o 0u"ista e te!"ico social "eaccioná"io +a"l Scmitt. -ue á muito se coloca"a ao se"'i(o
dos *a2is. ela%o"ou opo"tunamente. em BW 8com a @` edi()o em BB:. o ensaio de teo"ia
0u"ídica intitulado O estatuto !ur"dico internacional do #rande territ$rio e a proibição da
inter%enção de pot&ncias estran#eiras no seu 'mbito( )ontributo para o conceito de imp*rio no
direito internacional 8citado po" KollHit2e". i%id@ p@ Z:@
Este conceito $eopolítico de $"ande te""it!"io. &"e-uentemente t"ans&o"mado 'italisticamente em
#espa(o 'ital#. pe"tencia tam%5m. como 5 sa%ido. ao 'oca%ulá"io p"e&e"ido de 7itle"3 Po%o sem
espaço e"a o título do opo"tuno "omance %est4selle" do popula" esc"ito" colonialista 7ans K"imm
8BZ:@ Depois de o com5"cio mundial ent"e as $"andes potências no pe"íodo ent"e as duas
$ue""as te" caído p"o&undamente. su"$i"am es&o"(os pa"a conse$ui" uma auta"cia nacional no
,lt"ama". os -uais 0á desde o início tinam condu2ido ao impe"ialismo clássico@ O o%0ecti'o desta
política de auta"cia. como decla"ou no come(o dos anos WG num con$"esso cont"a a economia
li%e"al o economista Xilelm Ke"lo&&. e"a #a c"ia()o de um espa(o econ!mico auto4su&iciente do
ponto de 'ista da p"odu()o e do consumo. dispondo de tanto espa(o e de tantas "i-ue2as -ue
pode sup"i" todas as necessidades econ!micas e cultu"ais dos seus mem%"os@@@ 8Ke"lo&& BW.
BW:@?ue esta posi()o n)o e"a simplesmente moti'ada po" "i'alidades ideol!$icas. deco""e da
est"at5$ia político4econ!mica e das mano%"as políticas dos *a2is@ Xe"ne" Dait2. um dos
di"i$entes econ!micos supe"io"es do Pa"tido *acional Socialista dos T"a%alado"es Alem)es
8*SDAP:. &o"mulou a tendência autá"cica do nacional4impe"ialismo e1p"essamente cont"a #o
pensamento 0udaico4mate"ialista dos economistas li%e"ais#. cu0o #pensamento de dinei"o
cont"á"io ao Po'o# condu2iu a economia alem) pa"a a #economia mundial#. ou se0a. pa"a #o
com5"cio li'"e e a di'is)o inte"nacional do t"a%alo#. em seu p"e0uí2o na $ue""a mundial e na
c"ise econ!mica mundial@ Dait2 coloca o p"o$"ama autá"cico dos *a2is de um imp5"io nacionalaut!nomo cont"a a-uela o"ienta()o econ!mica li%e"al pa"a o me"cado mundial3 #a desco%e"ta de
no'os espa(os li'"es e o seu po'oamento 8coloni2a()o:@@@ apenas pode si$ni&ica" um
&o"talecimento do c"escimento e da &o"(a 'ital da economia pát"ia se n)o &ica" de &o"a da sua
disciplina e do seu pode"@@@ cada Po'o de'e disciplina" a sua lide"an(a econ!mica de &o"ma a
-ue as últimas "ese"'as em alimentos e mat5"ias p"imas este0am semp"e dent"o dos seus mu"os#
8Dait2 BW I. Z e se$s@:@
neste sentido autá"cico -ue ele de&ine tam%5m o #$"ande espa(o econ!mico# eu"opeu a
&o"ma" pelo Reic *a2i so% cont"olo alem)o3 #a Eu"opa continental s! pode a&i"ma"4se ent"e as
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out"as pa"tes do mundo como unidade econ!mica e cultu"al se em caso de necessidade pude"
'i'e" dos "ecu"sos dos seus po'os e do seu te""it!"io@ Po" isso. a Eu"opa continental tem de se"
uma unidade política de Ki%"alta" aos ,"ais e do +a%o *o"te at5 6 ila de +ip"e@ S! neste
espa(o 5 -ue e1istem todas as capacidades em p"odutos a$"ícolas e "i-ue2as mine"ais -ue
pe"mitem aos po'os deste espa(o. mediante coope"a()o. e com a a0uda de uma tecnolo$ia
a'an(ada. 'i'e" dos seus p"!p"ios "ecu"sos# 8Dait2 BW II. e se$s@:@
*)o se t"ata'a de modo al$um de um o%0ecti'o lon$ín-uo ou de um sono dos est"ate$as
na2is. mas. no momento da a"$umenta()o de Dait2. e"a 0á uma política econ!mica e e1te"na
dete"minada e e&ecti'a. -ue. no essencial. &oi ap"o'ada e apoiada pela di"ec()o dos monop!lios
alem)es no seu p"!p"io inte"esse. como a isto"io$"a&ia so%"e este pe"íodo escla"ece3 #a decis)o
de 7itle" de atin$i" uma auta"cia de BGGU dent"o de -uat"o anos e sem ola" a custos nos
secto"es dos com%ustí'eis. da p"odu()o de &e""o e da %o""aca sint5tica 8%una:. &oi %em acolida
pelos p"incipais líde"es econ!micos. po" um lado po" inte"esse nos luc"os e. po" out"o. de'ido 6s
di&iculdades em "eo"$ani2a" o me"cado mundial a cu"to p"a2o@ A indúst"ia do &e""o. ca"')o e a(o.
