A Gestão do Conhecimento aplicada à Saúde · A inovação (tecnológica e gerencial) éexigida...

Autor: Paulo Yazigi Sabbag

A Gestão do Conhecimento aplicada àSaúde

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GVsaúdeSão Paulo, 02.10.2009

Palestrante: Paulo Yazigi Sabbag

Autor: Paulo Yazigi Sabbag2

Palestrante: Paulo Yazigi Sabbag

� Doutor em Administração pela Fundação Getulio Vargas – São Paulo� Engenheiro e Mestre pela Escola Politécnica da USP� Professor: FGV-EAESP desde 1988� Co-coordena cursos: “Gerenciamento de Projetos” desde 1988 e “Gestão do

Conhecimento” desde 1999 no GVpec – Educação Continuada onde foi Vice-coordenador de 1995 a 1999

� Qualificado: coordenador de grupos (SBDG); MBTI (Felipelli); inventários 360 graus (Tangram)

� Dirige a Sabbag Consultoria desde 1993: www.sabbag.info� Publicou em 2009 o livro Gerenciamento de Projetos e Empreendedorismo, pela Ed.

Saraiva� Publicou em 2007 o livro Espirais de Conhecimentos, pela Ed. Saraiva (entre os 10

finalistas em sua categoria para o Prêmio Jabuti 2008, com reimpressão de 13.500 exemplares a pedido do Ministério da Educação)


Agenda sugerida

1. Sociedade do Conhecimento2. Valor das organizações: as medidas que importam3. Organizações do conhecimento4. Espirais do conhecimento

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Sociedades do Conhecimento


“O analfabeto do século XXI não será aquele que não sabe ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e aprender novamente” - Alvin Toffler


Vestígios da nova Sociedade

� Maioria da população trabalha com informação e não com agricultura, indústria ou comércio (serviços)

� Novas carreiras e novos empregos são intensivos em conhecimento� Trabalho braçal torna-se anacrônico

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

1950 1960 1970 1980 1989

Serviços

Indústria

Agricultura

Outros

Em 2010:Serviços: 65%Indústria: 20%Agricultura: 15%


Vestígios da nova Sociedade

� Progresso salarial é maior para pós-graduados

� Renda é maior para pós-graduados

� Sociedades mais ricas apresentam conhecimentos distintivos e supremacia tecnológica – maior valor econômico

� Maior valor de empresas éatribuído ao Capital Intelectual

� Organizações intensivas em conhecimento são favorecidas – no primeiro, segundo ou terceiro setores da Economia


Comparação entre sociedades

Atributos Sociedade Agrária Sociedade Industrial Sociedade do Conhecimento

Duração 8500 AC a 1900 DC 1700 DC a 1980 DC Após 1960 DC

Mote Moro onde trabalho Trabalho onde me reúno

Trabalho enquanto penso

Orientação Passado, tradição Presente, imediato Futuro, inovação

Instituição prevalente

Família Organização Pessoa

Organização Hierarquia Massificação Rede

Valor Recursos naturais e humanos (mão de obra)

Capital e tecnologia Competência e sabedoria

Símbolo Terra Cidade Mente


Sociedade Agrária: Sociedade Industrial: Sociedade do Conhecimento:

☺ Trabalho em família

� Mulher é doméstica

☺ Família numerosa

☺ Ancião é respeitado

☺ Integração à natureza

☺ Frugalidade

☺ Artesão

☺ Família nuclear

☺ Mulher no trabalho

☺ Democracia

☺ Perito (know-how)

☺ Teletrabalho

� Androginia e GLT

☺ Sabedoria é cultivada

☺ Ética: sustentabilidade

☺ Socioeconomicoambient

� Comunidades digitais e redes

☺ Consumo consciente

☺ Competente e criativo

� Vida social íntima

� Castas e párias

� Autocracia

� Escravidão

� Trabalho assalariado

� Idoso é desprezado

� Domar natureza, poluir

� Hierarquia e burocracia nas organizações

� Consumo em massa e desperdício

� Opressão � Isolamento

� Aldeia global desagregada

� Diversidade individual

� Agregados

☺ Vida social urbana

� Espiritualidade mística � Pragmatismo material

Em qual Sociedade você preferiria viver?


