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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ – UNIFAP
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM DIREITO AMBIENTAL E POLÍTICAS PÚBLICAS
DISCIPLINA: MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
PROF. ALAN CAVALCANTI CUNHA
A GESTÃO INTEGRADA DOS
RECURSOS NATURAIS E DO MEIO
AMBIENTE: CONCEITOS,
INSTITUIÇÕES E DESAFIOS DE
LEGITIMAÇÃO
CINTHIA DA SILVA CASCAES
LINARA OEIRAS ASSUNÇÃO
INTRODUÇÃO
O debate proposto por Godard em seu texto está
direcionado a uma reorientação das regras de gestão
dos recursos naturais.
Ele questiona: seria através da manutenção de um
vínculo estreito entre a questão dos recursos
naturais e a questão do meio ambiente que
poderíamos alcançar uma relação de
harmonização entre objetivos tão opostos, como
aqueles relacionados à conservação ambiental e à
promoção do desenvolvimento sócio-econômico?
DESENVOLVIMENTO, GESTÃO E
RECURSOS NATURAIS
Inicia seu estudo tratando de conceitos importantes situados
na interface entre os processos sociais e os processos
naturais. Sob este aspecto, trata das noções de
desenvolvimento, gestão e recursos naturais.
Quanto ao desenvolvimento, afirma que este valor alimenta-
se de vários componentes ideológicos.
E, ainda, segundo Godard, o desenvolvimento apresenta um
sentido científico mais preciso especialmente no contexto da
teoria econômica.
DESENVOLVIMENTO, GESTÃO E
RECURSOS NATURAIS
Destaca o pressuposto de que a natureza só se torna
utilizável para fins sociais se for convenientemente
administrada para tornar-se funcional.
Quanto aos recursos naturais, Godard lembra a concepção
econômica clássica, tradicional.
Segundo o autor seria necessário dispor, de um espectro
mais amplo de propriedades para caracterizar os recursos,
o que a economia moderna fez e faz.
DESENVOLVIMENTO, GESTÃO E
RECURSOS NATURAIS
O conceito de gestão surgiu no domínio privado (administração dos
bens possuídos por um proprietário).
Esta noção gera implicações sobre os recursos naturais. (sujeitos
titulares de direitos sobre os recursos).
A interface – sociedade – natureza – confere a priori ao projeto de
gestão de recursos naturais uma tarefa dupla:
A) Assegurar sua boa integração ao processo de desenvolvimento
econômico;
B) Assumir as interações entre recursos e condições de
reprodução do meio ambiente, organizando uma articulação
satisfatória com a gestão do espaço e aquela relativa aos meios
naturais.
Dependência nos interesses sociais representados, dos objetivos
que animam o desenvolvimento sócio-econômico e dos meios e
instrumentos que se encontram à disposição dos “gestores”.
OBJETIVOS PARA A GESTÃO DOS
RECURSOS NATURAIS A segurança no aprovisionamento de recursos e a melhoria da
posição da balança comercial de recursos naturais;
A manutenção do aprovisionamento de recursos a um custo
reduzido;
A adaptação da demanda de recursos à evolução previsível da
disponibilidade relativa dos diversos recursos naturais em diferentes
horizontes temporais;
A redução da intensidade em recursos de uma unidade de serviço
final prestado aos consumidores;
A valorização das potencialidades dos recursos do país e
especialmente dos recursos existentes no nível local;
A busca de harmonização entre as modalidades de utilização e de
gestão de recursos, a conservação do patrimônio natural e a
reprodução das condições ecológicas do desenvolvimento;
A renovação dinâmica da base de recursos naturais para as
gerações presentes e futuras.
O MERCADO E A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
A regulação da gestão de recursos através das leis do
mercado pressupõe a existência de duas condições
básicas:
A existência de direitos de propriedade sobre os bens
individuais e, em particular, sobre os recursos
naturais;
A organização de um mercado para os bens e
recursos em questão;
AS INSUFICIÊNCIAS DA
ADMINISTRAÇÃO
Fragmentação e a setorialização da ação
administrativa;
Inadequação da organização territorial;
Recorte territorial:
A estrutura territorial implantada, o recorte de
responsabilidades territoriais não coincide, salvo em
casos excepcionais e muito raros, com a estruturação
espacial dos recursos e dos meios naturais.
Quais os desafios para a implementação e
operacionalização prática da gestão global e
integrada dos recursos e meios naturais?
Impõe-se a criação de instituições especializadas?
Não.
Por quê?
Desresponsabilização dos atores sociaisenvolvidos;
Diferentes sistemas de valores e interessesdos atores sociais envolvidos no processo.
Descentralizar ou estabelecer novas relações
entre níveis territoriais?
A segunda opção.
Por quê?
Leva em conta ao mesmo tempo os interesses e
objetivos locais, regionais e nacionais, ou mesmo
internacionais;
Limita as zonas de responsabilidade exclusiva e
amplia as zonas de responsabilidade conjunta.
Que recortes territoriais são adequados?
Não existem.
Em vez de se buscar o bom recorte territorial que
satisfizesse a todos os pontos de vista, melhor seria partir
do pressuposto de que ele não existe, e, com isso, abrir o
campo perceptivo para a necessidade de se adotar
procedimentos adicionais (soluções não-institucionais)
capazes de implementar a gestão integrada dos recursos e
do meio ambiente.
Quais os desafios de legitimação ?
Diferentes “naturezas” legítimas dos pontos de
referência da economia global (dicotomia entre
interesse e direitos de propriedade);
Vários universos de justificação das sociedades
complexas (sensibilidade difusa da opinião pública)
CONCLUSÃO
A gestão constitui atualmente o cerne onde se confrontam e se
reencontram os objetivos associados ao desenvolvimento e ao
ordenamento e aqueles voltados para a conservação da natureza
ou para a preservação da qualidade ambiental.
A gestão dos recursos deve estar, por conseguinte, imbuída de um
olhar estratégico do desenvolvimento em longo prazo, que lhe
confere um sentido para além dos usos cotidianos.
A noção de gestão integrada designa de fato, na visão do autor,
uma utopia mobilizadora, um horizonte que descortina uma
perspectiva que não poderá jamais ser alcançada.
Isto porque, as dificuldades não são apenas de natureza técnica ou
econômica, mas se originam também da existência de diferentes
maneiras de se representar os problemas e de se optar por pontos
de referência axiológicos no desenrolar dos conflitos e das
deliberações que cercam os processos de tomada de decisão.
BIBLIOGRAFIA
GODARD, Oliveira. A Gestão Integrada dos Recursos
Naturais e do Meio Ambiente: conceitos, instituições e
desafios de legitimação. In: VIEIRA, Paulo Freire;
WEBER, Jacques (Org.). Gestão de Recursos
Naturais Renováveis e Desenvolvimento: novos
desafios para a pesquisa ambiental. 3. ed. São Paulo:
Cortez, 2002.