a%ituada ao p"oteccionismo estatal desde BV. dese0a'a ala"$a" a sua e$emonia continental.
pois no plano mundial n)o e"a conco""encial. e tina como am%i()o política. 6 semelan(a dos
pan4alem)es na P"imei"a Kue""a Mundial. a c"ia()o de um $"ande espa(o econ!mico dominado
pelos alem)es no cent"o da Eu"opa# 8Ma"tin B. GW:@
A política de auta"cia dos *a2is. po"tanto. apenas p"osse$uiu a tendência nacional4impe"ialista
0á iniciada antes da P"imei"a Kue""a Mundial@ Mas o #Reic# alem)o n)o se$uiu esta l!$icaapenas de'ido 6 e'olu()o especialmente nacionalista se$uida desde a 5poca impe"ial@ ,m
pensamento autá"cico 'i"ado pa"a a c"ia()o de #economias de $"ande te""it!"io# de tipo nacional4
impe"ial. encont"a4se -ue" no pe"íodo ante"io" 6 $ue""a -ue" no pe"íodo ent"e as $ue""as em
todos os países do cent"o capitalista. muito em%o"a no campo an$lo4sa1!nico se$u"amente n)o
se0a t)o 'incado como no "e$ime na2i@
Lenine -uali&icou o es&o"(o nacional4impe"ialista. de aco"do com a situa()o "eal e o discu"so
impe"ial dominante. no seu &amoso ensaio O imperialismo como est+dio supremo do )apitalismo
8BBV:. essencialmente como política de ane1a()o te""ito"ial3 #'emos a$o"a -ue come(a uma
$i$antesca ^co""ida_ 6 con-uista colonial e -ue se a$udi2a em alto $"au a luta pela di'is)o
te""ito"ial do mundo@@@ a co""ida de todos os Estados capitalistas 6s col!nias em &inais do s5culo
I e. em especial. desde os anos G 5 um &acto %em conecido de todos na ist!"ia da
diplomacia e da política e1te"na@@@ o -ue 5 ca"acte"ístico do impe"ialismo 5 o es&o"(o de
ane1a()o n)o apenas de te""it!"ios a$"ícolas. mas tam%5m de te""it!"ios indust"iais altamente
desen'ol'idos 8o apetite da Alemana pela 5l$ica. da F"an(a pela Lo"ena:. pois. po" um lado. a
"epa"ti()o da Te""a o%"i$a a -ue. numa no'a "epa"ti()o. se deite a m)o a todo o %ocado de te""a
dese0ado. e. po" out"o lado. pa"a o impe"ialismo a conco""ência ent"e al$umas $"andes potências
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na sua luta pela e$emonia. ou se0a. pela con-uista de te""it!"ios. n)o 5 t)o impo"tante
di"ectamente em si. mas antes pa"a en&"a-uece" os conco""entes e pa"a consolida" a p"!p"ia
e$emonia@@@# 8Lenine. BV>VB. e se$s@. V:@
Mesmo -ue a análise de Lenine pa"ta de um conceito de capital limitado e "est"in$ido pela
'is)o ma"1ista do mo'imento ope"á"io. -ue implica uma &alsa oposi()o ent"e o capitalismo
conco""encial e o capitalismo dito de monop!lio. a sua ca"acte"i2a()o do impe"ialismo como
política nacional policêntica de ane1a()o 5 la"$amente co""espondente 6s &o"mas "eais do
desen'ol'imento capitalista mundial de ent)o@ Esta 5poca. -ue te"minou em B. n)o &oi
contudo o #último e mais ele'ado estádio do capitalismo#. -ue Lenine. condicionado pelo seu
tempo. n)o 'ia so% o aspecto de uma c"ise cate$o"ial das &o"mas econ!micas. mas so%"etudo
como a -ueda da constela()o at5 ent)o em 'i$o" do capitalismo mundial@
En-uanto os E,A se desen'ol'e"am ainda 6 som%"a das potências eu"opeias policênt"icas. emluta pela e$emonia mundial. isto 5. no s5culo I e no p"incípio do s5culo . se$ui"am. em
todo o caso. a l!$ica de uma potência impe"ial nacional em e1pans)o@ 9á em BW o P"esidente
ame"icano da altu"a. 9ames Mon"oe. &o"mulou a dout"ina -ue tem o seu nome. de aco"do com a
-ual os E,A n)o tole"a"iam -ual-ue" inte"'en()o eu"opeia em solo ame"icano@ A Dout"ina
Mon"oe. -ue tina como pano de &undo a luta pela independência da Am5"ica Latina cont"a a
Espana e -ue le'ou 6 autonomea()o dos E,A como #potência p"otecto"a# da pa"te sul do
continente. constitui at5 um p"ecedente3 n)o po" acaso a ela se "e&e"iu +a"l Scmitt no seu
ensaio O estatuto !ur"dico do #rande territ$rio e a proibição de inter%enção @ Tam%5m a políticanacional impe"ial de ane1a()o di"ecta n)o e"a aleia aos E,A3 em B. ap!s a $ue""a em -ue
de""ota"am o M51ico. empalma"am o Te1as. o *o'o M51ico e a +ali&!"nia. 0untamente com as
0a2idas de ou"o aí locali2adasC em B. na se-uência da $ue""a cont"a a Espana. ane1a"am as
Filipinas. -ue s! em BZ 8depois da ocupa()o 0aponesa na se$unda $ue""a mundial:
alcan(a"am a independência estatal@
9á na 5poca do #mila$"e econ!mico# e da $ue""a4&"ia. em -ue os E,A ascende"am a única
potência di"i$ente do capitalismo ocidental. a situa()o alte"ou4se "adicalmente@ So% o tecto da
Pa1 Ame"icana o status de potência mundial &e2. con0untamente com o desen'ol'imento do
capital mundial. uma metamo"&ose decisi'a. a pa"ti" da -ual a anti$a política e1pansionista dos
imp5"ios nacionais come(ou a &ica" o%soleta@ +omo p"imei"a potência mundial. em sentido lite"al.