Situação brasileira (e do Terceiro Mundo)

� Industrialização tardia� Forte desigualdade social� Elevado índice de analfabetismo – excluídos� Enorme passivo social - investimento governamental mal aplicado e não

focado� RESULTADO: o Arcaico se soma ao Moderno e ao Pós-Moderno

ARCAICO MODERNO PÓS-MODERNO

Baixa institucionalização

Economia de subsistência

Tecnologia rudimentar

Intensivo em Mão de Obra

Baixo nível educacional

Cultura é entrave

Infra-estrutura precária

Mercado local

Grotões

Burocracia legal e tributária

Produz commodities em massa

Dependência tecnológica

Intensivo em Capital

Médio nível educacional

Cultura cosmopolita

Logística é assegurada

Mercado regional

Regiões industrializadas

Regramento emergente

Customização em massa

Criatividade e originalidade

Intensivo em Conhecimento

Elevado nível educacional

Vanguarda cultural global

Infovias são requeridas (TI)

Mercado global

Nichos de excelência


Fatores econômicos

Recursos naturais

Capital

ConhecimentoMão de Obra

Sociedade Agrária

Sociedade IndustrialSociedade doConhecimento

Desemprego estrutural

Desemprego estrutural


Cenário sobre Economia na transição

� Aumento da população, da pobreza e da desigualdade social:• Explosão das cidades com vida urbana mais precária• Desagregação social• Mais violência, de variadas formas• Exclusão e desemprego estrutural

� Aumento da Produção e Consumo:• Exploração desenfreada de recursos naturais• Maior poluição e desastres ambientais, apesar do controle social• Maior geração de resíduos• Alterações climáticas se aproximam

� Maior conectividade:• Poder de Governos é erodido e causa crises políticas e institucionais• Prosperam organizações do terceiro setor e micromovimentos sociais• Reduzida proteção ao conhecimento• Ansiedade por informação

� Tecnologias emergentes (genômica, biotecnologia, nanotecnologia, TI, energias renováveis) reduzem consumo de energia e de recursos naturais


Crescimento da população

� Decorridos 2 milhões de anos a população mundial atingiu 1 bilhão

� Depois de mais 110 anoschegamos a 2 bilhões

� Outros 30 anos para chegar a 3 bilhões

� Mais 18 anos para chegar a 4 bilhões

� Mais 15 anos para chegar a 5 bilhões

� Apenas 10 anos para chegar a 6 bilhões


Ansiedade por Informação

� 40 a 60% da População Econômica Ativa do mundo (expectativa de vida > 75 anos) vive de informação e conhecimento: professores, cientistas, consultores, jornalistas, autores, artistas

� 97% dos criadores de conhecimentos estão vivos e produzem

� Universidade só ensina para o ingresso na carreira� Tecnologias de Informação tornam acessível o

conhecimento: Internet, canais TV com notícias 24h, celulares com e-mail

� O problema não é ter acesso à informação, o problema écomo transformar informação em conhecimento:• É preciso informação qualificada e não protegida (ex.: Wikipedia)

• É preciso indivíduos, coletivos e organizações capazes de criar, registrar, promover e acumular conhecimentos


Impacto sobre os indivíduos

JOVENS:• Ciência não detém monopólio da verdade

• Destradicionalização: perda de vínculos com nação, ideologia, família, religião

• Não há modelos consensuais de instituições

• Multiplicam tribos – caldeirão de culturas em intensa comunicação (fragmentos de fatos)

• Relacionamentos complexos – dificuldade de aferir vínculos afetivos

• Valores: prestígio, riqueza, individual, prazer

• Critério de felicidade: realizar o desejo

• Pressão pela conformidade rejeita a crítica

• Ingresso tardio no mercado de trabalho e maior insegurança no emprego

• Riscos do estilo de vida: alimentação, drogas, vida sexual, direção perigosa, estresse, lazer, fumo, álcool, auto-medicação, vida insalubre ou perigosa, cirurgias, epidemias

• Paradoxo: risco-aventura – “adrenalina”

MADUROS:• Juventude é valor social contemporâneo• Experiência e maturidade não sustentam o

sucesso do passado• Perda de referenciais• Rupturas e revoluções demoram a ser assimiladas• Relacionamentos tornam-se complexos na vida

social e profissional• Valores: família, amor, honestidade, trabalho,

amizade• Critério de felicidade: cumprir o dever• Perplexidade diante da velocidade das mudanças• Sentimento de traição à lealdade das organizações

onde trabalha• Insegurança pessoal e profissional• Riscos sociais: violência, crises• Permanece como esteio de familiares


Conclusão

� Esta sociedade não é o que queremos!� Atitudes usuais:

• Alheamento, não dispõe de informação que permita interpretar a realidade

• Negação: a transformação torna-se incompreensível; paralisa e tolhe iniciativas de mudança