os E,A 0á n)o podiam se" uma #potência de e1pans)o te""ito"ial#. e isso si$ni&icou pa"a os
Estados nacionais eu"opeus. a$o"a dependentes. desce" mais um de$"au. como potências
a%atidas ao acti'o@ Esta metamo"&ose &undamental &oi dete"minada so%"etudo po" dois
momentos. um político4milita". out"o econ!mico@
Po" um lado. a $ue""a &"ia t"a'ada com a cont"apotência mundial da #mode"ni2a()o
"eta"datá"ia# 0á n)o &oi. desde o início. condu2ida ao estilo de um cont"olo te""ito"ial. %aseado na
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economia nacional. so%"e um dete"minado #imp5"io mundial#. mas antes apenas como uma
est"at5$ia a lon$o p"a2o de o"ienta()o numa escala di"ectamente $lo%al@ +omo #polícia mundial#
com a miss)o auto4at"i%uída de anula" o cont"aimp5"io do capitalismo de Estado e #"eino do mal#
8Rea$an:. o impe"ialismo ame"icano te'e de to"na"4se num #impe"ialismo $lo%al ideal#. ou se0a.
de ope"a" no #meta4plano#. pa"a al5m da simples e1pans)o nacional@
*esta medida. n)o se t"ata'a de uma no'a constela()o no inte"io" da anti$a l!$ica dos
con&litos. mas do ca"ácte" t"ansit!"io do p"!p"io con&lito@ A p"!p"ia e1p"ess)o #polícia mundial#.
inicialmente usada com sentido c"ítico. "emete in'olunta"iamente pa"a o &acto de se t"ata" de
uma op()o po" um monop!lio de cont"olo $lo%al milita"mente apoiada. em 'e2 do c"escimento
e1te"io". como ala"$amento do te""it!"io p"!p"io@
*este plano. 0á n)o e"a decisi'a uma 'is)o o"ientada pa"a um #$"ande te""it!"io# impe"ial e de
uma #economia nacional de $"ande te""it!"io# co""espondente. mas a $a"antia $lo%al do modo dep"odu()o capitalista como tal@ Os E,A to"na"am4se assim em pu"a #potência p"otecto"a# do
capital. apenas sendo aceite a sua &o"ma ocidental p"i'ada e conco""encial e sendo as 'a"iantes
de capitalismo de Estado do Leste e do Sul conside"adas como p"incípio inimi$o pe"tu"%ado"@
A p"ess)o e"a no sentido de dest"ui" a co"tina de &e""o e de #a%"i"# o mundo intei"o ao
mo'imento do capital p"i'ado 8-ual-ue" -ue se0a a sua nacionalidade:. ou se0a. de p"odu2i" um
sistema capitalista mundial unitá"io@ *este sentido. os E,A &unda"am a *ATO em B. cu0o
=m%ito o"$ani2ati'o se"'ia pa"a en'ol'e" di"ectamente os Estados nacionais eu"opeus.
ent"etanto t"ans&o"mados em potências de se$undo ou te"cei"o $"au. nas ope"a(/es est"at5$icasdos E,A en-uanto #potência p"otecto"a# do capitalismo mundial e pa"a os utili2a" como #po"ta4
a'i/es# do e15"cito ame"icano@
Mas como este estatuto de potência mundial implica'a um #impe"ialista $lo%al ideal# e este n)o
podia 0á identi&ica"4se com um inte"esse e1pansionista nacional impe"ialista. a cont"adi()o ent"e
os E,A. como Estado nacional. e os E,A como potência mundial de um no'o tipo to"nou4se
notá'el at"a'5s de c"escentes p"e0uí2os "esultantes deste at"ito@ 'e"dade -ue os E,A. po"
á%ito. semp"e utili2a"am inocentemente at5 o0e o conceito de #inte"esse nacional# pa"a
desi$na" a sua acti'idade de #polícia mundial# e se"'em4se "ealmente da sua posi()o de
potência mundial. do papel do d!la" como moeda mundial. etc@. natu"almente tam%5m no seu
p"!p"io inte"esse. semp"e -ue possí'el@ Apesa" disso. os p"e0uí2os so&"idos no decu"so da $ue""a
&"ia pela potência mundial -ue. no &im da se$unda $ue""a mundial. tina atin$ido o estatuto de
a%soluta supe"potência econ!mica. como a "edu()o da sua -uota nacional no me"cado mundial.
a -ueda "elati'a da p"oduti'idade indust"ial e. &inalmente. o eno"me endi'idamento inte"no e
e1te"no. de'em4se em $"ande pa"te ao peso do #consumo# político4milita" de #potência mundial#.
imp"oduti'os do ponto de 'ista capitalista@
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Esta situa()o tem sido "epetidamente desc"ita e o%0ecto de "eclama()o. po" último po" Paul
Qennedimo nacional ;do 9omen =on; ao =elicimo
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semp"e. cont"a a anti$a política impe"ial de ane1a()o. uma oposi()o #dos omens %ons#. -ue se
alimenta'a das ilus/es democ"áticas so%"e o ca"ácte" do capitalismo e se "eclama'a do ideal
%u"$uês 8uma #pa2 pe"p5tua# \antiana ent"e na(/es come"ciantes: cont"a a "ealidade do
capitalismo de ent)o 8$ue""as de "apina nacional4impe"ialistas:@ Este paci&ismo o"i$inalmente
anti4impe"ialista "e'elou4se no p!s4$ue""a p"o$"essi'amente como uma no'a le$itima()o do
"eno'ado papel de #polícia mundial# dos E,A@
Se esta ideolo$ia e"a. na ante"io" constela()o. essencialmente #isolacionista#. isto 5. di"i$ida
cont"a as inte"'en(/es e1te"nas dos E,A. na no'a constela()o. com os E,A como única
supe"potência ocidental. ela pde de "epente passa" a &unciona" como le$itima()o de
inte"'en(/es@ Pois a$o"a 0á n)o se t"ata. em p"imei"a lina. da e1pans)o de um #$"ande te""it!"io#
de&inido pelo impe"ialismo nacional ame"icano. mas da manuten()o $lo%al e da e1pans)o do
#p"incípio# do capital p"i'ado e do Li%e"alismo econ!mico e do seu -uad"o de le$itima()o
democ"ática@ O ideal %u"$uês podia neste sentido se" camado a da" co%e"tu"a 6 "ealidade
capitalista. ainda insatis&at!"ia. po"-ue 0á n)o se t"ata'a de inte"esses nacionais de "apina
e'identes. mas da suposta manuten()o e implanta()o da #pa2 mundial democ"ática# cont"a os
camados #inimi$os da pa2 n)o democ"áticos#. de&inidos em se$uida. na est"utu"a %ipola" das
supe"potências. como #"eino do mal# totalitá"io do Leste e seus 'assalos@
O no'o papel de potência mundial dos E,A podia po"tanto se" assumido com um
empenamento -uase "eli$ioso3 a supe"potência ocidental t"ansmuta4se em p"opa$andista
$lo%al e at5 em missioná"io do modo de p"odu()o e do modo de 'ida capitalista conco""encial.incluindo dos seus componenes cultu"ais 8#Ame"ican Ha< o& li&e#:@ *este sentido. o P"esidente
T"uman. lo$o em BV. ps de lado a dout"ina Mon"oe. limitada 6 pe"specti'a nacional
impe"ialista. e. com a #dout"ina T"uman#. p"ometeu a a0uda dos E,A aos #Po'os Li'"es
amea(ados na sua Li%e"dade#. o -ue implica'a o inte"'encionismo num meta4plano do sistema
mundial. pa"a al5m do simples inte"esse nacional e1pansionista@
T"uman n)o ope"ou num espa(o ideolo$icamente 'a2io@ Ele apenas p"osse$uiu o espí"ito da
ideolo$ia da #comunidade dos Po'os#. en"ai2ada no anti$o idealismo ame"icano o"i$inalmente
anti4inte"'encionista. tal como &o"mulada pelo P"esidente ame"icano Xood"oH Xilson 8BZ4
B: no seu p"o$"ama de cato"2e pontos de BB. antecipa()o da poste"io" lide"an(a dout"inal
ame"icana@
*esta const"u()o idealista. co""espondente 6 a"moniosa 'is)o do mundo das t"adicionais
classes m5dias democ"áticas. a conco""ência %"utal e a luta pela so%"e'i'ência no me"cado
mundial &o"am solenemente "ede&inidas como cola%o"a()o pací&ica ent"e Estados animados de