• Deserção, tentando forjar um microcosmo onde a vida calma e nostálgica é possível: éfalsa solução porque despreza o legado que deixaremos às gerações futuras

• Liberal, deixa rolar: de fato é atitude reativa e fatalista, acomodando-se, nada mudará

• Adaptação, flexibilidade e proatividade: pouco eficaz diante da velocidade das transformações

• Tecnofilia, deslumbramento diante das possibilidades futuras: de fato é atitude neopositivista – nada garante que o futuro será melhor


Conclusão

� Se nos colocarmos como vítimas, seremos vitimizados� Como protagonistas:

• Assumimos a condição de Pioneiros da Sociedade do Conhecimento• Temos o desafio histórico da nossa geração: criar a sociedade que queremos legar às

gerações futuras• Precisamos constituir Redes coletivas e globais para protagonizar mudanças

� Somente a atitude protagonista explica a relevância de gerir conhecimentos, ativando indivíduos, grupos, organizações e sociedades!


Valor das organizações: as medidas que importam

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Perspectiva de Valor

� Para James Tobin:Capital Intelectual = Valor de Mercado menos Valor Contábil (Ativo tangível líquido ou

Patrimônio Líquido)

� Valor de mercado é a percepção fundamentada que o mercado produz da organização e de seu goodwill(perspectiva de ganhos futuros)

� Patrimônio Líquido representa os ativos tangíveis no momento presente

� Portanto, o Valor de Mercado contém mais intangíveis do que tangíveis

� Em 1960 os intangíveis eram uma anomalia; em 2000 tornaram-se a principal fonte de valor


Valor de Mercado

Fonte: Fortune, April18, 2005, F-1 a F-21.

(Valores em US$ bihões) Vendas Lucro Ativos Valor de Mercado

Wall Mart Stores 288 10 121 222

Exxon Mobil 271 25 195 393

General Motors 194 3 480 16

IBM 96 8 109 147

Pfizer 53 11 124 194

Boeing 53 2 54 47

Dell Computers 49 3 23 94

Microsoft 37 8 92 267

Intel 34 8 48 145

Coca-Cola 22 5 31 101

3M 20 3 21 66


Medidas que Importam

Categoria: Fatores envolvidos:Qualidade da gestão Capacidade de intervenção estratégica

Visão organizacionalExperiência e estilo dos dirigentes

Efetividade do desenvolvimento de produtos Prazo e eficiência do desenvolvimento de produtosLiderança em pesquisaPercentual de lucro derivado de novos produtos

Forte posição no mercado InovaçãoParticipação (market-share)Imagem de marcasForça do setor comercial

Força da cultura Capacidade de atrair e manter talentosCapacitação da força de trabalho e treinamentoSistema de remuneraçãoPolíticas sociais e ambientaisExistência de equipesBaixa rotatividade de pessoal

Política de remuneração de executivos Remuneração variável; bonificação

Qualidade da comunicação institucional CredibilidadeAcessibilidade dos executivosQualidade do material publicado

Qualidade dos produtos e serviços Qualidade dos produtos e dos processosPrêmios da qualidade

Satisfação do consumidor ReclamaçõesQualidade do atendimento ao clienteFidelidade da clientela

FONTE: Ernst & Young, 2001


Organizações do Conhecimento


Organizações do Conhecimento

1. Adhocracias, baseadas em projetos, orgânicas, flexíveis2. Elevados ativos intelectuais e reduzidos ativos patrimoniais3. Envolve trabalho intelectual e não braçal4. O principal produto do trabalho é conhecimento, em todas as suas

formas: informação, serviços diferenciados (competência), maestria e sabedoria

5. As relações são pautadas pelo compartilhamento de conhecimentos:1. Rede qualificada de relações

2. Parcerias destinadas ao conhecimento

3. Atividades de disseminação de conhecimento técnico especializado

6. A inovação (tecnológica e gerencial) é exigida7. A retenção de pessoal deriva sobretudo da possibilidade de

crescimento pessoal (desenvolvimento, aprendizagem)8. A imagem e reputação baseiam-se nos conhecimentos acumulados9. A sustentabilidade depende sobretudo da retenção e evolução de

conhecimentos

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Cenários sobre Organizações

� Estratégias organizacionais:• Inovação permanente

• Competências centrais e capacitação

• Conectividade sem limites com uso intenso de TI

� Recursos:• Capital Intelectual torna-se ativo mais

importante

• Equipe de Gestão cosmopolita

• Equipes e gestão virtuais

• Equipes auto-gerenciadas

• Personalização da Gestão de Recursos Humanos

• Crescimento do teletrabalho

� Estrutura e Controle:• Estruturas enxutas e menores

• Orgânica com equipes ad hoc para projetos (adhocracias)