%oa 'ontade e le$itimados pela #so%e"ania popula"#C uma inte"p"eta()o cada 'e2 mais &alseado"a
da "ealidade mundial do +apitalismo. -ue apad"inou -ue" a c"ia()o da camada Sociedade das
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*a(/es 8BG:. su$e"ida po" Xilson. -ue" a sua "eno'a()o no &inal da se$unda $ue""a mundial
como O"$ani2a()o das *a(/es ,nidas 8O*,:@
?ue a ,ni)o So'i5tica. como cont"apotência mundial da #mode"ni2a()o "ecupe"ado"a# se
tena dei1ado insc"e'e" numas *a(/es ,nidas indiscuti'elmente dominadas pelos países
ocidentais so% a lide"an(a dos E,A. &oi apenas a conse-uência l!$ica. no plano político. do &acto
econ!mico de -ue o +apitalismo de Estado. como sistema p"oduto" de me"cado"ias. pa"ticipa'a
pela sua p"!p"ia natu"e2a no me"cado mundial e tina de se adapta" aos seus c"it5"ios@ +om o
colapso da cont"apotência mundial desde B e a ascens)o dos E,A a última potência
mundial. o seu papel de #impe"ialista $lo%al ideal# de um sistema capitalista mundial do"a'ante
uni&icado alte"ou4se mais uma 'e2@
Apesa" de todos os desmentidos. de todas as ideali2a(/es e &alsas espe"an(as. a c"ise
mundial p"o$"essi'a e a $lo%ali2a()o do capital a ela li$ada constituem o pano de &undo -uee1plica a "a2)o po" -ue a pa1 ame"icana. a$o"a e&ecti'amente uni'e"sal. n)o p"odu2 um mundo
paci&icado@ Muito lon$e de se to"na"em sup5"&luos pa"a a domina()o capitalista uni'e"sal. a
impo"t=ncia dos E,A como polícia mundial. pelo cont"á"io. aumentou. como demonst"am as
duas $ue""as pela o"dem mundial dos anos G@ *)o se t"ata a$o"a 0á de com%ate" uma suposta
cont"apotência cla"amente de&inida. mas de conse$ui" mante". a %em ou a mal. o sistema
capitalista uni&icado. em%o"a ele n)o possa 0á se" "ep"odu2ido. a ní'el $lo%al. pela $"ande
maio"ia da umanidade@ Po" out"as pala'"as3 a p"!p"ia luta do #polícia mundial# e dos seus
1e"i&es a0udantes eu"opeus cont"a a c"ise das cate$o"ias capitalistas tem &o"(osamente deassumi" o ca"ácte" de uma %atala cont"a espect"os ou. 0á -uase ao estilo de Dom ?ui1ote.
cont"a moinos de 'ento@
*esta "e&"e$a $lo%ali2ada cont"a os dem!nios da c"ise capitalista mundial. des'anece4se.
ainda mais do -ue nos tempos da $ue""a4&"ia. o pa"adi$ma dos #Estados de e1pans)o te""ito"ial#@
Esta metamo"&ose em cu"so tem tam%5m um momento político4milita" e um momento
econ!mico@ De &o"ma muito mais &o"te do -ue no caso do est"an$ulamento do sistema do
capitalismo de estado. a #Keopolítica# cent"ada em -ual-ue" Estado nacional to"nou4se
i""ele'ante e cont"ap"oducente na luta sem espe"an(a po" uma #paci&ica()o# do p"ocesso de
c"ise mundial do capitalismo@ O mundo &oi sup"anacionalmente uni&icado pelo capital. mas po"
%ai1o da &ina camada de 'e"ni2 do sistema mundial comum $"assa a c"ise. -ue condu2. o0e
a-ui. aman) acolá. a e"up(/es catast"!&icas@ ?ue" política -ue" milita"mente 0á s! 5 possí'el
uma est"at5$ia de #inte"'en()o &le1í'el# ao ní'el mundial. at"a'5s de uma diplomacia am%ulante
de c"ise. de #&o"(as m!'eis de inte"'en()o# e de ata-ues a5"eos@
A isto co""esponde simultaneamente a metamo"&ose do capital. co""espondente 6 economia de
c"ise. numa $lo%ali2a()o di"ecta da economia emp"esa"ial. pa"a al5m da me"a e1po"ta()o de
capital@ Onde a $"ande maio"ia dos #%"a(os# se to"na"am sup5"&luos do ponto de 'ista capitalista.
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a #ap"op"ia()o# de te""it!"ios e dos seus po'os 0á n)o constitui nem po" sonos uma op()o pa"a
a acumula()oC as ane1a(/es te""ito"iais pe"de"am de&initi'amente o sentido na l!$ica capitalista
e s! pode"iam constitui" um peso. em 'e2 de um $ano@ Ao mesmo tempo -ue a "ep"odu()o do
capital em te"mos de economia emp"esa"ial ent"a em con&lito com os Estados nacionais. o
capital &inancei"o e "eal t"ansnacional. espalado po" todo o $lo%o 8natu"almente com densidade
e1t"ao"dina"iamente di'e"sa:. 0á n)o pe"mite a &o"mula()o de uma est"at5$ia de e1pans)o
capitalista nacionalmente cent"ada@
Em conson=ncia com esta no'a situa()o mundial. a ideolo$ia inte"'encionista ocidental de
#&"eedom and democ"ac
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A *ATO constitui o en-uad"amento político4milita" da pa1 ame"icana e da $lo%ali2a()o de c"ise
do capital -ue se inicia nesta 5poca@ *este campo de "e&e"ência. ela tina de se distin$ui". desde
lo$o de uma &o"ma &undamental das constela(/es das alian(as impe"iais ante"io"es@ *em podia
t"ata"4se de uma "ela()o apenas e1te"io". ent"e uma potência e$em!nica e os "especti'os
'assalos no sentido impe"ial t"adicional. nem de uma alian(a ent"e potências impe"ialistas
nacionais. -ue se encont"em mais ou menos em p5 de i$ualdade@ Antes o cont"adit!"io estatuto
duplo dos E,A. como estado4na()o ou economia nacional po" um lado e como #capitalista $lo%al
ideal# po" out"o. e1i$ia uma metamo"&ose análo$a dos estados eu"opeus do cent"o capitalista
to"nados secundá"ios. dotados de um ca"ácte" semelantemente cont"adit!"io3 Po" um lado. tal
como os E,A. n)o podem dei1a" de se" estados4na(/esC po" out"o lado. têm de se inte$"a" ainda
assim na no'a est"utu"a de uma p"etens)o de cont"olo a ní'el $lo%al. sem pode"em to"na"4se
pu"a e simplesmente uma pa"te inte$"ante dos E,A@
Deste modo cont"adit!"io a *ATO t"ans&o"mou4se. pa"a al5m da &un()o me"amente milita". na
inst=ncia política comum de todo o Ocidente. a &im de inte$"a" os estados eu"opeus do cent"o
capitalista no sistema e$em!nico do no'o #capitalista $lo%al ideal# e po" assim di2e" os em%uti"
neste sistema. ou se0a. pa"a &a2e" com -ue de #potências# de apenas se$unda o"dem do 'elo
tipo se t"ans&o"mem. eles p"!p"ios. em pa"tes inte$"antes de um #impe"ialismo $lo%al ideal#@ A
alte"nati'a 0á n)o consiste em escole" ent"e um estatuto independente como 'ela potência
impe"ialista nacional e um estatuto de 'assalo &ace 6 supe"potência E,A. mas ent"e um estatuto
de maio" ou meno" peso no seio da *ATO. como p"olon$amento político e le$itimado" dae$emonia mundial de no'o tipo dos E,A@
Deste modo. po" um lado a *ATO comp"o'a se" de &acto uma est"utu"a sup"anacional de uma
p"etens)o de cont"olo capitalista $lo%al. &ace a um mundo tomado de assalto po" uma
$lo%ali2a()o economico4indust"ial e uma simult=nea desa$"e$a()o de c"ise@ Po" out"o lado. ela
nem se-ue" pode se" ima$inada sem o apa"elo de administ"a()o de 'iolência de alta tecnolo$ia
dos E,A. -ue continua cent"ado em e cont"olado po" um estado4na()o. e cu0a &alta de pa"alelo
mant5m de p5 a e$emonia dos E,A no seio da o%"a de a"te inte$"al do impe"ialismo mundial@
*uma o"dem %á"%a"a. em última inst=ncia. -uem manda aca%a semp"e po" se" a-uele -ue &o" capa2 de %"andi" a moca maio"@ E. no =m%ito dos c"it5"ios capitalistas e da tecnolo$ia capitalista.
a Eu"opa nunca mais pode"á te" a maio" moca@
O "aciocínio %u"$uês eu"opeu a0uí2a so%"e o assunto de uma &o"ma lapida" e s!%"ia. po"
e1emplo no diá"io econ!micob #7andels%latt#3 #,ma identidade eu"opeia em te"mos de
se$u"an(a 5 em p"incípio dese0á'el. mas n)o 5 "eali2á'el de momento@ Os p"o$"amas
a"mamentistas -ue pa"a tal se"iam necessá"ios n)o podem se" &inanciados@@@ A "ecente
inte"'en()o no Qoso'o "e'elou uma 'e2 mais at5 -ue ponto os eu"opeus s)o in&e"io"es aos E,A
-uando se t"ata de p"o0ecta" pode" milita" pa"a al5m das p"!p"ias &"ontei"as nacionais@ ?uase
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GU de todas as miss/es de com%ate e GU das %om%as e dos mísseis utili2ados &o"am4no po"
conta dos E,A@ At5 6 sua p"!p"ia po"ta os eu"opeus n)o conse$ui"am da" mais -ue um
cont"i%uto ma"$inal pa"a a de""ota de uma potência milita" de te"cei"a o"dem@@@ En-uanto os E,A
continua"em a se" um pa"cei"o de se$u"an(a &iá'el. n)o de'e se" p"osse$uida -ual-ue" política
a"mamentista eu"opeia -ue p"e0udi-ue a consolida()o o"(amental# 8Xol& B:@
+om e&eito. os estados eu"opeus do cent"o capitalista n)o têm capacidade de inte"'en()o
milita" em maio" escala. nem este ou a-uele po" si. nem todos em con0unto@ Pa"a tal &altam pu"a
e simplesmente os meios milita"es. como se0am &"otas de %om%a"dei"os est"at5$icos. po"ta4
a'i/es e a"senais de mísseisC e tal n)o se 'e"i&ica apenas em te"mos -uantitati'os. mas
i$ualmente no -ue di2 "espeito ao ní'el tecnol!$ico@ Se o0e a Alemana. po" e1emplo. se
encont"a a este "espeito ap"o1imadamente ao ní'el de um $ua"da de aldeia $lo%al. a K")4
"etana e a F"an(a. apesa" das suas e1pe"iências com $ue""as p!s4coloniais e das p"etens/es
milita"es daí deco""entes at5 ao p"esente. n)o se encont"am em situa()o muito melo"@ *a
a%su"da $ue""a das Mal'inas. os %"it=nicos conse$ui"am impo"4se 6 ma"ina a"$entina po" uma
una ne$"aC e as di'e"sas mini4inte"'en(/es &"ancesas em N&"ica mal me"ecem o epíteto de
milita"es@ A imp"ensa &"ancesa esca"neceu so%"e o desast"e do po"ta4a'i/es #+a"les de Kaulle#.