• Declínio da hierarquia e burocracia

• Gestor troca comando-e-controle por apoio e coaching

• Decisões colegiadas e descentralizadas

• Desverticalização

• Flexibilização do trabalho e da força de trabalho

• Alianças: coalizões, joint-ventures, parcerias


Dificuldades Organizacionais para a adequadaEspiral do Conhecimento

� CRIAR:• Entrave cultural: organizações brasileiras pouco inovam

• Entraves no Estado: dificuldade de obter patentes e registros

� ESQUEMATIZAR:• Entrave institucional: reduzida informação disponível pelo Estado

• Reduzido mapeamento interno e externo

• Multiplicação de bases de dados, carência de bases de conhecimentos

� VALIDAR:• Distância hierárquica elevada no Brasil

• Reduzida disciplina de leitura, de documentação e de mentoria

� APRENDER:• Elevada rotatividade de funções, de cargos, de empregos

• Hierarquia e burocracia limitam: autonomia, experimentação, pesquisa

• Rotas de carreira oferecem pouco estímulo ao estudo

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Espirais do Conhecimento


SABEDORIA

Conhecimento

Conhecimento Propositivo

Conhecimento como Aptidão

Crenças VerdadeirasJustificadas

CapacidadeJustificada pelo Desempenho

Saber FilosóficoMentalidadeOpinião

Saber PráticoDestreza, Perícia

Maestria

� O saber é o conhecimento atuando no sentido de obter-se a capacidade de tornarmos nossa vida mais fácil – John DEWEY, 1909

� Conhecimento é informação processada que habilita à ação. Conhecimento é a soma ou contínuo do que foi percebido, descoberto ou aprendido – SABBAG, 2006

� O que NÃO é apenas:• Erudito: aquele que acumula saber o que, sem necessariamente gerar aptidão• Culto ou cultivado: letrados, educados, bem informados, sem necessariamente

gerar sabedoria• Diplomado: acumula educação formal, sem necessariamente gerar aptidão ou

sabedoria


ExtroversãoIntroversão

Espiral do Conhecimento


Espirais do Conhecimento em Indivíduos


Novo Arquétipo

CAMPONÊS:� Vínculo com a

natureza� Perseverança� Apego a tradições� Trabalho e vida

familiar não se distinguem

� Vida social reduzida� Espiritualidade� Visão estreita e local

– cultura� Não educado

TRABALHADOR DO CONHECIMENTO

� Aprende velozmente� Criativo e autêntico� Flexível diante da

ambigüidade e incerteza� Visão global e pluralista

- compreende interdependências

� Analista simbólico� Visão estratégica +

operativa + sustentável � Demonstra vitalidade e

perfil empreendedor

OPERÁRIO:

� Força e vitalidade

� Capacidade de trabalho

� Know-how

� Destreza induz padronização

� Especialização

� Vivência concreta

� Reduzida abstração

� Visão estreita e urbana

� Formação básica


Habilidades requeridas para a adequadaEspiral do Conhecimento

� CRIAR:• Atitude aprendiz – motivação para aprender

• Capacidade de enfrentar o desconhecido e a ambiguidade

• Criatividade e imaginação

• Investigação e pesquisa

� ESQUEMATIZAR:• Codificação com uso de linguagem (conceituar)

• Codificação por meio de imagens

• Codificação por meio de esquemas

� VALIDAR:• Habilidade de expressão oral (externar ideias)

• Capacidade de produzir narrativas (com uso de simbolismos e metáforas)

• Capacidade de expressar por meio do corpo e dos movimentos

• Capacidade de diálogo

• Capacidade de atuar coletivamente

� APRENDER:• Desenvolver maturidade psíquica (rota da sabedoria)

• Considerar, dar crédito a, apreciar

• Capacidades: assimilação e acomodação

• Autenticidade e originalidade 31


Espiral do Conhecimento em Grupos


Espiral do Conhecimento em Organizações


Espiral do Conhecimento na Sociedade


Fontes

BURKE, P. Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 2003.

NONAKA, I; TAKEUCHI, H. (1995) The knowledge-creating company: howJapanese companies create the dynamics of innovation. New York: Oxford University Press, 284 p.

SABBAG, P.Y. Espirais do conhecimento: ativando indivíduos, grupos e organizações. São Paulo: Saraiva, 2007.

TOFFLER, A. A riqueza revolucionária. São Paulo: Futura, 2007.

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