-ue so&"eu uma a'a"ia mal tina ent"ado em se"'i(o. tendo de se" "e%ocado a muito custo pelo
seu p"edecesso" 0á a%atido. o #+lemenceau#@
Se le'a"mos em lina de conta -ue no seio da ,E ent"e ZG e VG po" cento de todos os meios
dispendidos com o desen'ol'imento e ap"o'isionamento milita" s)o da "esponsa%ilidade da K")4"etana e da F"an(a. 0á se 'islum%"a a est"eita ma"$em eu"opeia pa"a um p"o$"ama
a"mamentista e inte"'encionista@ *)o admi"a -ue a planeada &o"(a milita" da ,E se0a lo$o 6
pa"tida desi$nada po" #t"opa de papel#@
,ma alte"a()o &undamental da "ela()o de &o"(as milita". caso &osse p"etendida. 5 de &acto
ut!pica mesmo so% o ponto de 'ista &inancei"o@ Se"ia a "uína econ!mica se a ,E -uisesse. num
tour de force em te"mos de política a"mamentista 8pa"a o -ual. pa"a mais. nunca conse$ui"ia
esta" su&icientemente uni&icada:. i$uala" o pode"io milita" dos E,A@ Em lado al$um se
'islum%"am -uais-ue" &acto"es -ue demonst"em como a'e"ia de se" conse$uida a in'e"s)o de
sentido dos &lu1os $lo%ais de capitais -ue pa"a tal se"ia necessá"iaC e. se tal ainda assim &osse
conse$uido. a economia mundial se"ia desesta%ili2ada ainda mais. e o 0á &"á$il edi&ício do
capitalismo &inancei"o $lo%al se"ia le'ado 6 "uína@
*em os opinion ma,ers políticos p"edominantes têm -uais-ue" ilus/es so%"e a possi%ilidade da
"ela()o de &o"(as actual ainda pode" um dia se" alte"ada3 #*)o e1iste -ual-ue" sinal de uma
alte"a()o &undamental dos pesos "elati'os@@@ A %ase econ!mica da Eu"opa pa"a e'entualmente
desa&ia" os E,A e as suas concep(/es de o"denamento mundial @@@ n)o se tem ala"$ado. tendo
antes &icado mais diminuta@@@ *a á"ea milita". a disc"ep=ncia t"ansatl=ntica ainda se destaca com
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maio" nitide2@ Assim. os estados eu"opeus da *ATO despende"am com o ap"o'isionamento
milita". nos últimos cinco anos. apenas ap"o1imadamente metade do -ue &oi despendido pelos
E,A no mesmo pe"íodo@ *a cate$o"ia da in'esti$a()o e do desen'ol'imento. o &osso ainda se
ala"$ou# 8Xol& GGB:@ Mas estas s)o de -ual-ue" modo conside"a(/es me"amente ipot5ticas.
'isto -ue. pa"a al5m de tudo isto. 0á nem se-ue" e1iste -ual-ue" moti'o econ!mico e
#mate"ialista# pa"a est"at5$ias de ane1a()o e #in&luência# te""ito"ial no =m%ito de um $"ande
con&lito int"a4capitalista@
Tal n)o si$ni&ica -ue n)o e1istam -uais-ue" tentati'as eu"opeias de se pe"&ila" &ace 6 última
potência mundial -ue s)o os E,A. em%o"a. em caso de dú'ida. estas pa"tam mais da F"an(a do
-ue da Alemana@ Mas estas atitudes n)o passam de disputas de competências e de $ue""as de
capelas no seio da o"dem esta%elecida do #impe"ialismo $lo%al ideal#. su0eito a uma e$emonia
dos E,A -ue está acima de -ual-ue" dú'ida. n)o con&i$u"ando a a&i"ma()o de uma p"etens)o
impe"ial aut!noma@ Tam%5m cada 'e2 mais 'oltam 6 li(a as cont"adi(/es econ!micas e
so%"etudo come"ciais ent"e a ,E e os E,A. mas sem -ue al$uma 'e2 se0a se"iamente posto em
causa o tecto $lo%al comum da pa1 ame"icana@
9on +@ Qo"n%lum. at5 GGB em%ai1ado" dos E,A na Alemana. de um &le$o dá e1p"ess)o
tanto 6 ine'ita%ilidade capitalista da alian(a inca"nada na *ATO como ao p"o%lema da mesma3
#O medo de -ue os eu"opeus e os ame"icanos se di'idam em campos mutuamente conco""entes
ca"ece de -ual-ue" 0usti&ica()o@ Os la(os -ue unem a Eu"opa com os Estados ,nidos s)o t)o
&o"tes -ue uma "uptu"a 5 inima$iná'el@@@ O -ue 5 t)o especial na situa()o p"esente Ra"amenteum no'o $o'e"no ame"icano assumiu &un(/es em um tempo t)o 'olátil@ E &o"am i$ualmente "a"as
as 'e2es -ue os eu"opeus e os ame"icanos senti"am uma semelante pe"ple1idade comob
pe"ante esta %al%ú"dia planetá"ia# 8Qo"n%lum GGB:@ O #tempo 'olátil# e a #%al%ú"dia planetá"ia#.
uma &o"mula()o em te"mos conceptuais t)o 'ácua como pie$as. pa"a a de""ocada do mode"no
sistema p"oduto" de me"cado"ias com %ase nas suas p"!p"ias cont"adi(/es inte"nas. &a2 da
*ATO. ap!s o &im da $ue""a &"ia. ainda mais a inst=ncia do capitalismo $lo%al. cu0a "a2)o o%"i$a
todos os con&litos inte"nos e todas as teimas a passa" pa"a se$undo plano@
Isso tam%5m se aplica a pontos pol5micos. como o no'o %om%a"deamento in0usti&icado do
I"a-ue pelos E,A so% a no'a lide"an(a do p"esidente ult"aconse"'ado" us. os planos de
Xasin$ton pa"a uma #de&esa nacional cont"a mísseis# 8*MD: ou. in'e"samente. o p"o0ecto de
uma política eu"opeia comum de se$u"an(a e de&esa 8PE+SD:@ *este conte1to. cada 'e2 -ue se
&ala em #a""u&os# na "ela()o ent"e os E,A e a ,E. este conceito. -ue desi$na uma pe-uena
di&e"en(a. aponta mais pa"a a necessidade o%0ecti'a de uma política e$em!nica impe"ial $lo%al
do -ue pa"a uma "uptu"a dessa coes)o@
Todas as especula(/es de -ue semelantes #desa'en(as# mútuas pode"iam constitui" o início
de uma alte"a()o p"o&unda na constela()o mundial capitalista ca"ecem de -ual-ue" &undamento3
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#+om estas "e&le1/es o"ientadas pela política -uotidiana. os c5pticos n)o ap"eciam
de'idamente@@@ o si$ni&icado &undamental de &acto"es est"utu"ais -ue actuam a m5dio e lon$o
p"a2o e -ue a%onam ine-ui'ocamente a &a'o" da continuidade da pa"ce"ia t"ansatl=ntica@
Em%o"a semp"e 'ena a a'e" a""u&os. estes n)o condu2i")o a con&litos du"adou"os ou mesmo a
uma "i'alidade $eopolítica# 8Xol& GGB:@
Em%o"a as desa'en(as. os camados a""u&os. as tentati'as de $ana" p"ota$onismo e as
most"as de um pode" disc"icioná"io "emetam pa"a a e1istência continuada da &o"ma do estado4
na()o. insupe"á'el pa"a a "ela()o de capital. com a sua l!$ica int"ínseca e com isso
simultaneamente pa"a as cont"adi(/es ine"entes 6 est"utu"a do #impe"ialismo $lo%al ideal#. no
entanto este assumiu como tal. i""e'e"si'elmente. a &o"ma sup"anacional da *ATO@ Esta
ine'ita%ilidade da *ATO como &o"(a de inte"'en()o ocidental $lo%al so% a lide"an(a dos E,A
tam%5m co""esponde aos inte"esses de capital dominantes -ue. no =m%ito da c"ise e da
$lo%ali2a()o. a&inal tam%5m se to"na"am di"ectamente t"ansnacionais@ Assim #a inte$"a()o $lo%al
dos me"cados dá mais &o"(a 6-ueles -ue "eti"am p"o'eito da $lo%ali2a()o e -ue po" isso se
encont"am inte"essados na coope"a()o ent"e estados@ Isto aplica4se so%"etudo 6s $"andes
emp"esas t"ansnacionais. assim como aos in'estido"es de capital &inancei"o# 8Xol& GGB:@ Se
t"adu2i"mos a &!"mula eu&emística da #coope"a()o ent"e estados# na da #$ue""a de o"denamento
mundial impe"ial $lo%al#. temos assim desi$nado o pano de &undo "eal dos inte"esses de capital
o0e dominantes@ Se as cont"adi(/es no plano do sistema mundial se a$"a'a"em de uma &o"ma
d"amática. á -ue conta" muito mais com ac(/es unilate"ais de um $o'e"no dos E,A a cede" aop=nico do -ue com um desa&io eu"opeu aos E,A@
O conte1to impe"ial $lo%al e o conte1to econ!mico da $lo%ali2a()o tam%5m se aplicam
est"itamente 6 p"!p"ia indúst"ia de a"mamentos -ue. tal como todos os "estantes capitais. se tem
inte$"ado a toda a 'elocidade em est"utu"as t"ansnacionais@ As &á%"icas de mate"ial %5lico.
out"o"a dotadas de uma o"ienta()o est"itamente nacional e est"eitamente associadas ao
"especti'o apa"elo de estado nacional e 6s suas p"etens/es de cont"olo e de e1pans)o
te""ito"ial. to"na"am4se em $"ande pa"te #$lo%al pla
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8/17/2019 A Guerra de Ordenamento Mundial
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